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da Tulipa CANTORA E COMPOSITORA LANÇA TUDO TANTO E ...

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CAPIBA FEZ TAMBÉM MARACATUS E CHOROS,NEM SEMPRE FREVOS.TEVE MÚSICAS GRAVADASPOR CHICO BUARQUE, MARIA BETHÂNIA, NELSONGONÇALVES E JOÃO GILBERTO, ALÉM DE JUNIOBARRETO E MARIA RITA.Aceleração e desaceleraçãomusical éa proposta do showAs “fitas de rolo” com gravações de poemase músicas e narrações de jogos de futebolO piano decorado com a bandeira do timede coração de Capiba, o Santa Cruzdos, famílias, catadores de latas, pescadores demangues e crianças de to<strong>da</strong>s as i<strong>da</strong>des.Essa história começa ain<strong>da</strong> no período colonial,num momento em que assalariados e escravos nãoeram exatamente bem-vindos às festas carnavalescas,reserva<strong>da</strong>s apenas à burguesia. A partir de1870, no entanto, começaram a chegar na Zona <strong>da</strong>Mata de Pernambuco – região de solo fértil ondecrescia (e ain<strong>da</strong> cresce) a cana-de-açúcar, entãoprincipal produto <strong>da</strong> economia do estado – novastecnologias agrícolas que substituíram a mão deobra. Por outro lado, o Recife, que via crescer umaindústria têxtil e de produção de bens de consumo,atraía trabalhadores, em sua maioria negrosou mulatos. Eles eram operários <strong>da</strong> cana, habituadosao trabalho manual e artesanal, que migravampara a ci<strong>da</strong>de e começavam a se organizar em categoriasca<strong>da</strong> vez mais atentas a seus direitos.As festas populares, como o Carnaval, celebra<strong>da</strong>sem momentos de pausa <strong>da</strong>s obrigações e ocupaçõesdiárias, não eram antítese do trabalho ou anegação do cotidiano. “Emergiam <strong>da</strong>s práticas e<strong>da</strong>s relações que os indivíduos estabeleciam emseu próprio li<strong>da</strong>r durante o dia”, escreveu Rita deCássia Barbosa de Araújo em seu livro Festas:Máscaras do Tempo: Entrudo, Mascara<strong>da</strong> e Frevono Carnaval do Recife (Fun<strong>da</strong>ção de Cultura<strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de do Recife, 1996).Juntou-se a esse momento o fato de existiremgrupos chamados de capoeiras – o nome derivavado jogo capoeira, que eles gostavam de brincarquando saiam às ruas. Durante o Carnaval,com movimentos firmes, os capoeiras abriamalas e faziam a defesa <strong>da</strong>s ban<strong>da</strong>s, que por suavez eram acompanha<strong>da</strong>s pelo povo <strong>da</strong> rua ou domangue, que se sentia contagiado quando umclube ou bloco passava – muito embora não fossemconvi<strong>da</strong>dos a participar <strong>da</strong> festa.Eram essas pessoas, como escreveu Rita de Cássia,que ao longo dos anos incorporavam o ritmo vibrante<strong>da</strong>s músicas, ao mesmo tempo que faziamsurgir os passos de um novo estilo musical, atéentão em construção. Os movimentos eram feitosindividualmente, com traços de agressivi<strong>da</strong>de,uma forma de domínio de espaço – e também dedefesa. “Os movimentos ágeis e definidos dos corpos,por sua vez, retornavam aos músicos e inspiravamnovos acordes, num processo incessante detroca, improvisação e criação coletivas.” E assim foinascendo o frevo. “Quando menos se viu, a músicatinha ganhado, ano a ano, características próprias,inconfundíveis e, do mesmo modo, a <strong>da</strong>nça, que jánão se parecia com nenhuma outra”, sentenciouValdemar de Oliveira.Filho de músico, Capiba escreveu as notas dessahistória. Seu pai, Severino Anastásio de SouzaBarbosa, era orquestrador, arranjador, professor,clarinetista, violinista e maestro de ban<strong>da</strong>, comoconsta na coletânea Compositores Pernambucanos,100 Anos de História, organiza<strong>da</strong> por RenatoPhaelante (Cepe Editora, 2010). Refinou cançõesde frevo de bloco e de rua, sutis derivações doritmo, e trouxe poesia. Hoje, não há um carnavalescoque, estando nas ruas do Recife, não entoeMadeira que Cupim Não Rói nos dias de Momo[festa de Carnaval].Capiba fez também maracatus e choros, nemsempre frevos. Reuniu, portanto, um vasto repertório.Teve músicas grava<strong>da</strong>s por ChicoBuarque, Maria Bethânia, Nelson Gonçalves eJoão Gilberto, além de Junio Barreto e MariaRita. Os manuscritos, as partituras, as fotografiase todos os objetos que contam essa históriarevelam quem foi esse artista. Alguém quecompôs músicas que representam um lugar eseguem sob a guar<strong>da</strong> de Zezita. À frente <strong>da</strong> AssociaçãoCultural Capiba, ela se articula paraque o acervo seja inventariado e ganhe um destinoonde seja possível a consulta pública. Porora, Zezita espanta os gatos e mantém limpos eiluminados os dois cômodos de sua nova casa.Lá, onde as coisas do marido se misturam àssuas, se entrelaçam e cruzam o tempo para chegaraté nós.29CONTINUUM28

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