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Marcio Rodrigo Penna Borges Nunes Cambraia.pdf - Universidade ...

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O embate público, com graves acusações mútuas entre as autoridades nacionais(incluídos até mesmo os Presidentes), fez crescer vertiginosamente umanacrônico nacionalismo - o que deteriorou o frágil sentido de pertencimento dasociedade civil ao Mercosul. Recentes pesquisas de opinião revelam que 58%dos uruguaios apóiam a assinatura de um tratado de livre comércio com osEstados Unidos, enquanto 46% acreditam que o Uruguai deve abandonar oMercosul. Assim, se o dano ao comércio pode ser medido, o dano ao futuro seafigura imensurável. (VENTURA, 2006: 18)Nos últimos anos, percebe-se paulatina erosão do sentimento de pertencimentoregional e o retorno de plataformas nacionalistas na América do Sul. A “consciênciaregional” 17 diminuiu, e, com ela, reduziu-se a percepção de que a cooperação éindispensável para a inserção competitiva em um mundo globalizado.Em 2006, a Bolívia nacionalizou a cadeia produtiva de petróleo, comprometendoinvestimentos da brasileira Petrobrás naquele país. O episódio correspondeu à necessidadedo presidente Evo Morales de cumprir promessa eleitoral e obter base de apoio político emseu país. O petróleo era visto como recurso imprescindível ao desenvolvimento da Bolívia.A existência do Mercosul e de acordos internacionais que protegessem osinvestimentos da Petrobrás foi insuficiente para conter o ato soberano de nacionalização dasrefinarias brasileiras pelos bolivianos. Praticamente ao mesmo tempo, iniciaram osprotestos do lado argentino do rio Uruguai devido à implantação de fábricas de celulose nacidade uruguaia de Fray Bentos. O episódio ganhou contornos de crise diplomática erevelou a ineficácia das regras multilaterais em conter a soberania dos Estados. Apredisposição argentina de descartar o Mercosul como foro para negociar uma saída para acrise revela os limites do atual modelo de integração.Os problemas no âmbito do Mercosul são tratados de forma bilateral ou multilateral.Não existem órgãos supranacionais, o que implica menos interdependência e faz com quegovernos nacionais sejam os únicos atores soberanos capazes de dar impulso real aoprocesso de integração. Porém, esses governos instintivamente relutam em ceder parcelasde sua soberania em favor de um objetivo regional comum.Não há, consequentemente, o spillover: delegação e compartilhamento de poder dedecisão no âmbito de um bloco, de forma a aumentar o escopo e o nível decomprometimento mútuo em favor de um projeto de integração. O autor argumenta que oprincipal problema do Mercosul não é déficit democrático, e sim a ausência de adesão às17 HURREL (1994), apud BERNAL-MEZA (2008: 154).19

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