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Inserção de Micro, Pequenas e Médias Empresas no ... - Funag

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ministério das relações exterioresMinistro <strong>de</strong> EstadoSecretário-GeralEmbaixador Antonio <strong>de</strong> Aguiar PatriotaEmbaixador Ruy Nunes Pinto Nogueirafundação alexandre <strong>de</strong> gusmãoPresi<strong>de</strong>nteEmbaixador Gilberto Vergne SaboiaInstituto <strong>de</strong> Pesquisa <strong>de</strong>Relações InternacionaisDiretorEmbaixador José Vicente <strong>de</strong> Sá PimentelCentro <strong>de</strong> História eDocumentação DiplomáticaDiretorEmbaixador Maurício E. Cortes CostaA Fundação Alexandre <strong>de</strong> Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada aoMinistério das Relações Exteriores e tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> levar à socieda<strong>de</strong> civil informaçõessobre a realida<strong>de</strong> internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão épromover a sensibilização da opinião pública nacional para os temas <strong>de</strong> relações internacionaise para a política externa brasileira.Ministério das Relações ExterioresEsplanada dos Ministérios, Bloco HAnexo II, Térreo, Sala 170170-900 Brasília, DFTelefones: (61) 3411-6033/6034Fax: (61) 3411-9125Site: www.funag.gov.br<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 2 25/10/2011 20:35:10


Direitos <strong>de</strong> publicação reservados àFundação Alexandre <strong>de</strong> GusmãoMinistério das Relações ExterioresEsplanada dos Ministérios, Bloco HAnexo II, Térreo70170-900 Brasília – DFTelefones: (61) 3411-6033/6034Fax: (61) 3411-9125Site: www.funag.gov.brE-mail: funag@itamaraty.gov.brEquipe Técnica:Henrique da Silveira Sardinha Pinto FilhoFernanda Antunes SiqueiraFernanda Leal Wan<strong>de</strong>rleyJuliana Corrêa <strong>de</strong> FreitasMariana Alejarra Branco TroncosoRevisão:Júlia Lima Thomaz <strong>de</strong> GodoyProgramação Visual e Diagramação:Juliana OremImpresso <strong>no</strong> Brasil 2011Vidal, Rafael <strong>de</strong> Mello.A inserção <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong>processo negociador do MERCOSUL / Rafael <strong>de</strong> MeloVidal. – Brasília: Fundação Alexandre <strong>de</strong> Gusmão,2011.324 p.ISBN: 978.85.7631.332-81. Mercosul. 2. Relações Internacionais. 3. Política Externa. 4.Comércio InternacionalCDU 339.542Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lein° 10.994, <strong>de</strong> 14/12/2004.<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 4 25/10/2011 20:35:10


À Adriana, por seu permanente estímulo, apoio e<strong>de</strong>terminação.Ao Secretário Sérgio Aguiar Viana <strong>de</strong> Carvalho, porsua paciente revisão final.Ao Embaixador José Antonio Marcon<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Carvalho,timoneiro inicial.Ao Embaixador Bru<strong>no</strong> Bath,por sua rigorosa e paciente orientação.Ao Embaixador Eduardo dos Santos,por seu apoio na chefia da Embaixada em Assunção.Ao Embaixador Antonio Simões,cujo estímulo para seguir adiante foiessencial na Embaixada em Caracas.<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 5 25/10/2011 20:35:10


Lista <strong>de</strong> SiglasABIMAQALADIALCAANFAVEAAPLBCEBITBKBNDESCAFCANCCMCEFCMCCREMELETROSEMCEAssociação Brasileira da Indústria <strong>de</strong> Máquinas eEquipamentosAssociação Lati<strong>no</strong>-americana <strong>de</strong> IntegraçãoÁrea <strong>de</strong> Livre Comércio das AméricasAssociação Nacional <strong>de</strong> Fabricantes <strong>de</strong> VeículosAutomotoresArranjos Produtivos LocaisBanco Central EuropeuBens <strong>de</strong> Informática e TelecomunicaçõesBens <strong>de</strong> CapitalBanco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico eSocialCorporação Andina <strong>de</strong> FomentoComunida<strong>de</strong> Andina <strong>de</strong> NaçõesComissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSULCaixa Econômica Fe<strong>de</strong>ralConselho do Mercado ComumConferência Regional <strong>de</strong> Emprego do MERCOSULAssociação Nacional <strong>de</strong> Fabricantes <strong>de</strong> ProdutosEletroeletrônicosEstratégia MERCOSUL <strong>de</strong> Crescimento do Emprego<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 7 25/10/2011 20:35:10


EPP<strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> Peque<strong>no</strong> PorteEFCEntrepreneurial Framework ConditionsFCES Foro Consultivo Econômico e Social do MERCOSULFMIFundo Monetário InternacionalFINEP Financiadora <strong>de</strong> Estudos e ProjetosFOCEM Fundo para a Convergência Estrutural do MERCOSULGECEX Comitê Executivo <strong>de</strong> Gestão da Câmara <strong>de</strong> ComércioExteriorGEM Global Entrepreneurship MonitorGMC Grupo Mercado ComumIBERPYMES Programa Iberoamerica<strong>no</strong> <strong>de</strong> Cooperación para elDesarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana EmpresaIEDInvestimento Estrangeiro DiretoMERCOSUL Mercado Comum do SulMDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExteriorMPMEs <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>NCM Nomenclatura Comum do MERCOSULOITOrganização Internacional do TrabalhoOMC Organização Mundial do ComércioPAIIPME Projeto <strong>de</strong> Apoio à <strong>Inserção</strong> Internacional das<strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> BrasileirasPARLASUL Parlamento do MERCOSULPITCE Política Industrial, Tec<strong>no</strong>lógica e <strong>de</strong> ComércioExteriorPMEs <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>PYMES Pequeñas y Medianas <strong>Empresas</strong>PSED Panel on the Study of Entrepreneurship DynamicsRECM Reunião Especializada <strong>de</strong> Cooperativas doMERCOSULSGT-10 Subgrupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> Assuntos Laborais, Empregoe Previdência Social do MERCOSULSGT-7 Subgrupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong> Indústria do MERCOSULSEBRAE Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong><strong>Empresas</strong>SELA Sistema Econômico Lati<strong>no</strong>-America<strong>no</strong><strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 8 25/10/2011 20:35:10


SEPYMEDRTATEATECUAUEUE-15UE-25ZLCSecretaria <strong>de</strong> Pequeñas y Medianas <strong>Empresas</strong> yDesarrollo Industrial <strong>de</strong> ArgentinaTratado <strong>de</strong> AssunçãoTaxa <strong>de</strong> Empreen<strong>de</strong>dores IniciaisTarifa Externa ComumUnião AduaneiraUnião EuropeiaUnião Europeia composta <strong>de</strong> 15 paísesUnião Europeia composta <strong>de</strong> 25 paísesZona <strong>de</strong> Livre Comércio<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 9 25/10/2011 20:35:10


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SumárioIntrodução, 17Capítulo 1. O processo <strong>de</strong> construção das bases econômicas e comerciais doMERCOSUL e o momento atual: a contribuição <strong>de</strong> micro, pequenas e médiasempresas, 251.1 O MERCOSUL e sua inspiração cepalina, 251.2 O MERCOSUL como expressão do “Novo Regionalismo” na década <strong>de</strong><strong>no</strong>venta, 271.3 Dificulda<strong>de</strong>s para o fortalecimento da dimensão sociolaboral e para oengajamento <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas, 321.4 A função social <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas, 331.5 O empreen<strong>de</strong>dorismo como foco <strong>de</strong> políticas públicas <strong>no</strong> MERCOSUL, 34Capítulo 2. A dimensão sociolaboral do MERCOSUL: em busca <strong>de</strong> uma maiorinserção na agenda da integração, 412.1 A <strong>de</strong>claração sociolaboral do MERCOSUL, 452.2 Estratégia MERCOSUL <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> empregos (EMCE), 47<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 11 25/10/2011 20:35:10


Capítulo 3. <strong>Micro</strong>, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong>emprego, <strong>de</strong> crescimento e seu papel social <strong>no</strong> MERCOSUL, 553.1 Marco conceitual <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas, 593.2 Definição <strong>de</strong> MPMEs <strong>no</strong>s estados partes do MERCOSUL, 653.3 Marco teórico do empreen<strong>de</strong>dorismo e o papel <strong>de</strong> micro, pequenas e médiasempresas, 683.4 As gran<strong>de</strong>s empresas nas políticas para o setor exportador versus as empresas<strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte, 703.5 O papel das empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte na eco<strong>no</strong>mia, 743.6 I<strong>no</strong>vação, 843.7 Exportações, 903.8 Salários, 933.9 Geração <strong>de</strong> emprego, 963.10 O caso brasileiro – papel das empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte na eco<strong>no</strong>mia, 102Capítulo 4. O tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong>MERCOSUL e as políticas públicas brasileiras, 1094.1 Políticas <strong>de</strong> incentivo à i<strong>no</strong>vação, 1274.2 Entida<strong>de</strong>s e seus programas <strong>de</strong> fomento das MPMEs, 1324.2.1 BNDES, 1324.2.2 FINEP, 1354.2.3 Comitê consultivo para apoio à inserção internacional <strong>de</strong> pequenase médias empresas, 1374.3 Lei Geral da <strong>Micro</strong> e Pequena Empresa, 1404.4 O ambiente econômico e político <strong>no</strong> Brasil para o empreen<strong>de</strong>dorismoe as iniciativas dos <strong>de</strong>mais sócios <strong>de</strong> apoio a micro, pequenas e médiasempresas, 1424.5 Fundo MERCOSUL <strong>de</strong> apoio às pequenas e médias empresas, 1474.5.1 Sistema <strong>de</strong> garantias para as pequenas e médias empresas, 1474.6 Programa <strong>de</strong> integração produtiva do MERCOSUL, 1514.6.1 O SGT-7 e a Comissão <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas eartesanato, 154<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 12 25/10/2011 20:35:10


Capítulo 5. Reflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médiasempresas <strong>no</strong> MERCOSUL, 1595.1 Alguns paradigmas sobre micro, pequenas e médias empresas na integraçãoregional: o mo<strong>de</strong>lo da União Europeia, 1615.2 Dificulda<strong>de</strong>s para o comércio exterior das pequenas e médias empresaseuropeias, 1665.3 O caso europeu: reduzida i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica e <strong>de</strong>ficiente uso <strong>de</strong> energia, 1695.4 As pequenas e médias empresas da UE e o trabalho, 1705.5 O estudo <strong>de</strong> Paul Rey<strong>no</strong>lds. O caso <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> e o estudo global, 1715.6 Os <strong>no</strong>vos gover<strong>no</strong>s progressistas da América do Sul e a oportunida<strong>de</strong> para uma<strong>no</strong>va política para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> MERCOSUL, 1755.7 A crise do sistema financeiro internacional <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008 e aconveniência do fortalecimento das políticas para micro, pequenas e médiasempresas, 181Capítulo 6. Propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> MERCOSUL paramicro, pequenas e médias empresas, 1896.1 O mapeamento do universo <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong>Brasil e <strong>no</strong>s <strong>de</strong>mais estados partes do MERCOSUL. Definição <strong>de</strong> nichoscomerciais e outras informações <strong>de</strong> interesse, 1906.1.2 A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um conceito MERCOSUL sobre micro, pequenas e médiasempresas. Classificação harmonizada MPME, 1936.2 A implementação <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> informação para micro, peque<strong>no</strong>s emédios empresários sobre oportunida<strong>de</strong>s comerciais <strong>no</strong>s estados partese sobre aspectos relacionados à facilitação comercial. Criação da “FeiraMERCOSUL Empreen<strong>de</strong>dor”, 1956.3 Participação do MRE <strong>no</strong> Fórum Permanente das <strong>Micro</strong>empresas e <strong>Empresas</strong><strong>de</strong> Peque<strong>no</strong> Porte, 1976.4 A constituição <strong>de</strong> um conselho <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas doMERCOSUL, 1986.5 A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> crédito para micro, pequenas e médiasempresas <strong>no</strong> MERCOSUL, 201<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 13 25/10/2011 20:35:10


6.6 A implementação do Visto <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> (VPE), 2056.7 A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma política tarifária preferencial para importações <strong>de</strong> micro,pequenas e médias empresas, 2056.8 A elaboração <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> sobrevivência e inserção <strong>de</strong> micro,pequenas e médias empresas <strong>no</strong> MERCOSUL, que envolva financiamentopara a i<strong>no</strong>vação, 2076.9 Irradiação <strong>de</strong> MPMEs. O aprofundamento dos programas <strong>de</strong> integraçãoprodutiva do MERCOSUL, com ênfase em micro, pequenas e médiasempresas, 2126.9.1 Fortalecimento das políticas para micro, pequenas e médias empresas.Formação <strong>de</strong> clusters. O fenôme<strong>no</strong> das aglomerações <strong>de</strong> empresas, 2126.9.2 Sistemas locais <strong>de</strong> produção e i<strong>no</strong>vação, 2156.10 A adoção <strong>de</strong> procedimentos cambiais simplificados para as pequenastransações comerciais <strong>no</strong> MERCOSUL, 215Conclusão, 221Bibliografia, 227Entrevistas, 239Anexos, 241Anexo 1. Órgãos que integram o Fórum Permanente <strong>de</strong> <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>, 241Anexo 2. Entida<strong>de</strong>s que apoiaram a Lei Geral <strong>de</strong> <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>, 244Anexo 3. Estratégia MERCOSUL <strong>de</strong> crescimento do emprego, 248Anexo 4. Declaração dos ministros do Trabalho do MERCOSUL para a preservaçãodo emprego diante da crise, 250Anexo 5. Lei habilitante para a promoção das pequenas e médias empresas. Venezuela.2008, 253Anexo 6. Estatuto da Cidadania do MERCOSUL, 282Anexo 7. Programa <strong>de</strong> consolidação da União Aduaneira, 289Anexo 8. BNDES. Carta-circular 64/2002, 308Anexo 9. Participação das MPMEs na eco<strong>no</strong>mia do Uruguai. Efeito ilustrativo, 310Anexo 10. Consenso <strong>de</strong> Bue<strong>no</strong>s Aires, 311Anexo 11. Fundo MERCOSUL <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>. Sistema<strong>de</strong> Garantias, 317<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 14 25/10/2011 20:35:10


TabelasTabela 1. Classificação <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas na Argentina, 66Tabela 2. Classificação <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> Paraguai, 66Tabela 3. Classificação <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> Uruguai, 67Tabela 4. Classificação <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> MERCOSUL, 67Tabela 5. MERCOSUL. Tarifa <strong>no</strong>minal média por ativida<strong>de</strong> em 1993 e TEC, 115Tabela 6. Papel das PMEs na União Europeia, 163Tabela 7. Papel das PMEs por setor na União Europeia, 166Tabela 8. Classificação harmonizada <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas (MPME)<strong>no</strong> MERCOSUL – proposta a ser discutida <strong>no</strong> SGT-7, 194Tabela 9. Critérios <strong>de</strong> classificação para MPME <strong>no</strong> Brasil, 319Tabela 10. Participação das MPMEs <strong>no</strong> total <strong>de</strong> estabelecimentos industriais,comerciais e <strong>de</strong> serviços, 320Tabela 11. Expectativa <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação (empreendimentos com conteúdo i<strong>no</strong>vador), 321Tabela 12. Brasil: coeficiente <strong>de</strong> exportação para o MERCOSUL. 1990-1996, 322<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 15 25/10/2011 20:35:10


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IntroduçãoSurge, al lado <strong>de</strong> esa clase media tradicional, una segunda clase mediaque viene <strong>de</strong> abajo. No es una clase media europeizada, sofisticada; es ruda,morena, mestiza, <strong>de</strong> millones <strong>de</strong> personas que trabajan, luchan, para abrirpequeñas empresas, que estudian por la <strong>no</strong>che y que inauguran una cultura<strong>de</strong> autoayuda iniciativa. Es el horizonte que la mayoría quiere seguir.Pero sin tener cómo seguirlo, sin instrumentos ni ayuda. Yo entiendo quela gran revolución en Brasil hoy, sería que el Estado usara sus po<strong>de</strong>res yrecursos para permitir a la mayoría seguir el cami<strong>no</strong> <strong>de</strong> esa vanguardia <strong>de</strong>batalladores emergentes. Para eso tendría que in<strong>no</strong>var en las instituciones,económicas y políticas. Y ahí está un gran problema, porque nuestrosdirigentes históricamente <strong>de</strong>mostraron una completa falta <strong>de</strong> imaginación y<strong>de</strong> audacia. Nuestra gran tarea nacional hoy, colocada en sus térmi<strong>no</strong>s mássencillos, sería instrumentalizar esa energía, esa energía que viene <strong>de</strong> abajo.Ahí hay dos gran<strong>de</strong>s proyectos. Un proyecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratizar la eco<strong>no</strong>mía<strong>de</strong> mercado y un proyecto <strong>de</strong> profundizar la <strong>de</strong>mocracia política. Y eso valepara encarar la crisis en todo el mundo.Roberto Mangabeira Unger 1 .1Entrevista <strong>de</strong> Roberto Mangabeira Unger ao “El País”, da Espanha, intitulada “Un MundoPerfecto”, em 09/02/2009.17<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 17 25/10/2011 20:35:10


afael <strong>de</strong> mello vidalO pensamento <strong>de</strong> Roberto Mangabeira Unger antecipa o caminhoque o presente trabalho preten<strong>de</strong> trilhar. A tese em <strong>de</strong>fesa – anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se promover uma reflexão sobre o papel das pequenase médias empresas, incluindo as microempresas (MPMEs) 2 , <strong>no</strong> marcodas políticas públicas <strong>de</strong>senvolvidas para o MERCOSUL – parte daconstatação <strong>de</strong> que ainda não se logrou dar a<strong>de</strong>quado tratamento aotema, passados vinte a<strong>no</strong>s da assinatura do Tratado <strong>de</strong> Assunção.A consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas para as pequenas empresas, segmentoprodutivo que, somente <strong>no</strong> Brasil, incluindo os microempresários,respon<strong>de</strong> por cerca <strong>de</strong> 60% dos empregos, insere-se na discussão sobreo aprofundamento da dimensão sociolaboral e da maior capilarida<strong>de</strong> quese <strong>de</strong>seja para o processo <strong>de</strong> integração regional. A <strong>de</strong>fesa das pequenase médias empresas se justifica à luz, por um lado, <strong>de</strong> sua função social,e, <strong>de</strong> outro, <strong>de</strong> sua relevância econômica.Cabe examinar qual o caminho para que a integração, iniciada em1991, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> impacto sobre a aproximação política entre os EstadosPartes, sobre o comércio regional e sobre a inserção internacional <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s empresas, tendo criado um acervo <strong>no</strong>rmativo relevante na direçãoda constituição <strong>de</strong> uma união aduaneira (UA) e <strong>de</strong> um mercado comum,passe a contemplar <strong>de</strong> forma mais dinâmica os interesses das MPMEs.Ao integrar a agenda <strong>de</strong> interesses dos trabalhadores, diversificandouma agenda que até os dias <strong>de</strong> hoje se concentra <strong>de</strong>masiadamente eminteresses <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s setores exportadores, o MERCOSUL po<strong>de</strong>rámelhorar a percepção que, <strong>de</strong> modo especial, os trabalhadores têm sobreas vantagens do processo <strong>de</strong> integração. No âmbito do Itamaraty, o focodo presente trabalho se dirige ao exame <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas para micro,pequenas e médias empresas, que po<strong>de</strong>riam colaborar para aumentar essacapilarida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo a ampliar os benefícios da integração.2Consi<strong>de</strong>ra-se necessário esclarecer que o tratamento do tema das pequenas e médias empresas<strong>no</strong> MERCOSUL passa necessariamente pelo tratamento das microempresas. Nos <strong>de</strong>mais sóciosdo bloco, é comum a adoção da sigla PYMES, em referência a pequeñas y medianas empresas, oque inclui as microempresas. No Brasil, os estudos sobre pequenas empresas abordam também asmicroempresas. Uma pequena empresa <strong>no</strong> Paraguai po<strong>de</strong>rá ser uma microempresa <strong>no</strong> Brasil. OFundo <strong>de</strong> Garantias para <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL inclui as microempresas,sem citá-las <strong>no</strong> título. No capítulo 3, serão examinadas algumas <strong>de</strong>finições. No capítulo 6, serámencionada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma classificação do MERCOSUL. Também é comum a expressãoempresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte (EPP), adotada na Constituição Fe<strong>de</strong>ral brasileira para referir-se amicro, pequenas e médias empresas.18<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 18 25/10/2011 20:35:10


introduçãoO Tratado <strong>de</strong> Assunção, instrumento que nasceu essencialmentepolítico 3 , previu a inclusão gradual <strong>de</strong> metas mais ambiciosas para aintegração, como a união aduaneira e um mercado comum. Além <strong>de</strong> suanatureza política, econômica e comercial, o MERCOSUL buscou tambémuma integração que visasse ao <strong>de</strong>senvolvimento com justiça social 4 eque, ao gerar riqueza por meio da liberda<strong>de</strong> e da expansão comercial eaprovar instrumentos <strong>no</strong>rmativos que facilitassem a livre circulação <strong>de</strong>pessoas, fosse instrumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social. Po<strong>de</strong>-sedizer que o MERCOSUL, que se inspirou em teses cepalinas sobre o<strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>senvolveu-se em um ambiente global inspiradopelas teses neoliberais. Uma vez constituído o MERCOSUL <strong>no</strong> Tratado<strong>de</strong> Assunção, diversas Decisões do Conselho do Mercado Comum doSul, algumas das quais serão analisadas mais adiante, ocuparam-se doselementos constitutivos que buscavam fortalecer a sua dimensão social.Na mais recente Cúpula do MERCOSUL organizada pelo Brasil,em Foz do Iguaçu, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010, o tema do fortalecimento dosinteresses da cidadania e da dimensão social do MERCOSUL voltou àtona com mais força 5 . Algumas iniciativas <strong>de</strong>stacadas foram aprovadascom ênfase em consolidar os chamados “pilar social” e “pilar cidadão”,além do “pilar econômico-comercial”, <strong>no</strong>s próximos <strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s. Maisdos que os resultados até aqui alcançados, os documentos adotados naXL Cúpula do MERCOSUL revelam a preocupação dos formuladores<strong>de</strong> políticas para o bloco com a fragilida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> integraçãoquando não se avança <strong>de</strong> forma equilibrada em suas dimensões política,econômica, comercial e sociolaboral.A realida<strong>de</strong> do MERCOSUL, passados, em 2011, vinte a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong>sua fundação, não indica que o tratamento da sua dimensão sociolaboral,que po<strong>de</strong>ria encontrar nas MPMEs um instrumento a serviço <strong>de</strong> seuaprofundamento, seja questão bem encaminhada. No a<strong>no</strong> em que secelebram vinte a<strong>no</strong>s do Tratado <strong>de</strong> Assunção, não se observam ainda3BATH, Bru<strong>no</strong>. “A Política Comercial Brasileira com Relação aos Países Andi<strong>no</strong>s a Partir dosA<strong>no</strong>s 90: Objetivos, Possibilida<strong>de</strong>s e Limitações”, tese para o XLIII CAE, p.202.4O Tratado <strong>de</strong> Assunção, em sua primeira consi<strong>de</strong>ração, afirma que “a ampliação das atuaisdimensões” dos mercados nacionais dos Estados Partes, através da integração, “constitui condiçãofundamental para acelerar seus processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico com justiça social”.5Na XL Cúpula do MERCOSUL, realizada em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010 em Foz do Iguaçu, foramaprovados documentos relevantes para o fortalecimento da dimensão social e cidadã doMERCOSUL, bem como pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> ação para os próximos <strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s, que <strong>de</strong>finiu metas para ofuturo baseadas em três pilares: econômico-comercial, social e cidadão.19<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 19 25/10/2011 20:35:10


afael <strong>de</strong> mello vidalmudanças <strong>de</strong> fundo, muito embora se observe que alguns temas centraispara essa reflexão voltaram a ser discutidos com intensida<strong>de</strong> em 2010pelos Estados Partes, <strong>de</strong> modo especial na XL Cúpula do MERCOSUL,com a aprovação <strong>de</strong> instrumentos <strong>no</strong>rmativos referentes aos pilares sociale cidadão nas metas da integração.A questão central que o trabalho enfoca é como o tratamento <strong>de</strong>micro, pequenas e médias empresas po<strong>de</strong> colaborar para a implementaçãodas metas econômicas da integração, e ao mesmo tempo colaborar parafortalecer a dimensão sociolaboral.É possível dizer que uma das maiores dificulda<strong>de</strong>s <strong>no</strong> relacionamentoentre o Brasil e os parceiros me<strong>no</strong>res do MERCOSUL, Uruguai eParaguai, se <strong>de</strong>u justamente em função da dicotomia <strong>de</strong> interesses, entre,<strong>de</strong> um lado, as gran<strong>de</strong>s corporações brasileiras, algumas multinacionais,em busca <strong>de</strong> assegurar mercados e gerar saldos comerciais, e, <strong>de</strong> outro,as eco<strong>no</strong>mias dos sócios me<strong>no</strong>res, em que predominam micro, pequenase médias empresas.Advoga-se a tese <strong>de</strong> que é necessário estabelecer, sem abrir mãodo patrimônio já alcançado pelos seus i<strong>de</strong>alizadores e por sucessivosnegociadores diplomáticos, <strong>no</strong>vos conceitos, projetos e bases <strong>no</strong>rmativas<strong>de</strong> apoio às MPMEs que possam transformar a integração regional empolítica <strong>de</strong> maior capilarida<strong>de</strong>, em especial junto aos trabalhadores.Os argumentos existem 6 . As pequenas e médias empresas, incluídasas microempresas, são as maiores geradoras <strong>de</strong> empregos em níveldoméstico <strong>no</strong>s Estados Partes. Estudos não apenas <strong>no</strong> MERCOSULmas em outras importantes regiões, como a União Europeia e a Américado Norte, comprovam a relação fundamental entre pequenas empresase empregos. A importância das pequenas empresas não advém apenasdo fortalecimento do mercado <strong>de</strong> trabalho. Também se dá na i<strong>no</strong>vação,<strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento tec<strong>no</strong>lógico, na geração <strong>de</strong> renda e salários, <strong>no</strong>crescimento econômico e, possivelmente, em uma maior resistência aoschoques exter<strong>no</strong>s e à fuga <strong>de</strong> capitais em cenários <strong>de</strong> crise econômica.Cumprem, assim, importante função social.No MERCOSUL, pouco se avançou na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> políticas comuns<strong>de</strong> fomento às PMEs. A década dos <strong>no</strong>venta, quando o MERCOSULcomeçou a ser erigido, foi marcada pela supremacia das teses <strong>de</strong> livre6Ao longo do trabalho, em especial <strong>no</strong>s capítulos 1 e 3, serão apresentados os estudos quebuscam corroborar esses argumentos.20<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 20 25/10/2011 20:35:10


introduçãocomércio, eco<strong>no</strong>mias <strong>de</strong> escala e me<strong>no</strong>r ingerência do Estado <strong>no</strong> processoprodutivo. O MERCOSUL cresceu sob essa ótica, em período que secunharam as expressões globalização da eco<strong>no</strong>mia e <strong>no</strong>vo regionalismo.A roda que movia as negociações do bloco era empurrada pelo Estadoe pelas gran<strong>de</strong>s empresas, cujos ganhos <strong>de</strong> escala seriam <strong>no</strong>toriamentemaiores que os das pequenas empresas. O MERCOSUL abriu <strong>no</strong>vaspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mercado, principalmente para as gran<strong>de</strong>s empresas queestão mais bem posicionadas em termos <strong>de</strong> custos e escala <strong>de</strong> produção. 7Até hoje, observa-se que essa lógica predomina nas negociações<strong>no</strong> bloco, em especial <strong>no</strong> que concerne às políticas <strong>de</strong> estímulocomercial e industrial. O conceito do “MERCOSUL como plataforma<strong>de</strong> exportações”, em que predominam as gran<strong>de</strong>s empresas capazes <strong>de</strong>operar com eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> escala, foi muito difundido <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta,e, evi<strong>de</strong>ntemente, esse conceito escapa aos interesses das pequenasempresas, que não se criam ou se sustentam visando especificamenteaos mercados extrazona. Alguns setores foram consi<strong>de</strong>rados maisestratégicos para que o MERCOSUL fosse uma plataforma exportadora,como a agroindústria, o automobilístico, o <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital, oeletroeletrônico, o farmacêutico e o químico, <strong>de</strong> maior valor agregadoe escala <strong>de</strong> produção.No primeiro capítulo, comenta-se a evolução histórica do processo<strong>de</strong> construção das bases econômicas e comerciais do MERCOSUL,com ênfase <strong>no</strong> que se consi<strong>de</strong>ra a ausência <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dosinteresses das pequenas empresas e a constatação do predomínio daseco<strong>no</strong>mias <strong>de</strong> escala nas articulações para a criação da zona <strong>de</strong> livrecomércio e da união aduaneira. Nos a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta, a lógica da integraçãorespondia a impulsos provocados pelo consenso sobre as vantagens daeco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> mercado e do livre comércio, após a falência dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>produção socialistas, época em que se cunhou, por exemplo, a expressão“Consenso <strong>de</strong> Washington”, a partir da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> John Williamson 8 .7NOGUEIRA, Alexandre Studart. “Padrão <strong>de</strong> Concorrência e Estrutura Competitiva da IndústriaSuinícola Catarinense”, Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em Engenharia da Produção, UFSC, 1998.8Em contraposição ao Consenso <strong>de</strong> Washington, o Consenso <strong>de</strong> Bue<strong>no</strong>s Aires, que se encontra<strong>no</strong> Anexo 10, entre os presi<strong>de</strong>ntes Lula e Nestor Kirchner, em 2003, <strong>de</strong>fendia, <strong>no</strong> MERCOSUL,coor<strong>de</strong>nação nas negociações comerciais externas, crescimento e distribuição equitativa da rendacomo objetivos prioritários <strong>de</strong> suas políticas econômicas, acima do equilíbrio macroeconômico edo pagamento das obrigações com a dívida externa. Pretendia ser, portanto, conjunto <strong>de</strong> critériosque se sobrepõem à lógica do Consenso <strong>de</strong> Washington.21<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 21 25/10/2011 20:35:10


afael <strong>de</strong> mello vidalNa integração regional, iniciou-se o que se convencio<strong>no</strong>u chamar <strong>de</strong>Novo Regionalismo 9 .No segundo capítulo, será consi<strong>de</strong>rada a dimensão sociolaboral doMERCOSUL. Se os primeiros a<strong>no</strong>s da integração, em era marcada peloNovo Regionalismo e por princípios <strong>de</strong> livre mercado, livre comércio ereduzida ingerência do Estado na eco<strong>no</strong>mia, indicavam que a dimensãoeconômica e comercial caminhava bem, com a multiplicação dos fluxoscomerciais intrazona, a dimensão sociolaboral não apresentava o mesmoritmo <strong>de</strong> aprofundamento. Temas essenciais para a meta do livre mercado,e para o <strong>de</strong>senvolvimento com justiça social previsto <strong>no</strong> Tratado <strong>de</strong>Assunção, como a harmonização <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmas trabalhistas, promoção doemprego e livre circulação <strong>de</strong> empresários e trabalhadores não logravamtransformar-se em <strong>no</strong>rmas incorporadas <strong>no</strong> MERCOSUL. Isso gerou oinício <strong>de</strong> uma mobilização dos setores sindicais e patronais que, a partir<strong>de</strong> 2003, passaram a engajar-se <strong>no</strong> processo negociador do bloco, pormeio, sobretudo, do FCES (Foro Consultivo Econômico e Social), e aexigir o <strong>de</strong>vido tratamento das questões sociais e trabalhistas. Emanaram<strong>de</strong>sse engajamento algumas manifestações sobre a ênfase na geração <strong>de</strong>emprego <strong>de</strong>cente e, recentemente, o lançamento do Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Estratégico<strong>de</strong> Ação Social, que reconhece a função social <strong>de</strong> micro, pequenas emédias empresas e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a criação <strong>de</strong> políticas públicas para o seufomento.No terceiro capítulo, o trabalho examinará o marco conceitual eteórico, bem como a importância econômica das pequenas e médiasempresas e do empreen<strong>de</strong>dorismo. A vinculação das pequenas empresascom as teorias sobre empreen<strong>de</strong>dorismo merecerá atenção, na medida emque a maioria dos estudos sobre empreen<strong>de</strong>dorismo e o seu importantepapel na geração <strong>de</strong> empregos, i<strong>no</strong>vação e crescimento econômicoassociam-<strong>no</strong> com a criação <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte ou com o<strong>de</strong>senvolvimento e sobrevivência <strong>de</strong>ssas empresas. O empreen<strong>de</strong>dor<strong>no</strong>rmalmente não começa com gran<strong>de</strong>s projetos. Destina seu capital etrabalho a criar negócios <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte, que po<strong>de</strong>rão ser ampliadoscom o passar do tempo. Boa parte <strong>de</strong>sse capítulo examinará os estudos9Martins e Vitte (2005) <strong>de</strong>finem o <strong>no</strong>vo regionalismo como integração regional com “escalas maisabrangentes <strong>de</strong> caráter internacional. As tendências <strong>de</strong> regionalização das relações internacionaisse tornaram latentes e tomaram <strong>de</strong>staque <strong>no</strong> sistema internacional, respectivamente, com a criação<strong>de</strong> blocos regionais findando formar áreas competitivas e <strong>de</strong>senvolvimentistas e com a formaçãoe áreas <strong>de</strong> influência buscando a abertura <strong>de</strong> espaços panregionais”.22<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 22 25/10/2011 20:35:11


introduçãoque atestam a relevância das pequenas empresas para o fortalecimentodas eco<strong>no</strong>mias nacionais, sem necessariamente fazer uma contraposiçãocom as gran<strong>de</strong>s empresas.Deve-se frisar que não se questiona o papel que as gran<strong>de</strong>sempresas exerceram <strong>no</strong> fortalecimento comercial e do tecido políticodo MERCOSUL. Existe consenso sobre a importância das gran<strong>de</strong>sempresas para que as pequenas possam se <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>s chamadosclusters produtivos. A ênfase do trabalho está na necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciaruma <strong>no</strong>va etapa <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> políticas públicas <strong>no</strong> MERCOSUL queintroduzam com força a <strong>de</strong>fesa das necessida<strong>de</strong>s dos peque<strong>no</strong>s e médiosempreendimentos, nas esferas econômica e institucional do MERCOSUL,o que trará benefícios tanto na dimensão econômica quanto na dimensãosociolaboral.No quarto capítulo, será consi<strong>de</strong>rado o tratamento das PMEs <strong>no</strong>MERCOSUL. Para tanto, consi<strong>de</strong>ra-se necessário passar em revista aspolíticas públicas <strong>no</strong> Brasil, uma vez que parece relevante a relação entreas políticas nacionais e a apresentação <strong>de</strong> políticas para o MERCOSUL.Faz-se nesse capítulo uma avaliação <strong>de</strong> duas iniciativas consi<strong>de</strong>radasmais importantes adotadas <strong>no</strong> MERCOSUL em tempos recentes para otratamento do assunto: a aprovação do Fundo <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e<strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL, e <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> garantias, e doPrograma <strong>de</strong> Integração Produtiva.No capítulo quinto, preten<strong>de</strong>-se estudar o tratamento das pequenas emédias empresas nas políticas para o MERCOSUL. Para tanto, consi<strong>de</strong>raseo paradigma do mo<strong>de</strong>lo europeu, dada a relativamente elevadaimportância para a eco<strong>no</strong>mia da eurozona das PMEs. Analisa-se, também,o surgimento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a virada do milênio, <strong>de</strong> gover<strong>no</strong>s na América doSul cujas propostas <strong>de</strong> atuação ressaltam os temas sociais e do trabalho.Outra reflexão proposta, surgida a partir da crise financeira <strong>de</strong> outubro<strong>de</strong> 2008, refere-se à possivelmente maior resistência ou blindagem queas eco<strong>no</strong>mias que apresentam uma sólida base produtiva <strong>de</strong> micro,pequenas e médias empresas teriam contra os choques exter<strong>no</strong>s, o quepo<strong>de</strong>ria contribuir para reduzir vulnerabilida<strong>de</strong>s.No capítulo sexto, o trabalho preten<strong>de</strong> recolher as consi<strong>de</strong>raçõesfeitas <strong>no</strong>s capítulos anteriores e apresentar algumas propostas <strong>de</strong>linhas <strong>de</strong> ação que po<strong>de</strong>riam ser adotadas como políticas públicaspara o MERCOSUL. Trata-se <strong>de</strong> ações que po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>fendidas23<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 23 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalpelo Itamaraty na condução, na esfera governamental brasileira, doMERCOSUL. Consi<strong>de</strong>ra-se que é chegado o momento <strong>de</strong> uma reflexãosobre a participação das MPMEs <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> integração, reflexão quejá começou a se dar na Presidência Pro Tempore do Brasil em 2010, e seencontra, por exemplo, na Declaração Conjunta por ocasião da primeiravisita da Presi<strong>de</strong>nta Dilma Rousseff à Argentina, em 31 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>2011 10 .Na conclusão, o trabalho preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r um <strong>no</strong>vo papel queas pequenas e médias empresas <strong>de</strong>vem exercer na formulação <strong>de</strong>políticas para o MERCOSUL, levando-se em conta que os micro,peque<strong>no</strong>s e médios empresários po<strong>de</strong>m ser importantes instrumentos <strong>de</strong>fortalecimento da dimensão sociolaboral.Nessa análise, torna-se necessário frisar que a tese não ig<strong>no</strong>raos profundos avanços políticos, comerciais e institucionais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> acriação do MERCOSUL. E não ig<strong>no</strong>ra tampouco o fato <strong>de</strong> que essesavanços se <strong>de</strong>ram <strong>no</strong> marco da globalização. Defen<strong>de</strong>, tão somente,que o Itamaraty inicie um diálogo inter<strong>no</strong>, e em seguida com os <strong>de</strong>maisórgãos governamentais, <strong>de</strong>stinado a refletir sobre o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>sejado parao MERCOSUL, inserindo, sem excluir as gran<strong>de</strong>s empresas, as micro,pequenas e médias <strong>no</strong> centro da formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas.10Na Declaração, em seu sexto parágrafo, as Presi<strong>de</strong>ntas “<strong>de</strong>stacaram o avanço dos trabalhoscom vistas a garantir um <strong>de</strong>senvolvimento produtivo integrado, cujos resultados se traduzamem estratégias conjuntas <strong>de</strong> produção, comercialização e <strong>de</strong> complementação produtiva. Comesse objetivo, sublinharam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementar rapidamente mecanismos financeirosque contribuam ou facilitem a participação <strong>de</strong> pequenas e médias empresas <strong>no</strong>s processos <strong>de</strong>integração produtiva”.24<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 24 25/10/2011 20:35:11


Capítulo 1 – O processo <strong>de</strong> construção dasbases econômicas e comerciais do Mercosule o momento atual: a contribuição <strong>de</strong> micro,pequenas e médias empresasOs primeiros a<strong>no</strong>s da conformação da zona <strong>de</strong> livre comércio e daunião aduaneira <strong>no</strong> MERCOSUL foram promissores. O ambiente políticoe econômico mundial, <strong>no</strong> início dos a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta, caracterizado peloprocesso <strong>de</strong> globalização da eco<strong>no</strong>mia, que se seguiu à queda do Muro<strong>de</strong> Berlim e aos tropeços das eco<strong>no</strong>mias estatizantes, passada a “décadaperdida” na América do Sul, pareciam indicar o <strong>no</strong>rte infalível para o<strong>de</strong>senvolvimento: o livre comércio, o mercado, as eco<strong>no</strong>mias <strong>de</strong> escala<strong>de</strong> produção, aliados a uma me<strong>no</strong>r ingerência do Estado na eco<strong>no</strong>mia,aumentariam a riqueza e assegurariam a paz e o crescimento global, emambientes <strong>de</strong>mocráticos. Nessa época, surgiu o que se convencio<strong>no</strong>uchamar <strong>de</strong> “<strong>no</strong>vo regionalismo”, <strong>no</strong> qual se incluiria o MERCOSUL.O “<strong>no</strong>vo regionalismo” parecia contradizer as aspirações cepalinas queestiveram na origem da i<strong>de</strong>alização do MERCOSUL.1.1. O MERCOSUL e sua inspiração cepalinaEmbora o MERCOSUL tenha se <strong>de</strong>senvolvido, <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta,em um ambiente marcado pelas teses neoliberais sobre <strong>de</strong>senvolvimentoda eco<strong>no</strong>mia e do comércio, na esteira da <strong>de</strong>rrocada do regime soviéticoe das dificulda<strong>de</strong>s que as teorias sobre a <strong>de</strong>pendência encontravam para25<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 25 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalter eco nas agendas governamentais pós-queda do Muro <strong>de</strong> Berlim,é necessário ter em mente que a inspiração original dos pensadoresda integração sul-americana <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s oitenta se <strong>de</strong>u nas teoriasestruturalistas da CEPAL sobre <strong>de</strong>senvolvimento, oriundas da década<strong>de</strong> 50.Os eco<strong>no</strong>mistas da CEPAL, sobretudo Raul Prebisch e CelsoFurtado, sempre coincidiram quanto à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção<strong>de</strong> um mercado regional ampliado como instrumento essencialpara superar as limitações do sub<strong>de</strong>senvolvimento. A ampliação domercado regional se daria juntamente com a promoção <strong>de</strong> políticas<strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> importações e <strong>de</strong> promoção da industrialização,revertendo-se o quadro clássico da divisão internacional do trabalhoentre países industrializados e uma periferia fornecedora <strong>de</strong> bensprimários. Paulo França, Diretor do Departamento da ALADIe Integração Econômica Regional do Ministério das RelaçõesExteriores, consi<strong>de</strong>ra, ao comentar a origem cepalina do MERCOSUL,que a constituição do MERCOSUL não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>r à antigaaspiração <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e <strong>de</strong> justiça <strong>no</strong> termos <strong>de</strong> troca docomércio mundial que motivou os países da região, “convencidos <strong>de</strong>que a integração permite a criação <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> escala, promove o<strong>de</strong>senvolvimento industrial e, portanto, propicia maior diversificaçãoeconômica” 11 .Os atuais números do comércio intrarregional comprovam que oscepali<strong>no</strong>s estavam certos e que o Brasil, em particular, soube aproveitarbem o <strong>de</strong>senvolvimento do MERCOSUL. Não apenas se verificou,segundo ele, um crescimento exponencial das exportações brasileiraspara os países do bloco, como também é significativa a participaçãoqualitativa dos bens <strong>de</strong> maior valor agregado na pauta exportadorabrasileira e intrarregional.Contudo, os i<strong>de</strong>ais cepali<strong>no</strong>s que motivaram os primeirosnegociadores do MERCOSUL não impediram que a realida<strong>de</strong> dos a<strong>no</strong>s<strong>no</strong>venta, marcada pela globalização da eco<strong>no</strong>mia em um cenário <strong>de</strong>predomínio <strong>de</strong> teses neoliberais, <strong>de</strong>sse o tom das negociações internas <strong>no</strong>bloco regional. Alci<strong>de</strong>s Costa Vaz, professor <strong>de</strong> relações internacionais11Paulo França, Diretor do Departamento da ALADI e Integração Econômica do Itamaraty,conce<strong>de</strong>u entrevista ao autor em junho <strong>de</strong> 2011.26<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 26 25/10/2011 20:35:11


o processo <strong>de</strong> construção das bases econômicas e comerciais do mercosulda Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, em uma das raras análises do processonegociador e das motivações do MERCOSUL 12 , afirma quehouve um vendaval neoliberal <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s oitenta e <strong>no</strong>venta que afastou o interesseda intelectualida<strong>de</strong> e dos formuladores <strong>de</strong> políticas públicas pela perspectivada teoria da <strong>de</strong>pendência (cepalina). O <strong>de</strong>bate acadêmico e político na regiãodurante a década <strong>de</strong> oitenta e <strong>no</strong>venta ficou impregnado e dominado pelos temase perspectivas <strong>de</strong>rivados da microeco<strong>no</strong>mia.1.2. O MERCOSUL como expressão do “<strong>no</strong>vo regionalismo” nadécada <strong>de</strong> <strong>no</strong>ventaA séria crise que se abateu sobre a América Latina <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 80 tor<strong>no</strong>unecessária a adoção <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo rumo. Essa crise, conhecida como “crise dadívida” em razão do agudo endividamento exter<strong>no</strong> dos países do continente,tor<strong>no</strong>u o Estado incapaz <strong>de</strong> continuar se apresentando como investidor.Emergiu com intensida<strong>de</strong>, nesse contexto, uma i<strong>de</strong>ologia mais voltada paraa liberalização dos fluxos <strong>de</strong> comércio, calcada na abertura das eco<strong>no</strong>miasnacionais e na progressiva redução do intervencionismo estatal 13 .A década <strong>de</strong> <strong>no</strong>venta foi a década dos gran<strong>de</strong>s negócios transnacionaise das oportunida<strong>de</strong>s comerciais sem fronteiras, alimentadas pelarevolução da tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong> informação. Gran<strong>de</strong>s empresas e seusinteresses transnacionais foram <strong>de</strong>terminantes para traçar os rumospolíticos, econômicos e comerciais na América do Sul. Prevaleceu <strong>no</strong>sa<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> que os interesses <strong>de</strong> política econômica estavamestreitamente associados à proteção dos interesses <strong>de</strong> internacionalizaçãodas gran<strong>de</strong>s empresas, capazes <strong>de</strong> gerar, por meio das exportaçõese da abertura <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos mercados, a renda necessária para aten<strong>de</strong>r àsnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z em moeda forte e para cumprir compromissosexter<strong>no</strong>s, em especial com o pagamento <strong>de</strong> juros das vultosas dívidasexternas da América do Sul, bem como para cobrir os sucessivos déficitsem conta corrente nacionais.12Vaz, Alci<strong>de</strong>s Costa. “Cooperação, Integração e Processo Negociador: a Construção doMERCOSUL”, Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Relações Internacionais, IBRI, Brasília, 2002.13Pontes, Kassius. “Mercosul: A Dimensão Econômico-Comercial”, em www.scribd.com/do/, acesso em 30/01/2011.27<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 27 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalNesse contexto, as eco<strong>no</strong>mias sul-americanas se <strong>de</strong>paravam com a<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> capitais exter<strong>no</strong>s, <strong>de</strong>vido às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> importação<strong>de</strong> bens industriais e <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> exce<strong>de</strong>ntes para o pagamento dadívida externa, o que levou a periferia a uma crônica necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>moeda externa para fechar o déficit em conta corrente, cristalizando-seuma <strong>de</strong>pendência externa <strong>de</strong> exportações e uma crônica tendência <strong>de</strong><strong>de</strong>svalorização da moeda doméstica e <strong>de</strong> inflação interna 14 .O eco<strong>no</strong>mista do BNDES José Carlos <strong>de</strong> Assis 15 lembra, em tese<strong>de</strong> doutorado sobre integração que propugna <strong>no</strong>vos valores e <strong>no</strong>vosrumos para que a integração cumpra uma função social, que as políticas<strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> exportações levadas adiante pelas eco<strong>no</strong>mias sulamericanase que inspiraram a zona <strong>de</strong> livre comércio do MERCOSUL ea união aduaneira, em cuja origem se encontram o Tratado <strong>de</strong> Assunção(1991), o Acordo <strong>de</strong> Complementação Econômica 18 (ACE 18, <strong>de</strong> 2001),o Cro<strong>no</strong>grama <strong>de</strong> Las Leñas (1992) e o Protocolo <strong>de</strong> Ouro Preto (1994),significaramna prática, que a maior parte do superávit comercial converteu-se em saláriose lucros na moeda das empresas exportadoras, o que, na ausência <strong>de</strong> políticasmonetárias <strong>de</strong> esterilização <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z, permitiria conciliar a política mercantilista<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> altos saldos comerciais com uma política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico.Os a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> construção do MERCOSUL foram marcados peladicotomia entre, <strong>de</strong> um lado, os gran<strong>de</strong>s interesses exportadores dadécada da globalização e certa falta <strong>de</strong> auto<strong>no</strong>mia governamental para a<strong>de</strong>finição da política monetária, dadas as restrições e exigências impostaspelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional, e, <strong>de</strong> outro,as expectativas das PMEs, que não participam, em sua maioria, dasca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> valor geradas pelas gran<strong>de</strong>s empresas. Embora representemos interesses da maioria dos trabalhadores, na medida em que são,segundo a teoria econômica mo<strong>de</strong>rna a ser examinada mais adiante,as empresas que mais empregos geram, não tiveram seus interesses<strong>de</strong>vidamente contemplados <strong>no</strong> arcabouço <strong>no</strong>rmativo e institucional doMERCOSUL. Paulo Okamotto, ex-Presi<strong>de</strong>nte do Serviço Brasileiro14Assis, José Carlos. “Moeda, Soberania e Trabalho”, editora Europa, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2007.15O Professor José Carlos <strong>de</strong> Assis, eco<strong>no</strong>mista do BNDES, conce<strong>de</strong>u entrevista em 15/05/2010.28<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 28 25/10/2011 20:35:11


o processo <strong>de</strong> construção das bases econômicas e comerciais do mercosul<strong>de</strong> Apoio às <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> (SEBRAE), em entrevista 16,afirmou que o MERCOSULnão é um processo <strong>de</strong> integração, pois reflete apenas interesses <strong>de</strong> acessoaos mercados <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas. As pequenas não tiveram vez nesseempreendimento. Faltou integração econômica e faltou integração cultural, quepermitisse uma verda<strong>de</strong>ira participação dos peque<strong>no</strong>s e microempresários <strong>no</strong>comércio dos Estados Partes.Okamotto afirmou ainda que, na sua origem, faltou aos negociadoresdo MERCOSUL pensar em um mo<strong>de</strong>lo “mais sofisticado <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento, pois o mo<strong>de</strong>lo adotado foi conservador”. Na visão doex-Presi<strong>de</strong>nte do SEBRAE, o MERCOSUL restringiu-se a uma iniciativapolítica dos Presi<strong>de</strong>ntes brasileiro e argenti<strong>no</strong>, para reduzir as tensõeshistóricas entre ambos países, que ainda se refletiam <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s oitenta.Faltou àquela época, segundo ele, que os negociadores “pensassem emque tipo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo produtivo e <strong>de</strong> consumo queriam para o bloco quese formava”, muito embora Brasil e Argentina tivessem previsto, <strong>no</strong>Acordo <strong>de</strong> Complementação Econômica 14 (ACE), assinado em março<strong>de</strong> 1991, acordos <strong>de</strong> complementação setorial.A “falta <strong>de</strong> sofisticação” do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração que se <strong>de</strong>sejavaestabelecer na região, conforme avaliação <strong>de</strong> Okamotto, po<strong>de</strong> ser resultado<strong>de</strong> relações clientelistas que caracterizaram a relação Estado-socieda<strong>de</strong>durante boa parte do século XX na América do Sul. A estrutura clientelista<strong>de</strong>finiu políticas públicas <strong>de</strong> maneira seletiva, em geral beneficiandoalguns setores exportadores e mantendo reservas <strong>de</strong> mercado.A lógica que domi<strong>no</strong>u o processo <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> políticas públicaspara o MERCOSUL foi envolvida pelas correntes da globalização, oque era natural naquele momento histórico. As premissas ortodoxassobre equilíbrio fiscal, saneamento das contas públicas, geração <strong>de</strong>saldos <strong>de</strong> exportação e redução do protecionismo comercial paramelhorar a competitivida<strong>de</strong> foram consi<strong>de</strong>rados requisitos necessáriospara aten<strong>de</strong>r aos compromissos exter<strong>no</strong>s com a dívida externa e com amo<strong>de</strong>rnização das eco<strong>no</strong>mias dos países em <strong>de</strong>senvolvimento. Atrasoue frustrou, contudo, o aprofundamento da dimensão social e a percepção16Paulo Okamotto, ex-Presi<strong>de</strong>nte do Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>(SEBRAE), conce<strong>de</strong>u entrevista em 25/11/2010 em Brasília.29<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 29 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidaldas socieda<strong>de</strong>s, em geral, e dos trabalhadores, em particular, sobre asvantagens do MERCOSUL e sobre o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e esforçodiplomático dos Gover<strong>no</strong>s que estiveram na origem do MERCOSUL,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros acordos bilaterais entre o Brasil e a Argentina, em1986 (Ata para a Integração e Cooperação Econômica) e 1988 (Tratado<strong>de</strong> Integração, Cooperação e Desenvolvimento) e a posterior assinaturado Tratado <strong>de</strong> Assunção (1991), que incluiu o Paraguai e o Uruguai.Em artigo publicado em 1949 na revista Montlhy Review, AlbertEinstein, ao procurar explicar as razões do socialismo 17 , já afirmava queo capital privado ten<strong>de</strong> a concentrar-se em poucas mãos, parcialmente em razãoda concorrência entre os capitalistas, e em parte porque o <strong>de</strong>senvolvimentotec<strong>no</strong>lógico e o aumento da divisão do trabalho incentivam a formação <strong>de</strong>unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção maiores à custa das me<strong>no</strong>res. O resultado <strong>de</strong>sse processoé uma oligarquia <strong>de</strong> capital privado cujo e<strong>no</strong>rme po<strong>de</strong>r não po<strong>de</strong> ser controladoeficazmente mesmo numa socieda<strong>de</strong> politicamente organizada <strong>de</strong>mocraticamente.No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento brasileiro, iniciado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<strong>de</strong><strong>no</strong>minada “política <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> importações”, as gran<strong>de</strong>sempresas estimularam as ações governamentais. O pensamento <strong>de</strong> Mariada Conceição Tavares 18 ilustra bem esse entendimento:O BNDES faz semeadura <strong>de</strong> capital para a gran<strong>de</strong> empresa, até porque ninguémacredita que seja possível competir lá fora sem isso. Se não tivéssemos tido avançotec<strong>no</strong>lógico em aços especiais, claro que a Gerdau não estaria com filiais até <strong>no</strong>sEUA. Eu tenho trabalhado na questão da internacionalização do capital, e tenhoa impressão que por esse lado não estamos tão mal.Os primeiros a<strong>no</strong>s da integração também foram marcados pelaatuação das gran<strong>de</strong>s empresas. Os resultados foram positivos. O comércioentre o Brasil e os Estados Partes, que seguia, conforme previsto <strong>no</strong>Tratado <strong>de</strong> Assunção, um cro<strong>no</strong>grama <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgravação tarifária intrazona e<strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong> uma tarifa externa comum, que <strong>de</strong>veria ser concluído em1994, completando-se o chamado “período <strong>de</strong> transição”, acompanhados17A citação <strong>de</strong> Einstein, ainda que possa parecer fora <strong>de</strong> contexto histórico, parece relevante namedida em que sua crítica é atual <strong>no</strong> que concerne ao escopo <strong>de</strong>ste trabalho.18Maria da Conceição Tavares. Entrevista à Folha <strong>de</strong> São Paulo, em 12/09/2010.30<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 30 25/10/2011 20:35:11


o processo <strong>de</strong> construção das bases econômicas e comerciais do mercosul<strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> eliminação <strong>de</strong> barreiras não tarifárias ao comérciointrazona, aumentou substancialmente, <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 4 bilhões <strong>de</strong> dólaresem 1991, para 10,5 bilhões em 1994 (fim do período <strong>de</strong> transição) e 13,4bilhões <strong>de</strong> dólares em 1999, quando da crise cambial brasileira 19 .Na fase <strong>de</strong> transição, surgem as primeiras resistências mais efetivasao processo <strong>no</strong>s setores privados brasileiro e argenti<strong>no</strong>. No caso brasileiro,os segmentos que se beneficiavam <strong>de</strong> elevadas tarifas (bens <strong>de</strong> capital,informática e automotivo, por exemplo), temiam que a instituição daTEC reduzisse suas margens <strong>de</strong> proteção. No caso argenti<strong>no</strong>, haviapreocupação com a concorrência das indústrias brasileiras 20 .O crescimento dos volumes comerciais foi conduzido pelas gran<strong>de</strong>sempresas, que se fizeram sentir <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> políticas.Representavam-se <strong>no</strong>s grêmios <strong>de</strong> produtores setoriais, como a ANFAVEA(Associação <strong>de</strong> Fabricantes <strong>de</strong> Veículos Automotores), a ABIQUIM(Associação Brasileira da Indústria Química), a ABIMAQ (AssociaçãoBrasileira da Indústria <strong>de</strong> Máquinas e Equipamentos) e a ELETROS(Associação Nacional <strong>de</strong> Fabricantes <strong>de</strong> Produtos Eletroeletrônicos),UNICA (União Nacional da Indústria da Cana <strong>de</strong> Açúcar), entre outras.Márcio Pochmann, Presi<strong>de</strong>nte do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa EconômicaAplicada (IPEA), confirma esse entendimento 21 . Segundo ele,<strong>no</strong> Brasil as gran<strong>de</strong>s empresas dominam a formulação <strong>de</strong> políticas públicas; aspequenas empresas não têm vez. É difícil resistir ao po<strong>de</strong>r financeiro <strong>de</strong> empresascomo a PETROBRAS, que investe 400 milhões <strong>de</strong> dólares anualmente emcapacitação <strong>de</strong> pessoal, enquanto o Estado investe me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 100 milhões. Nacrise <strong>de</strong> 2008, as gran<strong>de</strong>s corporações brasileiras sustentaram a fuga <strong>de</strong> capitaisinternacionais. Nesse cenário, como é possível que o Estado não ceda ao seupo<strong>de</strong>r <strong>de</strong> influência?Essa lógica, para o Presi<strong>de</strong>nte do IPEA, não foi diferente naformulação <strong>de</strong> políticas para o MERCOSUL.19Evolução da corrente <strong>de</strong> comércio Brasil-MERCOSUL. MDIC, dados <strong>de</strong> comércio, em www.mdic.gov.br, acesso em 18.11.2010.20Florêncio, Sérgio e Araújo, Ernesto. “MERCOSUL Hoje”, Editora Alfa-Ômega, FUNAG,São Paulo, 1995, p.43.21Márcio Pochmann, Presi<strong>de</strong>nte do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Econômica Aplicada, conce<strong>de</strong>uentrevista em 26/11/2010.31<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 31 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalA partir <strong>de</strong> 1999, a <strong>de</strong>svalorização cambial brasileira, seguida<strong>de</strong> uma ainda mais grave crise <strong>de</strong> confiança dos Estados Partes naimplementação das metas do Tratado <strong>de</strong> Assunção, <strong>de</strong>spertaram dúvidassobre a capacida<strong>de</strong> que teria o MERCOSUL <strong>de</strong> atingir metas maisambiciosas, como uma união aduaneira perfeita e um mercado comum, oque levou à estagnação do processo negociador. Os a<strong>no</strong>s que se seguiramapresentaram forte <strong>de</strong>saceleração do ímpeto negociador dos EstadosPartes, com metas mais mo<strong>de</strong>stas sendo aprovadas, como o conhecido“relançamento do MERCOSUL” em 2000, que se caracterizou pelatentativa dos negociadores <strong>de</strong> fazer aprovar projetos <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmas que seacumulavam na agenda do Conselho do Mercado Comum, sem avançarem <strong>no</strong>vos temas.1.3. Dificulda<strong>de</strong>s para o fortalecimento da dimensão sociolaborale para o engajamento <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresasAo encerrar-se a década <strong>de</strong> <strong>no</strong>venta, e iniciar-se o <strong>no</strong>vo século,o MERCOSUL, mergulhado na crise cambial brasileira seguida dacrise argentina <strong>de</strong> 2001, não havia conseguido, apesar do crescimentodos fluxos comerciais, obtidos pelos setores produtivos exportadores,consolidar a dimensão econômico-comercial. A dimensão sociolaboral,por sua vez, ainda dava tímidos passos, sob a responsabilida<strong>de</strong> especialdo Foro Consultivo Econômico e Social (FCES), que reúne os interessespatronais e dos sindicatos <strong>de</strong> trabalhadores do MERCOSUL. A preferênciapor um mo<strong>de</strong>lo calcado sobre o livre comércio protelou para um segundomomento da integração o fortalecimento <strong>de</strong> sua dimensão sociolaboral.O presente trabalho consi<strong>de</strong>ra a necessida<strong>de</strong>, assim, <strong>de</strong> se buscaremalternativas para o MERCOSUL, a fim <strong>de</strong> que possa aliar o fortalecimento<strong>de</strong> sua dimensão econômico-comercial com a sua dimensão social ecidadã, envolver as socieda<strong>de</strong>s <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> integração, assegurar ocrescimento sustentado dos Estados Partes e contribuir para a reduçãodas assimetrias.Vários caminhos são possíveis para tanto. O tema da dimensão socialrequer aprofundar a compreensão dos problemas comuns relacionadosao mundo do trabalho, aproximar ou harmonizar legislações e <strong>no</strong>rmastrabalhistas, garantir um patamar <strong>de</strong> direitos fundamentais do trabalho eda segurida<strong>de</strong> social e intensificar a cooperação e o intercâmbio entre os32<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 32 25/10/2011 20:35:11


o processo <strong>de</strong> construção das bases econômicas e comerciais do mercosulserviços públicos dos quatro países. A negociação <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmas <strong>de</strong> aplicaçãocomum, que visem à consolidação da união aduaneira e à expansão dalivre circulação, também <strong>de</strong>ve constituir engajamento permanente. Adinâmica <strong>de</strong> negociação <strong>no</strong>rmativa e institucional tem sido suficientepara inserir o MERCOSUL na realida<strong>de</strong> dos Gover<strong>no</strong>s, transformandoo processo <strong>de</strong> integração em políticas <strong>de</strong> Estado. Contudo, e esse é ofoco do trabalho, não tem sido suficiente para engajar os trabalhadores<strong>de</strong> micro e pequenas empresas, que respon<strong>de</strong>m pela maior força <strong>de</strong>trabalho <strong>no</strong> território do bloco (somente <strong>no</strong> Brasil, segundo o SEBRAE,correspon<strong>de</strong>m a 60% da força <strong>de</strong> trabalho).A alternativa para que esse engajamento ocorra envolve micro, pequenase médias empresas e o estímulo ao empreen<strong>de</strong>dorismo, haja vista o seusignificativo potencial <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> empregos, <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> crescimento.Trata-se <strong>de</strong> valorizar a função social das pequenas e médias empresas.1.4. A função social <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresasAlguns autores consi<strong>de</strong>ram que a função social das pequenasempresas é reconhecida pelo po<strong>de</strong>r público na própria ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral. O Título VII, referente à Or<strong>de</strong>m Econômica e Financeira,<strong>de</strong>termina que a or<strong>de</strong>m econômica, fundada na valorização do trabalhohuma<strong>no</strong> e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existênciadigna, conforme os ditames da justiça social, observados princípios comoa função social da proprieda<strong>de</strong> e tratamento favorecido para as empresas<strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham suase<strong>de</strong> e administração <strong>no</strong> País 22 .Função social não se <strong>de</strong>ve confundir com obrigação social oucom responsabilida<strong>de</strong> social. Obrigação social é aquela que <strong>de</strong>rivadas <strong>no</strong>rmas <strong>de</strong> aplicação obrigatória para as empresas, não importaseu tamanho. Trata-se das <strong>no</strong>rmas tributárias, fiscais, trabalhistas,ambientais, técnicas e previ<strong>de</strong>nciárias, que qualquer empreendimentoestá convocado pelas leis fe<strong>de</strong>rais a cumprir. Responsabilida<strong>de</strong> socialnão é compulsória, como a obrigação social. Advém da expectativada socieda<strong>de</strong>, mais que do Estado, <strong>de</strong> que os lucros da ativida<strong>de</strong>22Fábio Kon<strong>de</strong>r Comparato, Calmon <strong>de</strong> Passos e Hélio Capel Filho manifestam o entendimento<strong>de</strong> que a relevância social das pequenas empresas está implícita na menção à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>tratamento diferenciado em benefício <strong>de</strong>ssas empresas <strong>no</strong> artigo 170 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral.33<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 33 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalempresarial sejam parcialmente redistribuídos na forma <strong>de</strong> iniciativas<strong>de</strong> amparo aos me<strong>no</strong>s favorecidos, ou <strong>de</strong> incentivo à cultura, à saú<strong>de</strong> e àeducação. Função social, por sua vez, <strong>de</strong>corre da própria existência dasempresas, quando sua produção serve aos interesses da coletivida<strong>de</strong>, aofornecer bens e serviços essenciais à sobrevivência e gerar renda quese redistribui por meio da contratação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra, especializada ounão, aumentar a oferta <strong>de</strong> empregos para a socieda<strong>de</strong> e, por conseguinte,fortalecer a dimensão sociolaboral.Argumentos econômicos reforçam a <strong>de</strong>fesa da função social dasMPMEs. O primeiro é <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m espacial, ou geográfica. As MPMEs selocalizam por todo o País, com atuação <strong>de</strong>stacada em regiões <strong>de</strong> fronteira.Sua promoção significa gerar renda e redistribuição <strong>de</strong> riqueza, bemcomo aten<strong>de</strong>r a necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> consumo e <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços, porvasto território. Não estão concentradas, como é comum ocorrer comempresas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte.Outro argumento se refere à capacida<strong>de</strong> das MPMEs <strong>de</strong> absorvermão <strong>de</strong> obra não qualificada. Ao contrário das gran<strong>de</strong>s empresas,que adotam requerimentos rigorosos <strong>de</strong> formação profissional ouesperam qualificação técnica, as pequenas empresas empregam umvasto contingente <strong>de</strong> trabalhadores que estão entrando <strong>no</strong> mercado dotrabalho, ou estão <strong>de</strong>sempregados, bem como profissionais com formaçãosuperior. É especialmente reconhecido o papel das pequenas empresasna contratação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra feminina e <strong>de</strong> jovens.Outro aspecto relevante é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação <strong>de</strong> MPMEs frenteàs alterações do mercado mundial. As microempresas absorvem commais facilida<strong>de</strong> os efeitos negativos e, por serem mais flexíveis, esboçamreações mais rápidas aos períodos <strong>de</strong> crise. Já as gran<strong>de</strong>s empresas, porserem naturalmente mais inertes e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do contexto econômicomundial, levam mais tempo para reagir, o que as torna mais vulneráveis.Este ponto será examinado também <strong>no</strong> capítulo 5.7.O mais importante argumento diz respeito à geração <strong>de</strong> empregos.Será examinada, <strong>no</strong> capítulo 3, a função das MPMEs na geração <strong>de</strong>empregos, dinâmica na qual ocupam posição privilegiada se comparadaàs gran<strong>de</strong>s empresas, e por, conseguinte, <strong>de</strong> renda e salários. Dados doSEBRAE, entre outros, indicam que as pequenas empresas, incluindoos microempresários, são responsáveis por cerca <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> todos osempregos <strong>no</strong> Brasil.34<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 34 25/10/2011 20:35:11


o processo <strong>de</strong> construção das bases econômicas e comerciais do mercosul1.5. O empreen<strong>de</strong>dorismo como foco <strong>de</strong> políticas públicas <strong>no</strong>MERCOSULO empreen<strong>de</strong>dorismo está na gênese da criação <strong>de</strong> empresas. Cumpreuma função social e, naturalmente, está associado às micro, pequenase médias empresas. Seu estímulo é foco <strong>de</strong> atenção em vários países,mas não tem merecido tratamento diferenciado na esfera <strong>de</strong>cisória einstitucional do MERCOSUL. O crescimento do empreen<strong>de</strong>dorismo naúltima década reflete-se na adoção <strong>de</strong> iniciativas políticas que colocamo tema <strong>no</strong> centro das estratégias <strong>de</strong> vários gover<strong>no</strong>s.Em entrevista, Gonzales Capriles, Diretor do Programa IBERPYMES(Programa Ibroamerica<strong>no</strong> <strong>de</strong> Cooperación para el Desarrollo <strong>de</strong> laPequeña y Mediana Empresa), do Sistema Econômico Lati<strong>no</strong>-America<strong>no</strong>(SELA), ten<strong>de</strong> a sustentar esse argumento.A seu ver, a América Latina é carente <strong>de</strong> políticas para as pequenase médias empresas em esfera regional. Políticas <strong>de</strong> Estado e aliançaspúblico-privadas são essenciais para promover as PMEs na região.Hoje, os programas para as PMEs, com uma visão regional e <strong>de</strong>integração, se sustentam mais sobre a cooperação internacional, e emalgumas iniciativas nacionais (como o SEBRAE, <strong>no</strong> Brasil), do que eminiciativas regionais concretas. O próprio Programa IBERPYMES, quese <strong>de</strong>senvolveu como uma referência regional em matéria <strong>de</strong> fomentoàs pequenas e médias empresas, nasceu e se <strong>de</strong>senvolve com apoio <strong>de</strong>cooperação internacional, especialmente proveniente da Espanha. NaAmérica Latina, o país que mais apoia o IBERPYMES é o Chile, seguidodo Brasil e do México, ou seja, não há, por exemplo, uma associaçãodo IBERPYMES com o MERCOSUL. Segundo Capriles, <strong>no</strong>ta-se“<strong>de</strong>sinteresse dos países da região pelo tema das PMEs” 23 , <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que oPrograma foi criado na Cúpula Ibero-americana <strong>de</strong> 1998, por iniciativada Venezuela. Esse <strong>de</strong>sinteresse se revelaria, <strong>de</strong> maneira especial, <strong>no</strong>reduzido apoio financeiro dos Estados aos programas <strong>de</strong> incentivo <strong>de</strong>pequenas e médias empresas, muito embora se <strong>de</strong>va fazer a ressalva <strong>de</strong>que isto não significa não existirem programas nacionais.No MERCOSUL, afirma Capriles, “pouco ou quase nada se fez comas pequenas e médias empresas”. A ênfase, segundo ele, <strong>de</strong>veria ser a23Capriles refere-se, nessa citação, ao tratamento das PMEs em sua abrangência regional, não<strong>no</strong> pla<strong>no</strong> doméstico.35<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 35 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalconstrução <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> integração produtiva, algo que somente em2008, 17 a<strong>no</strong>s após a aprovação do Tratado <strong>de</strong> Assunção, começou areceber alguma atenção, por meio da aprovação do Programa <strong>de</strong> IntegraçãoProdutiva e do Grupo <strong>de</strong> Integração Produtiva do MERCOSUL, ainda<strong>de</strong> reduzido impacto sobre as PMEs.Essas duas <strong>no</strong>vas iniciativas, juntamente com a aprovação doFundo <strong>de</strong> Garantias para as <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, em 2008,foram i<strong>no</strong>vadoras ao introduzir questões relevantes para as pequenase médias empresas na agenda do MERCOSUL. Tratou-se <strong>de</strong> reaçãoa uma <strong>de</strong>manda argentina por maiores resultados em matéria <strong>de</strong>integração produtiva, tema caro àquele país.Outros países e blocos regionais parecem mais avançados <strong>no</strong>tratamento concedido às pequenas e médias empresas como elos<strong>de</strong> ligação entre as políticas <strong>de</strong> integração econômica regional e ostrabalhadores.Em 1999, o Rei<strong>no</strong> Unido apresentou white paper que<strong>de</strong><strong>no</strong>mi<strong>no</strong>u <strong>de</strong> “Our Competitive Future: Building the K<strong>no</strong>wledgeDriven Eco<strong>no</strong>my”, enfocado em uma série <strong>de</strong> iniciativas<strong>de</strong>stinadas a fomentar o empreen<strong>de</strong>dorismo e a criação <strong>de</strong>pequenas empresas.A Alemanha conta com um número importante <strong>de</strong> programas<strong>de</strong>stinados a prover apoio financeiro a <strong>no</strong>vas empresas, a fim <strong>de</strong>facilitar o processo inicial <strong>de</strong> encubação <strong>de</strong> empresas e encorajartambém a participação <strong>de</strong> mulheres nesse processo. Nos a<strong>no</strong>srecentes, aproximadamente 200 centros <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação foram criadosna Alemanha para servir como incubadoras <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas.Em 1995, foi lançada na Finlândia, para o período 1995-2005,a Década do Empreen<strong>de</strong>dorismo. O programa foi coor<strong>de</strong>nado peloMinistério <strong>de</strong> Comércio e Indústria daquele país. O objetivo eraorganizar, <strong>de</strong>baixo <strong>de</strong> um sistema único, uma série <strong>de</strong> iniciativasindividuais em três áreas-chave: criação <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>empreen<strong>de</strong>dora, promoção do empreen<strong>de</strong>dorismo como fonte <strong>de</strong>trabalho e fomento do crescimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas.Em Israel, como parte do esforço em assimilar um gran<strong>de</strong> número<strong>de</strong> imigrantes, diversas políticas <strong>de</strong> fomento a <strong>no</strong>vas empresas fazemparte do Programa <strong>de</strong> Incubadoras Tec<strong>no</strong>lógicas. Mais <strong>de</strong> 550 <strong>no</strong>vosnegócios foram estabelecidos em 26 incubadoras <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o Programa36<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 36 25/10/2011 20:35:11


o processo <strong>de</strong> construção das bases econômicas e comerciais do mercosulfoi criado em 1991, com orçamento anual <strong>de</strong> 300 milhões <strong>de</strong> dólares.Esses recursos são empregados para ajudar os <strong>no</strong>vos empreen<strong>de</strong>dores,especialmente nas áreas <strong>de</strong> eletrônica e comunicações, software,<strong>no</strong>vos materiais e biotec<strong>no</strong>logia, a encontrar local físico, comprarequipamentos e contratar assessoria técnica e administrativa parainiciar uma <strong>no</strong>va empresa 24 . Em 1994, a Autorida<strong>de</strong> para Peque<strong>no</strong>sNegócios <strong>de</strong> Israel foi criada com mandato amplo que inclui treinamentoe consultoria, além <strong>de</strong> recursos financeiros. Adicionalmente, cresceu onúmero <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong> risco em <strong>no</strong>vos negócios em Israel, que hojeconta com mais <strong>de</strong> 100 empresas cotadas, por exemplo, na NASDAQ,maior bolsa <strong>de</strong> valores eletrônica dos Estados Unidos.Na França, iniciativas importantes se encontram em andamento parapromover o ensi<strong>no</strong> do empreen<strong>de</strong>dorismo em universida<strong>de</strong>s, em especiala alu<strong>no</strong>s <strong>de</strong> engenharia. Incubadoras têm sido criadas em universida<strong>de</strong>s.Um concurso nacional para <strong>no</strong>vas empresas <strong>de</strong> alta tec<strong>no</strong>logia foilançado pelo gover<strong>no</strong> e o país conta com a Fundação para a Aca<strong>de</strong>mia<strong>de</strong> Empreen<strong>de</strong>dorismo.Em vários lugares do mundo, o interesse pelo empreen<strong>de</strong>dorismo,ou seja, pela criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas e pequenas empresas, inclui gover<strong>no</strong>s einstituições multilaterais. Em 1998, a Organização para a Cooperaçãoe o Desenvolvimento (OCDE), baseada em Paris, publicou o relatório“Fostering Entrepreneurship: A Thematic Review” 25 , com o objetivo<strong>de</strong> mapear o empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong>s países-membros e i<strong>de</strong>ntificarpolíticas que pu<strong>de</strong>ssem ajudar a fomentar a criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas pequenasempresas. Nesse documento, a OCDE conclui que o empreen<strong>de</strong>dorismoé a fonte que inspira a criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas pequenas empresas, que porsua vez criam empregos e riqueza. Sem o dinamismo que elas trazempara a eco<strong>no</strong>mia, continua o relatório, os <strong>de</strong>safios da globalização e dasmudanças estruturais seriam insuperáveis.Ao analisar os programas governamentais <strong>de</strong> fomento às PMEs naAustrália, Holanda, Espanha, Suécia e <strong>no</strong>s Estados Unidos, o relatórioda OCDE conclui que o êxito nas políticas governamentais <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><strong>de</strong> uma sinergia entre um ambiente institucional a<strong>de</strong>quado, programasgovernamentais bem <strong>de</strong>senhados e fatores culturais que lhe <strong>de</strong>emsustentação. Para florescer, as <strong>no</strong>vas pequenas e médias empresas24Vi<strong>de</strong> www.israelbusiness.org.il, consulta em 28/11/2010.25OCDE. “Fostering Entrepreneurship: A Thematic Review”. OECD Publishing, Paris, 1998.37<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 37 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalrequerem mercados financeiros eficientes, mercados laborais flexíveis,um sistema <strong>de</strong> impostos simplificado e transparente e regras sobre falênciaadaptadas às realida<strong>de</strong>s do mundo dos negócios. O relatório sustenta aindao papel importante <strong>de</strong>sempenhado pelas autorida<strong>de</strong>s locais e regionais, acontribuição do empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong>s setores que não visam ao lucro e osurgimento do empreen<strong>de</strong>dorismo nas chamadas eco<strong>no</strong>mias <strong>de</strong> transiçãoda era pós-soviética.O relatório da OCDE conclui que:clearly, the right balance between these factors is <strong>no</strong>t easy to strike. But strike it wemust, because fostering entrepreneurship is <strong>no</strong>t only a major eco<strong>no</strong>mic imperativebut also an urgent challenge that must be met to reconcile the goals of eco<strong>no</strong>micgrowth and social cohesion.Em 1998, a Comissão Europeia, inspirada <strong>no</strong>s trabalhos da OCDE,apresentou relatório ao Conselho <strong>de</strong> Ministros intitulado “FosteringEntrepreneurship: Priorities for the Future”. Entre as propostas maisrelevantes, sublinhou-se o compromisso <strong>de</strong> simplificar o processo <strong>de</strong>criação <strong>de</strong> empresas, <strong>de</strong> melhorar o acesso a fontes <strong>de</strong> financiamentoe <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver o “espírito <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo e <strong>de</strong> risco”.Subliminarmente ao programa, havia a convicção <strong>de</strong> que o po<strong>de</strong>rioeconômico da Europa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ria <strong>de</strong> seus futuros empreen<strong>de</strong>dores e <strong>de</strong>sua competitivida<strong>de</strong>. No relatório, afirma-se que os peque<strong>no</strong>s e médiosempresários, empreen<strong>de</strong>dores por natureza, são o motor da eco<strong>no</strong>mia<strong>de</strong> mercado.A eco<strong>no</strong>mia da China é, em gran<strong>de</strong> parte, sustentada pelos peque<strong>no</strong>se microempresários, com o apoio e subsídios do Estado chinês. Oeco<strong>no</strong>mista e estudioso do tema das pequenas empresas, Pedro CascaesFilho 26 , aponta para a fortaleza da participação das pequenas empresas naconstrução da eco<strong>no</strong>mia chinesa e <strong>no</strong> seu apogeu exportador, e recordaque gran<strong>de</strong> parte da responsabilida<strong>de</strong> pelo êxito da transformação daChina em uma plataforma <strong>de</strong> exportações <strong>de</strong> calçados, por exemplo, se<strong>de</strong>ve ao estímulo aos peque<strong>no</strong>s empreen<strong>de</strong>dores calçadistas levados doBrasil.26CASCAES FILHO, Pedro. “Prosperida<strong>de</strong> reprimida: o modo cruel com que a tec<strong>no</strong>cracia matouo esplendoroso movimento dos micro e peque<strong>no</strong>s empresários <strong>no</strong> Brasil’’, artigo publicado em2003 e disponível na página www2.camara.gov.br/documentos-e-pesquisa.38<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 38 25/10/2011 20:35:11


o processo <strong>de</strong> construção das bases econômicas e comerciais do mercosulNa América do Sul, particularmente <strong>no</strong> MERCOSUL, tambémprosperaram iniciativas nacionais, que serão examinadas <strong>no</strong>s capítulosa seguir, para o apoio e fomento das PMEs. Mas, <strong>no</strong> âmbito doMERCOSUL, na sua condição <strong>de</strong> bloco regional com personalida<strong>de</strong>jurídica, não, embora iniciativas pontuais tenham sido ensaiadas.O processo <strong>de</strong> negociação, salvo algumas iniciativas mais recentes,<strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> inserir as PMEs <strong>no</strong> eixo das políticas <strong>de</strong> integração. Se <strong>no</strong>pla<strong>no</strong> doméstico foram lançadas iniciativas e programas importantespara o estímulo das PMEs, e o Brasil não ficou atrás nesse esforço,po<strong>de</strong>ndo-se dizer que o SEBRAE (Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às <strong>Micro</strong>e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>) representa referência internacional hoje em dia,<strong>no</strong> pla<strong>no</strong> do MERCOSUL po<strong>de</strong>-se arriscar a dizer que esse esforço foiquase nulo. Paulo Okamotto, na referida entrevista, confirma que nãoconhece iniciativas <strong>no</strong> MERCOSUL para as micro e pequenas empresas 27 .Não é rara <strong>no</strong>s meios negociadores do MERCOSUL a avaliação <strong>de</strong>que este foi concebido <strong>de</strong> cima para baixo, tendo nascido da <strong>de</strong>cisão dosGover<strong>no</strong>s e, predominantemente, da vonta<strong>de</strong> política dos Presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>quatro países do cone sul do continente america<strong>no</strong> – Argentina, Brasil,Paraguai e Uruguai –, praticamente sem a participação das respectivassocieda<strong>de</strong>s civis, especialmente <strong>de</strong> parceiros sociais como os peque<strong>no</strong>se médios empresários e os trabalhadores e seus sindicatos, cuja maiorianão se sentiu representada pela assinatura do Tratado <strong>de</strong> Assunção,em 26 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1991. A falta <strong>de</strong> um maior envolvimento <strong>de</strong>ssesparceiros sociais e até mesmo <strong>de</strong> setores políticos, somada às limitadaspotencialida<strong>de</strong>s dos Países Partes, resultou em um atestado <strong>de</strong> ceticismosobre o empreendimento, que não se apagou mesmo <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> seumaior crescimento comercial, <strong>de</strong> 1994 a 1999 e <strong>de</strong> 2005 a 2010 28 .Em ensaio sobre o tema, Dagoberto Lima <strong>de</strong> Godoy 29 , membro titulardo Conselho <strong>de</strong> Administração da Organização Internacional do Trabalho(OIT) e Vice-presi<strong>de</strong>nte da Organização Internacional <strong>de</strong> Empregadores(OIE), registra que o MERCOSUL avança com limitações, se tomar-secomo referência a trajetória percorrida pelo mo<strong>de</strong>lo mais avançado <strong>de</strong>27Paulo Okamotto, ex-Presi<strong>de</strong>nte do SEBRAE.28Será examinada, <strong>no</strong> capítulo 2, a criação do Foro Econômico Consultivo e Social, pelo Protocolo<strong>de</strong> Ouro Preto, como resposta aos anseios <strong>de</strong> maior envolvimento <strong>no</strong> MERCOSUL dos sindicatos<strong>de</strong> trabalhadores e patronais dos Estdos Partes.29GODOY, Dagoberto Lima. “Direitos fundamentais <strong>no</strong> trabalho <strong>no</strong> MERCOSUL e <strong>no</strong>s acordos<strong>de</strong> integração regional nas Américas”. Jus Navigandi, 2008.39<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 39 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalintegração até hoje concebido, o da União Europeia. A União Aduaneirae, <strong>de</strong>ntro do marco referencial do Tratado <strong>de</strong> Assunção, a escala seguintedo Mercado Comum, não costumam, segundo Godoy, aprofundara questão sociolaboral, que não é requisito para o reconhecimentointernacional <strong>de</strong> um bloco regional. Ainda segundo Godoy, isto ocorrepor duas razões: a) a Organização Mundial do Comércio (OMC), a quemcabe institucionalmente tal reconhecimento, não tem competência paraa regulação da matéria; e b) já existe um sistema <strong>no</strong>rmativo multilateralespecífico, sob a égi<strong>de</strong> da Organização Internacional do Trabalho (OIT),que, por sua vez, não tem mandato para tratar das questões comerciais.A proposta <strong>de</strong>ste trabalho, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> se repensar a inserção dasPMEs <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> integração, tem por objetivo encontrar um caminhopara que o MERCOSUL se fortaleça na sua dimensão social e laboral,ao introduzir o tema das PMEs <strong>de</strong> forma central na sua estrutura políticae <strong>de</strong>cisória, institucional, econômica e comercial.40<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 40 25/10/2011 20:35:11


Capítulo 2 – A dimensão sociolaboral doMERCOSUL: em busca <strong>de</strong> uma maior inserçãona agenda da integraçãoAo assinarem o Tratado <strong>de</strong> Assunção (TA), em 1991, os Estados Partespreviram uma obra completa <strong>de</strong> integração regional em suas vertenteseconômica e comercial. A dimensão sociolaboral do MERCOSUL, nãocontemplada <strong>no</strong> Tratado <strong>de</strong> Assunção, foi tratada <strong>no</strong> Protocolo <strong>de</strong> OuroPreto, por meio da criação do Foro Consultivo Econômico e Social(FCES), e constituiria, juntamente com sua dimensão econômico--comercial, o tecido fundamental da construção <strong>de</strong> um mercado comum<strong>no</strong> continente sul-america<strong>no</strong> que, ao propor uma integração profunda<strong>de</strong> suas socieda<strong>de</strong>s, pu<strong>de</strong>sse representar instrumento <strong>de</strong> consolidaçãoda América do Sul como região <strong>de</strong> paz e <strong>de</strong>senvolvimento econômicocom justiça social. Passados 20 a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Tratado <strong>de</strong> Assunção,que se celebram em março <strong>de</strong> 2011, po<strong>de</strong>-se dizer que o MERCOSULavançou a passos largos para alcançar os i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> sua criação, se tomadoem consi<strong>de</strong>ração o curto espaço <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ratificação do TA eas dificulda<strong>de</strong>s para seu aprofundamento, inerentes a um processo <strong>de</strong>integração entre países <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r <strong>de</strong>senvolvimento relativo na década<strong>de</strong> <strong>no</strong>venta e com gran<strong>de</strong>s assimetrias.Deixou, contudo, <strong>de</strong> constituir-se em uma obra completa. A dimensãosocial, como mencionado <strong>no</strong> capítulo 1, <strong>de</strong>u tímidos passos adiante,dadas as claras priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>finidas em tor<strong>no</strong> da formação da zona<strong>de</strong> livre comércio e da união aduaneira, em um ambiente internacional41<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 41 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalque pregava, <strong>no</strong> campo econômico, livre mercado e livre comércio, <strong>no</strong>que se convencio<strong>no</strong>u <strong>de</strong><strong>no</strong>minar <strong>de</strong> Novo Regionalismo. A dimensãoeconômico-comercial e a formação <strong>de</strong> uma união aduaneira, com vistas aum mercado comum, enfrentaram, por sua vez, as assimetrias entre seusEstados Partes, as crises econômicas da década <strong>de</strong> <strong>no</strong>venta, em especial acrise cambial brasileira, e, em 2001, a argentina, e, já <strong>no</strong> presente século,a crise financeira mundial do chamado “Outubro Negro”, em 2008.Essas adversida<strong>de</strong>s levaram a uma estagnação das negociações <strong>de</strong>aprofundamento do bloco e a impulsos unilaterais dos Estados Partes querepresentaram <strong>de</strong>svios dos compromissos com o mercado comum e com aunião aduaneira estabelecidos <strong>no</strong> Tratado <strong>de</strong> Assunção e, posteriormente,em 1994, <strong>no</strong> Protocolo <strong>de</strong> Ouro Preto. O processo foi retomado <strong>de</strong> formamais ativa em 2003, quando se aprovou o lançamento do Programa <strong>de</strong>Trabalho 2004-2006 30 , cujo carro-chefe foi a retomada das metas <strong>de</strong>aprofundamento da união aduaneira.Durante a Presidência Pro Tempore Brasileira, <strong>no</strong> segundo semestre<strong>de</strong> 2010, verificaram-se avanços na dimensão social, por meio da<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> regras <strong>de</strong> atuação do Parlamento do MERCOSUL– consi<strong>de</strong>rado instrumento importante para a <strong>de</strong>mocratização do processo<strong>de</strong>cisório e <strong>de</strong> representação dos cidadãos – e a aprovação <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<strong>de</strong> impacto na área social, como o Pla<strong>no</strong> Estratégico <strong>de</strong> Ação Social(PEAS), que será comentado mais adiante, o Estatuto da Cidadania doMERCOSUL 31 (Anexo 6) e a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Apoio à Participação Social, ouUPS 32 , todos vinculados ao fortalecimento da dimensão sociolaboral. Noterre<strong>no</strong> econômico, também se verificaram avanços, com a aprovação doPrograma <strong>de</strong> Consolidação da União Aduaneira (Anexo 7) 33 . O Programa<strong>de</strong> Consolidação, em seu Item V, prevê a articulação entre os foros doMERCOSUL vinculados às pequenas e médias empresas (Grupo <strong>de</strong>Integração Produtiva e Grupo ad hoc sobre o Fundo MERCOSUL <strong>de</strong>30O Programa <strong>de</strong> Trabalho 2004-2006 foi aprovado pela Decisão CMC 26/03, <strong>de</strong> 16/12/2003,pelo XXV CMC.31O Estatuto da Cidadania do MERCOSUL foi criado pela Decisão CMC 64/10, em 16/12/2010,na XL Cúpula <strong>de</strong> Foz do Iguaçu.32Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Apoio à Participação Social (UPS) foi criada pela Decisão CMC 65/10, em16/12/2010, na XL Cúpula <strong>de</strong> Foz do Iguaçu.33O Programa <strong>de</strong> Consolidação da União Aduaneira, Anexo 7, foi aprovado pela Decisão CMC56/10, <strong>de</strong> 16/12/2010, na XL Cúpula <strong>de</strong> Foz do Iguaçu.42<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 42 25/10/2011 20:35:11


a dimensão sociolaboral do mercosulApoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> 34 ) para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>programas <strong>de</strong> integração produtiva.Pouco se avançou nessa dimensão da integração. Distanciaram-seos formuladores <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> integração regional, dada a ênfase emtemas econômico-comerciais que po<strong>de</strong>riam sedimentar as bases da uniãoaduaneira, da elaboração <strong>de</strong> políticas eficazes para a criação <strong>de</strong> empregos,a garantia da livre circulação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra e <strong>de</strong>mais temas relacionadosà dimensão sociolaboral, como educação e saú<strong>de</strong>. Muito pouco, até aaprovação do Fundo <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, em 2007,que será examinado <strong>no</strong> Capítulo 4, foi feito diretamente para apoiar aspequenas e médias empresas, segmento produtivo que, tradicionalmente,estimula a geração <strong>de</strong> empregos, a i<strong>no</strong>vação e o <strong>de</strong>senvolvimentotec<strong>no</strong>lógico.Claro está que a dimensão sociolaboral do MERCOSUL envolveoutros elementos <strong>de</strong> ação, e não apenas a questão do emprego.Em entrevista, Maria Silvia Portela, diretora da Central Única dosTrabalhadores (CUT) com atuação <strong>de</strong>stacada <strong>no</strong>s trabalhos doMERCOSUL Social e do Subgrupo <strong>de</strong> Trabalho 10 (SGT-10), indicou nãoser mais possível “reduzir o <strong>de</strong>bate <strong>no</strong> MERCOSUL ao tema econômicocomo ocorre hoje”. Ao comentar que estaria <strong>de</strong> acordo com a linha <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa dos interesses das pequenas e médias empresas como instrumentopara fortalecer a dimensão social e laboral do bloco, sublinhou que se<strong>de</strong>veria, tambéminvestir muito mais na integração da educação, <strong>no</strong> intercâmbio cultural, <strong>no</strong>turismo conjunto, <strong>de</strong>ntre outras iniciativas que dão visibilida<strong>de</strong> ao relacionamentoentre o MERCOSUL e o homem comum. Também acredito que a estrutura doMERCOSUL precisa ser reformada e crescer para ser vista.O setor sindical começou a engajar-se <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> integração<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003, quando passou a ser instado a ter uma atuação maisparticipativa <strong>no</strong> processo negociador, por meio do SGT-10 e do ForoConsultivo Econômico e Social (FCES). A atitu<strong>de</strong> dos sindicatos passoua ser marcada por maior pragmatismo e maior predisposição a negociar<strong>no</strong> MERCOSUL.34O Fundo MERCOSUL <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> transformou-se posteriormenteem Fundo <strong>de</strong> Garantias, como será analisado <strong>no</strong> capítulo 4.43<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 43 25/10/2011 20:35:11


afael <strong>de</strong> mello vidalDestaque-se que nenhum dos órgãos criados pelo Tratado <strong>de</strong>Assunção recebeu como incumbência específica as questões atinentes aotrabalho, embora o Tratado se referisse, <strong>no</strong> Preâmbulo, ao compromisso<strong>de</strong> melhorar o “<strong>de</strong>senvolvimento econômico com justiça social e ascondições <strong>de</strong> vida” dos habitantes dos quatro países.Dagoberto Godoy 35 avalia que há possivelmente uma explicaçãopara a ausência <strong>de</strong> disposições cabíveis sobre os temas <strong>de</strong> emprego <strong>no</strong>Tratado <strong>de</strong> Assunção: a crença na capacida<strong>de</strong> da “mão invisível” domercado para aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas sociais. Talvez fosse <strong>de</strong>sejável adiaro envolvimento na polêmica, então em evidência <strong>no</strong>s foros <strong>de</strong> comérciointernacional, relativa ao dumping social, ou seja, a suposta invasão dosmercados dos países <strong>de</strong>senvolvidos pelos produtos oriundos <strong>de</strong> regiõescarentes <strong>de</strong> regulação protetora dos direitos dos trabalhadores, o quegerou o conceito das “cláusulas sociais”, incluídas <strong>no</strong>s acordos comerciaispara conter o suposto abuso e a concorrência <strong>de</strong>sleal <strong>de</strong>le <strong>de</strong>corrente.Nem os Ministérios do Trabalho, nem as entida<strong>de</strong>s representativasdos interesses dos trabalhadores dos Estados Partes, conformaram-secom sua quase total exclusão institucional e passaram a articular-se, logoapós a ratificação do Tratado. Essa articulação culmi<strong>no</strong>u, em 9 <strong>de</strong> maio<strong>de</strong> 1991, em uma Declaração Conjunta, assinada pelos Ministros e porsindicalistas, clamando por maior atenção aos aspectos sociais e laboraisda integração e pela criação <strong>de</strong> um órgão <strong>de</strong>dicado a seu tratamento. Apressão levou à criação, em <strong>de</strong>zembro do mesmo a<strong>no</strong>, pela Resoluçãonº 11/91 do GMC, do Subgrupo nº 11 (Assuntos Laborais), <strong>de</strong> formaçãotripartite, que veio a se juntar aos <strong>de</strong>mais órgãos auxiliares do GMC.O fato <strong>de</strong>ve ser assinalado como <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> significado por, <strong>no</strong>mínimo, três aspectos. Foi a primeira manifestação concreta da buscada melhoria do “<strong>de</strong>senvolvimento econômico com justiça social e dascondições <strong>de</strong> vida”, fora do âmbito comercial do Tratado <strong>de</strong> Assunção;<strong>de</strong>correu <strong>de</strong> expressa e legítima <strong>de</strong>manda dos parceiros sociais e das áreassociais dos gover<strong>no</strong>s; e adotou a constituição tripartite para o subgrupo.O SGT-11 não mostrou gran<strong>de</strong>s avanços até a assinatura do Protocolo<strong>de</strong> Ouro Preto (<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1994), que reconheceu a realização <strong>de</strong>uma união aduaneira, ainda que imperfeita, dando-lhe estruturaçãoorgânica <strong>de</strong>finitiva. Somente em 1995, o tema laboral foi objeto <strong>de</strong>35GODOY, Dagoberto Lima. Direitos fundamentais <strong>no</strong> trabalho <strong>no</strong> MERCOSUL e <strong>no</strong>s acordos<strong>de</strong> integração regional nas Américas. Jus Navigandi, 2008.44<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 44 25/10/2011 20:35:11


a dimensão sociolaboral do mercosul<strong>no</strong>va disposição, por meio da Resolução nº 20/95, que reorganizou ossubgrupos e reconfigurou o Subgrupo nº 10, que passou a englobar“Assuntos Laborais, Emprego e Segurida<strong>de</strong> Social”, com a constituiçãotripartite do extinto Subgrupo nº 11 e uma extensa pauta temática:1) relações individuais <strong>de</strong> trabalho; 2) relações coletivas <strong>de</strong>trabalho; 3) emprego; 4) formação profissional; 5) saú<strong>de</strong> e segurança <strong>no</strong>trabalho; 6) segurida<strong>de</strong> social; 7) custos laborais <strong>no</strong>s transportes terrestree marítimo; 8) convênios da OIT; e 9) direitos fundamentais (OIT, 2002).A maior atenção <strong>de</strong>dicada ao tema resultou em dois efeitossignificativos, em termos dos direitos dos trabalhadores (<strong>no</strong> âmbitodo MERCOSUL), a saber: a) a proposta <strong>de</strong> um Acordo Multilateralda Segurida<strong>de</strong> Social (1997), apresentada pelo <strong>no</strong>vo Subgrupo, com oobjetivo <strong>de</strong> equiparar o acesso à segurida<strong>de</strong> social para os trabalhadorese suas famílias; e b) a criação <strong>de</strong> um centro <strong>de</strong> informações relativas aemprego, migrações <strong>de</strong> trabalhadores e segurida<strong>de</strong> social (OIT, 2002).O Acordo não conseguiu sua ratificação pelos Parlamentos dosEstados Partes, o que revela a ausência <strong>de</strong> integração das visões políticasa respeito <strong>de</strong> um item importante dos direitos fundamentais <strong>no</strong> trabalho.Seria <strong>no</strong>vamente <strong>no</strong> nível presi<strong>de</strong>ncial que tal convergência se afirmaria,com a assinatura, na Cúpula <strong>de</strong> 1998 (Rio <strong>de</strong> Janeiro), da DeclaraçãoSociolaboral do MERCOSUL.2.1. A <strong>de</strong>claração sociolaboral do MERCOSULDatada <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1998, a Declaração assinala, <strong>no</strong> Preâmbulo,o compromisso dos Estados Partes com “as <strong>de</strong>clarações, pactos,protocolos e outros tratados que integram o patrimônio jurídico daHumanida<strong>de</strong>”, citando especificamente a Declaração da OIT relativa aPrincípios e Direitos Fundamentais <strong>no</strong> Trabalho, datada <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> junhodo mesmo a<strong>no</strong>, a Declaração Universal dos Direitos Huma<strong>no</strong>s (1948),o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1966), o PactoInternacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1966),a Declaração Americana dos Direitos e Obrigações do Homem(1948), a Carta Interamericana <strong>de</strong> Garantias Sociais (1948), a Carta daOrganização dos Estados America<strong>no</strong>s – OEA (1948), e a ConvençãoAmericana <strong>de</strong> Direitos Huma<strong>no</strong>s sobre Direitos Econômicos, Sociais eCulturais (1988). Além disso, menciona que45<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 45 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidaldiferentes foros internacionais, entre os quais a Cúpula <strong>de</strong> Copenhague (1995),têm enfatizado a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se instituírem mecanismos <strong>de</strong> acompanhamentoe avaliação dos componentes sociais da mundialização da eco<strong>no</strong>mia, a fim <strong>de</strong>assegurar a harmonia entre o progresso econômico e bem-estar social.O Preâmbulo ressalta que “a integração envolve aspectos e efeitossociais cujo reconhecimento implica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prever, analisare solucionar os diferentes problemas gerados, nesse âmbito, por essamesma integração” e credita aos Ministros do Trabalho do MERCOSULa insistência na diretriz <strong>de</strong> quea integração regional não po<strong>de</strong> confinar-se à esfera comercial e econômica,mas <strong>de</strong>ve abranger a temática social, tanto <strong>no</strong> que diz respeito à a<strong>de</strong>quação dosmarcos regulatórios trabalhistas às <strong>no</strong>vas realida<strong>de</strong>s configuradas por essa mesmaintegração e pelo processo <strong>de</strong> globalização da eco<strong>no</strong>mia, quanto ao reconhecimento<strong>de</strong> um patamar mínimo <strong>de</strong> direitos dos trabalhadores <strong>no</strong> âmbito do MERCOSUL,correspon<strong>de</strong>ntes às convenções fundamentais da OIT.Declaração, com 25 artigos, enumera princípios e direitos, “semprejuízo <strong>de</strong> outros que a prática nacional ou internacional dos Estados Partestenha instaurado ou venha a instaurar”, cobrindo os seguintes aspectos:Direitos Individuais- Direitos dos empregadores (livre gestão econômica e técnica dasempresas);Direitos Coletivos- Fomento do emprego;- Formação profissional e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> recursos huma<strong>no</strong>s.A Declaração constituiu avanço em termos conceituais, dados seusólido embasamento e a gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> dos direitos consagrados.Entretanto, <strong>de</strong>vido ao seu limitado po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> incorporação ao or<strong>de</strong>namentojurídico dos Estados Partes, não resultou em efeitos concretos apreciáveis.Contribuiu para essa ineficácia a falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição clara das tarefas a seremcumpridas por cada um dos Estados Partes na busca da materializaçãoda <strong>de</strong>fesa do emprego e dos trabalhadores.46<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 46 25/10/2011 20:35:12


a dimensão sociolaboral do mercosulEstabeleceu, contudo, em Direitos Coletivos, o mandato para que osEstados Partes promovam políticas <strong>de</strong> fomento do emprego. A vinculaçãoda Declaração com as políticas para micro, pequenas e médias empresasse fundamenta na sua gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego.A Declaração criou a Comissão Sociolaboral Regional. A <strong>de</strong>speitodo mérito <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>mocrática constituição tripartite (Ministérios doTrabalho, sindicatos patronais e sindicatos trabalhistas), a ComissãoSociolaboral (CSL), criada pela Resolução nº 15/99 do GMC, não tem,até agora, muitos resultados a apresentar, principalmente tendo em vistatrês fatores i<strong>de</strong>ntificados: a) seu caráter meramente consultivo;b) a superposição <strong>de</strong> funções com o Subgrupo nº 10, que gera paralelismoe dispersão <strong>de</strong> esforços; c) a insuficiência <strong>de</strong> recursos técnicos alocadospelos países-membros ou Estados Partes.2.2. Estratégia MERCOSUL <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> rmpregos (EMCE)Em 2004, foi aprovada a Decisão 46/2004 36 , que ratificou os resultadosda I Conferência Regional <strong>de</strong> Emprego (CREM) do MERCOSUL.O Coor<strong>de</strong>nador Nacional do SGT-10, Mário Barbosa, consi<strong>de</strong>ra que aprimeira Conferência Regional <strong>de</strong> Emprego do MERCOSUL (CREM),realizada em maio <strong>de</strong> 2004, ocorreu em um contexto regional marcadopelas crises econômicas do final do século XX (México e Rússia), e doinício do século XXI (Argentina), cujos efeitos na área sociolaboral aindaeram sentidos com força <strong>no</strong>s países do MERCOSUL.O tema prioritário da CREM foi o <strong>de</strong>bate sobre a necessida<strong>de</strong> daimplementação <strong>de</strong> políticas públicas dirigidas à redução dos altos níveis<strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego. Naquela primeira conferência, logrou-se consenso acercada centralida<strong>de</strong> do emprego em toda política pública.Segundo Barbosa, a lógica que permeou a CREM foi a <strong>de</strong> quesomente o crescimento com <strong>de</strong>senvolvimento econômico e socialpo<strong>de</strong> construir uma socieda<strong>de</strong> inclusiva, em que o trabalho <strong>de</strong>cente eprodutivo seja consi<strong>de</strong>rado um componente fundamental da cidadania.As políticas socioeconômicas estimuladas com base naquele consensobuscaram um crescimento sustentável acompanhado <strong>de</strong> crescimento36MERCOSUL/CMC/DEC nº 46/04. “Estratégia Mercosul <strong>de</strong> Crescimento do Emprego”, XXVIICMC, Belo Horizonte, 16/12/04.47<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 47 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidaldo emprego e do trabalho registrado (formal), da redução da pobreza,da indigência e da <strong>de</strong>snutrição.A crise econômica e financeira internacional <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008passou a constituir séria ameaça à dinâmica <strong>de</strong> crescimento econômicocom inclusão social. No mês <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008, quando a crise aindanão havia impactado a região sul-americana, os ministros do trabalhodo MERCOSUL se reuniram <strong>no</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro para buscar antecipar-seàs repercussões da crise sobre o trabalho.Na Declaração para a Preservação do Emprego frente à Crise 37emanada daquela Reunião, os Ministros do Trabalho afirmaram que osEstados Partes do MERCOSUL e os Estados Associados, na qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> membros da Organização Internacional do Trabalho (OIT), assumiamque o emprego ple<strong>no</strong> e produtivo e o trabalho <strong>de</strong>cente são condiçãofundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável dos países da região,para a humanização dos processos <strong>de</strong> integração econômica e para umaor<strong>de</strong>m internacional justa.Os Ministros também reafirmaram a importância da geração <strong>de</strong>políticas e ações coor<strong>de</strong>nadas entre os Ministérios do Trabalho da regiãopara preservar a expansão econômica e o emprego em cada Estado Parte.Para tanto, estimularam a ação articulada para que o mercado regional sejafortalecido, mediante a integração, e não se torne a variável <strong>de</strong> ajuste paraas eco<strong>no</strong>mias que mais sofriam as consequências da crise internacional.A<strong>de</strong>mais, os Ministros <strong>de</strong>clararam estar persuadidos <strong>de</strong> que aprimazia do emprego produtivo e do trabalho <strong>de</strong>cente nas políticaspúblicas internas e <strong>no</strong> âmbito regional tornava imprescindível fortaleceras competências e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação dos Ministérios do Trabalho, <strong>de</strong>sorte a garantir um papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na formulação e execução daspolíticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento nacionais e regionais, em coor<strong>de</strong>nação comos ministérios <strong>de</strong> Eco<strong>no</strong>mia, Planejamento, Produção, Desenvolvimento,entre outros.Na Declaração, os Ministros do Trabalho do MERCOSULreafirmaram seu compromisso <strong>de</strong> reivindicar o direito ao trabalho comodireito huma<strong>no</strong> fundamental e a importância <strong>de</strong> colocar o empregoprodutivo e o trabalho <strong>de</strong>cente <strong>no</strong> centro das políticas públicas.37A Declaração, que se encontra <strong>no</strong> Anexo 4, foi assinada finalmente pelos Ministros do Trabalhodo MERCOSUL em Genebra, em junho <strong>de</strong> 2009, <strong>no</strong> âmbito da 98ª Conferência Internacionaldo Trabalho, promovida pela OIT.48<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 48 25/10/2011 20:35:12


a dimensão sociolaboral do mercosulO compromisso com a geração <strong>de</strong> emprego e trabalho <strong>de</strong>cente foi<strong>no</strong>vamente reafirmado durante a Conferência Interamericana <strong>de</strong> Ministros<strong>de</strong> Trabalho (CIMT) da Organização dos Estados America<strong>no</strong>s – OEA(Argentina, outubro <strong>de</strong> 2009), que <strong>de</strong>finiu um Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ação paraenfrentar a crise econômica, com base <strong>no</strong> lema “Enfrentar a crise com<strong>de</strong>senvolvimento, trabalho <strong>de</strong>cente e proteção social”.Para Barbosa, passados seis a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a CREM, é chegadomomento <strong>de</strong> avaliação e consolidação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> aprofundamentoe solidificação do caminho percorrido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a I CREM.Acreditamos ter sido oportuna a convocação <strong>de</strong> uma Conferência MERCOSUL<strong>de</strong> Emprego e Trabalho Decente, como um processo <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong>, balanço esuperação da CREM <strong>de</strong> 2004, e na perspectiva <strong>de</strong> que possa consolidar-se em umforo que, convocado periodicamente, assegure o aprofundamento do <strong>de</strong>bate emnível regional sobre o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> integração da dimensãosociolaboral com ênfase na geração <strong>de</strong> emprego e trabalho <strong>de</strong>cente.Reunião dos Ministros <strong>de</strong> Trabalho, realizada em 24 <strong>de</strong> agosto<strong>de</strong> 2010, sob a Presidência Pro Tempore Brasileira do MERCOSUL,<strong>de</strong>stacou a importância da realização da II Conferência MERCOSUL<strong>de</strong> Emprego e Trabalho Decente, para o fortalecimento da capacida<strong>de</strong>do MERCOSUL <strong>de</strong> continuar gerando respostas políticas para apoiar oprocesso <strong>de</strong> recuperação da crise econômica que “estejam baseadas emum enfoque integrado das dimensões econômicas, trabalhistas e sociais,tal como estabelecido na EMCE” 38 .Como parte <strong>de</strong>sse consenso, os Ministros do Trabalho <strong>de</strong>stacarama importância da realização da II Conferência e aprovaram a Agenda<strong>de</strong> Trabalho da Etapa Brasil, enfocada <strong>no</strong> Eixo <strong>de</strong> Emprego da EMCE.A Etapa Brasil da II Conferência MERCOSUL <strong>de</strong> Emprego eTrabalho Decente, realizada <strong>no</strong>s dias 24 a 26 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2010em Brasília, teve como objetivo geral a realização <strong>de</strong> um balanço doprocesso <strong>de</strong> implementação da Estratégia MERCOSUL <strong>de</strong> Crescimentodo Emprego (EMCE) <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento <strong>de</strong> sua aprovação, com ênfase<strong>no</strong>s mecanismos <strong>de</strong> articulação entre os órgãos nacionais competentes38Entrevista com o Coor<strong>de</strong>nador Nacional do SGT-10 do MERCOSUL, Mário Barbosa, em<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010.49<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 49 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidale o Parlamento do MERCOSUL, instando ao exercício do artículo 3 daDecisão:Instruir o Grupo Mercado Comum para que aqueles órgãos do MERCOSUL comcompetência em temas <strong>de</strong> política econômica, produtiva, laboral e social realizemos esforços necessários para o levantamento <strong>de</strong> informação sobre o impacto queditas políticas terão na geração <strong>de</strong> condições para a criação <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>centee emprego <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.Durante o Primeiro Painel, que tratou <strong>de</strong> “Balanço e perspectivas <strong>de</strong>implementação da Estratégia MERCOSUL <strong>de</strong> Crescimento do Emprego– EMCE”, as intervenções <strong>de</strong> representantes governamentais <strong>de</strong> Uruguai,Brasil e Argentina, seguidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate por representantes <strong>de</strong> empregadores doParaguai e <strong>de</strong> trabalhadores da Argentina e <strong>de</strong> discussão pelos participantespermitiram corroborar o consenso sobre a atualida<strong>de</strong> da EMCE.Destacou-se como fundamental a contribuição <strong>de</strong>sse documento naformulação <strong>de</strong> políticas públicas em matéria <strong>de</strong> trabalho e emprego aserem adotadas em <strong>no</strong>ssos países e que se refletiram <strong>no</strong> fortalecimentodo processo <strong>de</strong> integração da dimensão sociolaboral do MERCOSUL.Enfatizou-se que <strong>no</strong> contexto da crise, os gover<strong>no</strong>s dos países doMERCOSUL assumiram como <strong>de</strong>safio adotar políticas anticíclicascoerentes com a EMCE, o que contribuiu <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva para quea <strong>de</strong>fesa do emprego e do trabalho <strong>de</strong>cente fosse parte integrante doprocesso <strong>de</strong> enfrentamento da crise.Ressaltou-se a crescente inter-relação entre as dimensões econômica,produtiva, trabalhista e social e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fortalecer a articulaçãoentre esses setores <strong>no</strong>s países do MERCOSUL.Coincidiu-se sobre a importância da articulação com as reuniões <strong>de</strong>ministros <strong>de</strong> Eco<strong>no</strong>mia, Agricultura, Indústria, Desenvolvimento Social,Educação, e reuniões especializadas setoriais, objetivando avançar naexecução das Diretrizes Regionais <strong>de</strong>finidas <strong>no</strong> marco da EMCE e nai<strong>de</strong>ntificação dos principais <strong>de</strong>safios para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas Diretrizese assegurar o cumprimento da Recomendação 04/06 do CMC sobre aEstratégia MERCOSUL <strong>de</strong> Crescimento do Emprego.O Coor<strong>de</strong>nador Nacional do SGT-10 recorda que a ConferênciaMERCOSUL <strong>de</strong> Emprego e Trabalho Decente apontou a lacuna emrelação às PMEs <strong>no</strong> MERCOSUL, embora tenha realçado as ações50<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 50 25/10/2011 20:35:12


a dimensão sociolaboral do mercosulpúblicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa e fortalecimento da dimensão sociolaboral doMERCOSUL. Barbosa afirma:Posso assegurar que compartilho um elevado grau <strong>de</strong> ceticismo com diversosagentes públicos e atores sociais com quem tenho contato sobre os <strong>de</strong>safios parao fortalecimento <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> trabalho <strong>no</strong> MERCOSUL. Contudo, creio que umexame mais atento do percurso histórico do processo <strong>de</strong> integração da dimensãosociolaboral do MERCOSUL <strong>no</strong>s revela a existência <strong>de</strong> uma série consi<strong>de</strong>rável<strong>de</strong> iniciativas, algumas mais consolidadas, como me parece ser o caso da EMCE,e outras em processo <strong>de</strong> construção, como é o caso da recém-criada Comissão <strong>de</strong>Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong> Assuntos Sociais – CCMAS, que buscam articularum conjunto <strong>de</strong> ações em curso <strong>no</strong>s âmbitos <strong>de</strong> trabalho, educação, saú<strong>de</strong> e direitoshuma<strong>no</strong>s em um Pla<strong>no</strong> Estratégico <strong>de</strong> Ação Social do MERCOSUL.O Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ação contempla, na Diretriz 19, o tema do fortalecimento<strong>de</strong> micro e pequenas empresas. A Diretriz indica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>“promover o <strong>de</strong>senvolvimento das micro, pequenas e médias empresas,<strong>de</strong> cooperativas, <strong>de</strong> agricultura familiar e a integração <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s produtivas,incentivando a complementarida<strong>de</strong> produtiva <strong>no</strong> contexto da eco<strong>no</strong>miaregional”. O objetivo prioritário da Diretriz 19 seráfacilitar o acesso das micro, pequenas e médias empresas, cooperativas,empreendimentos <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mia solidária e agricultura familiar a crédito efinanciamento, à tec<strong>no</strong>logia, à capacitação gerencial e técnica, assim como aformas <strong>de</strong> tributação diferenciada e a mecanismos simplificados <strong>de</strong> abertura eencerramento <strong>de</strong> empresas.Trata-se <strong>de</strong> importante mandato para que os governantes dos EstadosPartes do MERCOSUL possam <strong>de</strong>senvolver <strong>no</strong>vas iniciativas <strong>de</strong> apoio àsPMEs, as quais o Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ação, finalmente aprovado na Cúpula <strong>de</strong> Foz <strong>de</strong>Iguaçu <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010, vincula diretamente à geração <strong>de</strong> empregosformais e ao tratamento da dimensão social do MERCOSUL.Em artigo publicado <strong>no</strong> “Clarín” 39 , <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2008, oPresi<strong>de</strong>nte da Comissão <strong>de</strong> Representantes Permanentes do MERCOSUL(CRPM), Carlos Álvarez, e Alícia Kirchner, Ministra <strong>de</strong> Desenvolvimento39Álvarez, Carlos, e Kirchner, Alicia. “MERCOSUL Social, um salto qualitativo na integração”,artigo publicado <strong>no</strong> Clarín, <strong>de</strong> 18/02/2008.51<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 51 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidalSocial do gover<strong>no</strong> argenti<strong>no</strong>, já apontavam para a mesma direção prevista<strong>no</strong> presente trabalho. No que seria uma antecipação das diretrizes quea Presidência Pro Tempore da Argentina <strong>de</strong>sejava imprimir ao seumandato <strong>de</strong> seis meses, o artigo, intitulado “MERCOSUL social: um saltoqualitativo na integração”, sugeria que o MERCOSUL, “construído sobo mo<strong>de</strong>lo neoliberal, com perfil exclusivamente econômico-comercial,<strong>de</strong>ve ser repensado, outorgando à dimensão social centralida<strong>de</strong> <strong>no</strong>processo <strong>de</strong> integração”. Propunha a criação <strong>de</strong> uma Comissão <strong>de</strong>Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Políticas Sociais do MERCOSUL, o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> umPla<strong>no</strong> Estratégico <strong>de</strong> Desenvolvimento Social e a adoção do InstitutoSocial do MERCOSUL.Um dos trechos do artigo <strong>de</strong> Álvarez e Kirchner é emblemático daproposta <strong>de</strong>ste trabalho:La estructura institucional y la metodología establecidas por el Tratado <strong>de</strong> Asunción<strong>de</strong> 1991 y sus Protocolos se correspon<strong>de</strong>n con un contexto político-i<strong>de</strong>ológico queimpulsaba un mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integración compatible con las políticas orientadas porlos principios <strong>de</strong>l Consenso <strong>de</strong> Washington. Los hechos han <strong>de</strong>mostrado que esemo<strong>de</strong>lo, tanto a nivel nacional como <strong>de</strong>l Mercosur, sólo ha sido funcional a losintereses <strong>de</strong> las gran<strong>de</strong>s corporaciones, <strong>de</strong>jando a la gran mayoría <strong>de</strong> la poblaciónausente <strong>de</strong> los beneficios <strong>de</strong> este esquema <strong>de</strong> intercambio comercial ampliado.Mais adiante, o Presi<strong>de</strong>nte da CRPM <strong>no</strong>vamente diag<strong>no</strong>stica o maior<strong>de</strong>safio que os negociadores do MERCOSUL, e os Estados Partes comoavalistas da integração, têm diante <strong>de</strong> si:El Mercosur, creado sobre las mismas premisas <strong>de</strong> aquel Estado prisionero<strong>de</strong>l mercado que eclosionó a fines <strong>de</strong> los 90 y principios <strong>de</strong>l 2000, necesita serrepensado a la luz <strong>de</strong> las necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nuestros pueblos. En consonancia <strong>de</strong>gobier<strong>no</strong>s comprometidos con el <strong>de</strong>sarrollo huma<strong>no</strong> y social, se dotó a la región <strong>de</strong>lmarco apropiado para reconvertir un proceso asentado únicamente en perspectivaseconómicas-comerciales, ofreciendo una oportunidad histórica para reformularlo,sustentado en un compromiso social real y en acciones concretas.O pensamento <strong>de</strong> Carlos Álvarez e Alicia Kirchner é muito atual.Propõe repensar o MERCOSUL, não eliminar seus avanços ou retroce<strong>de</strong>ra uma zona <strong>de</strong> livre comércio. O diagnóstico da crise <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong>52<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 52 25/10/2011 20:35:12


a dimensão sociolaboral do mercosulque o bloco regional vive passa por um esforço profundo e ousado dosEstados Partes <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> reorientar as políticas da integração nadireção das pequenas empresas. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um MERCOSULintegral, em que se consi<strong>de</strong>rem, ao mesmo tempo, seus aspectoscomercial, econômico, produtivo, social, laboral e cultural, permitirádotar o processo <strong>de</strong> integração da legitimida<strong>de</strong> necessária para reduziras críticas que ainda possa sofrer.As reuniões <strong>de</strong> alto nível, Declarações e Documentos <strong>de</strong> Trabalhoemanados da Estratégia MERCOSUL <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong> Empregos, <strong>de</strong>ntreos quais se <strong>de</strong>stacam a Conferência Regional <strong>de</strong> Emprego e o Pla<strong>no</strong>Estratégico <strong>de</strong> Ação Social, i<strong>de</strong>ntificam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticaspúblicas regionais para o fomento do emprego, e associam essas políticascom o fortalecimento da dimensão sociolaboral. O Pla<strong>no</strong> Estratégico<strong>de</strong> Ação Social claramente i<strong>de</strong>ntifica as MPMEs como instrumentosrelevantes, e ressalta a sua função social.Ao repensar o MERCOSUL <strong>de</strong>ssa forma, os formuladores <strong>de</strong> políticasestariam colaborando para que “genere una verda<strong>de</strong>ra ciudadania” 40 .40I<strong>de</strong>m.53<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 53 25/10/2011 20:35:12


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Capítulo 3 – <strong>Micro</strong>, pequenas e médias empresascomo agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregos, <strong>de</strong>crescimento e seu papel social <strong>no</strong> MERCOSULNo capítulo anterior, consi<strong>de</strong>rou-se o difícil caminho percorrido <strong>no</strong>MERCOSUL, <strong>de</strong>corridos vinte a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> sua fundação, para aprofundara sua dimensão sociolaboral, com ênfase na <strong>de</strong>fesa do trabalho.O tratamento do crescimento do emprego <strong>de</strong>cente, formal, avançoulentamente <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> das políticas <strong>de</strong> alcance regional <strong>no</strong> bloco. Partedo problema <strong>de</strong>rivou da <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> políticas para a promoção dosinteresses das pequenas e médias empresas. O Pla<strong>no</strong> Estratégico <strong>de</strong>Ação Social, adotado na XL Cúpula do MERCOSUL, sublinha essa<strong>de</strong>ficiência.As pequenas e médias empresas, incluídas as microempresas, são,para Auta Barreto 41 ,o alicerce mais importante <strong>de</strong> que dispõe a população <strong>de</strong> baixa renda para ter umavida mais digna e sair da pobreza com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s produtivasdirigidas para o mercado.No final da década <strong>de</strong> <strong>no</strong>venta, quando já se começavam adiscutir os rumos da globalização com certo ceticismo, verificou-se41Barreto, Auta Rojas. “Informação empresarial para o MERCOSUL: a expansão das fronteirasdas microempresas”, artigo publicado em 1996 <strong>no</strong> sítio www.scielo.br, <strong>de</strong>dicado a pesquisassobre ciência da informação.55<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 55 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidaltendência à substituição dos trabalhadores artesãos por trabalhadoresmultidisciplinares, assim chamados por se classificarem comoprofissionais qualificados que <strong>de</strong>ixavam as gran<strong>de</strong>s empresas para buscaralguma forma <strong>de</strong> trabalho <strong>no</strong>vo ou algum empreendimento, dianteda ameaça <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego. No Brasil, por exemplo, os programas <strong>de</strong><strong>de</strong>missão voluntária <strong>de</strong> estatais e dos gover<strong>no</strong>s estaduais e municipaislevaram muitos trabalhadores a buscar <strong>no</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo umamaneira <strong>de</strong> driblar o <strong>de</strong>semprego.Esses <strong>no</strong>vos empreen<strong>de</strong>dores foram, segundo os estudiosos do temado empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong> Brasil, importantes aliados para reverter aconcentração do capital nas gran<strong>de</strong>s corporações, fruto da globalização,e atenuar o problema do <strong>de</strong>semprego.Entretanto, <strong>no</strong> MERCOSUL, verificou-se <strong>no</strong> mesmo período o queBarreto classificou <strong>de</strong>profundo <strong>de</strong>sequilíbrio nas exportações realizadas pelas micro e pequenas empresasbrasileiras, argentinas, paraguaias ou uruguaias, lacuna cujo preenchimento seria<strong>de</strong> vital importância para a consolidação do MERCOSUL.O grupo das PMEs, incluídas as microempresas, seria mais flexível.Suporta as crises com maior resistência que as gran<strong>de</strong>s empresas e,embora também sinta os impactos das crises, tem gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> reação. Constitui, hoje, um dos pilares <strong>de</strong> crescimento dos paísesdo MERCOSUL. Para esse grupo, contudo, o MERCOSUL permaneceausente <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> políticas fortes que estejamsintonizadas com seus interesses.Paul Davidson Rey<strong>no</strong>lds, Diretor <strong>de</strong> Pesquisas sobre Empreen<strong>de</strong>dorismoda Florida International University, é altamente reconhecido <strong>no</strong> mundoacadêmico relacionado à investigação sobre pequenas e médias empresase sobre o empreen<strong>de</strong>dorismo.Rey<strong>no</strong>lds elevou a pesquisa sobre o papel das pequenas empresasna eco<strong>no</strong>mia a <strong>no</strong>vos patamares científicos. Organizou várias pesquisasi<strong>no</strong>vadoras e <strong>de</strong> amplo alcance sobre a natureza do empreen<strong>de</strong>dorismoe seu papel <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico, tendo aportado gran<strong>de</strong>benefício aos investigadores do tema.Coor<strong>de</strong><strong>no</strong>u o chamado Painel para o Estudo da Dinâmica doEmpreen<strong>de</strong>dorismo (PSED, em sua sigla em inglês). Trata-se do primeiro56<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 56 25/10/2011 20:35:12


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosgran<strong>de</strong> esforço para estudar, em termos numéricos, uma gama altamenterepresentativa <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos negócios em gestação.Outro projeto coor<strong>de</strong>nado por Rey<strong>no</strong>lds inspirou-se <strong>no</strong>s trabalhosiniciais <strong>de</strong> David Birch, um reconhecido estudioso das PMEs <strong>no</strong>s EstadosUnidos. Rey<strong>no</strong>lds <strong>de</strong>senvolveu o Global Entrepreneurship Monitor(GEM), ampla pesquisa sobre a participação das pequenas empresas naeco<strong>no</strong>mia. Segundo avaliação <strong>de</strong> estudiosos do tema, esse estudo nãoencontra similar em termos <strong>de</strong> reconhecimento mundial e <strong>de</strong> impactopolítico. Tem sido especialmente importante como fonte <strong>de</strong> inspiraçãopara a pesquisa acadêmica em tor<strong>no</strong> da criação <strong>de</strong> pequenas e médiasempresas, <strong>no</strong>rmalmente carente <strong>de</strong> material bibliográfico.O estudo <strong>de</strong> Rey<strong>no</strong>lds envolveu um esforço coletivo, compesquisadores <strong>de</strong> vários países. Entrevistou aleatoriamente a populaçãoadulta para averiguar o grau <strong>de</strong> envolvimento <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>uma <strong>no</strong>va empresa. O nível <strong>de</strong> alcance do estudo po<strong>de</strong> ser dimensionadopelo fato <strong>de</strong> as consultas terem sido traduzidas para cerca <strong>de</strong> 40 idiomas.Os resultados do estudo foram importantes sob o ponto <strong>de</strong> vista domapeamento do universo das pequenas empresas quando se trata <strong>de</strong>formulação <strong>de</strong> políticas públicas. Conforme o próprio Rey<strong>no</strong>lds,We never dreamed that the scope of this phe<strong>no</strong>me<strong>no</strong>n – the pre sence of nascententrepreneurs – could be so broad. We expected about 1-2 percent of the population– one in fifty – would qualify, but it was closer to 4 percent in this initial study.This was confirmed in a US wi<strong>de</strong> pilot study in the same year, 1994. Participationin start-up efforts is much larger than expected be cause the majority – about twothirds– don’t finish the process and launch a new business. They enter the start-upprocess and eventu ally give up, although sometimes it may take over 5 years toreach closure. There are three to four start-up efforts for each new business birth– a new firm selling goods and services.Outro importante resultado apurado pela pesquisa revelou que nãoexiste uniformida<strong>de</strong> <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> uma pequena empresa.O processo inicial po<strong>de</strong> envolver várias sequências <strong>de</strong> eventos, e é comumos empreen<strong>de</strong>dores começarem vendas e obterem renda sem que tenhamformalizado sua pequena empresa ou pensado seriamente em montar <strong>no</strong>vonegócio. A maioria dos que se envolvem com a criação <strong>de</strong> um peque<strong>no</strong>negócio o faz como segunda ativida<strong>de</strong> ou paralelamente a outra ativida<strong>de</strong>57<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 57 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidalempresarial já iniciada. Poucos são os que <strong>de</strong>ixam seus trabalhos e se<strong>de</strong>dicam em tempo integral à criação <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va empresa. Ao contráriodo que se imagina, a maioria dos empreen<strong>de</strong>dores é avessa ao risco.O sucesso <strong>de</strong>sse estudo intrarregional <strong>no</strong>s Estados Unidos, que tevecomo base o estado <strong>de</strong> Wisconsin, levou Paul Rey<strong>no</strong>lds a expandir aárea <strong>de</strong> estudo original. O projeto envolveu cerca <strong>de</strong> 30 países e 100pesquisadores e serviu como projeto-piloto para os pesquisadoresadotarem-<strong>no</strong> em nível nacional <strong>no</strong>s seus países <strong>de</strong> origem, entre os quaisse incluíram a Suécia, Argentina, Canadá, Grécia, Noruega, Holanda eRei<strong>no</strong> Unido.Aos agentes governamentais envolvidos na formulação <strong>de</strong> políticaspúblicas, o estudo <strong>de</strong> Rey<strong>no</strong>lds propõe relevantes consi<strong>de</strong>rações:a) Promover o empreen<strong>de</strong>dorismo e fomentar a dinâmica dospeque<strong>no</strong>s negócios <strong>de</strong>ve ser parte integrante do compromisso <strong>de</strong>qualquer gover<strong>no</strong> com a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> suapopulação;b) Políticas e programas governamentais <strong>de</strong>stinados especificamentea fomentar o empreen<strong>de</strong>dorismo terão impacto mais significativodo que políticas que visem apenas a melhorar o entor<strong>no</strong> <strong>de</strong>negócios do setor privado;c) Para serem eficazes, os programas governamentais <strong>de</strong>stinadosa fomentar o empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong>vem ser cuidadosamentecoor<strong>de</strong>nados e harmonizados para evitar que se <strong>de</strong>sviem <strong>de</strong> seus<strong>de</strong>stinatários finais, que são as pequenas e médias empresas;d) Fomentar a ativida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora significa promover oemprego para a força <strong>de</strong> trabalho à margem da faixa etária maisativa, <strong>de</strong> 25 a 44 a<strong>no</strong>s;e) Um dos resultados mais <strong>no</strong>tórios do fomento das pequenase médias empresas é a inclusão das mulheres <strong>no</strong> mercado <strong>de</strong>trabalho;f) A sustentabilida<strong>de</strong>, ou sobrevivência, das pequenas e médiasempresas implica aumentar os investimentos em educaçãosuperior e a inclusão universitária;g) Desenvolver as habilida<strong>de</strong>s e as capacida<strong>de</strong>s técnicas necessáriaspara montar um <strong>no</strong>vo negócio envolve incluir <strong>no</strong> currículo escolare universitário disciplinas que promovam o treinamento para atuar58<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 58 25/10/2011 20:35:12


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosnesses empreendimentos (tais como informática, contabilida<strong>de</strong>,conhecimentos <strong>de</strong> legislação trabalhista e <strong>de</strong> comércio exterior,entre outros); eh) Os gover<strong>no</strong>s e os servidores públicos têm um papel importantena promoção <strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong> fomento ao empreen<strong>de</strong>dorismona socieda<strong>de</strong>.As conclusões do estudo GEM vão ao encontro da proposta <strong>de</strong>stetrabalho e estão refletidas, em certa medida, <strong>no</strong> Capítulo 6 42 .3.1. Marco conceitual <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresasAo examinar as diferentes teorias e as referências contemporâneassobre o papel das pequenas e médias empresas, é possível concluir que otermo “pequena empresa”, ou “microempresa”, não conta com um marcoconceitual consensuado. Frequentemente, se emprega para caracterizara eco<strong>no</strong>mia informal, a eco<strong>no</strong>mia popular ou a eco<strong>no</strong>mia social, o quepo<strong>de</strong> representar simplificação ina<strong>de</strong>quada.A Comissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do Subgrupo <strong>de</strong>Trabalho <strong>de</strong> Indústria (SGT-7) do MERCOSUL, em sua XXII Reunião,em abril <strong>de</strong> 2004, apontava para a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se encontrar uma<strong>de</strong>finição harmonizada, aplicável aos Estados Partes. Na ata, a Comissãoreconhecia que diante <strong>de</strong>ssa dificulda<strong>de</strong>las <strong>de</strong>legaciones presentes acuerdan solicitar que el Subgrupo Nº 7 Industriaestablezca un proceso permanente con vista a lograr una mayor unificación <strong>de</strong>las <strong>no</strong>rmas y procedimientos para el registro <strong>de</strong> industrias, comercios y empresas<strong>de</strong> servicios en los países <strong>de</strong>l bloque, así como a precisar mejor el concepto <strong>de</strong>micro, pequeña, mediana y gran empresa.Desconhece-se a origem do conceito <strong>de</strong> pequenas e médias empresas.Há mais <strong>de</strong> três décadas, contudo, vem sendo empregado para referir-se auma parcela da eco<strong>no</strong>mia informal. Victor Tokman, pesquisador chile<strong>no</strong>da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e coor<strong>de</strong>nador do42Os resultados do estudo GEM são discriminados, pois revelam coerência com a proposta datese e po<strong>de</strong>m fundamentar as propostas <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> ação diplomática contidas <strong>no</strong> Capítulo 6.59<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 59 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidalestudo “De la Informalidad a la Mo<strong>de</strong>rnidad” 43 , corrobora a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong>que as pequenas empresas se associam a uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> vinculada aoseu caráter <strong>de</strong> informalida<strong>de</strong>.Existe hoje em dia consenso <strong>no</strong> meio acadêmico sobre o fato <strong>de</strong> queas pequenas empresas são parte do setor informal da eco<strong>no</strong>mia, que estáintegrado, segundo Tokman, por pequenas empresas, trabalhadores porconta própria e pelo emprego doméstico.Também com frequência, confun<strong>de</strong>-se microempresa com pequenaempresa. Janina León e Mark Schreiner 44 , pesquisadores da Universida<strong>de</strong>Católica do Peru, em trabalho elaborado para o Banco Interamerica<strong>no</strong><strong>de</strong> Desenvolvimento (BID), classificam as micro, pequenas e médiasempresas, distinguindo-as das gran<strong>de</strong>s empresas, em função das<strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> crédito ao sistema financeiro.Ao consi<strong>de</strong>rar esse elemento como essencial para <strong>de</strong>finir microe pequenas empresas (MPE), Léon e Schreiner assinalam que “asreferências ao tamanho, ao número <strong>de</strong> trabalhadores, nível <strong>de</strong> vendase capital, ou ao tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> econômica, apenas complementamos elementos que <strong>de</strong>finem micro e pequenas empresas em função da<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> financiamentos”.Esse conceito difere <strong>de</strong> um bom número <strong>de</strong> autores, que as <strong>de</strong>finempelo seu tamanho, número <strong>de</strong> empregados, renda anual, capital ou valorfinal <strong>de</strong> seus produtos. Nessa corrente, encontra-se Cesar Barrantes 45 ,Professor da Universida<strong>de</strong> Central da Venezuela, para quem asmicroempresas compõem a eco<strong>no</strong>mia popular e se inserem <strong>no</strong>s seguintespatamares: um ou dois trabalhadores e capital me<strong>no</strong>r do que 100 saláriosmínimos acumulados.Nessa linha, Mauricio Iranzo 46 , Diretor da Licenciatura <strong>de</strong>Desenvolvimento Huma<strong>no</strong> da Universida<strong>de</strong> UCLA, da Venezuela,consi<strong>de</strong>ra que as microempresas são unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, comércioou serviços com um número <strong>de</strong> trabalhadores médio <strong>de</strong> quatro pessoas e43TOKMAN, Victor. “De la Informalidad a la Mo<strong>de</strong>rnidad”, estudo da OIT, 1995.44LEON, Janina e SCHREINER, Mark. “Financiamento para <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>:Algumas Linhas <strong>de</strong> Ação”, artigo publicado em Revista Eco<strong>no</strong>mia, Volume XXI, n o 41, 1998.45BARRANTES, César, “El Apoyo a la microempresa popular en Venezuela. ¿Hacia una políticasocial orgánica <strong>de</strong>l Estado venezola<strong>no</strong>?”, Cua<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Investigación, n o 14, Caracas, Escuela<strong>de</strong> Gerencia Social, Caracas, 1995.46IRANZO, Mauricio. “Líneas estratégicas <strong>de</strong>l Programa <strong>de</strong> Promoción y Apoyo a la Eco<strong>no</strong>míaPopular. Caso Venezuela”, artigo para o I Seminario Internacional <strong>de</strong> Eco<strong>no</strong>mía Popular,Caracas, 1990.60<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 60 25/10/2011 20:35:12


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosativos que variam entre 6 mil e 10 mil dólares. Para Marguerite Berger 47 ,as microempresas representam negócios que empregam um máximo<strong>de</strong> cinco trabalhadores e contemplam bens que não ultrapassam 20 mildólares. Ainda segundo León y Schreiner, as microempresas têm me<strong>no</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>z empregados e me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 10 mil dólares em ativos.Observa-se, portanto, que o conceito do que seria micro, pequenaou média empresa difere segundo os diferentes autores que po<strong>de</strong>mser consi<strong>de</strong>rados referências na matéria. Torna-se difícil — haja vistaas diferentes dimensões propostas para o que seria micro ou pequenaempresa – <strong>de</strong>limitar as microempresas, pois estas se confun<strong>de</strong>m com asdimensões <strong>de</strong> pequenas empresas, po<strong>de</strong>ndo até não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do númeromáximo <strong>de</strong> empregados, mas sim da renda auferida por uma ativida<strong>de</strong>empresarial. León y Schreiner 48 comentam que ativida<strong>de</strong>s geradoras<strong>de</strong> ingressos, em que um único trabalhador é o próprio empresário, sãocomuns e po<strong>de</strong>riam ser classificadas como pequenas empresas, ou o queconhecemos <strong>no</strong> Brasil como “trabalhadores por conta própria”.Para diferenciar micro <strong>de</strong> pequena empresa, Leon e Schreineroptaram por introduzir um <strong>no</strong>vo requisito, que vem a ser a <strong>de</strong>mandafinanceira. Na visão dos autores mencionados, a pequena empresa<strong>de</strong>manda empréstimos mais elevados, por períodos longos, e recebeatenção especial dos bancos comerciais. Como outros <strong>de</strong>vedores dabanca comercial, as PME po<strong>de</strong>m oferecer garantias em ativos físicos eabsorver taxas <strong>de</strong> juros. Já as microempresas, ao contrário, são unida<strong>de</strong>seconômicas que <strong>de</strong>mandam peque<strong>no</strong>s empréstimos em condiçõesmuito especiais <strong>no</strong> que diz respeito às garantias e taxas <strong>de</strong> juros, que<strong>no</strong>rmalmente não po<strong>de</strong>m ser atendidas pelo sistema bancário comercial, oque explica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem amparadas pelo gover<strong>no</strong>, por agênciasinternacionais, cooperativas <strong>de</strong> crédito e ONGs.A varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> conceitos inclui, por exemplo, <strong>de</strong>finição que consta<strong>de</strong> estudo preparado, em 2010, em conjunto pela firma Deloitte e pelaRevista Exame-PME, relativo às pequenas e médias empresas que maiscresceram <strong>no</strong> Brasil <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005. Nele, <strong>de</strong>finem-se as PMEs como “ouniverso <strong>de</strong> organizações brasileiras que estão em fase operacional47BERGER, Marguerite, “La mujer en el sector informal. Trabajo femeni<strong>no</strong> ymicroempresa en América Latina”, Nueva Sociedad, ILDIS-Quito, 1988.48LEON, Janina e SCHREINER, Mark. “ Financiamento para as <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>:Algumas Linhas <strong>de</strong> Ação”, artigo publicado em Revista Eco<strong>no</strong>mia, Volume XXI, n o 41, 1998.61<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 61 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>de</strong>s<strong>de</strong>, pelo me<strong>no</strong>s, 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2005 e que registram receita líquidaentre R$ 5 milhões e R$ 200 milhões em suas <strong>de</strong>monstrações financeirasreferentes ao final <strong>de</strong> 2009” 49 .A <strong>de</strong>finição do marco conceitual <strong>de</strong> pequenas empresas, secomparadas às chamadas microempresas, é importante na medida emque o tema do financiamento das ativida<strong>de</strong>s das pequenas e médiasempresas, acrescido do conceito <strong>de</strong> microempresas, constitui um dospropósitos do presente trabalho, que é o <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir, mais adiante, <strong>no</strong>vosinstrumentos e políticas públicas <strong>no</strong> MERCOSUL capazes <strong>de</strong> estimulara inserção das empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte na agenda da integração e<strong>de</strong> incluí-las nas negociações do bloco.A classificação <strong>de</strong> porte <strong>de</strong> empresa adotada pelo BNDES eaplicável à indústria, comércio e serviços resume-se da seguintemaneira 50 :Classificação<strong>Micro</strong>empresaPequena empresaMédia empresaGran<strong>de</strong> empresaReceita operacional bruta anualMe<strong>no</strong>r ou igual a R$ 1,2 milhão (ou US$ 700 mil).Maior que R$ 1,2 milhão e me<strong>no</strong>r ou igual aR$ 10,5 milhões (ou US$ 6 milhões).Maior que R$ 10,5 milhões e me<strong>no</strong>r ou igual aR$ 60 milhões (ou US$ 35 milhões).Maior que R$ 60 milhões.Enten<strong>de</strong>-se por receita operacional bruta anual a receita auferida <strong>no</strong>a<strong>no</strong>-calendário com:– o produto da venda <strong>de</strong> bens e serviços nas operações <strong>de</strong> contaprópria;– o preço dos serviços prestados; e49“As PME que mais crescem <strong>no</strong> Brasil: um estudo sobre as empresas que cultivam a base <strong>de</strong>sua expansão”.“Deloitte Touche Tohmatsu e Revista Exame PME, São Paulo, 2010.50Vi<strong>de</strong> Anexo 8. Carta Circular BNDES 64/2002.62<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 62 25/10/2011 20:35:12


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregos– o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendascanceladas e os <strong>de</strong>scontos incondicionais concedidos.Na hipótese <strong>de</strong> início <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>no</strong> próprio a<strong>no</strong>-calendário, oslimites acima referidos serão proporcionais ao número <strong>de</strong> meses emque a pessoa jurídica ou firma individual houver exercido ativida<strong>de</strong>,<strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas as frações <strong>de</strong> meses. Nos casos <strong>de</strong> empresas emimplantação, será consi<strong>de</strong>rada a projeção anual <strong>de</strong> vendas utilizada <strong>no</strong>empreendimento, levando-se em conta a capacida<strong>de</strong> total instalada.Quando a empresa for controlada por outra empresa ou pertencera um grupo econômico, a classificação do porte se dará consi<strong>de</strong>rando-sea receita operacional bruta consolidada.A classificação do porte das empresas foi <strong>de</strong>finida pelo BNDESna Carta Circular nº 64/02, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2002 51 .Outras agências brasileiras, como o SEBRAE e o IBGE,consi<strong>de</strong>ram o conceito <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas sobo ponto <strong>de</strong> vista da estrutura <strong>de</strong> empregados, me<strong>no</strong>s que <strong>de</strong> capital.Para essas agências, as pequenas empresas têm até 99 empregadose as médias empresas contam <strong>de</strong> 100 a 500 empregados. O quedistingue as pequenas empresas das microempresas é a classificaçãodo SEBRAE, que <strong>de</strong>fine a categoria <strong>de</strong> microempresas como aquelascom até 20 empregados. As microempresas não apresentam, em geral,balanços anuais.Outras entida<strong>de</strong>s também buscam consolidar o conceito <strong>de</strong>pequenas e médias empresas. Para a Câmara Brasileira da Indústriada Construção (CBIC), não existe <strong>no</strong> Brasil conceito único para aspequenas e médias empresas, po<strong>de</strong>ndo-se i<strong>de</strong>ntificar pelo me<strong>no</strong>strês critérios quantitativos <strong>de</strong> classificação das empresas por porte,adotados por instituições oficiais e/ou bancos <strong>de</strong> investimento efomento:1) Porte segundo o número <strong>de</strong> empregados;2) Porte segundo a Receita Operacional Bruta Anual (em R$);3) Porte segundo o Faturamento Bruto Anual (em R$).51Vi<strong>de</strong> texto da Circular <strong>no</strong> Anexo 8.63<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 63 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidalExistem outros elementos comuns utilizados para i<strong>de</strong>ntificar pequenae média empresa, <strong>de</strong> modo que esta seja qualificada seja qual for a suaativida<strong>de</strong> e forma jurídica, adotada por Patricia Jacyntho 52 :a) ser dirigida pessoalmente por seus proprietários;b) ter reduzido quadro <strong>de</strong> pessoal;c) não ocupar posição dominante em seu setor;d) não dispor <strong>de</strong> elevados recursos econômicos;e) ter reduzido valor <strong>de</strong> capital e <strong>de</strong> faturamento anual em relaçãoao setor econômico on<strong>de</strong> opera; ef) não estar direta ou indiretamente vinculada aos gran<strong>de</strong>s gruposfinanceiros e ser juridicamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> outras gran<strong>de</strong>sempresas.A CBIC adota a conceituação <strong>de</strong> acordo com o número <strong>de</strong>trabalhadores empregados para <strong>de</strong>finir o porte das empresas atuantes naindústria da construção nacional. O uso <strong>de</strong> tal critério justifica-se porser esse o predominante na maioria das legislações, organismos oficiaise instituições <strong>de</strong> pesquisa <strong>no</strong> País. Ainda para a CBIC, a estratificaçãodo pessoal ocupado é igual à adotada por outras instituições, como oSEBRAE. As faixas <strong>de</strong> classificação do porte das empresas segundo onúmero <strong>de</strong> trabalhadores empregados são as seguintes:a) até 19 empregados – <strong>Micro</strong>empresa;b) <strong>de</strong> 20 a 99 empregados – Pequena Empresa;c) <strong>de</strong> 100 a 499 empregados – Média Empresa;d) <strong>de</strong> 500 a mais empregados – Gran<strong>de</strong> Empresa.A Lei Complementar 123/2006, conhecida como Lei Geral da <strong>Micro</strong>e Pequena Empresa, reuniu diversas disposições acerca da matéria e <strong>de</strong>uorigem ao Estatuto Nacional da <strong>Micro</strong> e Pequena Empresa. Estipulou oconceito <strong>de</strong> microempresa e <strong>de</strong> empresa <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte, com requisitosobjetivos e subjetivos para concessão <strong>de</strong> tratamento jurídico diferenciadofavorecido, conforme disciplina o artigo 3º:52JACYNTHO, Patrícia H. Ávila. “As relações <strong>de</strong> trabalho nas pequenas e médias empresas<strong>de</strong>ntro da reforma trabalhista”, publicada na Síntese Trabalhista nº 131. Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito eAdministração da Fundação Educacional <strong>de</strong> Barretos, São Paulo, maio <strong>de</strong> 2000.64<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 64 25/10/2011 20:35:12


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosPara efeitos <strong>de</strong>sta Lei Complementar, consi<strong>de</strong>ram-se microempresasou empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte a socieda<strong>de</strong> empresária, a socieda<strong>de</strong>simples e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, <strong>de</strong> 10<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2002, <strong>de</strong>vidamente registrados <strong>no</strong> Registro <strong>de</strong> <strong>Empresas</strong>Mercantis ou <strong>no</strong> Registro Civil <strong>de</strong> Pessoas Jurídicas, conforme o caso,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que:I- <strong>no</strong> caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou aela equiparada, aufira, em cada a<strong>no</strong>-calendário, receita bruta igualou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);II- <strong>no</strong> caso das empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte, o empresário, a pessoajurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada a<strong>no</strong>-calendário,receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarentamil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões equatrocentos mil reais).A Lei Geral, que será examinada <strong>no</strong> capítulo 4.3, reduziu ospatamares mínimos previstos pelo BNDES, consi<strong>de</strong>rando-se uma médiaempresa pela <strong>no</strong>va Lei aquela que contar com receita anual acima <strong>de</strong>R$ 2.4 milhões, ou US$ 1.4 milhões, quando pelo critério do BNDES omontante seria <strong>de</strong> R$ 10,5 milhões, ou US$ 6 milhões 53 .3.2. Definição <strong>de</strong> MPMEs <strong>no</strong>s Estados Partes do MERCOSULÉ essencial, para a análise <strong>de</strong> políticas <strong>no</strong> MERCOSUL para asempresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte, contar com marcos conceituais harmonizados,que levem em consi<strong>de</strong>ração as assimetrias <strong>no</strong> bloco. Para tanto, valemencionar quais são as consi<strong>de</strong>rações legais <strong>no</strong>s quatro Estados Partessobre os limites <strong>de</strong> enquadramento <strong>de</strong> uma empresa como micro, pequenaou média.No Brasil, como se observou acima, existem classificaçõesdo BNDES, do SEBRAE e da CBIC, com limites que variam.As classificações do BNDES e do SEBRAE serão utilizadas como marcoreferencial.53Câmbio aplicado <strong>de</strong> R$ 1.70, em 01/02/2011.65<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 65 25/10/2011 20:35:12


afael <strong>de</strong> mello vidalNa Argentina, emprega-se classificação da Secretaria <strong>de</strong> Pequenae Média Empresa e Desenvolvimento Regional (SEPYMEDR) 54 , queconsi<strong>de</strong>ra as empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte conforme a sua renda anual e osetor produtivo envolvido, conforme a tabela 1:Tabela 1 – Classificação <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>na Argentina (Em US$)Tipo <strong>de</strong> Empresa Construção Agropec. Ind. e Min. Comércio Serviços<strong>Micro</strong>empresa 190.000 150.000 550.000 650.000 150.000Pequena Empresa 1.300.000 1.000.000 2.500.000 3.500.000 1.100.000Média Empresa 9.000.000 6.000.000 20.500.000 27.000.000 7.000.000Fonte: Elaboração própria, com base em dados da SEPYMEDRNo Paraguai, a classificação inclui capital e trabalho, conforme atabela 2:Tabela 2 – Classificação <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong><strong>no</strong> Paraguai (Em US$)Tipo <strong>de</strong> Empresa Trabalhadores Receita Anual<strong>Micro</strong>empresa até 5 25.000Pequena Empresa 6 a 20 102.000Média Empresa 21 a 100 506.000Fonte: CEPAL, Francisco Gatto 55No Uruguai, a metodologia é semelhante à do Paraguai, emboraacrescente informação sobre os ativos máximos das empresas, conformea tabela 3:54Vi<strong>de</strong> www.sepymedr.com.ar, acesso em 12/11/2010.55Vi<strong>de</strong> www.eclac.org/mexico, acesso em 12/11/2010.66<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 66 25/10/2011 20:35:12


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosTabela 3 – Classificação <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong><strong>no</strong> Uruguai (Em US$)Tipo <strong>de</strong> Empresa Trabalhadores Receita Anual Ativos<strong>Micro</strong>empresa até 4 60.000 20.000Pequena Empresa 5 a 19 180.000 50.000Média Empresa 20 a 99 5.000.000 350.000Fonte: Decreto 266/995, Categorizazión <strong>de</strong> las <strong>Micro</strong>, Pequeñas y Medianas <strong>Empresas</strong>A conclusão resultante <strong>de</strong> uma comparação dos dados <strong>de</strong> classificação<strong>de</strong> MPMEs <strong>no</strong>s Estados Partes é que as assimetrias <strong>no</strong> tamanho daseco<strong>no</strong>mias e as diferenças entre as empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte em cadapaís impe<strong>de</strong>m que se adotem as classificações nacionais como padrão<strong>de</strong> referência nas políticas para o MERCOSUL. Um eventual fundo <strong>de</strong>financiamento do MERCOSUL, a título <strong>de</strong> ilustração, requer a adoção<strong>de</strong> uma classificação harmonizada dos beneficiários, sob pena <strong>de</strong> perda<strong>de</strong> equilíbrio.Nesse sentido, o SGT-7 (Indústria), reunido em 1992, por meio <strong>de</strong> suaComissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, apresentou o primeirosistema harmonizado <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> MPMEs <strong>no</strong> MERCOSUL. Atabela 4 mostra o resultado:Tabela 4 – Classificação <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong><strong>no</strong> MERCOSUL – (Em US$)Tipo <strong>de</strong> Empresa Trabalhadores Receita Anual<strong>Micro</strong>empresa 20 400.000Pequena Empresa 100 2.000.000Média Empresa 300 10.000.000Fonte: Comissão <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL, SGT-7 (Indústria),1992.67<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 67 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidalA classificação do SGT-7 apresenta dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conciliaçãocom as classificações dos <strong>de</strong>mais Estados Partes, sobretudo Argentinae Brasil. Os limites para médias empresas, <strong>de</strong> 300 empregados e US$10 milhões, excluiriam do alvo <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> políticas do MERCOSULas médias empresas argentinas <strong>de</strong> indústria e mineração, que pelaclassificação argentina, po<strong>de</strong>m ter receita <strong>de</strong> até US$ 20.5 milhõesanuais, e <strong>de</strong> comércio, com receita anual <strong>de</strong> US$ 27 milhões. À luzda classificação do BNDES e do SEBRAE, estariam excluídas pelaclassificação do SGT-7 as médias empresas brasileiras com receita <strong>de</strong>até US$ 60 milhões ou 500 empregados. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> umaclassificação do MERCOSUL que seja atual e em conformida<strong>de</strong> comos interesses dos Estados Partes, à luz dos princípios <strong>de</strong> equilíbrioe flexibilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> assimetrias, passa a ser metaprioritária.No capítulo 6, será apresentada proposta nesse sentido.3.3. Marco teórico do empreen<strong>de</strong>dorismo e o papel <strong>de</strong> micro,pequenas e médias empresasAs teorias sobre o papel do empreen<strong>de</strong>dorismo na eco<strong>no</strong>mia e, emespecial, <strong>no</strong> crescimento econômico advêm <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos estudos sobrea evolução industrial (Jova<strong>no</strong>vic, 1982; Audretsch, 1995; Lambson,1991; e Klepper, 1996). Se as teorias tradicionais sugerem, ao aliar oempreen<strong>de</strong>dorismo ao tamanho das empresas, que o espírito empreen<strong>de</strong>dorpo<strong>de</strong> retardar o crescimento econômico, <strong>no</strong>vas teorias <strong>de</strong>monstramexatamente o oposto, ou seja, que o espírito empreen<strong>de</strong>dor po<strong>de</strong> estimulare gerar crescimento. Na teoria tradicional, <strong>no</strong>vos conhecimentos nãoexercem papel relevante para o crescimento; ao contrário, a eficiênciaadvém da rotina, ou da inércia, da eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> escala. As <strong>no</strong>vas teorias,por sua vez, ressaltam o papel do dinamismo e dos <strong>no</strong>vos conhecimentos<strong>no</strong> crescimento econômico. As pessoas, ou os empresários, segundo as<strong>no</strong>vas teorias, têm um estímulo adicional para trocar seus negócios poroutros, ven<strong>de</strong>ndo suas i<strong>de</strong>ias ou seu conhecimento para, em seguida,subir <strong>no</strong>vos <strong>de</strong>graus em <strong>no</strong>vos negócios, e assim sucessivamente, o quefavoreceria o crescimento da eco<strong>no</strong>mia.O ponto focal das <strong>no</strong>vas teorias é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança comoelemento central <strong>de</strong> progresso. E a ativida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora passa a ser68<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 68 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosuma das manifestações mais visíveis das mudanças. O processo<strong>no</strong>rmal <strong>de</strong> evolução, segundo a <strong>no</strong>va visão teórica sobre crescimento,seria a criação da empresa, o crescimento, a sobrevivência e amaneira como empresas e indústrias, latu sensu, mudam com otempo e i<strong>no</strong>vam.No eixo central <strong>de</strong>ssa i<strong>de</strong>ia, encontra-se a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> que o<strong>de</strong>sempenho e o dinamismo <strong>de</strong> regiões e eco<strong>no</strong>mias inteiras sevinculam à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação. Por que <strong>no</strong>vas empresas se lançam<strong>no</strong> mercado? Na visão da eco<strong>no</strong>mia tradicional capitalista, as <strong>no</strong>vasempresas começam a existir quando existe possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lucro.Sob a ótica governamental, <strong>no</strong>vas empresas significam maior ofertae redução <strong>de</strong> preços, mantendo-se equilíbrio entre preços e lucros.Assim, na visão tradicional sobre empreen<strong>de</strong>dorismo, a entrada <strong>de</strong><strong>no</strong>vas empresas serve como mecanismo para disciplinar o mercadoe disciplinar a ativida<strong>de</strong> das empresas existentes.As <strong>no</strong>vas teorias, por sua vez, <strong>de</strong>senvolvem e avaliam a entrada<strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas <strong>no</strong> mercado com base em conceitos <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vaçãoe custos, me<strong>no</strong>s do que em preocupações com o lucro.Observa-se, portanto, que existe tendência mo<strong>de</strong>rna a reconhecernas <strong>no</strong>vas empresas, ou <strong>no</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo, uma fonte <strong>de</strong>conhecimentos e <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação, capaz <strong>de</strong> promover uma dinâmica<strong>de</strong> competição que, a longo prazo, é capaz <strong>de</strong> gerar crescimento eempregos, pelo seu efeito multiplicador sobre a criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vasempresas.Ao se lançar <strong>no</strong> mercado, uma empresa, em geral <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>ou médio porte, terá um corpo <strong>de</strong> empregados que procurará i<strong>no</strong>var,melhorar métodos e práticas <strong>de</strong> trabalho, aumentar a eficiência ereduzir custos. Caso tenham espaço para crescer na mesma empresa,serão também promotores do crescimento da própria empresa. Casonão tenham esse espaço, ten<strong>de</strong>rão a buscar abrir <strong>no</strong>vas empresas emque possam pôr em prática a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação.Ao abrir <strong>no</strong>vas empresas, estarão colaborando para expandir abase da eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado país, para gerar renda, empregose, em última análise, para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas socieda<strong>de</strong>s.Claro está que em condições <strong>no</strong>rmais, ou seja, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que possamcontar com políticas <strong>de</strong> Estado capazes <strong>de</strong> maximizar as vantagensdo empreen<strong>de</strong>dorismo.69<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 69 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidal3.4 As gran<strong>de</strong>s empresas nas políticas para o setor exportadorversus as empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porteO <strong>no</strong>vo regionalismo e as teses sobre livre comércio e reduzidaingerência do Estado na eco<strong>no</strong>mia, aliadas à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerarexce<strong>de</strong>ntes comerciais para aten<strong>de</strong>r aos compromissos da dívida externae fiscais, concentraram as atenções nas gran<strong>de</strong>s empresas, capazes<strong>de</strong> produzir em escala. Ainda que os gover<strong>no</strong>s mais recentes tenhambuscado formas <strong>de</strong> ampliar as políticas para as PMEs – exemplo dissofoi a anunciada intenção da então candidata à Presidência da República,Dilma Roussef, <strong>de</strong> criar um Ministério <strong>de</strong> <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>,bem como a aprovação da Lei Geral <strong>de</strong> <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> peloGover<strong>no</strong> Lula –, a natureza da estrutura econômica brasileira dificultaa tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sem levar em conta os interesses das gran<strong>de</strong>scorporações e seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> influência sobre as políticas públicas.Des<strong>de</strong> 2006, uma conjugação favorável <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong>estímulo ao crescimento econômico, juntamente com a gran<strong>de</strong> entrada<strong>de</strong> capitais <strong>de</strong>correntes da crise financeira <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008, criou<strong>no</strong>va expectativa sobre a posição <strong>de</strong> relevo que o Brasil po<strong>de</strong> assumir naeco<strong>no</strong>mia mundial. O Brasil passou a ser um fenôme<strong>no</strong> <strong>de</strong> crescimento ea <strong>de</strong>spertar o interesse dos investidores internacionais, motivado por umapolítica externa agressiva em relação aos gran<strong>de</strong>s temas mundiais e, <strong>no</strong>contexto regional, ciente <strong>de</strong> suas <strong>no</strong>vas responsabilida<strong>de</strong>s em relação àvizinhança. É importante ressaltar que, em vez <strong>de</strong> “li<strong>de</strong>rança”, se ressaltao termo “responsabilida<strong>de</strong>”.Ao mesmo tempo, as gran<strong>de</strong>s eco<strong>no</strong>mias globais, como a <strong>no</strong>rteamericanae as europeias oci<strong>de</strong>ntais, passaram por um período <strong>de</strong>recessão, <strong>de</strong>semprego e fuga <strong>de</strong> capitais. Suas li<strong>de</strong>ranças tiveram <strong>de</strong> lidarcom a solução dos graves problemas inter<strong>no</strong>s, econômicos e políticos,sobretudo o <strong>de</strong>semprego, que emanaram da crise <strong>de</strong> 2008, e per<strong>de</strong>ram,relativamente, a hegemonia das gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cisões globais em matériacomercial, econômica e financeira. Gradativamente, consolidaram-se<strong>no</strong>vos centros <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Surgiu uma <strong>no</strong>va constelação, impulsada porjovens grupos como os BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), a IBSA(Índia, Brasil and South Africa), o G-20, na esfera da OMC, e as diversasCúpulas, como a ASA (América do Sul-África) e ASPA (América doSul-Países Árabes).70<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 70 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosNessa <strong>no</strong>va constelação, há um elemento comum: a presença doBrasil. O País encontra um ambiente econômico inter<strong>no</strong>, aliado a umaprojeção internacional, muito positivos. Essa verificação não passa porqualquer questionamento, muito embora existam opiniões diferentessobre a matriz do recente crescimento brasileiro.Se esse processo foi positivo, por outro lado corrobora a crítica,construtiva, que se apresenta neste trabalho. O Brasil segue muito<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das gran<strong>de</strong>s corporações. O crescimento dos últimosa<strong>no</strong>s se traduziu na internacionalização da eco<strong>no</strong>mia brasileira. Essainternacionalização não se faz com as pequenas e médias empresas,mas com as gran<strong>de</strong>s. O País fortaleceu a inserção internacional <strong>de</strong> suasgran<strong>de</strong>s corporações, viu a criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas multinacionais brasileirase testemunhou o aumento da presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s investimentosbrasileiros e da exportação <strong>de</strong> serviços, penetrando em <strong>no</strong>vos mercados,ou intensificando a sua presença <strong>no</strong>s antigos. Os exemplos da Venezuela(O<strong>de</strong>brecht, Camargo Corrêa, OAS Construtora e Grupo Gerdau),Colômbia (Petrobras), Paraguai (Grupo Itaú, Petrobras, Camargo Corrêa),Argentina (Banco do Brasil), apenas para citar o entor<strong>no</strong> regional edo MERCOSUL, são <strong>no</strong>tórios do processo <strong>de</strong> internacionalização dasgran<strong>de</strong>s empresas brasileiras.Entre os países em <strong>de</strong>senvolvimento, o Brasil ocupava, <strong>no</strong> final dosa<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta, o segundo lugar em número <strong>de</strong> companhias transnacionais,com 800 empresas 56 . Dez <strong>de</strong>ssas empresas figuravam entre as 50 maioresmultinacionais dos países em <strong>de</strong>senvolvimento, abaixo apenas da Coreiado Sul.Para Barreto, um dos gran<strong>de</strong>s riscos que a globalização criou foi oexcesso <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> capital nas mãos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s corporações.Com a concentração <strong>de</strong> capital nas gran<strong>de</strong>s corporações, outro risco<strong>de</strong>rivado da globalização foi o <strong>de</strong>semprego em gran<strong>de</strong> escala. Na segundameta<strong>de</strong> dos a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta, auge da globalização e primeiros a<strong>no</strong>s dasnegociações para a consolidação do MERCOSUL como união aduaneira,o <strong>de</strong>semprego foi o mais alto dos 30 a<strong>no</strong>s anteriores. Importante alteraçãoocorreu na força <strong>de</strong> trabalho, tendo sido o artesão, um empreen<strong>de</strong>dor ei<strong>no</strong>vador, substituído pela mão <strong>de</strong> obra especializada e pela robotização.56BARRETO, Auta Rojas. “Informação empresarial para o MERCOSUL: a expansão dasfronteiras das microempresas”, artigo publicado em 1996 <strong>no</strong> sítio www.scielo.br, <strong>de</strong>dicado apesquisas sobre ciência da informação.71<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 71 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidalAo mesmo tempo, <strong>no</strong> entanto, reduziu-se a participação das pequenase médias empresas nas exportações brasileiras, como confirma o estudoconjunto SEBRAE/FUNCEX, sobre micro e pequenas empresasbrasileiras nas exportações, publicado em 2009 57 . Segundo esse estudo,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que atingiu o pico <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 21 mil empresas em 2004, o número<strong>de</strong> exportadoras vem caindo, mas o valor exportado tem crescidosignificativamente. A queda do número <strong>de</strong> empresas concentra-se nasmicro e pequenas empresas, uma vez que o número <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresastem mostrado algum crescimento. Além disso, os valores exportados têmcrescido mais rapidamente entre as gran<strong>de</strong>s empresas. O número <strong>de</strong> microe pequenas empresas exportadoras, em 2008, foi <strong>de</strong> 12.799. Elas foramresponsáveis por exportações <strong>de</strong> US$ 2,26 bilhões, o que significou umvalor médio exportado por empresa <strong>de</strong> US$ 176,3 mil. Houve queda <strong>de</strong>1,9% <strong>no</strong> número <strong>de</strong> MPEs exportadoras em comparação com o a<strong>no</strong> <strong>de</strong>2007, mas o valor exportado cresceu 7,7% e o valor médio por empresateve alta <strong>de</strong> 9,9%. Os números recentes reafirmam as tendências que sevêm observando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004: queda do número <strong>de</strong> MPEs, mas crescimento<strong>de</strong> seu valor exportado − embora em ritmo inferior ao das exportaçõestotais brasileiras − e aumento dos valores médios exportados por firma.Segundo dados do MDIC, o Brasil buscou elevar a participação <strong>de</strong>1,18% nas exportações mundiais, em 2009, para 1,25% em 2010, quandoteria negociado pelo me<strong>no</strong>s US$ 208,8 bilhões <strong>de</strong> vendas. Em 2010,previu-se a participação <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 13 mil micro, pequenas e médiasempresas nas vendas externas, ao passo que em 2009 foram 10 mil.De junho <strong>de</strong> 2008 a maio <strong>de</strong> 2009, esse segmento ven<strong>de</strong>u US$ 10,3bilhões, por meio <strong>de</strong> projetos integrados <strong>de</strong>senvolvidos em parceriacom a Agência Brasileira <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong> Exportações e Investimentos(Apex-Brasil). Entre janeiro e maio <strong>de</strong> 2009, o crescimento das vendasao exterior <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte ficou em 27,5% contra 22,2%<strong>no</strong> mesmo período <strong>de</strong> 2008.Ao comentar os números, o ex-ministro do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, lembrou que as exportaçõesbrasileiras estão crescendo em média anual <strong>de</strong> 9,1%, resultado que, emgran<strong>de</strong> parte, se po<strong>de</strong> atribuir às micro, pequenas e médias empresas.Para o ministro, é preciso <strong>de</strong>sburocratizar e quebrar tabus comerciais57“As micro e pequenas empresas nas exportações brasileiras 1998-2008 e 1°Semestre <strong>de</strong> 2009”.Boletim SEBRAE/FUNCEX, 2009.72<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 72 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregospara que tais empresas sejam inseridas <strong>no</strong> mercado internacional, pois,até há pouco tempo, a cultura reinante <strong>no</strong> País era produzir para ven<strong>de</strong>r<strong>no</strong> mercado inter<strong>no</strong>. Só se exportava quando não havia <strong>de</strong>manda <strong>no</strong>mercado inter<strong>no</strong>, disse ele.Miguel Jorge ressalta que o empresariado está começando a apren<strong>de</strong>rque, em vez <strong>de</strong> lamentar a situação <strong>de</strong>sfavorável do câmbio, <strong>de</strong>ve procurara eficiência, a mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> e a produtivida<strong>de</strong>. Segundo ele, apesar dosbons resultados apresentados pelas micro, pequenas e médias empresas,o setor respon<strong>de</strong> hoje por apenas 1,8% das exportações brasileiras.Na opinião do ex-ministro, o resultado po<strong>de</strong> melhorar muito,pois o segmento é gran<strong>de</strong> empregador e se caracteriza por ativida<strong>de</strong>sdiversificadas e regionalizadas. Por isso, disse ele, a meta do ministérioé estimular as vendas externas do setor para que a balança comercial nãofique só na <strong>de</strong>pendência das gran<strong>de</strong>s empresas.Miguel Jorge teceu esses comentários na abertura do 3º Workshop<strong>de</strong> Alinhamento Estratégico da Apex-Brasil, que reuniu em Brasília,em 2009, representantes <strong>de</strong> 64 entida<strong>de</strong>s do setor produtivo e <strong>de</strong> órgãosdo gover<strong>no</strong>, para discutir projetos <strong>de</strong> exportação. A Apex-Brasil adotaatualmente 64 projetos que aten<strong>de</strong>m a 4.438 empresas <strong>de</strong> 728 municípios,em parceria com entida<strong>de</strong>s setoriais. Em 2008, 203 <strong>de</strong>ssas firmasexportaram pela primeira vez.No Seminário sobre a Situação e o Alcance das PreferênciasAcordadas <strong>no</strong> Âmbito do Tratado <strong>de</strong> Montevidéu, promovido pelaAssociação Lati<strong>no</strong>-Americana <strong>de</strong> Integração (ALADI), em setembro <strong>de</strong>2009, o tema da participação das gran<strong>de</strong>s empresas <strong>no</strong> comércio regionalfoi objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate 58 . As <strong>de</strong>legações concordaram com a importância daintegração produtiva para aumentar a oferta exportável <strong>de</strong> bens e serviços<strong>no</strong>s mercados da ALADI, com ênfase nas políticas <strong>de</strong> fomento a umamaior participação <strong>no</strong> comércio regional <strong>de</strong> micro, pequenas e médiasempresas. A <strong>de</strong>legação brasileira lembrou queAs MPMEs são responsáveis por quase a meta<strong>de</strong> dos empregos gerados <strong>no</strong>s paísesmembros, sem que essa relevância se venha refletindo <strong>no</strong>s fluxos comerciais daAssociação. Sugeriu a criação <strong>de</strong> mecanismos específicos para que as empresas<strong>de</strong> me<strong>no</strong>r porte possam aproveitar melhor as preferências existentes na ALADI.58Telegrama 744, da Delegação Brasileira junto à ALADI e MERCOSUL (BRASALADI),ostensivo, <strong>de</strong> 18/09/2009.73<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 73 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidalAvaliar a participação das MPME <strong>no</strong> comércio regional apareceucomo uma gran<strong>de</strong> preocupação da <strong>de</strong>legação cubana <strong>no</strong> seminário.Sugeriu a realização <strong>de</strong> estudos em que se i<strong>de</strong>ntifique o porte das empresasnas operações <strong>de</strong> comércio exterior feitas ao abrigo dos acordos daALADI. Ao questionar “para quem se faz a integração?”, a chefe da<strong>de</strong>legação cubana opi<strong>no</strong>u que “o processo <strong>de</strong> integração vem sendoconduzido em favor das gran<strong>de</strong>s empresas, em <strong>de</strong>trimento das me<strong>no</strong>res”.Apesar <strong>de</strong> seu importante papel como geradoras <strong>de</strong> empregos,i<strong>no</strong>vadoras e promotoras <strong>de</strong> mudanças tec<strong>no</strong>lógicas, as PMEsconservam seu papel muito reduzido <strong>no</strong> que diz respeito à capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> influir nas <strong>de</strong>cisões políticas sobre o planejamento econômico, nasexportações e <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>cisório sobre as políticas públicas naárea econômica e <strong>de</strong> integração regional. O problema não é exclusivoda atualida<strong>de</strong>. Embora o Gover<strong>no</strong> Lula tenha procurado adotar <strong>no</strong>vosestímulos às PMEs, como a elaboração da Lei Geral das <strong>Micro</strong> e<strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>, parece ser histórica a ausência <strong>de</strong> políticaspúblicas estratégicas <strong>de</strong> fomento das pequenas e médias empresas,que buscam ir além do assistencialismo financeiro eventual, ou dasisenções fiscais, a partir da compreensão ampla do papel igualmenteestratégico das PMEs na eco<strong>no</strong>mia.No Brasil, o estado <strong>de</strong> São Paulo concentra 38% <strong>de</strong> micro, pequenase médias empresas; seguido do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, com 17%; e <strong>de</strong> MinasGerais, com 11%. A Apex-Brasil dá apoio aos ramos <strong>de</strong> agronegócio,habitação e construção civil, entretenimento e serviços, máquinas eequipamentos, moda, tec<strong>no</strong>logia e saú<strong>de</strong>.3.5 O papel das empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte na eco<strong>no</strong>miaNo subcapítulo anterior, apresentaram-se alguns estudos sobre asdiferenças entre pequenas, médias e gran<strong>de</strong>s empresas. Essas diferençasparecem relevantes ao ter em mente o propósito maior do trabalho, queé o <strong>de</strong> sugerir algumas ações práticas em matéria <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong>política externa para o MERCOSUL, <strong>no</strong> campo das pequenas e médiasempresas, incluídas as microempresas. O trabalho advoga que o processo<strong>de</strong> integração não contou, até o presente, com a elaboração <strong>de</strong> políticaspúblicas efetivas em <strong>de</strong>fesa das pequenas e médias empresas, apesar<strong>de</strong> algumas iniciativas mais recentes, ainda tímidas. Ig<strong>no</strong>rou-se, não74<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 74 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosvoluntariamente, mas provavelmente em razão da própria estrutura daeco<strong>no</strong>mia brasileira, o fato <strong>de</strong> que as pequenas e médias empresas:a) são gran<strong>de</strong>s geradoras <strong>de</strong> emprego;b) contribuem para o crescimento da eco<strong>no</strong>mia;c) reduzem a vulnerabilida<strong>de</strong> a choques exter<strong>no</strong>s; ed) <strong>no</strong> campo social, fazem a ligação entre o MERCOSUL e asocieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma mais ampla.A pergunta é fundamental: qual o papel que cumprem as pequenase médias empresas na eco<strong>no</strong>mia?As pequenas e médias empresas, embora tenham tido atuaçãopouco valorizada <strong>no</strong> século XX, quando eram vistas como expressão daeco<strong>no</strong>mia informal, constituíram sempre, segundo Gonzalo Saravi 59 , setorsumamente importante na estrutura produtiva dos mercados <strong>de</strong> trabalho<strong>de</strong>sta região e, por conseguinte, na geração <strong>de</strong> empregos. Para Tokman,como mencionado anteriormente, micro e pequenas empresas estãoincluídas na <strong>de</strong>finição do setor informal da eco<strong>no</strong>mia há quase 30 a<strong>no</strong>s.As empresas familiares e <strong>de</strong> pequena dimensão ganham importância,segundo Alvin Toffler 60 , uma vez queestá claro que na eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> amanhã as firmas gran<strong>de</strong>s terão <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r maisdo que <strong>no</strong> passado <strong>de</strong> uma subestrutura <strong>de</strong> minúsculos fornecedores, emboradinâmicos e flexíveis, muitos dos quais serão empresas familiares.Toffler contrapõe os negócios familiares aos das gran<strong>de</strong>s empresas,chamadas <strong>de</strong> “eco<strong>no</strong>mias <strong>de</strong> chaminés”, que terminam, segundo ele,sendo <strong>de</strong>masiado lentas e difíceis <strong>de</strong> adaptar a um mundo extremamenterápido e a uma eco<strong>no</strong>mia mundial globalizada. Para Tofflerla resurrección actual <strong>de</strong> la pequeña empresa y el negocio familiar trae consigouna i<strong>de</strong>ología, una ética y un sistema <strong>de</strong> información que son profundamenteantiburocráticos.59SARAVÍ, Gonzalo. “<strong>Micro</strong> y Pequeñas <strong>Empresas</strong> en los Distritos Industriales <strong>de</strong> México:La Necesidad <strong>de</strong> un Nuevo Contexto Institucional”. Revista Sociológica, Eco<strong>no</strong>mía Informal,<strong>Micro</strong>empresas y Estrategias <strong>de</strong> Empleo, A<strong>no</strong> 13, nº 37, México, 1998.60TOFFLER, Alvin. El Cambio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r. Editorial Plaza Jones, 1995.75<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 75 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidalLonge <strong>de</strong> ser um fenôme<strong>no</strong> passageiro, ainda segundo Toffler,estamos entrando <strong>no</strong> que chama uma “era pós-burocrática”, na qual aempresa familiar é uma das muitas alternativas à burocracia e ao po<strong>de</strong>rque as empresas gran<strong>de</strong>s encarnam. Entre as múltiplas vantagens queo autor atribui às pequenas empresas – em contraste com as gran<strong>de</strong>sfirmas burocráticas –, aponta o fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem tomar <strong>de</strong>cisões rápidas,<strong>de</strong> se adaptarem melhor às necessida<strong>de</strong>s do mercado, <strong>de</strong> se comunicarempessoalmente, <strong>de</strong> estarem dispostas a assumir maiores riscos e <strong>de</strong> seusmembros sentirem que pertencem à empresa, o que gera maior motivaçãolaboral.Segundo David Audretsch (1995) 61 e Boyan Jova<strong>no</strong>vic (1982) 62 ,a criação <strong>de</strong> uma empresa, sobretudo <strong>de</strong> uma empresa na categoria <strong>de</strong>PME, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> essencialmente <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>no</strong>var e lançar<strong>no</strong> mercado uma i<strong>de</strong>ia diferente. Segundo Jova<strong>no</strong>vic, “enterprisesare started to capitalize on distinctive k<strong>no</strong>wledge about in<strong>no</strong>vationthat originates from sources outsi<strong>de</strong> of an industry’s lea<strong>de</strong>rs”.Evi<strong>de</strong>ntemente, tal iniciativa envolve riscos, pois as <strong>no</strong>vas empresasestarão sempre concorrendo com atores já estabelecidos <strong>no</strong> mercado.Esse processo <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação e criação se insere em um ambiente <strong>de</strong>concorrência que se assemelha à teoria da evolução: as empresas queapresentarem <strong>no</strong>vas i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong>spontarem <strong>no</strong> mercado sobreviverão;as <strong>de</strong>mais ten<strong>de</strong>rão a se extinguir.Jova<strong>no</strong>vic não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> mencionar que as <strong>no</strong>vas empresas, e osempreen<strong>de</strong>dores que as criam, lidam com custos iniciais que diferem <strong>no</strong>ambiente <strong>de</strong> negócios. O ponto central <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> criação resi<strong>de</strong>em que uma <strong>no</strong>va empresa não saberá exatamente qual será o seu custo<strong>de</strong> operação, tendo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r ao longo do caminho quais serão seus<strong>de</strong>safios financeiros efetivos para competir. Em particular, Jova<strong>no</strong>vicassume que os <strong>no</strong>vos empreen<strong>de</strong>dores nunca estão absolutamenteseguros <strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> administrar uma <strong>no</strong>va empresa, o que criaexpectativas incertas sobre sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sucesso. Somente estarãocertos dos resultados <strong>de</strong> seus empreendimentos uma vez que se lançarem<strong>no</strong> mercado e apren<strong>de</strong>rem com base em suas <strong>no</strong>vas experiências.61AUDRETSCH, David B. Entrepreneurship: A Survey of Literature, Institute for DevelopmentStrategies, Indiana University And Centre for Eco<strong>no</strong>mic Policy, Research (CEPR), Londres, 2002.62JOVANOVIC, Boyan. “Selection and the Evolution of Industry”, The Eco<strong>no</strong>metric Society,vol. 50, n o 3, Londres, 1982.76<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 76 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosAqueles que <strong>de</strong>scobrirem que suas habilida<strong>de</strong>s como empresáriospo<strong>de</strong>m superar suas expectativas po<strong>de</strong>rão iniciar <strong>no</strong>va etapa <strong>de</strong>crescimento, ou expansão, <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s. Os <strong>de</strong>mais ten<strong>de</strong>rão areduzir suas ativida<strong>de</strong>s ou mesmo encerrar seus <strong>no</strong>vos negócios.Para Robert Cressy 63 , o espírito empreen<strong>de</strong>dor po<strong>de</strong>rá dar certo me<strong>no</strong>sem função do risco <strong>de</strong> lançar-se <strong>no</strong> mercado, como prega Jova<strong>no</strong>vic, doque da capacida<strong>de</strong> humana <strong>de</strong> projetar uma iniciativa <strong>no</strong>va e vencer. Trata-seda teoria <strong>de</strong> que o capital huma<strong>no</strong> po<strong>de</strong> ser suficientemente hábil paragerar uma <strong>no</strong>va i<strong>de</strong>ia, criar um <strong>no</strong>vo negócio, estabelecer-se e vencer.Sua teoria parte do princípio <strong>de</strong> que o ambiente macroeconômico positivoou negativo não é capaz <strong>de</strong> influenciar o sucesso <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo negócio: ocapital huma<strong>no</strong>, sim, será <strong>de</strong>terminante. Para exemplificar, cita o elevadonúmero <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos negócios que fecharam as portas durante a década <strong>de</strong><strong>no</strong>venta na Inglaterra <strong>de</strong> Margaret Thatcher, cujo gover<strong>no</strong> iniciou forteprocesso <strong>de</strong> privatização e estímulo a <strong>no</strong>vas empresas.A experiência sobre a ativida<strong>de</strong> empresarial <strong>de</strong>monstra que o mercadose encontra permanentemente em movimento, com empresas que iniciamativida<strong>de</strong>s e empresas que as encerram, em meio a circunstâncias diversas,favoráveis ou adversas. Normalmente, empresas <strong>no</strong>vas iniciam suasativida<strong>de</strong>s em pequena escala. São motivadas pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> aproveitar,ou maximizar, o potencial <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas i<strong>de</strong>ias, ou da i<strong>no</strong>vaçãoe do conhecimento.Não obstante, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da complexida<strong>de</strong> e do tamanho daseco<strong>no</strong>mias <strong>de</strong> escala <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado mercado ou país, as <strong>no</strong>vasempresas po<strong>de</strong>rão não ser viáveis eco<strong>no</strong>micamente a longo prazo, casose mantenham <strong>no</strong> mesmo patamar <strong>de</strong> produção inicial. Em condições<strong>no</strong>rmais, especialmente em eco<strong>no</strong>mias <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, <strong>no</strong>vas empresasterão <strong>de</strong> crescer para po<strong>de</strong>r sobreviver.O papel <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas, que, <strong>no</strong>rmalmente, começam suasativida<strong>de</strong>s em pequena escala, ou como micro e pequenas empresas, naprodução <strong>de</strong> um mercado <strong>de</strong>terminado, ten<strong>de</strong>, <strong>de</strong> maneira geral, a serelemento importante do crescimento econômico. Apenas as empresasque oferecem um produto ou serviço viável em uma eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> escala,que po<strong>de</strong>m ser introduzidos <strong>no</strong> mercado <strong>de</strong> maneira eficiente, terão63CRESSY, Robert. “Small business failure: failure to fund or failure to learn by doing?”,Entrepreneurship, SMEs and the Macro Eco<strong>no</strong>my, Acs and Carlsson (eds.), Cambridge UniversityPress, 1999.77<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 77 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidalmaiores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sobrevivência e crescimento, com perspectivas<strong>de</strong> passar <strong>de</strong> PMEs a gran<strong>de</strong>s empresas. As <strong>de</strong>mais ten<strong>de</strong>m a estagnare, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da escala da eco<strong>no</strong>mia em que atuam, po<strong>de</strong>rão ter <strong>de</strong>abandonar a indústria.Por outro lado, ao atuarem como agentes i<strong>no</strong>vadores, as <strong>no</strong>vasempresas se transformam em fonte importante <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong>adoção <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas experiências, que po<strong>de</strong>riam ficar reprimidas naeco<strong>no</strong>mia. O impacto mais previsível <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas firmas empreen<strong>de</strong>doras,ou i<strong>no</strong>vadoras, será o crescimento econômico, em nível local ou mesmoem nível nacional.A ativida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora também exerce impacto positivo <strong>no</strong> quediz respeito ao conhecimento e à transferência <strong>de</strong> conhecimento. Diversosautores (Romer 64 , Grossman e Elhanan Helpman 65 ) estabeleceram, <strong>no</strong>sa<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta, forte relação entre transferência <strong>de</strong> conhecimento e acapacida<strong>de</strong> endógena <strong>de</strong> crescimento, tema, aliás, recorrente na política naAmérica do Sul na virada do século, em que lí<strong>de</strong>res da chamada tendênciaprogressista buscavam reduzir a <strong>de</strong>pendência do capital e investimentoexter<strong>no</strong>s e fomentar a capacida<strong>de</strong> produtiva interna.No entanto, ainda não foi possível verificar <strong>de</strong> que maneira atransferência <strong>de</strong> conhecimento que as pequenas e médias empresassão capazes <strong>de</strong> realizar po<strong>de</strong>rá ser transformada em políticas públicas,já que não se <strong>de</strong>senvolveram mecanismos <strong>de</strong> avaliação sobre como oconhecimento adquirido pelas PMEs po<strong>de</strong> ser capitalizado e transformadoem conhecimento para outras empresas ou segmentos da eco<strong>no</strong>mia.A resposta a essa pergunta é relevante, uma vez que uma melhor avaliaçãopelos agentes públicos, ou pelos governantes, dos impactos das pequenase médias empresas sobre a transferência <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos conhecimentos eseu papel, por exemplo, sobre a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)po<strong>de</strong>m ser objeto <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> Estado <strong>no</strong> âmbito <strong>de</strong> suas estratégias <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento. Também é possível sugerir que o melhor mapeamentoda capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> conhecimento das PMEs para outrasempresas po<strong>de</strong> ser importante instrumento à disposição dos governantespara promover o crescimento econômico e o emprego.64ROMER, Paul M. “ Increasing Returns and Long-Run Growth”, Journal of Political Eco<strong>no</strong>my,n o 94, 1996.65GROSSMAN, Gene M. e HELPMAN, Elhanan. In<strong>no</strong>vation and Growth in a Global Eco<strong>no</strong>my”MIT Press, 1993.78<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 78 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosA literatura existente que procura i<strong>de</strong>ntificar sistemas nacionais <strong>de</strong>transferência <strong>de</strong> conhecimento (k<strong>no</strong>wledge spillovers) entre empresasé ainda incipiente. No entanto, é possível i<strong>de</strong>ntificar esses sistemas <strong>no</strong>estudo do empreen<strong>de</strong>dorismo, ou da capacida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora dosetor privado nas eco<strong>no</strong>mias. Por empreen<strong>de</strong>dorismo, vale recordar,enten<strong>de</strong>-se toda ativida<strong>de</strong> relacionada à criação, i<strong>no</strong>vação e crescimentodas empresas.Duas correntes examinadas procuram explicar como os sistemas<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> conhecimento po<strong>de</strong>m operar nas eco<strong>no</strong>mias. Umacorrente, <strong>de</strong>fendida por autores como Cohen e Levinthal 66 , sugere que asempresas <strong>de</strong>senvolvem boa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptar <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias ei<strong>de</strong>ias oriundas <strong>de</strong> outras empresas e são, portanto, capazes <strong>de</strong> beneficiar-seda apropriação <strong>de</strong>sses conhecimentos exter<strong>no</strong>s, o que criaria um processo<strong>de</strong> competição capaz <strong>de</strong> promover o crescimento, por meio <strong>de</strong> <strong>no</strong>vosinvestimentos e geração <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos empregos.Outra corrente, <strong>de</strong>fendida por Audretsch 67 , propõe que a avaliação<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> conhecimento ocorra me<strong>no</strong>s peloprocesso <strong>de</strong> apropriação entre empresas do que pelo processo inter<strong>no</strong>nas empresas em que os indivíduos, ou empregados, tais como cientistas,engenheiros ou outros empregados que buscam <strong>no</strong>vos métodos <strong>de</strong>produção mais eficientes, <strong>no</strong>vas técnicas, sejam o ponto focal do processo<strong>de</strong> transferência, ou <strong>de</strong> spillover, do conhecimento. Quando o foco <strong>de</strong>avaliação é redirecionado da empresa, como um todo, para o indivíduo,consi<strong>de</strong>rando-o como o ente principal <strong>de</strong> observação, persistirá o conceito<strong>de</strong> apropriação <strong>de</strong> conhecimento entre empresas, mas o ponto fundamentalda questão passará a ser como o indivíduo po<strong>de</strong>rá beneficiar-se <strong>de</strong> seuconhecimento e da i<strong>no</strong>vação.Se os cientistas ou engenheiros sentirem que terão o apoio daburocracia em sua empresa para aproveitar os <strong>no</strong>vos conhecimentos que<strong>de</strong>senvolveram <strong>no</strong> processo produtivo, com as <strong>de</strong>vidas recompensas,não terão motivo para pedir <strong>de</strong>missão. Por outro lado, se o empregadovalorizar sua criação ou i<strong>no</strong>vação acima dos interesses da burocraciados processos <strong>de</strong>cisórios, comuns na maioria das gran<strong>de</strong>s empresas,66COHEN, Willliam e LEVINTHAL, D. “Absorptive Capacity: A New Perspective on Learningand In<strong>no</strong>vation”, Administrative Science Quarterly, vol. 35, n o 1, 1990.67AUDRETCH, David. Entrepreneurship, In<strong>no</strong>vation and Eco<strong>no</strong>mic Growth, Elgar Publishing,Londres, 2006.79<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 79 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidalque po<strong>de</strong>rão suplantar suas i<strong>de</strong>ias, po<strong>de</strong>rá optar por criar um <strong>no</strong>voempreendimento capaz <strong>de</strong> aproveitar o valor <strong>de</strong> seu conhecimento.As pequenas e médias empresas po<strong>de</strong>rão, assim, compensar a sua falta<strong>de</strong> P&D por meio dos spillovers <strong>de</strong> conhecimento.Caso os empregados consi<strong>de</strong>rem que a alternativa <strong>de</strong> começar um<strong>no</strong>vo negócio po<strong>de</strong> ser vantajosa, e que existe um espaço a ser preenchidograças a seu talento, que não estaria sendo <strong>de</strong>vidamente reconhecidopelos seus dirigentes ou do<strong>no</strong>s, eles provavelmente <strong>de</strong>cidirão abrir um<strong>no</strong>vo negócio. Uma vez que <strong>no</strong>rmalmente o conhecimento, mesmo<strong>de</strong>senvolvido pelos empregados, é gerado <strong>no</strong> ambiente da empresa, os<strong>no</strong>vos negócios, que afloram quando os empregados sentem que nãoterão espaço na empresa original e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m montar <strong>no</strong>vas empresas,são consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>svios, ou <strong>de</strong>sdobramentos, da empresa original.Normalmente, esses <strong>no</strong>vos negócios tampouco têm acesso direto alaboratórios <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, o que significa que as<strong>no</strong>vas empresas utilizarão inicialmente o conhecimento <strong>de</strong>senvolvidona empresa original pelos seus empregados.Tais consi<strong>de</strong>rações, reitera-se, são essenciais para a compreensão<strong>de</strong> algumas propostas <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> ação diplomática que o trabalhoapresenta <strong>no</strong> Capítulo 6. Um dos resultados mais importantes <strong>de</strong>sse efeitomultiplicador do conhecimento e multiplicador <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas é acompetitivida<strong>de</strong>. A exemplo <strong>de</strong> células que se multiplicam a partir <strong>de</strong>uma célula-mãe, as <strong>no</strong>vas empresas passarão a competir por um espaçomaior <strong>no</strong> mercado nacional e ten<strong>de</strong>rão a buscar maior eficiência por meiodo que se po<strong>de</strong>ria chamar <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas i<strong>no</strong>vações.Jane Jacobs 68 argumenta que a competição aberta contribui para umprocesso <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> conhecimentos muito mais eficaz do queum ambiente mo<strong>no</strong>polístico, em que o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><strong>no</strong>vos conhecimentos, ou a i<strong>no</strong>vação, limita sua aplicação ao ambienteda própria empresa.Segundo Jacobs, a competição que as <strong>no</strong>vas pequenas e médiasempresas proporcionam não é aquela por melhores produtos iguais aserem lançados <strong>no</strong> mercado, mas sim pelas <strong>no</strong>vas i<strong>de</strong>ias, que envolvemprodutos, mas também <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> produção, mais eficientes do68Jane Jacobs, eco<strong>no</strong>mista, <strong>de</strong>senvolveu em 1969 a teoria conhecida como Jacobs Spillover,segundo a qual a organização espacial <strong>de</strong> pequenas empresas favorecia a competitivida<strong>de</strong> pormeio da i<strong>no</strong>vação e da busca <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> mercados.80<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 80 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosponto <strong>de</strong> vista econômico, mais sustentáveis do ponto <strong>de</strong> vista ambientale mais humanas do ponto <strong>de</strong> vista laboral.Um ambiente <strong>de</strong> mercado que proporcione o surgimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vaspequenas e médias empresas não apenas facilita a multiplicação <strong>de</strong>conhecimento. Permite, também, segundo Jacobs, que <strong>no</strong>vas empresas,em geral pequenas e médias, busquem se especializar na fabricação <strong>de</strong>componentes ou <strong>no</strong>s serviços complementares <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia produtivaem evolução.Segundo Audretsch, existe evidência empírica que comprova que umaumento na competição – motivado por <strong>no</strong>vas i<strong>de</strong>ias – transferência <strong>de</strong>conhecimento e multiplicação <strong>de</strong> pequenas e médias empresas, contribuipara o crescimento econômico e a geração <strong>de</strong> renda urbana.O empreen<strong>de</strong>dorismo também colabora para aumentar a diversida<strong>de</strong>da ativida<strong>de</strong> econômica e, por conseguinte, po<strong>de</strong> ser instrumentopropulsor do crescimento econômico. Ao criar <strong>no</strong>vas empresas, o capitalempreen<strong>de</strong>dor também gera diversida<strong>de</strong> econômica. Freeman 69 (1982)teorizou sobre a importância da diversida<strong>de</strong>, oposta à homogeneida<strong>de</strong>,para o crescimento econômico. A partir da teoria da “ecologia dasorganizações”, Freeman indica que empresa é uma entida<strong>de</strong> particular queapren<strong>de</strong> externa e internamente mediante a apropriação <strong>de</strong> conhecimento,o que significa que quanto mais empresas existirem, maior será a dinâmicaempresarial do mercado, ou seja, maior será a criação <strong>de</strong> empresas, emais favorável será o ambiente para o crescimento econômico.O ambiente e a estrutura econômica <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado país ou região(União Europeia ou MERCOSUL, por exemplo) po<strong>de</strong>m favorecer ouimpulsionar a criação <strong>de</strong> empresas, <strong>de</strong> acordo com as políticas adotadas.Por conseguinte, existem argumentos que indicam que o grau <strong>de</strong>diversida<strong>de</strong> empresarial tem importante influência sobre o crescimento,assim como a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mográfica. Um alto grau <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>industrial ten<strong>de</strong> a favorecer a multiplicação <strong>de</strong> empresas e leva aocrescimento econômico.Os autores que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a elaboração <strong>de</strong> políticas que fomentem amultiplicação <strong>de</strong> empresas, por meio <strong>de</strong> estímulos ao empreen<strong>de</strong>dorismo,sustentam que essa multiplicação favorece a transmissão <strong>de</strong> conhecimento,69FREEMAN, Christopher. “In<strong>no</strong>vation and Long Cycles of Eco<strong>no</strong>mic Development”. SeminárioInternacional sobre I<strong>no</strong>vação e Desenvolvimento do Setor Industrial, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas,Campinas, 1982.81<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 81 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidala i<strong>no</strong>vação, o aumento da competitivida<strong>de</strong> e o bom funcionamento daeco<strong>no</strong>mia. Os principais autores <strong>de</strong>ssa corrente são Boyan Jova<strong>no</strong>vic 70 ,David Audretsch, Val Lambson 71 e Steven Klepper 72 .A proposta do presente trabalho apoia-se <strong>no</strong>s argumentos dosestudiosos do empreen<strong>de</strong>dorismo e do papel das pequenas e médiasempresas na eco<strong>no</strong>mia para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a tese <strong>de</strong> que as pequenas emédias empresas, como expoentes do empreen<strong>de</strong>dorismo, ou criação <strong>de</strong>empresas, contribuem para o crescimento econômico ao atuar como fioscondutores <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos conhecimentos e <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logias,promotoras <strong>de</strong> competição <strong>no</strong> mercado e indutoras <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>econômica.Uma visão mo<strong>de</strong>rna do empreen<strong>de</strong>dorismo conclui que este é uminstrumento <strong>de</strong> mudança e evolução em uma eco<strong>no</strong>mia que privilegia oconhecimento acima do automatismo <strong>no</strong>s meios <strong>de</strong> produção. Com isso,<strong>de</strong>duz-se que o empreen<strong>de</strong>dorismo leva a um <strong>de</strong>sempenho econômicopositivo em dada eco<strong>no</strong>mia. Essa perspectiva, baseada em uma hipótese,cria dois <strong>de</strong>safios básicos :a) O que significa <strong>de</strong>sempenho econômico e como po<strong>de</strong> ser medido?b) Sobre que parâmetro ou unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medida econômica a relaçãopositiva entre empreen<strong>de</strong>dorismo e <strong>de</strong>sempenho econômico po<strong>de</strong>ser calculada?Segundo Audretch 73 , a resposta à segunda questão <strong>de</strong>termina a respostaà primeira. As medidas mais utilizadas para calcular o <strong>de</strong>sempenho têm70Boyan Jova<strong>no</strong>vic foi autor, em 1982, da teoria do barulho, ou theory of <strong>no</strong>ise, apresentadana Revista <strong>de</strong> Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Eco<strong>no</strong>metria, da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Yale. Sua teoria sustenta, pormeio <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> equações <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>metria, que a sobrevivência das empresas, pequenasou gran<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua eficiência na relação entre fatores <strong>de</strong> produção, custos e <strong>de</strong>manda,em ambiente <strong>de</strong> concentração industrial, ou <strong>de</strong> clusters industriais. <strong>Pequenas</strong> empresas terãoiguais oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescer que as gran<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja estimulada a sua eficiência, oque envolve investimentos em recursos huma<strong>no</strong>s, tec<strong>no</strong>logia, i<strong>no</strong>vação, racionalização <strong>de</strong> custose acesso a créditos.71LAMBSON, Val. “Industry Evolution with Sunk Costs and Uncertain Market Conditions”,International Journal of Industrial Organization, Utah, vol. 9, n o 2, 1991.72KLEPPER, Steven. “Entry, Exit, Growth, and In<strong>no</strong>vation over the Product Life Cycle”,American Eco<strong>no</strong>mic Review, Washington DC, n o 3, 1996.73AUDRETCH, David. Entrepreneurship, In<strong>no</strong>vation and Eco<strong>no</strong>mic Growth, Elgar Publishing,Rei<strong>no</strong> Unido, 2006.82<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 82 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregossido o crescimento, os ingressos, os salários, a sobrevivência da empresae sua produtivida<strong>de</strong>. Outras medidas eficientes seriam a margem <strong>de</strong> lucroe a satisfação dos do<strong>no</strong>s e empregados da empresa com o seu próprionegócio. No pla<strong>no</strong> individual, a medida mais utilizada tem sido a rendasalarial ou os rendimentos do próprio negócio.No caso das empresas, a medida <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho mais utilizadapelos eco<strong>no</strong>mistas tem sido seu crescimento, que se me<strong>de</strong> em geral pelonúmero <strong>de</strong> empregados. Outra medida comum tem sido a sobrevivência,ou tempo <strong>de</strong> duração, da empresa.Também é comum usar a medida <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> exportações einvestimento estrangeiro direto, bem como os índices <strong>de</strong> remuneraçãodos empregados, <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação e <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>.Ao avaliar a relação entre empreen<strong>de</strong>dorismo e <strong>de</strong>sempenhoeconômico, embora pareça lógico, não é tão simples medir a margem<strong>de</strong> lucro acumulada das <strong>no</strong>vas empresas. Por um lado, é difícil obteracesso público ou acadêmico aos números <strong>de</strong> cada empresa, atémesmo por questões <strong>de</strong> segurança. Por outro lado, usar o lucro comomedida <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho econômico <strong>de</strong> um mercado po<strong>de</strong> se gerar erro<strong>de</strong> interpretação, na medida em que existem truques contábeis que<strong>no</strong>rmalmente dissimulam os verda<strong>de</strong>iros números do lucro das empresas.Quando se comparam esses lucros com corte horizontal entre países, parase ter uma <strong>no</strong>ção espacial da presença das pequenas e médias empresas,revelam-se sérias limitações <strong>no</strong> emprego do lucro como medida <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho empresarial.Segundo os estudiosos do empreen<strong>de</strong>dorismo, não existe, portanto,um único método <strong>de</strong> avaliação, ou medição. Torna-se necessário, assim,reunir os vários elementos <strong>de</strong> medição acima apontados. Nas últimasdécadas, medições feitas com base <strong>no</strong>s diferentes métodos <strong>de</strong> avaliaçãotêm <strong>de</strong>monstrado que existe evidência empírica que comprova aforte relação, diretamente proporcional, entre empreen<strong>de</strong>dorismo e<strong>de</strong>sempenho econômico <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada eco<strong>no</strong>mia.Essa evidência indica que existe uma relação bastante convincenteentre a abertura <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas pequenas e médias empresas e a saú<strong>de</strong>econômica do mercado.Um dado chama a atenção <strong>no</strong>s estudos coletados por Audretsch: arelação positiva entre empreen<strong>de</strong>dorismo e <strong>de</strong>sempenho econômico temsido comprovada com o emprego não apenas <strong>de</strong> uma medida <strong>de</strong> avaliação,83<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 83 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidalmas sim por meio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, taiscomo geração <strong>de</strong> empregos, crescimento, sobrevivência empresarial,i<strong>no</strong>vação e transformação tec<strong>no</strong>lógica, produtivida<strong>de</strong> e crescimentodas exportações.Ainda mais importante é o fato <strong>de</strong> que essas medidas, que comprovama relação entre empreen<strong>de</strong>dorismo e o aumento do <strong>de</strong>sempenhoeconômico, também comprovam essa relação em um raio mais amplo<strong>de</strong> observação, que inclui indivíduos, empresas, indústrias, clustersgeográficos, regiões e até países. Também po<strong>de</strong>m ser comprovadasquando se consi<strong>de</strong>ram países <strong>de</strong> forma agregada.A esse respeito, vale mencionar estudo <strong>de</strong> San<strong>de</strong>r Wenneker, <strong>de</strong>1999. Esse pesquisador holandês, do Erasmus Research Institute <strong>de</strong>Roterdã, em seu trabalho “Linking Entrepreneurship and Eco<strong>no</strong>micGrowth” 74 , forneceu evidência empírica, em um período dado <strong>de</strong> 1984 a1994, tomando como base corte <strong>de</strong> 23 países-membros da Organizaçãopara a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo aqual o aumento do empreen<strong>de</strong>dorismo, medido como a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><strong>no</strong>vas empresas registradas, estava associado a índices mais elevados<strong>de</strong> crescimento do emprego em nível nacional. De maneira semelhante,estudos <strong>de</strong> Audretsch e Roy Thurik, professores <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mia daUniversida<strong>de</strong> Erasmus <strong>de</strong> Roterdã, apontam que os países da OCDEque apresentam os níveis mais elevados <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo tambémapresentaram níveis elevados <strong>de</strong> crescimento econômico e me<strong>no</strong>resníveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego.3.6. I<strong>no</strong>vaçãoEm trabalho sobre a teoria da i<strong>no</strong>vação, Wooley e Renee 75 afirmamque a i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica e a comercialização são componentes-chavedo empreen<strong>de</strong>dorismo e do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas. Por umlado, a i<strong>no</strong>vação é consi<strong>de</strong>rada a pedra fundamental do empreen<strong>de</strong>dorismo;por outro, o empreen<strong>de</strong>dorismo é consi<strong>de</strong>rado como instrumento para sealcançar a i<strong>no</strong>vação. Segundo Wooley,74WENNEKERS, San<strong>de</strong>r e THURIK, Roy. “Linking Entrepreneurship and Eco<strong>no</strong>mic Growth”,Small Business Eco<strong>no</strong>mics, Springer, vol. 13.1999.75WOOLLEY, Jennifer e ROTTNER, Renee. “Entrepreneurship: Theory and Practice, 2008.84<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 84 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosdado o vínculo entre i<strong>no</strong>vação e empreen<strong>de</strong>dorismo, presume-se que as políticaspúblicas que apóiem os esforços <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação terão um efeito positivo sobre oempreen<strong>de</strong>dorismo. Landau and Jorgenson (1986) afirmam que a i<strong>no</strong>vação, queconsiste <strong>de</strong> invenção e implementação, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas que estimulem oempreen<strong>de</strong>dorismo, o investimento <strong>de</strong> risco e as mudanças tec<strong>no</strong>lógicas. Taispolíticas para a i<strong>no</strong>vação incluem o patrocínio da iniciativa econômica e <strong>de</strong>iniciativas em ciência e tec<strong>no</strong>logia para o <strong>de</strong>senvolvimento e a comercializaçãodas invenções.Mudança tec<strong>no</strong>lógica e i<strong>no</strong>vação representam uma dimensãodiferente do <strong>de</strong>sempenho econômico. Medir mudanças tec<strong>no</strong>lógicas<strong>no</strong>rmalmente envolve um dos três principais aspectos do processoi<strong>no</strong>vador: (1) medir os investimentos feitos pela empresa <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>i<strong>no</strong>vação, tais como <strong>de</strong>spesas em pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento (P&D),ou a distribuição da força <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> funcionários envolvidos emativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D; (2) medir o número <strong>de</strong> invenções que tenham sidopatenteadas pela empresa; ou (3) medir a produção i<strong>no</strong>vadora.Sobre a medida das invenções patenteadas, é importante registrarque uma patente reflete <strong>no</strong>vos conhecimentos técnicos, mas não indicase esses conhecimentos têm valor econômico positivo. Somente asinvenções que foram introduzidas com êxito <strong>no</strong> mercado po<strong>de</strong>m serconsi<strong>de</strong>radas efetivamente i<strong>no</strong>vações agregadas ao processo produtivodas pequenas e médias empresas. Há que se levar em conta tambémque muitas i<strong>no</strong>vações não são necessariamente patenteadas, o que po<strong>de</strong>fazer com que as medidas das <strong>no</strong>vas patentes não reflitam a realida<strong>de</strong> dacapacida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora das empresas.Assim é que, ao serem introduzidas, <strong>no</strong>s processos estatísticos, <strong>no</strong>vasfontes <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> patentes, a confiabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses dados para medira ativida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora não é suficientemente alta e <strong>de</strong>ve ser tomada aolado <strong>de</strong> outras fontes <strong>de</strong> informação. A sabedoria convencional sobre oprogresso da i<strong>no</strong>vação e das mudanças tec<strong>no</strong>lógicas ensina que os dadossobre Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) representam importante fonte<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação e mudança tec<strong>no</strong>lógica.Um dos padrões mais importantes para medir a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vaçãofoi <strong>de</strong>senvolvido <strong>no</strong> Rei<strong>no</strong> Unido, na Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Investigação <strong>de</strong> CiênciasPolíticas da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Sussex. Existem provas substanciais <strong>de</strong> queinvestimentos em P&D são, na verda<strong>de</strong>, positivamente relacionados com85<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 85 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidalo tamanho das empresas. Encontra-se gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> estudos sobrea matéria <strong>no</strong>s trabalhos <strong>de</strong> Audretsch (1990) e Baldwin (2005) 76 , bemcomo Acs Zoltan (1999).Estudos sobre a relação entre patentes e o tamanho das empresas<strong>no</strong>s Estados Unidos são consi<strong>de</strong>ravelmente me<strong>no</strong>s ambíguos. Nestecaso, as conclusões sugerem <strong>de</strong> forma mais convincente que pequenasempresas contribuem muito para a geração <strong>de</strong> patentes, embora asgran<strong>de</strong>s empresas também o façam. Os resultados <strong>de</strong>sses estudos, válidospara os Estados Unidos, foram posteriormente confirmados <strong>no</strong>s estudosmencionados acima. Baseando sua análise em dados <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s queregistram patentes, esses estudos concluíram que as pequenas empresas(com me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> US$ 10 milhões em vendas) contabilizavam 5,7 % dototal das patentes.Com base em dados sobre i<strong>no</strong>vação <strong>de</strong> pequenas empresas dosEstados Unidos, Audretsch (1990) revela, por outro lado, que asempresas mais i<strong>no</strong>vadoras daquele país são as gran<strong>de</strong>s corporações.Além disso, as empresas <strong>no</strong>rte-americanas mais i<strong>no</strong>vadoras tambémten<strong>de</strong>m a ter gran<strong>de</strong>s investimentos em laboratórios <strong>de</strong> P&D e sãointensivas em pesquisa.Aparentemente, as conclusões sobre i<strong>no</strong>vação que tomam por baseas patentes e os investimentos em P&D para medir o nível da ativida<strong>de</strong>i<strong>no</strong>vadora em <strong>de</strong>terminado mercado ou país parecem confirmar a lógicaconvencional segundo a qual gran<strong>de</strong>s empresas po<strong>de</strong>m gerar maiori<strong>no</strong>vação. No entanto, gran<strong>de</strong>s empresas, <strong>de</strong>finidas como empresascom mais <strong>de</strong> 500 funcionários, po<strong>de</strong>m contribuir com mais i<strong>no</strong>vaçõesem alguns casos, enquanto em outros segmentos industriais pequenasempresas po<strong>de</strong>m produzir mais i<strong>no</strong>vações.Por exemplo, em informática e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas,as pequenas empresas contribuem com o grosso das i<strong>no</strong>vações. Emcontrapartida, por exemplo, indústrias farmacêuticas e indústrias <strong>de</strong>fabricação <strong>de</strong> aeronaves contam nas gran<strong>de</strong>s empresas com o maioríndice <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação.Provavelmente, a melhor medida da ativida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora é a “taxatotal <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação”, que é <strong>de</strong>finida como o número total <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vações porcada mil funcionários em cada empresa.76BALDWIN, J. Competition, Firm Tur<strong>no</strong>ver and Productivity Growth, Mimeo, <strong>Micro</strong> Eco<strong>no</strong>micAnalysis Division, Statistics Canada, Ottawa, 2005.86<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 86 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosA “taxa <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação” tem a vantagem <strong>de</strong> medir a ativida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s e pequenas empresas em <strong>de</strong>terminado setor. Quando serealiza uma comparação direta entre a ativida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora <strong>de</strong> pequenase gran<strong>de</strong>s empresas, a “taxa <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação” é presumivelmente umamedida mais confiável da “intensida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora”, porque se pon<strong>de</strong>raa presença relativa <strong>de</strong> pequenas e gran<strong>de</strong>s empresas em qualquer setor<strong>de</strong>terminado. Assim, por exemplo, em 1990, enquanto gran<strong>de</strong>s empresas<strong>no</strong> setor manufatureiro introduziram 2445 i<strong>no</strong>vações, e pequenasempresas contribuíram com ligeiramente me<strong>no</strong>s (1954), as pequenasempresas, que comportam cerca da meta<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> empregos <strong>no</strong>setor manufatureiro, produziram uma taxa média <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação <strong>de</strong> 0,3%,comparada a uma taxa <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação das gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> 0,2% (Acse Audretsch, 1988 e 1990).Acs e Audretsch constataram que a eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> mercado influenciaa capacida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora do empreen<strong>de</strong>dorismo, mas também <strong>de</strong>finevantagem para as pequenas empresas.As diferenças entre as taxas <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação das empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>porte e as <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte geralmente po<strong>de</strong>m ser explicadas por (1) grau<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capital, (2) grau <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> uma indústria,(3) intensida<strong>de</strong> total i<strong>no</strong>vadora e (4) o grau <strong>de</strong> participação das pequenasempresas. Acs e Audretsch ressaltam <strong>no</strong> estudo <strong>de</strong> Audretsch que arelativa vantagem i<strong>no</strong>vadora das gran<strong>de</strong>s empresas ten<strong>de</strong> a ser promovidaem indústrias que são intensivas em capital, intensivas em publicida<strong>de</strong>,regionalmente concentradas e altamente sindicalizadas. Por outro lado,em indústrias que são altamente i<strong>no</strong>vadoras e on<strong>de</strong> as pequenas empresasnão têm elevada taxa <strong>de</strong> emprego, a vantagem i<strong>no</strong>vadora relativa émantida por pequenas empresas.Um dos mais importantes estudos existentes que documenta o papeldas pequenas e médias empresas na i<strong>no</strong>vação foi realizado por uma equipe<strong>de</strong> pesquisadores do Zentrum für Europäische Wirtschaftsforschung(ZEW, Center for European Eco<strong>no</strong>mic Research), li<strong>de</strong>rada por Harhoff(1996), com incidência sobre o mercado alemão, tendo como referênciaa base <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação do Mannheim Centre for Competition andIn<strong>no</strong>vation (MaCCI), da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mannheim, com cerca <strong>de</strong> 350 milhabitantes. Esse banco <strong>de</strong> dados mediu o grau <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadoraem empresas alemãs entre 1990 e 1992. Harhoff usou o banco <strong>de</strong> dadospara concluir que 12% das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> investigação e <strong>de</strong>senvolvimento87<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 87 25/10/2011 20:35:13


afael <strong>de</strong> mello vidal(ainda na Alemanha Oci<strong>de</strong>ntal) vinham <strong>de</strong> pequenas e médias empresas(<strong>de</strong>finidas como tendo me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 500 empregados).Dietmar Harhoff 77 concluiu que a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma empresai<strong>no</strong>var aumenta com seu tamanho. Por exemplo, 48% das empresascom me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 50 funcionários eram i<strong>no</strong>vadoras, ao passo que 85% dasempresas com pelo me<strong>no</strong>s 1000 empregados o eram.Embora o número percentual pareça indicar que as empresas commais empregados geram maior i<strong>no</strong>vação, o que parece mais relevantenesse dado é a elevada capacida<strong>de</strong> que empresas pequenas, com poucosempregados (me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 50), têm para gerar i<strong>no</strong>vação. Sua pesquisa apontatambém para o fato <strong>de</strong> que as empresas me<strong>no</strong>res têm maior propensãopara ser i<strong>no</strong>vadoras sem gastos elevados em pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento.Tomado o exemplo da Alemanha, enquanto apenas 3% das maiorescorporações são i<strong>no</strong>vadoras, um quarto das empresas i<strong>no</strong>vadoras comme<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 50 trabalhadores não contam com gastos formais em P&D.Ao analisar o tema, um bom número <strong>de</strong> explicações surge sobre asrazões pelas quais as pequenas e médias empresas ten<strong>de</strong>m a ter vantagemi<strong>no</strong>vadora, pelo me<strong>no</strong>s em certos segmentos industriais. Rothwell 78 (1989)sugere que os fatores que favorecem as pequenas empresas para queapresentem vantagens i<strong>no</strong>vadoras emanam geralmente <strong>de</strong> diferenças nasestruturas <strong>de</strong> gestão. Por exemplo, a organização burocrática das gran<strong>de</strong>sempresas não favoreceria ambiente propício para que empregados dosescalões inferiores procurassem per<strong>de</strong>r tempo com a busca <strong>de</strong> soluçõesi<strong>no</strong>vadoras, uma vez que não se sentem estimulados a enfrentar a barreirada burocracia, ou simplesmente não têm acesso aos escalões <strong>de</strong>cisórios.A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> i<strong>no</strong>var <strong>de</strong>ve sobreviver a camadas <strong>de</strong> resistênciaburocrática, em que certa inércia sobre risco po<strong>de</strong> resultar em preconceitoscontra <strong>no</strong>vos projetos. No entanto, na pequena empresa, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>i<strong>no</strong>var é tomada por relativamente poucas pessoas. A ativida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadorapo<strong>de</strong> florescer ao máximo em ambientes livres <strong>de</strong> restrições burocráticas.Os estudos pesquisados revelam que as empresas maiores ten<strong>de</strong>m apremiar os melhores investigadores com promoções a cargos <strong>de</strong> gerência,77Professor da Universida<strong>de</strong> Ludwig-Maximilian <strong>de</strong> Munique e Diretor do Instituto <strong>de</strong> Pesquisaem I<strong>no</strong>vação e Empreen<strong>de</strong>dorismo, Dietmar Harhoff pesquisa a relação entre i<strong>no</strong>vação ecrescimento e tem sido consultor do gover<strong>no</strong> alemão para a formulação <strong>de</strong> políticas públicassobre empreen<strong>de</strong>dorismo.78Roy Rothwell’s five generations of in<strong>no</strong>vation mo<strong>de</strong>ls, vi<strong>de</strong> in<strong>no</strong>vatorium.wordpress.com, em07.01.2010.88<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 88 25/10/2011 20:35:13


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosenquanto as empresas me<strong>no</strong>res inserem a ativida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora <strong>no</strong> centro<strong>de</strong> sua estratégia competitiva (Fre<strong>de</strong>ric Scherer, <strong>de</strong> 1991). Scherer resumeas vantagens das pequenas empresas:as pequenas empresas <strong>de</strong>vem sua impressionante contribuição à i<strong>no</strong>vação a diversasvantagens que têm se comparadas com as empresas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Uma forçaimportante é que elas são me<strong>no</strong>s burocráticas, sem camadas <strong>de</strong> “abomináveisnão-homens” que bloqueiam a ousadia <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos empreendimentos, traçotípico <strong>de</strong> uma organização altamente estruturada. Em segundo lugar, e algo quefreqüentemente se esquece, muitos avanços na tec<strong>no</strong>logia se acumulam medianteuma infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> invenções me<strong>no</strong>res que envolvem <strong>no</strong>vas técnicas <strong>de</strong> fabricação.As possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vendas para tornar esses avanços rentáveis são freqüentemente<strong>de</strong>masiado mo<strong>de</strong>stas para a contabilida<strong>de</strong> das gran<strong>de</strong>s corporações, que buscammaximizar lucros e reduzir riscos. As perspectivas <strong>de</strong> vendas das gran<strong>de</strong>s empresasenvolvem milhões <strong>de</strong> dólares por a<strong>no</strong>, o que <strong>no</strong>rmalmente reduz seu interesse eminvestir em peque<strong>no</strong>s projetos i<strong>no</strong>vadores, <strong>de</strong>senvolvidos por seus funcionários,<strong>de</strong>vido à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acomodar peque<strong>no</strong>s empreendimentos em suas estruturasorganizacionais. É mais fácil sustentar os ímpetos <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação em pequenasempresas, nas quais os vínculos entre os <strong>de</strong>safios pessoais e suas recompensassão mais próximos.Nos últimos 25 a<strong>no</strong>s, as pesquisas sobre o papel das pequenas emédias empresas produziram <strong>no</strong>vas teorias, bem fundamentadas, quemudaram drasticamente a opinião predominante sobre o papel doempreen<strong>de</strong>dorismo na i<strong>no</strong>vação e na evolução tec<strong>no</strong>lógica. A sabedoriaconvencional segundo a qual as pequenas empresas têm um déficit <strong>de</strong>ativos <strong>de</strong> conhecimento, o que lhes conferiria clara e distinta <strong>de</strong>svantagemna geração <strong>de</strong> produção i<strong>no</strong>vadora, vem sendo substituída pelas <strong>no</strong>vasteorias sobre PMEs e i<strong>no</strong>vação. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que “para competir globalmentetem <strong>de</strong> ser gran<strong>de</strong>”, que se observa <strong>no</strong> pensamento <strong>de</strong> Schumpeter, vemsofrendo lenta mutação, que passa necessariamente pela <strong>no</strong>va consciênciado papel das pequenas e médias empresas e pela mudança do papel que aspolíticas públicas po<strong>de</strong>m ter na inserção das PMEs em pla<strong>no</strong> privilegiado<strong>de</strong> estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento com justiça social 79 .79SCHUMPETER, Joseph. The Theory of Eco<strong>no</strong>mic Development, Harvard University PressCambridge, Cambridge, Massachussetts, 1934.89<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 89 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidalPara a geração <strong>de</strong> pesquisas sobre o papel das PMEs na eco<strong>no</strong>mia,criaram-se, <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, bolsas <strong>de</strong> estudo que produziram oferta maisampliada <strong>de</strong> fundamentos que i<strong>de</strong>ntificam as pequenas empresas comoatores <strong>de</strong>cisivos para a ativida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora e os avanços tec<strong>no</strong>lógicos.No Brasil, particularmente, os estudos sobre as PMEs foram estimuladospor acordos <strong>de</strong> cooperação com organismos multilaterais, como aUnião Europeia; pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior (MDIC) e suas agências, como a Agência Brasileira<strong>de</strong> Desenvolvimento Industrial (ABDI); e por empresas privadas eentida<strong>de</strong>s sem fins lucrativos, como o SEBRAE (com o programa DesafioSEBRAE Internacional). Um dos principais avanços <strong>no</strong>s estudos atuaissobre PMEs e i<strong>no</strong>vação é a mudança na forma <strong>de</strong> medir os resultadosda i<strong>no</strong>vação. Se, antes, se consi<strong>de</strong>ravam os investimentos ou gastosem pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, o que po<strong>de</strong>ria resultar em númerosinferiores para as PMEs, hoje se avaliam as <strong>no</strong>vas invenções, técnicase métodos <strong>de</strong> produção, quesitos em que as PMEs se saem bem. ComoJova<strong>no</strong>vic conclui,a <strong>no</strong>va eco<strong>no</strong>mia aumenta a velocida<strong>de</strong> a que produtos e tec<strong>no</strong>logias se tornamobsoletos, em um ritmo mais rápido do que há algumas décadas. Estamos entrandona era da empresa jovem. A pequena empresa passa a assumir papel maior do queteve em qualquer momento nas últimas décadas.3.7. ExportaçõesO melhor estudo disponível <strong>no</strong> Brasil sobre o papel das PMEs nasexportações é realizado regularmente pelo Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às<strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> (SEBRAE). O mais recente <strong>de</strong>sses estudos,“As micro e pequenas empresas nas exportações brasileiras 1998-2008e 1 o Semestre <strong>de</strong> 2009” 80 , trabalho conjunto com a FUNCEX, apresentaconclusões reveladoras. Em que pesem às flutuações <strong>no</strong>rmais em cada a<strong>no</strong>sobre o aumento ou a queda das exportações das PMEs <strong>no</strong> cenário maiordas exportações brasileiras, o último estudo torna evi<strong>de</strong>nte a diminutaparticipação das PMEs <strong>no</strong> resultado final das exportações, ainda querespondam por mais da meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> todas as empresas exportadoras brasileiras.80“As micro e pequenas empresas nas exportações brasileiras 1998-2008 e 1°Semestre <strong>de</strong> 2009”,estudo conjunto publicado pelo SEBRAE e pela FUNCEX, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2009.90<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 90 25/10/2011 20:35:14


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosComo mencionado anteriormente, os números recentes publicadospelo estudo SEBRAE/FUNCEX reafirmam as tendências que se vêmobservando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004: queda do número <strong>de</strong> PMEs, embora comcrescimento <strong>de</strong> seu valor exportado − a um ritmo inferior ao dasexportações totais brasileiras − e aumento dos valores médios exportadospor firma. No primeiro semestre <strong>de</strong> 2009, o número <strong>de</strong> PMEs exportadorasfoi <strong>de</strong> 9.388, o que significou uma redução <strong>de</strong> 4,4% em relação aomesmo período <strong>de</strong> 2008. O valor exportado teve <strong>de</strong>sempenho ainda maisnegativo, com queda <strong>de</strong> 20,5%, reduzindo-se para US$ 874 milhões.O valor médio exportado caiu 16,8%, para US$ 93,1 mil. A queda donúmero <strong>de</strong> MPEs exportadoras <strong>de</strong>veu-se integralmente às empresas <strong>de</strong>peque<strong>no</strong> porte, que tiveram redução <strong>de</strong> 7,7%, ao passo que o número <strong>de</strong>microempresas cresceu 0,4%.A participação das pequenas empresas nas exportações totais brasileirasvem-se reduzindo continuamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999. As microempresasrespondiam por 0,2% do total naquele a<strong>no</strong>, percentual que se reduziu àmeta<strong>de</strong> até 2008. Já a participação das pequenas empresas caiu <strong>de</strong> 2,1%para 1,1%. A evolução do número <strong>de</strong> MPEs exportadoras foi bastantefavorável entre 1998 e 2004, quando se atingiu um total <strong>de</strong> 6.499microempresas e 7.655 empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte.Des<strong>de</strong> então, os números vêm-se reduzindo, <strong>de</strong> forma que em 2008já se acumulava uma redução <strong>de</strong> 11% <strong>no</strong> número <strong>de</strong> microempresas e <strong>de</strong>8,4% <strong>no</strong> número <strong>de</strong> pequenas empresas em relação a 2004. Os númerossemestrais mostram também tendência <strong>de</strong> queda das micro e pequenasempresas nas exportações brasileiras.Na região sul-americana, micro e pequenas empresas po<strong>de</strong>mcorrespon<strong>de</strong>r a mais <strong>de</strong> 80% das empresas instaladas, com um total<strong>de</strong> 50 milhões <strong>de</strong> micro e peque<strong>no</strong>s empresários, que empregam 150milhões <strong>de</strong> pessoas. Se, por um lado, po<strong>de</strong>m ter <strong>de</strong>stacada importância emalgumas eco<strong>no</strong>mias do MERCOSUL (Paraguai e Uruguai, por exemplo),por outro, não participam do comércio exterior entre os Estados Partes(Barreto, 1996). No Japão, as pequenas empresas contribuem com 50%das exportações; <strong>no</strong>s Estados Unidos, exportam entre 40 e 50% dototal; e, na Ásia, po<strong>de</strong>m alcançar 60%. No Brasil, me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 2% do queé exportado provém das micro e pequenas empresas.As empresas <strong>de</strong> maior porte foram gran<strong>de</strong>s beneficiárias do boomdo comércio mundial <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> suas exportações91<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 91 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidalserem intensivas em commodities, que registraram forte aumento <strong>de</strong><strong>de</strong>manda e também dos preços internacionais. As pequenas empresas,ao contrário, têm sofrido com a combinação <strong>de</strong> valorização da moedae aumento dos salários reais <strong>no</strong> País, visto que suas exportações seconcentram em produtos manufaturados intensivos em trabalho − querepresentaram 25,6% das exportações das microempresas e 19,5% daspequenas empresas em 2008 − e também em bens <strong>de</strong> capital − querespon<strong>de</strong>ram, em ambos os casos, por cerca <strong>de</strong> 19,5% do total. Taisprodutos são tradicionalmente muito sensíveis a variações cambiais, eas pequenas empresas não têm capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compensar um câmbiomais baixo com aumentos dos preços em dólares, em função da forteconcorrência internacional, especialmente dos produtos asiáticos.Em trabalho sobre o baixo perfil das pequenas empresas nasexportações, Edson Peterli Guimarães (2001), pesquisador da UFRJ,corrobora os dados do estudo SEBRAE/FUNCEX e busca explicaçõespara o fenôme<strong>no</strong>.A política <strong>de</strong> comércio exterior brasileira entre meados dos a<strong>no</strong>s 60e dos 80 pautava-se por incentivos e subsídios para redução <strong>de</strong> preçosdas exportações <strong>de</strong> produtos manufaturados. Essa prática contribuiupara a aceitação pelo mercado internacional das exportações <strong>de</strong> produtospadronizados, com certa automação dos seus processos produtivos,mas não foi capaz <strong>de</strong> contribuir significativamente para antecipar areconciliação entre a padronização e os processos <strong>de</strong> diversificaçãolocalizados na pequena e média empresa. Como resultado, as exportações<strong>de</strong> manufaturados mantiveram-se concentradas em produtos tradicionais,para poucos gran<strong>de</strong>s mercados e fabricados por poucas empresas queutilizam tec<strong>no</strong>logia <strong>de</strong> conhecimento universal. No passado, o mo<strong>de</strong>losubstitutivo <strong>de</strong> importações levava a que as empresas privilegiassemestratégias direcionadas para o mercado doméstico. O processo <strong>de</strong>abertura comercial iniciado <strong>no</strong> final dos a<strong>no</strong>s 80 e o avanço tec<strong>no</strong>lógicointernacional, entretanto, vêm aproximando os padrões <strong>de</strong> consumo e osmétodos <strong>de</strong> produção entre países.Nesse contexto, segundo Peterlli, são necessárias <strong>no</strong>vas estratégiasempresariais que permitam a atuação em mercados cada vez mais abertosà competição internacional. Adicione-se às <strong>no</strong>vas estratégias empresariaisa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas estratégias <strong>de</strong> planejamento governamental quepossam colaborar para impulsar o <strong>de</strong>sempenho exportador das PMEs,92<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 92 25/10/2011 20:35:14


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosem especial <strong>no</strong>s mecanismos <strong>de</strong> integração como o MERCOSUL,aumentando-se assim a interface entre a geração <strong>de</strong> emprego que asPMEs ajudam a promover e a maior participação <strong>de</strong>ssas empresas naeco<strong>no</strong>mia do MERCOSUL, com os <strong>de</strong>correntes benefícios sobre a maiorpenetração das políticas do bloco nas socieda<strong>de</strong>s dos Estados Partes e <strong>no</strong>fortalecimento da dimensão social e laboral do processo <strong>de</strong> integração.3.8. SaláriosMesmo com o impacto positivo que <strong>no</strong>vas e pequenas empresas têmsobre a geração <strong>de</strong> empregos, é necessário fazer uma advertência sobreo nível salarial. Com base na realida<strong>de</strong> do mercado <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>,Brown, Hamilton e Medoff (1990) 81 apresentaram provas empíricasque indicam que os salários pagos em pequenas e médias empresas,bem como as compensações não salariais, ten<strong>de</strong>m a ser mais baixosque aqueles pagos nas empresas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. Assim, enquanto aspequenas e médias empresas são o motor da geração <strong>de</strong> empregos econtribuem para ativida<strong>de</strong>s i<strong>no</strong>vadoras, não está ainda claro que os <strong>no</strong>vospostos <strong>de</strong> trabalho criados aten<strong>de</strong>m às expectativas mo<strong>de</strong>rnas sobresalário. As constatações sobre essa falta <strong>de</strong> parida<strong>de</strong> levaram algunsacadêmicos a repensar os méritos da promoção do empreen<strong>de</strong>dorismoe o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pequenas empresas. A premissa seria a <strong>de</strong> quese o crescimento do emprego se dá às custas <strong>de</strong> me<strong>no</strong>res salários, talvezo empreen<strong>de</strong>dorismo não mantenha a promessa prevista primeiro porSchumpeter e mais tar<strong>de</strong> por Birch.Em seu estudo, Brown, Hamilton e Medoff 82 concluíram queos trabalhadores em empresas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte ganham salários mais elevados eeste fato não po<strong>de</strong> ser explicado apenas pelas diferenças na qualida<strong>de</strong> do trabalhoprestado (especialização), pelas diferenças em cada indústria, pelas condições <strong>de</strong>trabalho ou pela realida<strong>de</strong> da eco<strong>no</strong>mia capitalista. Os trabalhadores em empresas<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte <strong>de</strong>sfrutam <strong>de</strong> benefícios melhores e <strong>de</strong> maior estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>emprego que os seus homólogos nas pequenas empresas. Quando se somam esses81BROWN, C., HAMILTON, J. and MEDOFF, J. Employers Large and Small, Harvard UniversityPress, Cambridge, 1990.82I<strong>de</strong>m.93<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 93 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidalfatores, conclui-se que os trabalhadores das gran<strong>de</strong>s empresas têm um pacote <strong>de</strong>emprego superior.A maior intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pequenas e médias empresas na UniãoEuropeia, se comparada aos Estados Unidos, po<strong>de</strong>ria explicar porque os níveis salariais são inferiores <strong>no</strong> contexto europeu. Trata-se,evi<strong>de</strong>ntemente, <strong>de</strong> uma avaliação latu sensu, que se aplica <strong>de</strong> maneirageral. As vantagens competitivas das empresas po<strong>de</strong>m ter um impactopositivo sobre os salários pagos. A concentração <strong>de</strong> mercado aumenta aalavanca salarial das empresas gran<strong>de</strong>s, quando comparadas às PMEs.Em estudo realizado <strong>no</strong> mercado espanhol entre 1990 e 1994,Lopez-Sintas e Martinez-Ros 83 confirmam que as empresas pequenaspagam salários me<strong>no</strong>res do que as gran<strong>de</strong>s.No entanto, as empresas pequenas que investem em i<strong>no</strong>vação pagamprêmios, ou gratificações, mais elevados do que as empresas maiores.Assim, <strong>no</strong> caso espanhol, que po<strong>de</strong> ser emblemático, o efeito da ativida<strong>de</strong>i<strong>no</strong>vadora sobre os níveis salariais foi maior em pequenas e médiasempresas do que nas gran<strong>de</strong>s.Os estudos <strong>de</strong> Audretsch (2001) sugerem que as pequenas empresasten<strong>de</strong>m a compensar suas <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong> tamanho por meio <strong>de</strong> maioresestímulos a seus funcionários para que busquem a i<strong>no</strong>vação e melhoraproveitamento dos fatores <strong>de</strong> produção. Ao envolver-se em estratégias <strong>de</strong>maximização dos fatores <strong>de</strong> produção, diferenciadas das que estabelecemas gran<strong>de</strong>s empresas, as empresas me<strong>no</strong>res são capazes <strong>de</strong> compensar,pelo me<strong>no</strong>s em certa medida, suas <strong>de</strong>svantagens salariais <strong>de</strong>correntes dotamanho da escala <strong>de</strong> produção.Para não limitar as avaliações ao cenário europeu e <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>,Audretsch (1995) encontrou consi<strong>de</strong>rável evidência <strong>de</strong> que peque<strong>no</strong>sestabelecimentos <strong>no</strong>s Estados Unidos, mas também <strong>no</strong> Japão, são capazes<strong>de</strong> compensar suas reduzidas dimensões mediante a perseguição <strong>de</strong> umaestratégia <strong>de</strong> recompensas laborais diferenciadas das que adotam os seushomólogos maiores.É interessante <strong>no</strong>tar, <strong>no</strong> trabalho <strong>de</strong> Audretsch, que há razões paracrer que uma estratégia <strong>de</strong> recompensas diferenciadas, especialmente <strong>no</strong>sestímulos à i<strong>no</strong>vação e <strong>no</strong>s níveis <strong>de</strong> gratificações ou premiações, seja83SINTAS, Jordi López e MARTÍNEZ-ROS, Ester. “The In<strong>no</strong>vative Behavior of SpanishEnterprises and Its Impact on Salaries”, Small Business Eco<strong>no</strong>mics, vol. 13, nº 4, Holanda, 1999.94<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 94 25/10/2011 20:35:14


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosum pouco mais difícil <strong>de</strong> adotar na Europa do que <strong>no</strong>s Estados Unidosou <strong>no</strong> Japão, o que não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> dar alguns ensinamentos sobre o quese po<strong>de</strong> fazer com a realida<strong>de</strong> do MERCOSUL. A dificulda<strong>de</strong> resi<strong>de</strong> emamarras sindicais mais fortes na Europa do que <strong>no</strong> Japão ou <strong>no</strong>s EstadosUnidos. Além disso, um amplo espectro <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmas jurídicas restringea capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> as empresas se <strong>de</strong>sviarem unilateralmente das <strong>no</strong>rmasindustriais, dado o alto grau <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação a padrões <strong>de</strong> conformida<strong>de</strong>.Mais adiante, <strong>no</strong> Capítulo 6, sobre o tratamento <strong>no</strong> MERCOSULàs pequenas e médias empresas, sugerir-se-ão <strong>no</strong>vas políticas regionaispara o estímulo da competição e i<strong>no</strong>vação, com suas consequências paraa expectativa <strong>de</strong> melhores salários nas PMEs.A hipótese <strong>de</strong> Audretsch indica que estratégias <strong>de</strong> recompensasrepresentam importante mecanismo <strong>de</strong> reforço do <strong>de</strong>sempenho dasPMEs. Um <strong>de</strong> seus testes realizou-se com levantamento <strong>de</strong> dados em7700 empresas holan<strong>de</strong>sas. Esses dados revelaram consi<strong>de</strong>rável evidência<strong>de</strong> que, mesmo em um contexto europeu, com suas restrições sindicaise legais, uma remuneração diferente da mão <strong>de</strong> obra em função <strong>de</strong>estímulos à i<strong>no</strong>vação serve, pelo me<strong>no</strong>s em certa medida, para compensaras <strong>de</strong>svantagens inerentes ao tamanho. Especula Audretsch que osfuncionários das me<strong>no</strong>res empresas po<strong>de</strong>rão aceitar salários mais baixosmediante a perspectiva <strong>de</strong> que seus salários possam subir ao longo dotempo, à luz <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> estímulos à i<strong>no</strong>vação e à produtivida<strong>de</strong>.Quando visto sob a ótica <strong>de</strong> uma teoria dinâmica como a <strong>de</strong>fendidapor Audretsch, em contraposição à teoria estática sobre o papel daspequenas empresas <strong>no</strong> crescimento e na i<strong>no</strong>vação, um dos resultadosmais <strong>no</strong>táveis é o impacto positivo que a ida<strong>de</strong> das empresas tem sobreos níveis <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, e, por conseguinte, <strong>de</strong> remuneração <strong>de</strong> seusfuncionários. Ou seja, se uma empresa pequena e jovem ainda pagasalários me<strong>no</strong>res do que as empresas maiores a funcionários em início<strong>de</strong> carreira, a tendência é <strong>de</strong> que com o passar do tempo e os estímulos ài<strong>no</strong>vação, por meio <strong>de</strong> gratificações, por exemplo, as empresas pequenascresçam e comecem a pagar salários mais elevados. Quanto me<strong>no</strong>res emais jovens, mais rápido as empresas crescerão. Essa <strong>no</strong>va <strong>de</strong>scobertaque vincula a ida<strong>de</strong> das empresas aos mecanismos <strong>de</strong> compensação e<strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> sugere que algumas das pequenas empresas <strong>de</strong> hojese tornarão as gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong> amanhã e que há pelo me<strong>no</strong>s umatendência a que a baixa produtivida<strong>de</strong> e os baixos salários <strong>de</strong> hoje se95<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 95 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidaltornem a alta produtivida<strong>de</strong> e os altos salários <strong>de</strong> amanhã, fortalecendoa sustentabilida<strong>de</strong> das empresas me<strong>no</strong>res. Pelo me<strong>no</strong>s <strong>no</strong> caso estudado,o dos Países Baixos, as políticas que promovem a sustentabilida<strong>de</strong> e aviabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas servem como instrumentos <strong>de</strong> política<strong>de</strong> concorrência, e o impacto sobre os salários e a produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> taispolíticas é consi<strong>de</strong>ravelmente maior em um contexto dinâmico do queem um contexto estático.3.9. Geração <strong>de</strong> empregoAs pequenas empresas são relevantes agentes geradores <strong>de</strong> empregosnas eco<strong>no</strong>mias mo<strong>de</strong>rnas. No período <strong>de</strong> 1995 a 2000, o número <strong>de</strong>trabalhadores em empresas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte cresceu 0,3%, enquanto nasPMEs brasileiras, por exemplo, o crescimento do número <strong>de</strong> trabalhadoresfoi <strong>de</strong> 25,9%. A geração <strong>de</strong> empregos é o gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio da eco<strong>no</strong>miamo<strong>de</strong>rna já que nem o Estado nem as gran<strong>de</strong>s corporações conseguemabsorver a mão <strong>de</strong> obra que chega ao mercado <strong>de</strong> trabalho e aquela quese encontra inativa em <strong>de</strong>corrência, justamente, da falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s.O crescimento vertigi<strong>no</strong>so <strong>no</strong>s últimos cinco a<strong>no</strong>s das pequenase médias empresas, incluídas microempresas, rompeu com a tradição<strong>de</strong> que as gran<strong>de</strong>s empresas são as maiores empregadoras e produtorasdo País. As gran<strong>de</strong>s têm uma posição <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>barganha e pelo volume <strong>de</strong> capital que carregam em suas estruturas,aumentando as vendas e os lucros em seus fluxos comerciais.As gran<strong>de</strong>s empresas ainda empregavam mais, segundo dados da RelaçãoAnual <strong>de</strong> Informações Sociais (RAIS), do TEM, publicada em 2000, eequivaliam a 54% da força <strong>de</strong> trabalho nacional contra 46% <strong>de</strong> micro,pequenas e médias empresas em 2000 84 . Outro dado interessante a serapontado como justificativa para o estudo da importância das MPEs é amigração <strong>de</strong> empregos das gran<strong>de</strong>s para estas: 1,9 milhão <strong>de</strong> empregosforam criados nas micro e pequenas firmas, enquanto as gran<strong>de</strong>s criaramapenas 88.100 vagas <strong>no</strong> período <strong>de</strong> 1995 a 2000. Esse diagnóstico énecessário para se traçarem programas efetivos <strong>de</strong> capacitação para ainserção <strong>de</strong> seus produtos e serviços <strong>no</strong> mercado internacional. É fatoque somente uma parcela <strong>de</strong>ssas MPEs tem capacida<strong>de</strong> e interesse em84Os dados do RAIS são distintos dos dados do SEBRAE, <strong>de</strong> 2008, que apontavam o percentual<strong>de</strong> 60% para as MPME.96<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 96 25/10/2011 20:35:14


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosexportar, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da área em que atuam. No âmbito global, essasempresas correspon<strong>de</strong>m a cerca <strong>de</strong> 20% do PIB brasileiro, pois asmicroempresas são responsáveis por 8% e as pequenas, por 12%.A tabela 10 anexa (p. 320) <strong>de</strong>monstra a participação das MPEs <strong>no</strong> totaldos estabelecimentos industriais, comerciais e do setor <strong>de</strong> serviços <strong>no</strong>cenário econômico do Brasil.Foi justamente <strong>no</strong> campo laboral, ou <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> emprego, queo empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong>monstrou força como instrumento para suapromoção. Em 1981, David Birch apresentou estudo sobre a geração <strong>de</strong>emprego, tomando como base o mercado <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>. Apesar dalógica convencional procurar mostrar que as gran<strong>de</strong>s empresas seriamresponsáveis pelo maior <strong>de</strong>sempenho econômico e, por conseguinte, pormaior geração <strong>de</strong> emprego, o estudo <strong>de</strong> Birch, físico e pesquisador doMassachusetts Institute of Tech<strong>no</strong>logy (MIT), revelou que as gran<strong>de</strong>sempresas já não eram as maiores geradoras <strong>de</strong> emprego <strong>no</strong>s EstadosUnidos. Ao contrário, seu estudo revelou que a maior parte dos <strong>no</strong>vosempregos criados naquele país provinha das pequenas empresas.As linhas mestras da pesquisa <strong>de</strong> Birch permanecem válidas, emboraoutros estudos tenham buscado comprovar a mesma teoria sobre geração<strong>de</strong> emprego pelas pequenas e médias empresas. Também <strong>no</strong> Canadáe na União Europeia, existem diferentes estudos que comprovam apredominância das pequenas e médias empresas na geração <strong>de</strong> empregos.Estudos sobre a criação <strong>de</strong> empregos permitiram <strong>de</strong>senvolver algunsenfoques <strong>no</strong>vos sobre o funcionamento da eco<strong>no</strong>mia <strong>no</strong>rte-americana <strong>no</strong>final do século XX.Peque<strong>no</strong>s negócios criam a vasta maioria dos <strong>no</strong>vos empregos <strong>no</strong>sEstados Unidos. Presume-se que, <strong>no</strong>s últimos 25 a<strong>no</strong>s, dois terços dos<strong>no</strong>vos empregos <strong>no</strong> setor privado foram originados entre empresaspequenas que respon<strong>de</strong>m por cerca da meta<strong>de</strong> do total dos empregadosnaquele país. As microempresas <strong>no</strong>rte-americanas, que se classificamentre as que têm <strong>de</strong> 1 a 19 empregados, são responsáveis pela maiorparte dos <strong>no</strong>vos empregos. Estudo <strong>de</strong> Bruce Kirchhoff (1989), presi<strong>de</strong>ntedo SME Committee of Business Europe 85 , calculou que as empresaspequenas nascidas em 1977 e 1978, com seu crescimento posterior,criaram 21% <strong>de</strong> todos os empregos gerados <strong>de</strong> 1977 a 1984.85KIRCHHOFF, Bruce. “Formation, Growth and Survival: Small Firm Dynamic in the USEco<strong>no</strong>my”. Small Business Eco<strong>no</strong>mics Review (pp. 65-74), 1989.97<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 97 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidalA participação das pequenas e gran<strong>de</strong>s empresas <strong>no</strong> crescimento domercado <strong>de</strong> trabalho varia <strong>de</strong> tempos em tempos. Essa variação parecefortemente vinculada aos ciclos cambiantes do mundo dos negócios.<strong>Empresas</strong> gran<strong>de</strong>s expan<strong>de</strong>m sua participação <strong>no</strong> mercado <strong>de</strong> trabalho.<strong>Empresas</strong> pequenas, por sua vez, proporcionam geração <strong>de</strong> empregosrelativamente estável durante sua sobrevivência.Esse é o ponto crucial para a vinculação entre o fortalecimento daspequenas e médias empresas e o correspon<strong>de</strong>nte fortalecimento dospilares social e cidadão do MERCOSUL.A cada emprego gerado pelas PMEs em sua fase <strong>de</strong> expansão, trêsempregos são criados por pequenas empresas nascentes. Da mesmaforma, empregos perdidos <strong>no</strong>s peque<strong>no</strong>s negócios ocorrem <strong>no</strong>rmalmenteem função do fechamento das pequenas empresas, me<strong>no</strong>s do que pelaredução <strong>de</strong> pessoal (<strong>de</strong>missões) ou redução do tamanho da empresa, oque mostra a relativa estabilida<strong>de</strong> dos empregos gerados nas PMEs.Empregos criados nas PMEs <strong>de</strong>rivam <strong>no</strong>rmalmente <strong>de</strong> dois tipos <strong>de</strong>empresas. David Birch refere-se a esses dois tipos <strong>de</strong> empresas como“mice” (camundongos) e “gazelles” (gazelas). As empresas camundongosão as <strong>no</strong>vas empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte. As gazelas são as empresaspequenas que crescem rapidamente e são responsáveis pela maior partedos empregos das PMEs gerados a partir <strong>de</strong> sua expansão. Birch estimaque 5% das pequenas empresas respon<strong>de</strong>m por três <strong>de</strong> cada quatroempregos gerados pela expansão empresarial.A distribuição <strong>de</strong> empregos <strong>de</strong> acordo com o tamanho das empresasmuda rapidamente em cada segmento industrial. <strong>Empresas</strong> pequenas, porexemplo, tornam-se cada vez mais importantes na indústria manufatureira.O censo <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> (Bureau of the Census) relatou que, em 1972,24% dos empregos <strong>no</strong> setor manufatureiro se concentravam em pequenasempresas. Esse número cresceu para 33% em 1987. Dados produzidospelo Censo para a Administração <strong>de</strong> Peque<strong>no</strong>s Negócios (Census forthe Small Business Administration) mostram que essa participaçãocresceu para 38% em 1991. Ao mesmo tempo, a participação das PMEs<strong>no</strong> comércio tem <strong>de</strong>crescido gradualmente <strong>no</strong>s Estados Unidos. Em1970, cerca <strong>de</strong> 60% dos empregos <strong>no</strong> comércio varejista se encontravamem empresas com me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 100 empregados. Em 1987, esse númerohavia caído a me<strong>no</strong>s da meta<strong>de</strong>, com maior concentração <strong>de</strong> queda emempresas com me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 10 empregados. Uma explicação parcial para98<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 98 25/10/2011 20:35:14


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosesse fenôme<strong>no</strong> po<strong>de</strong>r-se-ia encontrar na evolução do telemarketing e dasvendas pela internet.A população empresarial caracteriza-se por gran<strong>de</strong> dinamismoe movimento. Negócios abrem, fecham, expan<strong>de</strong>m-se e se contraemcontinuadamente. Cada mudança impacta os padrões <strong>de</strong> emprego. Entre1988 e 1990, por exemplo, <strong>no</strong>s Estados Unidos, mais <strong>de</strong> 23,2 milhões<strong>de</strong> empregos foram criados (14,5 em pequenas empresas e 8,5 milhõesem gran<strong>de</strong>s empresas), ao mesmo tempo em que mais <strong>de</strong> 20,5 milhões<strong>de</strong> empregos foram eliminados (11,3 em pequenas empresas e 9,1 emgran<strong>de</strong>s). <strong>Empresas</strong> pequenas se alteram mais do que as gran<strong>de</strong>s.As empresas pequenas não apenas geram a maior parcela <strong>de</strong> <strong>no</strong>vosempregos, mas também extinguem a maior parte dos empregos antigos.Essa dinâmica parece vinculada ao crescimento do emprego: “Anadaptive competitive eco<strong>no</strong>mic system seems to require a substantial<strong>de</strong>gree of volatility – business births and <strong>de</strong>aths, jobs created andjobs <strong>de</strong>stroyed,” conclui Paul Rey<strong>no</strong>lds. A dinâmica não garante, <strong>no</strong>entanto, o crescimento do emprego. Trata-se, na visão <strong>de</strong> Rey<strong>no</strong>lds,<strong>de</strong> um pré-requisito necessário. O sucesso dos Estados Unidos e asdificulda<strong>de</strong>s da Europa antes da crise <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008 em criarempregos parecem relacionados à alta incidência <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas pequenase médias empresas.Disparida<strong>de</strong>s metodológicas existem. Pesquisadores <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>sque utilizam o banco <strong>de</strong> dados da Small Business AdministrationDatabase apresentam conclusões distintas sobre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração<strong>de</strong> emprego pelas pequenas e médias empresas do que David Birch.As variações, <strong>no</strong> entanto, foram sempre consi<strong>de</strong>radas pequenas, o quenão invalida as conclusões <strong>de</strong> Birch. Em época <strong>de</strong> recessão, por exemplo,gran<strong>de</strong>s empresas ten<strong>de</strong>m a cortar empregos, o que faz com que asempresas pequenas passem a ser responsáveis por quase 100% dos <strong>no</strong>vosempregos criados. Em épocas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> crescimento, essa proporçãoten<strong>de</strong> a ser me<strong>no</strong>r, o que po<strong>de</strong>ria levar a concluir que uma eco<strong>no</strong>miasólida em pequenas e médias empresas, ou eco<strong>no</strong>mias regionais, comoa do MERCOSUL, ten<strong>de</strong>ria a ser mais resistente ao <strong>de</strong>semprego emépocas <strong>de</strong> recessão, caso pu<strong>de</strong>sse aumentar a concentração <strong>de</strong> PMEs.Pesquisadores europeus empregaram metodologias <strong>de</strong> cálculosemelhantes às <strong>de</strong> David Birch para conhecer os efeitos das pequenas emédias empresas na geração <strong>de</strong> empregos.99<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 99 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidalEm um dos primeiros estudos realizados, Gallagher e Stewart(1986) 86 , encontraram resultados semelhantes aos <strong>de</strong> Birch para o Rei<strong>no</strong>Unido, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> que empresas pequenas são as maiores criadoras<strong>de</strong> <strong>no</strong>vos empregos.Konings (1995) 87 vincula os fluxos <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos empregos <strong>no</strong> Rei<strong>no</strong>Unido ao tamanho das empresas. Suas conclusões apontam para o fato <strong>de</strong>que a taxa <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> empregos é mais alta nas pequenas empresas emais baixa nas gran<strong>de</strong>s corporações. Por outro lado, a taxa <strong>de</strong> eliminação<strong>de</strong> empregos é mais baixa nas pequenas empresas e mais elevada nasgran<strong>de</strong>s empresas.A evidência empírica sobre a geração <strong>de</strong> emprego parece bastantesólida e indica que o papel do empreen<strong>de</strong>dorismo e da criação <strong>de</strong> pequenasempresas na Europa é consistente com os resultados encontrados paraos Estados Unidos por David Birch. <strong>Pequenas</strong> e <strong>no</strong>vas empresas servemcomo alavanca <strong>de</strong> criação, seja na Europa, seja <strong>no</strong>s Estados Unidos.Vale a pena também examinar os vínculos entre crescimento esobrevivência das pequenas e <strong>no</strong>vas empresas. Crescimento implicageração <strong>de</strong> emprego, assim como sobrevivência implica manutenção<strong>de</strong> empregos. Os vínculos entre empreen<strong>de</strong>dorismo, por um lado, ecrescimento e sobrevivência, por outro, são motivo <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> váriasdisciplinas acadêmicas, além da diplomacia econômica e <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>integração regional, tais como eco<strong>no</strong>mia e sociologia.No campo da eco<strong>no</strong>mia, vários artigos reúnem as conclusões <strong>de</strong>estudos empíricos que examinaram a relação entre o tamanho dasempresas e seu crescimento, tomando como base os Estados Unidos.Tais estudos, <strong>de</strong>ntre os quais vale citar os <strong>de</strong> Samuelson e Audretsch,concluíram que, embora a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>vapequena empresa seja me<strong>no</strong>r do que a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que feche asportas, também é verda<strong>de</strong> que, quando dão certo, as pequenas empresasexibem sistematicamente maiores taxas <strong>de</strong> crescimento do que asempresas gran<strong>de</strong>s, com a <strong>de</strong>corrente maior taxa <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> empregos.Essa característica das pequenas empresas é ainda mais <strong>no</strong>tória nasempresas <strong>de</strong> alta tec<strong>no</strong>logia, segundo Audretsch (1995).86GALLAGHER, C. e STEWART, H. Jobs and the Business Cycle in the U.K., Applied Eco<strong>no</strong>mics18, pp. 875-900, Londres, 1986.87KONINGS, J. Job Creation and Job Destruction in the U.K. Manufacturing Sector, OxfordBulletin of Eco<strong>no</strong>mics and Statistics, n o 57, pp. 5-24, Londres, 1995.100<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 100 25/10/2011 20:35:14


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosA relação entre pequenas empresas, crescimento e geração <strong>de</strong>empregos, que diversos estudos na América do Norte comprovaram,também é valida para os países europeus. Estudos semelhantes aosmencionados acima confirmam essa teoria, para países como Portugal,Alemanha, Noruega e Itália. Os vínculos entre o tamanho da empresae seu crescimento e a geração <strong>de</strong> empregos não são tão contun<strong>de</strong>ntes<strong>no</strong> ambiente europeu quanto <strong>no</strong>s Estados Unidos. Alguns autores nãoi<strong>de</strong>ntificam esse vínculo, mas a gran<strong>de</strong> maioria ainda consi<strong>de</strong>ra que essarelação é forte, como na eco<strong>no</strong>mia <strong>no</strong>rte-americana.Embora possa existir ambiguida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s estudos <strong>de</strong> vinculação <strong>de</strong>crescimento e tamanho da empresa na Europa, geralmente os estudos <strong>de</strong>casos (Stylised Results) encontrados <strong>no</strong> contexto na América do Nortese assemelham aos do ambiente europeu. Segundo Ana Maria Agresti 88 ,eco<strong>no</strong>mista do Banco Central Europeu, em estudo macroeconômicocomparado entre o ciclo <strong>de</strong> negócios da União Europeia e o dos EstadosUnidos, os resultados sugerem que os dados <strong>de</strong> ambos os ambientes sãomuito semelhantes. A dimensão das flutuações em matéria <strong>de</strong> consumo,investimentos, preços e taxas <strong>de</strong> juros em relação às flutuações do PIBse aproximam bastante em ambos os territórios econômicos.Alguns resultados dos estudos apontados :1. Taxas <strong>de</strong> crescimento são mais elevadas para pequenas empresas;2. Taxas <strong>de</strong> crescimento são mais elevadas para as empresas maisjovens;3. Taxas <strong>de</strong> crescimento são ainda maiores para empresas pequenase nascentes na área <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logia intensiva;4. A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência é me<strong>no</strong>r para pequenasempresas;5. A probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência é me<strong>no</strong>r para as empresas maisjovens.Essas conclusões <strong>de</strong>vem ser levadas em conta <strong>no</strong> planejamento <strong>de</strong>políticas que envolvem o estímulo à geração <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas e ofortalecimento <strong>de</strong> sua concentração.88AGRESTI, Ana Maria. Some Stylised Facts on the Euro Area Business Cycle, European CentralBank, Working Papers Series, Bruxelas, 2001.101<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 101 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidal3.10 O caso brasileiro – papel das empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte naeco<strong>no</strong>miaEstudo anual do SEBRAE 89 , cuja última versão se refere a 2008,aponta que as micro e pequenas empresas são responsáveis por 60% dopessoal ocupado e 20% do PIB nacional. Em 1996, eram responsáveispor 50% dos empregos.O último mapeamento apontou que, entre 2000 e 2004, o número<strong>de</strong> micro e pequenas empresas <strong>no</strong> País cresceu 22,1%, passando <strong>de</strong> 4,11para 5,02 milhões. Dos 924 mil <strong>no</strong>vos estabelecimentos abertos nesseperíodo, 99% eram MPEs.“A maior expansão se <strong>de</strong>u nas regiões Norte e Centro-Oeste. Foiresultado da combinação <strong>de</strong> diversos fatores: crescimento aceleradoda população; expansão dos centros urba<strong>no</strong>s; aumento real do saláriomínimo; ampliação <strong>de</strong> programas sociais; baixo custo <strong>de</strong> produção;e guerra fiscal entre estados. O Sul e o Su<strong>de</strong>ste, apesar <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong>crescimento me<strong>no</strong>res, continuam sendo as regiões que concentram maiornúmero <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong>sse porte.As pequenas e médias empresas são invisíveis, mas fundamentaispara o sistema econômico. E por terem um po<strong>de</strong>r mais difuso, ninguém asvê como um potencial”, explica o professor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Eco<strong>no</strong>mia eAdministração da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas (Unicamp) Miguel Juan Bacic.O estudo levantou também que, <strong>de</strong>ntre os setores pesquisados, o <strong>de</strong>serviços foi o que mais cresceu, atingindo uma taxa <strong>de</strong> 28,4%. Nesseramo, os serviços <strong>de</strong> informática, aluguel <strong>de</strong> veículos, corretores <strong>de</strong>seguros, saú<strong>de</strong> e previdência privada foram os mais representativos. Nocomércio (21,5%), a maior expansão foi <strong>de</strong> estabelecimentos que ven<strong>de</strong>mmateriais e equipamentos <strong>de</strong> escritório e informática. Já a indústria tevecrescimento mais mo<strong>de</strong>sto, 12,9%, sendo que os principais representantesainda são os <strong>de</strong> construção civil, indústrias <strong>de</strong> confecção e <strong>de</strong> alimentose bebidas.Na região sul-americana, micro e pequenas empresas po<strong>de</strong>mcorrespon<strong>de</strong>r a mais <strong>de</strong> 80% das empresas instaladas, com um total <strong>de</strong> 50milhões <strong>de</strong> micro e peque<strong>no</strong>s empresários que ocupam 150 milhões <strong>de</strong>pessoas. Com <strong>de</strong>stacada importância na eco<strong>no</strong>mia dos países que integramo MERCOSUL, não participam, por outro lado, do comércio exterior89SEBRAE “MPE Data na Internet”, www.sebrae.com,br, estudos e publicações, 2009.102<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 102 25/10/2011 20:35:14


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosdos Estados Partes (Barreto, 1996). No Japão, as pequenas empresascontribuem com 50% das exportações; <strong>no</strong>s Estados Unidos, exportam entre40 e 50% do total; e, na Ásia, po<strong>de</strong>m alcançar 60%. No Brasil, me<strong>no</strong>s <strong>de</strong>2% do que se exporta provém das micro e pequenas empresas.Segundo o coor<strong>de</strong>nador da primeira pesquisa do SEBRAE, referentea 2007, Marco Aurélio Bedê 90 , abrir uma empresa é opção importantepara a geração da própria ocupação, pois, segundo elecada vez é mais difícil você conseguir gerar <strong>no</strong> mercado <strong>de</strong> trabalho uma vagapara empregados. Dessa forma, sobra para a socieda<strong>de</strong> a opção do peque<strong>no</strong>empreendimento como forma <strong>de</strong> gerar <strong>no</strong>vos postos <strong>de</strong> trabalho.Alguns dados da extensa pesquisa são relevantes para o presentetrabalho, que aponta para o interesse <strong>de</strong> se formularem políticas<strong>de</strong> estímulo à expansão <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong>MERCOSUL, como forma <strong>de</strong> fortalecer a dimensão social do bloco e<strong>de</strong> aproximar o projeto <strong>de</strong> integração das socieda<strong>de</strong>s dos Estados Partes,por meio dos mais po<strong>de</strong>rosos agentes <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> empregos.Sobre o número <strong>de</strong> micro e pequenas empresas, o estudo revela que,em 2008, existiam 5,7 milhões <strong>de</strong> registros, com a seguinte distribuiçãogeográfica:Su<strong>de</strong>ste 2.946.051Sul 1.372.627Nor<strong>de</strong>ste 854.036Centro-Oeste 418.365Norte 195.617Total <strong>de</strong> MPEs 5.786.696Total <strong>de</strong> empregados com carteira assinada 10.336.064 91Total <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores individuais 418.741Total <strong>de</strong> MPEs exportadoras 12.230(8.087 na região Su<strong>de</strong>ste)Valor exportado pelas MPE US$ 1.894.700.00090Segundo Pesquisa Mensal <strong>de</strong> Emprego do IBGE, o total para o Brasil é <strong>de</strong> 22 milhões.91SEBRAE. “Empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong> Brasil: 2009”, Relatório Executivo, em parceria com oGlobal Entrepreneurship Monitor (GEM), FIESP, SESI e SENAI, 2009, estudos e publicaçõesdo SEBRAE.103<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 103 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidalAlgumas conclusões importantes se po<strong>de</strong>m extrair <strong>de</strong>sses dadossobre o papel das micro e pequenas empresas <strong>no</strong> Brasil. Observe-se queos dados do SEBRAE não computam empresas médias.Empregos: são as maiores geradoras <strong>de</strong> empregos <strong>no</strong> Brasil e tambémreúnem gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores individuais.Estabilida<strong>de</strong> <strong>no</strong> emprego: com taxa <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong>aproximadamente 75%, as pequenas empresas são capazes <strong>de</strong> manterempregos por longo tempo e po<strong>de</strong>m ser me<strong>no</strong>s suscetíveis aos choquesexter<strong>no</strong>s.Qualida<strong>de</strong> do emprego: as pequenas empresas brasileiras têm umataxa <strong>de</strong> 76% <strong>de</strong> empregos formais, com carteira <strong>de</strong> trabalho assinada.Exportações: apenas 12 mil pequenas empresas exportam, ou seja,0,2% do total. Ainda assim, são responsáveis por US$ 1,8 bilhão, ou0,9% do total das exportações brasileiras. Um exercício hipotético diriaque, se o total <strong>de</strong> empresas pequenas exportadoras passasse <strong>de</strong> 0,9%para 10%, ou seja, 120 mil pequenas empresas exportadoras, haveriaboa probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que as exportações <strong>de</strong>sse grupo aumentassem paracerca <strong>de</strong> US$ 18 bilhões anuais, ou 10% do total exportado pelo Brasil,com a vantagem <strong>de</strong> serem me<strong>no</strong>s vulneráveis aos choques exter<strong>no</strong>s, poistrabalham com escalas <strong>de</strong> produção e comercialização me<strong>no</strong>res do queas gran<strong>de</strong>s corporações.Em relatório intitulado “Empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong> Brasil: 2009”, oSEBRAE examina o tema da participação das micro, pequenas e médiasempresas na eco<strong>no</strong>mia brasileira. Estuda aspectos como os impulsospara sua criação, as taxas <strong>de</strong> sobrevivência, as taxas <strong>de</strong> crescimento, ainserção internacional das PMEs e o papel do empreen<strong>de</strong>dorismo emdiferentes fases do <strong>de</strong>senvolvimento econômico.O relatório indica que o empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong>rmalmente obe<strong>de</strong>cea três tipos <strong>de</strong> estímulo. O primeiro é o “empreen<strong>de</strong>dorismo em paísesfactor-driven”. Trata-se <strong>de</strong> países com baixos níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico que têm tipicamente um gran<strong>de</strong> setor agrícola, que fornecesubsistência à maior parte da população, na sua maioria estabelecida <strong>no</strong>campo. Essa situação se altera assim que a ativida<strong>de</strong> industrial começa a se<strong>de</strong>senvolver, muitas vezes em tor<strong>no</strong> da extração <strong>de</strong> recursos naturais. A partirdo <strong>de</strong>senvolvimento da indústria extrativa, ocorre crescimento econômico,104<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 104 25/10/2011 20:35:14


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosque leva a população exce<strong>de</strong>nte da agricultura a migrar para os setoresindustriais nascentes e intensivos em mão <strong>de</strong> obra, localizados em regiõesespecíficas. O resultado do excesso <strong>de</strong> oferta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra alimenta o“empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong> subsistência”, o que leva os trabalhadores a procurarcriar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> autoemprego. Na América do Sul, a Venezuela seconstitui <strong>no</strong> exemplo mais característico <strong>de</strong>sse impulso, a partir dos esforçospara vencer a <strong>de</strong>pendência da ativida<strong>de</strong> petroleira.O segundo impulso é o do “empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong> paísesefficiency-driven”. A partir do momento em que o setor industrial se<strong>de</strong>senvolve <strong>de</strong> forma um pouco mais dinâmica, instituições começama surgir e a apoiar a industrialização e a busca <strong>de</strong> maior produtivida<strong>de</strong>nas eco<strong>no</strong>mias <strong>de</strong> escala. Normalmente, segundo o Relatório Executivo,as políticas econômicas nacionais nessas eco<strong>no</strong>mias emergentes moldam suasinstituições econômicas e financeiras para favorecerem gran<strong>de</strong>s empresasnacionais. Como o aumento da produtivida<strong>de</strong> econômica contribui para a formação<strong>de</strong> capital financeiro, nichos po<strong>de</strong>m ser abertos nas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong>serviços industriais.Esse ambiente estimula oportunida<strong>de</strong>s para o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> pequenas e micro empresas da indústria da transformação, queatuam em pequena escala. Na América do Sul, Brasil, Argentina, Chile,Colômbia, Equador, Peru e Uruguai são apontados como exemplos <strong>de</strong>“empreen<strong>de</strong>dorismo em países efficiency-driven”.O terceiro estímulo ocorre <strong>no</strong>s países in<strong>no</strong>vation-driven, <strong>no</strong>s quaisa eco<strong>no</strong>mia amadurece, aumenta sua riqueza e provê serviços a umapopulação <strong>de</strong> alta renda. Melhora-se a produtivida<strong>de</strong> e a sofisticação dosbens <strong>de</strong> consumo e dos serviços. Aumentam-se as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisae <strong>de</strong>senvolvimento (P&D) e a intensida<strong>de</strong> do conhecimento aplicado naativida<strong>de</strong> produtiva. A indústria ganha em valor agregado. Nesse ambiente,favorece-se a criação <strong>de</strong> pequenas empresas i<strong>no</strong>vadoras, apoiadas eminstituições financeiras que acolhem essas empresas e financiam <strong>no</strong>vosprojetos. As PMEs, nesse ambiente, po<strong>de</strong>m emergir como importantesmotores do crescimento econômico e da criação <strong>de</strong> riqueza.No Brasil, que ainda se move pelo segundo estímulo (empreen<strong>de</strong>dorismoefficiency-driven), o Relatório Executivo, ao examinar o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2009,i<strong>de</strong>ntificou o que se <strong>de</strong><strong>no</strong>mina “empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>”.105<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 105 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidalNaquele a<strong>no</strong>, em seguida à crise <strong>de</strong> 2008, a ameaça ao emprego se <strong>de</strong>u <strong>de</strong>forma veemente, com inúmeras informações sobre <strong>de</strong>missões em massa,e setores industriais que cortaram postos <strong>de</strong> trabalho, o que estimulou umcontingente consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> pessoas a buscar <strong>no</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo umaforma <strong>de</strong> proteção contra a recessão que se vislumbrava. Tal recessãoocorreu, mas não durou tanto quanto nas eco<strong>no</strong>mias mais avançadas.Assim, além do processo <strong>no</strong>rmal <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong> Brasil, típico<strong>de</strong> sua condição <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mia efficency-driven, em que <strong>no</strong>vos setoresindustriais são criados pela abundância <strong>de</strong> recursos gerados pelo setorprimário, o empreen<strong>de</strong>dorismo também po<strong>de</strong> ser motivado por choquesexter<strong>no</strong>s. Estes últimos favorecem a criação <strong>de</strong> pequenas empresas,pois os empreen<strong>de</strong>dores buscam nelas uma forma <strong>de</strong> proteção contraas <strong>de</strong>missões em massa e fuga <strong>de</strong> capitais característicos dos ambienteseconômicos dominados por gran<strong>de</strong>s empresas.Sobre i<strong>no</strong>vação, o Relatório Executivo <strong>de</strong> 2009 indica que as pequenasempresas <strong>no</strong> Brasil ainda não se sentem suficientemente i<strong>no</strong>vadoras, oque as distancia do quadro <strong>de</strong> in<strong>no</strong>vation-driven eco<strong>no</strong>mies. O Brasil temum dos me<strong>no</strong>res índices <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação, ou “<strong>no</strong>vida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produto”, entretodos os países que participam da pesquisa mundial do GEM. Poucomais <strong>de</strong> 15% dos empreen<strong>de</strong>dores reconhecem algum tipo <strong>de</strong> <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>em seus produtos para os consumidores. Quando se trata da ameaça <strong>de</strong>concorrência, os empreen<strong>de</strong>dores brasileiros parecem pouco motivadosa conhecer <strong>no</strong>vas oportunida<strong>de</strong>s regionais ou a ocupar <strong>no</strong>vos nichos, ouclusters, uma vez que cerca <strong>de</strong> 95% dos empreendimentos se localizamem ambientes <strong>de</strong> intensa concorrência direta.De acordo com o estudo do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Econômica Aplicada(IPEA), <strong>de</strong> 2005, a proporção <strong>de</strong> empresas com mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z empregadosque realizam algum esforço <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação é <strong>de</strong> 31,5%. Embora não seja<strong>de</strong>sprezível, esse índice – chamado <strong>de</strong> taxa <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação – é muito baixose comparado com o que se verifica em países mais avançados.Em comparação com os países europeus, entre os a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 1998 e2000, a indústria brasileira apresenta uma taxa <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação superiorapenas à da Grécia (26%) e muito me<strong>no</strong>r do que a dos países lí<strong>de</strong>res– Alemanha, Bélgica, Holanda e Dinamarca –, cujas taxas variam entre49 e 60%.A qualida<strong>de</strong> da i<strong>no</strong>vação praticada pelas empresas brasileirastambém está muito aquém do exigido para o <strong>de</strong>senvolvimento do País.106<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 106 25/10/2011 20:35:14


micro, pequenas e médias empresas como agentes <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> empregosA i<strong>no</strong>vação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, isto é, aquela que gera maiores condições <strong>de</strong>competitivida<strong>de</strong> em razão <strong>de</strong> criar <strong>no</strong>vos produtos ou <strong>no</strong>vos processos<strong>de</strong> produção, sob a ótica do mercado, é muito pequena. Das empresasque i<strong>no</strong>vam para o mercado, apenas 4,1% i<strong>no</strong>vam em produto, e me<strong>no</strong>sainda, 2,8%, i<strong>no</strong>vam em processo. A tabela 11 anexa (p. 261), mostrao campo comparado <strong>de</strong> expectativa <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação em alguns paíseslati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong>s, com ênfase <strong>no</strong>s membros do MERCOSUL (excetoParaguai).Dado importante extraído do Relatório Executivo é a Taxa <strong>de</strong>Expectativa <strong>de</strong> Alto Crescimento, conhecida como taxa HEA. Essataxa me<strong>de</strong> a expectativa <strong>de</strong> cada <strong>no</strong>vo empreen<strong>de</strong>dor em relação aocrescimento <strong>de</strong> sua empresa e à perspectiva <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> empregos.No Brasil, essa taxa é consi<strong>de</strong>rada baixa, <strong>de</strong> 5% do total <strong>de</strong> empresasconsultadas, ao passo que o padrão mundial, indicado pelo GlobalEntrepreneurship Monitor (GEM), é <strong>de</strong> 14%, <strong>no</strong> período <strong>de</strong> 2004 a 2009.Esse dado ganha relevância para o presente trabalho. Po<strong>de</strong> corroborara tese <strong>de</strong> que os peque<strong>no</strong>s empresários <strong>no</strong> Brasil ainda não se sentemconfiantes na sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento, talvez por sentirem aausência <strong>de</strong> estímulos por parte da eco<strong>no</strong>mia e por parte das políticaspúblicas governamentais. A Lei Geral <strong>de</strong> <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>,sancionada em 2008, ainda está sendo regulamentada em vários estadose municípios. Ainda não foi possível avaliar seus resultados. CândidaCervieri, representante brasileira na Comissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e<strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do SGT-7, e integrante da equipe governamental queredigiu o texto da Lei, consi<strong>de</strong>ra que a sua avaliação é prejudicada pela<strong>de</strong>mora na sua regulamentação <strong>no</strong>s estados e municípios.Tomado o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2009, os peque<strong>no</strong>s empresários brasileirosmostram-se pouco confiantes nas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> seusempreendimentos. Pouco mais <strong>de</strong> 50% dos peque<strong>no</strong>s empresários 92 nãoacreditavam na sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> empregos <strong>no</strong>vos em prazome<strong>no</strong>r a cinco a<strong>no</strong>s, e me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 15% viam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar seisou mais <strong>no</strong>vos postos <strong>de</strong> trabalho.Esse dado <strong>de</strong>ve ser visto como um sinal da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar <strong>no</strong>vaspolíticas públicas capazes <strong>de</strong> gerar a confiança necessária <strong>no</strong> peque<strong>no</strong>empresário sobre o seu potencial gerador <strong>de</strong> empregos. Neste trabalho,o cenário que interessa é o do contexto regional do MERCOSUL e92A referência a “peque<strong>no</strong>s empresários” engloba também as microempresas.107<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 107 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidaldas políticas para a expansão das pequenas empresas <strong>no</strong> seu territórioeconômico, o que pressupõe criar <strong>no</strong>vas instâncias <strong>de</strong> inclusão daspequenas e médias empresas, que também representam naturalmente osmicroempresários, <strong>no</strong>s foros <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão do MERCOSUL e nas estratégias<strong>de</strong> fortalecimento das PMEs <strong>no</strong> MERCOSUL.A falta <strong>de</strong> confiança dos peque<strong>no</strong>s empresários na sua capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> crescimento não <strong>de</strong>ve ser confundida com a falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> dasPMEs para geração <strong>de</strong> empregos e crescimento econômico, premissaquase unânime <strong>no</strong>s estudos consultados. Os estudos apresentadossão claros sobre o potencial <strong>de</strong>sse segmento para as eco<strong>no</strong>mias, seucrescimento, sua estabilida<strong>de</strong>, a geração <strong>de</strong> empregos e para a maiorresistência aos choques exter<strong>no</strong>s. Vários estudos indicam claramente queas eco<strong>no</strong>mias cujas bases estão assentadas sobre as pequenas e médiasempresas apresentam vantagens competitivas e maior grau <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vaçãoe produtivida<strong>de</strong>.O <strong>de</strong>safio para o MERCOSUL é maximizar esse potencial, por meiodo estabelecimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vo paradigma da integração, alicerçado sobreas pequenas e médias empresas.108<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 108 25/10/2011 20:35:14


Capítulo 4 – O Tratamento do Tema <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>,<strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>no</strong> Mercosul e asPolíticas Públicas BrasileirasO processo negociador <strong>no</strong> MERCOSUL tem contado com aparticipação ativa dos gran<strong>de</strong>s grupos econômicos em atuação <strong>no</strong> País,nacionais ou multinacionais. Essa participação, embora tenha sidopositiva como um todo para a <strong>de</strong>mocratização do processo <strong>de</strong>cisóriona formulação <strong>de</strong> políticas e estratégias <strong>de</strong> integração regional, etenha logrado tornar o MERCOSUL uma realida<strong>de</strong> <strong>no</strong> mapa político eeconômico sul-america<strong>no</strong>, reduzindo-se gradualmente a formulação <strong>de</strong>políticas em gabinetes fechados, po<strong>de</strong> ter, por outro lado, direcionado oprocesso <strong>de</strong> integração regional <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>sequilibrada para um ladoapenas do interesse nacional, ou seja, para a <strong>de</strong>fesa dos interesses <strong>de</strong>inserção ou fortalecimento dos gran<strong>de</strong>s grupos econômicos na eco<strong>no</strong>miado MERCOSUL, e <strong>de</strong> seus interesses <strong>de</strong> acesso privilegiado aos mercadosconsumidores do bloco. Essa tendência se intensifica na medida em queo setor produtivo nacional se internacionaliza, e se verifica um processo<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> multinacionais brasileiras, que atuam em escala global,como é o caso das gran<strong>de</strong>s construtoras e das empresas agroexportadoras,si<strong>de</strong>rúrgicas e do setor automobilístico. Esse processo ganhou emfortaleza <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 2000, embora se tenha começado a criar <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 90,apogeu da formação do MERCOSUL.Embora possa trazer benefícios para alguns setores produtivos econtribuir para o crescimento econômico do País, por meio do ingresso109<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 109 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>de</strong> receitas exportadoras e da geração <strong>de</strong> empregos setoriais, a negociação<strong>no</strong> MERCOSUL tem sido feita em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> metas <strong>de</strong> crescimentomais distributivas <strong>de</strong> renda e geradoras <strong>de</strong> emprego, com a ausência <strong>de</strong>participação mais ativa das pequenas e médias empresas 93 <strong>no</strong> processo<strong>de</strong>cisório, o que <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> levar em conta seu papel fundamental nageração <strong>de</strong> empregos, particularmente <strong>no</strong> Brasil, bem como sua fortalezaeconômica, sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação e o estímulo que gera para oespírito empreen<strong>de</strong>dor, limitando, assim, o potencial do MERCOSULcomo instrumento efetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social, aserviço das gran<strong>de</strong>s massas.Maria Silvia Portela, diretora da Central Única dos Trabalhadores(CUT) do Brasil 94 , concorda com essa linha <strong>de</strong> pensamento.Estou plenamente <strong>de</strong> acordo com tal fundamentação. Realmente a distância entreo MERCOSUL e as pessoas <strong>no</strong> dia-a-dia é imensa, a maioria não sabe o que é eprincipalmente o que tem a ver com sua vida. Acho que uma parte da respostaestá nas políticas <strong>de</strong> integração voltadas à pequena empresa.Na sua visão, as gran<strong>de</strong>s empresas concentram o interesse <strong>no</strong>processo <strong>de</strong> integração do MERCOSUL <strong>no</strong> acesso a créditos <strong>de</strong> baixocusto, <strong>no</strong>s incentivos fiscais e na eliminação <strong>de</strong> tarifas. Esse últimoponto é crucial: um exame das políticas tarifárias <strong>de</strong>fendidas pelo Brasil<strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, em órgãos como o GECEX e a CAMEX, indica quea postura dos sucessivos gover<strong>no</strong>s tem sido a <strong>de</strong> advogar uma tarifaexterna comum (TEC) <strong>no</strong> MERCOSUL elevada, ou mais alta do que amédia dos <strong>de</strong>mais parceiros, em setores tradicionais que se i<strong>de</strong>ntificamcom o mo<strong>de</strong>lo exportador brasileiro, como máquinas e equipamentos,produtos agrícolas, ou que tradicionalmente se beneficiaram <strong>de</strong> reservas93Para o IBGE e o SEBRAE, na categoria das pequenas e médias empresas, as pequenas empresastêm até 99 empregados e as médias empresas contam <strong>de</strong> 100 a 500 empregados. Recentemente,a Lei Geral <strong>de</strong> <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> ampliou a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> pequenas empresas paraaquelas que faturam abaixo <strong>de</strong> R$ 2,4 milhões ao a<strong>no</strong>. O que distingue as pequenas empresas dasmicroempresas é a classificação do SEBRAE, que <strong>de</strong>fine a categoria <strong>de</strong> microempresas comoaquelas com até 20 empregados. As microempresas não apresentam, em geral, balanços anuais.Para efeito <strong>de</strong>ste estudo, dar-se-á priorida<strong>de</strong> à análise das pequenas e médias empresas, muitoembora as microempresas também façam parte <strong>de</strong> várias pesquisas examinadas e também seinsiram <strong>no</strong>s propósitos maiores do trabalho.94Entrevista com Maria Silvia Portela, Socióloga e Assessora Internacional da CUT, janeiro<strong>de</strong> 2010.110<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 110 25/10/2011 20:35:14


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosul<strong>de</strong> mercado, como o setor automotivo, bens <strong>de</strong> informática e produtosfarmacêuticos.O lobby <strong>de</strong>sses setores é forte. Tem atuado <strong>de</strong> forma organizada esistemática junto aos principais órgãos governamentais formuladores <strong>de</strong>políticas para o MERCOSUL, como a Secretaria <strong>de</strong> Política Industrial(SPI) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,ou a Secretaria <strong>de</strong> Assuntos Internacionais (SAIN) do Ministério daFazenda, ou o Departamento <strong>de</strong> Defesa Comercial (DECOM), do MDIC,bem como junto ao Ministério das Relações Exteriores, por meio <strong>de</strong>suas unida<strong>de</strong>s voltadas para as negociações do MERCOSUL, como oDepartamento do MERCOSUL, a Divisão do Mercado Comum do Sul(DMC) e as próprias Embaixadas brasileiras localizadas nas capitais dosEstados Partes.A imprensa mundial tem coberto os trabalhos <strong>no</strong> MERCOSUL, eo protecionismo brasileiro adotado <strong>no</strong> MERCOSUL em relação à TECe em prol dos mesmos setores em que operam gran<strong>de</strong>s corporações ougran<strong>de</strong>s empresas torna-se evi<strong>de</strong>nte. Em janeiro <strong>de</strong> 2007, a agência <strong>de</strong><strong>no</strong>tícias Xinghua, da China, publicava:Brasil expresó hoy su rechazo a una reducción <strong>de</strong> la tarifa externa <strong>de</strong>l MercadoComún <strong>de</strong>l Sur (Mercosur), consi<strong>de</strong>rada alta por algunas naciones comoChile. Una baja <strong>de</strong> la tarifa externa común (TEC) <strong>no</strong> resuelve el problema principal<strong>de</strong>l Mercosur: las asimetrías entre los socios chicos y gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>l bloque, expresóel ministro <strong>de</strong>l Desarrollo, Comercio Exterior e Industria <strong>de</strong> Brasil, Luiz FernandoFurlan. La <strong>no</strong> reducción <strong>de</strong> la TEC ha sido el principal obstáculo para la integración<strong>de</strong> Chile como socio ple<strong>no</strong> <strong>de</strong>l Mercosur. Algu<strong>no</strong>s países y la Unión Europeaconsi<strong>de</strong>ran proteccionista la tarifa externa común <strong>de</strong>l Mercosur. Durante la XXXIIcumbre <strong>de</strong>l Mercosur efectuada el jueves y viernes en la ciudad brasileña <strong>de</strong> Rio<strong>de</strong> Janeiro, Furlan consi<strong>de</strong>ró posible que los países gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>l bloque ofrezcanalgunas ventajas sectoriales pero <strong>no</strong> una lista abierta <strong>de</strong> privilegios. Furlan dijo queel Mercosur examinará la flexibilización <strong>de</strong> algunas reglas para facilitar el ingreso<strong>de</strong> Bolivia como socio ple<strong>no</strong>, pues ese país <strong>no</strong> <strong>de</strong>sea abandonar la ComunidadAndina <strong>de</strong> Naciones (CAN) que tiene tarifas más bajas. La CAN tiene una tarifaexterna común <strong>de</strong> 20 por ciento y el Mercosur <strong>de</strong> 35 por ciento.Ao se avançar <strong>de</strong> uma zona <strong>de</strong> livre comércio (ZLC) para uma uniãoaduaneira (UA), a TEC po<strong>de</strong> ser utilizada para minimizar os custos111<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 111 25/10/2011 20:35:14


afael <strong>de</strong> mello vidalinflacionários do <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> comércio com o resto do mundo em direçãoaos países que integram uma ZLC. A substituição das importaçõesprovenientes do resto do mundo pelas compras originárias dos parceirosda ZLC ocorre, muitas vezes, embora nem sempre, a preços superiores aosvigentes <strong>no</strong> mercado internacional. Esse fenôme<strong>no</strong> é <strong>no</strong>rmal em blocoseconômicos como o MERCOSUL, em que as eco<strong>no</strong>mias sofrem pelafalta <strong>de</strong> integração produtiva e pela escala global, bem como pela cargaimpositiva muito elevada ou <strong>de</strong>sorganizada, o que torna seus produtosme<strong>no</strong>s competitivos se comparados ao resto do mundo. Isso pressupõeque pelo me<strong>no</strong>s uma parcela da isenção tarifária concedida aos produtoreslocalizados na ZLC seja apropriada sob a forma <strong>de</strong> incremento <strong>no</strong>s preços.Dessa forma, ao avançar uma ZLC para uma união aduaneira, quantome<strong>no</strong>r a TEC, maior a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que o preço do parceiro regionalse aproxime do preço vigente <strong>no</strong> mundo, fazendo com que o custo do<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> comércio sobre o consumidor intrazona se aproxime <strong>de</strong> zero.Se esse critério prevalecesse na elaboração da TEC, os paísespeque<strong>no</strong>s do MERCOSUL, como Paraguai e Uruguai, teriam preferênciapor uma estrutura tarifária que fixasse alíquotas me<strong>no</strong>res para osprodutos potencialmente importáveis, minimizando <strong>de</strong>ssa forma asperdas inflacionárias, e tarifas maiores para os produtos exportáveis,maximizando os seus próprios ganhos (Kume, 1993) 95 . Os países gran<strong>de</strong>sdo bloco, como o Brasil, procurariam reproduzir a sua estrutura tarifária,<strong>de</strong> modo a preservar a sua produção doméstica. A Argentina adotariaprocedimento similar, à exceção das tarifas <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital (inclusiveinformática e telecomunicações), ativida<strong>de</strong> na qual o Brasil é o principalfornecedor regional. Como esse critério não prevaleceu, foram naturaisas dificulda<strong>de</strong>s em alcançar um acordo sobre a TEC <strong>no</strong> MERCOSULque acomodasse os diversos interesses dos países-membros.Uma solução adotada <strong>no</strong> MERCOSUL para acomodar as assimetriase para os produtos que geravam maior controvérsia, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>tarifas nacionais muito diferentes, foi aceitar temporariamente tarifasdiferenciadas, <strong>de</strong> modo que o ônus <strong>de</strong> uma tarifa maior fosse assumidoapenas pelo país interessado 96 . Assim, a TEC permite exceções em duas95KUME, H. Hacia una Política Comercial Común <strong>de</strong>l MERCOSUR, Siglo Veintiu<strong>no</strong> EditoraIberoamericana y Red Mercosur, Montevidéu, 2006.96O Professor Alci<strong>de</strong>s Costa, da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasília, <strong>de</strong><strong>no</strong>mina esse processo <strong>de</strong> “questãodistributiva” dos formuladores <strong>de</strong> políticas para o MERCOSUL.112<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 112 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulcategorias negociadas: a primeira são os regimes especiais <strong>de</strong> importação,que incluem, por exemplo, bens <strong>de</strong> capital e produtos <strong>de</strong> informática etelecomunicações, <strong>no</strong>s quais as tarifas nacionais eram bastante distintas etiveram um processo <strong>de</strong> negociação específico; a segunda é a <strong>de</strong><strong>no</strong>minadaLista Nacional <strong>de</strong> Exceção, que abrange os produtos para os quais cadapaís consi<strong>de</strong>rava inapropriada uma mudança repentina na tarifa nacional,fosse por motivos protecionistas, fosse com o objetivo <strong>de</strong> evitar impactosobre os custos <strong>de</strong> produção ou investimento (Kume, 1996).A estrutura da TEC aprovada <strong>no</strong> MERCOSUL apresenta alíquotascrescentes em 2 pontos percentuais <strong>de</strong> acordo com o grau <strong>de</strong> elaboraçãoao longo da ca<strong>de</strong>ia produtiva. Assim, as tarifas <strong>de</strong> matérias-primas variamentre 0% e 12%, as <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital, entre 12% e 16% e as <strong>de</strong> bens <strong>de</strong>consumo, entre 18% e 20%.A princípio, duas críticas po<strong>de</strong>riam ser feitas a essa estrutura tarifária:a primeira, quanto ao número excessivo <strong>de</strong> alíquotas, em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong>uma simplicida<strong>de</strong> maior na administração aduaneira, e a segunda, quantoà falta <strong>de</strong> uniformida<strong>de</strong> da proteção efetiva, uma vez que se privilegiouuma escalada na tarifa <strong>no</strong>minal, com o objetivo <strong>de</strong> assegurar umaproteção efetiva crescente em cada etapa da estrutura produtiva. Assim,encontram-se tarifas efetivas diferenciadas para produtos com processostec<strong>no</strong>lógicos <strong>de</strong> produção similares.Entretanto, um número gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> alíquotas permitiu acomodar maisfacilmente os interesses dos quatro países, enquanto a escalada da tarifa<strong>no</strong>minal reproduziu o antigo dogma, <strong>de</strong> que as proteções efetivas <strong>de</strong>bens finais <strong>de</strong>vem ser sempre superiores às <strong>de</strong> bens intermediários e às<strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital.Sob a ótica brasileira, o resultado das negociações foi bastantesatisfatório.Estudo do IPEA indica que a formação da união aduaneira, emboraainda incompleta, certamente permitiu o redirecionamento <strong>de</strong> umaparcela dos produtos fabricados <strong>no</strong> Brasil para os mercados dos outrospaíses-membros do MERCOSUL, por meio da geração <strong>de</strong> comércio e do<strong>de</strong>slocamento das exportações <strong>de</strong> terceiros países (<strong>de</strong>svio <strong>de</strong> comércio) 97 .O processo associado ao Brasil po<strong>de</strong> ser visualizado a partir dos dadosapresentados na tabela 12 anexa (p. 262), que representam os coeficientes97KUME, Honório e PIANI, Guida. “Comércio e Tarifa Externa Comum (TEC) <strong>no</strong> MERCOSUL:Uma Perspectiva Brasileira”, Diretoria <strong>de</strong> Estudos Macroeconômicos do IPEA.113<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 113 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>de</strong> exportação para o MERCOSUL, provenientes <strong>de</strong> alguns setoresmais relevantes da eco<strong>no</strong>mia. Serão consi<strong>de</strong>rados como ganhadores doprocesso <strong>de</strong> integração ao MERCOSUL os setores cujos coeficientes<strong>de</strong> exportação tiverem apresentado taxa <strong>de</strong> crescimento superior à damédia nacional, entre 1990 e 1996. Nesse grupo <strong>de</strong>stacam-se (em or<strong>de</strong>m<strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> crescimento): autopeças, metais não ferrosos,setor têxtil, setor farmacêutico, celulose, calçados, automóveis, materialelétrico, máquinas e tratores, produtos vegetais beneficiados e produtosmetalúrgicos.Dentre estes, po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados gran<strong>de</strong>s ganhadores os queapresentavam, em 1990, coeficiente <strong>de</strong> exportação abaixo da média ea relação inversa, em 1996: a indústria têxtil, <strong>de</strong> celulose e a <strong>de</strong> metaisnão ferrosos.No grupo dos per<strong>de</strong>dores incluem-se aqueles setores que, além<strong>de</strong> terem registrado crescimento abaixo da média geral <strong>no</strong> período1990-1996, tinham, neste último a<strong>no</strong>, coeficiente <strong>de</strong> exportação inferiorao valor médio da indústria. Nesse grupo, encontram-se: equipamentoseletrônicos, si<strong>de</strong>rurgia, outros produtos alimentares e minerais nãometálicos.No âmbito dos <strong>de</strong>mais países-membros do MERCOSUL, as indústriasque reorientaram suas exportações para o Brasil a uma velocida<strong>de</strong>superior à média, entre 1990 e 1996, foram: extração <strong>de</strong> petróleo, indústriaautomobilística, indústria farmacêutica, óleos vegetais, autopeças, refi<strong>no</strong><strong>de</strong> petróleo, metais não ferrosos, indústria têxtil e agropecuária. Destas,apenas as indústrias <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> petróleo e automobilística <strong>de</strong>tinhamcoeficientes <strong>de</strong> exportação inferiores à média, <strong>no</strong> início do período, esuperiores a ela, <strong>no</strong> final (respectivamente, 71 e 10 vezes superiores àmédia, em 1996).Os dois gran<strong>de</strong>s ganhadores são, essencialmente, as indústriaspetrolífera e automobilística argentinas, ambas relativamente recentes.Algumas indústrias que já <strong>de</strong>tinham parcela expressiva do mercadobrasileiro, em relação à sua produção, em 1990, foram bem-sucedidasem manter ou elevar sua participação após a adoção pelo MERCOSUL.Como essa posição inicial foi provavelmente incentivada pelaspreferências tarifárias concedidas pelo Brasil na segunda meta<strong>de</strong> dadécada <strong>de</strong> 1980, sua consolidação durante os a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> implantaçãodo MERCOSUL equivale à obtenção <strong>de</strong> ganhos adicionais. Nesse114<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 114 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulsentido, são também ganhadoras, além das já mencionadas, a indústria<strong>de</strong> calçados, <strong>de</strong> beneficiamento <strong>de</strong> produtos vegetais, <strong>de</strong> laticínios e <strong>de</strong>outros produtos alimentares.Os setores favorecidos <strong>no</strong> Brasil com a união aduaneira são aindústria química, máquinas e tratores, material elétrico, autopeças,celulose, borracha e extrativa mineral. O Brasil ten<strong>de</strong> a ser ganhadortambém em minerais não metálicos, si<strong>de</strong>rurgia e metalurgia, metais nãoferrosos e em me<strong>no</strong>r grau, em farmácia e equipamentos eletrônicos.A tabela 5 revela o grau <strong>de</strong> proteção setorial que ainda persiste naTEC, mesmo após a consolidação tarifária e a redução da média doMERCOSUL para algo em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 12%. Ainda que a redução da tarifa<strong>no</strong>minal do Brasil tenha sido reduzida com a TEC para ampla maioria<strong>de</strong> setores, po<strong>de</strong>-se observar que ainda é elevada quando se consi<strong>de</strong>ramsetores <strong>no</strong>s quais as PMEs po<strong>de</strong>riam merecer tratamento diferenciadoe preferencial, dada a relevância <strong>de</strong> bens e insumos <strong>de</strong>stinados aosprocessos <strong>de</strong> integração produtiva em que se envolvem as pequenasempresas. Exemplo disto são máquinas, material elétrico, bens <strong>de</strong>informática, automóveis e indústrias diversas.Tabela 5 – MERCOSUL. Tarifa Nominal Média por Ativida<strong>de</strong>em 1993 e TEC (em %)CódigoAtivida<strong>de</strong>Tarifa <strong>no</strong>minal em1993TEC1 Agropecuária 3,5 4,72 Extrativa mineral 1,7 4,03 Extração <strong>de</strong> petróleo e carvão 0,0 0,04 Minerais metálicos 10,7 11,55 Si<strong>de</strong>rurgia 5,8 7,36 Metalurgia dos não ferrosos 7,4 9,84 Outros produtos metalúrgicos 16,3 15,88 Máquinas e tratores 19,1 13,910 Material elétrico 18,8 16,011 Equipamentos eletrônicos 20,7 13,1115<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 115 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidal12 Automóveis, caminhões e ônibus 34,0 19,613 Peças e outros veículos 17,9 13,814 Ma<strong>de</strong>ira e mobiliário 9,5 11,015 Celulose, papel e gráfica 9,3 11,916 Borracha 14,9 12,817 Elementos químicos 12,4 14,218 Refi<strong>no</strong> <strong>de</strong> petróleo 9,5 11,019 Produtos químicos diversos 12,2 7,820 Farmacêutica e perfumaria 12,8 10,021 Artigos <strong>de</strong> plástico 16,8 16,522 Têxtil 15,6 15,823 Vestuário 20,0 19,624 Calçados 14,2 14,225 Indústria do café 12,2 11,326 Beneficiamento <strong>de</strong> produtos veg. 10,6 11,827 Abate <strong>de</strong> animais 9,9 9,728 Indústria <strong>de</strong> laticínios 20,0 15,529 Açúcar 20,0 16,030 Óleos vegetais 8,9 8,731 Outros produtos alimentares 17,0 14,532 Indústrias diversas 16,4 14,4Média simples 13,5 11,9Fonte: Elaboração própria, a partir <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> Kume.Após a implantação do MERCOSUL, a participação das exportaçõesbrasileiras <strong>de</strong>stinadas à Argentina, ao Paraguai e ao Uruguai aumentou <strong>de</strong>4,2%, em 1990, para 17,4%, em 1998. O resultado <strong>no</strong> sentido inverso foime<strong>no</strong>s expressivo, passando <strong>de</strong> 11,2%, em 1990, para 16,4%, em 1998.Quanto à composição setorial das trocas comerciais, os aumentosmais significativos ocorreram nas exportações brasileiras do complexoautomotivo, com automóveis elevando sua participação <strong>de</strong> 6%, em 1990,116<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 116 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulpara 10,5%, em 1998, e autopeças, <strong>de</strong> 7% para 13,1%, <strong>no</strong>s mesmos a<strong>no</strong>s.Em relação às importações do MERCOSUL, merecem registro, <strong>de</strong> umlado, os aumentos verificados em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> petróleo,automóveis e autopeças; e, <strong>de</strong> outro, as quedas verificadas em produtosvegetais beneficiados, produtos químicos e calçados.Os per<strong>de</strong>dores, classificados como aqueles que além <strong>de</strong> teremregistrado crescimento abaixo da média geral <strong>no</strong> período 1990-1996,tinham, neste último a<strong>no</strong>, coeficiente <strong>de</strong> exportação inferior ao valormédio da indústria, são: equipamentos eletrônicos, si<strong>de</strong>rurgia, outrosprodutos alimentares e minerais não metálicosOs ganhadores <strong>no</strong>s países sócios do Brasil <strong>no</strong> MERCOSUL– <strong>de</strong>finidos com base nas importações brasileiras – foram: extração <strong>de</strong>petróleo, indústria automobilística, indústria farmacêutica, óleos vegetais,autopeças, refi<strong>no</strong> <strong>de</strong> petróleo, metais não ferrosos, indústria têxtil eagropecuária. Consi<strong>de</strong>rando apenas as que <strong>de</strong>tinham coeficientes <strong>de</strong>exportação inferiores à média, <strong>no</strong> início do período, e superiores a ela,<strong>no</strong> final, <strong>de</strong>stacam-se a indústria petrolífera e automobilística argentinas,ambas relativamente recentes.Por último, na elaboração da TEC, dado em que o objetivo do Brasilera preservar a estrutura <strong>de</strong> proteção vigente, o resultado foi bastantesatisfatório: a alíquota <strong>no</strong>minal média pon<strong>de</strong>rada caiu <strong>de</strong> 12,5% para10,6% e o coeficiente <strong>de</strong> correlação por postos entre a tarifa <strong>de</strong> 1993 ea TEC atingiu 86,3%.A TEC manteve a proteção efetiva média (pon<strong>de</strong>rada) aproximadamenteconstante e sem alteração importante na sua or<strong>de</strong>nação setorial.Quando se examina a estrutura da TEC, tem-se uma imagem <strong>de</strong> comofuncio<strong>no</strong>u o processo <strong>de</strong> integração <strong>no</strong> MERCOSUL, principalmente<strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta. A política tarifária para o MERCOSUL, que envolve,sobretudo, o Ministério da Fazenda e o Ministério <strong>de</strong> Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior 98 , com estreito acompanhamento peloMRE, <strong>de</strong>senvolveu-se sob a lógica do <strong>no</strong>vo regionalismo dos a<strong>no</strong>s<strong>no</strong>venta. Criou reservas <strong>de</strong> mercado para alguns setores consi<strong>de</strong>radosmais relevantes da eco<strong>no</strong>mia, sob a ótica da capacida<strong>de</strong> exportadora,como o automotivo, <strong>no</strong>rmalmente caracterizados por gran<strong>de</strong>s corporações98Ressalva-se que outros órgãos da Administração Pública também participam <strong>de</strong> reuniões doGECEX e da CAMEX para negociar a política tarifária do MERCOSUL, como o Ministério daSaú<strong>de</strong> e o da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.117<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 117 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidalcom maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> influência sobre os processos <strong>de</strong>cisórios. Oprincipal instrumento <strong>de</strong>ssa proteção aduaneira foi a TEC.Novamente, é importante ressaltar que o foco do presente trabalhonão é criticar os agentes públicos por <strong>de</strong>trás <strong>de</strong>ssas políticas. Como sedisse anteriormente, essas políticas são o resultado <strong>de</strong> uma estruturaeconômica herdada do passado, em que as gran<strong>de</strong>s empresas exercempapel muito forte na eco<strong>no</strong>mia brasileira, sejam as empresas estatais,sejam as privadas. A eco<strong>no</strong>mia brasileira cresceu a partir <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sempresas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a era colonial, que serviam aos interesses exportadores.Depois da in<strong>de</strong>pendência, a estrutura econômica do país não mudou.Gran<strong>de</strong>s empresas dominaram os negócios <strong>de</strong> café, açúcar, cacau eborracha. Com a república e os gover<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Vargas e Kubitschek,ampliaram-se as fontes <strong>de</strong> riqueza. Já não era só o café e a borracha, mastambém o petróleo, o minério e <strong>de</strong>pois as montadoras <strong>de</strong> automóveis.A industrialização do país e a expansão agrícola não mudaram essecenário. A indústria ficou nas mãos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s setores que representamos interesses corporativos, como a ANFAVEA, a ABIQUIM e a ABINEE.A agricultura se <strong>de</strong>senvolveu em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s plantações <strong>no</strong>vas,exportadoras em escala global, como as <strong>de</strong> soja, laranja, arroz, além dastradicionais <strong>de</strong> açúcar e café.A reformulação das políticas públicas para o MERCOSUL <strong>de</strong>ve ocorrer<strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> incorporar um elemento <strong>no</strong>vo ao palco das negociações e <strong>de</strong>sua estrutura institucional: as pequenas e médias empresas.Claro está que não se trata <strong>de</strong> abandonar os interesses das gran<strong>de</strong>sempresas e que as pequenas empresas não operam isoladamente daquelas.Claro está também que o cenário i<strong>de</strong>al seria o <strong>de</strong> uma reestruturação daeco<strong>no</strong>mia brasileira, em que as pequenas e médias empresas passassem aocupar espaço majoritário na produção interna e nas exportações, quandohoje não ocupam espaço superior a 2% do total exportado pelo Brasil,embora representem mais <strong>de</strong> 90% dos registros <strong>de</strong> empresas nacionais,conforme dados do SEBRAE. Este, porém, não é o tema principal <strong>de</strong>stetrabalho. O tema principal é como as pequenas e médias empresas,que exercem função social, ao ocuparem espaço maior na agenda daintegração e na formulação <strong>de</strong> políticas, po<strong>de</strong>rão ser beneficiadas peloMERCOSUL e fazer com que, ao mesmo tempo, o MERCOSUL passea contar com maior capilarida<strong>de</strong> social, fortalecendo-se a sua dimensãosociolaboral.118<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 118 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulMencio<strong>no</strong>u-se, a esse respeito, que as pequenas e médias empresasnão po<strong>de</strong>m atuar isoladamente das gran<strong>de</strong>s corporações, uma vez queestas últimas terminam por ser polos <strong>de</strong> atração <strong>de</strong> serviços e insumosem uma ativida<strong>de</strong> paralela que <strong>de</strong>ve ser ocupada pelas pequenas e médiasempresas, <strong>no</strong> que se costuma chamar <strong>de</strong> integração produtiva.Maria Silvia Portela 99 , na mesma entrevista, menciona que quandose fala em <strong>no</strong>vas políticas públicas para o MERCOSUL, <strong>no</strong>rmalmentese pensa <strong>no</strong> tema da integração produtiva.Quando você fala em políticas públicas a quê se refere? Integração produtiva?Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comércio? Em ambos os casos teríamos que contar com o interesse ea cooperação das gran<strong>de</strong>s empresas, que encabeçam esses enca<strong>de</strong>amentos. Porisso <strong>de</strong>ve ser uma política agressiva e forte. Não se po<strong>de</strong> contar apenas como FOCEM (Fundo <strong>de</strong> Convergência Estrutural do MERCOSUL). É precisojogar mais pesado. Eu concordo que o MERCOSUL não po<strong>de</strong> ter como metaprincipal a integração para aumentar a exportação. Isso é o que querem asempresas multinacionais que fizeram do Brasil sua base exportadora paravários segmentos. Está provado que o melhor fator <strong>de</strong> atração que o Brasil po<strong>de</strong>oferecer a seus vizinhos é seu mercado consumidor, haja vista que saímos dacrise porque o Presi<strong>de</strong>nte Lula apostou <strong>no</strong> mercado inter<strong>no</strong> (o mercado localsalvou as montadoras, por exemplo). O problema é que <strong>no</strong>ssos vizinhos nãotêm visão empreen<strong>de</strong>ora, não têm tec<strong>no</strong>logia e precisam <strong>de</strong> um empurrão paraven<strong>de</strong>r para o Brasil.Por outro lado, creio que o Brasil tem se esforçado muito e nunca houvetanta cooperação com os vizinhos como agora. Mas não sei se isso está sendofeito <strong>de</strong> maneira certa. Estamos ce<strong>de</strong>ndo quando a pressão aumenta, fazendopolítica <strong>de</strong> forma picotada, sem conseguir gerar volume e nem dar consistênciaa uma política <strong>de</strong> aumento da produção <strong>no</strong>s países vizinhos. Veja como <strong>no</strong>súltimos quatro a<strong>no</strong>s houve uma verda<strong>de</strong>ira e ampla mobilida<strong>de</strong> social <strong>no</strong>Brasil, ampliando o mercado consumidor <strong>de</strong> baixa renda <strong>de</strong> tal forma que essepo<strong>de</strong>ria abarcar os três sócios e mais a Venezuela se quisesse. No entanto, nãose vêem os gover<strong>no</strong>s e empresários da Argentina, Uruguai e Paraguai falaremdas potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um mercado consumidor do <strong>no</strong>r<strong>de</strong>ste, ou do su<strong>de</strong>ste.Trata-se <strong>de</strong> uma faixa <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> baixa tec<strong>no</strong>logia que po<strong>de</strong>ria muito bemelevar as vendas <strong>de</strong> <strong>no</strong>ssos vizinhos.99Assessora Internacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), entrevistada em janeiro<strong>de</strong> 2010.119<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 119 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidalEm relação às políticas <strong>de</strong> integração produtiva <strong>no</strong> MERCOSUL paraas pequenas e médias empresas, muito pouco se avançou. Somente em1998 se criou o Programa <strong>de</strong> Integração Produtiva do MERCOSUL, cujofoco foi fortalecer as PMEs nas ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> intercâmbio intrazona e, porconseguinte, levar os benefícios da integração a um universo maior <strong>de</strong>pessoas. O próprio texto do Programa, que será analisado mais adiante,faz referência a essa postulação.Reginaldo Braga Arcuri, Presi<strong>de</strong>nte da Associação Brasileira<strong>de</strong> Desenvolvimento Industrial (ABDI) 100 , reconhece que ainda hámuito o que avançar em matéria <strong>de</strong> integração produtiva e estímulo aoempreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong> MERCOSUL. Consultado sobre se a ABDI, umdos principais órgãos formuladores <strong>de</strong> políticas públicas para a integraçãoprodutiva <strong>no</strong> MERCOSUL, com foco nas PMEs, e integrante do ConselhoDeliberativo Nacional do SEBRAE, chegou a <strong>de</strong>senvolver algum projetosobre a inserção das PMEs brasileiras <strong>no</strong> MERCOSUL, em parceriacom as agências regionais <strong>de</strong> fomento <strong>de</strong> PMEs ou preten<strong>de</strong> fazê-lo <strong>no</strong>futuro, Arcuri opi<strong>no</strong>u que “em relação a essa questão, a resposta é nãoe sim”. Explica:não, quando se consi<strong>de</strong>ra que a ABDI e o gover<strong>no</strong> brasileiro não têm nenhumprograma ou convênio especificamente com as agências responsáveis pelaspolíticas para as MPMEs dos sócios do MERCOSUL. Sim, quando se leva emconta que <strong>no</strong>ssos principais projetos <strong>no</strong> Mercosul, com recursos do FOCEM, sãofocados em PMEs das ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> óleo e gás e autopartes. Além disso, as açõesbilaterais com a Argentina, o Paraguai e o Uruguai têm foco em PMEs. Por suavez, os sócios mencionam sempre suas estruturas <strong>de</strong> apoio às PMEs, mas nunca ascolocam como operadoras diretas dos programas co<strong>no</strong>sco. Quanto à idéia <strong>de</strong> fazerisso, chegamos a esboçar a idéia (antes do GIP 101 ) <strong>de</strong> criar uma “fe<strong>de</strong>ração” <strong>de</strong>instituições congêneres da ABDI para gerirmos as ações <strong>de</strong> integração produtiva,começando com a instituição argentina PRoAR, mas a idéia não prosperou.Arcuri comenta, ainda, que aprovou em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2010 <strong>no</strong>Conselho Deliberativo Nacional do SEBRAE, do qual era membro, duasresoluções or<strong>de</strong>nando as formas <strong>de</strong> atuação internacional do SEBRAE100Reginaldo Braga Arcuri, Presi<strong>de</strong>nte da ABDI, foi entrevistado em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010.101GIP é o Grupo <strong>de</strong> Integração Produtiva, criado pelo Programa <strong>de</strong> Integração Produtiva doMERCOSUL (Decisão 12/08), que será analisado mais adiante neste capítulo.120<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 120 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulNacional e dos estaduais, criando um mecanismo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação,para atuação internacional, entre ABDI, APEX e SEBRAE, para, emsuas palavras, “dar maior transparência e eficácia às <strong>no</strong>ssas ações comentida<strong>de</strong>s congêneres dos vizinhos e alhures”.O Presi<strong>de</strong>nte da ABDI, um dos maiores entusiastas da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> setrabalhar com as pequenas empresas <strong>no</strong> MERCOSUL, responsável porimportantes iniciativas sobre ca<strong>de</strong>ias produtivas, não conta, contudo,com uma estrutura institucional que favoreça a adoção e a sobrevivência<strong>de</strong>ssas políticas. As iniciativas até hoje adotadas não se sustentam a médioprazo pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se encontrar maior capilarida<strong>de</strong> nas associaçõesou grupos <strong>de</strong> micro, peque<strong>no</strong>s e médios empresários, ainda alheios àspolíticas formuladas em Brasília especificamente para o fortalecimentodas pequenas empresas <strong>no</strong> MERCOSUL.Existem <strong>no</strong> Brasil, segundo estudos do Banco Interamerica<strong>no</strong> <strong>de</strong>Desenvolvimento (BID), mais <strong>de</strong> 4 milhões <strong>de</strong> pequenas empresas, querepresentam 49% dos salários e 50% dos empregos gerados <strong>no</strong> País 102 .Dados da Agência Brasileira <strong>de</strong> Desenvolvimento Industrial (ABDI) 103indicam que seriam aproximadamente 5 milhões <strong>de</strong> estabelecimentosformais <strong>de</strong> micro e pequenas empresas <strong>no</strong> País, responsáveis por 20%do PIB e 56% da força <strong>de</strong> trabalho urbana, o que representa 16 milhões<strong>de</strong> empregos <strong>no</strong> setor privado, do total <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 20 milhões existentes.Outras estatísticas indicam que, <strong>no</strong>s últimos <strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s, pelo me<strong>no</strong>s ameta<strong>de</strong> das empresas registradas <strong>no</strong> Brasil é <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte 104 .Ao mesmo tempo em que as pequenas e médias empresasrepresentam importantes atores <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico regional,não participam <strong>de</strong> forma ativa do comércio exterior e têm pouca influênciasobre a formulação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> integração regional. A participaçãodas pequenas empresas <strong>no</strong> comércio exterior é tímida. As empresas comaté 100 empregados reduziram <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30%, em 1995, para 6%, <strong>no</strong>a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2000, a sua participação <strong>no</strong> volume <strong>de</strong> exportações brasileiras 105 .Em 1999, as empresas com até 500 empregados representavam 92% do102BARRETO, Auta Rojas. “Informação empresarial para o MERCOSUL: a expansão dasfronteiras das microempresas”.103ABDI Em Foco, Agência Brasileira <strong>de</strong> Desenvolvimento Industrial (ABDI), “Brasil, Índia eÁfrica do Sul Trabalham pela Pequena Empresa”.104Estatísticas das Juntas Comerciais, vi<strong>de</strong> www.dnrc.gov.br.105SOUZA, Taynah. “Programas <strong>de</strong> Incentivo às Exportações <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> <strong>no</strong> Brasil a Partir da Década <strong>de</strong> Noventa”. IE/UFRJ, 2000.121<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 121 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidaltotal das empresas exportadoras, mas respondiam por me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 43% dasexportações totais brasileiras 106 . Em 2004, essa tendência piorou, poisas pequenas empresas baixaram para 2,3% sua participação <strong>no</strong> volumetotal das exportações brasileiras, e as médias empresas reduziram suaparticipação a 16% do volume total exportado pelo País 107 . Hoje, essaparticipação é <strong>de</strong> me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 2%.Vale <strong>no</strong>tar, também, que as pequenas e médias empresas poucaatuação têm tido <strong>no</strong>s mais <strong>de</strong>stacados foros formuladores <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong>integração regional. A composição da Câmara <strong>de</strong> Comércio Exterior e asatas <strong>de</strong> suas reuniões periódicas, bem como do GECEX, nas quais nãose encontram referências à participação <strong>de</strong> representantes <strong>de</strong> pequenas emédias empresas, ou <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s que as representam, como o SEBRAE,dão a medida da lacuna participativa das pequenas e médias empresas <strong>no</strong>processo <strong>de</strong>cisório do MERCOSUL. Cervieri não se acorda do tratamento<strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> micro e pequenas empresas <strong>no</strong> seio do GECEX(Comitê Executivo <strong>de</strong> Gestão da Câmara <strong>de</strong> Comércio Exterior/MDIC),<strong>de</strong> 2004 a 2008, quando foi Diretora do Departamento <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong>e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MDIC. Deve-se ter em mente, também, quenenhum subgrupo do MERCOSUL se <strong>de</strong>stina a examinar exclusivamenteos interesses das pequenas e médias empresas. Muito embora o SGT-7(Indústria) tenha sob a sua estrutura a Comissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e<strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> e Artesanato, sua agenda <strong>de</strong> trabalho tem encontradodificulda<strong>de</strong>, como se observará <strong>no</strong> subcapítulo 4.6.1, em implementar,<strong>no</strong>s níveis <strong>de</strong>cisórios, propostas concretas para as pequenas e médiasempresas. O Foro <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong> da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira e Móveis,impulsionado pelo SGT-7 e pela Comissão, não avança com a celerida<strong>de</strong>que esperava quando foi lançado em 2003. O mesmo ocorre <strong>no</strong> âmbitodo Grupo <strong>de</strong> Integração Produtiva (GIP), criado pela Decisão 12/08.Tais <strong>de</strong>sequilíbrios <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>cisório po<strong>de</strong>m ser observados<strong>no</strong> trabalho dos órgãos vinculados às negociações <strong>no</strong> MERCOSUL.Reuniões do GECEX, da Coor<strong>de</strong>nação Nacional da Comissão <strong>de</strong>Comércio do MERCOSUL e do Grupo Mercado Comum, bem comodos Comitês <strong>de</strong> Tarifas (CT-1) ressentem-se da ausência do tratamento afundo das questões sociais e relacionadas ao emprego nas suas agendas<strong>de</strong> trabalho, com enfoque nas empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte.106CALAIS, Alexandre. “Bancos e os Créditos para as <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>”, Gazeta Mercantil.107Boletim SEBRAE. “As <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> na Exportação Brasileira”, 1998-2004.122<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 122 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulNesses foros negociadores nacionais, preparatórios das posiçõesque as <strong>de</strong>legações brasileiras <strong>de</strong>vem <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r nas reuniões multilaterais,po<strong>de</strong>-se observar um objetivo comum a todos os agentes envolvidoscom as negociações <strong>no</strong> MERCOSUL: a <strong>de</strong>fesa dos interesses nacionaise do propósito do fortalecimento da integração regional, como metaprioritária da política externa. Nota-se também, contudo, que o conceitodo que seria o melhor interesse nacional não é posição <strong>de</strong> consenso entreos diversos atores que compõem os foros negociadores nacionais, comuma polarização entre, <strong>de</strong> um lado, o MRE e uma visão mais abrangentedos interesses em jogo e da natureza política do processo <strong>de</strong> integração,entendido como instrumento para a construção <strong>de</strong> uma geografia <strong>de</strong>paz e <strong>de</strong>senvolvimento com justiça social <strong>no</strong> continente sul-america<strong>no</strong>e, <strong>de</strong> outro, os órgãos das áreas econômica e <strong>de</strong> comércio exterior,como Fazenda e MDIC, preocupados, e legítimos em seus propósitos eobrigações institucionais, com as ameaças que a integração regional e olivre comércio po<strong>de</strong>m apresentar para as políticas nacionais <strong>de</strong> estímulo àprodução e para alguns importantes setores produtivos nacionais, como ossetores automobilístico, <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital, farmacêutico, <strong>de</strong> informáticae <strong>de</strong> telecomunicações, <strong>de</strong> eletroeletrônicos e <strong>de</strong> eletrodomésticos (linhabranca), ou, na área agrícola, o <strong>de</strong> arroz, trigo, açúcar e lácteos, além daspolíticas <strong>de</strong> fomento industrial.É importante analisar por que as gran<strong>de</strong>s empresas ocupam gran<strong>de</strong>espaço na agenda da integração construída ao longo dos últimos a<strong>no</strong>s.Trata-se <strong>de</strong> um objetivo em si mesmo – <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r as gran<strong>de</strong>s corporações –ou seria reflexo da estrutura econômica do Brasil? Parece mais claroque a segunda opção é a mais apropriada. A negociação <strong>no</strong>s foros doMERCOSUL não ocorre com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r as gran<strong>de</strong>s empresas.Ocorre, contudo, que as gran<strong>de</strong>s empresas dominam a cena econômicabrasileira, embora não sejam as maiores geradoras <strong>de</strong> emprego ou tenhammaior função social que as pequenas. São, sim, as maiores geradoras<strong>de</strong> renda, em especial <strong>de</strong> rendas provenientes do setor exportador (valerecordar que são responsáveis por cerca <strong>de</strong> <strong>no</strong>venta e oito por cento dasexportações totais brasileiras). As exportações, por sua vez, têm sido aprincipal fonte <strong>de</strong> recursos com que os Gover<strong>no</strong>s brasileiros têm contadopara financiar o déficit público e equilibrar o balanço <strong>de</strong> pagamentos.Trata-se <strong>de</strong> um problema estrutural da eco<strong>no</strong>mia brasileira, que, verda<strong>de</strong>seja dita, tem sido objeto <strong>de</strong> maior atenção em tempos recentes.123<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 123 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidalA <strong>de</strong>pendência do setor exportador <strong>de</strong>ve gradualmente dar lugar auma maior <strong>de</strong>pendência do mercado consumidor brasileiro, um e<strong>no</strong>rmemercado <strong>de</strong> 190 milhões <strong>de</strong> pessoas. Medidas econômicas adotadas <strong>no</strong>súltimos a<strong>no</strong>s, como o aumento do crédito ao consumidor, fruto do maiorcrescimento da eco<strong>no</strong>mia, po<strong>de</strong>m começar a reverter esse <strong>de</strong>sequilíbrioestrutural – a <strong>de</strong>pendência do setor exter<strong>no</strong> –, com vistas a fortalecer aeco<strong>no</strong>mia doméstica e a diminuir a <strong>de</strong>pendência dos mercados exter<strong>no</strong>s.Contudo, o Brasil ainda não logrou vencer completamente essa<strong>de</strong>pendência e o “milagre” das exportações ainda constitui metaimportante <strong>no</strong> planejamento da área econômica. Por conseguinte, opo<strong>de</strong>r das gran<strong>de</strong>s corporações, exportadoras <strong>de</strong> bens e serviços, naformulação <strong>de</strong> políticas públicas continua sendo alto. Nesse sentido, nãoé <strong>de</strong> espantar, e tampouco se po<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nar, o fato <strong>de</strong> que as negociaçõesexternas brasileiras na área econômica sejam condicionadas por algunsgran<strong>de</strong>s grupos, e não pelo interesse da maioria do setor produtivo e dosconsumidores.À medida que as pequenas e médias empresas ocuparem maiorespaço na eco<strong>no</strong>mia nacional, a estrutura da eco<strong>no</strong>mia brasileira po<strong>de</strong>ráver-se modificada gradualmente, reduzindo a <strong>de</strong>pendência do setorexter<strong>no</strong>, fortalecendo o trabalho (já que as pequenas e médias empresassão as gran<strong>de</strong>s geradoras <strong>de</strong> emprego), diminuindo o papel das gran<strong>de</strong>scorporações e o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> influência e aumentando a exposição e oalcance <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> integração, como o MERCOSUL, junto à maioriada população.É bem verda<strong>de</strong> que se registram esforços isolados para a inclusãodas pequenas e médias empresas <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> integração. Passousegradualmente, em especial <strong>no</strong> Gover<strong>no</strong> Lula, a consi<strong>de</strong>rar o temada geração <strong>de</strong> emprego e do papel das pequenas e médias empresas<strong>de</strong> forma mais consistente na agenda do processo negociador (GrupoMercado Comum e Comissão <strong>de</strong> Comércio), com iniciativas comoa <strong>de</strong>rivada da Decisão 22/07, que criou o Fundo MERCOSUL <strong>de</strong>Apoio a <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>. Em 1995, com base emprojeto do Banco Interamerica<strong>no</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento (BID), lançousea REDSUR (Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Informação Empresarial para as <strong>Pequenas</strong>e <strong>Micro</strong>empresas do MERCOSUL), que propôs a montagem <strong>de</strong>bibliotecas virtuais para fornecer informações sobre comércio exteriore intercâmbio comercial.124<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 124 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulNo âmbito do MERCOSUL, o tema da geração <strong>de</strong> empregos e dofortalecimento da dimensão social tem sido insistentemente tratado pelossindicatos congregados em tor<strong>no</strong> da Coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> Centrais Sindicaisdo MERCOSUL (CCSCS). Em plenária da CCSCS, realizada em Bue<strong>no</strong>sAires <strong>no</strong>s dias 6 e 7 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2008, as Centrais Sindicais <strong>de</strong>cidirampropor aos órgãos <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão do MERCOSUL a criação do Instituto doTrabalho e entregaram aos Presi<strong>de</strong>ntes reunidos em julho em Tucumán,na Argentina, documento que apresentou os motivos que justificam aproposta. O Secretário-geral da CCSCS, Gerardo Martinez (Dirigenteda CGT Argentina) publicou um comunicado em <strong>no</strong>me da CCSCS queresumiu a iniciativa proposta.O documento, intitulado “Uma proposta para reposicionar as políticastrabalhistas <strong>no</strong> MERCOSUL” indica que a CCSCS, que representa mais<strong>de</strong> 20 milhões <strong>de</strong> trabalhadoras e trabalhadores e da qual participaram ascentrais sindicais <strong>de</strong> Argentina (CGT e CTA); Brasil (CUT, FS e UGT);Uruguai (PIT/CNT) e Paraguai (CUT e CUTA), <strong>de</strong>cidiu que, <strong>no</strong> âmbitoda reunião <strong>de</strong> Cúpula dos Presi<strong>de</strong>ntes do MERCOSUL, seria propostaa criação do Instituto do Trabalho do MERCOSUL, como instrumentopara integrar e articular os temas relacionados às questões sociolaborais,<strong>de</strong> emprego e segurida<strong>de</strong> social.A CCSCS apresentou essa proposta, produto da avaliação e análiseda situação que se tem registrado <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s e que aponta para umdéficit <strong>no</strong>s avanços dos direitos trabalhistas e na geração <strong>de</strong> emprego,como <strong>no</strong>va contribuição que permitirá a continuida<strong>de</strong> da participação domovimento sindical <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> Integração Regional.A proposta busca integrar os organismos e espaços <strong>de</strong> tratamento dostemas sociolaborais existentes, para recuperar a importância política datemática trabalhista e do emprego junto à dimensão comercial e produtiva,<strong>no</strong> marco do bloco regional. A iniciativa prevê instâncias <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãotripartite e ressalta a responsabilida<strong>de</strong> dos Estados Partes na geração <strong>de</strong>políticas públicas que garantam o funcionamento efetivo da dimensãosocial do MERCOSUL.Também têm sido realizados esforços pela Reunião Especializada <strong>de</strong>Cooperativas do MERCOSUL (RECM) para <strong>de</strong>spertar os policy makersdo MERCOSUL para o tema das pequenas e médias empresas e para anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fortalecer a atuação das cooperativas. A RECM promoveu,em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009, seminário sobre “Políticas Públicas <strong>de</strong> Promoção125<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 125 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>de</strong> Cooperativas <strong>no</strong> MERCOSUL”. Segundo a RECM, o objetivo seriainiciar um processo <strong>de</strong> reflexão e intercâmbio sobre políticas públicase sobre a adoção da Recomendação 193 da OIT 108 . A RECM preten<strong>de</strong>atuar junto com o Grupo <strong>de</strong> Alto Nível sobre Emprego do MERCOSUL(GANEMPLE), criado em 2004, e com o Parlamento do MERCOSUL,instituição ainda em processo <strong>de</strong> consolidação.O enfoque dado pela RECM ao tema tem como eixos principaisconsi<strong>de</strong>rar as cooperativas como parte do setor da eco<strong>no</strong>mia social esolidária e examinar as políticas <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> emprego, financiamentoe <strong>de</strong>senvolvimento local.Por outro lado, iniciativas governamentais <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> nacional <strong>no</strong>sEstados Partes também têm sido adotadas, isoladamente, para fortaleceras pequenas e médias empresas e seu papel exportador. No Brasil,foram <strong>de</strong>senvolvidos <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s alguns programas <strong>de</strong> fomentoàs exportações <strong>de</strong> pequenas e médias empresas 109 que integraram umconjunto <strong>de</strong> iniciativas para equilibrar a balança comercial, meta que fezparte <strong>de</strong> quase todos os Gover<strong>no</strong>s até período mais recente, sempre como objetivo <strong>de</strong> gerar exce<strong>de</strong>ntes em moedas fortes para reduzir déficits emconta corrente. Tratou-se do “milagre exportador” como um dos poucosinstrumentos <strong>de</strong> política econômica para uma eco<strong>no</strong>mia que não po<strong>de</strong>riacontar com a expansão do mercado consumidor inter<strong>no</strong> como fator <strong>de</strong>crescimento do PIB, haja vista os processos inflacionários e a escassez<strong>de</strong> crédito. Algumas das iniciativas brasileiras mais importantes paraestimular as pequenas e médias empresas <strong>no</strong> esforço exportador incluíramos Novos Polos <strong>de</strong> Exportação, <strong>de</strong>stinados a favorecer 23 setoresselecionados, o Fundo <strong>de</strong> Garantia para a Promoção da Competitivida<strong>de</strong>,para facilitar o acesso das pequenas e médias empresas aos créditos doBNDES, e a criação da APEX (Agência <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong> Exportações)para estimular as vendas das pequenas e médias empresas em feiras <strong>no</strong>exterior.Essas iniciativas na área <strong>de</strong> promoção comercial foram adotadas semque, contudo, se <strong>de</strong>finam políticas públicas, sobretudo nas estratégias <strong>de</strong>108A Recomendação 193 da OIT versa sobre a Promoção <strong>de</strong> Cooperativas e foi adotadaformalmente durante a Conferência Internacional do Trabalho <strong>de</strong> 2002. Equipes da OIT têmtrabalhado com gover<strong>no</strong>s e cooperativas para tratar <strong>de</strong> transformar o texto da Recomendaçãoem políticas públicas nacionais.109SOUZA, Taynah. “Programas <strong>de</strong> Incentivo às Exportações das <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> <strong>no</strong> Brasil a Partir da Década <strong>de</strong> Noventa”. IE/UFRJ, 2000.126<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 126 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulintegração regional, voltadas para maior participação <strong>de</strong> representaçãodas pequenas e médias empresas <strong>no</strong>s foros <strong>de</strong> negociação e para suaefetiva integração à eco<strong>no</strong>mia do mais importante processo regional,o MERCOSUL. Além disso, o compromisso governamental com aexecução <strong>de</strong>ssas políticas ficou abaixo do <strong>de</strong>sejável. Por exemplo, <strong>no</strong>programa do Fundo <strong>de</strong> Garantia para a Promoção da Competitivida<strong>de</strong>, o<strong>de</strong>sembolso do BNDES para as pequenas e médias empresas foi reduzido<strong>de</strong> R$ 1 bilhão em 1998 para R$ 170 milhões já em 1999.4.1. Políticas <strong>de</strong> incentivo à i<strong>no</strong>vaçãoComo se exami<strong>no</strong>u <strong>no</strong> Capítulo III, item 4, relativo à função daspequenas e médias empresas na eco<strong>no</strong>mia, o papel <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação promovidopelas PMEs é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância para a eco<strong>no</strong>mia. Embora esse papel<strong>de</strong>penda também <strong>de</strong> estímulos governamentais e possa ser me<strong>no</strong>r emcenários <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r presença <strong>de</strong> políticas públicas que agreguem valor àprodução <strong>de</strong>ssas empresas, existe na teoria sobre o assunto a percepçãocomum <strong>de</strong> que o ambiente nas PMEs é melhor para a i<strong>no</strong>vação do que nasgran<strong>de</strong>s corporações, dados os incentivos maiores nas PMEs e o me<strong>no</strong>rpeso da hierarquia como entrave aos esforços criativos dos empregados.A capacida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora das MPMEs <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores,relacionados à organização do setor e ao sistema <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vações <strong>no</strong> qualelas se encontram. Como observado por Rothwell e Dodgson (1993) 110 ,tanto as MPMEs como as gran<strong>de</strong>s empresas têm vantagens para gerar eadotar i<strong>no</strong>vações. Enquanto as gran<strong>de</strong>s empresas têm vantagens materiaispara gerar e adotar i<strong>no</strong>vações, em razão <strong>de</strong> sua maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>P&D, as pequenas e médias empresas têm vantagens comportamentaisrelacionadas à sua maior flexibilida<strong>de</strong> e a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação amudanças <strong>no</strong> mercado. Normalmente as empresas me<strong>no</strong>res têm ativida<strong>de</strong>sdiversificadas e estruturas flexíveis que favorecem respostas rápidas amudanças <strong>no</strong> mercado. Além disso, essas empresas po<strong>de</strong>m operar emnichos que apresentam alta taxa <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação. Finalmente, o ambiente dasempresas pequenas induz a uma maior motivação dos empregados para<strong>de</strong>senvolver a produtivida<strong>de</strong> e a competitivida<strong>de</strong> por meio <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vações.110DODGSON, Mark e ROTHWELL, Roy. The Handbook of Industrial In<strong>no</strong>vation, EdwardElgar Publishing Ltd, Londres, 1994.127<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 127 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidalO Gover<strong>no</strong> Fe<strong>de</strong>ral, para incentivar a i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica, aprovou,em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004, a Lei nº 10.973, que ficou conhecida como Lei<strong>de</strong> I<strong>no</strong>vação, que mais tar<strong>de</strong> foi regulamentada pelo Decreto nº 5.563,em outubro <strong>de</strong> 2005. A <strong>no</strong>va Lei foi organizada em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong> três eixos:1 – a constituição <strong>de</strong> um ambiente propício à construção <strong>de</strong> parceriasentre universida<strong>de</strong>s, institutos tec<strong>no</strong>lógicos e empresas;2 – o estímulo à participação <strong>de</strong> institutos <strong>de</strong> ciência e tec<strong>no</strong>logia<strong>no</strong> processo <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação; e3 – o estímulo direto à i<strong>no</strong>vação na empresa.A Lei <strong>de</strong> I<strong>no</strong>vação previa o envio ao Congresso Nacional, <strong>no</strong> prazo<strong>de</strong> 120 dias, <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> lei da União conce<strong>de</strong>ndo incentivos fiscaispara a i<strong>no</strong>vação nas empresas. Entretanto, isso não ocorreu.Os <strong>no</strong>vos incentivos foram incluídos na Lei n o 11.196, sancionadaem <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2005. Essa reservou um capítulo específico (capítuloIII) para a consolidação dos incentivos fiscais <strong>de</strong>stinados à i<strong>no</strong>vaçãotec<strong>no</strong>lógica. Nessa consolidação foram preservados incentivos fiscaiscontidos na legislação do imposto <strong>de</strong> renda, na Lei nº 8.661 <strong>de</strong> 1993 ena Lei nº 10.637 <strong>de</strong> 2002, e adicionados outros mais atrativos.Cabe <strong>de</strong>stacar que, pela <strong>no</strong>va Lei, a concessão dos incentivosfiscais passa a ser automática. Ou seja, as empresas ficam dispensadas<strong>de</strong> submeter previamente seus projetos ao gover<strong>no</strong> para ter acesso aosincentivos fiscais previstos na Lei, sujeitando-se a fiscalização posterior.Com isso, o gover<strong>no</strong> aten<strong>de</strong>u a uma antiga reivindicação dos empresários,que reclamavam da burocracia e da morosida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s procedimentos <strong>de</strong>concessão dos benefícios.O Brasil tem investido mais do que em qualquer momento anterior<strong>de</strong> sua história em pesquisa <strong>de</strong> ciência e tec<strong>no</strong>logia. Trata-se <strong>de</strong> umenvolvimento estatal, por meio da aplicação <strong>de</strong> recursos públicos parapromoção <strong>de</strong> C&T. Pela primeira vez <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que foi publicado, o RelatórioUNESCO sobre Ciência <strong>de</strong>dica ao Brasil um capítulo inteiro e indica queo país “começa a existir” <strong>no</strong> mapa mundial da ciência e tec<strong>no</strong>logia. Em2008, o Brasil investiu US$ 23 bilhões <strong>no</strong> setor, mais do que a Espanhae a Itália. Também se tor<strong>no</strong>u o 13º maior produtor <strong>de</strong> ciência do mundo,com 26.482 artigos científicos publicados, o que correspon<strong>de</strong> a 2,7% dototal mundial.128<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 128 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulAté o fim <strong>de</strong> 2010, mais <strong>de</strong> 27 mil invenções <strong>de</strong>veriam ser registradascom pedido <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> patentes, segundo dados do InstitutoNacional <strong>de</strong> Proprieda<strong>de</strong> Industrial (INPI), órgão fe<strong>de</strong>ral responsávelpor conce<strong>de</strong>r o registro.O número é o maior da história e o aumento tem sido crescente.De 2004 a 2009, o número <strong>de</strong> pedidos não passava <strong>de</strong> 21,1 mil por a<strong>no</strong>.De acordo com a legislação brasileira, é patenteável toda invençãoque atenda aos requisitos <strong>de</strong> <strong>no</strong>vida<strong>de</strong>, ativida<strong>de</strong> inventiva e aplicaçãoindustrial. A proteção serve principalmente para garantir que a invençãose torne um negócio rentável.O Brasil investe 1,1% <strong>de</strong> seu Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB) em ciênciae tec<strong>no</strong>logia.No entanto, o relatório da UNESCO <strong>de</strong>staca a alta concentração<strong>de</strong>sses recursos em São Paulo, on<strong>de</strong> se encontram 40% dos investimentosnacionais. Além disso, a fonte <strong>de</strong>sses recursos é majoritariamentepública. Cinquenta e cinco por cento dos recursos em C&T provêm <strong>de</strong>fontes públicas <strong>de</strong> financiamento, característica comum entre os paísesem <strong>de</strong>senvolvimento, segundo a UNESCO. Nos últimos três a<strong>no</strong>s, asempresas brasileiras per<strong>de</strong>ram 10% <strong>de</strong> seus pesquisadores, o que, navisão da UNESCO, representa um dado preocupante. De acordo com aUNESCO, as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carreira <strong>de</strong>ntro do Brasil são limitadas,o que gera uma fuga <strong>de</strong> cérebros para outros países. O relatório <strong>de</strong>stacaainda o fato <strong>de</strong> as pesquisas terem progredido mais lentamente do que aeco<strong>no</strong>mia. Em 2009, o Brasil só registrou 103 patentes, enquanto a Índiateve reconhecidas 679, e a Rússia, 196.O ponto fundamental <strong>de</strong>sse relatório é o que não está dito. Se oBrasil melhorou em matéria <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> C&T, isso não partiu <strong>de</strong>um processo endóge<strong>no</strong> nas MPMEs, em função <strong>de</strong> estímulos à i<strong>no</strong>vação<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> políticas específicas para essas empresas, pois as pesquisasforam financiadas majoritariamente pelo Estado. O setor privado per<strong>de</strong>u10% <strong>de</strong> seus pesquisadores para outros países. Conforme as avaliaçõessobre o expressivo papel das pequenas e médias empresas em matéria<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação, dados os maiores incentivos que po<strong>de</strong>m ser proporcionadosnesse segmento produtivo, conclui-se que parte da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> umainserção do MERCOSUL <strong>no</strong> mapa da i<strong>no</strong>vação em escala mundial se<strong>de</strong>ve aos me<strong>no</strong>res estímulos, por meio <strong>de</strong> políticas públicas, para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção regionais, envolvendo as PMEs.129<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 129 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidalEm artigo sobre o assunto 111 , La Rovére (2001) conclui que asperspectivas <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação nas PMEs são remotas se estas atuaremisoladamente. Lidarão com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito e com reduzidasperspectivas <strong>de</strong> mercado que estimulem a i<strong>no</strong>vação e a busca <strong>de</strong> <strong>no</strong>vasoportunida<strong>de</strong>s, sobretudo nas exportações. A sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>empresas pequenas, ou sua sobrevivência, será me<strong>no</strong>r quando atuaremsem apoio estatal, isoladas e sem estímulos <strong>de</strong> mercado. Por outro lado,quando inseridas em aglomerações produtivas, ou clusters, o cenárioten<strong>de</strong> a mudar e as perspectivas <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação passam a ser consi<strong>de</strong>ráveis.Por exemplo, estudos <strong>no</strong>s países em <strong>de</strong>senvolvimento mostram que asMPMEs que fazem parte <strong>de</strong> clusters têm mais chances <strong>de</strong> sobrevivênciae <strong>de</strong> crescimento do que empresas similares isoladas. Isso porque <strong>no</strong><strong>no</strong>vo paradigma econômico do século XXI, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intensoinvestimento em conhecimento, que, por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> processos<strong>de</strong> aprendizado interativos. Os clusters e as alianças estratégicas permitemo estabelecimento <strong>de</strong> laços <strong>de</strong> cooperação que possibilitam às empresas,principalmente as MPMEs, maior acesso a informações e a conhecimento.Convém esclarecer que o cluster se caracteriza por aglomerações setoriaise espaciais <strong>de</strong> empresas, enquanto as alianças estratégicas são realizadaspor empresas <strong>de</strong> uma ca<strong>de</strong>ia produtiva dispersas geograficamente.La Rovére mostra ainda que, <strong>no</strong> Brasil, existem clusters emdiversas regiões, mas a maioria das MPMEs atua <strong>de</strong> forma isolada. Oestabelecimento <strong>de</strong> laços <strong>de</strong> cooperação entre as MPMEs brasileiras, pormeio da promoção <strong>de</strong> clusters ou <strong>de</strong> alianças estratégicas, po<strong>de</strong> ser uminstrumento importante para estimular o crescimento <strong>de</strong>ssas empresas.Enquanto a promoção <strong>de</strong> clusters é importante para o <strong>de</strong>senvolvimentoregional, o estabelecimento <strong>de</strong> alianças estratégicas é importante paracapacitar as empresas a respon<strong>de</strong>r aos <strong>de</strong>safios impostos pela globalizaçãoe a conquistar <strong>no</strong>vos mercados. Deve-se lembrar porém que as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>empresas constituídas por empresas <strong>de</strong> clusters po<strong>de</strong>m ser hierarquizadasou não, e a natureza dos laços hierárquicos irá <strong>de</strong>finir a forma dacooperação entre as empresas. Uma re<strong>de</strong> hierarquizada excessivamenterígida po<strong>de</strong> inibir o crescimento das MPMEs, ao tornar o <strong>de</strong>sempenho<strong>de</strong>ssas empresas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da firma dominante.111LA ROVÉRE, Renata. “Perspectivas das micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> Brasil”,Grupo <strong>de</strong> Eco<strong>no</strong>mia e I<strong>no</strong>vação, Instituto <strong>de</strong> Eco<strong>no</strong>mia da UFRJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 2001.130<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 130 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulOrganizar laços <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um cluster po<strong>de</strong> parecerrelativamente mais simples do que o estabelecimento <strong>de</strong> aliançasestratégicas, uma vez que as firmas do cluster estão próximas umasdas outras, seus empresários provavelmente já se conhecem e têm umaformação cultural comum. Conforme observado por Bell e Albu (1998) 112 ,o que se <strong>de</strong>ve enfatizar na análise do <strong>de</strong>senvolvimento tec<strong>no</strong>lógico e docrescimento <strong>de</strong> um cluster não é o seu sistema produtivo, e sim o seusistema <strong>de</strong> conhecimento, <strong>de</strong>finido como “os fluxos <strong>de</strong> conhecimento,os estoques <strong>de</strong> conhecimentos e os sistemas organizacionais envolvidosem gerar e administrar mudanças <strong>no</strong>s produtos, <strong>no</strong>s processos e naorganização da produção”. Assim, a natureza do sistema <strong>de</strong> conhecimentodas firmas <strong>de</strong> um cluster irá condicionar sua capacida<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vadora e suaspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento. Entretanto, a existência <strong>de</strong> clusters por sisó não garante o dinamismo tec<strong>no</strong>lógico das firmas nela situadas, e nemsempre garante o estabelecimento <strong>de</strong> laços <strong>de</strong> cooperação com vistas aum aumento <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>.O estabelecimento <strong>de</strong> laços <strong>de</strong> cooperação entre as MPMEs permiteàs empresas me<strong>no</strong>res a obtenção <strong>de</strong> ganhos <strong>de</strong> escala. No caso <strong>de</strong> aliançasestratégicas on<strong>de</strong> as MPMEs se associam a uma firma com uma marcaconsolidada <strong>no</strong> mercado, o estabelecimento <strong>de</strong> laços <strong>de</strong> cooperaçãotambém permite a essas empresas o acesso a <strong>no</strong>vos mercados. O acessoa <strong>no</strong>vos mercados é importante para as firmas <strong>de</strong>senvolverem práticas<strong>de</strong> padronização e certificação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, que por sua vez po<strong>de</strong>mestimular a adoção <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas técnicas organizacionais que impulsionema competitivida<strong>de</strong> das empresas.O MERCOSUL <strong>de</strong>ve estimular esses laços <strong>de</strong> cooperação entreMPMEs, por meio <strong>de</strong> projetos específicos <strong>de</strong>finidos <strong>no</strong> âmbito do GMC,com base na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos clusters.À luz <strong>de</strong>ssa avaliação, a aprovação <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> IntegraçãoProdutiva <strong>no</strong> MERCOSUL, conforme a Decisão 12/08, passa a serinstrumento importante para a inserção das pequenas e médias empresasem clusters, o que aumentaria a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação, além <strong>de</strong>contribuir para o seu fortalecimento, ou sobrevivência, com os <strong>de</strong>correntesimpactos sobre a geração <strong>de</strong> empregos <strong>no</strong> MERCOSUL.112BELL, M., e ALBU, M. K<strong>no</strong>wledge Systems and Tech<strong>no</strong>logical Dynamism in IndustrialClusters in Developing Countries. World Development, 1999.131<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 131 25/10/2011 20:35:15


afael <strong>de</strong> mello vidal4.2. Entida<strong>de</strong>s e seus programas <strong>de</strong> fomento das PMEs4.2.1. BNDESO BNDES representa instituição <strong>de</strong> vanguarda do financiamentopelo Estado brasileiro <strong>de</strong> programas que beneficiam as PMEs. NoMERCOSUL, seria importante contar com instituição semelhante. OBNDES estabelece como priorida<strong>de</strong> o apoio aos investimentos quepromovam a i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica, política plenamente sintonizadacom a Política Industrial, Tec<strong>no</strong>lógica e <strong>de</strong> Comércio Exterior (PITCE)do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior(MDIC).O apoio à I<strong>no</strong>vação, além <strong>de</strong> não ficar restrito a segmentostec<strong>no</strong>logicamente sofisticados da indústria, passa a constar entreas priorida<strong>de</strong>s máximas do BNDES. O objetivo do Banco é apoiarinvestimentos em projetos que visem transformar pesquisa em valoreconômico, por meio <strong>de</strong> um processo melhor, ou em um produto melhor.E a motivação é clara, pois a empresa que não investir em i<strong>no</strong>vaçãopo<strong>de</strong>rá cair na obsolescência e per<strong>de</strong>r mercado.Com base nessa <strong>no</strong>va percepção <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>, o BNDESampliou seu conceito <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação. Até 2005, as linhas para pesquisae <strong>de</strong>senvolvimento estavam restritas a programas específicos, como oPrograma <strong>de</strong> Apoio ao Desenvolvimento do Complexo Industrial daSaú<strong>de</strong> – PROFARMA e o Programa para o Desenvolvimento da Indústria<strong>de</strong> Software e Serviços <strong>de</strong> Tec<strong>no</strong>logia da Informação – PROSOFT, doisclusters <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s oportunida<strong>de</strong>s para as PMEs. Agora, o Banco querestimular a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a i<strong>no</strong>vação precisa estar presente em toda ca<strong>de</strong>iaprodutiva, em qualquer segmento industrial.O conceito <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação do BNDES resultou na reativação do FundoTec<strong>no</strong>lógico – FUNTEC que libera recursos não reembolsáveis, e nacriação <strong>de</strong> duas <strong>no</strong>vas linhas <strong>de</strong> financiamento à i<strong>no</strong>vação, contempladascom baixos custos.A linha <strong>de</strong> apoio à I<strong>no</strong>vação em Pesquisa e Desenvolvimento eProdução, beneficia as socieda<strong>de</strong>s que exercem ativida<strong>de</strong>s produtivas einstituições especializadas em <strong>de</strong>senvolvimento tec<strong>no</strong>lógico aplicado aativida<strong>de</strong>s produtivas, e tem por finalida<strong>de</strong>, apoiar projetos diretamenterelacionados a esforços <strong>de</strong> pesquisa em <strong>de</strong>senvolvimento tec<strong>no</strong>lógico132<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 132 25/10/2011 20:35:15


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosule i<strong>no</strong>vação, voltados para <strong>no</strong>vos produtos e processos que possamrepresentar ganhos <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>.Já a linha <strong>de</strong> I<strong>no</strong>vação em Produção beneficia as socieda<strong>de</strong>sque exercem ativida<strong>de</strong> produtiva e instituições especializadas em<strong>de</strong>senvolvimento tec<strong>no</strong>lógico aplicado a ativida<strong>de</strong>s produtivas, e tempor finalida<strong>de</strong> financiar projetos <strong>de</strong> investimento em:• i<strong>no</strong>vações em <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos e processos;• investimentos complementares diretamente associados à formação<strong>de</strong> capacitações e <strong>de</strong> ambientes i<strong>no</strong>vadores ;• criação, expansão e a<strong>de</strong>quação da capacida<strong>de</strong> para produção ecomercialização dos resultados do processo <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação.As empresas nascentes, adicionalmente aos pleitos <strong>de</strong> ambas as linhas<strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação, po<strong>de</strong>rão contar com linhas <strong>de</strong> renda variável, mediante asubscrição <strong>de</strong> valores mobiliários, diretamente ou por meio dos fundos<strong>de</strong> investimento do BNDES.Para solicitar o apoio financeiro ao BNDES, a empresa por contaprópria ou por intermédio da instituição financeira cre<strong>de</strong>nciada, <strong>de</strong>veencaminhar requisição por meio <strong>de</strong> Carta Consulta dirigida à área <strong>de</strong>Planejamento do BNDES.O Banco tem como uma <strong>de</strong> suas priorida<strong>de</strong>s apoiar trabalhadoresautô<strong>no</strong>mos e micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) <strong>de</strong> todo o paíse reconhece o importante papel das MPMEs na criação <strong>de</strong> empregos e nageração <strong>de</strong> renda. Investir nas companhias <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r porte, nas empresasfamiliares e nas pessoas físicas empreen<strong>de</strong>doras, segundo a política doBanco, é ampliar a competitivida<strong>de</strong> e fortalecer a eco<strong>no</strong>mia brasileira.O BNDES reconhece as peculiarida<strong>de</strong>s das pequenas e médiasempresas na hora <strong>de</strong> conce<strong>de</strong>r financiamentos. A concessão <strong>de</strong>financiamento às empresas <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r porte é analisada sob critériosdiferenciados. O BNDES oferece opções <strong>de</strong> financiamento com boascondições <strong>de</strong> custos, prazos e níveis <strong>de</strong> participação, <strong>de</strong>stinadas afacilitar o acesso ao crédito. Também estão disponíveis programas comfinalida<strong>de</strong>s mais específicas, operações em fundos <strong>de</strong> investimentose outros mecanismos <strong>de</strong> apoio que contribuem para fortalecer <strong>no</strong>vosempreendimentos.As opções <strong>de</strong> financiamento do BNDES incluem:133<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 133 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidala. <strong>Micro</strong>, Pequena e Média Empresa – MPMEPara efeitos <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> financiamento, são consi<strong>de</strong>radasMPMEs as empresas cuja receita operacional bruta anual ou anualizadaseja inferior ou igual a R$ 60 milhões. Os financiamentos privilegiaminvestimentos em implantação, ampliação e mo<strong>de</strong>rnização. São asseguintes as linhas <strong>de</strong> crédito: BNDES Automático (financiamento, <strong>de</strong>até R$ 10 milhões, a projetos <strong>de</strong> implantação, expansão e mo<strong>de</strong>rnização<strong>de</strong> empreendimentos, em qualquer setor <strong>de</strong> atuação); PROFARMAProdução (apoia investimentos <strong>de</strong> empresas do Complexo Industrialda Saú<strong>de</strong>); PROSOFT Empresa (apoia a realização <strong>de</strong> investimentos epla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> negócios <strong>de</strong> empresas produtoras <strong>de</strong> softwares e fornecedoras<strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> TI); Revitaliza (apoia investimentos em mo<strong>de</strong>rnização <strong>de</strong>empresas que atuam <strong>no</strong>s setores <strong>de</strong> pedras ornamentais, beneficiamento<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, beneficiamento <strong>de</strong> couro, calçados e artefatos <strong>de</strong> couro, têxtil,<strong>de</strong> confecção, inclusive linha lar, móveis <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, frutas (in natura ouprocessadas), cerâmicas, softwares e prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logiada informação e bens <strong>de</strong> capital); BNDES Pró-Aeronáutica (investimentos<strong>de</strong> empresas integrantes da ca<strong>de</strong>ia produtiva da indústria aeronáuticabrasileira); PROTVD Fornecedor (investimentos <strong>de</strong> empresas produtoras<strong>de</strong> software, componentes eletrônicos, equipamentos e infraestrutura paraa re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão, equipamentos <strong>de</strong> recepção e equipamentos paraprodução <strong>de</strong> conteúdo relacionadas ao SBTVD-T); PROTVD Radiodifusão(investimentos <strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> radiodifusão geradoras, transmissoras eretransmissoras relacionadas à implementação do SBTVD-T); PROTVDConteúdo (investimentos para a produção digital <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> audiovisualpara TV pelas emissoras e produtoras in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong> modo a aumentar aparticipação do conteúdo nacional na gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> programação das emissoras);e Programa BNDES Construção Civil (aumento da qualida<strong>de</strong> das empresas<strong>de</strong> construção civil e ampliação da capacida<strong>de</strong> produtiva dos fabricantes<strong>de</strong> sistemas construtivos industrializados <strong>de</strong>stinados à habitação).b. <strong>Micro</strong>empreen<strong>de</strong>dorPrograma <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>crédito – financiamento por meio dasinstituições <strong>de</strong> microcrédito repassadoras <strong>de</strong> seus recursos, <strong>de</strong>stinado aomicroempreen<strong>de</strong>dor formal ou informal.134<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 134 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulProdutor RuralBNDES Automático – financiamento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> investimento<strong>de</strong> até R$ 10 milhões.MPMEs Investimento – apoio a projetos <strong>de</strong> investimento e capital<strong>de</strong> giro associado.BNDES FINAME Agrícola – financiamento para aquisição <strong>de</strong>máquinas e equipamentos agrícolas <strong>no</strong>vos, <strong>de</strong> fabricação nacional.Apoio ao Setor Agropecuário – financiamento para aquisição isolada<strong>de</strong> máquinas e equipamentos agrícolas e para projetos <strong>de</strong> investimento<strong>no</strong> setor agropecuário.Transportador Autô<strong>no</strong>mo <strong>de</strong> CargaProcaminhoneiro – financia a aquisição <strong>de</strong> caminhões, chassise carrocerias <strong>de</strong> caminhões, <strong>no</strong>vos ou usados, e também sistemas <strong>de</strong>rastreamento <strong>no</strong>vos, seguro do bem e seguro prestamista;BNDES FINAME – financia a aquisição <strong>de</strong> caminhões,caminhões-tratores, cavalos-mecânicos, reboques, semirreboques, chassise carrocerias para caminhões, nacionais e <strong>no</strong>vos, cre<strong>de</strong>nciados <strong>no</strong> BNDES;BK Usados – financia a aquisição <strong>de</strong> caminhões, chassis,caminhões-tratores, carretas, cavalos-mecânicos, reboques,semirreboques e carrocerias para caminhões, máquinas, ferramentas,ainda que usados, <strong>de</strong> fabricação nacional, bem como sistemas <strong>de</strong>rastreamento <strong>no</strong>vos e seguro do bem financiado.No Capítulo 6, o exemplo do BNDES na montagem <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong>financiamento <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s negócios po<strong>de</strong>rá ser explorado em proposta<strong>de</strong> criação <strong>de</strong> mecanismo semelhante voltado para o MERCOSUL.4.2.2. FINEPA FINEP (Financiadora <strong>de</strong> Estudos e Projetos), agência <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vaçãodo Ministério <strong>de</strong> Ciência e Tec<strong>no</strong>logia, <strong>de</strong>senvolve, atualmente o projetochamado I<strong>no</strong>var II. Trata-se da continuação do programa <strong>de</strong> apoio aomercado <strong>de</strong> venture capital promovido pela empresa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000. O <strong>no</strong>vocontrato, pelo qual se re<strong>no</strong>vou a parceria com o Banco Interamerica<strong>no</strong> <strong>de</strong>135<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 135 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidalDesenvolvimento (BID), <strong>de</strong>stina US$ 5 milhões à realização <strong>de</strong> ações <strong>de</strong>estímulo ao setor, como rodadas <strong>de</strong> negócios, seminários e campanhas<strong>de</strong> divulgação. Meta<strong>de</strong> dos recursos será aportada pela FINEP e meta<strong>de</strong>pelo BID. É importante ressaltar que não estão incluídos nesse montanteos investimentos <strong>de</strong>stinados aos fundos <strong>de</strong> venture capital, operações que<strong>de</strong>mandam valores bem maiores e são tratadas <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntepelas instituições. Com o I<strong>no</strong>var II, a FINEP preten<strong>de</strong> preencher umalacuna existente <strong>no</strong> apoio ao empreen<strong>de</strong>dorismo nacional.Atualmente, investimentos públicos e privados aten<strong>de</strong>mmajoritariamente a empresas em crescimento e expansão. Há um vazio<strong>no</strong> apoio a projetos ainda incipientes. Por isso, a FINEP concentraesforços na indústria <strong>de</strong> capital semente, modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentovoltada para empreendimentos nascentes, muitas vezes ainda <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>incubadoras e universida<strong>de</strong>s.A financiadora investiu, em 2007, em três <strong>no</strong>vos fundos <strong>de</strong> venturecapital, que juntos aplicaram R$ 60 milhões em cerca <strong>de</strong> 40 empresas.Em 2008, o objetivo era alcançar R$ 80 milhões. Com isso, mais 60empresas nascentes receberam apoio.Para Susana Garcia-Robles, representante do BID <strong>no</strong> Brasil, oProjeto I<strong>no</strong>var precisa servir <strong>de</strong> referência para a estruturação do mercado<strong>de</strong> venture capital em outras regiões da América Latina. Países comoColômbia, Peru e Chile já estão em contato com a FINEP e <strong>de</strong>vem fecharem breve contratos <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> metodologias.Também está entre as priorida<strong>de</strong>s do I<strong>no</strong>var II atrair para o setoros investidores pessoais. Além <strong>de</strong> aplicar recursos financeiros, esseprofissional oferece experiência e competência às empresas nas quaisinveste. Segundo Eduardo Costa, Diretor <strong>de</strong> I<strong>no</strong>vação da FINEP, apesar<strong>de</strong> o dinheiro ser importante, na maioria das vezes, as pequenas empresasprecisam do chamado “capital huma<strong>no</strong>”, que inclui importantes ativosintangíveis, como conhecimento técnico, experiência profissional,competência em gestão e re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos.Dentre os programas <strong>de</strong> fomento da FINEP <strong>de</strong>stacam-se a IncubadoraI<strong>no</strong>var, criada em 2001, consórcio <strong>de</strong> investidores institucionais queselecionam e aportam recursos em fundos <strong>de</strong> capital semente 113 ,113Criado em 2007 com o objetivo <strong>de</strong> estimular o crescimento <strong>de</strong> empresas i<strong>no</strong>vadoras nascentes,o Fundo Criatec, cujo capital é 80% do BNDES e 20% do Banco do Nor<strong>de</strong>ste do Brasil (BNB),fechou em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010 o primeiro ciclo <strong>de</strong> investimento em uma empresa, a cearense136<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 136 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosul<strong>de</strong>stinados à incubação <strong>de</strong> empresas i<strong>no</strong>vadoras, venture capital eprivate equity. Nessas modalida<strong>de</strong>s, os investidores tornam-se sóciosdas empresas mediante a compra <strong>de</strong> participações, o que significa dividirlucros e perdas.Em seis a<strong>no</strong>s (2001 a 2007), a Incubadora comprometeu R$ 600milhões em 13 fundos, que já beneficiaram 50 empreendimentosi<strong>no</strong>vadores. Além da FINEP, são membros da iniciativa: o FundoMultilateral <strong>de</strong> Investimentos do Banco Interamerica<strong>no</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento(FUMIN/BID); o Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong><strong>Empresas</strong> (SEBRAE); o Banco do Brasil Investimentos (BB – BI); aBolsa <strong>de</strong> Valores <strong>de</strong> São Paulo (BOVESPA); os Fundos <strong>de</strong> Pensão dosfuncionários do Banco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico eSocial (FAPES), do Banco do Brasil (Previ), da Petrobras (PETROS) eda Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral (FUNCEF).O venture capital beneficia empreendimentos que, embora aindapeque<strong>no</strong>s, já têm um ciclo comercial completo. Ou seja, contam comalgum produto, canal <strong>de</strong> distribuição e clientes prometidos. Algo entreo capital semente e o private equity, esse último voltado para empresas<strong>de</strong> médio porte que ainda não estão prontas para abrir capital na bolsa <strong>de</strong>valores. Ao todo, vão investir R$ 1,1 bilhão em 20 empresas, dos quaisR$ 590 milhões serão aplicados pelos parceiros I<strong>no</strong>var.4.2.3. Comitê Consultivo para Apoio à <strong>Inserção</strong> Internacional <strong>de</strong><strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>A Secretaria <strong>de</strong> Tec<strong>no</strong>logia Industrial do Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (STI/MDIC) instituiu,<strong>no</strong> dia 22 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2009, o Comitê Consultivo do Projeto <strong>de</strong> Apoioà <strong>Inserção</strong> Internacional das <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> Brasileiras(PAIIPME). O comitê é presidido pelo secretário <strong>de</strong> Tec<strong>no</strong>logia Industrialdo MDIC.É composto por representantes da Secretaria <strong>de</strong> Comércio Exterior(SECEX) do MDIC; da Agência Brasileira <strong>de</strong> DesenvolvimentoIndustrial (ABDI); da Agência Brasileira <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong> ExportaçõesUsix Tech<strong>no</strong>logy. A empresa, do ramo <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logia da informação (TI) para o setor <strong>de</strong> seguros,foi vendida à gran<strong>de</strong> empresa internacional Ebix (valor <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> aproximadamente US$600 milhões), <strong>de</strong> origem indiana.137<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 137 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidale Investimentos (APEX-BRASIL); da Confe<strong>de</strong>ração Nacional daIndústria (CNI); do Instituto Euvaldo Lodi (IEL); do Instituto Nacional<strong>de</strong> Metrologia, Normalização e Qualida<strong>de</strong> Industrial (INMETRO); doMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); e do ServiçoBrasileiro <strong>de</strong> Apoio às <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> (SEBRAE).A instância avalia e propõe diretrizes para o <strong>de</strong>senvolvimento doPAIIPME e tem como um <strong>de</strong> seus objetivos o aumento das exportaçõesdas micro e pequenas empresas (MPEs) brasileiras, com maiorconteúdo tec<strong>no</strong>lógico, para países do bloco europeu. Não contempla oMERCOSUL.A STI e a ABDI são os órgãos do Gover<strong>no</strong> brasileiro responsáveispela gestão do projeto, que tem as seguintes gran<strong>de</strong>s vertentes: o apoio àinternacionalização <strong>de</strong> micro e pequenas empresas brasileiras e o reforçodas relações econômicas e comerciais entre o Brasil e a União Europeia.O PAIIPME terá os seguintes objetivos:a) Melhorar a capacida<strong>de</strong> das PMEs para operações internacionais;b) Melhorar o conhecimento dos mercados potenciais para as PMEs;c) Promover a adaptação <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logias, processos produtivos eserviços;d) Melhorar o ambiente exter<strong>no</strong> local para operações <strong>de</strong> exportação;ee) Promover e apoiar o estabelecimento <strong>de</strong> parcerias com mercados--alvo.Para alcançar esses objetivos, o Projeto terá três componentesprincipais, a saber:Componente 1: melhorar o ambiente <strong>de</strong> negócios para operaçõesinternacionais das PMEs (simplificação <strong>de</strong> formalida<strong>de</strong>s e redução <strong>de</strong>custos administrativos, logísticos, fiscais e financeiros das operações <strong>de</strong>exportação).Componente 2: reforçar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> nívelintermediário, públicas e privadas, para melhorar a qualida<strong>de</strong> e arelação custo-eficiência <strong>de</strong> serviços oferecidos às PMEs exportadoras oupotencialmente exportadoras (intercâmbio <strong>de</strong> informação, inteligência138<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 138 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulcomercial, metrologia, avaliação da conformida<strong>de</strong> e certificação <strong>de</strong>produtos e processos – <strong>no</strong>rmas, regulamentos técnicos, medidas sanitáriase fitossanitárias dos mercados <strong>de</strong> <strong>de</strong>sti<strong>no</strong>).Componente 3: melhorar a competitivida<strong>de</strong> e a capacida<strong>de</strong>exportadora <strong>de</strong> PMEs e grupos <strong>de</strong> PMEs (PMEs organizadas emagrupamentos cooperativos – lógica espacial, setorial ou <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>iaprodutiva; APLs, consórcios <strong>de</strong> exportação).As instituições envolvidas <strong>no</strong> Projeto serão a União Europeia, porum lado, e as seguintes entida<strong>de</strong>s nacionais: Agência Brasileira <strong>de</strong>Cooperação (ABC), MDIC (Beneficiário) e ABDI (Instituição executora).Os braços operacionais do projeto, juntamente com a ABDI,serão:1 - APEX, CNI, IEL, INMETRO, MDIC, MAPA, SEBRAE2 - ABIHPEC, ABIT, ABRAMEQ, ASSINTECAL, CICB, IBRAF(PES)3 - 17 instituições (subvenções)O orçamento do Projeto será <strong>de</strong> 44 milhões <strong>de</strong> dólares, divididosigualmente entre a União Europeia e o Gover<strong>no</strong> brasileiro.O programa <strong>de</strong> cooperação já conta com alguns projetos em execução<strong>no</strong> Brasil, a saber:a) Portal do Exportador – Vitrine do Exportador – Fala Exportador:Plataformas on-line <strong>de</strong> assistência aos exportadores brasileiroscom informações sobre procedimentos operacionais, informaçõessetoriais e divulgação <strong>de</strong> produtos das PMEs brasileiras.b) Re<strong>de</strong> Agentes: Formação, capacitação e treinamento <strong>de</strong> agentes<strong>de</strong> comércio exterior, difundindo a cultura exportadora em todasas Unida<strong>de</strong>s da Fe<strong>de</strong>ração e estimulando a inserção <strong>de</strong> PMEs <strong>no</strong>mercado exter<strong>no</strong>.c) Intercâmbios: Intercâmbios bilaterais para disseminação<strong>de</strong> melhores práticas europeias na Re<strong>de</strong> CIN (imersão emobservatórios da União Europeia).139<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 139 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidald) Base <strong>de</strong> Dados: Aquisição e implementação <strong>de</strong> base <strong>de</strong> inteligênciaem comércio exterior (banco <strong>de</strong> projetos empresariais).e) Capacitação Re<strong>de</strong> CIN – Centros Internacionais <strong>de</strong> Negócios:Implementação <strong>de</strong> programa <strong>de</strong> capacitação empresarial e <strong>de</strong>agentes <strong>de</strong> comércio exterior da Re<strong>de</strong> CIN e do Exporta CIN.f) Capacitação Clusters: Disseminação e adoção <strong>no</strong>s núcleosregionais do IEL <strong>de</strong> metodologia <strong>de</strong> apoio e acompanhamentoda inserção internacional <strong>de</strong> PME.A ABDI, conforme <strong>de</strong>claração do seu Presi<strong>de</strong>nte, não incluiu oMERCOSUL <strong>no</strong> âmbito do PAIIPME.4.3. Lei Geral da <strong>Micro</strong> e Pequena EmpresaEncaminhada ao Congresso Nacional em 2005, a Lei Geral da<strong>Micro</strong> e Pequena Empresa foi sancionada em 2008 114 . O Presi<strong>de</strong>nte daRepública aprovou um conjunto <strong>de</strong> <strong>no</strong>rmas que <strong>de</strong>terminam tratamentodiferenciado, simplificado e favorecido para os peque<strong>no</strong>s negócios. A<strong>no</strong>va lei tem por objetivo simplificar impostos, facilitar créditos, criaracesso à tec<strong>no</strong>logia, inserir as PMEs nas exportações, estimular vendasao Gover<strong>no</strong>, e fomentar a formalização.O Supersimples unifica os impostos fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais(ISS, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL, IPI, ICMS e ISS) em apenas umpagamento. Além <strong>de</strong> me<strong>no</strong>s burocracia, promete redução da cargatributária. A gran<strong>de</strong> maioria das micro e pequenas empresas <strong>de</strong>verãopagar me<strong>no</strong>s impostos com a integração tributária.O capítulo tributário é o coração da Lei Geral, mas não é o únicobenefício que ela trará quando os <strong>de</strong>mais capítulos forem regulamentadospelos Estados e municípios. A <strong>de</strong>sburocratização para micro e pequenasempresas não ficou restrita aos impostos. A lei também facilita aabertura <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas. Serão necessários me<strong>no</strong>s comprovantese documentos. Em vez <strong>de</strong> vários números <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação (inscriçãoestadual, inscrições municipais e CNPJ, entre outros) haverá um úniconúmero baseado <strong>no</strong> CNPJ. A abertura da empresa será efetuada medianteregistro simplificado dos seus atos constitutivos, dispensando as empresas<strong>de</strong> inscrição em qualquer outro cadastro. Além disso, todas as exigências114Anexo 2. Entida<strong>de</strong>s que apoiaram a aprovação da Lei Geral <strong>de</strong> <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>.140<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 140 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulpara a abertura da empresa serão consolidadas e postas à disposiçãodo empresário <strong>de</strong> uma só vez, para que ele saiba o que <strong>de</strong>ve fazer paraformalizar seu negócio.A partir da regulamentação da Lei Geral, os órgãos públicospo<strong>de</strong>rão dar preferência aos peque<strong>no</strong>s negócios em suas licitações.Está previsto que as licitações <strong>de</strong> até R$ 80.000,00 po<strong>de</strong>rão ser feitasexclusivamente para micro e pequenas empresas. Também será permitidaa sua subcontratação por empresas <strong>de</strong> maior porte e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fornecimentos parciais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s lotes, quando empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>porte terão preferência caso os preços sejam próximos aos das gran<strong>de</strong>s.Espera-se que R$ 34 bilhões sejam vendidos pelas pequenas empresasaos gover<strong>no</strong>s dos municípios, dos estados e da União.Está prevista a <strong>de</strong>sburocratização e a instituição <strong>de</strong> incentivosfiscais na exportação. Isso reduzirá os impostos sobre as exportaçõesdas pequenas empresas, levando a esse segmento benefícios <strong>de</strong> que jáusufruem as gran<strong>de</strong>s empresas. Os optantes pelo Supersimples terãoredução <strong>de</strong> custos tributários.Criou-se o consórcio simples, tipo <strong>de</strong> associação empresarial coma qual os peque<strong>no</strong>s negócios po<strong>de</strong>rão se associar visando ganhos <strong>de</strong>escala, competitivida<strong>de</strong> e acesso a <strong>no</strong>vos mercados. Com maior po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>negociação, as pequenas empresas po<strong>de</strong>rão comprar melhor e tambémven<strong>de</strong>r melhor, fortalecendo o que se faz hoje por meio das centrais <strong>de</strong>negócios.A Lei Geral prevê que será mais fácil e barato obter empréstimose financiamentos com prazos maiores, já que as microfinanças serãofortalecidas pelo microcrédito e pelo cooperativismo <strong>de</strong> crédito.As cooperativas <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> micro e pequenas empresas po<strong>de</strong>rãorepassar recursos do Fundo <strong>de</strong> Amparo ao Trabalhador –FAT (cerca<strong>de</strong> 120 bilhões <strong>de</strong> reais <strong>de</strong> patrimônio). Também estão previstosincentivos para investimentos em tec<strong>no</strong>logia com a alocação <strong>de</strong>um mínimo <strong>de</strong> 20% dos recursos fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipaisaplicados em pesquisa, <strong>de</strong>senvolvimento e capacitação tec<strong>no</strong>lógicapor parte <strong>de</strong> instituições públicas <strong>de</strong> fomento à tec<strong>no</strong>logia. Estima-seque R$ 3 bilhões sejam investidos anualmente <strong>no</strong>s peque<strong>no</strong>s negóciospor força <strong>de</strong>sse dispositivo.A Lei Geral preten<strong>de</strong> estimular milhões <strong>de</strong> empresas a <strong>de</strong>ixar ainformalida<strong>de</strong>. Segundo estudo do McKinsey Global Institute, uma141<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 141 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidalredução <strong>de</strong> 20% na informalida<strong>de</strong> seria capaz <strong>de</strong> elevar a taxa <strong>de</strong>crescimento brasileiro em pelo me<strong>no</strong>s 1,5%.O Foro Permanente das <strong>Micro</strong>empresas e <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> Peque<strong>no</strong>Porte, mencionado na Lei, já existe e conta com a participação <strong>de</strong> órgãosfe<strong>de</strong>rais competentes e <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> representação e apoio empresarial.Sua função é orientar a formulação e a coor<strong>de</strong>nação da política nacional<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do segmento, bem como acompanhar e avaliar asua implantação. Juntamente com instituições governamentais, articulae incentiva a criação <strong>de</strong> foros regionais com participação dos órgãospúblicos e das entida<strong>de</strong>s vinculadas ao setor empresarial. É compostopor órgãos fe<strong>de</strong>rais e pelas entida<strong>de</strong>s vinculadas ao setor, presidido ecoor<strong>de</strong>nado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior. Está prevista a participação do Ministério das RelaçõesExteriores.Na avaliação do SEBRAE, a Lei Geral tem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promovera melhoria do ambiente empreen<strong>de</strong>dor <strong>no</strong> Brasil, apoiando os peque<strong>no</strong>sempreendimentos, diminuindo a informalida<strong>de</strong>, simplificando ereduzindo a carga tributária, <strong>de</strong>sburocratizando e facilitando o acessoao crédito, à justiça e à i<strong>no</strong>vação e permitindo que microempresas eempresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte ganhem competitivida<strong>de</strong>, conquistem <strong>no</strong>vosmercados e contribuam para o <strong>de</strong>senvolvimento, a geração <strong>de</strong> trabalhoe a distribuição <strong>de</strong> renda.Cervieri, contudo, consi<strong>de</strong>ra sua adoção lenta <strong>no</strong> cenário fe<strong>de</strong>rativobrasileiro. A regulamentação da Lei <strong>de</strong>ve ocorrer em todos os estados emunicípios, o que termina por envolver diferentes ritmos <strong>de</strong> tramitaçãoe <strong>de</strong> natureza política e motivacional.4.4. O ambiente econômico e político <strong>no</strong> Brasil para oempreen<strong>de</strong>dorismo e as iniciativas dos <strong>de</strong>mais sócios do MERCOSUL<strong>de</strong> apoio a micro, pequenas e médias empresasO Brasil tem apresentado importantes avanços <strong>no</strong> tratamento dotema das pequenas e médias empresas. Nos últimos a<strong>no</strong>s, verificouseum esforço governamental maior <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> criar condições,<strong>no</strong>rmativas e institucionais, para o surgimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas pequenas emédias empresas. Esse esforço se traduziu em créditos mais amplos,estratégias <strong>de</strong> estímulo à i<strong>no</strong>vação, instrumentos <strong>de</strong> apoio às MPMEs142<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 142 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulem conhecimento, acesso a informações e bancos <strong>de</strong> dados, inserçãointernacional e, mais recentemente, a criação <strong>de</strong> um entor<strong>no</strong> fiscal eburocrático mais simplificado e me<strong>no</strong>s oneroso para as micro e pequenasempresas, com a Lei Geral.A <strong>no</strong>va visão dos agentes públicos sobre a importância das pequenas emédias empresas ainda não se traduziu em uma reviravolta na mentalida<strong>de</strong>pública sobre o papel das PMEs sobre o crescimento da eco<strong>no</strong>mia, ageração <strong>de</strong> empregos, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação, a resistência maior aoschoques exter<strong>no</strong>s, enfim, toda a gama <strong>de</strong> vantagens <strong>de</strong> uma eco<strong>no</strong>miame<strong>no</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das gran<strong>de</strong>s corporações. Parece que o tema aindanão entrou <strong>de</strong>finitivamente na linha <strong>de</strong> frente do planejamento <strong>de</strong> longoprazo sobre <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social. Como consequência,a avaliação <strong>de</strong> especialistas nacionais sobre as condições brasileiras queafetam o empreen<strong>de</strong>dorismo (Entrepreneurial Framework Conditions,ou EFC) ainda é relativamente baixa.As EFC refletem as principais características do ambientesocioeconômico <strong>de</strong> um país, das quais se espera que tenham um impactosignificativo sobre a ativida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora.O único item em que a avaliação dos especialistas brasileiros ésuperior à avaliação dos países industrializados e in<strong>no</strong>vation-driven éo que se refere à dinâmica do mercado inter<strong>no</strong>, consi<strong>de</strong>rada boa para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas PMEs.Por outro lado, os itens <strong>no</strong>s quais a avaliação do Brasil ainda nãologrou alcançar o patamar dos países mais industrializados são: políticasgovernamentais, programas <strong>de</strong> gover<strong>no</strong>, transferência e <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logias, infraestrutura comercial e profissional, abertura <strong>de</strong>mercado inter<strong>no</strong> e infraestrutura física.Segundo pesquisa <strong>de</strong> Bosma, Levie e do Global EntrepreneurshipMonitor (GEM), a avaliação do item “apoio financeiro” foi particularmentebaixa em 2009. Outros itens mal avaliados foram as políticasgovernamentais, a educação básica e a educação superior comoinstrumentos <strong>de</strong> fomento da ativida<strong>de</strong> empresarial.As políticas governamentais <strong>de</strong> apoio às PMEs, e mais particularmenteao surgimento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas PMEs, são consi<strong>de</strong>radas insatisfatórias. Essainsatisfação se aplica tanto às políticas <strong>de</strong> cunho geral quanto àsque versam sobre a regulação da ativida<strong>de</strong> das empresas <strong>no</strong>vas e emcrescimento.143<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 143 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidalSe <strong>no</strong> âmbito doméstico ainda existe um gran<strong>de</strong> caminho a percorrerpara mudar o papel que as PMEs exercem sobre a formulação <strong>de</strong> políticaspúblicas <strong>de</strong> estímulo, não obstante os <strong>no</strong>tórios progressos dos últimosa<strong>no</strong>s acima mencionados, sobretudo levados a cabo pelo SEBRAE,muito mais longo será o caminho a percorrer para introduzir políticaspúblicas para o MERCOSUL. Os avanços <strong>no</strong> bloco para o fomento daspequenas e médias empresas, elos <strong>de</strong> ligação fundamental para que oMERCOSUL seja um processo <strong>de</strong> integração com maior capilarida<strong>de</strong>social, e me<strong>no</strong>s influenciado pelos interesses das gran<strong>de</strong>s corporações,ainda são muito tímidos.Os <strong>de</strong>mais Estados Partes do MERCOSUL po<strong>de</strong>riam ser fortesaliados do Brasil <strong>no</strong> tratamento do tema. Argentina, Paraguai e Uruguaicontam com estruturas econômicas nas quais micro, pequenas e médiasempresas ocupam espaço importante. Em alguns casos, como o doParaguai, seria mesmo possível afirmar que as PMEs são predominantes<strong>no</strong> que concerne às empresas genuinamente nacionais, se comparadas àsgran<strong>de</strong>s corporações, <strong>no</strong>rmalmente estrangeiras.No Paraguai, por exemplo, o a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2010 caracterizou-se por gran<strong>de</strong>crescimento econômico motivado pela agroindústria, com <strong>de</strong>staquepara a soja, plantio típico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s, mas também sãofortes as cooperativas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s e médios agricultores. Os créditosbancários em 2010 concedidos pelo sistema financeiro local tiveram comopúblico-alvo micro e pequenas empresas e foram muitas as instituiçõesfinanceiras, algumas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e soli<strong>de</strong>z, que se consolidaram<strong>no</strong> mercado bancário local graças à clientela <strong>de</strong> peque<strong>no</strong>s e médiosempresários. Recentemente, foram adotadas medidas muito semelhantesàs que constam da Lei Geral das <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> do Brasil,entre as quais a simplificação <strong>de</strong> trâmites burocráticos para a abertura<strong>de</strong> empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte.O Paraguai conta com regime tributário inter<strong>no</strong> <strong>de</strong> importação <strong>de</strong>matérias-primas e insumos. Trata-se <strong>de</strong> mecanismo <strong>de</strong> incentivo fiscal<strong>de</strong>stinado às indústrias que, amparadas pelo Decreto 11.771/00, po<strong>de</strong>mimportar matérias primas e insumos com tarifa externa <strong>de</strong> zero (0%),<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>de</strong>monstrem que tais produtos serão empregados <strong>no</strong>s seuspróprios processos produtivos.Na Argentina, um dos principais instrumentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dasPMEs é o Fundo Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e144<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 144 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosul<strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> (FONAPYME). Consiste em assistência financeiraaos peque<strong>no</strong>s empresários que apresentem um pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> investimentopara expansão <strong>de</strong> seu negócio. Além disso, a Argentina conta com omecanismo <strong>de</strong><strong>no</strong>minado Nación Leasing, que outorga às PMEs, bemcomo às gran<strong>de</strong>s empresas, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a créditos elevados<strong>de</strong> longo prazo para a aquisição <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital. Outro programaargenti<strong>no</strong> é o Régimen <strong>de</strong> Bonificación <strong>de</strong> Tasas <strong>de</strong> la SEPYME, queredistribui uma fração percentual das taxas <strong>de</strong> juros fixadas pelasinstituições financeiras às micro, pequenas e médias empresas.Em relação à integração produtiva, a Argentina elaborou o programaSistemas Produtivos Locais – Cluster e Re<strong>de</strong>s Produtivas, que brindaapoio técnico e financeiro às micro, pequenas e médias empresas que seorganizem em associações produtivas, ou que integrem outras formas<strong>de</strong> articulação vertical ou horizontal. O objetivo do programa é conce<strong>de</strong>rsubsídios para a contratação <strong>de</strong> um coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> associação produtiva,por tempo <strong>de</strong>terminado, a fundo perdido.No Uruguai, o Fundo Raúl Sendic oferece assistência financeirapara apoiar peque<strong>no</strong>s empreen<strong>de</strong>dores, incluindo serviços, e é dirigidoà população <strong>de</strong> baixa renda, com o objetivo <strong>de</strong> reduzir a pobreza.O Fundo é aplicado em todo o Uruguai e, conforme o programa dogover<strong>no</strong>, “a garantia é a palavra”. O Uruguai conta também com o fundoPROSPERITAS, que aporta capital <strong>de</strong> risco, por meio da participaçãodo investidor <strong>no</strong> capital do <strong>no</strong>vo empreendimento. Seu foco é o setor <strong>de</strong>tec<strong>no</strong>logia, serviços e agroindústria.A Argentina tem sido, como mencio<strong>no</strong>u o Diretor do Departamentodo MERCOSUL do Itamaraty, Embaixador Bru<strong>no</strong> Bath, um dos principaismentores <strong>de</strong> políticas <strong>no</strong> MERCOSUL para as PMEs. Segundo Bath, ecorroborado pelo Chefe da Divisão do MERCOSUL Político, Sociale Institucional, a <strong>de</strong>legação argentina tem sido permanente <strong>de</strong>fensorados interesses das pequenas empresas <strong>no</strong> MERCOSUL e foi a principalmotivadora do projeto <strong>de</strong> criação do Fundo <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e<strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, posteriormente transformado em Fundo <strong>de</strong> Garantias,como se examinará mais abaixo. Ao térmi<strong>no</strong> da Presidência Pro TemporeBrasileira do MERCOSUL, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010, ainda não havia sidoregulamentado e corria sério risco <strong>de</strong> estagnar. Também o Programa <strong>de</strong>Integração Produtiva do MERCOSUL, aprovado em 2008, foi promovidopela Argentina durante a sua Presidência Pro Tempore. O Programa,145<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 145 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidalembora tenha evoluído para uma etapa mais avançada do que o Fundo<strong>de</strong> Garantias das PMEs, também se ressente da falta <strong>de</strong> maior apoioinstitucional e político <strong>no</strong> MERCOSUL. Os projetos <strong>de</strong> integraçãoprodutiva, em incubação, com apoio da ABDI, envolvem ca<strong>de</strong>iasprodutivas nas quais predominam médias e gran<strong>de</strong>s empresas, comoo setor automotivo. Bem-intencionados, esses projetos carecem <strong>de</strong>maior penetração nas PMEs do MERCOSUL.O Uruguai tem-se aliado ao Paraguai e à Argentina na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>programas <strong>de</strong> integração produtiva que beneficiem as PMEs, poissua estrutura econômica comprova o gran<strong>de</strong> papel que <strong>de</strong>sempenhamsobre a criação <strong>de</strong> empregos e o crescimento naquele país (vi<strong>de</strong> Anexo 9,“Participação das <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>no</strong> Uruguai”, elaborado peloObservatório <strong>de</strong> PMEs daquele país).O presente trabalho busca mostrar, contudo, que os avanços atéaqui obtidos <strong>no</strong> tratamento do tema são muito limitados <strong>no</strong> âmbitodo MERCOSUL. A experiência brasileira na matéria, que, graças aoSEBRAE e aos elevados recursos à sua disposição, tem maior alcancedo que as iniciativas domésticas <strong>de</strong> seus sócios do MERCOSUL,evoluiu voltada para uma lógica doméstica, e não propriamente <strong>de</strong>integração. No MERCOSUL, essas mesmas políticas ainda não foramreproduzidas.A Decisão 22/07, que <strong>de</strong>finiu a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um FundoMERCOSUL <strong>de</strong> Apoio a <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, contoucom importante contribuição brasileira nas negociações para suaconstituição, mas apresentou limitações. A i<strong>de</strong>ia que motivou aaprovação da Decisão 22/07 era usar os recursos do fundo, cujosmontantes não foram <strong>de</strong>finidos naquela ocasião, para estimularjunto aos agentes financiadores privados a abertura <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong>financiamento <strong>de</strong> longo prazo e juros baixos para pequenas e médiasempresas que participem dos programas <strong>de</strong> integração competitiva.Esses programas consistem em incentivos a setores econômicos(automotivo, têxtil, alimentos, <strong>de</strong>ntre outros) para que instalem parte<strong>de</strong> suas ca<strong>de</strong>ias produtivas <strong>no</strong>s países me<strong>no</strong>res, Uruguai e Paraguai. Amedida foi discutida na esteira <strong>de</strong> um pla<strong>no</strong> estratégico para superaçãodas assimetrias <strong>no</strong> MERCOSUL.146<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 146 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosul4.5. Fundo MERCOSUL <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong>A Decisão 22/07 115 apontou para o caminho correto, mas ficou curtaem seus resultados práticos. Com apenas uma página, contém cincoparágrafos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações sobre a relevância <strong>de</strong> estimular as pequenase médias empresas a aglomerar-se em ca<strong>de</strong>ias produtivas, por meio daformulação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> financiamento <strong>no</strong> MERCOSUL. I<strong>de</strong>ntificoua necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o MERCOSUL transformar-se em uma via para o<strong>de</strong>senvolvimento econômico e social dos Estados Partes. Sublinhou aimportância do fomento das ca<strong>de</strong>ias produtivas e <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pendênciaentre os setores produtivos dos Estados Partes, e, nessa tarefa, <strong>de</strong>stacoua necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> constituir mecanismo <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> apoio apequenas e médias empresas, envolvidas em projetos <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ias produtivas. Mas, apresentou apenas um parágrafo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão,que encomenda a realização <strong>de</strong> estudos, a saber:Art. 1 - Encomendar ao Grupo Mercado Comum que proponha, na XXXIV ReuniãoOrdinária do Conselho do Mercado Comum, alternativas para a constituição <strong>de</strong>um Fundo MERCOSUL <strong>de</strong> Apoio a <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> envolvidas eminiciativas <strong>de</strong> integração produtiva.4.5.1 Sistema <strong>de</strong> Garantias para as <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>Por meio da Decisão 13/08 116 (vi<strong>de</strong> Anexo 11), o Conselho doMERCOSUL implementou a Decisão 22/07 com a criação <strong>de</strong> um FundoMERCOSUL <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> que, “em suaprimeira fase”, se apresenta como um “sistema <strong>de</strong> garantias”, tal comoaparece <strong>no</strong> texto do artigo primeiro da Decisão:115MERCOSUL/CMC/DEC Nº 22/07, “FUNDO MERCOSUL DE APOIO A PEQUENASE MÉDIAS EMPRESAS”, Assunção, XXXIII Reunião do Conselho do Mercado Comum doSul, junho <strong>de</strong> 2007. Trata-se <strong>de</strong> Decisão primeira que <strong>de</strong>termi<strong>no</strong>u a criação do Fundo, para ser<strong>de</strong>liberado em sessões posteriores do Conselho do Mercado Comum, quando se <strong>de</strong>finiria omo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> financiamento, recursos, objetos, regulamento e estatuto.116MERCOSUL/CMC/DEC. Nº 13/08. “FUNDO MERCOSUL DE APOIO ÀS PEQUENASE MÉDIAS EMPRESAS”, XXXV Conselho do Mercado Comum, San Miguel <strong>de</strong> Tucumán,30/VI/08. Esta Decisão <strong>de</strong>finiu que o mo<strong>de</strong>lo do Fundo seria o <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> garantias aoperações <strong>de</strong> financiamento a pequenas e médias empresas, para projetos <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ias produtivas.147<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 147 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidalArt. 1º - Criar o Fundo MERCOSUL <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>envolvidas em iniciativas <strong>de</strong> integração produtiva, que em sua primeira faseinstrumentará um Sistema <strong>de</strong> Garantias.Mais adiante, a Decisão 13/08 abre o caminho para, <strong>no</strong> futuro,um Grupo Ad Hoc examinar outras modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong>pequenas e médias empresas:Art. 4º - O Grupo Ad Hoc <strong>de</strong>verá, ainda, propor ao Grupo Mercado Comum outrasmodalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento para <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> envolvidas emprocessos <strong>de</strong> integração produtiva. Para tal fim, o Grupo Ad Hoc encaminhará umrelatório preliminar ao Grupo Mercado Comum para tratamento em sua últimareunião do segundo semestre do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2008.Observa-se que o texto da Decisão impõe uma condição para permitiro benefício do fundo <strong>de</strong> garantias, ou, <strong>no</strong> futuro, <strong>de</strong> outra modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fundo, que po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong> financiamento direto, o que se insere <strong>de</strong>ntro daperspectiva do presente trabalho. Trata-se da participação em projetos<strong>de</strong> integração produtiva, o que se enquadraria na lógica da formação <strong>de</strong>clusters produtivos, envolvendo pequenas e médias empresas em ca<strong>de</strong>ia<strong>de</strong> fornecimento para gran<strong>de</strong>s empreendimentos ou gran<strong>de</strong>s empresas.O Fundo <strong>de</strong> Garantias propriamente dito foi criado pela Decisão 41/08 117 ,na esteira dos trabalhos do Grupo Ad Hoc encomendado pela Decisão 13/08.A Decisão 41/08 estipulou que o Fundo oferecerá garantias <strong>de</strong> até 100milhões <strong>de</strong> dólares, a projetos <strong>de</strong> integração produtiva que envolvam micro,pequenas e médias empresas, distribuídos da seguinte maneira:- Brasil: 70 milhões (70%)- Argentina: 27 milhões (27%)- Uruguai: 2 milhões (2%)- Paraguai: 1 milhão (1%)117MERCOSUL/CMC/DEC. Nº 41/08. “CRIAÇÃO DO FUNDO MERCOSUL DEGARANTIAS PARA MICRO, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS”, XXXVI CMC, Salvador,15/XII/08. Decisão que estabeleceu a repartição <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s pela garantia a operações<strong>de</strong> financiamento por entida<strong>de</strong>s privadas para micro, pequenas e médias empresas, estabelecendopercentuais por Estados Partes, para uma garantia total <strong>de</strong> US$ 100 milhões e um prazo <strong>de</strong>vigência <strong>de</strong> 10 a<strong>no</strong>s.148<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 148 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulConforme o <strong>de</strong>spacho telegráfico 458, <strong>de</strong> 2009, ostensivo, para aEmbaixada do Brasil em Assunção, que relatou os trabalhos do GrupoAd Hoc,o objetivo do Fundo <strong>de</strong> Garantias é ser auto-sustentável, o que não impe<strong>de</strong> apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> futuras ampliações e recomposições. O montante da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> US$100 milhões é suficiente para dar credibilida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> inicial <strong>de</strong> operaçãoao Fundo <strong>de</strong> Garantias, sobretudo <strong>no</strong>s primeiros dois a<strong>no</strong>s, em que funcionarácom baixo índice <strong>de</strong> alavancagem, como medida cautelar.Uma primeira versão <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> Regulamento para o Fundo contoucom as experiências brasileiras <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> garantia, em coor<strong>de</strong>naçãocom o Ministério da Fazenda, o Ministério <strong>de</strong> Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o BNDES, o Banco do Brasil e oSEBRAE. No telegrama 397 118 , da Delegação Brasileira junto à ALADIe MERCOSUL, em Montevidéu, <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2008, foram tecidosalguns comentários sobre as negociações que antece<strong>de</strong>ram a aprovaçãodas Decisões 13/08 e 41/08. Naquele momento, ainda discutiam osEstados Partes o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> financiamento que se <strong>de</strong>sejavacomeçar a montar para as pequenas e médias empresas. Paraguai,Uruguai e Argentina advogavam um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> financiamentodireto, ao passo que o Brasil consi<strong>de</strong>rava mais a<strong>de</strong>quado um fundo <strong>de</strong>garantias <strong>de</strong> empréstimos a serem concedidos por instituições financeirasprivadas. O argumento brasileiro procurava reduzir os riscos ao erário<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> um fundo <strong>de</strong> financiamento direto, além <strong>de</strong> sustentar maiorimpulso financeiro que se po<strong>de</strong>ria dar ao fundo caso se restringisse aum sistema <strong>de</strong> garantias, atrelado a financiamentos obtidos <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>sfinanceiras privadas ou públicas. A estrutura administrativa <strong>de</strong> um sistema<strong>de</strong> garantias também seria me<strong>no</strong>s pesada do que a <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>financiamento direto, que seria equivalente ao <strong>de</strong> um banco multilateral.Prevaleceu, na Decisão 41/08, a proposta <strong>de</strong> um fundo <strong>de</strong> garantias.A adoção <strong>de</strong>sse Fundo ainda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da aprovação do seu Regulamentoe da ratificação pelos Congressos dos Estados Partes da Decisão41/08. O coor<strong>de</strong>nador nacional do Fundo <strong>de</strong> Garantias <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e118BRASALADI, Telegrama 397, <strong>de</strong> 16/05/2008. Trata-se <strong>de</strong> avaliação da Representação doBrasil junto à ALADI e MERCOSUL sobre a criação do Fundo <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> do MERCOSUL.149<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 149 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, Marcelo Araújo, da Divisão do Mercado Comumdo Sul (DMC), esclareceu que a adoção do Fundo <strong>de</strong> Garantias, cujai<strong>de</strong>alização, como mencionado <strong>no</strong> Capítulo II, foi motivada mais pelointeresse brasileiro <strong>de</strong> acomodar um antigo pleito argenti<strong>no</strong> sobre fomento<strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> integração produtiva do que pela percepção dosnegociadores brasileiros da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> introduzir mecanismos <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa dos interesses das pequenas empresas <strong>no</strong> MERCOSUL, encontraráobstáculos à frente, em 2011, haja vista recente resistência argentina ài<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> um fundo apenas <strong>de</strong> garantias, dissociado <strong>de</strong> projetos concretos<strong>de</strong> integração produtiva, uma vez que po<strong>de</strong> ser difícil para os peque<strong>no</strong>s emédios empresários conseguir créditos <strong>de</strong> bancos privados apenas comas garantias dos Estados Partes.Na verda<strong>de</strong>, o Fundo não representa um instrumento <strong>de</strong> financiamentodas pequenas e médias empresas. Trata-se <strong>de</strong> um fundo <strong>de</strong> garantias, quetem, é verda<strong>de</strong>, o importante papel <strong>de</strong> facilitar o acesso das PMEs aoscréditos <strong>de</strong> mercado, mas quem aprova os créditos são as instituiçõesfinanceiras privadas, com aval do Fundo. Ainda não representa um Fundodo MERCOSUL <strong>de</strong> créditos diretos a projetos <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong>PMEs, ou <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> aglomerados industriais (clusters), <strong>no</strong> territórioaduaneiro do MERCOSUL. Algo nessa direção exerceria a função <strong>de</strong>vincular o processo <strong>de</strong> integração com as PMEs <strong>de</strong> maneira mais eficaz,envolvendo-as mais profundamente <strong>no</strong> bloco, ao criar um instrumentofinanceiro intrazona <strong>de</strong> fomento das PMEs.O Fundo <strong>de</strong> Garantias não assegura que as pequenas e médiasempresas do MERCOSUL po<strong>de</strong>rão contar com recursos <strong>de</strong> um fundoespecífico <strong>de</strong>stinado a financiar seus projetos <strong>de</strong> criação, expansãoou <strong>de</strong>senvolvimento e i<strong>no</strong>vação. O sistema financeiro será quem, emúltima análise, ditará se as PMEs da região terão créditos ou não. Nãoaltera, substancialmente, o quadro existente, pois os créditos a PMEs<strong>no</strong>rmalmente se conce<strong>de</strong>m, mesmo por meio do Banco do Brasil,sem a exigência <strong>de</strong> garantias, uma vez que envolvem montantes nãoelevados.Um fundo <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> financiamento direto <strong>de</strong> PMEs doMERCOSUL, por outro lado, traria o diferencial <strong>de</strong> canalizarprojetos <strong>de</strong> criação, expansão ou <strong>de</strong>senvolvimento e i<strong>no</strong>vação dasPMEs para a integração <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias produtivas ou a formação <strong>de</strong>clusters industriais.150<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 150 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulEntrevistado em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010 119 , o Embaixador Bru<strong>no</strong> Bath,Diretor do Departamento do MERCOSUL do Itamaraty, ao comentaras difíceis negociações para aprovar o Regulamento do Fundo,mostrou-se preocupado com a disposição dos Estados Partes <strong>de</strong> superarsuas diferenças para levar a bom termo temas que são essenciais para oaprofundamento do MERCOSUL.Sobre a regulamentação, Bath indicou que as negociações nãoavançam, dados alguns impasses entre os Estados Partes que refletemprofundas diferenças entre os sistemas financeiros e o modo como aseco<strong>no</strong>mias se organizam. O Brasil, por exemplo, ainda privilegia osistema financeiro privado para articular os créditos para as PMEs, aopasso que a Argentina <strong>de</strong>sejaria que o MERCOSUL contasse com umsistema organizado pelo po<strong>de</strong>r público.4.6. Programa <strong>de</strong> Integração Produtiva do MERCOSULEm estudo preparado para o GMC 120 , a Assessoria Técnica daSecretaria do MERCOSUL conclui que as MPMEs melhoram a suacompetitivida<strong>de</strong> e eficiência (particularmente as potenciais provedoras<strong>de</strong> outras empresas em Arranjos Produtivos Locais, APL) quando sãoincorporadas aos circuitos “virtuosos” <strong>de</strong> APLs, sistemas <strong>de</strong> integraçãoprodutiva que se caracterizam por sua concentração geográfica, ou aosclusters, que envolvem sistemas <strong>de</strong> integração produtiva vinculadosmais ao valor final da ca<strong>de</strong>ia produtiva do que a conceitos <strong>de</strong> espaço. Avinculação das MPMEs, segundo o referido estudo, com o conceito <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ias produtivas não é difícil <strong>de</strong> estabelecer.Las ca<strong>de</strong>nas productivas regionales, <strong>de</strong>finidas como sistemas <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>seconómicas (primarias, manufactureras, logísticas, <strong>de</strong> distribución ycomercialización, servicios, etc.) que establecen entre sí relaciones <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong>la pertenencia a un mismo proceso productivo, pue<strong>de</strong>n involucrar pymes, APL,y clusters, don<strong>de</strong> la mayor eficiencia <strong>de</strong> cada eslabón repercute positivamente entodo el sistema. La llave para entrar a ese circuito virtuoso para nuevas empresas119Entrevista com Bru<strong>no</strong> Bath, Diretor do Departamento do MERCOSUL do Ministério dasRelações Exteriores, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010.120Informe Técnico 17/06. Ca<strong>de</strong>ias Produtivas <strong>no</strong> MERCOSUL, Assessoria Técnica doMERCOSUL, SM, Montevidéu, 2006.151<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 151 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidales la mejora <strong>de</strong> la eficiencia y la competitividad, ya que la ca<strong>de</strong>na <strong>no</strong> admiteempresas o APL <strong>no</strong> competitivos o ineficientes.Ainda segundo o estudo, a aglomeração <strong>de</strong> micro, pequenas emédias empresas em sistemas <strong>de</strong> integração produtiva representa forma<strong>de</strong> cooperação que po<strong>de</strong> ser o melhor caminho para que as empresasme<strong>no</strong>res possam obter vantagens competitivas, que <strong>no</strong>rmalmente nãosurgem quando atuam isoladamente. A cooperação em APL ou emclusters facilita a pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, capacitação, acesso atec<strong>no</strong>logia, escala <strong>de</strong> produção e i<strong>no</strong>vação. Nesses sistemas, as MPMEsinserem-se <strong>de</strong> forma competitiva e colaboram para agregar valor àsca<strong>de</strong>ias produtivas. Acrescente o estudo que “es así que estos esquemas<strong>de</strong> producción basados en pequeñas y medianas empresas pue<strong>de</strong>nresultar en ventajas <strong>de</strong> escala similares o superiores a las que presentael mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> la gran firma integrada verticalmente”.Pela Decisão 12/08 121 , a XXXV Reunião do Conselho do MercadoComum, em Tucumán, na Argentina, aprovou o Programa <strong>de</strong> IntegraçãoProdutiva do MERCOSUL. O Programa tem por objetivo fortalecera “complementarida<strong>de</strong> produtiva das empresas do MERCOSUL,principalmente PMEs, e aprofundar o processo <strong>de</strong> integração do bloco,consolidando o aumento da competitivida<strong>de</strong> dos setores produtivosdos Estados Partes”. A Decisão também cria um Grupo <strong>de</strong> IntegraçãoProdutiva (GIP), cuja função será “coor<strong>de</strong>nar e executar o Programa <strong>de</strong>Integração Produtiva do MERCOSUL (PIPMSUL), bem como todas aspropostas e ações ligadas a essa temática”.O GIP ainda tem relativamente pouco tempo <strong>de</strong> existência. Não sepo<strong>de</strong>m esperar resultados que alterem substancialmente a relação <strong>de</strong>forças <strong>no</strong> MERCOSUL entre pequenas e médias empresas e os gran<strong>de</strong>ssetores produtivos em apenas um ou dois a<strong>no</strong>s. Tampouco parece ser estaa priorida<strong>de</strong> do GIP e do Programa <strong>de</strong> Integração Produtiva. A intençãodos i<strong>de</strong>alizadores do PIPMSUL é, contudo, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância paraa efetiva integração das MPMEs <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>cisório, nas instânciasnegociadoras, na <strong>de</strong>finição das metas e na formulação <strong>de</strong> políticas doMERCOSUL.121MERCOSUL/CMC/DEC. Nº 12/08. Programa <strong>de</strong> Integração Produtiva do MERCOSUL,aprovado na XXXV Reunião do CMC.152<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 152 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulO Programa <strong>de</strong> Integraçao Produtiva é um primeiro passo para amissão <strong>de</strong> repensar o papel das MPMEs <strong>no</strong> MERCOSUL. Trata-se <strong>de</strong>programa que busca inserir <strong>no</strong> or<strong>de</strong>namento jurídico do MERCOSULprojetos <strong>de</strong> integração produtiva. Seus resultados ainda são <strong>de</strong> reduzidoalcance para as MPME. É necessário que se estimule o <strong>de</strong>senvolvimentodos trabalhos <strong>no</strong> PIP e se criem condições para a efetiva implantaçãodas ca<strong>de</strong>ias produtivas propostas e para sua ampliação a <strong>no</strong>vos setores.O texto do PIPMSUL, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2008, parece diag<strong>no</strong>sticarcorretamente o problema:um dos principais objetivos do bloco regional é que os benefícios da integraçãoregional se estendam a todos os seus membros e, para isso, é preciso estimular acomplementarida<strong>de</strong> entre diferentes elos das ca<strong>de</strong>ias regionais <strong>de</strong> valor, procurandoa efetiva incorporação da produção dos países <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r tamanho econômicorelativo aos processos produtivos <strong>de</strong> todos os sócios 122 .Conforme mencionado mais acima, o Presi<strong>de</strong>nte da ABDI, ReginaldoBraga Arcuri, responsável <strong>no</strong> GIP por importantes iniciativas sobre ca<strong>de</strong>iasprodutivas <strong>no</strong>s setores <strong>de</strong> óleo e gás e autopartes, não conta, contudo, comuma estrutura institucional que favoreça a adoção e a sobrevivência <strong>de</strong>ssaspolíticas. As iniciativas até hoje adotadas não se sustentam <strong>no</strong> médioprazo, pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se encontrar maior capilarida<strong>de</strong> nas associaçõesou grupos <strong>de</strong> micro, peque<strong>no</strong>s e médios empresários, ainda alheios àspolíticas formuladas em Brasília especificamente para o fortalecimentodas pequenas empresas <strong>no</strong> MERCOSUL. Por outro lado, também não sesustentam <strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório que instâncias como o GIPe o SGT-7 têm na estrutura institucional do MERCOSUL.Não se preten<strong>de</strong> aqui limitar a discussão sobre a ausência dasMPMEs <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>cisório do MERCOSUL ao <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> uma política <strong>de</strong> integração produtiva. Esse é um dos componentesda equação, e faz parte <strong>de</strong> uma das propostas apresentadas <strong>no</strong> final dotrabalho para <strong>no</strong>vas linhas <strong>de</strong> atuação <strong>no</strong> MERCOSUL. A questão envolvetambém a redistribuição <strong>de</strong> forças e a inserção das PMEs <strong>no</strong> processo<strong>de</strong>cisório do MERCOSUL como um ator que não anula os gran<strong>de</strong>s setores122MERCOSUL/CMC/DEC. Nº 12/08. Programa <strong>de</strong> Integração Produtiva do MERCOSUL,aprovado na XXXV Reunião do CMC. O texto citado encontra-se <strong>no</strong> item I do Programa,Fundamentação, parágrafo 4º, Anexo à Decisão.153<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 153 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidalprodutivos, mas passa a atuar em pé <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>, dado o fundamentalpapel que as PMEs <strong>de</strong>sempenham na eco<strong>no</strong>mia, como motores da geração<strong>de</strong> empregos, <strong>de</strong> renda, <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong> resistência aos choquesexter<strong>no</strong>s, e sua função social. Ao fortalecer esse papel, os Estados Partesestarão dando um gran<strong>de</strong> passo para reaproximar o processo econômicoe comercial <strong>de</strong> integração dos interesses dos trabalhadores e fortalecera dimensão sociolaboral.A inserção do tema das pequenas e médias empresas <strong>no</strong>processo negociador não se esgota com a aprovação <strong>de</strong> uma ou outra<strong>no</strong>rma que as contemple <strong>no</strong> conjunto das <strong>no</strong>rmas do MERCOSUL:trata-se, sim, <strong>de</strong> buscar uma <strong>no</strong>va mentalida<strong>de</strong> para a inclusão efetiva<strong>de</strong>ssas empresas na agenda do processo negociador. Torna-se necessárioampliar a base <strong>de</strong> negociação do MERCOSUL, por meio da inclusão <strong>de</strong>agentes que, embora não tenham força e organização tal como os gran<strong>de</strong>sgrupos econômicos, representam os interesses da força <strong>de</strong> trabalho dosEstados Partes e contribuem efetivamente para a inclusão social e paraa redistribuição <strong>de</strong> renda.4.6.1 O SGT-7 (Indústria) e a Comissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e<strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> e ArtesanatoComo se observou mais acima, <strong>no</strong> capítulo 3, o SGT-7, subgrupo<strong>de</strong> trabalho responsável pela promoção da integração industrial <strong>no</strong>MERCOSUL, trata dos temas relacionados com as políticas industriais dospaíses integrantes do bloco com o objetivo <strong>de</strong> contribuir para a integraçãoprodutiva e avançar em direção à uma política industrial comum.Conforme informação disponível na página oficial do MERCOSUL 123 ,entre os temas permanentes <strong>de</strong> discussão do SGT-7 encontram-se aquelesrelativos às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> Indústrias e Artesanato, Proprieda<strong>de</strong>Intelectual e Qualida<strong>de</strong> e I<strong>no</strong>vação. Para ocupar-se dos temas referentesàs MPMEs, conta com uma Comissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> e Artesanato 124 .O SGT-7 tem função <strong>de</strong>liberativa. Não tem po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório, e estásubordinado ao GMC. Tem-se reunido em média duas vezes ao a<strong>no</strong>. No123Vi<strong>de</strong> www.mercosur.org.uy.124Vale registrar que a página oficial do SGT-7 informa que o subgrupo se ocupa dos temas <strong>de</strong>pequenas e médias empresas, mas a Comissão se <strong>de</strong><strong>no</strong>mina <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas.154<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 154 25/10/2011 20:35:16


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulseu programa <strong>de</strong> trabalho, constam as algumas ativida<strong>de</strong>s principais.Uma <strong>de</strong>las é a promoção dos Foros <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> 2003,foi lançado o Foro da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira e Móveis, que sabidamente éintensiva em pequenas empresas. Trabalha-se, também, na consolidaçãodo Projeto <strong>de</strong> Fortalecimento da Ca<strong>de</strong>ia Produtiva e Desenvolvimento<strong>de</strong> Fornecedores <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira e Móveis do MERCOSUL, com recursosdo Fundo Para a Convergência Estrutural do MERCOSUL (FOCEM).Nesse projeto, o uso <strong>de</strong> recursos do FOCEM foi bloqueado pelo Paraguai,que alega que o FOCEM <strong>de</strong>ve ser empregado prioritariamente parainvestimentos em infraestrutura. Outra ativida<strong>de</strong> do SGT-7 é a promoçãodo Concurso MERCOSUL para o Desenho <strong>de</strong> Móveis.No âmbito da integração produtiva, componente essencial das suasfunções, o SGT-7 participa das ativida<strong>de</strong>s do Programa <strong>de</strong> IntegraçãoProdutiva do MERCOSUL, vinculado ao GIP. O Subgrupo tem tarefasespecíficas encomendadas à Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gestão <strong>de</strong> Foros/Secretaria doMERCOSUL. Dentre as tarefas, prevê-se a atualização dos indicadores<strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira e Móveis e o exame <strong>de</strong> <strong>no</strong>vosForos <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong>.Na sua XX Reunião, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003, o SGT-7 tinha aprovadoproposta <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong><strong>no</strong>minada Integração <strong>de</strong> Ca<strong>de</strong>ias Produtivas eForos <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong> <strong>no</strong> MERCOSUL, apresentada pela Re<strong>de</strong> <strong>de</strong>Pesquisas Econômicas do MERCOSUL. Na LII Reunião do GMC, emMontevidéu, em <strong>de</strong>zembro daquele a<strong>no</strong>, “tomou-se <strong>no</strong>ta” da proposta <strong>de</strong>pesquisa e se manifestou que a Re<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria trabalhar em coor<strong>de</strong>naçãocom a Secretaria do MERCOSUL. A proposta foi <strong>de</strong>ixada em suspensopor falta <strong>de</strong> financiamento.Em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2005, a Re<strong>de</strong> MERCOSUL propôs <strong>no</strong>vamente aoSGT-7 o mesmo projeto, <strong>de</strong>sta vez com orçamento. O SGT-7 concluiuque o orçamento proposto não tinha “clareza suficiente para ser avaliado”.Consi<strong>de</strong>rou que algumas ca<strong>de</strong>ias propostas não correspondiam ao SGT-7, pornão serem “exatamente industriais” e não correspon<strong>de</strong>rem com aquelasque se estudavam para os <strong>no</strong>vos foros <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>.Em 2009, o Subgrupo <strong>de</strong> Trabalho havia optado por substituir apesquisa em apreço por outra, inspirada <strong>no</strong>s Arranjos Produtivos Locais(APL) e clusters. Trata-se <strong>de</strong> atualização importante para o tratamentodos programas <strong>de</strong> integração produtiva, em linha com os estudos maismo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s sobre as vantagens industriais, com ênfase nas pequenas155<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 155 25/10/2011 20:35:16


afael <strong>de</strong> mello vidalempresas, <strong>de</strong> se promoverem sistemas <strong>de</strong> produção locais em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> valor. Em sua Ata 02/2009, o SGT-7 concluia que uma linha<strong>de</strong> ação seria o ``estabelecimento <strong>de</strong> critérios para selecionar APLs –clusters que, por suas características, possam ser mais a<strong>de</strong>quados a umacooperação transfronteiriça. Uma vez acordados os critérios, po<strong>de</strong>r-se-iaorganizar um encontro entre participantes dos clusters compatíveis’’.No capítulo 6, serão examinadas propostas para adotar uma política<strong>no</strong> MERCOSUL nessa área.Após a criação do GIP, as funções do SGT-7 ficaram um tanto diluídasentre ambos os foros. Não está clara a relação entre ambos, e como o SGT-7po<strong>de</strong>ria exercer influência sobre as <strong>de</strong>cisões relativas aos programas <strong>de</strong>integração produtiva. Atua hoje mais na esfera <strong>de</strong> implementação doForo da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira e Móveis do que <strong>no</strong> campo da formulação<strong>de</strong> políticas. A pesquisa sobre os APLs <strong>de</strong>monstra que o SGT-7 sabequal o caminho a seguir para montar programas <strong>de</strong> integração produtivacom as pequenas empresas. Seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobre o sistema esobre os setores a serem contemplados parece perdido em meio a outraspriorida<strong>de</strong>s dos foros <strong>de</strong>cisórios do MERCOSUL.Outra <strong>de</strong>cisão recente do SGT-7 foi a <strong>de</strong> iniciar estudos para aintrodução do Foro <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong> da Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Produtos <strong>de</strong> Higienee Perfumaria, também intensivos em pequenas empresas.Quase vinte a<strong>no</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Tratado <strong>de</strong> Assunção, o MERCOSULcontempla dois Foros <strong>de</strong> Competitivida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m, caso resultemem sistemas ou arranjos produtivos locais, promover a disseminação <strong>de</strong>micro, pequenas e médias empresas. Muito pouco, haja vista que elasrespon<strong>de</strong>m por cerca <strong>de</strong> sessenta por cento da mão <strong>de</strong> obra empregadana indústria brasileira.A Comissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, Pequena e Média Empresa (ComissãoMPME), que <strong>de</strong>ve reunir-se pelo me<strong>no</strong>s uma vez semestralmente, tempor objetivo promover iniciativas quadripartites, com envolvimentodas agências nacionais responsáveis pelo fomento das MPMEs, parao intercâmbio <strong>de</strong> informações sobre MPMEs. Realiza estudos sobrelegislação nacional em cada Estado Parte, abertura <strong>de</strong> empresas,financiamento <strong>de</strong> MPMEs, programas <strong>de</strong> incubadoras e avaliação <strong>de</strong>conformida<strong>de</strong> em relação a micro, pequenas e médias empresas. Em1992, chegou a sugerir uma classificação harmonizada para o conceito<strong>de</strong> MPMEs. Como será examinado <strong>no</strong> capítulo 6, ao apresentar-se uma156<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 156 25/10/2011 20:35:17


o tratamento do tema <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosul<strong>no</strong>va proposta sobre o tema, a classificação <strong>de</strong> 1992 não foi capaz <strong>de</strong>contemplar as assimetrias entre os países-membros e suas própriasclassificações domésticas. Tem dado ênfase também à promoção <strong>de</strong> umacultura <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> artesanato regional.Um dos projetos mais relevantes examinados pela Comissão sechama Sistema Regional <strong>de</strong> Informação e Aprendizado para o Desenho <strong>de</strong>Políticas Públicas <strong>de</strong> Apoio à <strong>Micro</strong>, Pequena e Média Empresa. O projetotem por objetivo a implementação <strong>de</strong> um sistema regional <strong>de</strong> informaçãoe aprendizagem para o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> apoio à micro,pequena e média empresa, com a participação das agências <strong>de</strong> outrospaíses da região. Segundo o SEBRAE, agência que coor<strong>de</strong>na o projetojuntamente com a SEPYMEDR, da Argentina, e o SERCOTEC (Servicio<strong>de</strong> Cooperación Técnica), do Chile, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>riva da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<strong>de</strong>senvolver ações para enfrentar três problemas chave para a promoçãoda aprendizagem institucional das entida<strong>de</strong>s públicas <strong>de</strong> apoio às MPEda região: a informação estatística, a aprendizagem <strong>de</strong> boas práticas eo acompanhamento e avaliação <strong>de</strong> programas e projetos. Reconhecemessas entida<strong>de</strong>s as vantagens <strong>de</strong> tratar tais questões em nível regional,reunindo informação e experiência, e <strong>de</strong>senvolvendo, conjuntamente,<strong>no</strong>vas metodologias para aumentar a efetivida<strong>de</strong> dos programas <strong>de</strong>apoio ao segmento da micro e pequena empresa. O projeto, <strong>de</strong> autoria<strong>de</strong> Brasil, Argentina e Chile, com apoio do BID, está aberto à a<strong>de</strong>são <strong>de</strong>outros países.Em sua última ata registrada (Ata 02/07), a Comissão recebeu oapoio <strong>de</strong> Paraguai e Uruguai.A Comissão também examina projeto relacionado à criação <strong>de</strong> umObservatório Regional <strong>de</strong> Integração Produtiva, <strong>de</strong> autoria da Comissão<strong>de</strong> Representantes Permanentes do MERCOSUL (CRPM). Esse projetonão contempla preferencialmente as MPME, algo que as <strong>de</strong>legações <strong>de</strong>Argentina, Paraguai e Uruguai recomendaram que comece a ser discutido.A Comissão MPME do SGT-7 reuniu-se <strong>no</strong>vamente em 2008, masnão há registro em Ata na Secretaria do MERCOSUL.Para Cândida Cervieri, ex-Diretora do Departamento <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>,<strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MDIC, <strong>no</strong> período <strong>de</strong> 2004 a 2008, eintegrante da Comissão <strong>de</strong> MPME do SGT-7 até 2008, os trabalhos daComissão ressentem-se <strong>de</strong> um maior conhecimento <strong>de</strong> seus integrantessobre a realida<strong>de</strong> e as políticas públicas nacionais relacionadas ao157<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 157 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidaluniverso das MPMEs e <strong>de</strong> uma visão <strong>de</strong> futuro sobre as estratégias queo MERCOSUL <strong>de</strong>veria adotar. Os trabalhos da Comissão estã limitadospela sua falta <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório, o que faz a agenda girar em tor<strong>no</strong> <strong>de</strong>questões pontuais e carecer <strong>de</strong> seguimento ao longo das <strong>de</strong>mais instânciasinstitucionais e <strong>de</strong>cisórias do próprio MERCOSUL. Segundo Cervieri,“o MERCOSUL não conta com políticas efetivas em apoio às pequenasempresas” 125 .125Cândida Cervieri, Coor<strong>de</strong>nadora-Geral <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Programas <strong>de</strong> Apoio àsExportações da SECEX/MDIC e ex-Diretora do Departamento <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> do MDIC, foi entrevistada em fevereiro <strong>de</strong> 2011. Cervieri participou da formulaçãoda Lei Geral <strong>de</strong> <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>.158<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 158 25/10/2011 20:35:17


Capítulo 5 – Reflexões sobre um Novo Papelpara <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>no</strong>MERCOSULO objetivo principal que se persegue quando se questiona o baixoperfil das pequenas e médias empresas <strong>no</strong> processo negociador doMERCOSUL é permitir a essas empresas ter voz ativa nas mesas <strong>de</strong>negociação e <strong>no</strong>s foros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> políticas nacionais na áreacomercial, em geral, e <strong>no</strong> MERCOSUL, em particular – como <strong>no</strong>GECEX e <strong>no</strong> Grupo Mercado Comum. Trata-se <strong>de</strong> inserir as pequenase médias empresas na formulação <strong>de</strong> políticas, por exemplo, tarifárias e<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento industrial e agrícola, algo que hoje em dia pareceenvolver primordialmente os interesses <strong>de</strong> multinacionais, gran<strong>de</strong>sempresas e associações <strong>de</strong> produtores setoriais, responsáveis pela maiorparte da renda exportadora, como é o caso dos gran<strong>de</strong>s fabricantes <strong>de</strong>bens <strong>de</strong> capital e <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> telecomunicações e informática, setoresintensivos em capital e tec<strong>no</strong>logias, mas não em mão <strong>de</strong> obra.A criação <strong>de</strong> uma Divisão Político, Social e Institucional doMERCOSUL, em 2007, teve por objetivo justamente, entre outras metas,introduzir o tema social com maior afinco <strong>no</strong>s <strong>de</strong>bates do MERCOSUL,o que, embora não se esgote com a simples criação <strong>de</strong> uma <strong>no</strong>va unida<strong>de</strong>na Secretaria <strong>de</strong> Estado, sinaliza para os órgãos negociadores nacionaise dos <strong>de</strong>mais Estados Partes <strong>no</strong>va disposição do Gover<strong>no</strong> brasileiro paraencarar o <strong>de</strong>safio da geração <strong>de</strong> empregos <strong>no</strong> MERCOSUL e do papeldas pequenas e médias empresas.159<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 159 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidalCaso se mantenha uma estrutura <strong>de</strong>sequilibrada <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>cisórioda integração regional, sem a <strong>de</strong>vida representação dos interesses dasMPMEs, o MERCOSUL corre o risco <strong>de</strong> não distribuir os benefícioseconômicos e sociais da integração – tais como crescimento econômicoregional e nacional, acesso a mercados competitivos e <strong>de</strong> baixo custo finalao consumidor, redistribuição da renda por meio da geração <strong>de</strong> empregos,entre outros – <strong>de</strong> forma equilibrada entre todos os atores que <strong>de</strong>vemestar envolvidos nesse processo. O processo ten<strong>de</strong>, assim, a preservar osinteresses <strong>de</strong> estruturas econômicas concentradoras <strong>de</strong> renda e <strong>de</strong> baixageração <strong>de</strong> empregos, o que o torna pouco popular e um tanto afastadodos interesses <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da população, e com pouca visibilida<strong>de</strong> epenetração na opinião pública em geral.A i<strong>de</strong>ia-força do presente trabalho é, portanto, a <strong>de</strong> que uma política<strong>de</strong> geração <strong>de</strong> empregos <strong>no</strong> MERCOSUL, algo estreitamente associadoao fortalecimento <strong>de</strong> sua dimensão social, não po<strong>de</strong> estar <strong>de</strong>svinculada <strong>de</strong>uma política comunitária <strong>de</strong> fomento das pequenas e médias empresas.Ao mesmo tempo, um MERCOSUL sem tal política continuará sendoum projeto importante sob o ponto <strong>de</strong> vista político e comercial, masnão tão relevante do ponto <strong>de</strong> vista do <strong>de</strong>senvolvimento econômico e daredução <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais, preservando certa alienação em relaçãoao substrato coletivo formado pelas socieda<strong>de</strong>s dos Estados Partes.Para compreen<strong>de</strong>r o tema, abordaram-se <strong>no</strong>s capítulos anteriorescertas <strong>de</strong>finições, como o que vem a ser uma micro, pequena ou médiaempresa, e a participação das pequenas e médias empresas na eco<strong>no</strong>mia,vista sob alguns prismas teóricos. Também se discutiu a importância doempreen<strong>de</strong>dorismo, as PMEs e seu papel como fonte <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação, geração<strong>de</strong> empregos e fortalecimento da base salarial. De maneira particular,analisou-se como as PMEs brasileiras atuam <strong>no</strong> complexo processo <strong>de</strong>crescimento econômico.Também se discorreu sobre como as PMEs são tratadas <strong>no</strong> processo<strong>de</strong>cisório do MERCOSUL, e como são tratadas <strong>no</strong> Brasil, consi<strong>de</strong>radasas políticas <strong>de</strong> estímulo à i<strong>no</strong>vação e <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vosempreen<strong>de</strong>dores. Em relação a estes, viu-se como são favorecidos ounão pelo ambiente econômico e político brasileiro.O estudo do tema prossegue, neste capítulo, com o exame <strong>de</strong> algunsparadigmas exter<strong>no</strong>s, como a União Europeia e os Estados Unidos,cujo conhecimento é necessário para refletir-se sobre <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong>160<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 160 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulMERCOSUL. Também analisará o <strong>no</strong>vo ambiente político na Américado Sul, voltado para o fortalecimento <strong>de</strong> políticas sociais e <strong>de</strong> emprego,e seu papel como vetor para <strong>no</strong>vas políticas <strong>de</strong> PMEs <strong>no</strong> MERCOSUL.5.1. Alguns Paradigmas sobre <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>na Integração Regional: o Mo<strong>de</strong>lo da União EuropeiaUm dos principais argumentos que o presente trabalho busca<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r ao propor um papel maior para as PMEs na elaboração <strong>de</strong>políticas públicas nacionais para o MERCOSUL, que se traduzam empolíticas <strong>de</strong> bloco, é o das vantagens para a eco<strong>no</strong>mia. Ou seja, nãose trata apenas <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o fortalecimento das PMEs <strong>no</strong> mundo dasi<strong>de</strong>ias, com argumentos que po<strong>de</strong>riam parecer utópicos. O seu baixoperfil econômico, se tomado isoladamente, po<strong>de</strong>ria fazer supor que a sua<strong>de</strong>fesa entra <strong>no</strong> mundo do i<strong>de</strong>alismo, do peque<strong>no</strong> contra o gran<strong>de</strong>. Nãoé tampouco o lugar que po<strong>de</strong>m ocupar na retórica política da esquerda,referente à <strong>de</strong>fesa da eco<strong>no</strong>mia social, em um ambiente internacionalessencialmente capitalista, dominado por gran<strong>de</strong>s corporações e seusinteresses transnacionais.Trata-se, na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r um argumento econômico: a i<strong>de</strong>ia--força do trabalho é que uma eco<strong>no</strong>mia capitalista, em que as pequenase médias empresas ocupem uma parcela maior do produto inter<strong>no</strong>,rivalizando com as gran<strong>de</strong>s corporações, favorecerá maior geração eestabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empregos; fomentará o empreen<strong>de</strong>dorismo; tornar-se-ásocialmente mais justa; reduzirá a vulnerabilida<strong>de</strong> aos choques exter<strong>no</strong>s;e promoverá o crescimento e a renda. Nesse sentido, estimular um papelmaior para as pequenas e médias empresas <strong>no</strong> MERCOSUL servirá aosinteresses econômicos e sociais da integração, com o benefício adicional<strong>de</strong> tornar a i<strong>de</strong>ia integracionista, o projeto <strong>de</strong> um mercado comum, algomais próximo dos trabalhadores e, por conseguinte, das socieda<strong>de</strong>s dosEstados Partes.O mo<strong>de</strong>lo da União Europeia na formulação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong>geração <strong>de</strong> empregos <strong>de</strong>ve ser avaliado quando se buscam parâmetrospara discussão <strong>de</strong> uma política <strong>no</strong> MERCOSUL, embora não comoreferência obrigatória. Será, assim, examinado o tema sob a ótica <strong>de</strong>como já evoluiu, ou não, <strong>no</strong> processo europeu, a inclusão das pequenase médias empresas <strong>no</strong> processo negociador, e <strong>de</strong> como os formuladores161<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 161 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> integração, <strong>no</strong> Conselho Europeu, levaram ou não emconta os interesses <strong>de</strong> tão importante segmento gerador <strong>de</strong> empregos.As pequenas e médias empresas compõem importante pilar daeco<strong>no</strong>mia da União Europeia.A Comissão Europeia tem suscitado alguns informes relevantespara conhecer o papel das pequenas e médias empresas na eco<strong>no</strong>miada eurozona, com vistas à elaboração <strong>de</strong> políticas comunitárias. Emdocumento preparado para a Comissão 126 , o Observatório Europeu paraas <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> apresentou importantes dados sobre opapel das PMEs como promotoras do crescimento econômico. O estudodo Observatório foi solicitado pela Comissão Europeia para subsidiara elaboração <strong>de</strong> políticas públicas sobre emprego, que resultaram emalgumas <strong>de</strong>cisões relevantes da Comissão, que serão tratadas maisadiante.As conclusões foram reveladoras. A maioria das empresas na Europase enquadraria na classificação <strong>de</strong> SME (small medium enterprises) e,ainda mais auspicioso, são responsáveis pela geração do maior número<strong>de</strong> empregos e respon<strong>de</strong>m por gran<strong>de</strong> parte da ativida<strong>de</strong> econômica 127 .Em 2003, havia mais <strong>de</strong> 19 milhões <strong>de</strong> empresas SME na Europa(tabela 6), que geraram empregos para mais <strong>de</strong> 140 milhões <strong>de</strong> pessoas.Em contrapartida, existem apenas 40.000 gran<strong>de</strong>s empresas, querepresentam apenas 0,2% <strong>de</strong> todas as empresas registradas. Dentre as19 milhões <strong>de</strong> PMEs, 90% são microempresas, que empregam me<strong>no</strong>s<strong>de</strong> 10 pessoas, e cerca <strong>de</strong> 50% são estritamente familiares, sem gerarempregos fora do círculo familiar.126“Observatory of European SME – SME in Europe, 2003/7”, Enterprise Publications, EuropeanNetwork for Small and Medium Enterprises, preparado para a Comissão Européia e coor<strong>de</strong>nadopor David Audrecht, do Max Planck Institute.127Para a Comissão Europeia, consi<strong>de</strong>ram-se a) microempresas: me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 10 empregados; b)pequenas empresas: <strong>de</strong> 10 a 50 empregados; c) médias empresas: <strong>de</strong> 50 a 250 empregados; e d)LSE (Large Scale Enterprises): 250 ou mais empregados. Fonte: Eurostat’s Structural BusinessStatistics e Eurostat’s SME Database.162<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 162 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulTabela 6 – Papel das PMEs na Europa (2003)MPMEs (1000) LSE (1000)<strong>Micro</strong> <strong>Pequenas</strong> <strong>Médias</strong>Número <strong>de</strong> empresas 17 820 1 260 180 40Emprego gerado 55 040 24 280 18 100 42 300Pessoas ocupadas 3 19 98 1 052Exportações daprodução %9 13 17 23Fonte: Elaboração própria, com base na Eurostat’s Structural Business Statistics eEurostat’s SME Database.No terre<strong>no</strong> das exportações, o papel das PMEs é me<strong>no</strong>r que o dasgran<strong>de</strong>s empresas. <strong>Empresas</strong> europeias exportam em média 17% <strong>de</strong>sua produção. <strong>Micro</strong>empresas europeias têm reduzida participação nasexportações totais, <strong>de</strong>stinando ao mercado exter<strong>no</strong> apenas uma média<strong>de</strong> 9% <strong>de</strong> sua produção, enquanto que as gran<strong>de</strong>s empresas exportamem média 23%. Esse padrão é comum <strong>no</strong>s setores produtivos <strong>de</strong> todosos membros da UE e indica que as pequenas e médias empresas atuamem mercados locais e regionais, sem perfil globalizado.<strong>Empresas</strong> pequenas também apresentam maior atuação em setoresintensivos em mão <strong>de</strong> obra, ao contrário das gran<strong>de</strong>s empresas, intensivasem capital e tec<strong>no</strong>logia. Nesses setores, estudos do Observatório Europeu<strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> 128 revelam que a produtivida<strong>de</strong> porempregado nas PMEs na Europa é me<strong>no</strong>r, cerca <strong>de</strong> três vezes, do que aprodutivida<strong>de</strong> das gran<strong>de</strong>s empresas (€ 40 mil anuais contra € 120 mil),uma vez que estas últimas utilizam me<strong>no</strong>s mão <strong>de</strong> obra, mas obtêm maiorrendimento <strong>de</strong> cada empregado, em <strong>de</strong>corrência dos investimentos emtec<strong>no</strong>logia necessária para produção em escala e do maior potencial <strong>de</strong>atuação <strong>no</strong>s mercados exter<strong>no</strong>s. <strong>Empresas</strong> pequenas, em geral, atuam <strong>no</strong>setor <strong>de</strong> comércio a varejo, que apresenta me<strong>no</strong>r produtivida<strong>de</strong>.128Banco <strong>de</strong> Dados da EUROSTAT para pequenas e médias empresas.163<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 163 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidalAs pequenas e médias empresas na Europa foram responsáveis, atéo a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2003, pela maior produção <strong>de</strong> riqueza, ou cerca <strong>de</strong> € 17 trilhõesanuais, contra aproximadamente 12 trilhões gerados pelas gran<strong>de</strong>sempresas (LSE).Muito embora esse dado <strong>de</strong>va ser visto sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>produção total, e não sob a ótica <strong>de</strong> produção por empresa, elementoem que as gran<strong>de</strong>s empresas apresentam individualmente maiorprodutivida<strong>de</strong>, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser um dado relevante na medida em quea produtivida<strong>de</strong> total das pequenas e médias empresas ultrapassa a dasgran<strong>de</strong>s empresas somadas, com evi<strong>de</strong>ntes vantagens para a segurançada eco<strong>no</strong>mia contra os períodos cíclicos <strong>de</strong> crise, na medida em quese po<strong>de</strong>ria afirmar que a concentração da maior parte da produção empoucas empresas aumenta a vulnerabilida<strong>de</strong> da eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> um país ou<strong>de</strong> uma região (União Europeia, MERCOSUL, etc.) como um todo àscrises e aos choques exter<strong>no</strong>s.O raciocínio aplicável à priorida<strong>de</strong> que se <strong>de</strong>ve atribuir às PMEsé semelhante ao raciocínio aplicável à segurança dos investimentos<strong>de</strong> uma pessoa física: quanto mais diversificada a sua carteira <strong>de</strong>investimentos e mais pulverizada em várias empresas, maior a suagarantia contra perdas violentas <strong>de</strong> seus investimentos, o que po<strong>de</strong>riaocorrer caso estes se concentrassem em poucas empresas e em gran<strong>de</strong>ssomas.Da mesma forma, o investimento do Estado <strong>no</strong> fomento daspequenas e médias empresas po<strong>de</strong> assegurar uma base mais sólidapara a eco<strong>no</strong>mia e diminuir sua vulnerabilida<strong>de</strong> externa. Ao mesmotempo, assegura-se maior número <strong>de</strong> empregos e que eles não estejamvulneráveis às oscilações econômicas. A segurança do emprego <strong>no</strong>fomento das pequenas e médias empresas torna, assim, as políticaspúblicas socialmente mais justas.Outro elemento importante que se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> dos dados da UniãoEuropeia é a me<strong>no</strong>r <strong>de</strong>pendência da eco<strong>no</strong>mia das pequenas e médiasempresas em relação às exportações. O tur<strong>no</strong>ver das PMEs nasexportações, ou a participação das exportações na produção total, é emmédia <strong>de</strong> 12%, contra 23% das gran<strong>de</strong>s empresas. A conclusão maisevi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sse dado é que as PMEs estão me<strong>no</strong>s vulneráveis às crisesexternas e às recessões econômicas em outros mercados e são mais<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos mercados nacionais.164<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 164 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulDe maneira geral, uma <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>z PME na Europa, em média,exerce alguma ativida<strong>de</strong> exportadora. Embora algumas eco<strong>no</strong>mias abertastenham grau mais elevado <strong>de</strong> participação nas exportações (Estônia: 23%das empresas exportam; Eslovênia: 21%; Finlândia: 19%; Dinamarca:17%, por exemplo), as PMEs <strong>de</strong> algumas das eco<strong>no</strong>mias mais fortes daEuropa não estão envolvidas em comércio fronteiriço mais significativofora da UE. Na Espanha, 3% da produção das PMEs é exportável, e naFrança, 6%.Em média, as empresas pequenas e médias na UE apresentaram,em 2005, exportações <strong>de</strong> € 83.700. Os setores mais beneficiados foramos <strong>de</strong> transportes e comunicações, com 9% <strong>de</strong> sua renda proveniente <strong>de</strong>exportações, e empresas manufatureiras, com 8%. Os setores <strong>de</strong> assistênciamédica e hotelaria foram os que me<strong>no</strong>s exportaram na UE em 2005, com0,4% e 0,8%, respectivamente. Existem variações para cima <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndoda estrutura econômica <strong>de</strong> cada país. Bélgica, com 15%; Estônia, com12%; e Eslovênia, com 11%, são os países que apresentaram maior rendadas pequenas e médias empresas proveniente das exportações. Em outros,contudo, como Grécia e Chipre, não mais <strong>de</strong> 2%.No pla<strong>no</strong> da UE, existiu leve tendência, em 2006 e 2007, a umaumento da participação nas exportações por parte das pequenas e médiasempresas. Para 2007, pesquisa feita pelo Observatório Europeu indicavaque 35% dos do<strong>no</strong>s <strong>de</strong> pequenas e médias empresas acreditavam queem 2007 aumentaria a renda das exportações, ao passo que 59% nãoantecipavam nenhuma mudança, e apenas 6% previam redução.Um dado que chama a atenção, e que é importante sob o ponto <strong>de</strong> vistada integração regional, é o <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> principal das exportações das pequenase médias empresas da União Europeia. As pequenas e médias empresasnão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das exportações para sua sobrevivência, concentrando-se<strong>no</strong>s mercados domésticos, o que po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado positivo sob oponto <strong>de</strong> vista da resistência às crises cíclicas internacionais. É <strong>de</strong> <strong>no</strong>tar,também, que mesmo a parcela exportável da produção das pequenase médias empresas europeias tem como principal <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> o comérciointrazona, dadas as vantagens comparativas, tais como as tributáriase <strong>de</strong> acesso a mercados, que uma zona <strong>de</strong> livre comércio e uma uniãoaduaneira po<strong>de</strong>m proporcionar.O fomento às pequenas e médias empresas po<strong>de</strong> significar, além <strong>de</strong>uma maior fortaleza econômica <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> nacional, um bom estímulo ao165<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 165 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidalcomércio intrazona, uma vez que os países vizinhos seriam o <strong>de</strong>sti<strong>no</strong>natural <strong>de</strong> suas exportações pelas facilida<strong>de</strong>s tarifárias e aduaneiras; pelosme<strong>no</strong>res custos <strong>de</strong> fretes; e pela harmonização <strong>de</strong> práticas e costumes,entre outras vantagens.Estatísticas da UE mostram que sete <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>z empresas europeiasencontram em outro país da UE seu principal país <strong>de</strong> exportação. Osprincipais parceiros <strong>de</strong> exportação para as pequenas e médias empresaseuropeias são Alemanha, França, Espanha, Holanda, Itália, Rei<strong>no</strong> Unido,Áustria, Bélgica, Irlanda, Grécia e Suécia. Outros mercados são a Ásia,a América do Norte e a África.Na tabela 7, obtém-se uma breve <strong>de</strong>scrição da divisão do trabalhoentre PMEs e LSE europeias. Interessa observar os setores mais atraentespara as PMEs, que se concentram em manufaturas, construção civil,comércio atacadista e serviços autô<strong>no</strong>mos. Esses dados são relevantesquando se examina o tema do <strong>de</strong>senvolvimento das associações, ouaglomerações, <strong>de</strong> PMEs, em projetos <strong>de</strong> integração produtiva.Tabela 7 – Papel das PME por setor – União Europeia (2003)Setor <strong>Empresas</strong> (1000) Trabalhadores (1000) TamanhoExtração (inclui energia) 50 38 LSEManufaturas 2250 16 SMEConstrução 2280 6 <strong>Micro</strong>Comércio atacadista 1510 6 <strong>Micro</strong>Comércio varejista 3740 5 <strong>Micro</strong>Transportes e comunicações 1040 10 LSEServiços terceirizados 4310 6 LSEServiços autô<strong>no</strong>mos 4140 5 <strong>Micro</strong>Fonte: Eurostat’s Structural Business Statistics e Eurostat’s SME Database.5.2 Dificulda<strong>de</strong>s para o Comércio Exterior das <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> EuropeiasO principal problema que as empresas europeias enfrentam paraexportar diz respeito à falta <strong>de</strong> informação, ou falta <strong>de</strong> conhecimento, sobre166<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 166 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulos mercados exter<strong>no</strong>s. <strong>Pequenas</strong> e médias empresas não contam com asmesmas ferramentas <strong>de</strong> informação tais como acesso às esferas <strong>de</strong>cisóriasdo Estado; meios <strong>de</strong> comunicação avançados; acesso a publicaçõesespecializadas e <strong>de</strong> alto custo; participação em seminários e rodadas <strong>de</strong>negócios, também em <strong>de</strong>corrência do alto custo envolvido. Além disso, a“cultura exportadora” e a inserção <strong>no</strong>s mercados globalizados não fazemparte do horizonte <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong> médio prazo <strong>de</strong>ssas empresas, hajavista lidarem com orçamentos com pequena margem para investimentosem outras <strong>de</strong>spesas que não sejam as referentes a pessoal, impostos ecompras <strong>de</strong> insumos e bens.Certamente, o mesmo diagnóstico aplica-se às PMEs <strong>no</strong> MERCOSUL.O segundo maior problema das PMEs europeias seria a redução <strong>de</strong>competitivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus bens e serviços <strong>de</strong>vido às tarifas <strong>de</strong> importaçãoem <strong>de</strong>sti<strong>no</strong>s extrarregionais. Isto explica a preferência pelo comérciointrazona e a maior fortaleza da integração regional do ponto <strong>de</strong> vistadas pequenas e médias empresas.A dificulda<strong>de</strong> em obter capital para operar <strong>no</strong> mercado europeu;diferentes regras e <strong>no</strong>rmas técnicas; a falta <strong>de</strong> recursos gerenciais;os diversos ambientes <strong>no</strong>rmativos em países fora da EU; restriçõesidiomáticas; e a baixa a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> seus produtos às <strong>no</strong>rmas eregulamentos técnicos do mercado exter<strong>no</strong> também foram apontadas porpeque<strong>no</strong>s e médios empresários europeus em pesquisas do Observatóriocomo alguns entraves para o comércio exterior. Setorialmente, o temadas restrições tarifárias faz parte do universo <strong>de</strong> preocupações <strong>de</strong>praticamente todas as PMEs europeias. Nos setores <strong>de</strong> manufaturase construção, a falta <strong>de</strong> informação sobre mercados exter<strong>no</strong>s e suasoportunida<strong>de</strong>s representa o maior <strong>de</strong>safio. No setor financeiro, as queixasmais comuns são atinentes à falta <strong>de</strong> harmonização <strong>de</strong> regras, inclusive<strong>de</strong>ntro da União Europeia. Nos setores <strong>de</strong> transportes, <strong>de</strong> logística e <strong>de</strong>comunicações, a maior dificulda<strong>de</strong> é a falta <strong>de</strong> capital.Vale <strong>no</strong>tar também a me<strong>no</strong>r <strong>de</strong>pendência das pequenas e médiasempresas europeias <strong>de</strong> parcerias externas. Apenas 5% das PMEs naUnião Europeia recebem recursos provenientes <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> parceriacom negócios estrangeiros, seja na forma <strong>de</strong> subsidiárias, seja <strong>de</strong> jointventures. Esse padrão é comum seja <strong>no</strong>s <strong>no</strong>vos Estados–membros, seja<strong>no</strong>s integrantes da UE-12. Mesmo em um país como a Alemanha, quese po<strong>de</strong>ria supor que teria um perfil industrial globalizado <strong>no</strong> âmbito167<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 167 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidaldas PMEs, as parcerias externas nas pequenas e médias empresas nãopassam <strong>de</strong> 2% do universo <strong>de</strong> empresas.Ao mesmo tempo, as LSE (Large Scale Enterprises) apresentam graumuito superior <strong>de</strong> envolvimento com empresas estrangeiras. Cerca <strong>de</strong>20% das LSE mantêm associações com empresas estrangeiras, emboratais associações respondam por apenas 7% da produção <strong>de</strong>ssas empresas.Outro dado <strong>de</strong> interesse é o ambiente essencialmente europeu, ouintrazona, em que essas parcerias entre pequenas e médias empresasnacionais e empresas estrangeiras opera. Setenta e sete por cento dasoperações conjuntas entre PMEs e empresas associadas estrangeirasrealizam-se <strong>no</strong> próprio território da UE. Nota-se, uma vez mais, atendência regionalista da atuação das pequenas e médias empresas, oque serve aos interesses dos projetos <strong>de</strong> integração regional.A principal razão alegada pelas pequenas e médias empresaseuropeias para investir em associações com empresas estrangeiras seriageográfica: o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> estar próximo fisicamente dos consumidores finaisou dos parceiros estratégicos. Também se citam me<strong>no</strong>res custos laborais,me<strong>no</strong>res cargas tributárias e maiores facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito em territóriosestrangeiros. Predomina na EU, portanto, o conceito <strong>de</strong> associativida<strong>de</strong>das PMEs em clusters geográficos.Po<strong>de</strong>-se dizer que o perfil <strong>de</strong> atuação das pequenas e médias empresas,<strong>no</strong> caso europeu, à luz das informações colhidas em pesquisas feitas paraa Comissão Europeia, favorece amplamente o fortalecimento <strong>de</strong> ummercado inter<strong>no</strong> ou <strong>de</strong> um bloco regional, quando existem condiçõesbásicas <strong>de</strong> livre comércio e união aduaneira, geração <strong>de</strong> empregos locaise redução da <strong>de</strong>pendência das eco<strong>no</strong>mias nacionais em relação aosmercados exter<strong>no</strong>s e suas flutuações.O fortalecimento <strong>de</strong> um mercado inter<strong>no</strong> e <strong>de</strong> um bloco regional <strong>de</strong>veseao fato <strong>de</strong> as pequenas e médias empresas terem capacida<strong>de</strong> limitada<strong>de</strong> operação <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> internacional (não exportam significativamente enão mantêm parcerias externas) e <strong>de</strong> se voltarem, naturalmente, para osmercados geograficamente mais próximos <strong>de</strong> si. A geração <strong>de</strong> empregoslocais é <strong>de</strong>corrente da característica acima. Para a eco<strong>no</strong>mia nacional,essas empresas, na medida em que respon<strong>de</strong>m pela maior parcela doProduto Inter<strong>no</strong> Bruto, reduzem a vulnerabilida<strong>de</strong> externa.É interessante <strong>no</strong>tar que as PMEs europeias reconhecem aimportância das <strong>no</strong>rmas harmonizadas da eurozona como um fator <strong>de</strong>168<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 168 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulatrativida<strong>de</strong> para ampliar suas operações em escala regional. Em pesquisado Instituto Gallup 129 , 39% dos gerentes <strong>de</strong> pequenas e médias empresasda UE respon<strong>de</strong>ram que seria importante ou muito importante contar com<strong>no</strong>rmas harmonizadas para po<strong>de</strong>r atuar na eurozona, ao passo que 24%respon<strong>de</strong>ram que não seria muito importante. Nos setores <strong>de</strong> manufaturase <strong>de</strong> comércio atacadista e varejista, a maioria dos gerentes <strong>de</strong> PMEseuropeias consi<strong>de</strong>ra relevante contar com regulamentos regionais emlugar dos regulamentos nacionais como forma <strong>de</strong> promover o comérciointrarregional. Os setores que me<strong>no</strong>s consi<strong>de</strong>ram importante contar compadrões harmonizados são os <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, serviços autô<strong>no</strong>mos e turismo.5.3. O Caso Europeu: Reduzida I<strong>no</strong>vação Tec<strong>no</strong>lógica e DeficienteUso <strong>de</strong> EnergiaNo caso europeu, o tema da i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica não parece aindabem resolvido para as pequenas e médias empresas. Apenas um <strong>de</strong> cada<strong>de</strong>z euros gastos pelas pequenas e médias empresas na União Europeia<strong>de</strong>stina-se à introdução <strong>no</strong> mercado <strong>de</strong> produto <strong>no</strong>vo ou melhorado. Aomesmo tempo, quatro <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>z empresas pequenas e médias indicamem pesquisas da Eurostat não terem <strong>no</strong>vos produtos e não receberemrecursos <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos produtos.Ao que tudo indica, <strong>no</strong> cenário europeu, quanto maior a empresa,maior a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar i<strong>no</strong>vação e <strong>de</strong> capitalizar essa i<strong>no</strong>vação.Trinta e sete por cento das pequenas e médias empresas europeiasnão relatam lucros <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> produtos ou serviços melhorados apartir <strong>de</strong> uma i<strong>no</strong>vação. Nas LSE, a proporção cai para 24%. A falta <strong>de</strong>i<strong>no</strong>vação é maior <strong>no</strong>s setores <strong>de</strong> transportes e construção civil. No setor<strong>de</strong> comercialização, é mais difícil apontar melhor ou me<strong>no</strong>r produtivida<strong>de</strong><strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação, pois as vendas, sobretudo <strong>no</strong> comércio varejista,po<strong>de</strong>m ocorrer com produtos melhorados na origem, e não pela ativida<strong>de</strong>comercial em si.Em média, as PMEs europeias apontam quatro fatores comoinibidores da i<strong>no</strong>vação: acesso a financiamento, escassez <strong>de</strong> mão <strong>de</strong>obra especializada, falta <strong>de</strong> interesse do mercado consumidor e elevadas<strong>de</strong>spesas com recursos huma<strong>no</strong>s. O último fator parece ser o maisrelevante.129The Gallup Organization Flash EB No 196 – Enterprise Observatory Survey.169<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 169 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidalUma <strong>no</strong>ta sobre o uso <strong>de</strong> energia: cerca <strong>de</strong> dois terços das PMEsque operam na Europa ig<strong>no</strong>ram métodos simples <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong>energia. Me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> três em cada <strong>de</strong>z PMEs da UE têm instalado qualquermecanismo para preservação <strong>de</strong> energia e outros recursos <strong>de</strong> produçãonas suas empresas. Apenas 4% das pequenas e médias empresas contamcom um sistema montado para o uso racional <strong>de</strong> energia, ou os chamadosenvironment management systems – EMS. A proporção <strong>de</strong> ausência<strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> uso racional <strong>de</strong> energia varia conforme o tamanho dasempresas: 70% das microempresas, 57% das pequenas empresas, 44%das médias empresas e 30% das LSE ig<strong>no</strong>ram completamente essesmétodos. Os setores mais conscientes <strong>no</strong> uso racional <strong>de</strong> energia nasPMEs europeias são os <strong>de</strong> hotelaria (39% das PMEs utilizam métodos<strong>de</strong> racionamento), <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (35%) e os <strong>de</strong> transportes, <strong>de</strong> logística e <strong>de</strong>comunicações (34%).5.4 As <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> da UE e o TrabalhoAs PMEs europeias são as maiores responsáveis pelo emprego <strong>de</strong> mão<strong>de</strong> obra local. Na Europa, quanto maiores as empresas, me<strong>no</strong>r a probabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> que tenham mão <strong>de</strong> obra contratada localmente. Se nas PMEs 89% daforça <strong>de</strong> trabalho é local, nas gran<strong>de</strong>s empresas, esse número cai para 77%.As gran<strong>de</strong>s empresas europeias também são as maiores empregadoras <strong>de</strong> mão<strong>de</strong> obra estrangeira, proveniente <strong>de</strong> fora da eurozona, com maior frequência<strong>no</strong>s serviços <strong>de</strong> turismo, com 11% <strong>de</strong> empregados estrangeiros. Na UE, umquarto das pessoas empregadas nas PMEs tem educação <strong>de</strong> nível superior(4% têm pós-graduação e 22%, algum diploma universitário). Cinquenta equatro por cento completaram o nível médio <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>.Dentre os empregados que não completaram nível médio <strong>de</strong>escolarida<strong>de</strong>, a maior proporção se encontra <strong>no</strong> setor manufatureiro(30%), <strong>de</strong> turismo (28%) e <strong>de</strong> construção (27%). O nível mais elevado<strong>de</strong> formação escolar nas PMEs europeias encontra-se <strong>no</strong>s serviçosfinanceiros, negócios e saú<strong>de</strong>.Encontrar mão <strong>de</strong> obra parece ser um dos maiores <strong>de</strong>safios para aspequenas e médias empresas europeias. Estimativas da Eurostat indicamque, em 2006, cerca <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong> todas as vagas oferecidas por pequenas emédias empresas <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser ocupadas. O <strong>de</strong>safio parece ser maior<strong>no</strong>s <strong>no</strong>vos Estados Partes, cuja taxa é <strong>de</strong> 9%.170<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 170 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulOs setores que mais parecem propensos a contratar pessoal na UE,entre micro, pequenas e médias empresas, são saú<strong>de</strong>, finanças e serviços.De maneira geral, <strong>no</strong> cenário europeu, a falta <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>mão <strong>de</strong> obra para ocupar as <strong>no</strong>vas vagas criadas nas pequenas e médiasempresas parece ser a tônica. Os dados mais expressivos referem-se àindústria manufatureira e à construção civil. Os setores financeiro, <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> serviços são os que me<strong>no</strong>s sofrem com a baixa oferta <strong>de</strong> mão<strong>de</strong> obra.Para as empresas me<strong>no</strong>res, ou microempresas, os elevados níveissalariais exigidos na Europa parecem representar a maior dificulda<strong>de</strong>para contratação, dificulda<strong>de</strong> que não está presente nas gran<strong>de</strong>s empresas.5.5. O Estudo <strong>de</strong> Paul Rey<strong>no</strong>lds. O Caso Norte-America<strong>no</strong> e oEstudo GlobalO Pesquisador Paul Rey<strong>no</strong>lds, da Florida International University,em estudo que lhe valeu em 2004 o Prêmio Global para a Pesquisa sobreEmpreen<strong>de</strong>dorismo (Global Award for the Entrepreneurship Research),concedido pelas entida<strong>de</strong>s Swedish Entrepreneurship Forum, SwedishAgency for Eco<strong>no</strong>mic and Regional Growth e Research Institute ofIndustrial Eco<strong>no</strong>mics, apresentou importantes conclusões sobre oprocesso <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> uma pequena empresa <strong>no</strong>s Estados Unidos. Oestudo foi mais bem conhecido como GEM (Global EntrepreneurshipMonitor) 130 .Paul Rey<strong>no</strong>lds é altamente reconhecido <strong>no</strong> mundo acadêmicorelacionado à investigação sobre pequenas e médias empresas e sobreo empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong> maneira geral. De acordo com a avaliação dosmembros do Foro <strong>de</strong> Empreen<strong>de</strong>dorismo da Suécia, Rey<strong>no</strong>lds elevoua pesquisa sobre o assunto a <strong>no</strong>vos patamares, dando-lhe <strong>no</strong>vos rumos.Organizou várias pesquisas i<strong>no</strong>vadoras e <strong>de</strong> amplo alcance sobre anatureza do empreen<strong>de</strong>dorismo e seu papel para o <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico, tendo aportado gran<strong>de</strong> benefício para os investigadores dotema. Alcançou importantes conclusões sobre o processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>pequenas e médias empresas <strong>no</strong>s Estados Unidos.130Paul Rey<strong>no</strong>lds elaborou estudo multidisciplinar sobre o processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> pequenase médias empresas <strong>no</strong>s Estados Unidos que serviu <strong>de</strong> inspiração para estudos semelhantes naArgentina, <strong>no</strong> Canadá e <strong>no</strong> Rei<strong>no</strong> Unido, entre outros.171<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 171 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidalA mensagem básica <strong>de</strong>sses estudos mostra que uma gama variada <strong>de</strong>elementos influencia a criação <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo negócio <strong>no</strong>s Estados Unidos.Algumas variáveis têm impacto significativo, alguns perfis sociológicosempresariais po<strong>de</strong>m apresentar maiores dificulda<strong>de</strong>s que outros e oprocesso criador reflete um caudal bastante complicado <strong>de</strong> causas.Ao alcançar alguns resultados importantes em 1998, apresentadosmais abaixo, o estudo <strong>de</strong> Rey<strong>no</strong>lds chamou a atenção da London BusinessSchool, entida<strong>de</strong> que sugeriu que os métodos <strong>de</strong> seu estudo fossemaplicados internacionalmente. Nessa mesma época, os estudos <strong>de</strong> DavidBirch relacionados ao papel das pequenas empresas sobre a geração <strong>de</strong>empregos haviam sido difundidos <strong>no</strong>s países-membros da OCDE. Achamada US job machine recebia muita atenção na Europa, talvez pelofato <strong>de</strong> que os índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego dos Estados Unidos representassemme<strong>no</strong>s da meta<strong>de</strong> dos índices europeus.Paul Rey<strong>no</strong>lds indica que os procedimentos básicos <strong>de</strong> seu estudopo<strong>de</strong>riam ser aplicados across the board em outros países. O principal<strong>de</strong>safio não é aplicar o estudo, mas sim selecionar os países interessados eencontrar as equipes <strong>de</strong> pesquisadores dispostos, bem como financiamento.Os primeiros países interessados foram os do G-7. Nas conversaspreliminares com Rey<strong>no</strong>lds, pesquisadores do G-7 <strong>de</strong>ixaram claro que setratava <strong>de</strong> um levantamento <strong>de</strong> dados que visava à elaboração <strong>de</strong> futuraspolíticas públicas (policy-making process). Posteriormente, pesquisadoresda Dinamarca, da Finlândia e <strong>de</strong> Israel criaram equipes <strong>de</strong> trabalho. Osresultados foram consi<strong>de</strong>rados exitosos e revelaram, como não po<strong>de</strong>ria<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser, variações substantivas entre os países estudados.Uma vez divulgados os resultados do esforço europeu, vários outrospaíses se interessaram na pesquisa GEM e iniciaram estudos semelhantes.No Brasil, o estudo GEM já vem sendo usado pelo SEBRAE. Calcula-seque os resultados <strong>de</strong> 41 países envolvidos <strong>no</strong> estudo global apresentadoem 1999 representam mais <strong>de</strong> 60% da população mundial e mais <strong>de</strong>90% do Produto Inter<strong>no</strong> Bruto. Foram entrevistados mais <strong>de</strong> 10 milempreen<strong>de</strong>dores <strong>no</strong>s países envolvidos.O financiamento <strong>de</strong>sses estudos envolveu universida<strong>de</strong>s, como aLondon Business School, bem como fundações como a Ewing MarionKauffman Foundation 131 .131Ewing Marion Kauffman Foundation, localizada <strong>no</strong>s Estados Unidos, é consi<strong>de</strong>rada a maiorfundação em escala mundial <strong>de</strong>dicada ao fomento <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos empreen<strong>de</strong>dores.172<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 172 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulAs perguntas que o estudo buscou ajudar a respon<strong>de</strong>r foram:- Será que o nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora varia <strong>de</strong> país parapaís e até que ponto?- Será que o nível <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora é capaz <strong>de</strong> influenciaro ritmo <strong>de</strong> crescimento econômico <strong>de</strong> um dado país?- O que torna um país “empreen<strong>de</strong>dor” ou não?Os principais resultados foram consi<strong>de</strong>rados revolucionários paraos estudiosos do papel das pequenas e médias empresas na eco<strong>no</strong>miae para a formulação <strong>de</strong> políticas públicas que envolvam esse relevantegrupo econômico:• Estima-se que cerca <strong>de</strong> 500 milhões <strong>de</strong> pessoas <strong>no</strong> mundo estejamativamente envolvidas seja com a criação <strong>de</strong> um <strong>no</strong>vo negócio,seja com seu gerenciamento, consi<strong>de</strong>rados negócios com me<strong>no</strong>s<strong>de</strong> quatro a<strong>no</strong>s <strong>de</strong> existência.• O alcance da participação nesses negócios po<strong>de</strong> variarsubstancialmente <strong>de</strong> país para país, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong> um em cada30 para um em cada quatro cidadãos.• Cerca <strong>de</strong> um terço da participação em <strong>no</strong>vos negócios reflete afalta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>centes <strong>de</strong> trabalho (o que é conhecidocomo “empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>”), concentrando-se esseproblema em países em <strong>de</strong>senvolvimento. Cerca <strong>de</strong> 80% do esforçoempreen<strong>de</strong>dor em países mais <strong>de</strong>senvolvidos reflete, por outro lado, otrabalho <strong>de</strong> cidadãos interessados em aproveitar <strong>no</strong>vas oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> negócios (<strong>no</strong> chamado “empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s”).Esse é o caso dos Estados Unidos e da União Europeia.• O empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> costuma proliferar emperíodos <strong>de</strong> recessão, mais do que o empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong>s. Esse dado parece validar a tese <strong>de</strong> que vale apena para os países em <strong>de</strong>senvolvimento investir em políticas <strong>de</strong>incentivo às pequenas e médias empresas.• Em geral, os jovens são os mais propensos a abrir <strong>no</strong>vos negócios.Países com escassez <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra jovem enfrentam dificulda<strong>de</strong>spara contar com um setor <strong>de</strong> pequenas e médias empresas emexpansão.173<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 173 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidal• A maior fonte <strong>de</strong> financiamento são os investimentos informais,que são <strong>de</strong> cinco a 30 vezes mais significativos que os capitais<strong>de</strong> risco.• A proporção <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas que apresentarão produtos <strong>no</strong>voscapazes <strong>de</strong> mudar o mercado é muito reduzida – me<strong>no</strong>s <strong>de</strong> 5%.• A maior parte dos <strong>no</strong>vos negócios apenas reproduz ativida<strong>de</strong>econômica existente. Ao copiar negócios já existentes, as <strong>no</strong>vasempresas aumentam a pressão para a colocação <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> mercado com me<strong>no</strong>res preços, com benefício parao consumidor final.• As estimativas dos estudos <strong>de</strong> Rey<strong>no</strong>lds indicam que oempreen<strong>de</strong>dorismo em firmas já existentes (ou seja, a capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> criar <strong>no</strong>vos negócios oriundos da matriz) é cerca <strong>de</strong> um quintoda capacida<strong>de</strong> criadora proveniente <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores e que amaior parte das mudanças econômicas e da transformação provêm<strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas criadas por empreen<strong>de</strong>dores.• Os países estudados sofrem com dois problemas diferentes:– Países ricos sofrem com a escassez <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos empreen<strong>de</strong>dorese com um futuro que aponta para uma queda na reserva <strong>de</strong>potencias candidatos a <strong>no</strong>vos empreendimentos, possivelmenteem <strong>de</strong>corrência da crescente estrutura econômica que privilegiagran<strong>de</strong>s corporações. Como resolver esse problema e continuara crescer parece ser um <strong>de</strong>safio crucial para os <strong>de</strong>senvolvidos.– Países pobres apresentam altos índices <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong><strong>no</strong>vos negócios, mas a maior parte não <strong>de</strong>verá se transformarem gran<strong>de</strong>s empresas.• O empreen<strong>de</strong>dorismo, ou a criação <strong>de</strong> uma pequena empresa, éum fenôme<strong>no</strong> sociológico <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões, numericamentemaior do que a taxa <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong> em escala mundial: cerca <strong>de</strong>500 milhões em todo o mundo, comparado com 130 milhões <strong>de</strong>nascimentos a cada a<strong>no</strong>.• A criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas e pequenas empresas é uma opção <strong>de</strong> carreirapara centenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> pessoas em todo o mundo.• Novas e pequenas empresas têm um papel crucial nastransformações econômicas.174<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 174 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosul• Apenas recentemente começam a se <strong>de</strong>finir os parâmetros sobreo processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas. Com isso, os gover<strong>no</strong>spassarão a contar com instrumentos mais eficazes para tornar esseprocesso mais eficiente, evitando-se os custos sociais relacionadoscom a elevada movimentação <strong>de</strong> criação-extinção <strong>no</strong>s <strong>no</strong>vosnegócios.• Um setor empreen<strong>de</strong>dor ativo tem gran<strong>de</strong> repercussão sobre o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> todos os países. Um setor enfraquecido, porsua vez, será fator <strong>de</strong> atraso.5.6. Os Novos Gover<strong>no</strong>s Progressistas da América do Sul e aOportunida<strong>de</strong> para uma Nova Política para <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> <strong>no</strong> MERCOSULA evolução da política na América do Sul <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s dois mil, emque predomi<strong>no</strong>u, a partir <strong>de</strong> sua segunda meta<strong>de</strong>, a eleição <strong>de</strong> gover<strong>no</strong>s<strong>de</strong><strong>no</strong>minados progressistas, em reação às políticas neoliberais dos a<strong>no</strong>soitenta, e, em teoria, mais comprometidos com a dimensão social doMERCOSUL – sem ig<strong>no</strong>rar, como <strong>no</strong> caso brasileiro, o papel fundamentaldo capital privado <strong>no</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e na geração <strong>de</strong> empregos –,permite crer que o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas públicas orientadas parao fortalecimento do emprego e para a ampliação das pequenas e médiasempresas <strong>no</strong> MERCOSUL po<strong>de</strong>rá ter campo mais fértil.A estratégia <strong>de</strong> ampliação do MERCOSUL e <strong>de</strong> fortalecimento dobloco originalmente formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguaitem <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada na análise do tema da geração <strong>de</strong> empregos.A eventual a<strong>de</strong>são da Venezuela como Estado Parte e membro ple<strong>no</strong>,cujo processo aguarda a ratificação legislativa <strong>no</strong> Paraguai, po<strong>de</strong>ráimprimir <strong>no</strong>vo ritmo ao tratamento do tema do emprego e das pequenase médias empresas, uma vez que aquele país encontra-se em processo<strong>de</strong> implementação da chamada “revolução bolivariana”, já tendo seuPresi<strong>de</strong>nte indicado que é necessário mudar os rumos da integração.Ainda que não caiba neste trabalho discutir os rumos que aVenezuela <strong>de</strong> Hugo Chávez preten<strong>de</strong> dar à sua eco<strong>no</strong>mia, é certo que otema das pequenas e médias empresas ganha força <strong>no</strong>s <strong>de</strong>bates inter<strong>no</strong>sdaquele país. Em suas <strong>de</strong>clarações públicas, bem como nas <strong>de</strong> seusMinistros, o Presi<strong>de</strong>nte venezuela<strong>no</strong> tem assinalado que as pequenas175<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 175 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidale médias empresas requerem maior espaço na eco<strong>no</strong>mia, ao lado <strong>de</strong>empresas públicas, cenário que se vem consolidando com o processo <strong>de</strong>nacionalização <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas estrangeiras.Ao reiterar que não compete ao presente trabalho discutir aeficiência ou não da gestão econômica na Venezuela, não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<strong>de</strong> constatar, contudo, que, para o foco do presente trabalho, a estratégia<strong>de</strong> fortalecimento das pequenas empresas <strong>no</strong> MERCOSUL encontra eco<strong>no</strong> Gover<strong>no</strong> venezuela<strong>no</strong> e, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das avaliações distintase da polêmica que o gover<strong>no</strong> <strong>de</strong> Hugo Chávez <strong>de</strong>sperta na opiniãopública mundial, é certo que, se a postura do gover<strong>no</strong> venezuela<strong>no</strong>em relação ao tratamento das pequenas e médias empresas continuarfirme, sua a<strong>de</strong>são ao MERCOSUL constituirá um passo positivo parao tratamento do tema.As transformações em curso na Venezuela, com a perspectiva <strong>de</strong>construção do <strong>de</strong><strong>no</strong>minado “socialismo do século XXI”, ainda estãopor ser mais bem avaliadas. Tudo indica, contudo, à luz das medidaseconômicas adotadas pelo gover<strong>no</strong> bolivaria<strong>no</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008, que incluírama promulgação da Lei Habilitante <strong>de</strong> Promoção das <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> 132 e das <strong>de</strong>clarações do primeiro mandatário venezuela<strong>no</strong> e<strong>de</strong> seus assessores mais próximos, <strong>de</strong> que o que vislumbra o mo<strong>de</strong>lovenezuela<strong>no</strong> é reduzir a participação das gran<strong>de</strong>s empresas do setorprivado na formação do Produto Inter<strong>no</strong> Bruto (PIB), aumentando-se aparticipação do Estado, das empresas públicas nacionais e das pequenase médias empresas na geração <strong>de</strong> renda.O Ministro das Finanças em 2009 e hoje Ministro <strong>de</strong> Energia, AliRodriguez Araque, em <strong>de</strong>clarações sobre a eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> seu país napágina oficial do Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV),em 2009, dizia queel mo<strong>de</strong>lo económico criollo está en un proceso <strong>de</strong> transición justa que involucraa la par <strong>de</strong>l plan socialista al sector privado, siempre y cuando se respete la i<strong>de</strong>a<strong>de</strong> una política económica con sig<strong>no</strong> social. Explicó, que el gobier<strong>no</strong> nacional está<strong>de</strong>sarrollando una nueva fase estratégica <strong>de</strong> la eco<strong>no</strong>mía relacionada a resolver132Por tratar-se <strong>de</strong> documento <strong>de</strong> relevância para a compreensão do alcance das reformaseconômicas em curso na Venezuela, <strong>no</strong> âmbito do <strong>de</strong><strong>no</strong>minado “socialismo do século XXI”, aLei Habilitante <strong>de</strong> Promoção <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008, foi incluídacomo Anexo 5 ao presente trabalho.176<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 176 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulel problema <strong>de</strong> la producción <strong>de</strong> alimentos en el país y el <strong>de</strong>sarrollo integral <strong>de</strong><strong>de</strong>sarrollo agrícola para la expansión <strong>de</strong>l mercado 133 .O Presi<strong>de</strong>nte Hugo Chávez, ao comentar o pla<strong>no</strong> econômico lançadoem janeiro <strong>de</strong> 2010, também <strong>de</strong>ixou claro que o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> socialismoperseguido por seu gover<strong>no</strong> não exclui o empreen<strong>de</strong>dorismo, emborapenalize os gran<strong>de</strong>s negócios capitalistas 134 .Em <strong>de</strong>claração à imprensa logo após o anúncio do pla<strong>no</strong> econômico,Chávez disse quelo que queremos con estas medidas es estimular la política exportadora, queVenezuela sea un país que exporte y <strong>de</strong>je <strong>de</strong> estar <strong>de</strong>pendiendo exclusivamente <strong>de</strong>lpetróleo. En este mismo sentido, y como una acción para promover e incentivar el<strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> la eco<strong>no</strong>mía nacional, serán creados tres fondos especiales: u<strong>no</strong> parafinanciar exportaciones, otro para sustitución <strong>de</strong> las importaciones y un terceropara contingencias <strong>de</strong>l sector eléctrico nacional. El fondo <strong>de</strong> exportaciones estarádirigido a financiar proyectos <strong>de</strong> cooperativas y Pymes, para que la producción<strong>de</strong> estos, bien sea en el sector básico, medio o comercial pueda ser exportado conmayor facilidad, mientras que el <strong>de</strong>stinado a sustituir importaciones beneficiará aaquellos productores que tengan la capacidad <strong>de</strong> fabricar bienes terminados comozapatos, aparatos electrónicos y <strong>de</strong>más enseres.Declaração recente <strong>de</strong> Alfredo Riera, representante da Venezuelana Comisión <strong>de</strong> Integración Productiva <strong>de</strong> Mercosur, aponta para atendência <strong>de</strong> a Venezuela promover a incorporação <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> (PMEs) <strong>no</strong> bloco. Riera, que também é presi<strong>de</strong>nte do FondoNacional <strong>de</strong> Garantías Recíprocas para la Pequeña y Mediana Empresa(Fonpyme) da Venezuela, <strong>de</strong>clarou também que a Venezuela <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> queo processo <strong>de</strong> intercâmbio comercialse realice a través <strong>de</strong> las pymes, porque hasta ahora muchos <strong>de</strong> los intercambioscomerciales que se han realizado, han sido a través <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s corporaciones.133Declarações do Ministro das Finanças da Venezuela, Ali Rodriguez Araque, ao sítio oficialdo Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV), www.psuv.org.ve, em fevereiro <strong>de</strong> 2009.134Hugo Chávez Frias, Presi<strong>de</strong>nte da Venezuela, em entrevista à Agência Bolivariana <strong>de</strong> Notícias,transmitida <strong>no</strong> sítio www.elmilitantecolombia.org, em 13/01/2010.177<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 177 25/10/2011 20:35:17


afael <strong>de</strong> mello vidalEstamos impulsando, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Venezuela, la <strong>de</strong>mocratización al mercadointernacional <strong>de</strong> las pymes 135 .Explicou na oportunida<strong>de</strong> a estratégia da Venezuela na esfera daintegração produtiva será a <strong>de</strong>reunir la experiencia <strong>de</strong> pymes exitosas y con mayores potencialida<strong>de</strong>s en el área<strong>de</strong> exportación, con el propósito <strong>de</strong> interconectarlas para impulsar el proceso <strong>de</strong>integración. Para <strong>no</strong>sotros son un punto <strong>de</strong> ho<strong>no</strong>r las pymes cuya producciónesté dirigida a garantizar la soberanía alimentaria. Existen otras áreas, como elsector <strong>de</strong> los plásticos, por la experiencia que tenemos, así como la producción<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong>l petróleo.A posição da Venezuela <strong>de</strong> Chávez sobre as pequenas e médiasempresas, tanto em <strong>de</strong>clarações públicas quanto em alguns atos jurídicospublicados <strong>no</strong>s últimos dois a<strong>no</strong>s, como as Leyes Habilitantes, parece<strong>de</strong>ixar espaço para seu fortalecimento em uma eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> mercado,muito embora a retórica presi<strong>de</strong>ncial seja con<strong>de</strong>natória do capitalismo.Assim, tanto os gover<strong>no</strong>s dos Estados Partes, como do Estado aa<strong>de</strong>rir, encontram-se em momento particularmente favorável para aintrodução <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> fortalecimento das PMEs.Deve-se avaliar o que já se avançou <strong>no</strong> MERCOSUL em matéria<strong>de</strong> emprego. A tese em apreço não busca negar que iniciativas já foramaprovadas e que o tema do emprego vem sendo tratado <strong>no</strong> MERCOSUL.O Brasil aplicou mais <strong>de</strong> US$ 625 milhões em programas <strong>de</strong> apoioàs PMEs em 2010. A atuação do SEBRAE tem sido impecável <strong>no</strong>fortalecimento das pequenas empresas.O tema, contudo, não tem sido a<strong>de</strong>quadamente tratado <strong>no</strong>MERCOSUL. Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> observar, contudo, que <strong>no</strong> Brasilhouve gran<strong>de</strong>s avanços <strong>no</strong> tratamento do tema do emprego em nívelnacional, com óbvios reflexos sobre a política externa brasileira, emespecial <strong>no</strong> entor<strong>no</strong> regional. A lógica do Gover<strong>no</strong> é simples: sememprego, não há redução da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social, e sem redução da<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social, nenhum projeto <strong>de</strong> integração po<strong>de</strong>rá ser bem--sucedido, pois estará sempre presente a lacuna das assimetrias internas135Declaração à Agência Venezuelana <strong>de</strong> Notícias (AVN), em agosto <strong>de</strong> 2010.178<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 178 25/10/2011 20:35:17


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosule das assimetrias entre os Estados Partes, que constituem o maior riscopara a preservação do processo <strong>de</strong> integração.A XL Cúpula do MERCOSUL, realizada em Foz <strong>de</strong> Iguaçu, em<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010, sob a Presidência Pro-Tempore do Brasil (PPTB),reflete o <strong>no</strong>vo ritmo que os Estados Partes <strong>de</strong>sejam imprimir à dimensãosocial e, em particular, à dimensão cidadã do MERCOSUL, conceito quea PPTB procurou difundir. Em entrevista ao programa Diplomacia, daTV Senado, o Chanceler Celso Amorim 136 mencio<strong>no</strong>u a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>fortalecer a dimensão cidadã do MERCOSUL, para que “o cidadão possasaber mais sobre o MERCOSUL, que ele talvez não saiba totalmenteo que é”. Indicou que a eleição <strong>de</strong> parlamentares para o Parlamento doMERCOSUL (PARLASUL) permitirá, por exemplo, que o brasileiropossa saber mais sobre o MERCOSUL.O Subsecretário-Geral da América do Sul, Central e Caribe (SGAS)do Ministério das Relações Exteriores, em entrevista à imprensa sobreas perspectivas para a Cúpula <strong>de</strong> Foz do Iguaçu 137 , reconheceu queo MERCOSUL avançou pouco além dos seus aspectos comerciaisdurante os a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta e que a <strong>no</strong>va configuração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r na Américado Sul po<strong>de</strong>rá favorecer a adoção <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas voltadas para ofortalecimento da dimensão social.Até 1999, as sucessivas crises econômicas, como as crises asiática e russa, ecambial <strong>no</strong> Brasil e na Argentina, levaram o MERCOSUL a enfrentar uma crise<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Quando surgiu, em 1991, havia gover<strong>no</strong>s <strong>de</strong> orientação neoliberale o MERCOSUL era um instrumento só voltado para o comércio. Passou por umaépoca <strong>de</strong> crescimento e crise, e agora <strong>de</strong> mudançca. Há vários a<strong>no</strong>s há países comgover<strong>no</strong>s <strong>de</strong> orientação mais progressista, em que o consenso <strong>de</strong> Washington já nãose aplica, e houve a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quar os mecanismos <strong>de</strong> que dispunha à <strong>no</strong>varealida<strong>de</strong>. Atravessa-se processo <strong>de</strong> busca <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos espaços e <strong>de</strong> transformaçãodo projeto anterior em um mecanismo que não seja só comercial. Na Cúpula <strong>de</strong>San Juan, em julho <strong>de</strong> 2010, aprovaram-se pontos antigos que foram resolvidos,136Celso Luiz Nunes Amorim, Ministro das Relações Exteriores, foi entrevistado pelo programaDiplomacia, da TV Senado, em 13/12/2010, sobre o balanço <strong>de</strong> sua gestão.137Antonio José Ferreira Simões, Subsecretário-Geral da América do Sul, Central e Caribe,é Coor<strong>de</strong>nador Nacional do Grupo Mercado Comum (GMC). Em entrevista à imprensa, em9/12/2010, falou sobre as perspectivas para a XL Cúpula <strong>de</strong> Foz do Iguaçu.179<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 179 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidalcomo a eliminação da dupla cobrança da TEC 138 e a aprovação do DocumentoÚnico Aduaneiro. Po<strong>de</strong>mos agora botar os olhos <strong>no</strong> futuro, para criar elementos<strong>de</strong> uma integração maior e mais efetiva. Na PPTB, queremos criar um programa<strong>de</strong> trabalho para os próximos 10 a<strong>no</strong>s. Nesse parâmetro, a PPTB está trabalhandocom os sócios para aprovar documento importante, com a consolidação da uniãoaduaneira, para apontar para os caminhos <strong>de</strong> aprofundamento da integração. Aprimeira parte será <strong>de</strong> política automotiva, serviços, investimentos, <strong>de</strong>fesa daconcorrência e integração produtiva. A segunda parte é a chamada “Racionalizaçãodas Exceções”, para transformar as exceções em uma lógica <strong>de</strong> integração, combase em princípio <strong>de</strong> transparência e na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> regimes comuns <strong>de</strong> importaçãoAntonio Simões afirmou, ainda, que o MERCOSUL não é sócomércio. Trabalhará, a partir da PPTB <strong>de</strong> 2010, em três pilares:comercial, social e cidadão. No pilar da cidadania, a i<strong>de</strong>ia é elaborarum pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> ação para criar o Estatuto da Cidadania do MERCOSUL,estabelecendo-se um elemento comum que existe na União Europeia,que é a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ser cidadão do MERCOSUL, com iniciativas reais, quefaçam parte do dia a dia <strong>de</strong> todos. Documentos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> comuns,aspectos <strong>de</strong> previdência social, revisão da Declaração Sociolaboral doMERCOSUL e outras iniciativas mais singelas, como a criação da PlacaMERCOSUL para o trânsito <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong> passeio. A adoção<strong>de</strong> Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ação Social Estratégica do MERCOSUL, com metas maisprofundas que as do Milênio, que melhorem os países, por meio dosindicadores sociais, como a erradicação da fome, a universalização dasaú<strong>de</strong> pública e da educação, entre outros, e a criação <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong><strong>de</strong> Apoio à Participação Social para criar uma vinculação cada vez maiorcom os movimentos sociais, fortalecendo-se a dimensão cidadã e socialdo MERCOSUL.A lógica que permeia as i<strong>de</strong>ias dos formuladores <strong>de</strong> política <strong>no</strong>MERCOSUL hoje, e isso vale para os quatro Estados Partes, é a <strong>de</strong> quenão é possível avançar apenas na área comercial. A social e a cidadã sãofundamentais. Segundo o Coor<strong>de</strong>nador Nacional do GMC, quem vaiavançar o MERCOSUL não são apenas os gover<strong>no</strong>s e os empresários,mas também a socieda<strong>de</strong>, sendo necessário criar uma consciência doque é a integração.138A Decisão a respeito avança na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> um cro<strong>no</strong>grama <strong>de</strong> eliminação, que envolvesetores específicos em mecanismo <strong>de</strong> phasing in, e ainda se está regulamentando.180<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 180 25/10/2011 20:35:18


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulA proposta do presente trabalho vai justamente nessa direção,embora se apresente um enfoque <strong>no</strong>vo, ainda não tratado a contento<strong>no</strong> MERCOSUL, que vem a ser o enfoque do MERCOSUL socialconstruído a partir do fortalecimento das políticas para as pequenasempresas. Estão dadas as condições políticas na América do Sulhoje para que se comece a repensar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> integração por meiodas pequenas e médias empresas, incluídas as microempresas. Esseviés, aliado aos três pilares mencionados pelo Embaixador AntonioSimões, daria o alicerce necessário para o fortalecimento da dimensãosociolaboral do MERCOSUL.5.7. A Crise do Sistema Financeiro Internacional <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong>2008 e a Conveniência do Fortalecimento das Políticas para <strong>Micro</strong>,<strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>A crise do sistema financeiro <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008,e sua repercussão global, pôs em questão a fragilida<strong>de</strong> da <strong>de</strong>pendênciadas eco<strong>no</strong>mias mundiais em uma estrutura econômica baseada emgran<strong>de</strong>s corporações e empresas gigantes. As gran<strong>de</strong>s empresasmovimentam recursos bilionários na produção <strong>de</strong> bens e serviços, oque em si é positivo para aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas da socieda<strong>de</strong>, o quetambém as leva a cumprir uma função social. Mo<strong>no</strong>polizam, contudo,o sistema financeiro mundial e po<strong>de</strong>m levar ao seu colapso, comefeito cascata sobre a produção e o emprego, a cada crise do mercadofinanceiro mundial.A crise <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008 não foi a primeira e certamente não seráa última. Por essa razão, as li<strong>de</strong>ranças globais buscam mecanismosque possam atenuar os futuros choques do mercado. Em seguidaà crise <strong>de</strong> outubro, reuniram-se os lí<strong>de</strong>res do G-8 e, <strong>no</strong> continentesul-america<strong>no</strong>, o Brasil, <strong>no</strong> exercício da Presidência Pro-Temporedo MERCOSUL, convocou reunião extraordinária do Conselho, <strong>no</strong>final <strong>de</strong> outubro.Na reunião do Conselho do Mercado Comum, os Ministros <strong>de</strong>Relações Exteriores e da área econômica, bem como os presi<strong>de</strong>ntesdos Bancos Centrais do MERCOSUL, coincidiram na necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> encontrar políticas comuns, <strong>de</strong> âmbito regulatório, que possamatenuar os efeitos das futuras crises internacionais sobre a região181<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 181 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidalsul-americana. O texto do comunicado 139 diz, sobre o MERCOSUL,que há ainda quereforçar a capacida<strong>de</strong> da região <strong>de</strong> enfrentar problemas <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> crisescomo a atual. Foram mencionados, nesse contexto, os mecanismos <strong>no</strong> âmbito doMERCOSUL, que incluem o monitoramento macroeconômico, o acompanhamentodos fluxos <strong>de</strong> comércio e as iniciativas <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> serviços financeirosdisponíveis <strong>no</strong>s mercados bancário, <strong>de</strong> capitais e <strong>de</strong> seguros. O sistema <strong>de</strong>pagamentos em moeda local criado <strong>no</strong> MERCOSUL e já em operação entre Brasile Argentina é um exemplo <strong>de</strong> medida representativa <strong>de</strong> um aprofundamento daintegração financeira regional.Também expressaram seu entendimento comum <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> queos países do MERCOSUL, graças ao aprofundamento da integraçãocomercial alcançado <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, estariam hoje mais preparadospara enfrentar uma crise <strong>de</strong> proporções mundiais.Embora seja verda<strong>de</strong> que os impactos da crise <strong>no</strong>rte-americanaainda estão sendo avaliados e que o continente sul-america<strong>no</strong> crioumaior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s ao diversificar seusfluxos comerciais com o resto do mundo, aumentar o comércio regionale reduzir a <strong>de</strong>pendência das trocas comerciais com os países mais ricos,ampliando as parcerias internacionais, também é verda<strong>de</strong> que a crisenão repercute apenas <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> comercial e que seus efeitos são amplos.Ainda que a crise <strong>de</strong> 2008 não tenha atingido o Brasil <strong>de</strong> forma maisvirulenta, as crises irradiam-se ao levar a uma retração <strong>de</strong> capitaisinvestidos <strong>no</strong>s países do MERCOSUL pelas gran<strong>de</strong>s corporações ebancos que atuam na região, os quais procuram compensar a fuga<strong>de</strong> capitais do sistema financeiro das gran<strong>de</strong>s bolsas <strong>de</strong> valores<strong>no</strong>rte-americanas, japonesa e europeias com uma retirada <strong>de</strong> capitaisinvestidos nas eco<strong>no</strong>mias emergentes.Os vasos são comunicantes e não há como fugir <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong>enquanto a base das eco<strong>no</strong>mias dos países ricos e dos países emergentes,incluindo os processos políticos, estiver concentrada em gran<strong>de</strong>s gruposeconômicos.139Comunicado Conjunto ao térmi<strong>no</strong> da VII Reunião Extraordinária do Conselho do MercadoComum, realizada <strong>no</strong> dia 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008, para discutir a crise financeira internacional,seus impactos na região e possíveis ações para mitigar seus efeitos.182<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 182 25/10/2011 20:35:18


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulA proposta da presente tese não é que se <strong>de</strong>va <strong>de</strong>smontar essa base,o que seria evi<strong>de</strong>ntemente uma proposta <strong>de</strong> tendência <strong>de</strong>sconectada daexperiência histórica, mas sim permitir que a essa base se agreguem<strong>no</strong>vos atores – as pequenas e médias empresas – <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r capitale, portanto, me<strong>no</strong>s suscetíveis <strong>de</strong> criar graves distúrbios <strong>no</strong> sistemafinanceiro, mas capazes <strong>de</strong> gerar riqueza, <strong>de</strong> redistribuir a renda e<strong>de</strong> criar empregos, reduzindo-se a <strong>de</strong>pendência das eco<strong>no</strong>mias doMERCOSUL <strong>de</strong> um punhado <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas exportadoras e <strong>de</strong>um igualmente reduzido grupo <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s corporações internacionaisque, ao entrarem em crise em outros países, externalizam seus prejuízose impactam severamente a ativida<strong>de</strong> econômica em outras regiões,como <strong>no</strong> continente sul-america<strong>no</strong>.É importante recordar alguns <strong>de</strong>bates mais recentes sobre esse tema.O III Encontro Iberoamerica<strong>no</strong> <strong>de</strong> Interlocutores Sociais foi inaugurado<strong>no</strong> dia 24 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2009, em Lisboa. Contou com a presença<strong>de</strong> Ministros do Trabalho e Previdência Social, do Secretário-GeralIberoamerica<strong>no</strong>, Enrique Iglesias, bem como <strong>de</strong> representantes daConfe<strong>de</strong>ração Sindical das Américas e da Organização Internacional<strong>de</strong> Empregadores. O discurso <strong>de</strong> Iglesias, naquela ocasião, enfocou <strong>de</strong>que maneira a comunida<strong>de</strong> ibero-americana po<strong>de</strong>ria enfrentar a crise<strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008, cujos efeitos ainda se sentiam intensamente <strong>no</strong>a<strong>no</strong> seguinte. Iglesias consi<strong>de</strong>rou na ocasião que “o crescimento e arecuperação serão lentos, também na América Latina”. No entanto, foiotimista em relação à capacida<strong>de</strong> da região <strong>de</strong> resistir aos piores efeitosda crise, como a fuga <strong>de</strong> capitais e o <strong>de</strong>semprego, estando “convencido<strong>de</strong> que a i<strong>no</strong>vação será o motor do <strong>de</strong>senvolvimento e po<strong>de</strong>rá facilitaro crescimento”.O Secretário-Geral Iberoamerica<strong>no</strong> insistiu em que, ao promover ai<strong>no</strong>vação e o conhecimento, temas centrais da Cúpula Iberoamericana<strong>de</strong> 2009, “los iberoamerica<strong>no</strong>s también somos capaces <strong>de</strong> in<strong>no</strong>var,bien para encontrar soluciones nuevas, bien para apren<strong>de</strong>r y adaptarel co<strong>no</strong>cimiento em otros ámbitos”. O Primeiro Ministro português,José Sócrates, <strong>de</strong>clarou “é a primeira Cúpula pós-crise mundial em quea ferramenta da i<strong>no</strong>vação será essencial para melhorar as eco<strong>no</strong>miasiberoamericanas”.Alguns dados po<strong>de</strong>m corroborar a proposta <strong>de</strong> que o fomento dasPMEs invoca o fortalecimento do emprego, da i<strong>no</strong>vação e do crescimento183<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 183 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidaleconômico, com maior resistência aos impactos das crises mundiais.Na crise <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008, algumas poucas empresas, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>capital financeiro – embora não necessariamente gran<strong>de</strong>s geradoras <strong>de</strong>emprego – foram responsáveis pelos efeitos mais nefastos sobre o restoda eco<strong>no</strong>mia mundial. Trata-se, especialmente, dos bancos GoldmanSachs e Fanny Mae, dos maiores credores <strong>de</strong> empréstimos fornecidos apeque<strong>no</strong>s hipotecários <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999 e também <strong>de</strong> outrospaíses, que não reuniam renda suficiente para arcar com os pagamentos<strong>de</strong> longo prazo <strong>de</strong> seus imóveis. O grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>fault <strong>de</strong>sses peque<strong>no</strong>scredores alcançou 6% do total <strong>de</strong> empréstimos <strong>no</strong>s Estados Unidos, trêsvezes superior à média histórica <strong>de</strong> 2%, levando à quebra gradual dosistema financeiro.Ao entrarem em crise, como consequência da crise <strong>de</strong> crédito e<strong>de</strong> confiança que sacudiu o mercado imobiliário <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> e osmercados <strong>de</strong> valores mundiais, e verem seu capital financeiro colapsarpela queda do valor <strong>de</strong> suas ações, essas empresas contribuíram para aretração da ativida<strong>de</strong> econômica <strong>no</strong>s Estados Unidos, com suspensão <strong>de</strong><strong>no</strong>vos investimentos e <strong>de</strong>missões, o que, se não impactou imediatamentea ativida<strong>de</strong> econômica <strong>no</strong>s países em <strong>de</strong>senvolvimento, terá muitoprovavelmente efeitos a médio prazo sobre <strong>no</strong>vos projetos econômicose <strong>no</strong>vos investimentos e sobre os orçamentos estatais, com <strong>de</strong>correnteaumento do <strong>de</strong>semprego e redução da ativida<strong>de</strong> econômica. Tanto é assimque o pacote <strong>de</strong> salvamento da eco<strong>no</strong>mia <strong>no</strong>rte-americana apresentadoao congresso daquele país pelo Presi<strong>de</strong>nte George Bush esbarrou emprimeira instância <strong>no</strong> Senado, tendo sido aprovado em seguida porum esforço coor<strong>de</strong>nado entre os partidos republica<strong>no</strong> e <strong>de</strong>mocrata pormargem estreita, ao ser criticado por <strong>de</strong>stinar US$ 700 bilhões doscontribuintes a um peque<strong>no</strong> grupo <strong>de</strong> empresas do ramo financeiro,seguradoras e bancos imobiliários que <strong>de</strong>tonaram a crise.Segundo dados da Small Business Administration (SBA) – agênciain<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do gover<strong>no</strong> <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong> voltada para a promoção<strong>de</strong> pequenas e médias empresas –, bancos, companhias <strong>de</strong> seguros efundos <strong>de</strong> investimentos controlam a maior parte das corporações <strong>no</strong>rte--americanas. Esse controle se dá por meio dos recursos <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitosbancários, prêmios <strong>de</strong> seguros e fundos <strong>de</strong> investimentos e dos chamados401k (fundos <strong>de</strong> pensão). Controlam, com esses recursos, mais <strong>de</strong> 50%das principais corporações. E esse controle concentrado estaria na raiz184<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 184 25/10/2011 20:35:18


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulna crise <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008. Ao mesmo tempo, os peque<strong>no</strong>s negócios,classificação que se dá <strong>no</strong>s Estados Unidos aos que têm 500 ou me<strong>no</strong>sempregados, representam 97% <strong>de</strong> todos os negócios naquele país, geramaproximadamente 70% dos <strong>no</strong>vos empregos, empregam 50% da força<strong>de</strong> trabalho e geram dois terços da arrecadação tributária.Essas estatísticas corroboram a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>senvolvimentoeconômico não po<strong>de</strong> ser refém da concentração <strong>de</strong> capital em poucasinstituições financeiras que controlam mais <strong>de</strong> 50% das gran<strong>de</strong>s empresas.O efeito cascata que uma estrutura <strong>de</strong>ssas po<strong>de</strong> gerar <strong>no</strong>s próximoschoques financeiros será sempre nefasto. Medidas regulatórias nãosão suficientes, pois não impedirão a sangria financeira das bolsas <strong>de</strong>valores, motivada pelo medo e pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captar recursos, nemas retiradas <strong>de</strong> capitais investidos nas eco<strong>no</strong>mias emergentes. O <strong>de</strong>svio<strong>de</strong> comércio que a integração regional assegura tampouco é garantia<strong>de</strong> que os países em <strong>de</strong>senvolvimento estarão protegidos dos futuroschoques, dados os vasos comunicantes <strong>no</strong> sistema financeiro mundial,especialmente se a estrutura econômica dos países em <strong>de</strong>senvolvimentoreproduzir a concentração <strong>de</strong> capitais em poucas empresas ou gruposeconômicos.A crise financeira <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008 confirma a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>se re<strong>de</strong>senhar a estrutura econômica dos países em <strong>de</strong>senvolvimento,reduzindo-se a concentração <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>ssa estrutura em favor domo<strong>de</strong>lo em que as pequenas e médias empresas possam ocupar umespaço maior.Esse esforço caminha lado a lado com políticas voltadas para ofortalecimento do mercado inter<strong>no</strong>, reduzindo-se a <strong>de</strong>pendência dasexportações.Alguns países lati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong>s começaram a visualizar o papelinstrumental que as PMEs po<strong>de</strong>m ter sobre a proteção da eco<strong>no</strong>miacontra choques exter<strong>no</strong>s.No México, o Presi<strong>de</strong>nte Cal<strong>de</strong>rón lançou em maio <strong>de</strong> 2009o programa México Empren<strong>de</strong>. Segundo a mídia daquele país, oPresi<strong>de</strong>nte apostou suas fichas econômicas nas PMEs. Com 500consultores que darão assessoria em contabilida<strong>de</strong>, estratégiasfinanceiras e orientação profissional, o Gover<strong>no</strong> mexica<strong>no</strong> aumentou ocrédito direto às pequenas e médias empresas do país como estratégia<strong>de</strong> superação da crise <strong>de</strong> 2008.185<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 185 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidalO objetivo <strong>de</strong>clarado do programa <strong>de</strong> apoio aos micro e peque<strong>no</strong>sempresários foi “impulsar sus negocios y generar empleos, así comomás apoyo a las Pymes”.De janeiro a fevereiro <strong>de</strong> 2009, beneficiaram-se com o programa mais<strong>de</strong> 10 mil PMEs mexicanas, que representaram fonte <strong>de</strong> emprego para80 mil mexica<strong>no</strong>s. “Estamos protegiendo el empleo”, disse o Presi<strong>de</strong>nteCal<strong>de</strong>rón <strong>no</strong> lançamento do programa. O México conta com uma re<strong>de</strong><strong>de</strong> 450 incubadoras <strong>de</strong> empresas, a segunda mais importante do mundo,da qual participam universida<strong>de</strong>s e empresários.O Gover<strong>no</strong> também pôs à disposição página eletrônica (www.mexicoempren<strong>de</strong>.org.mx), com as bases para participação do programaMéxico Empren<strong>de</strong>.“Vamos a jugár<strong>no</strong>slas con las Pymes”, <strong>de</strong>clarou Cal<strong>de</strong>rón, exaltandoa capacida<strong>de</strong> das PMEs <strong>de</strong> gerar “un número e<strong>no</strong>rme <strong>de</strong> empleos”. “Losvamos a ayudar con créditos, aval <strong>de</strong>l gobier<strong>no</strong>, asesoría empresarial,capacitación empresarial. Con una visión prospectiva”.Na crise <strong>de</strong> 2008, o Brasil também se tor<strong>no</strong>u refém da recessãomundial, embora seus impactos tenham sido <strong>de</strong> me<strong>no</strong>r escala do que <strong>no</strong>sEstados Unidos. Os resultados da eco<strong>no</strong>mia brasileira mantiveram-se emtor<strong>no</strong> <strong>de</strong> 5% em 2007 e 2008, quando a eco<strong>no</strong>mia dos Estados Unidosse encontrava em recessão. Em 2009, <strong>no</strong> auge da crise mundial, o Brasilrecebeu os aftershocks, e o PIB nacional também sofreu três mesesseguidos <strong>de</strong> retração.Tanto os Estados Unidos como o Brasil contam com elevadaestimativa <strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dores. Os efeitos da crise <strong>no</strong>s Estados Unidos e<strong>no</strong> Brasil, <strong>no</strong> entanto, atingiram <strong>de</strong> forma diferente os empreen<strong>de</strong>dores,especialmente aqueles em estágio inicial (<strong>de</strong> abertura <strong>de</strong> <strong>no</strong>vosnegócios).O mesmo estudo do SEBRAE e do GEM (Global EntrepreneurshipMonitor) mencionado <strong>no</strong> Capítulo 3, relativo ao comportamento doempreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong> Brasil em 2009, apontou para o fato <strong>de</strong> que a Taxa<strong>de</strong> Empreen<strong>de</strong>dores Iniciais (TEA) dos Estados Unidos e do Brasil em2007, 2008 e 2009, comparada com o crescimento ou retração do PIB,indica comportamentos diferenciados em ambos os países. A diferençaconfirmou o que se sugere <strong>no</strong> presente trabalho, ou seja, que as pequenase microempresas são <strong>no</strong>rmalmente me<strong>no</strong>s vulneráveis aos gran<strong>de</strong>schoques exter<strong>no</strong>s, e que um ambiente regional em que predominem186<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 186 25/10/2011 20:35:18


eflexões sobre um <strong>no</strong>vo papel para micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> mercosulPMEs contribuirá para reduzir a vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse ambiente a futuroschoques econômicos e financeiros exter<strong>no</strong>s.Tanto na eco<strong>no</strong>mia <strong>no</strong>rte-americana, quanto na brasileira, houveum processo semelhante <strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração, em 2007 e 2008, e retraçãoeconômica em 2009. A diferença resi<strong>de</strong> em que os índices <strong>de</strong> crescimentodo PIB em 2007 e 2008 <strong>no</strong>s Estados Unidos e <strong>no</strong> Brasil foram <strong>de</strong> 1% e <strong>de</strong>5%, respectivamente. Ao mesmo tempo, a taxa <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos empreendimentos(TEA) em 2009 <strong>no</strong>s Estados Unidos foi <strong>de</strong> 8%, enquanto <strong>no</strong> Brasil foi<strong>de</strong> 16%.Segundo o estudo do IPEA, uma questão relevante nesse contexto<strong>de</strong> crise é enten<strong>de</strong>r em que medida o empreen<strong>de</strong>dorismo se presta comomecanismo para reverter tendência <strong>de</strong> queda na ativida<strong>de</strong> econômica etransformá-la em tendência <strong>de</strong> alta.A ativida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora <strong>no</strong> Brasil aumentou em 2009, <strong>no</strong> augeda crise mundial. Uma conclusão possível, que o estudo do SEBREcorrobora, é que a ativida<strong>de</strong> empreen<strong>de</strong>dora é uma das causas para ageração <strong>de</strong> renda e elevação do PIB, bem como <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos empregos.Também se po<strong>de</strong> atribuir esse dado à me<strong>no</strong>r <strong>de</strong>pendência das empresasbrasileiras, <strong>no</strong> período recente, das receitas extraordinárias geradas <strong>no</strong>mercado financeiro internacional.No primeiro semestre <strong>de</strong> 2010, o Grupo <strong>de</strong> Alto Nível <strong>de</strong> Empregodo MERCOSUL – GANEMPLE –, fundamentado na Declaração paraa Preservação do Emprego assinada pelos Ministros <strong>de</strong> Trabalho doBloco em junho <strong>de</strong> 2009, comentada <strong>no</strong> Capítulo 2, relativo à DimensãoSociolaboral do MERCOSUL, elaborou documento que sistematiza aspolíticas implementadas em cada um dos países do MERCOSUL comoresposta à crise financeira internacional (Matriz <strong>de</strong> Ações Frente à Crise)e propôs que seja a base <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> atualização da EstratégiaMERCOSUL para Crescimento do Emprego (EMCE).A Matriz evi<strong>de</strong>ncia a existência <strong>de</strong> importantes coincidências naspolíticas adotadas pelos países frente à crise, essencialmente a disposição<strong>de</strong> aplicar medidas anticíclicas <strong>de</strong>stinadas a preservar e proteger a eco<strong>no</strong>miareal, o emprego e a renda dos trabalhadores, assim como o compromissocom os direitos <strong>no</strong> trabalho e a utilização do diálogo social, por meio <strong>de</strong>diversas formas e instâncias, como forma <strong>de</strong> enfrentamento da crise.Inspirados na Declaração dos Ministros do Trabalho do Mercosulpara a Preservação do Emprego Frente à Crise, que se encontra em187<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 187 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidalanexo e também comentada <strong>no</strong> Capítulo 2, os Ministros do Trabalho doMERCOSUL <strong>de</strong>ixaram patente a preocupação com o apoio às micro epequenas empresas na formulação <strong>de</strong> políticas públicas como importanteinstrumento <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> empregos e <strong>de</strong> superação da crise <strong>de</strong> 2008.A Declaração refletiu consenso sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “9 PolíticasComuns”, entre as quais figura: “Apoiar a sustentação das micro epequenas empresas e empreendimentos individuais e coletivos por suaimportância para o emprego da região” 140 .A tese lançada aqui <strong>de</strong> que uma eco<strong>no</strong>mia, nacional e regional,forte em empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte e empresas médias, po<strong>de</strong>ria sermais resistente a crises externas fundamenta-se em raciocínio sobre aspremissas das crises externas e seus fortes impactos sobre as gran<strong>de</strong>scorporações, em especial <strong>no</strong> que se refere à fuga <strong>de</strong> capitais. Ora, se afuga <strong>de</strong> capitais envolve, <strong>no</strong>rmalmente, as gran<strong>de</strong>s empresas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesdos mercados financeiros globais, é <strong>de</strong> se esperar que as empresas <strong>de</strong>peque<strong>no</strong> porte, que estão, <strong>no</strong>rmalmente, à margem <strong>de</strong>sses mercados,tendam a apresentar maior flexibilida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contornar ascrises. Suas estruturas são me<strong>no</strong>res, seus mercados também, o que po<strong>de</strong>levar ao entendimento <strong>de</strong> que são mais elásticas. Trata-se <strong>de</strong> um raciocínioem construção, não acabado, mas que busca gerar uma reflexão sobreo assunto.Esse raciocínio está também fundamentado em alguns autores eestudos relevantes mencionados <strong>no</strong> trabalho, como a explicação doSEBRAE sobre o “empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s”, objeto doRelatório Empreen<strong>de</strong>dorismo <strong>no</strong> Brasil 2009, feito em parceria como Global Enterpreneurship Monitor (GEM), assim como <strong>no</strong>s estudos<strong>de</strong> Rothwell e Dodgson sobre as vantagens comportamentais das PMErelacionadas à sua maior flexibilida<strong>de</strong> e à sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptaçãoa mudanças <strong>no</strong> mercado e em estudos do IPEA. É citado, ainda, oestudo da Small Business Administration dos Estados Unidos (SBA)que examina como a concentração <strong>de</strong> capital <strong>no</strong>s Estados Unidos nasmãos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s corporações e bancos <strong>de</strong> investimentos estaria na raizda crise <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008.140A Declaração consta <strong>de</strong> Anexo 4.188<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 188 25/10/2011 20:35:18


Capítulo 6 – Propostas para a Formulação <strong>de</strong>Novas Políticas <strong>no</strong> MERCOSUL para <strong>Micro</strong>,<strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>Os capítulos anteriores discutiram o papel ainda débil que aspequenas e médias empresas, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> sua relevância econômicae dos exemplos <strong>de</strong> outros mecanismos <strong>de</strong> integração regionais, têm<strong>de</strong>sempenhado <strong>no</strong> processo negociador do MERCOSUL, o que resultouem pouca representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus interesses <strong>no</strong>s últimos 20 a<strong>no</strong>s doTratado <strong>de</strong> Assunção. A reduzida representativida<strong>de</strong> dos interesses dasPMEs, incluídas as microempresas, colaborou para que o MERCOSUL,embora se caracterize como uma das mais importantes iniciativas emmatéria <strong>de</strong> política externa na transição do século XX para o séculoXXI, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> projeção internacional, ainda se encontre muito distanteda realida<strong>de</strong> das gran<strong>de</strong>s massas trabalhadoras brasileiras, que poucointeresse e conhecimento têm sobre as eventuais vantagens que projeto<strong>de</strong> tamanha envergadura da política exterior po<strong>de</strong> trazer para o seu diaa dia.Neste capítulo, buscar-se-á i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong>z propostas <strong>de</strong> ação emmatéria <strong>de</strong> política externa que po<strong>de</strong>rão ser avaliadas pelos setorescompetentes da Secretaria <strong>de</strong> Estado das Relações Exteriores, emespecial a Subsecretaria-Geral da América do Sul, Central e Caribe, e seuDepartamento do MERCOSUL, caso julguem conveniente sob o ponto<strong>de</strong> vista político, em conjunto com os <strong>de</strong>mais Ministérios envolvidos comas políticas para o MERCOSUL e o SEBRAE, com vistas a introduzir o189<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 189 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidaltratamento dos interesses das pequenas empresas na agenda da integração,em suas vertentes institucional, econômica, comercial e política.6.1. O Mapeamento do Universo <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> <strong>no</strong> Brasil e <strong>no</strong>s Demais Estados Partes do MERCOSUL.Definição <strong>de</strong> Nichos Comerciais e Outras Informações <strong>de</strong> InteresseA formulação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> PMEs <strong>no</strong> MERCOSUL não po<strong>de</strong>prescindir <strong>de</strong> uma análise, <strong>de</strong> natureza estatística, da presença <strong>de</strong>ssasempresas <strong>no</strong> espaço geográfico do bloco.O SEBRAE passou a divulgar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2007, extenso estudo sobre aatuação das micro e pequenas empresas <strong>no</strong> território brasileiro. O estudoanual, cuja versão <strong>de</strong> 2009 já está disponível, inclui informações comonúmero total <strong>de</strong> MPEs por estado e região do Brasil; empregos formaiscriados; setores <strong>de</strong> produção; número <strong>de</strong> MPEs exportadoras; e total<strong>de</strong> suas exportações. O estudo constitui um passo fundamental para omapeamento das pequenas empresas, consi<strong>de</strong>radas neste caso micro e aspequenas. O mapeamento, por sua vez, como fonte <strong>de</strong> estatística, torna-seinstrumento essencial na formulação <strong>de</strong> políticas públicas.O mapeamento do universo <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresasestabelecidas <strong>no</strong> território econômico do MERCOSUL po<strong>de</strong>rá servirpara a formulação <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong> inserção <strong>de</strong>ssas empresas <strong>no</strong>comércio intrazona, já que permitirá que se conheçam melhor os nichos<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>rão gerar clusters <strong>de</strong> integração produtiva.Trata-se <strong>de</strong> objetivo perseguido pela Comissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e<strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do SGT-7, sem ter avançado. Permitirá, igualmente,conhecer as fortalezas que cada terá setor, seja em comércio, serviços,construção civil, manufaturas, seja em agricultura, para a expansãodas ativida<strong>de</strong>s das empresas pequenas <strong>no</strong> território aduaneiro doMERCOSUL e o aumento <strong>de</strong> sua competitivida<strong>de</strong> intrazona. Aliadoa uma política tarifária da TEC para pequenas e médias empresas, omapeamento das MPMEs ofereceria ferramenta <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> estímuloà criação, expansão e inserção internacional <strong>no</strong> MERCOSUL dosnegócios das pequenas empresas.Segundo o coor<strong>de</strong>nador da pesquisa do SEBRAE referente a 2007,Marco Aurélio Bedê, a elaboração <strong>de</strong> estatísticas permite uma melhorvisualização do perfil do segmento das micro e pequenas empresas e,190<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 190 25/10/2011 20:35:18


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulainda, <strong>de</strong> sua distribuição setorial e regional. Bedê afirma que esse estudoregularé fundamental para que a socieda<strong>de</strong> civil e, principalmente, os governantes,reconheçam as MPE’s como um caminho para a geração <strong>de</strong> empregos e para ocrescimento econômico.No SEBRAE <strong>de</strong> São Paulo, o Observatório das MPEs monitora aevolução e as tendências dos peque<strong>no</strong>s negócios <strong>no</strong> Brasil e <strong>no</strong> mundo.O objetivo <strong>de</strong>clarado do SEBRAE <strong>de</strong> São Paulo com o Observatório<strong>de</strong> MPEs é estimular a formação do empreen<strong>de</strong>dorismo com educaçãoe pesquisas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> para viabilizar a criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticaspúblicas para o segmento.O SEBRAE SP realiza pesquisas mensais sobre faturamento e nível<strong>de</strong> emprego nas micro e pequenas empresas paulistas, além <strong>de</strong> estudosmais profundos sobre a situação das MPEs, como a taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>,perspectivas para o futuro e principais dificulda<strong>de</strong>s. O objetivo é que esseconhecimento sirva <strong>de</strong> subsídio para a formulação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong>ntro doSEBRAE e para políticas públicas, fora da instituição. O livro “On<strong>de</strong>Estão as <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>no</strong> Brasil”, também iniciativado Observatório, passa a ser ferramenta muito útil para que os micro,peque<strong>no</strong>s e médios empresários possam examinar as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>inserção. Para o Gover<strong>no</strong>, trata-se <strong>de</strong> instrumento para a formulação <strong>de</strong>políticas sobre integração produtiva e financiamento.O trabalho <strong>de</strong> mapeamento das pequenas e médias empresas e,principalmente, do processo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas, po<strong>de</strong>riapensar-se em âmbito regional do MERCOSUL.O primeiro esforço mais ambicioso <strong>de</strong> oferecer uma ferramentasemelhante <strong>no</strong> MERCOSUL foi empreendido pelo Grupo <strong>de</strong>Integração Produtiva (GIP), por meio do portal www.gipmercosur.org, vinculado ao portal do próprio MERCOSUL. As informaçõesdisponíveis <strong>no</strong> portal do GIP incluem a base <strong>no</strong>rmativa nacional<strong>de</strong> cada Estado Parte <strong>de</strong> apoio às PMEs, os programas nacionais<strong>de</strong> apoio, um cadastro <strong>de</strong> empresas e um ensaio <strong>de</strong> mapeamento <strong>de</strong>indústrias intensivas em PMEs. Observa-se, <strong>no</strong> portal do GIP, umesforço por aten<strong>de</strong>r aos peque<strong>no</strong>s e médios empresários e <strong>no</strong>vosempreen<strong>de</strong>dores. Trata-se, contudo, <strong>de</strong> um ensaio que visa reunir191<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 191 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidalinformações existentes <strong>no</strong>s <strong>de</strong>mais Estados Partes, o que é positivo, maslimitado quando se trata <strong>de</strong> elaborar um banco <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> alcance.Uma das primeiras propostas <strong>de</strong>ste trabalho seria a aprovação,<strong>no</strong> âmbito do Conselho do MERCOSUL, <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão que crie oMERCOSUL DATAPYME, servindo-se, para tanto, da cooperaçãodo SEBRAE, do Grupo <strong>de</strong> Integração Produtiva (GIP) e do GlobalEntrepreneurship Monitor (GEM), com recursos do Fundo <strong>de</strong>Financiamento Direto MERCOSUL <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>,fundo <strong>de</strong> financiamento das pequenas e médias empresas e <strong>de</strong> projetoscorrelatos sugeridos mais abaixo.Diferente do portal GIP, o MERCOSUL DATAPYME teria porobjetivo, além <strong>de</strong> reunir informações já disponíveis em cada EstadoParte, <strong>de</strong>senvolver um banco <strong>de</strong> dados <strong>no</strong>vo, cujo foco seria omapeamento das indústrias intensivas em PMEs, ou seja, intensivas emsua associação com pequenas e médias empresas, com as <strong>de</strong>correntesoportunida<strong>de</strong>s espaciais <strong>de</strong> integração produtiva. A partir da análise<strong>de</strong> dados alimentados nesse sistema, pesquisadores contratados peloMERCOSUL seriam capazes <strong>de</strong> elaborar projetos <strong>de</strong> integraçãoprodutiva a serem submetidos ao GIP e <strong>de</strong>mais instâncias associadasà formulação <strong>de</strong> políticas em <strong>de</strong>fesa das pequenas e médias empresas.O DATAPYME também seria alimentado com cadastros <strong>de</strong> empresase informações nacionais, como busca fazer o portal GIP, embora <strong>de</strong>uma forma mais elaborada, sugerida abaixo com o MERCOSULPYMESNET. A sua montagem po<strong>de</strong>ria valer-se <strong>de</strong> cooperação doSEBRAE e do GEM, da Florida International University.Necessitaria, contudo, <strong>de</strong> recursos financeiros para operar. Propõe-seque seja financiado pelo Fundo <strong>de</strong> Financiamento Direto das PMEs,proposta a ser apresentada mais adiante neste capítulo, ou, à sua falta,com recursos do próprio orçamento do MERCOSUL e das entida<strong>de</strong>snacionais <strong>de</strong> fomento das PMEs, como o BNDES, o Fundo Nacional<strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, daArgentina, e os Fundos Raul Sendic e PROSPERITAS, do Uruguai.A proposta é inicial e requer análise <strong>no</strong> GMC. A intenção dotrabalho é inseri-la na agenda da Coor<strong>de</strong>nação Nacional do GMC,pelo Itamaraty.192<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 192 25/10/2011 20:35:18


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosul6.1.2. A Definição <strong>de</strong> um Conceito MERCOSUL sobre <strong>Micro</strong>,<strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>. Classificação Harmonizada MPMEA conciliação na esfera do MERCOSUL das <strong>de</strong>finições que cadaEstado Parte emprega sobre o que vem a ser micro, pequena e médiaemprea adquire relevância ao se examinarem políticas comuns <strong>no</strong>bloco. É comum incluir as microempresas <strong>no</strong> grupo <strong>de</strong> pequenas emédias empresas. Por exemplo, o Fundo MERCOSUL <strong>de</strong> Apoio às<strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, em seu sistema <strong>de</strong> garantias, não excluias microempresas, mas não está claro que as incorpora automaticamente.Existe tendência a simplificar o tema, o que não é recomendável. Aformulação <strong>de</strong> políticas regionais em <strong>de</strong>fesa das empresas que nãose enquadram na categoria <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas <strong>de</strong>ve ser tratada comuma referência clara ao seu objeto. Neste trabalho, procurou-se <strong>de</strong>ixartransparente que o escopo das propostas abrange micro, pequenas emédias empresas.Para tanto, persiste o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> propor uma classificação MERCOSULsobre micro, pequenas e médias empresas. Essa classificação permitiráenquadrar os beneficiários <strong>de</strong> políticas. Deverá levar em conta asassimetrias entre os Estados Partes <strong>no</strong> que concerne ao tamanho dasempresas, que para uns po<strong>de</strong>m ser micro, para outros pequenas ou aindamédias.Como se observou <strong>no</strong> Capítulo 3, o SGT-7 (Subgrupo <strong>de</strong> Trabalho<strong>de</strong> Indústria do MERCOSUL), reunido em 1992, por meio <strong>de</strong> suaComissão <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, apresentou primeiro umsistema harmonizado <strong>de</strong> classificação <strong>de</strong> MPMEs <strong>no</strong> MERCOSUL.A tabela 4, que para efeito <strong>de</strong> clareza se reproduz <strong>no</strong>vamente abaixo,mostra o resultado:Tabela 4 – Classificação <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong><strong>no</strong> MERCOSUL – (Em US$)Tipo <strong>de</strong> Empresa Trabalhadores Receita Anual<strong>Micro</strong>empresa 20 400.000Pequena Empresa 100 2.000.000Média Empresa 300 10.000.000Fonte: Comissão <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL, SGT-7 (Indústria), 1992.193<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 193 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidalComo também se salientou <strong>no</strong> Capítulo 3, a classificação do SGT-7apresenta dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conciliação com as classificações dos <strong>de</strong>maisEstados Partes, sobretudo Argentina e Brasil. Os limites para médiasempresas, <strong>de</strong> 300 empregados e US$ 10 milhões, excluiriam do alvo <strong>de</strong>apoio <strong>de</strong> políticas do MERCOSUL as médias empresas argentinas <strong>de</strong>indústria e mineração que, pela classificação argentina, po<strong>de</strong>m ter receita<strong>de</strong> até US$ 20,5 milhões anuais, e <strong>de</strong> comércio, com receita anual <strong>de</strong>US$ 27 milhões. Pela classificação do BNDES e do SEBRAE, estariamexcluídas as médias empresas brasileiras com receita <strong>de</strong> até US$ 60milhões ou 500 empregados. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma classificaçãodo MERCOSUL que seja atual e em conformida<strong>de</strong> com os interessesdos Estados Partes, à luz dos princípios <strong>de</strong> equilíbrio e flexibilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>tratamento <strong>de</strong> assimetrias, passa a ser meta prioritária.Neste capítulo, propõe-se ao Itamaraty levar à consi<strong>de</strong>ração dos<strong>de</strong>mais sócios do MERCOSUL <strong>no</strong>va discussão sobre uma classificaçãoharmonizada para MPMEs. A título <strong>de</strong> colaboração, apresenta-sepreliminarmente a seguinte classificação:Tabela 8 – Classificação Harmonizada <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong>e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> (MPME) <strong>no</strong> MERCOSUL – Proposta a serDiscutida <strong>no</strong> SGT-7 (Em US$)País Trabalhadores Receita AnualArgentina 300 27.000.000Brasil 500 35.000.000Paraguai 100 500.000Uruguai 100 5.000.000Fonte: Elaboração própria, com base em harmonização <strong>de</strong> dados sobre classificação<strong>de</strong> MPMEs dos quatro Estados Partes.Essa classificação busca respeitar as assimetrias verificadas nasclassificações <strong>de</strong> cada país inseridas <strong>no</strong> Capítulo 3, tabelas 1, 2 e 3. Astabelas em apreço refletem os tamanhos relativos da empresas em cadapaís. Seria inviável aplicar a classificação sugerida pelo SGT-7 em 1992,194<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 194 25/10/2011 20:35:18


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosuluma vez que se elaborou sem critério <strong>de</strong> assimetria, <strong>de</strong> forma linear, oque criaria distorções na implementação <strong>de</strong> políticas <strong>no</strong> MERCOSUL,como, por exemplo, um fundo <strong>de</strong> financiamento das MPMEs. Comose po<strong>de</strong> observar, não <strong>de</strong>sagrega as empresas em micro, pequenas emédias, preferindo englobar as três categorias sob um mesmo grupo,com a sigla MPMEs. Seria, portanto, uma classificação harmonizadaMPME.6.2 A Implementação <strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong> Informação para <strong>Micro</strong>,Peque<strong>no</strong>s e Médios Empresários sobre Oportunida<strong>de</strong>s Comerciais <strong>no</strong>sEstados Partes e sobre Aspectos Relacionados à Facilitação Comercial.Criação da Feira MERCOSUL Empreen<strong>de</strong>dorÀ medida que se elaborarem programas <strong>de</strong> integração produtiva parao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias específicas, como se planeja hoje <strong>no</strong> seiodo Grupo <strong>de</strong> Integração Produtiva (GIP) com as ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> óleo e gás,naval e aeronáutica, ou com outras ca<strong>de</strong>ias que se <strong>de</strong>finirem <strong>no</strong> futuropróximo, passará a ser importante contar com um sistema <strong>de</strong> informaçõessobre oportunida<strong>de</strong>s para as pequenas e médias empresas. Um sistemanesses mol<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>rá incluir informações sobre as <strong>no</strong>rmas técnicas,harmonizadas ou não, e legislação comercial dos Estados Partes, além<strong>de</strong> outros requisitos, como regras <strong>de</strong> origem.Os estudos realizados pelo Professor Paul Rey<strong>no</strong>lds, da FloridaInternational University, mencionados <strong>no</strong> Capítulo 5, po<strong>de</strong>m servir <strong>de</strong>inspiração para o mapeamento das ativida<strong>de</strong>s das pequenas empresas <strong>no</strong>sEstados Partes do MERCOSUL. Não seria <strong>de</strong> <strong>de</strong>scartar a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> a Secretaria Técnica do MERCOSUL encomendar estudo semelhante,a exemplo <strong>de</strong> tantos países que recorreram aos trabalhos <strong>de</strong> Rey<strong>no</strong>lds,sobre as pequenas e médias empresas, em especial nas regiões <strong>de</strong> fronteiraentre os Estados Partes, em que se po<strong>de</strong>ria pensar em <strong>no</strong>vos clusters <strong>de</strong>integração produtiva.Em tese <strong>de</strong> doutorado em administração <strong>de</strong> empresas pela FloridaInternational University 141 , Renko (2008) concluiu que141RENKO, Anna-Maija. “The role of market k<strong>no</strong>wledge in recognizing and exploitingentrepreneurial opportunities in tech<strong>no</strong>logy intensive firms”, Florida International University,2008.195<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 195 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidalThe results show the value and importance of early market k<strong>no</strong>wledge andtech<strong>no</strong>logy k<strong>no</strong>wledge as well as an entrepreneurial company posture forsubsequent opportunity recognition. The highest numbers of new opportunitiesare recognized in firms where high levels of market k<strong>no</strong>wledge are combinedwith high levels of tech<strong>no</strong>logy k<strong>no</strong>wledge (measured with a number of patents).A firm’s entrepreneurial orientation also enhances its opportunity recognition.Furthermore, the results show that new ventures with more market k<strong>no</strong>wledge areable to gather more equity investments, license out more tech<strong>no</strong>logies, and achievehigher sales than new ventures with lower levels of market k<strong>no</strong>wledge. Overall,the findings of this dissertation help further our un<strong>de</strong>rstanding of the sources ofentrepreneurial opportunities, and should encourage further research in this area.Renko indica claramente a importância <strong>de</strong> os empreen<strong>de</strong>dorescontarem com instrumentos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> mercado a fim <strong>de</strong> viabilizarema sobrevivência <strong>de</strong> seus negócios, bem como a evolução tec<strong>no</strong>lógica <strong>de</strong>suas empresas.A base do sistema po<strong>de</strong>ria ser inspirada <strong>no</strong> BRAZILTRADENET,já em operação com bastante eficiência <strong>no</strong> Brasil, sob a coor<strong>de</strong>nação doDepartamento <strong>de</strong> Promoção Comercial do Itamaraty. O sistema po<strong>de</strong>ria<strong>de</strong><strong>no</strong>minar-se PYMESNET-MERCOSUR, e seria ancorado <strong>no</strong> portalMERCOSUR DATAPYME proposto acima.Para financiar o sistema, o Grupo Mercado Comum po<strong>de</strong>ria buscarcooperação regional, por meio, por exemplo, <strong>de</strong> financiamento daCorporação Andina <strong>de</strong> Fomento (CAF), e assessoria do ProgramaIBERPYMES do SELA.O SEBRAE po<strong>de</strong>ria ser engajado como entida<strong>de</strong> assessora <strong>no</strong>sestudos regionais, coor<strong>de</strong>nados pela Secretaria Técnica do MERCOSUL.Uma das ações que correriam paralelamente à instituição daPYMESNET-MERCOSUR po<strong>de</strong>ria ser a criação da Feira Semestral <strong>de</strong><strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL, vinculada aosprojetos <strong>de</strong> integração produtiva aprovados pelo Conselho <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong>e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL, a ser apresentado mais abaixo.Para participar da Feira, os peque<strong>no</strong>s empresários apresentariam projetos<strong>de</strong> criação ou expansão ao Conselho <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>do MERCOSUL, também proposto mais abaixo. Os melhores projetoscontariam com financiamento do proposto Fundo <strong>de</strong> FinanciamentoDireto das <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL.196<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 196 25/10/2011 20:35:18


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulNesse sentido, o presente trabalho propõe a aprovação, pelo Conselhodo Mercado Comum do Sul, da criação do sistema PYMESNET-MERCOSUR e da Feira Semestral <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> do MERCOSUL. Para a criação do sistema, a SecretariaTécnica do MERCOSUL seria a entida<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadora, e po<strong>de</strong>riavaler-se da cooperação com entida<strong>de</strong>s estrangeiras especialistas <strong>no</strong> tema<strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas, como a Florida InternationalUniversity, que alberga os estudos <strong>de</strong> Paul Rey<strong>no</strong>lds, com recursos doproposto Fundo <strong>de</strong> Financiamento Direto MERCOSUL <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong>e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, fundo <strong>de</strong> financiamento das pequenas e médiasempresas e <strong>de</strong> projetos correlatos, bem como <strong>de</strong> agências externasvinculadas ao tema, como o IBERPYMES, o SELA e a CAF.6.3. Participação do MRE <strong>no</strong> Fórum Permanente das <strong>Micro</strong>empresase <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> Peque<strong>no</strong> PorteO Fórum Permanente das <strong>Micro</strong>empresas e <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> Peque<strong>no</strong>Porte, presidido pelo Ministro <strong>de</strong> Estado do Desenvolvimento, Indústriae Comércio Exterior, foi criado, em 1999, pela Lei nº 9.841 e instituído,em 2000, pelo Decreto nº 3.474, com o objetivo <strong>de</strong> ser o espaço <strong>de</strong><strong>de</strong>bates e <strong>de</strong> conjugação <strong>de</strong> esforços entre o Gover<strong>no</strong> e o setor privadopara a consecução <strong>de</strong> ações e <strong>de</strong> políticas públicas orientadas para asmicroempresas e empresas <strong>de</strong> peque<strong>no</strong> porte. Foi inserido na Lei Geraldas <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>. Conta com a participação <strong>de</strong> órgãosfe<strong>de</strong>rais competentes e <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> representação e apoio empresarial.Sua função é orientar a formulação e a coor<strong>de</strong>nação da política nacional<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do segmento das micro e pequenas empresas,bem como acompanhar e avaliar a sua implantação. Juntamente cominstituições governamentais, <strong>de</strong>verá articular e incentivar a criação <strong>de</strong>foros regionais com participação dos órgãos públicos e das entida<strong>de</strong>svinculadas ao setor empresarial. É composto por órgãos fe<strong>de</strong>raiscompetentes e pelas entida<strong>de</strong>s vinculadas ao setor.Os órgãos competentes encontram-se <strong>no</strong> Anexo 1.O ex-presi<strong>de</strong>nte do SEBRAE, Paulo Okamotto, na 15ª ReuniãoPlenária do Foro, em agosto <strong>de</strong> 2009, em Brasília, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u que o FórumPermanente das <strong>Micro</strong>empresas e <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> Peque<strong>no</strong> Porte atue <strong>de</strong>maneira mais eficaz, <strong>de</strong> forma que se possa transformar em um conselho197<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 197 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidaleconômico das micro e pequenas empresas com maior representaçãodo setor empresarial e das instituições <strong>de</strong> apoio ao segmento. Naquelaocasião, Okamotto afirmou que o Fórum precisa elevar sua plataformapolítica e contribuir <strong>de</strong> maneira mais eficaz para o <strong>de</strong>senvolvimento dasmicro e pequenas empresas.A avaliação <strong>de</strong> Okamotto é <strong>de</strong> que estão ocorrendo mudançaspositivas <strong>no</strong> País em relação às micro e pequenas empresas, como acriação da Lei Geral da <strong>Micro</strong> e Pequena Empresa (Lei Complementar123/08), e <strong>de</strong> que o Fórum também precisa avançar nas suas ações.Para isso, propôs que a entida<strong>de</strong> passe a trabalhar temas prioritáriosa serem <strong>de</strong>finidos a partir <strong>de</strong> problemas apresentados pelo segmentodas MPEs.Embora esteja prevista a participação do Ministério das RelaçõesExteriores, a prática tem <strong>de</strong>monstrado que o Itamaraty não tem sidoconvocado para as reuniões do Fórum. Isso indica uma <strong>de</strong> duas possíveis<strong>de</strong>ficiências: ou o Fórum não tem se reunido, o que revela uma <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>do sistema criado para a formulação <strong>de</strong> políticas públicas; ou o Fórum sereúne sem a participação do Itamaraty, o que revela também <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong><strong>de</strong> qualquer política levada adiante <strong>no</strong> MERCOSUL sem a consulta àsbases do peque<strong>no</strong> empresariado.Nesse sentido, uma das propostas do presente trabalho é aparticipação dos órgãos competentes do Itamaraty, ou seja, a Divisãodo MERCOSUL Político, Social e Institucional, <strong>no</strong> Fórum e aconvocação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>bate interinstitucional, coor<strong>de</strong>nado pelo Fórum,sobre o papel <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresas <strong>no</strong> MERCOSUL,com especial ênfase na participação <strong>de</strong>sse segmento empresarial <strong>no</strong>processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões em matéria <strong>de</strong> políticas públicas parao MERCOSUL.6.4. A Constituição <strong>de</strong> um Conselho <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> do MERCOSULUm dos elementos do presente trabalho foi a discussão, ouquestionamento, da falta <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> das pequenas e médiasempresas <strong>no</strong>s foros <strong>de</strong>cisórios do MERCOSUL, bem como <strong>no</strong>s principaisforos nacionais reguladores das políticas <strong>de</strong> integração, tais como os foros<strong>de</strong> administração tarifária (aplicação e revisão da TEC, convergência e198<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 198 25/10/2011 20:35:18


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulexceções nacionais à TEC), e foros <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação intraMERCOSUL,como o GMC e a Comissão <strong>de</strong> Comércio (CCM).Na dimensão sociolaboral, essa ausência também se faz sentir.Conforme o documento Balanço <strong>de</strong> Política Externa 2003-2010:MERCOSUL 142 , a socieda<strong>de</strong> civil tem participação institucional <strong>no</strong>strabalhos do MERCOSUL por meio do Foro Consultivo Econômico eSocial (FCES), órgão criado pelo Protocolo <strong>de</strong> Ouro Preto com o objetivo<strong>de</strong> garantir a participação <strong>de</strong> setores da socieda<strong>de</strong> civil <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>integração. O FCES é composto, sobretudo, por representantes dos setoressindical e empresarial. O Balanço diz ainda quea socieda<strong>de</strong> civil tem conquistado espaços <strong>de</strong> participação em diferentes organismosdo Mercosul, a partir sobretudo da Cúpula Presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> Costa do Sauípe, em<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008, em que foi criada a Comissão <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong>Assuntos Sociais do Mercosul (CCMAS), <strong>de</strong>finida a estrutura do Instituto Socialdo Mercosul (ISM) e <strong>de</strong>finidos Eixos e Diretrizes para a elaboração <strong>de</strong> um Pla<strong>no</strong>Estratégico <strong>de</strong> Ação Social do Mercosul (PEAS). No âmbito nacional, merecereferência o Conselho Brasileiro do Mercosul Social e Participativo, criado porDecreto presi<strong>de</strong>ncial que congrega representantes das mais diversas organizaçõesda socieda<strong>de</strong> civil (ONGs, associações, sindicatos, re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> participação social) e <strong>de</strong>ministérios envolvidos na área <strong>de</strong> Mercosul. O objetivo da iniciativa é estabelecerum canal institucional <strong>de</strong> diálogo do Gover<strong>no</strong> com a socieda<strong>de</strong> civil sobre temasdo Mercosul. O Conselho se reúne duas vezes por semestre.Não há registro, contudo, <strong>de</strong> que os peque<strong>no</strong>s empresários doMERCOSUL se façam representar institucionalmente, embora, comovisto <strong>no</strong> Capítulo 2, em Estratégia MERCOSUL <strong>de</strong> Geração <strong>de</strong> Empregos,o Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ação Social, na sua Diretriz 19, estabelece mecanismos <strong>de</strong>apoio às PMEs, com ênfase em financiamento.No âmbito doméstico brasileiro, por exemplo, chama atenção aausência <strong>de</strong> discussão mais profunda <strong>no</strong>s foros como o GECEX, emque predominam as discussões sobre políticas <strong>no</strong> MERCOSUL (tarifas,regimes especiais <strong>de</strong> importação, <strong>de</strong>fesa comercial, regras <strong>de</strong> origeme compras governamentais, por exemplo) e sobre os interesses <strong>de</strong>142“Balanço <strong>de</strong> Política Externa 2003-2010: MERCOSUL”, documento disponível na páginawww.itamaraty.gov.br/temas/balanco-<strong>de</strong>-politica-externa-2003-2010/1.1.2-america-do-sulmercosul/view.199<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 199 25/10/2011 20:35:18


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>de</strong>senvolvimento das pequenas e médias empresas, atendo-se os <strong>de</strong>batesnestas instâncias a uma discussão sobre a proteção da indústria nacionalrepresentada pelos gran<strong>de</strong>s setores, com a participação das associações<strong>de</strong> produtores, como ANFAVEA, ABIQUIM e ELETROS, entre outras.As discussões que envolvam interesses das pequenas e médiasempresas requerem uma instância <strong>de</strong>liberativa e, em algumascircunstâncias, <strong>de</strong>cisória (como <strong>no</strong>s casos <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> integraçãoprodutiva, tarifas ou <strong>de</strong> créditos às PMEs), com boa representativida<strong>de</strong>,capaz <strong>de</strong> legitimar as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> interesse dos empreen<strong>de</strong>dores doMERCOSUL.Michel Alaby, presi<strong>de</strong>nte da Associação <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> do MERCOSUL, consultado a esse respeito 143 , concorda com aproposta, mas pon<strong>de</strong>ra que seria necessário investigar quais entida<strong>de</strong>s <strong>no</strong>MERCOSUL representam efetivamente as pequenas e médias empresas.No Brasil, temos o SEBRAE, sabemos que, na Argentina, temos o Dinapime –Departamento Nacional <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, assim como <strong>no</strong> Uruguai.Não acredito que as entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe, tais como <strong>no</strong> Brasil, tenham interesse na<strong>de</strong>finição da proposta, pois elas representam em sua maioria, gran<strong>de</strong>s empresas.Essas entida<strong>de</strong>s estão interessadas tão somente na proteção <strong>de</strong> mercado e não<strong>no</strong>s interesses maiores da eco<strong>no</strong>mia, como <strong>de</strong>veria ser. A proposta parece-merecomendável e importante, pois afinal, teremos algum trabalho <strong>de</strong> integraçãodas ca<strong>de</strong>ias produtivas e <strong>de</strong> serviços que possam gerar mais empregos e exigir <strong>de</strong>alguma forma uma vantagem para esse segmento nas compras governamentais ena intenção <strong>de</strong> criar algum mecanismo <strong>de</strong> incentivo para integrar o segmento comas gran<strong>de</strong>s empresas. Po<strong>de</strong>rá ser ligada diretamente ao Grupo Mercado Comum.Paulo Okamotto, consultado sobre essa proposta, parece concordarcom Alaby sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar legitimida<strong>de</strong> à participação<strong>no</strong> Conselho <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>, <strong>de</strong> modo a garantir queo Conselho represente efetivamente os interesses maiores das PMEs. Acomposição do Conselho seria <strong>de</strong>finida por cada Estado Parte, por meioda Coor<strong>de</strong>nação Nacional do GMC, conforme as avaliações que cadagover<strong>no</strong> fizesse sobre a melhor representação doméstica.143Michel Alaby, Presi<strong>de</strong>nte da Associação <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL,foi entrevistado em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2010.200<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 200 25/10/2011 20:35:18


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulNo Paraguai, Agustín Carrizosa, Presi<strong>de</strong>nte do Centro <strong>de</strong> Informacióny Recursos para el Desarrollo (CIRD), agência equivalente ao SEBRAE,com estreita atuação junto ao órgão brasileiro, concorda com anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser mais bem representado nas instâncias <strong>de</strong>cisórias doMERCOSUL. Embora sua agência tenha diversas iniciativas conjuntascom o SEBRAE, como o Desafio SEBRAE <strong>de</strong> Jovens Empreen<strong>de</strong>dorese programas <strong>de</strong> integração produtiva para PMEs na fronteira entre oParaguai e Mato Grosso do Sul, Carrizosa lamenta que não tenha atuaçãoinstitucional <strong>no</strong> MERCOSUL e que tenha uma interação muito reduzidacom os agentes governamentais na formulação <strong>de</strong> políticas públicas 144 .Nesse sentido, o presente trabalho propõe a constituição do Conselho<strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL, órgão assessor doGMC, e constituído pela representação das pequenas e médias empresas<strong>no</strong>s Estados Partes. A <strong>de</strong>finição da representação nacional <strong>no</strong> Conselho<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> cada Estado Parte. Seria recomendável, quea composição nacional do Conselho fosse integrada pelas agências <strong>de</strong>fomento das pequenas empresas dos Estados Partes, como o SEBRAE,do Brasil; o CIRD, do Paraguai; a SEPYMEDR (Secretaria <strong>de</strong> Promoçãodas <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>), da Argentina; e a CNDR (CorporaciónNacional para El Desarollo), do Uruguai. Trata-se das agências nacionaisresponsáveis pela formulação <strong>de</strong> pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>micro, pequenas e médias empresas em nível doméstico e, como tais,compreen<strong>de</strong>m o contexto nacional das pequenas empresas.6.5. A Definição <strong>de</strong> uma Política <strong>de</strong> Crédito para <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong>e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>no</strong> MERCOSULSegundo Engel (2002) 145 , o capital <strong>de</strong> risco possibilita às empresasjovens, i<strong>no</strong>vadoras e <strong>de</strong> rápido crescimento – <strong>no</strong>rmalmente comnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos, patrimônio líquido reduzido e opções <strong>de</strong>empréstimos limitadas – a obtenção <strong>de</strong> um financiamento que lhespermita consolidar-se <strong>no</strong> mercado. O capital <strong>de</strong> risco assume, portanto, asincertezas e os riscos <strong>de</strong>ssas empresas e contribui, ao me<strong>no</strong>s em tese, para144Agustín Carrizosa, Presi<strong>de</strong>nte Executivo do Centro <strong>de</strong> Información y Recursos paraEl Desarollo (CIRD), do Paraguai, foi entrevistado em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010.145Engel, Dirk Firm-level implications of early stage venture capital investment — An empiricalinvestigation, Institut für Wirtschaftsforschung, Hohenzollernstr, Max-Planck Institute ofEco<strong>no</strong>mics, Alemanha.201<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 201 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidalo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> empresas mais competitivas por meio <strong>de</strong> seleçãodaquelas empresas com maiores chances <strong>de</strong> serem bem-sucedidas. Nãoapenas empresas jovens, mas também aquelas com alto potencial <strong>de</strong>geração <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa são possíveis alvos <strong>de</strong> aquisições por parte <strong>de</strong>fundos <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> risco.O capital <strong>de</strong> risco <strong>no</strong>s Estados Unidos tem sido usado por mais <strong>de</strong>50 a<strong>no</strong>s e somente <strong>no</strong>s últimos 20 a<strong>no</strong>s tor<strong>no</strong>u-se fonte significativa <strong>de</strong>fundos para <strong>no</strong>vas empresas. A partir dos a<strong>no</strong>s setenta, houve uma maiorabertura para investimentos em capital <strong>de</strong> risco, bem como a reduçãonas alíquotas <strong>de</strong> impostos sobre o ganho máximo com capital <strong>de</strong> 49,5%para 28% em 1978, e para 20% em 1981. Todo esse incentivo tributáriopropiciou uma maior a<strong>de</strong>são dos investidores em capital <strong>de</strong> risco parapequenas <strong>no</strong>vas empresas.Calvosa e Freitas (2008) 146 analisaram o comportamento e o papeldo chamado “investidor anjo” em uma eco<strong>no</strong>mia emergente. Buscaram ai<strong>de</strong>ntificação e a classificação <strong>de</strong>sse perfil investidor, suscetível <strong>de</strong> procuraruma estratégia voltada para o empreen<strong>de</strong>dorismo e para a i<strong>no</strong>vaçãotec<strong>no</strong>lógica. Muitos empreen<strong>de</strong>dores não conseguem financiamentoestatal ou financiamento próprio para a implementação <strong>de</strong> seus projetosi<strong>no</strong>vadores, e veem <strong>no</strong> financiamento <strong>de</strong> capital por terceiros (investidoranjo), uma alternativa para o <strong>de</strong>senvolvimento ou incremento <strong>de</strong> seusprojetos e negócios (start-ups). Além das preocupações e expectativas dos“investidores anjo” em relação à aplicação <strong>de</strong> seu capital em negócios eprojetos on<strong>de</strong> possam ter um bom retor<strong>no</strong>, observou-se também o papelsocial <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> investidor e o seu fomento do empreen<strong>de</strong>dorismo.Nos Estados Unidos, hoje, o capital <strong>de</strong> risco correspon<strong>de</strong> a doisterços do financiamento exter<strong>no</strong> <strong>de</strong> capital próprio do setor privadodas empresas <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logia e i<strong>no</strong>vação. Importantes empresas <strong>no</strong>rteamericanasreceberam recursos em suas fases iniciais <strong>de</strong> crescimentoe i<strong>no</strong>varam em produtos, serviços e processos, tornando-se lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong>mercado em seus segmentos, como, por exemplo, Oracle, Yahoo, IntelCo., Hotmail, Lycos, Fe<strong>de</strong>ral Express, <strong>Micro</strong>soft, AOL e Apple, bemcomo o caso mais recente da re<strong>de</strong> Facebook. As empresas que receberamesses recursos, nas últimas três décadas do século XX, foram responsáveis146CALVOSA, Marcello, e FREITAS, Jefferson. “Angel Investor: Empreen<strong>de</strong>dorismo FomentadoAtravés <strong>de</strong> uma Nova Modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Investidor”, Revista Ca<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s <strong>de</strong> Administração, A<strong>no</strong> 1,Vol.1, Nr. 2, 2008.202<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 202 25/10/2011 20:35:19


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulpela criação <strong>de</strong> 4,3 milhões (3,3%) dos empregos na eco<strong>no</strong>mia, gerandoreceitas na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> US$ 735 bilhões, e impactando o PIB em 7,4%(Pavani, 2007) 147 .Em <strong>de</strong>corrência do gran<strong>de</strong> sucesso alcançado pelas empresas <strong>no</strong>rteamericanascom esse mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> investimento, outros países passarama adotar mo<strong>de</strong>los semelhantes como Israel, Rei<strong>no</strong> Unido, Índia, Chile,Japão, Cingapura, Coreia do Sul, Austrália, Irlanda, França e Brasil(Pavani, 2003). Embora nesses países a utilização <strong>de</strong>sse fundo <strong>de</strong>investimento seja bem mais recente, seu crescimento tem sido bastanterápido, principalmente a partir <strong>de</strong> meados dos a<strong>no</strong>s 80, <strong>de</strong>stacando-se oRei<strong>no</strong> Unido e a França, ativamente sustentados pelos po<strong>de</strong>res públicosnacionais e pelas instâncias europeias. Ainda assim, o capital <strong>de</strong> riscoé um mercado que só atingiu o apogeu <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 90, quando chegou aatrair um volume mundial próximo a US$ 100 bilhões <strong>de</strong> investimentos,<strong>no</strong>tadamente com a entrada das empresas “ponto com”.No Brasil, os investimentos em capital <strong>de</strong> risco tornaram-se relevantescom a constituição da BNDESPAR, em 1982, que permitiu a aquisiçãoe a venda <strong>de</strong> valores mobiliários <strong>no</strong> mercado secundário e com isso fezcom que investidores privados direcionassem sua atenção para essemercado. Em 1991, o BNDESPAR criou o Programa CONTEC, voltadopara o financiamento <strong>de</strong> pequenas e médias empresas <strong>de</strong> base tec<strong>no</strong>lógica,por meio <strong>de</strong> investimentos baseados em participação acionária direta,<strong>de</strong>bêntures conversíveis em ações e bônus <strong>de</strong> subscrição.Outro marco importante ocorreu em 1994, com a promulgação dainstrução CVM 209, que permitiu a constituição <strong>de</strong> Fundos Mútuos <strong>de</strong>Investimento em <strong>Empresas</strong> Emergentes, facilitando assim a participaçãodos Fundos <strong>de</strong> Pensão <strong>no</strong> mercado <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> risco.Em 2003, foi promulgada a instrução <strong>no</strong>rmativa CVM 391/03, queestimulou a formação dos fundos <strong>de</strong> venture capital. Des<strong>de</strong> então, houveuma especialização crescente <strong>de</strong> gestores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e a redução daparticipação <strong>de</strong> corporações, surgiram fundos focados na competênciado próprio gestor e a segmentação em fundos me<strong>no</strong>res direcionados paragestores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.Algumas experiências têm sido levadas adiante <strong>no</strong>s <strong>de</strong>maisEstados Partes em Fundos <strong>de</strong> Capital <strong>de</strong> Risco para as MPMEs. No147PAVANI, C. O Capital <strong>de</strong> Risco <strong>no</strong> Brasil, Rio <strong>de</strong> Janeiro, E-papers Serviços Editorais, 2003.203<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 203 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidalUruguai, por exemplo, como mencionado anteriormente, existe o FundoPROSPERITAS, voltado para as MPMEs na área <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logia.No âmbito institucional do MERCOSUL, a Comissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>,<strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> chegou a examinar, em 2002, projeto <strong>de</strong>cooperação com a União Europeia, <strong>de</strong><strong>no</strong>minado “Apoio ao MercadoInterior” 148 , em que se dava <strong>de</strong>staque ao exame <strong>de</strong> mecanismos <strong>no</strong>MERCOSUL <strong>de</strong> financiamento do MPMEs com base em capital <strong>de</strong> risco.O projeto não foi adiante.Outra importante modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiamento das pequenas e<strong>no</strong>vas empresas é o crédito direto. No MERCOSUL, como se exami<strong>no</strong>u<strong>no</strong> Capítulo 4, criou-se um Fundo <strong>de</strong> Garantias, que ainda aguardaregulamentação. Embora represente um progresso em termos <strong>de</strong> apoio àsPMEs como política <strong>no</strong> MERCOSUL, o fundo <strong>de</strong> garantias não constituifinanciamento direto às PMEs, o que as sujeita às condições <strong>de</strong> créditodo mercado, fazendo com que possa ou não ter seus projetos <strong>de</strong> criaçãoou expansão aprovados.O presente trabalho propõe que o MERCOSUL contemple dois <strong>no</strong>vosmecanismos <strong>de</strong> financiamento das PMEs.O primeiro seria a constituição <strong>de</strong> um Fundo <strong>de</strong> Financiamento Diretodas MPMEs do MERCOSUL. O Fundo se aplicaria em duas situações:uma seria para o financiamento <strong>de</strong> projetos apresentados diretamentepor micro, pequenas ou médias empresas <strong>de</strong> exportação para os EstadosPartes do MERCOSUL; outra seria para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> micro,pequenas ou médias empresas em projetos <strong>de</strong> integração produtiva<strong>de</strong>finidos pelo Grupo <strong>de</strong> Integração Produtiva do MERCOSUL (GIP).Ao contrário do Fundo <strong>de</strong> Garantias, o Fundo <strong>de</strong> Financiamento Direto(FFDPME) seria administrado para a injeção direta <strong>de</strong> créditos públicos,po<strong>de</strong>ria ser gerenciado, por exemplo, pelo Banco do Brasil e pelos <strong>de</strong>maisbancos públicos <strong>no</strong>s Estados Partes, e teria se<strong>de</strong> em Montevidéu. Asanálises dos projetos que se beneficiariam do FFDPME po<strong>de</strong>riam serfeitas pelo Conselho <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL,ao qual competiria apresentar pareceres ao Conselho do MERCOSUL,que os encaminharia ao FFDPME para processamento. As condições<strong>de</strong> crédito e <strong>de</strong>mais regulamentos teriam <strong>de</strong> ser integrados em umregulamento próprio do FFDPME.148SGT-7. I Reunião do SGT-7 e Comissão MPME e Artesanato. Ata 01/02, Bue<strong>no</strong>s Aires,maio <strong>de</strong> 2002.204<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 204 25/10/2011 20:35:19


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulO segundo seria a constituição <strong>de</strong> um programa MERCOSUL <strong>de</strong>Fundos <strong>de</strong> Capital <strong>de</strong> Risco para <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>(Fundo MERCOSUL–ANJO), inspirado <strong>no</strong> programa CONTEC doBNDES e na Instrução Normativa CVM 391, para o fomento dosinvestimentos em capital <strong>de</strong> risco para as empresas nascentes doMERCOSUL, integrantes <strong>de</strong> aglomerações, ou clusters, voltados para o<strong>de</strong>senvolvimento da integração <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias produtivas <strong>no</strong>s Estados Partes.6.6. A Implementação do Visto <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> (VPE)Existem procedimentos morosos para que os peque<strong>no</strong>s empresáriosdo MERCOSUL possam estabelecer residência <strong>no</strong>s <strong>de</strong>mais EstadosPartes. Eles <strong>de</strong>vem se submeter aos mesmos trâmites do Acordo <strong>de</strong>Residência <strong>de</strong> Nacionais do MERCOSUL que, embora tenha representadoavanço na legalização <strong>de</strong> nacionais dos Estados Partes, ainda estipulaprazos e processos administrativos que envolvem as instituições <strong>de</strong>imigração e condicionalida<strong>de</strong>s. Se comparados com os empresários eexecutivos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas, os empresários das MPME não raroressentem-se dos instrumentos jurídicos e administrativos avançadospara processar as autorizações <strong>de</strong> trabalho em outros países.O presente trabalho sugere algo simples como a criação do VistoMERCOSUL <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> (VPE), para empresas com até 100empregados. O VPE teria procedimentos simplificados, po<strong>de</strong>ndo serautorizado diretamente pelas repartições consulares brasileiras, semnecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aval do Ministério do Trabalho ou entida<strong>de</strong>s semelhantesdos Estados Partes. Caberia ao GMC regulamentar os procedimentossimplificados, com o apoio dos órgãos pertinentes <strong>de</strong> imigração. Consultasprévias à Divisão <strong>de</strong> Imigração do Ministério das Relações Exteriorese ao Departamento <strong>de</strong> Estrangeiros do Ministério da Justiça po<strong>de</strong>riamdar forma ao VPE que, antes <strong>de</strong> tudo, propõe-se como instrumento <strong>de</strong>natureza política em <strong>de</strong>fesa da MPME.6.7. A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma Política Tarifária Preferencial paraImportações <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> (PTPME)Trata-se <strong>de</strong> elemento central da competitivida<strong>de</strong> das pequenas emédias empresas <strong>no</strong> MERCOSUL. A estrutura tarifária da TEC, como205<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 205 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidalse observou anteriormente, tem historicamente favorecido a proteção <strong>de</strong>mercado para os gran<strong>de</strong>s setores produtivos, como o agronegócio e asindústrias mais fortes, como a farmacêutica, a automobilística, <strong>de</strong> bens <strong>de</strong>capital (BK), e a eletroeletrônica, inclusive a linha branca, entre outras.As discussões sobre tarifas <strong>no</strong>s foros domésticos, como o GECEX,ou <strong>no</strong> âmbito da coor<strong>de</strong>nação brasileira do CT-1 (Comitê <strong>de</strong> Tarifas doMERCOSUL), bem como na Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL,centram-se quase que exclusivamente nas exceções à TEC, seja paraaten<strong>de</strong>r às reivindicações das gran<strong>de</strong>s indústrias nacionais, seja parapermitir a importação <strong>de</strong> insumos mais baratos extrazona para aten<strong>de</strong>raos mercados não produtores <strong>de</strong>sses insumos (como <strong>no</strong> caso dos produtosquímicos <strong>de</strong>stinados ao agronegócio) ou para permitir a importação <strong>de</strong>bens <strong>de</strong> consumo sem produção doméstica.Algumas questões importantes para a redução <strong>de</strong> custos e para oaumento da competitivida<strong>de</strong> intrazona, como a redução da múltiplacobrança da TEC (ou dupla cobrança da TEC, como o tema ficouconhecido nas discussões <strong>no</strong> GMC), tardaram muitos a<strong>no</strong>s para avançar.Embora tenha sido aprovada <strong>de</strong>cisão em 2010 sobre a eliminação da duplacobrança da TEC, sua adoção ainda requer trabalhos adicionais. Em suatese <strong>de</strong> Curso <strong>de</strong> Altos Estudos (CAE), intitulada “MERCOSUL: UniãoAduaneira”, Carlos Márcio Cozen<strong>de</strong>y ressalta a relevância da eliminaçãoda dupla cobrança da TEC para a competitivida<strong>de</strong> das indústrias doMERCOSUL 149 .Segundo Cozen<strong>de</strong>y,ampliar-se-ia a integração dos processos produtivos <strong>no</strong> Mercosul, especialmente<strong>no</strong>s países me<strong>no</strong>res, que po<strong>de</strong>riam inserir-se em etapas <strong>de</strong>terminadas do processoprodutivo sem que o produto gerado, um componente <strong>de</strong>stinado a um produto finala ser produzido em outro país do Mercosul, necessariamente tenha que cumprir osrequisitos <strong>de</strong> origem, como seria o caso hoje, para que seu preço não seja penalizadopela aplicação da TEC. Ao mesmo tempo, investimentos <strong>no</strong> Mercosul em indústriascom processos produtivos internacionalizados, como a eletrônica, ganhariam emviabilida<strong>de</strong> com a garantia <strong>de</strong> exportação para o mercado do Mercosul mesmo sematingir o patamar <strong>de</strong> cumprimento dos requisitos <strong>de</strong> origem. Aumentaria, portanto,149COZENDEY, Carlos Márcio. “MERCOSUL: União Aduaneira?”, tese para o XLIX CAE,2005.206<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 206 25/10/2011 20:35:19


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosula competitivida<strong>de</strong> dos produtos do Mercosul e se favoreceria também uma melhorinserção do conjunto do Mercosul <strong>no</strong>s circuitos <strong>de</strong> produção internacionalizada.O que chamou a atenção <strong>no</strong> tema da eliminação da dupla cobrança daTEC foi a <strong>de</strong>mora dos Estados Partes em adotar medida que certamentetraria benefícios para as PMEs intrazona, na medida em que serviria parareduzir custos <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> insumos e para flexibilizar um poucoas regras <strong>de</strong> origem, facilitando as exportações intrazona dos peque<strong>no</strong>se médios empresários.Nesse sentido, os legisladores do MERCOSUL <strong>de</strong>veriam adotaralgumas medidas <strong>de</strong> impacto para o fortalecimento das PMEs e para aviabilização <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> integração produtiva, tais como a criaçãoda tarifa PME (ou, em espanhol “arancel PYME”), que distinguiriaposições tarifárias da TEC que requerem redução, sem maioresconsi<strong>de</strong>rações sobre a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> interesses <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s grupos ou setores,a fim <strong>de</strong> facilitar o acesso dos peque<strong>no</strong>s produtores aos bens e insumosnecessários à sua produção. A tarifa PME po<strong>de</strong>ria ou não estar atreladaa esquemas <strong>de</strong> integração produtiva. Os produtores po<strong>de</strong>riam solicitarindividualmente aos órgãos nacionais, como a SRF, a tarifa PME, pormeio <strong>de</strong> requerimento fundamentado sobre a necessida<strong>de</strong> dos insumos.As análises da tarifa PME po<strong>de</strong>riam ser aprovadas pelo Conselho <strong>de</strong><strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL.6.8. A Elaboração <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> Sobrevivência e <strong>Inserção</strong><strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>no</strong> MERCOSUL, que EnvolvaFinanciamento para a I<strong>no</strong>vaçãoExaminaram-se, <strong>no</strong>s capítulos 3 e 4, diferentes teorias sobre aimportância da i<strong>no</strong>vação <strong>no</strong> que concerne ao <strong>de</strong>senvolvimento econômico,com base nas pesquisas históricas feitas em diferentes mercados. No temada i<strong>no</strong>vação, sublinhou o papel das pequenas e médias empresas comoagentes i<strong>no</strong>vadores. Estudou-se também como, para as pequenas e médiasempresas, incluídas as microempresas, a i<strong>no</strong>vação é importante recurso<strong>de</strong> sobrevivência da própria empresa em um mercado em permanentemutação e sujeito a pressões <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>.A importância da i<strong>no</strong>vação para o <strong>de</strong>senvolvimento econômicoganha cada vez mais espaço na formulação <strong>de</strong> políticas públicas, <strong>de</strong>207<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 207 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidalmaneira especial em um mundo <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mias globais, marcado pelaconcorrência que se verifica em mercados cada vez mais competitivos.A concorrência acelerou a adoção e a disseminação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas tec<strong>no</strong>logias<strong>no</strong>s mais variados setores <strong>de</strong> produção. Em conjunto com o rápido avançodo conhecimento e da informação, a concorrência amplia a complexida<strong>de</strong>do processo <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação.Uma das condições principais para o processo <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação é oseu financiamento. O financiamento para pequenas empresas po<strong>de</strong> sercaminho aci<strong>de</strong>ntado e complexo: é influenciado pela organização domercado financeiro, pelas organizações <strong>de</strong> fomento, pelas políticaspúblicas específicas para o setor e pela organização da indústria <strong>de</strong> capital<strong>de</strong> risco, entre outros fatores.Tornar-se uma empresa i<strong>no</strong>vadora não é uma questão <strong>de</strong> sorte: énecessário que a empresa adote a i<strong>no</strong>vação como parte <strong>de</strong> sua estratégia,e, como qualquer outra diretriz estratégica, <strong>de</strong>ve contar com total apoioda alta gestão para que se torne realida<strong>de</strong>. É muito comum, segundoprofissionais do ramo <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>, encontrar empresas que se dizemi<strong>no</strong>vadoras, porém somente incluem a palavra i<strong>no</strong>vação na sua missãoe em campanhas publicitárias. Muitas empresas não se comprometem<strong>de</strong> fato a tornar a i<strong>no</strong>vação uma realida<strong>de</strong>, e tantas outras nem mesmosabem como, ou têm dificulda<strong>de</strong> em fazê-lo.Nos últimos <strong>de</strong>z a<strong>no</strong>s, à luz da experiência internacional 150 , o Brasilavançou muito na criação <strong>de</strong> um aparato institucional mais a<strong>de</strong>quado aoestímulo da i<strong>no</strong>vação. Quando se comparam, contudo, os instrumentosexistentes <strong>no</strong> País com os dos países mais <strong>de</strong>senvolvidos, ainda severificam lacunas, embora o arcabouço legal tenha avançado. Dispõe-sehoje <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>no</strong>vos instrumentos, criados segundoboas práticas internacionais, e <strong>de</strong> um volume <strong>de</strong> recursos bastanteexpressivo para apoiar <strong>de</strong> várias formas e em diferentes estágios osprojetos <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento em I<strong>no</strong>vação e Tec<strong>no</strong>logia dasempresas.A qualida<strong>de</strong> da i<strong>no</strong>vação praticada pelas empresas brasileiras está,segundo os estudiosos do tema, aquém do exigido para o aceleradoprocesso <strong>de</strong> crescimento do País. Consi<strong>de</strong>ra-se i<strong>no</strong>vação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>aquela que gera maiores condições <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> ao criar <strong>no</strong>vosprodutos ou <strong>no</strong>vos processos <strong>de</strong> produção. Sob a ótica do mercado, o150Informação obtida <strong>no</strong> sítio www.ingepro.com.br, em 20/11/2010.208<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 208 25/10/2011 20:35:19


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulBrasil precisa acelerar a i<strong>no</strong>vação <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Das empresas i<strong>no</strong>vadoras,apenas 4,1% i<strong>no</strong>vam <strong>no</strong>s seus produtos efetivamente lançados, e me<strong>no</strong>sainda, 2,8%, i<strong>no</strong>vam <strong>no</strong>s processos <strong>de</strong> produção.A <strong>de</strong>svantagem do Brasil é ressaltada quando se leva em conta quea Europa consi<strong>de</strong>ra i<strong>no</strong>vação aquela que é pioneira para o mercado <strong>no</strong>qual atua a empresa, que po<strong>de</strong> ser tanto o próprio país quanto o mercadointernacional, enquanto a pesquisa brasileira consi<strong>de</strong>ra i<strong>no</strong>vação aquelaque é pioneira apenas para o mercado nacional.Quando se analisa financiamento e investimento em i<strong>no</strong>vação <strong>no</strong>Brasil, <strong>no</strong>ta-se um foco maior voltado para mo<strong>de</strong>rnização produtivaquando as fontes <strong>de</strong> financiamento consi<strong>de</strong>ram os clientes estáveis, euma carência maior <strong>de</strong> investimentos em i<strong>no</strong>vação quando as fontes <strong>de</strong>financiamento consi<strong>de</strong>ram o risco mais elevado. Melo (2009) 151 lembraque o Brasil ainda requer fontes <strong>de</strong> recursos mais acessíveis às pequenasempresas, <strong>de</strong> modo a incentivar o fomento do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógica <strong>no</strong> País.O gover<strong>no</strong> brasileiro teria planejado liberar R$ 42 bilhões até 2010para financiamento <strong>de</strong> Pesquisa, Desenvolvimento e I<strong>no</strong>vação <strong>no</strong> Paíspor meio do Pla<strong>no</strong> Nacional <strong>de</strong> Ciência e Tec<strong>no</strong>logia, o chamado PACTec<strong>no</strong>lógico, <strong>de</strong> acordo com a reportagem do Jornal Valor Econômico<strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2007. Essa liberação seria feita por meio <strong>de</strong> suasprincipais instituições <strong>de</strong> fomento: BNDES e FINEP.Destaca-se a importância do financiamento <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação tec<strong>no</strong>lógicapara o crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social <strong>de</strong> um país.Ainda <strong>no</strong>s dias <strong>de</strong> hoje há uma gran<strong>de</strong> divergência entre os processosque ocorre <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> internacional e <strong>no</strong> MERCOSUL, em relação ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vações tec<strong>no</strong>lógicas e às estratégias nacionais <strong>de</strong>acumulação <strong>de</strong> conhecimento. O setor empresarial brasileiro mostra-se poucoativo <strong>no</strong> que diz respeito aos investimentos em ativida<strong>de</strong>s i<strong>no</strong>vadoras.Limita tais investimentos, em gran<strong>de</strong> parte, à aquisição <strong>de</strong> máquinas eequipamentos <strong>de</strong>stinados a melhorar a eficiência do processo produtivo.Não faz parte da cultura e da postura da maioria das empresas localizadas<strong>no</strong> País o investimento na geração <strong>de</strong> conhecimentos com o objetivo151O eco<strong>no</strong>mista Luiz Martins Melo, em estudo sobre o financiamento da i<strong>no</strong>vação <strong>no</strong> Brasil,publicado em 2009, na Revista Brasileira <strong>de</strong> I<strong>no</strong>vação, alerta para a redução dos recursosdistribuídos pelos Fundos Setoriais para a i<strong>no</strong>vação, se comparados os períodos 1977-1987 e1998-2006, em função <strong>de</strong> sucessivos contingenciamentos <strong>no</strong> orçamento público.209<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 209 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>de</strong> aumentar competitivida<strong>de</strong> <strong>no</strong>s mercados <strong>de</strong> atuação, tanto inter<strong>no</strong>squanto exter<strong>no</strong>s.O Gover<strong>no</strong> brasileiro, com a Lei da I<strong>no</strong>vação, vem fazendo umesforço <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong> reconstruir a sua capacitação em planejamento ena <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s. Observam-se ainda algumas dificulda<strong>de</strong>sna execução das ações públicas, em especial <strong>no</strong> campo da ciência,tec<strong>no</strong>logia e i<strong>no</strong>vação. Os recursos financeiros disponíveis ainda sãoinsuficientes para a mudança estrutural necessária, apesar <strong>de</strong> aumentaremgradativamente. O predomínio da política macroeconômica, comrestrição fiscal, também atingiu os recursos para a área. A instituiçãodos fundos setoriais ampliou o montante global <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>stinadosà ciência e tec<strong>no</strong>logia. Aos poucos, esses recursos estão substituindoem gran<strong>de</strong> parte os recursos orçamentários das instituições vinculadasà ciência e tec<strong>no</strong>logia. Na realida<strong>de</strong>, houve aumento dos recursos doMinistério da Ciência e Tec<strong>no</strong>logia, mas não proporcional ao crescimentodos fundos setoriais.A realida<strong>de</strong> do Brasil se reproduz <strong>no</strong> MERCOSUL.O MERCOSUL precisa inspirar-se nas experiências bem-sucedidasdos países <strong>de</strong>senvolvidos e <strong>de</strong> alguns emergentes, on<strong>de</strong> a i<strong>no</strong>vação éconsi<strong>de</strong>rada estratégica para a competitivida<strong>de</strong> dos gran<strong>de</strong>s gruposprivados e <strong>de</strong> suas ca<strong>de</strong>ias produtivas, <strong>no</strong>s quais o gover<strong>no</strong> atuaincentivando a geração do conhecimento e sua aplicação <strong>no</strong> sistemaprodutivo.Nessa linha <strong>de</strong> pensamento, o Gover<strong>no</strong> brasileiro <strong>de</strong>veria canalizartambém para o MERCOSUL políticas que criem as ferramentasnecessárias para a i<strong>no</strong>vação nas PMEs, aí incluídas as microempresas(muito embora o ex-presi<strong>de</strong>nte do SEBRAE, Paulo Okamotto, reconheçaser difícil trabalhar com i<strong>no</strong>vação entre os microempresários) 152 .As questões que parecem cruciais para o fomento da i<strong>no</strong>vação <strong>no</strong>MERCOSUL são o financiamento e o acesso a fontes <strong>de</strong> informação.Com o sistema PYMESNET–MERCOSUR, proposto <strong>no</strong> Item 6.3, ospeque<strong>no</strong>s empresários teriam melhores fontes <strong>de</strong> informação e po<strong>de</strong>riamcomeçar a interagir com seus pares <strong>no</strong>s <strong>de</strong>mais países do MERCOSUL econhecer as oportunida<strong>de</strong>s comerciais e as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> associaçãoem ca<strong>de</strong>ias produtivas.152Paulo Okamotto, ex-Presi<strong>de</strong>nte do SEBRAE, foi entrevistado em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2010, Brasília.210<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 210 25/10/2011 20:35:19


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulA questão do financiamento da i<strong>no</strong>vação é crucial, sobretudopara micro e pequenas empresas, que muitas vezes não dispõem <strong>de</strong>reserva <strong>de</strong> capital para <strong>de</strong>stinar à i<strong>no</strong>vação <strong>de</strong> métodos e à busca <strong>de</strong><strong>no</strong>vos produtos que atendam ao mercado consumidor sempre emmutação, além <strong>de</strong> encontrarem dificulda<strong>de</strong>s <strong>no</strong> acesso aos créditos<strong>de</strong> instituições financeiras privadas, dadas as garantias exigidas e aselevadas taxas <strong>de</strong> juros aplicadas.Nesse sentido, o presente trabalho propõe a constituição <strong>de</strong> umFundo MERCOSUL para a I<strong>no</strong>vação (Fundo MERCOSUL INOVA),<strong>de</strong>stinado às micro, pequenas e médias empresas. Os recursospara o Fundo MERCOSUL I<strong>no</strong>va seriam extraídos do Fundo <strong>de</strong>Financiamento Direto das MPMEs do MERCOSUL (propostacontida <strong>no</strong> Item 6.4). O exame do dispêndio <strong>de</strong> recursos seria feitopelo Conselho do MERCOSUL, conjuntamente com o Conselho <strong>de</strong><strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL (proposta contida <strong>no</strong>Item 6.2).Outra proposta seria a elaboração <strong>de</strong> um Programa <strong>de</strong> Sobrevivência<strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL (ProgramaMERCOSULPYMES). O Programa, que envolve necessariamenteo componente <strong>de</strong> financiamento por meio do Fundo MERCOSULINOVA, <strong>de</strong>veria ser apresentado pelo Grupo <strong>de</strong> Integração Produtiva(GIP) ao Conselho <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSULou, na falta <strong>de</strong>ste, ao CMC. O SEBRAE brasileiro atuaria comoagência <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> assessoria técnica para a montagem doPrograma, além <strong>de</strong> aportar sua estrutura institucional, juntamente comos órgãos nacionais semelhantes dos <strong>de</strong>mais Estados Partes. No pla<strong>no</strong>multilateral, o SELA, por meio do Programa IBERPYMES, po<strong>de</strong>riaser a entida<strong>de</strong> prestadora <strong>de</strong> cooperação e <strong>de</strong> recursos financeiros paraa montagem e gestão do Programa MERCOSULPYMES.211<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 211 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidal6.9. Irradiação <strong>de</strong> MPMEs. O Aprofundamento dos Programas<strong>de</strong> Integração Produtiva do MERCOSUL, com Ênfase nas <strong>Micro</strong>,<strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>6.9.1 Fortalecimento das Políticas para <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong>. Formação <strong>de</strong> Clusters. O Fenôme<strong>no</strong> das Aglomerações <strong>de</strong><strong>Empresas</strong>.O <strong>de</strong>bate em tor<strong>no</strong> dos clusters (agrupamentos) regionais e <strong>de</strong>arranjos produtivos locais (APL) vem ganhado <strong>de</strong>staque especial naliteratura mundial pela crescente importância que esse fenôme<strong>no</strong> vemapresentando para as experiências <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento socioeconômico<strong>de</strong> vários países ao longo das últimas décadas. O Brasil tem sido pioneiro<strong>no</strong> tratamento do tema <strong>no</strong> MERCOSUL, tendo inclusive inspirado oSGT-7 a iniciar projeto <strong>de</strong> análise sobre a montagem <strong>de</strong>sses sistemas,<strong>de</strong><strong>no</strong>minados APL-Clusters 153 . O maior interesse a respeito <strong>de</strong>sse tema<strong>de</strong>ve-se ao acirramento da competição inter-regional e suas implicações,em particular para a situação das eco<strong>no</strong>mias emergentes. De fato, aformação dos agrupamentos (clusters) regionais e dos sistemas produtivoslocais constitui-se em um dos fenôme<strong>no</strong>s mais <strong>de</strong>stacados <strong>no</strong> cenário<strong>de</strong> reestruturação industrial e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico recente <strong>de</strong>vários países <strong>de</strong>senvolvidos e emergentes 154 .Na literatura sobre o tema, encontram-se diversas <strong>de</strong><strong>no</strong>minaçõespara o fenôme<strong>no</strong> <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> empresas (aglomerações) em uma<strong>de</strong>terminada área geográfica, tais como clusters regionais, distritosindustriais, re<strong>de</strong>s locais <strong>de</strong> cooperação, sistemas produtivos locais,arranjos produtivos locais (APL), milieux (ambientes) i<strong>no</strong>vadores,parques tec<strong>no</strong>lógicos e sistemas locais <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação. O clássico conceito<strong>de</strong> cluster traduz “concentrações geográficas <strong>de</strong> empresas e instituiçõesinterligadas em um setor particular, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong>m encontrar indústriascorrelatas e <strong>de</strong> apoio, ou outras entida<strong>de</strong>s importantes como instituições153No SGT-7, consi<strong>de</strong>ram-se APLs e clusters como sistemas semelhantes <strong>de</strong> integração produtiva,muito embora a literatura especializada os diferencie. APLs se vinculam a ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> valor final,sem pertencerem à mesma localização espacial, enquanto os clusters são ca<strong>de</strong>ias concentradasgeograficamente.154AMATO NETO, João. Um Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Referência para a Gestão <strong>de</strong> Sistemas Locais<strong>de</strong> Produção e I<strong>no</strong>vação. Departamento <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produção – Escola PolitécnicaUniversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo/Brasil, 2008.212<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 212 25/10/2011 20:35:19


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulgovernamentais, associações governamentais e centros <strong>de</strong> pesquisa.”Em a<strong>no</strong>s mais recentes, ganhou <strong>de</strong>staque, também, o conceito <strong>de</strong>arranjo produtivo local (APL), apresentado pelo Banco Nacional <strong>de</strong>Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES):APL é uma concentração geográfica <strong>de</strong> empresas e instituições que se relacionamem um setor particular. Inclui, em geral, fornecedores especializados, universida<strong>de</strong>s,associações <strong>de</strong> classe, instituições governamentais e outras organizações queprovêem educação, informação, conhecimento e/ou apoio técnico e entretenimento(BNDES, 2003).Se tal questão vem ganhando maior atenção <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s,já <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final do século XIX o fenôme<strong>no</strong> dos distritos industriaismerecia reflexão. Igliori (2006) 155 menciona um conjunto <strong>de</strong> conceitosdo final do século XIX relativos às aglomerações industriais, taiscomo retor<strong>no</strong>s <strong>de</strong> escala e o papel das ações conjuntas (joint actions).Marshall (1920, mencionado por Igliori) já os apontava em seu estudosobre os distritos industriais na Inglaterra, <strong>no</strong> final do século XIX. Essesestudos <strong>de</strong>stacam que as eco<strong>no</strong>mias em todo mundo passavam por umarecessão nas décadas <strong>de</strong> 70 e 80, resultando em <strong>de</strong>terioração <strong>no</strong> trabalhoe nas condições sociais com aumento do <strong>de</strong>semprego. Entretanto,alguns lugares como Oyonnax, na França; Jutland, na Dinamarca;Ba<strong>de</strong>n-Württenberg, na Alemanha; Smäland, na Suécia; Barcelona, naEspanha; Vale do Silício, na Califórnia; Cambridge, na Inglaterra; epartes do Japão estavam conseguindo vencer essa recessão, e por issochamaram a atenção da Organização Internacional do Trabalho. Dentretodas as regiões europeias, a que mais é <strong>de</strong>stacada na literatura pelosucesso obtido é a Terceira Itália, região que compreen<strong>de</strong> a área <strong>no</strong>rte e<strong>no</strong>r<strong>de</strong>ste da Itália. Os distritos industriais da Terceira Itália apresentaramum <strong>de</strong>sempenho competitivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, tanto <strong>de</strong>ntro do país como <strong>no</strong>mercado internacional.De uma forma abrangente, po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r o conceito <strong>de</strong>agrupamentos (clusters) ou arranjos produtivos locais como a concentraçãosetorial e geográfica <strong>de</strong> empresas. Faz-se necessário i<strong>de</strong>ntificar uma série<strong>de</strong> características inerentes aos clusters, inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> seu nicho155IGLIORI, Danilo. Cluster Dynamics: New Evi<strong>de</strong>nce and Projections for Computing Servicesin Great Britain Volume, Journal of Regional Science, vol. 46, n o 3, p. 601, Londres, 2006.213<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 213 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>de</strong> atuação, do tipo <strong>de</strong> produto ou serviço que proporcionam. Dentre asvárias características, a mais importante é o ganho <strong>de</strong> eficiência coletiva.Os clusters po<strong>de</strong>m respon<strong>de</strong>r a crises e oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forma maisdinâmica, uma vez que suas especialida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser reorganizadas em<strong>no</strong>vos processos. Na visão da escola da eco<strong>no</strong>mia regional, que buscavínculos entre a geografia econômica e o <strong>de</strong>sempenho industrial, há umaforte tendência <strong>no</strong> capitalismo contemporâneo à formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsosclusters localizados. Sob esse enfoque, a coor<strong>de</strong>nação extramercado epolíticas públicas são essenciais na construção <strong>de</strong> vantagens competitivaslocalizadas. Também é valido salientar os tipos <strong>de</strong> políticas públicasque são, via <strong>de</strong> regra, mais <strong>de</strong>sejadas para a promoção <strong>de</strong> um arranjoprodutivo local: incentivos fiscais, investimentos em infraestruturaurbana e construção <strong>de</strong> estradas e aeroportos, concessão <strong>de</strong> terre<strong>no</strong>s,pavimentação e extensão <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> energia e telefone, entre outros.Os chamados clusters <strong>de</strong> base tec<strong>no</strong>lógica constituem outra vertentedos estudos a respeito dos aglomerados <strong>de</strong> empresas. Sob um enfoqueparticular da teoria econômica (eco<strong>no</strong>mia da tec<strong>no</strong>logia e da i<strong>no</strong>vação), aproximida<strong>de</strong> geográfica <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> empresas com universida<strong>de</strong>s,centros <strong>de</strong> P&D, institutos <strong>de</strong> pesquisa, escolas técnicas e outros agentesespecializados revela-se um fator estratégico <strong>no</strong> processo <strong>de</strong> geração edifusão <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> informações relevantes para onegócio do cluster, po<strong>de</strong>ndo provocar, também, os chamados spillovers<strong>de</strong> conhecimento (Amato Neto, 2008).Na eco<strong>no</strong>mia dos dias atuais, as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimentos estão cadavez mais condicionadas por essas vantagens competitivas dinâmicas,como a existência <strong>de</strong> uma infraestrutura local a<strong>de</strong>quada, proximida<strong>de</strong>com centros <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, oferta <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obraqualificada e acesso aos mo<strong>de</strong>r<strong>no</strong>s meios <strong>de</strong> transporte. Para realizarisso, é preciso que as gran<strong>de</strong>s empresas estejam apoiadas numa baseindustrial <strong>de</strong> MPME’s mais dinâmicas. <strong>Micro</strong>, pequenas e médiasempresas <strong>de</strong>sempenham, historicamente, um relevante papel comoentes geradores <strong>de</strong> emprego, provenientes da oferta <strong>de</strong> vários tipos<strong>de</strong> componentes e serviços para outras empresas, assim como do seupotencial <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação incremental. O foco nessa categoria <strong>de</strong> empresajustifica-se pelo seu potencial <strong>de</strong> contribuição para a melhoria tanto dascondições sociais (geração <strong>de</strong> empregos e <strong>de</strong> renda), como econômicas,por meio do aumento <strong>de</strong> eficiência produtiva em uma ca<strong>de</strong>ia produtiva214<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 214 25/10/2011 20:35:19


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulespecífica (como <strong>no</strong>s casos do complexo automobilístico, da indústriatêxtil e da produção <strong>de</strong> calçados).Seria possível afirmar que a maioria das empresas <strong>de</strong> porte peque<strong>no</strong>ou médio não apresenta condições <strong>de</strong> se mo<strong>de</strong>rnizar o suficiente paracompetir, ou, simplesmente, sobreviver em um contexto doméstico,regional e internacional competitivo. Em função disso é que as políticaspúblicas <strong>de</strong>vem ser seletivas e direcionadas estrategicamente. Nessecaso, as pequenas e médias empresas operam em ca<strong>de</strong>ia produtiva<strong>de</strong> forma mais cooperativa e estreitamente ligadas a um cliente finalna forma <strong>de</strong> agrupamentos (clusters) <strong>de</strong> empresas. Essa estrutura <strong>de</strong>organização industrial, reconhecida como “distritos industriais” naliteratura internacional, aponta para certas vantagens competitivas, <strong>de</strong>que não <strong>de</strong>sfrutam empresas que atuam isoladamente.Do ponto <strong>de</strong> vista do grau <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento tec<strong>no</strong>lógicopredominante <strong>no</strong>s diferentes agrupamentos <strong>de</strong> empresas, i<strong>de</strong>ntificam-sedois caminhos distintos: o primeiro, o high road, característica dos distritosindustriais bem-sucedidos, representa alta tec<strong>no</strong>logia, funcionalida<strong>de</strong>,flexibilida<strong>de</strong> e i<strong>no</strong>vações; o segundo, o low road, representa um ambiente<strong>de</strong> baixa competitivida<strong>de</strong>, baixos preços e materiais baratos. Nos clusters<strong>de</strong> países em <strong>de</strong>senvolvimento, po<strong>de</strong>m-se encontrar com muita frequênciaambos os tipos <strong>de</strong> caminhos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, com gran<strong>de</strong>s i<strong>no</strong>vaçõese mão <strong>de</strong> obra barata, ou ainda, uma combinação <strong>de</strong> empresas que usamo high road e outras que usam o low road.Po<strong>de</strong>m-se, ainda, encontrar alguns clusters que optam somente pelolow road, mas nenhum que utilize exclusivamente o high road. Em paísesem <strong>de</strong>senvolvimento, po<strong>de</strong>mos encontrar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> clusters <strong>de</strong> mínimoimpacto, tais como os africa<strong>no</strong>s, até clusters com alta competitivida<strong>de</strong>,atuantes, inclusive, <strong>no</strong> mercado exter<strong>no</strong>, como <strong>no</strong>s casos asiático elati<strong>no</strong>-america<strong>no</strong>.6.9.2. Sistemas locais <strong>de</strong> produção e i<strong>no</strong>vaçãoNa literatura sobre as aglomerações <strong>de</strong> empresas, vem merecendo<strong>de</strong>staque <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s o conceito <strong>de</strong> Sistemas Locais <strong>de</strong> I<strong>no</strong>vação eProdução. Para alguns autores, em tais sistemas é possível vislumbrar aconfluência <strong>de</strong> elementos tangíveis aos clusters (empresas pertencentesa uma mesma ca<strong>de</strong>ia produtiva e infraestrutura) com os elementos215<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 215 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidalintangíveis, relativos ao conhecimento e k<strong>no</strong>w-how específicos dolocal ou região, além da presença <strong>de</strong> instituições (po<strong>de</strong>r público local,entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe, legislação local). A confluência <strong>de</strong> tais fatorespo<strong>de</strong> favorecer <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva a constituição <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>nsa re<strong>de</strong><strong>de</strong> relacionamentos e <strong>de</strong> cooperação entre os agentes envolvidos,tendo em vista a geração e a difusão <strong>de</strong> conhecimentos relevantespara as empresas que se encontram na região. Essa tendência po<strong>de</strong>contribuir sobremaneira para o aprendizado coletivo e para a elevaçãodos patamares <strong>de</strong> qualificação profissional, requisitos fundamentaispara o fortalecimento do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> das empresaspertencentes a tais sistemas.Em síntese, o movimento <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> tais aglomerações <strong>de</strong>MPMEs em clusters e da sua possível transformação em “sistemaslocais <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação” está inserido em um contexto <strong>de</strong> elevadacomplexida<strong>de</strong> e é influenciado por uma série <strong>de</strong> fatores que serelacionam com os vários aspectos aqui apresentados e discutidos.O que faz do MERCOSUL um bloco <strong>de</strong> alcance e capilarida<strong>de</strong>ainda limitados é justamente a ausência <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> integraçãoeconômica que possibilite o planejamento da especialização produtivae que conte com o apoio <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento dainfraestrutura com financiamento a<strong>de</strong>quado. A integração produtiva,objeto já <strong>de</strong> análise <strong>no</strong> MERCOSUL, com iniciativas como o Programa<strong>de</strong> Integração Produtiva lançado em 2008, precisa ser aprofundada etransformar-se em tema central da agenda da integração.Os programas hoje em análise <strong>no</strong> Programa <strong>de</strong> IntegraçãoProdutiva do MERCOSUL (ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> óleo e gás e setor automotivo)são um ponto <strong>de</strong> partida, mas requerem avanços mais acelerados,com enfoque nas PMEs e na concentração regional <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas PMEs<strong>no</strong>s Estados que participam mais ativamente do MERCOSUL. Seriaimportante que o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias produtivas, coma formação <strong>de</strong> clusters <strong>no</strong> MERCOSUL, passasse por um processo<strong>de</strong> “irradiação das pequenas e médias empresas”, a partir da áreageográfica em que se dão as maiores trocas comerciais e o maiorintercâmbio <strong>de</strong> recursos huma<strong>no</strong>s, ou seja, os estados do Sul e Su<strong>de</strong>stebrasileiro e os <strong>de</strong>mais Estados Partes.216<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 216 25/10/2011 20:35:19


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulEm trabalho sobre a localização espacial das ca<strong>de</strong>ias produtivas,Botelho e Bracarense (2005) 156 comentam que o <strong>de</strong>senvolvimentobem-sucedido dos distritos industriais, observados na Terceira Itália,passou a chamar a atenção <strong>de</strong> diversos estudiosos <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 1980 eos levou a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a tese <strong>de</strong> que a criação <strong>de</strong> ambientes propíciosao fortalecimento das PMEs seria elemento importante para um<strong>de</strong>senvolvimento me<strong>no</strong>s <strong>de</strong>sequilibrado espacialmente e me<strong>no</strong>sexclu<strong>de</strong>nte, quando comparado ao observado sob o paradigma fordista<strong>de</strong> produção em gran<strong>de</strong> escala. A partir <strong>de</strong> então, sobretudo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os a<strong>no</strong>s<strong>no</strong>venta, os formuladores <strong>de</strong> políticas públicas começaram a se interessarpelo assunto. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> aglomeração torna-se explicitamente associadaao conceito <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong> principalmente a partir do início dos a<strong>no</strong>s90, o que parcialmente explica seu forte apelo para os formuladores <strong>de</strong>política (Cassiolato, 2002).Dessa maneira, as aglomerações produtivas passam a ser nãoapenas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise, mas também unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação <strong>de</strong> políticasindustriais.Po<strong>de</strong>-se mesmo dizer que existe certo consenso, entre pesquisadorese formuladores <strong>de</strong> políticas públicas, sobre a importância <strong>de</strong> se darpriorida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ambientes favoráveis às PMEs quese apresentam em aglomerações produtivas. Essa orientação diferedas posturas que privilegiam as empresas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, observadasnas políticas adotadas sob a égi<strong>de</strong> do paradigma fordista-taylorista, dosegundo pós-guerra até meados dos a<strong>no</strong>s 1980.Nesse sentido, propõe-se ao Itamaraty levar à consi<strong>de</strong>ração do GMCa criação <strong>de</strong> um Programa MERCOSUL <strong>de</strong> Irradiação <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong><strong>Empresas</strong>, com enfoque em financiamento <strong>de</strong> projetos relacionados àformação <strong>de</strong> clusters industriais pilotos em regiões <strong>de</strong> fronteira, comênfase, em uma primeira fase, nas regiões Sul, Su<strong>de</strong>ste e Norte. Namedida em que o MERCOSUL for ampliado, serão consi<strong>de</strong>rados osestados das regiões centro-Oeste e Nor<strong>de</strong>ste. Os projetos <strong>de</strong>vem envolverestudos <strong>de</strong> nichos comerciais e produtivos, criação <strong>de</strong> infraestrutura física,incentivos fiscais, financiamento <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital (BK), treinamentoe capacitação <strong>de</strong> pessoal, com o aproveitamento <strong>de</strong> projetos ora em156BOTELHO, Marisa dos Reis A,. e BRACARENSE, Natália Maria L. “A Problemática dasAglomerações Produtivas Especializadas: Aspectos Principais, Governança Interna E Externa eObservação da Experiência <strong>de</strong> São Bento do Sul (SC)”, redpymes.org.ar, 2005.217<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 217 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidalandamento, na medida do possível, como os do GIP (ca<strong>de</strong>ias produtivas)e como os Centros <strong>de</strong> Atenção ao Empreen<strong>de</strong>dor (CAE), que existem,por exemplo, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.6.10 A Adoção <strong>de</strong> Procedimentos Cambiais Simplificados para as<strong>Pequenas</strong> Transações Comerciais <strong>no</strong> MERCOSULA eliminação <strong>de</strong> divisas extrazona <strong>no</strong> comércio po<strong>de</strong> vir a ser uminstrumento central em <strong>de</strong>fesa das pequenas empresas, sobretudo emregiões <strong>de</strong> fronteira, <strong>no</strong>s eventuais esquemas <strong>de</strong> integração produtiva, ouclusters. Os custos das operações comerciais que envolvem a triangulaçãocom o dólar, por exemplo, como padrão monetário, serão sempre maiselevados do que a eventual realização <strong>de</strong>ssas operações exclusivamentenas moedas nacionais. Embora as gran<strong>de</strong>s empresas possam absorveresses custos, dadas as reservas <strong>de</strong> capital mais elevadas e a escalamaior <strong>de</strong> suas operações comerciais, as pequenas empresas se veemprejudicadas pelo sistema oneroso <strong>de</strong> transações comerciais em dólar.Brasil e Argentina já <strong>de</strong>senvolveram projeto <strong>de</strong> eliminação do dólar <strong>no</strong>comércio bilateral, com o Sistema <strong>de</strong> Pagamentos em Moedas Locais,em operação <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008 e aberto aos <strong>de</strong>mais Estados Partes.Com a Venezuela, o Brasil examina hoje a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estabelecer alguns limites máximos <strong>de</strong> operações comerciais, emregiões <strong>de</strong> fronteira, que incluam os dois principais bancos estatais(CEF e Banco da Venezuela) como agentes <strong>de</strong> intermediação. Os limitesmáximos, que po<strong>de</strong>riam ser operações <strong>de</strong> até US$ 50 mil, permitiriam àspequenas e médias empresas, em regiões <strong>de</strong> fronteira, nas quais se po<strong>de</strong>m<strong>de</strong>senvolver ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produção binacionais com as PMEs, realizaroperações <strong>de</strong> exportação e importação, sem entraves burocráticos. Ébem verda<strong>de</strong> que o Convênio <strong>de</strong> Créditos Recíprocos (CCR) da ALADIpermite o registro <strong>de</strong> débitos <strong>de</strong> operações comerciais entre os paísesparticipantes, para compensação posterior pelos Bancos Centrais, o quereduz os custos <strong>de</strong> transferências financeiras. A proposta que aqui se<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> busca simplificar ainda mais os mecanismos existentes <strong>no</strong> marcoda ALADI, com especial atenção para as MPME.A i<strong>de</strong>ia é relativamente simples e po<strong>de</strong>ria ser adotada <strong>no</strong> MERCOSUL.O presente trabalho propõe, assim, por último que o Grupo MercadoComum examine proposta <strong>de</strong> eliminação <strong>de</strong> moedas extrarregionais,218<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 218 25/10/2011 20:35:19


propostas para a formulação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> mercosulcomo o dólar, em operações comerciais até um limite <strong>de</strong> US$ 50 mil.Essas operações, <strong>de</strong><strong>no</strong>minadas Transações Comerciais para as <strong>Pequenas</strong>e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MERCOSUL, seriam aprovadas pelas instituiçõesfinanceiras nacionais <strong>de</strong>finidas por cada Estado Parte, enten<strong>de</strong>ndo-se que,<strong>no</strong> caso do Brasil, a Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral po<strong>de</strong>ria ser a instituiçãoescolhida. O sistema po<strong>de</strong>ria prever que os <strong>de</strong>pósitos para pagamento<strong>de</strong> transações comerciais <strong>de</strong>ntro dos limites acima estabelecidosfossem efetuados diretamente numa conta das instituições financeiras<strong>de</strong>terminadas, em <strong>no</strong>me do exportador domiciliado em outro país doMERCOSUL, que receberia o crédito na sua moeda local <strong>de</strong>positadopela instituição financeira parceira da operação.219<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 219 25/10/2011 20:35:19


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ConclusãoAs propostas <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>scritas constituem uma base <strong>de</strong> trabalhoinicial, sempre sujeita a aperfeiçoamento, à luz das contribuições dosdiferentes órgãos nacionais envolvidos com o processo negociador ecriador do MERCOSUL.Procuram, contudo, levar o Itamaraty a consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> introduzir, junto aos <strong>de</strong>mais atores nacionais, o <strong>de</strong>bate sobreum <strong>no</strong>vo papel para as pequenas e médias empresas <strong>no</strong> processo<strong>de</strong> integração, tornando-as alvo <strong>de</strong> atenção prioritária. O trabalhonão exami<strong>no</strong>u o papel das gran<strong>de</strong>s empresas, tampouco exami<strong>no</strong>ua dimensão do crescimento do MERCOSUL <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1991 vinculadoà atuação das gran<strong>de</strong>s corporações e setores produtivos nacionais.Não resta dúvida <strong>de</strong> que o fio condutor da integração, <strong>no</strong>s últimos 20a<strong>no</strong>s, alicerçado sobre os interesses setoriais exportadores, contribuiupara a consolidação do MERCOSUL como uma realida<strong>de</strong> <strong>no</strong> cenáriopolítico e econômico sul-america<strong>no</strong>. Não cabe discussão sobre suavolta atrás, ou sobre seu rebaixamento a uma Zona <strong>de</strong> Livre Comércio(ZLC), ou mesmo sobre sua <strong>de</strong>sintegração. O patrimônio construídopelos fundadores do MERCOSUL, e seguido pelos diplomatase técnicos governamentais que o conduzem, juntamente com oCongresso Nacional, não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sfeito. Seria, <strong>no</strong> mínimo, umairresponsabilida<strong>de</strong> histórica.221<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 221 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidalNo entanto, a presente tese busca contribuir para a seguinte reflexão:o enfoque dos a<strong>no</strong>s <strong>no</strong>venta na consolidação dos interesses <strong>de</strong> livrecomércio e <strong>de</strong> reserva <strong>de</strong> mercado <strong>no</strong> MERCOSUL, em linha com osinteresses setoriais exportadores brasileiros, ajudou a inseri-lo na realida<strong>de</strong>política, econômica e comercial regional <strong>de</strong> maneira inquestionável e,sob muitos aspectos, virtuosa. Torna-se necessário, contudo, um esforçopolítico mais ambicioso para ampliar a agenda do MERCOSUL, a fim<strong>de</strong> que as diversas dimensões da integração avancem com equilíbrio. AsMPMEs po<strong>de</strong>m exercer um papel relevante nesse esforço.A dimensão sociolaboral do MERCOSUL ficou para trás <strong>no</strong> processo<strong>de</strong> integração. Esse diagnóstico não é necessariamente <strong>no</strong>vo ou original.A mais recente Presidência Pro-Tempore Brasileira re<strong>no</strong>vou essediagnóstico e, na XL Cúpula do MERCOSUL, realizada em <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2010 em Foz do Iguaçu, levantou o tema por meio da aprovação <strong>de</strong>importantes documentos que buscam o fortalecimento dos chamados“pilar social” e “pilar cidadão”.A originalida<strong>de</strong> que o trabalho busca apresentar estaria <strong>no</strong> <strong>no</strong>vocaminho proposto para que o MERCOSUL tenha maior capilarida<strong>de</strong>.Esse caminho seria o enfoque nas pequenas e médias empresas, que hojeestão praticamente excluídas ou muito pouco representadas nas instâncias<strong>de</strong> negociação e <strong>no</strong> acervo <strong>no</strong>rmativo.Não se trata <strong>de</strong> uma estratégia i<strong>de</strong>alista. O trabalho procurou mostrar,<strong>no</strong> Capítulo 3, a teoria e os fatos sobre a estreita e comprovada vinculaçãoentre MPMEs e geração <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, formal, bem como aestreita relação entre MPMEs e trabalho “em quantida<strong>de</strong>”, ou seja, aspequenas e médias empresas, incluídas as microempresas, respon<strong>de</strong>mpela maior parcela dos empregos gerados nas eco<strong>no</strong>mias mo<strong>de</strong>rnas.A partir <strong>de</strong>ssa equação, procurou-se discutir a importante influênciaque as MPMEs, e em particular o estímulo ao empreen<strong>de</strong>dorismo eà criação <strong>de</strong> <strong>no</strong>vas empresas, po<strong>de</strong>riam ter sobre o tema do empregoe do fortalecimento da dimensão sociolaboral do MERCOSUL. Aobeneficiarem as pequenas e médias empresas e os seus trabalhadores,os negociadores do MERCOSUL estarão contribuindo, espera-se, paraaumentar a capilarida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> integração e elevar o nível <strong>de</strong>participação cidadã, fortalecendo a sua dimensão sociolaboral.O gigantesco potencial <strong>de</strong> micro, pequenas e médias empresaspara a geração <strong>de</strong> empregos é acompanhado <strong>de</strong> outras vantagens222<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 222 25/10/2011 20:35:19


conclusãoeconômicas, como a contribuição para o crescimento econômico, para o<strong>de</strong>senvolvimento da i<strong>no</strong>vação, para a elevação do nível <strong>de</strong> renda e saláriose, conforme examinado <strong>no</strong> Capítulo 5, para aumentar a resistência daseco<strong>no</strong>mias aos choques exter<strong>no</strong>s. Embora esse último ponto possa suscitaropiniões distintas e não se pretenda apresentá-lo como verda<strong>de</strong> absoluta,uma vez que, na crise <strong>de</strong> 2008, o Brasil se beneficiou, conforme oPresi<strong>de</strong>nte do IPEA, Márcio Pochmann, do capital aportado pelas gran<strong>de</strong>sempresas nacionais para sair mais rápido da crise 157 , <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>-se a premissa<strong>de</strong> que regiões econômicas, tais como aquelas em que existam ArranjosProdutivos Locais (APL), fortes em pequenas empresas ten<strong>de</strong>riam acorrer me<strong>no</strong>r risco <strong>de</strong> sofrer uma gran<strong>de</strong> fuga <strong>de</strong> capitais e <strong>de</strong> sofrer comprocessos <strong>de</strong> <strong>de</strong>missão em massa <strong>de</strong> trabalhadores. Uma base econômicasólida <strong>no</strong> MERCOSUL, com MPMEs em expansão, po<strong>de</strong> contribuir parareduzir vulnerabilida<strong>de</strong>s externas. Ao fomentar políticas regionais paraas MPME, os Estados Partes também estarão contribuindo para reduziro grau <strong>de</strong> informalida<strong>de</strong> das eco<strong>no</strong>mias, o que é vantajoso do ponto <strong>de</strong>vista das políticas <strong>de</strong> arrecadação tributária.Ao propor que o Itamaraty avalie a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover umaprofunda reflexão, junto aos <strong>de</strong>mais atores governamentais, à socieda<strong>de</strong>civil, aos sindicatos e às associações <strong>de</strong> pequenas e médias empresassobre <strong>no</strong>vas políticas <strong>no</strong> MERCOSUL, <strong>de</strong> modo a permitir um upgra<strong>de</strong>do status <strong>de</strong>ssas empresas <strong>no</strong> processo negociador, com ações <strong>de</strong> naturezaeconômica e institucional, o trabalho procura examinar o patrimônio jáexistente <strong>no</strong> Brasil em <strong>de</strong>fesa das MPMEs. Esse patrimônio se compõe<strong>de</strong> iniciativas, instituições e políticas domésticas. O Capítulo 4 listouuma série <strong>de</strong> ações governamentais ora em execução que contribuírampara a formulação das <strong>de</strong>z iniciativas em matéria <strong>de</strong> políticas parao MERCOSUL que o Itamaraty po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>senvolver em <strong>de</strong>fesa dasMPMEs. As <strong>de</strong>z iniciativas, constantes do Capítulo 6, inspiraram-se <strong>no</strong>que existe e está em prática, mas também <strong>no</strong> que não existe e po<strong>de</strong>ráser feito.No Capítulo 4, fez-se breve análise do ambiente brasileiro em prol doempreen<strong>de</strong>dorismo. O tema do estímulo ao empreen<strong>de</strong>dorismo é centralhoje <strong>no</strong>s estudos sobre as políticas públicas para a promoção <strong>de</strong> micro,pequenas e médias empresas. Dificilmente o empreen<strong>de</strong>dorismo estáassociado à criação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s empresas. A partir da criação <strong>de</strong> pequenas157Entrevista com o Presi<strong>de</strong>nte do IPEA, Márcio Pochmann, em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2010, Brasília.223<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 223 25/10/2011 20:35:19


afael <strong>de</strong> mello vidalempresas, estas evoluem para transformarem-se em empresas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>porte, permanecem como nasceram, ou <strong>de</strong>saparecem.Ao examinar as políticas atuais domésticas para a <strong>de</strong>fesa daspequenas empresas, concluiu-se que:a) O Brasil apresenta avanços extraordinários <strong>no</strong> pla<strong>no</strong> inter<strong>no</strong> para apromoção das micro e pequenas empresas, sob a égi<strong>de</strong> do MDIC,do BNDES e do SEBRAE. Este último, embora com participaçãodo Gover<strong>no</strong> <strong>no</strong> seu conselho diretor, e com recursos oriundos daprevidência social, não é uma agência governamental e não temparticipação <strong>no</strong> MERCOSUL; eb) As políticas governamentais em <strong>de</strong>fesa das pequenas empresasganharam maior prestígio em a<strong>no</strong>s recentes, com iniciativas emexame, como a anunciada, e até o momento adiada, criação doMinistério <strong>de</strong> <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>, com sólidos programas<strong>de</strong> financiamento a cargo do BNDES, ou na esfera do FINEP, ecom a aprovação da Lei Geral das <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>,sem que tais iniciativas tenham repercussão <strong>no</strong> MERCOSUL.No âmbito do MERCOSUL, visto como personalida<strong>de</strong> jurídica,conclui-se que as políticas em <strong>de</strong>fesa das pequenas e médias empresasainda se encontram muito atrasadas. No Capítulo 4, examinaram-sealgumas iniciativas mais recentes e <strong>de</strong> maior impacto, como o Fundo<strong>de</strong> Garantias para as PMEs e o Programa <strong>de</strong> Integração Produtivado MERCOSUL. Todas se enfrentam com um elevado grau <strong>de</strong><strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementação ou regulamentação.Também se avaliou o trabalho do SGT-7 (Indústria) e <strong>de</strong> sua vinculadaComissão <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>. A falta <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quadarepresentativida<strong>de</strong> dos interesses dos peque<strong>no</strong>s empresários <strong>no</strong> pla<strong>no</strong>institucional do MERCOSUL dificulta ainda mais a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seusinteresses. O Brasil tem exercido li<strong>de</strong>rança ainda tímida na <strong>de</strong>fesa dasPMEs <strong>no</strong> MERCOSUL.O Capítulo 5 apresentou algumas consi<strong>de</strong>rações sobre a conveniência<strong>de</strong> uma reflexão sobre o papel das pequenas empresas <strong>no</strong> MERCOSUL,à luz a dimensão sociolaboral. Usou-se o paradigma do tratamento <strong>de</strong>políticas públicas para pequenas e médias empresas na União Europeia(UE), bem como <strong>no</strong>s Estados Unidos, regiões que encararam o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>224<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 224 25/10/2011 20:35:19


conclusãoadotar mecanismos <strong>de</strong> incentivo à criação e sobrevivência <strong>de</strong> pequenasempresas como instrumentos <strong>de</strong> profundo interesse social e <strong>de</strong> relevantesvantagens.Nesse exercício, estimulou-se, ainda <strong>no</strong> Capítulo 5, um <strong>de</strong>bate sobrea oportunida<strong>de</strong> na América do Sul hoje representada pela concertação <strong>de</strong>gover<strong>no</strong>s que atribuem peso à dimensão sociolaboral do MERCOSULna agenda da integração. Estaria sendo formada uma conjunturafavorável para que se fortaleça <strong>no</strong> MERCOSUL a <strong>de</strong>fesa das políticas<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> eixos <strong>de</strong> integração produtiva, <strong>de</strong> sistemas locais<strong>de</strong> produção, <strong>de</strong> financiamento, <strong>de</strong> revisão institucional, entre outras, quebeneficiem as MPMEs. A agenda dos gover<strong>no</strong>s do MERCOSUL, bemcomo daqueles que <strong>de</strong>sejam a sua plena a<strong>de</strong>são, admite formalmente emseus pla<strong>no</strong>s <strong>de</strong> ação, ou mesmo em legislação interna, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estimular a expansão das pequenas empresas.O trabalho não alcançaria seu objetivo caso se limitasse ao diagnósticoe não apresentasse algumas linhas <strong>de</strong> ação diplomática que po<strong>de</strong>rão serconsi<strong>de</strong>radas pelo Itamaraty. O tema escolhido para o Curso <strong>de</strong> AltosEstudos envolve um conjunto <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> natureza econômica,política e social sobre as pequenas empresas e seu papel na geração <strong>de</strong>empregos, na i<strong>no</strong>vação, <strong>no</strong> crescimento e na renda, e como o Itamaratypo<strong>de</strong> colaborar, por meio <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> política externa regional, naesfera da diplomacia econômica, para o tratamento <strong>de</strong> políticas para asMPMEs.Nesse sentido, o Capítulo 6 eleva à consi<strong>de</strong>ração das chefias doItamaraty, para reflexão, <strong>de</strong>z pontos. As propostas <strong>de</strong> ação diplomática,que pela natureza do tema envolvem outras áreas do Gover<strong>no</strong>, emespecial a área econômica – o que é <strong>no</strong>rmal <strong>no</strong> processo <strong>de</strong>cisóriorelacionado ao MERCOSUL – fundamentam-se nas conclusões queforam sendo construídas <strong>no</strong>s capítulos anteriores. Trata-se <strong>de</strong> um ponto<strong>de</strong> partida para reflexão, que necessariamente envolveria os <strong>de</strong>mais órgãosgovernamentais vinculados ao Grupo Mercado Comum.Espera-se, com este trabalho, contribuir para o permanente empenhodo Ministério das Relações Exteriores em consolidar uma das maisimportantes obras da diplomacia brasileira mo<strong>de</strong>rna – o MERCOSUL.225<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 225 25/10/2011 20:35:20


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afael <strong>de</strong> mello vidalTelegrama 744, da Delegação Brasileira junto à ALADI e MERCOSUL(BRASALADI), ostensivo, <strong>de</strong> 18/09/2009.TOKMAN, Victor. De la Informalidad a la Mo<strong>de</strong>rnidad, Documento<strong>de</strong> Trabalho produzido pela OIT, 2001.UNGER, Roberto Mangabeira. Brasil es el país más parecido <strong>de</strong>l mundoa EE UU, El País, Espanha, entrevista a Soledad Gallego Díaz e JuanArias, 09/02/2009.VAZ, Alci<strong>de</strong>s Costa. Cooperação, Integração e Processo Negociador:a Construção do MERCOSUL, Instituto Brasileiro <strong>de</strong> RelaçõesInternacionais, IBRI, Brasília, 2002.Vox Populi. Fatores Condicionantes e Taxa <strong>de</strong> Mortalida<strong>de</strong> das MPE,Vox Populi, Volume III, 2005.YOGUEL, Gabriel. Estrategias <strong>de</strong> cooperación empresarial <strong>de</strong> laspymes argentinas y brasileñas a principios <strong>de</strong> los <strong>no</strong>venta. CEPAL.Documento <strong>de</strong> trabalho 70, 1996.WOOLLEY, Jennifer L, e ROTTNER, Renee. In<strong>no</strong>vation policy andna<strong>no</strong>tech<strong>no</strong>logy entrepreneurship. Entrepreneurship: Theory andpractice, Entrepreneur House Authors, 2008.WENNEKERS, San<strong>de</strong>r e THURIK, Roy. Linking Entrepreneurship andEco<strong>no</strong>mic Growth, Small Business Eco<strong>no</strong>mics, Springer, vol. 13, 1999.Normas do MERCOSULMERCOSUL/CMC/DEC Nº 22/07, “FUNDO MERCOSUL DE APOIOA PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS”, Assunção, XXXIII Reuniãodo Conselho do Mercado Comum do Sul, junho <strong>de</strong> 2007.MERCOSUL/CMC/DEC. Nº 12/08. PROGRAMA DE INTEGRAÇÃOPRODUTIVA DO MERCOSUL, aprovado na XXXV Reunião do CMC.236<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 236 25/10/2011 20:35:20


ibliografiaMERCOSUL/CMC/DEC. Nº 13/08. “FUNDO MERCOSUL DE APOIOÀS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS”, XXXV Conselho doMercado Comum, San Miguel <strong>de</strong> Tucumán. 30/VI/08.MERCOSUL/CMC/DEC. Nº 41/08. “CRIAÇÃO DO FUNDOMERCOSUL DE GARANTIAS PARA MICRO, PEQUENAS EMÉDIAS EMPRESAS”, XXXVI CMC, Salvador, 15/XII/08.MERCOSUL/CMC/DEC. Nº 46/04. “ESTRATÉGIA MERCOSUL DECRESCIMENTO DO EMPREGO”, XXVII CMC, Belo Horizonte,16/12/04.Consultas a páginas da re<strong>de</strong> mundial (Internet)www.cird.org.py, em 11/2010 – programas <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> PMEs <strong>no</strong>Paraguai.www.cnd.org.uy, em 12/2010 – participação das PMES na eco<strong>no</strong>miado Uruguai.www.elpais.com, em 02/2010 – entrevista <strong>de</strong> Roberto Mangabeira Unger.www.iberpymeonline.org, em 03/2009 – programas <strong>de</strong> apoio às PME<strong>no</strong> SELA.www.ingepro.com.br, em 11/2010 – políticas brasileiras <strong>de</strong> incentivo ài<strong>no</strong>vação.www.israelbusiness.org.il, em 01/2011 – Programa <strong>de</strong> IncubadorasTec<strong>no</strong>lógicas.www.pymesuruguay.com, em 11/2010 – políticas uruguaias <strong>de</strong> apoioàs PMEs.www.sebrae.com.br, em 11/2010 – iniciativas e estudos do SEBRAEpara a promoção das PMEs.237<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 237 25/10/2011 20:35:20


afael <strong>de</strong> mello vidalwww.sepymedr.gov.ar, em 11/2010 – políticas argentinas <strong>de</strong> promoçãodas PMEs.www.in<strong>no</strong>vatorium.wordpress.com, em 07.01.2010 - Roy Rothwell’sfive generations of in<strong>no</strong>vation mo<strong>de</strong>ls.238<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 238 25/10/2011 20:35:20


Entrevistas1 - Agustín Carrizosa, Presi<strong>de</strong>nte Executivo do Centro <strong>de</strong> Informacióny Recursos para El Desarollo(CIRD), do Paraguai, foi entrevistado em<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010.2 - Bru<strong>no</strong> Bath, Diretor do Departamento do MERCOSUL do Ministériodas Relações Exteriores, foi entrevistado em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010.3 - Cândida Cervieri, Coor<strong>de</strong>nadora-Geral <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong>Programas <strong>de</strong> Apoio às Exportações da SECEX/MDIC e ex-Diretorado Departamento <strong>de</strong> <strong>Micro</strong>, <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong> do MDIC, foientrevistada em fevereiro <strong>de</strong> 2011.4 - Gonzales Capriles, Diretor do Programa IBERPYMES, do SistemaEconômico Lati<strong>no</strong>-America<strong>no</strong> (SELA), conce<strong>de</strong>u entrevista em Caracas,em janeiro <strong>de</strong> 2009.5 - José Carlos <strong>de</strong> Assis, Professor e Eco<strong>no</strong>mista do BNDES, conce<strong>de</strong>uentrevista em 15/05/2010.6 - Márcio Pochmann, Presi<strong>de</strong>nte do Instituto <strong>de</strong> Pesquisa EconômicaAplicada (IPEA), conce<strong>de</strong>u entrevista em 26/11/2010, em Brasília,239<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 239 25/10/2011 20:35:20


afael <strong>de</strong> mello vidalpor ocasião do primeiro Congresso sobre Desenvolvimento (CODE),realizado na Capital Fe<strong>de</strong>ral.7 - Maria Silvia Portela, Assessora Internacional da CUT, conce<strong>de</strong>uentrevista em janeiro <strong>de</strong> 2010.8 - Mário Barbosa, Coor<strong>de</strong>nador Nacional do Subgrupo <strong>de</strong> Trabalho 10(Emprego e Trabalho) do MERCOSUL, foi entrevistado em <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2010.9 - Marcelo Araújo, Coor<strong>de</strong>nador da Comissão <strong>de</strong> Implementação doFundo <strong>de</strong> Garantias, conce<strong>de</strong>u entrevista em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2010.10 - Michel Alaby, Presi<strong>de</strong>nte da Associação <strong>de</strong> <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> do MERCOSUL, foi entrevistado em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2010.11 - Paulo Okamotto, ex-Presi<strong>de</strong>nte do Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoioàs <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong> (SEBRAE), conce<strong>de</strong>u entrevista em25/11/2010, em Brasília.12 - Reginaldo Braga Arcuri , Presi<strong>de</strong>nte da ABDI, foi entrevistado em<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010.13 - Vinicius Lages, Gerente da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Assuntos Internacionais doSEBRAE, foi entrevistado em <strong>no</strong>vembro <strong>de</strong> 2010.240<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 240 25/10/2011 20:35:20


AnexosANEXO 1ÓRGÃOS QUE INTEGRAM O FÓRUM PERMANENTE DEMICRO E PEQUENAS EMPRESASGover<strong>no</strong>SiglaAPEXBrasilBACENBASABBBNBBNDESCAIXACAPESCASA CIVILEntida<strong>de</strong>AGÊNCIA BRASILEIRA DE PROMOÇÃO DEEXPORTAÇÕES E INVESTIMENTOSBANCO CENTRAL DO BRASILBANCO DA AMAZÔNIABANCO DO BRASILBANCO DO NORDESTEBANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTOECONÔMICO E SOCIALCAIXA ECONÔMICA FEDERALCOORDENAÇÃO DE APERFEIÇOAMENTO DEPESSOAL DE NÍVEL SUPERIORPRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA241<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 241 25/10/2011 20:35:20


afael <strong>de</strong> mello vidalCNPQ C O N S E L H O N A C I O N A L D EDESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO ETECNOLÓGICOCVMCOMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOSECTEMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS ETELÉGRAFOSFINEPFINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOSIBGEINSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA EESTATÍSTICAINMETRO INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA,N O R M A L I Z A Ç Ã O E Q U A L I D A D EINDUSTRIALINPIINSTITUTO NACIONAL DE PROPRIEDADEINDUSTRIALINSSINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALIPEAINSTITUTO DE PESQUISA ECO NÔMICAAPLICADAMAPAMINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIAE ABASTECIMENTOMCMINISTÉRIO DAS COMUNICAÇÕESMCTMINISTÉRIO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIAMDAMINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTOAGRÁRIOMDICMINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO,INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIORMDSMINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTOSOCIAL E COMBATE À FOMEMECMINISTÉRIO DA EDUCAÇÃOMFMINISTÉRIO DA FAZENDAMIMINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONALMinCMINISTÉRIO DA CULTURAMCida<strong>de</strong>s MINISTÉRIO DAS CIDADESMTMINISTÉRIO DOS TRANSPORTESMJMINISTÉRIO DA JUSTIÇAMMAMINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTEMMEMINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIAMPSMINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL242<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 242 25/10/2011 20:35:20


anexosMREMINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORESMSMINISTÉRIO DA SAÚDEMP M I N I S T É R I O D O P L A N E J A M E N TO ,ORÇAMENTO E GESTÃOMTEMINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGOMTurMINISTÉRIO DO TURISMOSEBRAE SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICROE PEQUENAS EMPRESASSENAISERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEMINDUSTRIALSENAR SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEMRURALSEST/SENAT SERVIÇO SOCIAL DO TRANSPORTE/SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEMDO TRANSPORTESRF/MF SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DOBRASILSUFRAMA SUPERINTENDÊNCIA DA ZONA FRANCA DEMANAUS243<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 243 25/10/2011 20:35:20


afael <strong>de</strong> mello vidalANEXO 2ENTIDADES QUE APOIARAM A APROVAÇÃO DA LEI GERALDE MICRO E PEQUENAS EMPRESASABRACEM - Associação Brasileira <strong>de</strong> Consultores Empresariais eProfissionais LiberaisAbrimpe - Associação Brasileira <strong>de</strong> Apoio e Incentivo Tec<strong>no</strong>lógico às<strong>Micro</strong>s e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>Abrimpi - Associação Brasileira <strong>de</strong> Apoio e Incentivo Tec<strong>no</strong>lógico à<strong>Micro</strong> e Pequena EmpresaACISAP - Associação Comercial, Industrial, <strong>de</strong> Serviços eAgropecuária <strong>de</strong> PirenópolisAEESP - Associação dos Empreen<strong>de</strong>dores Empretecos do Estado <strong>de</strong>São PauloAPAREM - Associação Paulista <strong>de</strong> Retífica <strong>de</strong> MotoresAPJESP - Associação dos Peritos Judiciais do Estado <strong>de</strong> São PauloAssociação Comercial <strong>de</strong> CerquilhoAssociação Comercial e Empresarial <strong>de</strong> Campos do JordãoAssociação Comercial e Empresarial <strong>de</strong> IgarapavaAssociação Comercial <strong>de</strong> GuareiAssociação Comercial <strong>de</strong> ItuAssociação Comercial <strong>de</strong> MacatubaAssociação Comercial <strong>de</strong> MairinqueAssociação Comercial <strong>de</strong> Porto FelizAssociação Comercial <strong>de</strong> SaltoAssociação Comercial <strong>de</strong> VotorantimAssociação Comercial e Empresarial <strong>de</strong> Barra BonitaAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> BauruAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> Dois CórregosAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> GuaribaAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> JaúAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> Lençóis PaulistaAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> LinsAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> PromissãoAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> Ribeirão Preto244<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 244 25/10/2011 20:35:20


anexosAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> SerranaAssociação Comercial e Industrial <strong>de</strong> SertãozinhoAssociação dos Escritórios <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> JaúAssociação dos Escritórios <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão PretoCâmara <strong>de</strong> Dirigentes Lojistas <strong>de</strong> BauruCâmara <strong>de</strong> Dirigentes Lojistas <strong>de</strong> JaúCasa <strong>de</strong> Agricultura <strong>de</strong> TapiraíCasa do Contabilista <strong>de</strong> Ribeirão PretoCeise - Delegacia Regional <strong>de</strong> SertãozinhoCiesp - BauruCiesp - Delegacia Regional <strong>de</strong> Ribeirão PretoCiesp - JaúCODERP - Companhia <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>de</strong> Ribeirão PretoCOMTUR - Conselho Municipal <strong>de</strong> Turismo <strong>de</strong> Sabi<strong>no</strong>Conselho Regional <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> BauruConselho Regional <strong>de</strong> Eco<strong>no</strong>mia <strong>de</strong> BauruCooperagro <strong>de</strong> Ribeirão PretoFacesp - Fe<strong>de</strong>ração das Associações Comerciais do Estado <strong>de</strong> SãoPauloFaesp - Fe<strong>de</strong>ração da Agricultura do Estado <strong>de</strong> São PauloFecomércio - Fe<strong>de</strong>ração do Comércio do Estado <strong>de</strong> São PauloFiesp - Depar Ribeirão PretoFiesp - Depar SertãozinhoIDEHAT - Instituto <strong>de</strong> Desenvolvimento Huma<strong>no</strong> do Alto TietêIncubadora <strong>de</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> JaboticabalIncubadora <strong>de</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> JardinópolisIncubadora <strong>de</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> LinsIncubadora <strong>de</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> Ribeirão PretoIncubadora <strong>de</strong> <strong>Empresas</strong> <strong>de</strong> SertãozinhoJucesp - BauruJucesp <strong>de</strong> SorocabaPAE - SertãozinhoPoupatempo Ribeirão PretoPrefeitura Municipal <strong>de</strong> JaboticabalPrefeitura Municipal <strong>de</strong> JaúPrefeitura Municipal <strong>de</strong> Pilar do SulPrefeitura Municipal <strong>de</strong> Porto Feliz245<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 245 25/10/2011 20:35:20


afael <strong>de</strong> mello vidalPrefeitura Municipal <strong>de</strong> Ribeirão PretoPrefeitura Municipal <strong>de</strong> Santa Rosa do ViterboPrefeitura Municipal <strong>de</strong> SertãozinhoRotary Club <strong>de</strong> Ribeirão PretoSecretaria da Indústria e Comércio <strong>de</strong> IbiúnaSenac - JaúSenac - Ribeirão PretoSenai - BauruSenai - JaúSenai Ribeirão PretoSescon - BauruSescon - SPSescon - TupãSesi Ribeirão PretoSEST / SENAT Ribeirão PretoSindacouros - BocainaSindicalçados - JaúSindicato da Industria <strong>de</strong> Panificação e Confeitaria <strong>de</strong> Ribeirão PretoSindicato <strong>de</strong> Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares <strong>de</strong> Ribeirão PretoSindicato do Comércio Varejista <strong>de</strong> BauruSindicato do Comércio Varejista <strong>de</strong> JaúSindicato do Comércio Varejista <strong>de</strong> LinsSindicato do Comércio Varejista <strong>de</strong> Ribeirão PretoSindicato dos Contabilistas <strong>de</strong> Bauru e RegiãoSindicato Rural <strong>de</strong> BauruSindicato Rural <strong>de</strong> IbiúnaSindicato Rural <strong>de</strong> ItapetiningaSindicato Rural <strong>de</strong> Ribeirão PretoSINDIMOTOR - Sindicato <strong>de</strong> Remanufaturamento,Recondicionamento e/ou Retífica <strong>de</strong> Motores e seus Agregados ePeriféricos, <strong>no</strong> Estado <strong>de</strong> São PauloSindirepa - Sindicato da Indústria <strong>de</strong> Reparação <strong>de</strong> Veículos eAcessórios do Estado <strong>de</strong> São PauloSinduscon - Sindicato das Indústrias da Construção do Estado <strong>de</strong> SãoPauloSinicesp - Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado <strong>de</strong>São Paulo246<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 246 25/10/2011 20:35:20


anexosSuperintendência Regional da Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ralSuperintendência Regional do Banco do BrasilUVESP - União dos Vereadores do Estado <strong>de</strong> São Paulo247<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 247 25/10/2011 20:35:20


afael <strong>de</strong> mello vidalANEXO 3ESTRATÉGIA MERCOSUL DE CRESCIMENTO DO EMPREGOMercado Comum do Sul (MERCOSUL) DECISÕES DOCONSELHO DO MERCADO COMUM MERCOSUL/CMC/DEC.Nº 46/04: ESTRATÉGIA MERCOSUL DE CRESCIMENTO DOEMPREGOTENDO EM VISTA: Tratado <strong>de</strong> Assunção, o Protocolo <strong>de</strong> OuroPreto e a Recomendação CMC Nº 02/03.CONSIDERANDO:Que os Estados Partes do MERCOSUL estão <strong>de</strong>terminados a inseriro tratamento <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> combate ao <strong>de</strong>semprego e <strong>de</strong> geração <strong>de</strong>emprego <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma prioritária na agenda <strong>de</strong> trabalho doMERCOSUL;Que, <strong>de</strong>ntre os <strong>de</strong>safios à frente dos Estados Partes, encontra-se anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eliminar todas as formas <strong>de</strong> trabalho que vulneram osprincípios elementares dos direitos huma<strong>no</strong>s;Que a evolução do MERCOSUL na direção <strong>de</strong> um mercadocomum, objetivo último do Tratado <strong>de</strong> Assunção, <strong>no</strong> qual o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas eco<strong>no</strong>mias se faça <strong>de</strong> forma concomitantecom o aumento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida dos cidadãos, em um ambiente<strong>de</strong> paz e justiça social, constitui meta a ser perseguida pelos EstadosPartes;Que constitui <strong>de</strong>safio para o MERCOSUL inserir o emprego <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>no</strong> centro das estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, a fim <strong>de</strong>construir instrumentos <strong>de</strong> política capazes <strong>de</strong> favorecer a inclusãosocial;Os trabalhos <strong>de</strong>senvolvidos pela Comissão Sociolaboral doMERCOSUL.Que na Conferência Regional <strong>de</strong> Emprego do MERCOSUL,realizada em abril <strong>de</strong> 2004, em Bue<strong>no</strong>s Aires, os Ministros do Trabalhodos Estados Partes concordaram com a elaboração <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong>crescimento do emprego <strong>no</strong> MERCOSUL;248<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 248 25/10/2011 20:35:20


anexosQue a XXV Reunião do Conselho do Mercado Comum endossou omandato para a elaboração <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong> crescimento do emprego<strong>no</strong> MERCOSUL;Que, para a elaboração da estratégia <strong>de</strong> crescimento do emprego,o Foro Consultivo Econômico e Social e a Comissão Sociolaboral doMERCOSUL <strong>de</strong>verão trabalhar em estreita colaboração com os órgãosgovernamentais competentes.O CONSELHO DO MERCADO COMUMDECIDE:Art. 1 – Criar um Grupo <strong>de</strong> Alto Nível para elaborar uma “EstratégiaMERCOSUL <strong>de</strong> Crescimento do Emprego”, tendo por base a Declaração<strong>de</strong> Ministros do Trabalho do MERCOSUL, emanada da ConferênciaRegional <strong>de</strong> Emprego.Art. 2 – O Grupo <strong>de</strong> Alto Nível será integrado pelos Ministériosresponsáveis pelas políticas econômicas, industriais, trabalhistas e sociais dosEstados Partes, com a participação das organizações econômicas e sociaisque integram as seções nacionais do Foro Consultivo Econômico e Social eda Comissão Sociolaboral do MERCOSUL. Se julgar necessário, o Grupo <strong>de</strong>Alto Nível po<strong>de</strong>rá valer-se das contribuições <strong>de</strong> organismos internacionais.Art. 3 – O Grupo <strong>de</strong> Alto Nível <strong>de</strong>verá elaborar as bases conceituais,metodológicas e operacionais para a implementação da EstratégiaMERCOSUL <strong>de</strong> Crescimento do emprego.Art. 4 – O Grupo <strong>de</strong> Alto Nível <strong>de</strong>verá elevar ao Conselho do MercadoComum, por intermédio do Grupo Mercado Comum, uma proposta paraa criação da Estratégia MERCOSUL <strong>de</strong> Crescimento do Emprego, a serconsi<strong>de</strong>rada na XXIX Reunião do Conselho do Mercado Comum, em<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005.Art. 5 – Ao Grupo <strong>de</strong> Alto Nível caberá realizar as tarefas <strong>de</strong>seguimento das <strong>de</strong>cisões emanadas do XXIX CMC.Art. 6 – A presente Decisão não necessita ser incorporada aosor<strong>de</strong>namentos jurídicos dos Estados Partes, por regulamentar aspectosda organização ou do funcionamento do MERCOSUL.XXVII CMC – Belo Horizonte, 16/XII/04249<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 249 25/10/2011 20:35:20


afael <strong>de</strong> mello vidalANEXO 4DECLARAÇÃO DOS MINISTROS DO TRABALHO DOMERCOSUL PARA A PRESERVAÇÃO DO EMPREGO DIANTEDA CRISEDeclaración <strong>de</strong> los Ministros <strong>de</strong>l Trabajo <strong>de</strong>l MERCOSUR para lapreservación <strong>de</strong>l empleo frente a la crisisLa situación económica mundial, expresa la finalización <strong>de</strong> unciclo don<strong>de</strong> la comunidad internacional fundamentó los parámetros<strong>de</strong>l progreso en la especulación financiera, tal como se sostiene, enla Memoria <strong>de</strong>l Director General <strong>de</strong> la OIT para la 98° Reunión <strong>de</strong> laConferencia Internacional <strong>de</strong>l Trabajo.El resultado <strong>de</strong> este proceso, ha sido un crecimiento económico <strong>no</strong>acompañado con una efectiva distribución <strong>de</strong> la riqueza, aumentandolos índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualdad y <strong>de</strong> exclusión social, situación que ha sidounánimemente reco<strong>no</strong>cida por la comunidad internacional. Reafirmandoque el mejor mo<strong>de</strong>lo es el <strong>de</strong> la distribución <strong>de</strong> renta.Reivindicar el <strong>de</strong>recho al trabajo como <strong>de</strong>recho huma<strong>no</strong> fundamental,generador tanto <strong>de</strong> riqueza social como económica en una relación <strong>de</strong>convivencia armoniosa con el capital productivo constituye, el sentido<strong>de</strong>l MERCOSUR cuyo tratado fundacional estableció el <strong>de</strong>sarrolloeconómico con justicia social.Este ha sido el espíritu y fundamento con que el tema ha sidoreiteradamente <strong>de</strong>batido en la Organización Internacional <strong>de</strong>l Trabajo basadoen el diálogo social y el tripartismo propiciando ahora, un “Un Pacto Mundialpara el Empleo” al que los cuatro Estados Parte <strong>de</strong>l MERCOSUR adhieren.Cabe <strong>de</strong>stacar a<strong>de</strong>más, que el MERCOSUR, tal como lo estuvohaciendo la OIT, aun antes <strong>de</strong> la crisis y <strong>de</strong> los diagnósticos <strong>de</strong> las <strong>de</strong>másorganizaciones internacionales advirtió, <strong>de</strong> las consecuencias sociales yeconómicas que acarrearía el mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> globalización financiera.250<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 250 25/10/2011 20:35:20


anexosAsí es que, en el año 2004 en el marco <strong>de</strong> la Conferencia Regional<strong>de</strong> Empleo por medio <strong>de</strong> la Decisión CMC 04/06 <strong>de</strong>l Consejo MercadoComún se adoptó “La Estrategia MERCOSUR <strong>de</strong> Crecimiento <strong>de</strong>lEmpleo” colocando al empleo <strong>de</strong> calidad en el centro <strong>de</strong> las políticaspúblicas.Por ello, es que el origen extraregional <strong>de</strong> la crisis financiera globaly su repercusión en la actividad económica mundial <strong>no</strong> se modifica lavoluntad <strong>de</strong> los estados <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollar políticas <strong>de</strong> crecimiento económicocon mejor distribución <strong>de</strong> la equidad.La medidas “<strong>no</strong> convencionales” que hoy se propician en lacomunidad internacional vinculadas al dinamismo <strong>de</strong>l mercado inter<strong>no</strong>,son coinci<strong>de</strong>ntes con las adoptadas en la región y base <strong>de</strong> las directricesaprobadas en su momento por el MERCOSUR por la estrategia <strong>de</strong> lageneración <strong>de</strong> empleo.Estas medidas afianzan la intervención <strong>de</strong>l Estado, principalmente através <strong>de</strong> la inversión pública, políticas monetarias y fiscales que permitanexpandir la protección social y mantener los niveles <strong>de</strong> producción,preservando el empleo y asegurando mejores condiciones <strong>de</strong> distribución.Todas estas políticas, tiene como fin último preservar a las trabajadoresy trabajadoras <strong>de</strong> los impactos <strong>de</strong> la crisis. En este sentido, resulta valiosae insustituible la participación <strong>de</strong> la OIT en el diálogo internacional comouna respuesta a la crisis, en cualquier foro que ello acontezca.En base a estos antece<strong>de</strong>ntes, los ministros <strong>de</strong> trabajo <strong>de</strong>lMERCOSUR en el marco <strong>de</strong>l Grupo <strong>de</strong> Alto Nivel “Estrategia <strong>de</strong>lMERCOSUR <strong>de</strong> Crecimiento <strong>de</strong>l Empleo -GANEmple-; acuerdan lassiguientes políticas comunes:• Ampliar y adaptar los sistemas <strong>de</strong> protección al <strong>de</strong>sempleo ennuestros países.• Vincular la extensión <strong>de</strong> la protección social al empleo con lasacciones <strong>de</strong> capacitación.251<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 251 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidal• Desarrollar acciones <strong>de</strong> preservación y formalización <strong>de</strong> lospuestos <strong>de</strong> trabajo con el acuerdo <strong>de</strong> empresarios y sindicatos para evitarque la crisis recaiga sobre los trabajadores.• Fortalecer la institucionalidad <strong>de</strong> los servicios públicos <strong>de</strong>empleo, promoviendo su articulación en la región.• Apoyar y fortalecer los programas <strong>de</strong> empleo para gruposvulnerables, especialmente los jóvenes, a partir <strong>de</strong> la formación ycapacitación, que mejoren sus posibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inclusión social y laboral.• Apoyar el sostenimiento <strong>de</strong> la micro, pequeñas empresas yemprendimientos individuales y colectivos por su importancia para elempleo <strong>de</strong> la región.• Fortalecer y propiciar el diálogo social, la libertad sindical y lanegociación colectiva.• Promover el empleo estable y <strong>de</strong> calidad, así como también, lasinversiones <strong>de</strong> capital productivo y un sector financiero orientado a laeco<strong>no</strong>mía real.• Vincular préstamos públicos y/o exenciones fiscales con lagarantía <strong>de</strong> mantenimiento <strong>de</strong> los puestos <strong>de</strong> trabajo.Republica ArgentinaRepublica <strong>de</strong>l ParaguayRepublica Fe<strong>de</strong>rativa <strong>de</strong>l BrasilRepublica Oriental <strong>de</strong>l Uruguay252<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 252 25/10/2011 20:35:21


anexosANEXO 5LEI HABILITANTE PARA A PROMOÇÃO DAS PEQUENAS EMÉDIAS EMPRESAS. VENEZUELA. 2008.Habilitante: Ley para la Promoción y Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña yMediana Industria....Decreto N° 6.215, con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley para laPromoción y Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria y DemásUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Producción Social.- Véase N° 5.890 Extraordinario <strong>de</strong>la GACETA OFICIAL DE LA REPÚBLICA BOLIVARIANA DEVENEZUELA, 31 <strong>de</strong> julio <strong>de</strong> 2008DECRETO CON RANGO, VALOR Y FUERZA DE LEYPARA LA PROMOCION Y DESARROLLO DE LA PEQUEÑA YMEDIANA INDUSTRIA Y UNIDADES DE PROPIEDAD SOCIALEXPOSICION DE MOTIVOSLas <strong>no</strong>vísimas formas <strong>de</strong> organización y participación <strong>de</strong> lacomunidad <strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> la <strong>no</strong>rma constitucional y los diversosinstrumentos legislativos que la <strong>de</strong>sarrollan, han sido rebasadas en elámbito jurídico, dada la explosión <strong>de</strong>l po<strong>de</strong>r comunal como expresiónsuprema <strong>de</strong> la <strong>de</strong>mocracia participativa y protagónica, que abraza losvalores <strong>de</strong> la cooperación, la solidaridad, complementariedad, inclusióny <strong>de</strong>sarrollo huma<strong>no</strong>.La pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, soninexorablemente, fuentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo autosustentable, que redundanen la ocupación laboral <strong>de</strong> las distintas organizaciones sociocomunales<strong>de</strong> la Nación, ya que generan constantemente nuevas inversiones,instituyéndose así en un mecanismo <strong>de</strong> energía activa y propulsora <strong>de</strong>la eco<strong>no</strong>mía, que respalda el progreso nacional equitativo.La perspectiva bajo la cual se preten<strong>de</strong> orientar este Decreto conRango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley, es la social, don<strong>de</strong> el mo<strong>de</strong>lo productivo<strong>de</strong>be respon<strong>de</strong>r a las necesida<strong>de</strong>s comunitarias estando me<strong>no</strong>ssubordinados a la reproducción <strong>de</strong>l capital y dirigido a alcanzar un253<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 253 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidalcrecimiento sostenido. El nuevo mo<strong>de</strong>lo productivo <strong>de</strong>be fundarse enreferencias orientadas hacia la satisfacción <strong>de</strong> las aspiraciones comunes yla justicia social, en el marco <strong>de</strong>l <strong>de</strong>sarrollo sustentable, don<strong>de</strong> el núcleo<strong>de</strong>l proceso productivo sea el beneficio <strong>de</strong>l ser huma<strong>no</strong>.Es necesario incorporar <strong>de</strong>finiciones y enfoques sobre las nuevasformas <strong>de</strong> la organización productiva que permitan modificar las relaciones<strong>de</strong> producción y transformarlo en un mo<strong>de</strong>lo socioproductivo, basadoen las pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social,como entes comunitarios, cuyo objetivo fundamental es la generación <strong>de</strong>bienes y servicios que satisfagan las necesida<strong>de</strong>s básicas y esenciales <strong>de</strong>la comunidad, mejorando el entor<strong>no</strong> socioambiental y privilegiando losvalores <strong>de</strong> la solidaridad, cooperación y complementariedad.La necesidad imperiosa <strong>de</strong> contribuir con el impulso <strong>de</strong> las iniciativaslocales a partir <strong>de</strong> las pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social, atendiendo a los requerimientos <strong>de</strong> las comunida<strong>de</strong>sy sus potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>manda el ajuste y a<strong>de</strong>cuación <strong>de</strong> la estructura<strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria,inmerso en el objetivo estratégico <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>rar al pueblo, dotándolas <strong>de</strong>la estructura administrativa legal y técnico-financiera para operativizarlas políticas, proyectos y programas que <strong>de</strong>be ejecutar, a<strong>de</strong>más <strong>de</strong>lfortalecimiento <strong>de</strong> la Institución, a través <strong>de</strong> la transferencia <strong>de</strong> activosy pasivo <strong>de</strong>l Fondo <strong>de</strong> Crédito Industrial (FONCREI), garantizando <strong>de</strong>esta manera, el financiamiento oportu<strong>no</strong> <strong>de</strong> los proyectos <strong>de</strong> inversión<strong>de</strong>l sector.Aunado a lo anterior y ante las <strong>de</strong>ficiencias que se han verificado en lainstrumentación <strong>de</strong> los planes, se preten<strong>de</strong> corregir este relevante aspecto,a través <strong>de</strong> la creación <strong>de</strong> dos sistemas <strong>de</strong> apoyo para la información ydifusión <strong>de</strong> los mismos, a saber: el sistema <strong>de</strong> información para la pequeñay mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social y el sistema <strong>de</strong> taquillaúnica, por medio <strong>de</strong> los cuales se creará una plataforma tec<strong>no</strong>lógica quepermita un a<strong>de</strong>cuado acceso <strong>de</strong> los interesados en el sector objeto <strong>de</strong> laregulación <strong>de</strong> este instrumento <strong>no</strong>rmativo.Ahora bien, la dinámica política y social que ha emergido conel impulso significativo <strong>de</strong> las diversas instancias <strong>de</strong>l po<strong>de</strong>r públiconacional, permite asegurar la toma <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisiones a<strong>de</strong>cuadas pararespon<strong>de</strong>r eficazmente a los requerimientos <strong>de</strong> las comunida<strong>de</strong>sorganizadas, efectuando el necesario seguimiento para la correcta gestión254<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 254 25/10/2011 20:35:21


anexosy administración <strong>de</strong> los recursos públicos, así como la evaluación <strong>de</strong> losplanes en ejecución; lo cual justifica la creación <strong>de</strong>l Observatorio <strong>de</strong> laPequeña y Mediana Industria.La República Bolivariana <strong>de</strong> Venezuela, está caracterizada por unsistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia total y plena don<strong>de</strong> se prevé el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>nasproductivas entre las pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social, con las gran<strong>de</strong>s industrias, lo que requiere la ampliación<strong>de</strong> co<strong>no</strong>cimientos, <strong>de</strong>sarrollo intelectual e intercambio <strong>de</strong> técnicas yprocedimientos que conlleven al fortalecimiento <strong>de</strong> las industrias ensus mas diversas y disímiles formas logrando la consolidación <strong>de</strong> losprocesos <strong>de</strong> producción y promoviendo la igualdad social.El propósito fundamental <strong>de</strong>l presente proyecto <strong>de</strong> Decreto conRango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley, va orientado a <strong>de</strong>sarrollar el marco socialen el diseño y ejecución efectiva <strong>de</strong> congruentes políticas públicas,sociales, económicas y culturales, ten<strong>de</strong>ntes a facilitar el a<strong>de</strong>cuadoengranaje <strong>de</strong> la población venezolana, lo cual se traduce en nuevasformas <strong>de</strong> organización económica y en la materialización <strong>de</strong> espacios<strong>de</strong> intercambio socioproductivo para la satisfacción <strong>de</strong> las necesida<strong>de</strong>scolectivas, propendiendo a la mayor suma <strong>de</strong> estabilidad política,económica y social.Decreto Nº 6.215 15 <strong>de</strong> julio <strong>de</strong> 2008HUGO CHAVEZ FRIASPresi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la RepúblicaEn ejercicio <strong>de</strong> la atribución que le confiere el numeral 8 <strong>de</strong>l artículo236 <strong>de</strong> la Constitución <strong>de</strong> la República Bolivariana <strong>de</strong> Venezuela y <strong>de</strong>conformidad con lo dispuesto en los numerales 1 y 4 <strong>de</strong>l artículo 1º <strong>de</strong>la Ley que Autoriza al Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la República para dictar Decretoscon Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley en las materias que se <strong>de</strong>legan, enConsejo <strong>de</strong> Ministros.DICTAEl siguiente,255<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 255 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidalDECRETO CON RANGO, VALOR Y FUERZA DE LEYPARA LA PROMOCION Y DESARROLLO DE LA PEQUEÑA YMEDIANA INDUSTRIA Y UNIDADES DE PROPIEDAD SOCIALObjetoCAPITULO IDISPOSICIONES GENERALESArtículo 1°. El presente Decreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong>Ley, tiene por objeto regular el proceso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo integral <strong>de</strong> lapequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, a través<strong>de</strong> la promoción y financiamiento mediante el uso <strong>de</strong> sus recursosy <strong>de</strong> terceros, la ejecución <strong>de</strong> programas basados en los principiosrectores que aseguren la producción, la conservación, el control, laadministración, el fomento, la investigación y el aprovechamientoracional, responsable y sustentable <strong>de</strong> los recursos naturales, teniendoen cuenta los valores sociales, culturales, <strong>de</strong> intercambio y distribuciónsolidaria.Finalida<strong>de</strong>sArtículo 2°. El presente Decreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley,tiene las siguientes finalida<strong>de</strong>s:1. Apoyar, fomentar, promocionar, expandir y recuperar a la pequeñay mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, como factoresfundamentales <strong>de</strong>l fortalecimiento <strong>de</strong>l mo<strong>de</strong>lo productivo <strong>de</strong>l país,mediante el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> su capacidad instalada.2. Otorgar asistencia técnica, capacitación integral, financiamiento yseguimiento permanente a la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> la concepción hasta la fase <strong>de</strong> comercialización,intercambio solidario y consumidor final.3. Velar por la participación e inclusión <strong>de</strong> la pequeña y medianaindustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, en la adquisición <strong>de</strong> bienes,servicios y ejecución <strong>de</strong> obras, en iguales condiciones <strong>de</strong> calidad y <strong>de</strong>capacidad, en los procesos <strong>de</strong> selección <strong>de</strong> contratistas a ser ejecutados256<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 256 25/10/2011 20:35:21


anexospor el sector público, a<strong>de</strong>más <strong>de</strong> implementar cualquier otra acción <strong>de</strong>apoyo efectivo ten<strong>de</strong>nte a expandir su productividad.4. Garantizar el financiamiento <strong>de</strong> la pequeña y mediana industriay unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, con las entida<strong>de</strong>s financieras públicaso privadas, bancarias y <strong>no</strong> bancarias, a través <strong>de</strong> convenios, líneas <strong>de</strong>crédito, contratos <strong>de</strong> provisión <strong>de</strong> fondos, fi<strong>de</strong>icomisos y cualquier otrocontrato, en los térmi<strong>no</strong>s previstos en el presente Decreto con Rango,Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley y sus reglamentos.5. Regular las funciones <strong>de</strong> coordinación, supervisión y control <strong>de</strong>lInstituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.6. Establecer mecanismos <strong>de</strong> coordinación entre los órga<strong>no</strong>s y entes<strong>de</strong> la Administración Pública en el proceso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo integral <strong>de</strong> lapequeña y mediana industria y <strong>de</strong> más unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> producción social.Ambito <strong>de</strong> aplicaciónArtículo 3°. Las disposiciones <strong>de</strong>l presente Decreto con Rango,Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley, así como las establecidas en sus reglamentos,serán <strong>de</strong> obligatoria aplicación para los financiamientos, formación yacompañamiento integral <strong>de</strong> los sujetos <strong>de</strong>stinatarios <strong>de</strong> los beneficiosaquí establecidos que se hayan constituido como pequeña y medianaindustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, constituidas en el país y condomicilio principal y excluyente <strong>de</strong> cualquier otro en la RepúblicaBolivariana <strong>de</strong> Venezuela, en el ámbito productivo, que impulsen latransformación <strong>de</strong>l mo<strong>de</strong>lo socioeconómico en ma<strong>no</strong>s <strong>de</strong>l pueblo y a suúnico servicio.Principios y ValoresArtículo 4°. El Ejecutivo Nacional, por órga<strong>no</strong> <strong>de</strong>l Ministerio<strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular con competencia en materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal,fomentará las iniciativas, protegerá y promoverá a la pequeña y medianaindustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, incluso aquellas prestadoras<strong>de</strong> servicios conexos a las mismas, con el fin supremo <strong>de</strong> construir unaeco<strong>no</strong>mía socioproductiva, popular y sustentable. Tales activida<strong>de</strong>sserán orientadas por los principios <strong>de</strong> corresponsabilidad, cooperación,sustentabilidad, solidaridad, equidad, transparencia, honestidad,257<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 257 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidaligualdad, complementariedad productiva, eficiencia, eficacia, contraloríasocial, rendición <strong>de</strong> cuentas, asociación abierta, voluntaria, gestión yparticipación <strong>de</strong>mocrática, planificación, respeto y fomento <strong>de</strong> nuestrastradiciones, la diversidad cultural, articulación <strong>de</strong>l trabajo en re<strong>de</strong>ssocioproductivas y cultura ecológica.DefinicionesArtículo 5°. A los efectos <strong>de</strong>l presente Decreto con Rango, Valor yFuerza <strong>de</strong> Ley, se entien<strong>de</strong> por:1. Pequeña y Mediana Industria: Toda unidad organizadajurídicamente, con la finalidad <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollar un mo<strong>de</strong>lo económicoproductivo mediante activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transformación <strong>de</strong> materias prima eninsumos, en bienes industriales elaborados o semielaborados, dirigidasa satisfacer las necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> la comunidad.Se consi<strong>de</strong>rará Pequeña Industria aquellas que tengan una nóminapromedio anual <strong>de</strong> hasta cincuenta (50) trabajadores y con una facturaciónanual <strong>de</strong> hasta cien mil Unida<strong>de</strong>s Tributarias (100.000 U.T.)Se consi<strong>de</strong>rará Mediana Industria aquellas que tengan una nóminapromedio anual <strong>de</strong> hasta cien (100) trabajadores y con una facturaciónanual <strong>de</strong> hasta doscientas cincuenta mil Unida<strong>de</strong>s Tributarias (250.000U.T.)Tanto en la Pequeña como en la Mediana Industria ambos parámetrosson concurrentes.2. Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Producción Social: Agrupaciones <strong>de</strong> carácter social yparticipativo, tales como: las cooperativas, consejos comunales, unida<strong>de</strong>sproductivas familiares y cualquier otra forma <strong>de</strong> asociación que surjaen el se<strong>no</strong> <strong>de</strong> la comunidad, cuyo objetivo es la realización <strong>de</strong> cualquiertipo <strong>de</strong> actividad económica productiva, financiera o comercial lícita, através <strong>de</strong>l trabajo planificado, coordinado y voluntario, como expresión<strong>de</strong> conciencia y compromiso al servicio <strong>de</strong>l pueblo, contribuyendo al<strong>de</strong>sarrollo comunal, don<strong>de</strong> prevalezca el beneficio colectivo sobre laproducción <strong>de</strong> capital y distribución <strong>de</strong> beneficios <strong>de</strong> sus miembros,incidiendo positivamente en el <strong>de</strong>sarrollo sustentable <strong>de</strong> las comunida<strong>de</strong>s.3. Tec<strong>no</strong>logía Limpia: Conjunto <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> producciónque conlleven a la elaboración <strong>de</strong> productos que incorporen equipos,258<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 258 25/10/2011 20:35:21


anexosmaquinarias, instrumentos, procedimientos y métodos que cumplan conlo establecido en la legislación vigente para la preservación <strong>de</strong>l medioambiente.4. Núcleos <strong>de</strong> Desarrollo: Áreas <strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong>l territoriovenezola<strong>no</strong>, en las cuales se explotan las potencialida<strong>de</strong>s locales, parala transformación social, cultural, política, gerencial, ética, tec<strong>no</strong>lógicay económica; a través <strong>de</strong> la autogestión, cogestión, aprovechamiento,movilización, administración y uso planificado sustentable y racional<strong>de</strong> sus potencialida<strong>de</strong>s, sus recursos naturales y huma<strong>no</strong>s.DeberesArtículo 6°. Son <strong>de</strong>beres <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria yunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad Social Venezolana:1. Fomentar los mecanismos que permitan la integración entre losmedios <strong>de</strong> producción, regulados en el presente Decreto con Rango, Valory Fuerza <strong>de</strong> Ley, mediante la inclusión <strong>de</strong> éstos a la producción social.2. Crear y fomentar mecanismos que contribuyan a la formación,capacitación y adiestramiento <strong>de</strong> las trabajadoras y trabajadores, creandopara ellos incentivos, facilida<strong>de</strong>s y condiciones favorables.3. Contribuir con los programas <strong>de</strong> alfabetización, formación ycapacitación ya diseñados por el Ejecutivo Nacional que permitan el<strong>de</strong>sarrollo integral <strong>de</strong> las trabajadoras y trabajadores y el <strong>de</strong> sus familiaresque integran la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedadsocial.4. Adoptar las medidas necesarias para el mejoramiento <strong>de</strong> los niveles<strong>de</strong> producción y calidad <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> las trabajadoras y trabajadores <strong>de</strong> lapequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.5. Cumplir con las medidas <strong>de</strong> protección y seguridad industrial.6. Tomar las medidas a<strong>de</strong>cuadas para promover la <strong>de</strong>fensa, proteccióny aseguramiento <strong>de</strong>l medio ambiente en condiciones óptimas, en larealización <strong>de</strong> sus activida<strong>de</strong>s productivas, a los fines <strong>de</strong> minimizar elimpacto ambiental <strong>de</strong> las operaciones que realicen.7. Cumplir a cabalidad los requerimientos contractuales propios <strong>de</strong>la producción nacional eficiente <strong>de</strong> los bienes y servicios <strong>de</strong> la pequeñay mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.259<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 259 25/10/2011 20:35:21


8. Fomentar y fortalecer la cooperación entre la pequeña y medianaindustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social y los órga<strong>no</strong>s y entes <strong>de</strong> laAdministración Pública e instituciones privadas para satisfacer lasnecesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> producción nacional.9. Suministrar todos aquellos datos e informaciones que le seanrequeridos por los órga<strong>no</strong>s y entes <strong>de</strong> la Administración Pública Nacionalcompetentes, a los fines <strong>de</strong> cooperar con la formulación <strong>de</strong> políticaspúblicas dirigidas a fortalecer y <strong>de</strong>sarrollar el sector aquí regulado.10. Incorporación <strong>de</strong> las comunida<strong>de</strong>s en el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> losprocesos productivos <strong>de</strong> las pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social.11. Fomentar y fortalecer la actividad económica, a través <strong>de</strong>ltrabajo cooperativo orientado por los principios <strong>de</strong> inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia,coordinación, cooperación y corresponsabilidad.12. Fomentar preferentemente el uso <strong>de</strong> materia prima, equipos,maquinarias, partes, piezas y accesorios y productos intermediosnacionales en sus procesos productivos.13. Dirigir <strong>de</strong> manera prioritaria la producción hacia el consumointer<strong>no</strong>.14. Los <strong>de</strong>más que le sean exigidos por ley.CAPITULO IIPOLITICAS Y LINEAMIENTOSMedidas para el financiamientoArtículo 7°. El Ejecutivo Nacional, a través <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>rPopular con competencia en materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal y <strong>de</strong> los otrosentes públicos encargados <strong>de</strong>l fomento, promoción y <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> lapequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, estableceránen la República Bolivariana, las medidas ten<strong>de</strong>ntes a:1. Desarrollar y promover la adopción <strong>de</strong> modalida<strong>de</strong>s financieraspreferenciales para la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social.2. Promover el <strong>de</strong>sarrollo y fortalecimiento <strong>de</strong>l Sistema Nacional<strong>de</strong> Garantías Recíprocas para la Pequeña y Mediana Empresa, mediante<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 260 25/10/2011 20:35:21


la creación <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stinadas a estos fines y cuyo sistema <strong>de</strong>afianzamiento se establezca <strong>de</strong> conformidad con las políticas públicasimplementadas por el Ejecutivo Nacional, a fin <strong>de</strong> facilitar el acceso <strong>de</strong>la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, al SectorFinanciero Público.3. Promover el <strong>de</strong>sarrollo y constitución <strong>de</strong> Fondos y Socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Capital <strong>de</strong> Riesgo, que ofrezcan modalida<strong>de</strong>s alternas <strong>de</strong> financiamientopara los proyectos <strong>de</strong> inversión <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria yunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.4. Promover ante el Sistema Financiero, la utilización <strong>de</strong> mecanismosy procedimientos que faciliten el proceso <strong>de</strong> evaluación crediticiapara la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social,garantizando el otorgamiento oportu<strong>no</strong> <strong>de</strong>l financiamiento. Para ello,el Ejecutivo Nacional propiciará la capacitación <strong>de</strong>l talento huma<strong>no</strong> enmateria financiera y <strong>de</strong> asistencia técnica.5. Propiciar la utilización <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> información sobre los diferentesprogramas y modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamiento disponibles, garantizandoun mejor co<strong>no</strong>cimiento <strong>de</strong> los mismos por parte <strong>de</strong> la pequeña y medianaindustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, a través <strong>de</strong> la implementación<strong>de</strong>l Sistema <strong>de</strong> Información <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social.Programas <strong>de</strong> financiamientoArtículo 8°. El Ejecutivo Nacional adoptará las medidas necesariaspara el establecimiento <strong>de</strong> políticas, programas y acciones <strong>de</strong>stinadas aregular la asistencia financiera preferencial a los sectores <strong>de</strong> la pequeñay mediana industria al igual que a las unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, lascuales serán ejecutadas por las instituciones financieras a quienes leshayan conferido por ley esa facultad. Sin embargo, podrán integrarse pordisposición <strong>de</strong>l Ejecutivo Nacional, otras entida<strong>de</strong>s financieras cuandoéste lo consi<strong>de</strong>re pertinente en la eco<strong>no</strong>mía nacional.Estas entida<strong>de</strong>s financieras elaborarán y ejecutarán <strong>de</strong> maneracoordinada programas especiales <strong>de</strong> financiamiento preferencialdirigidos a la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedadsocial, bajo modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamiento <strong>de</strong>stinadas a la i<strong>de</strong>ntificación<strong>de</strong> necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inversión, expansión, recuperación, ampliación,<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 261 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidalreconversión industrial, adquisición <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> trabajo y activofijo, financiamiento <strong>de</strong> facturas y pedidos; en condiciones y térmi<strong>no</strong>sespeciales <strong>de</strong> tasas <strong>de</strong> interés y plazos preferenciales.Reestructuración <strong>de</strong> <strong>de</strong>udasArtículo 9º. El Ejecutivo Nacional, a través <strong>de</strong> los Ministerios <strong>de</strong>lPo<strong>de</strong>r Popular con competencia en materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal ypara las finanzas, en caso <strong>de</strong> situaciones coyunturales <strong>de</strong> emergenciaeconómica y financiera que afecten la capacidad <strong>de</strong> pago <strong>de</strong> la pequeña ymediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, propondrá y aprobaráprogramas <strong>de</strong> reestructuración <strong>de</strong> <strong>de</strong>udas que le sean sometidos a suconsi<strong>de</strong>ración con el objeto <strong>de</strong> garantizar su recuperación. Asimismo,podrán emplearse otras formas <strong>de</strong> pago por equivalente y alternativasdistintas a la moneda, previa autorización respectiva.Incentivos a las inversionesArtículo 10. El Ejecutivo Nacional, por órga<strong>no</strong> <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>lPo<strong>de</strong>r Popular con competencia en materia para las finanzas, podrá otorgartratamiento fiscal preferencial a las ganancias <strong>de</strong> capital, obtenidas enproyectos <strong>de</strong> inversión entre pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social, nacionales o extranjeras, que contemplen la compra<strong>de</strong> bienes o prestación <strong>de</strong> servicios que generen inversiones conjuntas.El Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> la República, acor<strong>de</strong> con sus funciones y atribucionesestablecidas en la Constitución <strong>de</strong> la República Bolivariana <strong>de</strong> Venezuela ya los fines <strong>de</strong> procurar la recuperación, fomento, promoción y <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong>lsector <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social,<strong>de</strong> acuerdo con la situación coyuntural, sectorial o regional <strong>de</strong> la eco<strong>no</strong>mía,podrá exonerarlas total o parcialmente <strong>de</strong>l pago <strong>de</strong> los impuestos nacionalesgenerados por tales activida<strong>de</strong>s, sin me<strong>no</strong>scabo <strong>de</strong> las disposicionesestablecidas en las leyes que rigen la materia <strong>de</strong> inversiones.Mejoramiento <strong>de</strong> producción nacional eficienteArtículo 11. El Ejecutivo Nacional, a través <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>rPopular con competencia en materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal, promoverá262<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 262 25/10/2011 20:35:21


anexosla participación <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social en programas <strong>de</strong> mejoramiento <strong>de</strong> sus niveles <strong>de</strong> calidad,productividad y cooperación, con el objeto <strong>de</strong> propiciar su <strong>de</strong>sarrollointegral, a<strong>de</strong>cuando sus niveles <strong>de</strong> gestión y capacidad <strong>de</strong> respuestafrente a los continuos cambios en la satisfacción <strong>de</strong> las necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>las comunida<strong>de</strong>s.Espacios <strong>de</strong> intercambio socioproductivoArtículo 12. El Ejecutivo Nacional, a través <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>lPo<strong>de</strong>r Popular con competencia en materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal,establecerá las medidas necesarias para promover el acceso <strong>de</strong> laspequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, alos distintos procesos <strong>de</strong> intercambio socioproductivos, nacionales einternacionales, preferentemente con países lati<strong>no</strong>america<strong>no</strong>s y <strong>de</strong>lCaribe, en el ámbito <strong>de</strong> la integración comunitaria Bolivariana parapotenciar el humanismo y los intereses <strong>de</strong> los pueblos.Ca<strong>de</strong>nas productivas y conglomerados industrialesArtículo 13. El Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular con competenciaen materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal promoverá la adopción <strong>de</strong> re<strong>de</strong>sasociativas, que permitan la participación <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s industrias en el<strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> programas conjuntos <strong>de</strong> mejoras integrales, que faciliten laincorporación <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedadsocial, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> esquemas <strong>de</strong> cooperación y complementariedadindustrial que favorezcan su presencia en los espacios <strong>de</strong> intercambio,mediante la implementación <strong>de</strong>:1. Programas <strong>de</strong> asistencia técnica que faciliten la adopción <strong>de</strong> nuevosesquemas <strong>de</strong> organización.2. Programas <strong>de</strong> mejoramiento <strong>de</strong> los niveles <strong>de</strong> calidad yproductividad.3. Medidas para el fomento <strong>de</strong> la especialización <strong>de</strong> las pequeñasy medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, en sus distintosprocesos productivos.263<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 263 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidal4. Medidas para la promoción y consolidación <strong>de</strong> mecanismos parala comercialización conjunta <strong>de</strong> los productos <strong>de</strong> la pequeña y medianaindustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.5. Medidas para que la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social, gocen <strong>de</strong> prioridad y preferencias frente a las modalida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> selección <strong>de</strong> contratistas, en los procesos <strong>de</strong> contrataciones públicaspara la adquisición <strong>de</strong> bienes y servicios o ejecución <strong>de</strong> obras, llevadospor órga<strong>no</strong>s y entes <strong>de</strong> la Administración Pública.6. Cualquiera otra política que se consi<strong>de</strong>re pertinente, en pro <strong>de</strong>lmejoramiento productivo <strong>de</strong> las pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social, a fin <strong>de</strong> estimular <strong>de</strong>s<strong>de</strong> la base poblacional, laprotección ambiental, el <strong>de</strong>sarrollo sustentable, económico y social <strong>de</strong>la Nación, en aras <strong>de</strong> lograr una mejor calidad <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> la comunidad.Infraestructura tec<strong>no</strong>lógicaArtículo 14. El Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular con competencia enmateria <strong>de</strong> ciencia y tec<strong>no</strong>logía a través <strong>de</strong> la Comisión Presi<strong>de</strong>ncialpara la Apropiación Social <strong>de</strong>l Co<strong>no</strong>cimiento, en coordinación con elMinisterio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular con competencia en materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>míacomunal, promoverá la ciencia, tec<strong>no</strong>logía e in<strong>no</strong>vación productivapara el fortalecimiento y el <strong>de</strong>sarrollo integral <strong>de</strong>l sector <strong>de</strong> la pequeñay mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, fomentando elestablecimiento <strong>de</strong> una infraestructura tec<strong>no</strong>lógica <strong>de</strong> apoyo, así comola transferencia <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logías y otros mecanismos idóneos que permitansu implementación.CAPITULO IIIINSTITUTO NACIONAL DE DESARROLLODELA PEQUEÑA Y MEDIANA INDUSTRIAOrga<strong>no</strong> rectorArtículo 15. El Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular con competencia enmateria <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal, es el órga<strong>no</strong> venezola<strong>no</strong> rector en materia<strong>de</strong> promoción, fomento, expansión, financiamiento, asistencia técnicaintegral y recuperación <strong>de</strong> pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s264<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 264 25/10/2011 20:35:21


anexos<strong>de</strong> propiedad social, bajo los lineamientos dictados por el EjecutivoNacional conforme a la planificación centralizada, y tiene las siguientescompetencias:1. Someter a la consi<strong>de</strong>ración y aprobación el Plan EstratégicoNacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social, al Gabinete Económico y a la Comisión Central <strong>de</strong>Planificación.2. Ejercer permanentemente los mecanismos <strong>de</strong> control, seguimiento,supervisión y evaluación <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> laPequeña y Mediana Industria, conforme a la legislación vigente, así comovigilar que sus actuaciones se sometan a los lineamientos estratégicos,políticas, planes y proyectos, conforme a la planificación centralizada.3. Crear programas <strong>de</strong> capacitación e incentivos para la pequeña ymediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, en coordinación conel Instituto Nacional <strong>de</strong> Capacitación y Educación Socialista (INCES).4. Elaborar programas dirigidos a la pequeña y mediana industria yunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, don<strong>de</strong> se promueva la <strong>de</strong>fensa, proteccióny aseguramiento <strong>de</strong>l medio ambiente en condiciones óptimas, en larealización <strong>de</strong> sus activida<strong>de</strong>s productivas, estimulando la incorporación<strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logías limpias y socialmente apropiadas que reduzcan el impactoambiental negativo y la contaminación en sus procesos.5. Definir en coordinación con el Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo<strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria Venezolana, los programas yacciones ten<strong>de</strong>ntes a la promoción, <strong>de</strong>sarrollo y administración <strong>de</strong> laspequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, asícomo, plataformas <strong>de</strong> infraestructura y servicios básicos, la inversión enproyectos <strong>de</strong> in<strong>no</strong>vación, por medio <strong>de</strong> fondos provenientes <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> capital <strong>de</strong> riesgo.6. Las <strong>de</strong>más establecidas en el presente Decreto con Rango, Valory Fuerza <strong>de</strong> Ley, sus reglamentos y por el Ejecutivo Nacional.InstitutoArtículo 16. El Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña yMediana Industria, es un ente adscrito al Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular concompetencia en materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal, el cual tiene por objeto:265<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 265 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidal1. Ejecutar las políticas y estrategias <strong>de</strong> fomento, recuperación,promoción, <strong>de</strong>sarrollo económico y social, que en materia <strong>de</strong> la pequeñay mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social dicte el EjecutivoNacional, a través <strong>de</strong>l órga<strong>no</strong> rector.2. Financiar los proyectos <strong>de</strong> inversión <strong>de</strong>l sector, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> la concepciónhasta la fase <strong>de</strong> comercialización, intercambio solidario y consumidorfinal <strong>de</strong> manera preferente a las equeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social, mediante el uso <strong>de</strong> sus propios recursos, los asignadospor el Ejecutivo Nacional y terceros, basados en la eficiencia productiva.3. Financiar y canalizar con recursos propios o <strong>de</strong> terceros, a través<strong>de</strong> órga<strong>no</strong>s y entes <strong>de</strong> la Administración Pública e instituciones privadasque acometan acciones en esta materia, programas sociales o especialesconforme a lo establecido en el presente Decreto con Rango, Valor yFuerza <strong>de</strong> Ley, sus reglamentos y lo que disponga el Ejecutivo Nacional.Para todos los efectos, la <strong>de</strong><strong>no</strong>minación <strong>de</strong>l Instituto Nacional<strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria , podrá abreviarseINAPYMI.Competencias <strong>de</strong>l institutoArtículo 17. Correspon<strong>de</strong> al Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> laPequeña y Mediana Industria:1. Diseñar, ejecutar y supervisar el Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedadsocial, el cual <strong>de</strong>be contener los objetivos a ser alcanzados en el corto,media<strong>no</strong> y largo plazo, en cada una <strong>de</strong> las áreas prioritarias <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollopara el sector beneficiario <strong>de</strong>l presente Decreto con Rango, Valor yFuerza <strong>de</strong> Ley, en correspon<strong>de</strong>ncia con las políticas que dicte el EjecutivoNacional.2. I<strong>de</strong>ntificar y aten<strong>de</strong>r las necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> asistencia financiera,técnica y acompañamiento integral, para el mejoramiento <strong>de</strong> la eficienciaproductiva <strong>de</strong> las pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedadsocial3. Administrar y gestionar el Sistema <strong>de</strong> Información <strong>de</strong> la pequeñay mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.266<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 266 25/10/2011 20:35:21


anexos4. Elaborar los diagnósticos, estudios técnicos y <strong>de</strong> factibilidadrequeridos por el sector <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social, para el financiamiento y sustentabilidad <strong>de</strong> susproyectos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo.5. Brindar financiamiento integral a las propuestas que presentenlas pequeñas y medianas industrias, asociaciones cooperativas, consejoscomunales, socieda<strong>de</strong>s civiles y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social y suscribircon ellas líneas <strong>de</strong> crédito o cualquier otro tipo <strong>de</strong> instrumentosfinancieros, previo cumplimiento <strong>de</strong> los requisitos establecidos en la<strong>no</strong>rmativa existente al efecto, con tasas <strong>de</strong> interés y plazos preferenciales,sin me<strong>no</strong>scabo <strong>de</strong> las ofrecidas al sector por otras entida<strong>de</strong>s financieras.6. Otorgar financiamientos <strong>de</strong>stinados a la adquisición y montaje<strong>de</strong> maquinaria y equipos industriales, para los planes <strong>de</strong> inversión enproyectos <strong>de</strong> in<strong>no</strong>vación tec<strong>no</strong>lógica, suscribir fi<strong>de</strong>icomisos o contratos<strong>de</strong> provisión <strong>de</strong> fondos, a los fines <strong>de</strong>l otorgamiento <strong>de</strong> créditos orientadosa la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social; asícomo promocionar los programas <strong>de</strong> financiamiento preferencial parala actividad <strong>de</strong>l sector aquí regulado, siempre que la finalidad <strong>de</strong> talesoperaciones crediticias sea la <strong>de</strong> cumplir los objetivos señalados en elprograma <strong>de</strong> administración <strong>de</strong> los recursos <strong>de</strong>l Instituto, <strong>de</strong> conformidadcon lo previsto en el Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> laPequeña y Mediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.7. Administrar sus propios recursos, los asignados por el EjecutivoNacional, así como aquellos provenientes <strong>de</strong> organismos financierosnacionales e internacionales.8. Optimizar el rendimiento y utilización <strong>de</strong> los recursos que le seanasignados.9. Conformar y administrar el mercado secundario <strong>de</strong> hipotecasconforme a los lineamientos respectivos.10. Ejercer la supervisión y fiscalización <strong>de</strong> la utilización <strong>de</strong>lfinanciamiento que se otorgue, con el fin <strong>de</strong> lograr la <strong>de</strong>bida aplicación <strong>de</strong>los recursos por parte <strong>de</strong> los beneficiarios en a<strong>de</strong>cuación a su objeto. Dichasupervisión y fiscalización será efectuada por personal especializado.11. Efectuar por su cuenta, o a través <strong>de</strong> empresas consultorasespecializadas, estudios <strong>de</strong>stinados a i<strong>de</strong>ntificar necesida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inversiónen las áreas que constituyen su objeto, cuyos resultados <strong>de</strong>berán serinformados en forma oficial al órga<strong>no</strong> <strong>de</strong> adscripción.267<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 267 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidal12. Actuar como fiduciario a los fines <strong>de</strong> canalizar recursos <strong>de</strong>terceros a programas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> carácter social o especial.13. Asistir técnicamente a los solicitantes o beneficiarios <strong>de</strong> losfinanciamientos, para lo cual podrá i<strong>de</strong>ntificar, preparar y supervisarproyectos <strong>de</strong> inversión, <strong>de</strong> conformidad con las <strong>no</strong>rmas operativas.14. Proponer e instrumentar los mecanismos <strong>de</strong> incentivos ybeneficios, que coadyuven al <strong>de</strong>sarrollo integral <strong>de</strong>l sector <strong>de</strong> la pequeñay mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.15. Ejecutar conforme a los lineamientos <strong>de</strong>l órga<strong>no</strong> rector,los programas y acciones ten<strong>de</strong>ntes a la promoción, <strong>de</strong>sarrollo yadministración <strong>de</strong> las pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social, como plataformas <strong>de</strong> infraestructura y servicios básicos,así como la inversión en proyectos <strong>de</strong> in<strong>no</strong>vación, por medio <strong>de</strong> fondosprovenientes <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> riesgo.16. Suscribir convenios y <strong>de</strong>más acuerdos con los órga<strong>no</strong>s y entes <strong>de</strong>la Administración Pública e instituciones privadas para la coordinación <strong>de</strong>políticas, programas y proyectos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> la pequeña y medianaindustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.17. Coordinar con los órga<strong>no</strong>s y entes <strong>de</strong> la Administración Públicae instituciones privadas, la elaboración <strong>de</strong> informes y evaluaciones <strong>de</strong>la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, sobreaspectos relevantes relacionados con el sector.18. Desarrollar programas <strong>de</strong> adiestramiento y capacitación entodas las áreas <strong>de</strong> gestión <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social, en coordinación con el Instituto Nacional <strong>de</strong>Capacitación y Educación Socialista (INCES).19. Apoyar las iniciativas que mantengan como objeto el fomento,creación y <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social, en aquellos sectores consi<strong>de</strong>rados prioritarios en el PlanEstratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industriay unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.20. Rendir al órga<strong>no</strong> rector informes semestrales o cuando le searequerido, sobre su gestión administrativa y financiera.21. Prestar directamente o por medio <strong>de</strong> órga<strong>no</strong>s y entes <strong>de</strong>la Administración Pública e instituciones privadas o empresasmixtas, asistencia técnica y acompañamiento integral, en materia <strong>de</strong>administración, gestión <strong>de</strong> riesgos para el <strong>de</strong>sarrollo y a<strong>de</strong>cuación <strong>de</strong>268<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 268 25/10/2011 20:35:21


anexosproductos y procesos en el <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> subcontratación, para elapoyo y cooperación entre las pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social.22. Asesorar a las pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social, sobre las medidas a<strong>de</strong>cuadas para promover la<strong>de</strong>fensa, protección y aseguramiento <strong>de</strong>l medio ambiente en condicionesóptimas, en la realización <strong>de</strong> sus activida<strong>de</strong>s productivas, estimular laincorporación <strong>de</strong> tec<strong>no</strong>logías limpias y socialmente apropiadas quereduzcan los impactos ambientales negativos y la contaminación en susprocesos.23. Presentar al Ejecutivo Nacional, por medio <strong>de</strong>l órga<strong>no</strong> rector, altérmi<strong>no</strong> <strong>de</strong> cada ejercicio anual, el balance general, la memoria y cuenta<strong>de</strong> sus activida<strong>de</strong>s en el período consi<strong>de</strong>rado y el balance mensual <strong>de</strong>comprobación.24. Las <strong>de</strong>más competencias que le sean otorgadas por ley.Participación en empresas financieras y <strong>no</strong> financierasArtículo 18. El Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña yMediana Industria, podrá tener participación en empresas financieras y <strong>no</strong>financieras, hasta un porcentaje máximo <strong>de</strong>l veinte por ciento (20%) <strong>de</strong>lpatrimonio <strong>de</strong>l Instituto, <strong>de</strong> conformidad con los lineamientos adoptadospor el Consejo Directivo. Los plazos <strong>de</strong> estas participaciones <strong>no</strong> podránser superiores a cinco (5) años, ni podrán exce<strong>de</strong>r <strong>de</strong>l veinte por ciento(20%) <strong>de</strong>l capital suscrito <strong>de</strong> los beneficiarios. El Ejecutivo Nacionalpodrá autorizar plazos y porcentajes <strong>de</strong> participación superiores a losestablecidos en este artículo.Patrimonio e ingresosArtículo 19. El patrimonio <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong>la Pequeña y Mediana Industria, estará constituido por:1. Los recursos que le sean asignados en la Ley <strong>de</strong> Presupuesto <strong>de</strong>cada ejercicio fiscal, así como los aportes extraordinarios que le acuer<strong>de</strong>el Ejecutivo Nacional.269<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 269 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidal2. Los ingresos propios provenientes <strong>de</strong> su gestión operativa y <strong>de</strong>másbeneficios que obtenga en el cumplimiento <strong>de</strong> su objeto.3. Los aportes provenientes <strong>de</strong> organizaciones nacionales einternacionales, agencias <strong>de</strong> cooperación internacional y <strong>de</strong>más fondos<strong>de</strong> organismos multilaterales.4. Los intereses que generen sus <strong>de</strong>pósitos bancarios.5. La cartera <strong>de</strong> crédito que exista a la fecha <strong>de</strong> entrada en vigencia<strong>de</strong>l presente Decreto con Rango Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley, a favor <strong>de</strong>l extintoFondo <strong>de</strong> Crédito Industrial, con motivo <strong>de</strong> las operaciones realizadaspor éste, <strong>de</strong> acuerdo a la <strong>no</strong>rmativa <strong>de</strong>l mismo.6. Los ingresos que se obtengan por la colocación y rendimiento <strong>de</strong>sus recursos.7. Los bienes muebles e inmuebles nacionales, que para la fecha<strong>de</strong> entrada en vigencia <strong>de</strong>l presente Decreto con Rango Valor y Fuerza<strong>de</strong> Ley, se encuentren adscritos al extinto Fondo <strong>de</strong> Crédito Industrial.8. Los <strong>de</strong>más bienes, <strong>de</strong>rechos, acciones y obligaciones <strong>de</strong> cualquiernaturaleza que le sean transferidos, haya adquirido o adquiera en larealización <strong>de</strong> sus activida<strong>de</strong>s o sean afectados a su patrimonio.9. Otros aportes, ingresos o donaciones que se <strong>de</strong>stinen alcumplimiento <strong>de</strong> la finalidad y objetivos <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.10. Cualquier otro ingreso que se le asigne por ley.Consejo directivoArtículo 20. El Consejo Directivo <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, es la máxima autoridad <strong>de</strong>dicho ente y estará integrado por cinco (5) miembros: Una (1) Presi<strong>de</strong>ntao Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l Instituto y cuatro (4) Directoras o Directores con susrespectivos suplentes, <strong>de</strong> libre <strong>no</strong>mbramiento y remoción, <strong>de</strong>signadospor la Ministra o Ministro <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular con competencia en materia<strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal, previa consulta a la Presi<strong>de</strong>nta o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>la República. El Consejo Directivo funcionará <strong>de</strong> conformidad con elReglamento Inter<strong>no</strong> que a tal efecto se dicte.270<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 270 25/10/2011 20:35:21


anexosCompetencias <strong>de</strong>l consejo directivoArtículo 21. El Consejo Directivo, <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, tendrá las siguientescompetencias:1. Autorizar a la Presi<strong>de</strong>nta o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l Instituto Nacional<strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, para someter a laconsi<strong>de</strong>ración y aprobación <strong>de</strong>l órga<strong>no</strong> rector, el Proyecto <strong>de</strong>l PlanEstratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industriay unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, el proyecto <strong>de</strong> presupuesto anual, elplan operativo anual y el balance financiero anual <strong>de</strong>l referido Instituto.2. Autorizar a la Presi<strong>de</strong>nta o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, para otorgar po<strong>de</strong>res<strong>de</strong> representación judicial y extrajudicial, para la mejor <strong>de</strong>fensa <strong>de</strong> los<strong>de</strong>rechos e intereses <strong>de</strong>l mismo.3. Autorizar a la Presi<strong>de</strong>nta o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, para la suscripción <strong>de</strong>contratos <strong>de</strong> arrendamiento, comodato, permuta, compraventa, <strong>de</strong> créditoy <strong>de</strong>más convenios e instrumentos jurídicos <strong>de</strong> interés para el Instituto,<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>l ámbito <strong>de</strong> sus competencias, así como para la adquisición<strong>de</strong> bienes o prestación <strong>de</strong> servicio, cuyo monto sea superior a cinco milunida<strong>de</strong>s tributarias (5.000 UT) y <strong>de</strong> ejecución <strong>de</strong> obras superior a veintemil unida<strong>de</strong>s tributarias (20.000 UT).4. Aprobar las propuestas que se sometan a la consi<strong>de</strong>ración <strong>de</strong>lórga<strong>no</strong> rector, sobre las modificaciones presupuestarias.5. Aprobar, según lo previsto en el Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedadsocial, las priorida<strong>de</strong>s para el otorgamiento <strong>de</strong> créditos bajo modalida<strong>de</strong>sespeciales, con tasas <strong>de</strong> interés y plazos preferenciales, así como loreferido a financiamientos internacionales, por medio <strong>de</strong> los órga<strong>no</strong>s yentes financieros públicos y privados, para la instalación y <strong>de</strong>sarrollo<strong>de</strong> las pequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.6. Adoptar las medidas necesarias para la promoción, <strong>de</strong>sarrollo yfomento <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedadsocial, <strong>de</strong> conformidad con lo dispuesto en el presente Decreto conRango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley.271<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 271 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidal7. Aprobar los programas o proyectos, presentados por la Presi<strong>de</strong>nta oPresi<strong>de</strong>nte, en materia <strong>de</strong> capacitación, asesoramiento y acompañamientointegral en el área técnica, financiera y <strong>de</strong> comercialización en los térmi<strong>no</strong>saquí previstos, así como los reglamentos, manuales e instructivos dictadosal efecto.8. Evaluar la ejecución <strong>de</strong> los programas o proyectos aprobados.9. Aprobar la estructura organizativa <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, previa conformación <strong>de</strong>lórga<strong>no</strong> rector, a través <strong>de</strong>l reglamento dictado al efecto.10. Autorizar a la Presi<strong>de</strong>nta o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, para otorgar directamente alos beneficiarios <strong>de</strong> programas sociales o especiales y asumir la cobertura<strong>de</strong>l riesgo crediticio hasta un cien por ciento (100%).11. Aprobar la memoria y cuenta anual <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.12. Las <strong>de</strong>más que le atribuya el presente Decreto con Rango, Valory Fuerza <strong>de</strong> Ley y el Ejecutivo Nacional.Atribuciones <strong>de</strong> la presi<strong>de</strong>nta o presi<strong>de</strong>nteArtículo 22. Correspon<strong>de</strong> a la Presi<strong>de</strong>nta o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l InstitutoNacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria:1. Ejercer la máxima dirección, administración y representación legal<strong>de</strong>l Instituto, suscribiendo sus <strong>de</strong>cisiones.2. Presidir y convocar las sesiones <strong>de</strong>l Consejo Directivo.3. Otorgar po<strong>de</strong>res para representar judicial y extrajudicialmente alInstituto, para la mejor <strong>de</strong>fensa <strong>de</strong> los <strong>de</strong>rechos e intereses <strong>de</strong>l mismo,previa autorización <strong>de</strong>l Consejo Directivo.4. Ejecutar y hacer cumplir los actos <strong>de</strong> efectos generales yparticulares que dicte el Consejo Directivo.5. Suscribir contratos <strong>de</strong> arrendamiento, comodato, permuta,compraventa, <strong>de</strong> crédito y <strong>de</strong>más convenios e instrumentos jurídicos <strong>de</strong>interés para el Instituto, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>l ámbito <strong>de</strong> sus competencias y para laadquisición <strong>de</strong> bienes o prestación <strong>de</strong> servicio, cuyo monto sea <strong>de</strong> hastacinco mil unida<strong>de</strong>s tributarias (5.000 UT) y <strong>de</strong> ejecución <strong>de</strong> obras <strong>de</strong>hasta veinte mil unida<strong>de</strong>s tributarias (20.000 UT).272<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 272 25/10/2011 20:35:21


anexos6. Celebrar contratos <strong>de</strong> crédito con los beneficiarios <strong>de</strong>l sectoraquí regulado, que requieran asistencia financiera y técnica, previocumplimiento <strong>de</strong> las <strong>no</strong>rmas técnicas, manuales y <strong>de</strong>más condicionesgenerales <strong>de</strong> financiamiento internas <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo<strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, los cuales <strong>de</strong>berán ser sometidos ala aprobación <strong>de</strong>l Consejo Directivo.7. Conformar las fianzas y cualquier otra garantía hipotecaria,prendaría o mercantil, para el cumplimiento <strong>de</strong> las obligaciones <strong>de</strong>rivadas<strong>de</strong> los diversos contratos don<strong>de</strong> sea parte el Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.8. Ejercer la máxima autoridad en materia <strong>de</strong> personal <strong>de</strong>l InstitutoNacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.9. Ejecutar y coordinar los programas o proyectos en materia <strong>de</strong>capacitación, <strong>de</strong> asesoramiento técnico o financiero, con el objeto <strong>de</strong>promover y promocionar la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social.10. Someter a consi<strong>de</strong>ración <strong>de</strong>l Consejo Directivo, para suaprobación y posterior presentación al órga<strong>no</strong> rector, el anteproyecto<strong>de</strong>l Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y MedianaIndustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, el proyecto <strong>de</strong> presupuesto, elplan operativo y el balance general <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo<strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.11. Garantizar el cumplimiento <strong>de</strong> los objetivos <strong>de</strong>l Instituto Nacional<strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.12. Expedir la certificación <strong>de</strong> documentos existentes en los archivos<strong>de</strong>l mencionado Instituto, <strong>de</strong> conformidad con las <strong>no</strong>rmas generalessobre la materia.13. Delegar atribuciones <strong>de</strong> manera expresa en la funcionaria ofuncionario <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y MedianaIndustria, que ésta o éste <strong>de</strong>signe, para la gestión y firma <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadosactos administrativos <strong>de</strong> efectos particulares, así como el co<strong>no</strong>cimiento <strong>de</strong>los recursos administrativos interpuestos contra ellos y <strong>de</strong>más funcionesseñaladas específicamente en las resoluciones <strong>de</strong> <strong>de</strong>legación respectivas.En todo caso, los actos dictados en ejercicio <strong>de</strong> la <strong>de</strong>legación otorgada, seconsi<strong>de</strong>rarán dictados por la Presi<strong>de</strong>nta o Presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l citado Instituto.14. Presentar a la consi<strong>de</strong>ración y aprobación <strong>de</strong>l Consejo Directivo,el Proyecto <strong>de</strong>l Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña273<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 273 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidaly Mediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, el proyecto <strong>de</strong>presupuesto anual, el plan operativo anual y el balance financiero anual<strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.15. Certificar el pago total <strong>de</strong>l monto a<strong>de</strong>udado, producto <strong>de</strong>lfinanciamiento concedido por el Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> laPequeña y Mediana Industria, a los fines <strong>de</strong> liberar las garantías prestadaspor los beneficiarios <strong>de</strong> créditos.16. Elaborar y presentar a la consi<strong>de</strong>ración <strong>de</strong>l Consejo Directivo,el informe semestral <strong>de</strong> todas las activida<strong>de</strong>s y operaciones <strong>de</strong>l InstitutoNacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.17. Presentar a la consi<strong>de</strong>ración y aprobación <strong>de</strong>l Consejo Directivo<strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria,el otorgamiento <strong>de</strong> créditos <strong>de</strong> forma directa a beneficiarios <strong>de</strong> programassociales o especiales, con la cobertura <strong>de</strong>l riesgo crediticio hasta un cienpor ciento (100%).18. Adoptar medidas <strong>de</strong> estimulación social dirigidas a beneficiarios<strong>de</strong> financiamientos <strong>de</strong> dicho ente, a quienes superen las condiciones <strong>de</strong>responsabilidad comunal y las metas <strong>de</strong> producción.19. Emitir certificados <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria, una vezcumplidos los parámetros establecidos en el Reglamento <strong>de</strong>l presenteDecreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley.20. Presidir el Comité <strong>de</strong> Planificación <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria.21. Las <strong>de</strong>más que le atribuya el Consejo Directivo, los reglamentosy las <strong>no</strong>rmas operativas.Observatorio PYMISArtículo 23. El Observatorio <strong>de</strong> la pequeña y mediana Industria yunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, constituye una unidad <strong>de</strong> apoyo funcional<strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industriay estará sujeto a su control y gestión, <strong>de</strong> acuerdo a las disposicionescontractuales y legales vigentes.Su objeto es ofrecer información oportuna al mencionado Instituto,acerca <strong>de</strong>l estudio estadístico <strong>de</strong> los procesos <strong>de</strong> inicio, <strong>de</strong>sarrollo,mantenimiento y funcionamiento <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y274<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 274 25/10/2011 20:35:21


anexosunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, con domicilio principal y excluyente <strong>de</strong>cualquier otro en la República Bolivariana <strong>de</strong> Venezuela.El Observatorio <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>propiedad social, elaborará y ejecutará los lineamientos emanados anivel central en materia <strong>de</strong> planificación estratégica, aunado al diseño yaplicación <strong>de</strong> procesos <strong>de</strong> investigación estadística y estudios especiales<strong>de</strong>mandados por el Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña yMediana Industria, a fin <strong>de</strong> dar cumplimiento a las políticas emanadas<strong>de</strong>l Ejecutivo Nacional, en materia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong>l sector.Sistema <strong>de</strong> Información <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria yUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad SocialArtículo 24. Se crea el Sistema <strong>de</strong> Información <strong>de</strong> la Pequeña yMediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social que tendrá como objetoel generar, mantener y facilitar el acceso a una base <strong>de</strong> datos centralizada,con información actualizada, confiable y oportuna en materia <strong>de</strong> procesos,espacios <strong>de</strong> intercambio, productos, tec<strong>no</strong>logía y proyectos, así comopromocionar todas aquellas políticas, programas y <strong>de</strong>más activida<strong>de</strong>sorientadas hacia el <strong>de</strong>sarrollo integral <strong>de</strong>l sector regulado por el presenteDecreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley.Sistema <strong>de</strong> taquilla únicaArtículo 25. Se crea el Sistema <strong>de</strong> Taquilla Única <strong>de</strong> tramitaciónadministrativa, el cual operará por medio <strong>de</strong> una red <strong>de</strong> tramitacióne información y estará interconectado con los órga<strong>no</strong>s y entes <strong>de</strong> laAdministración Pública y con las instituciones privadas vinculadas a lapromoción y <strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> propiedad social.275<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 275 25/10/2011 20:35:21


afael <strong>de</strong> mello vidalCAPITULO IVPLAN ESTRATEGICO NACIONAL DEDESARROLLO DE LA PEQUEÑA Y MEDIANAINDUSTRIA Y UNIDADES DE PROPIEDAD SOCIALDefiniciónArtículo 26. El Ejecutivo Nacional a través <strong>de</strong>l Ministerio<strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular con competencia en materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>míacomunal, presentará trianualmente, cumpliendo los lineamientos<strong>de</strong>l Gabinete Económico y <strong>de</strong> la Comisión Central <strong>de</strong> Planificación,el Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña yMediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, el cual servirá<strong>de</strong> instrumento <strong>de</strong> planificación y orientación <strong>de</strong> su gestióny contendrá todas aquellas políticas, programas, proyectos,estrategias y acciones a ser ejecutadas, con la finalidad <strong>de</strong> sustentarlos mecanismos necesarios para lograr el <strong>de</strong>sarrollo integral yproductivo <strong>de</strong>l mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>l sector, coadyuvando a su fomento yfortalecimiento.La elaboración <strong>de</strong>l Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong>la Pequeña y Mediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social,<strong>de</strong>berá aten<strong>de</strong>r a los lineamientos estratégicos, políticas y planesprevistos en el Plan <strong>de</strong> Desarrollo Económico y Social <strong>de</strong> la Nacióny en el Plan <strong>de</strong> Desarrollo Industrial, dictados por el EjecutivoNacional.ObjetivoArtículo 27. El Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong>la Pequeña y Mediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social,tiene como objetivo <strong>de</strong>finir las políticas, programas y accionesorientadas hacia el fomento, la promoción, expansión y recuperación<strong>de</strong> la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social,dirigido a viabilizar la ejecución armónica, sólida y ágil <strong>de</strong>l proyectobolivaria<strong>no</strong> y su integración a los planes nacionales, en la búsqueda<strong>de</strong> la mayor suma <strong>de</strong> felicidad posible, seguridad social y estabilidadpolítica.276<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 276 25/10/2011 20:35:22


anexosPromociónArtículo 28. El Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> laPequeña y Mediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, serádifundido a través <strong>de</strong>l Sistema <strong>de</strong> Información <strong>de</strong> la pequeña y medianaindustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, a todas personas las querequieran co<strong>no</strong>cimientos sobre la materia aquí regulada, con el objeto<strong>de</strong> coadyuvar al <strong>de</strong>sarrollo endóge<strong>no</strong> comunal y acelerar el <strong>de</strong>sarrollo<strong>de</strong>l participativo.Comité <strong>de</strong> PlanificaciónArtículo 29. Se crea un Comité <strong>de</strong> Planificación, el cual diseñaráel Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y MedianaIndustria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social y velará por el cumplimiento <strong>de</strong>lpresente Decreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley y por los lineamientosestratégicos emanados <strong>de</strong>l Ejecutivo Nacional.El Comité <strong>de</strong> Planificación estará dirigido por la Presi<strong>de</strong>nta oPresi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y MedianaIndustria e integrado por ocho (8) miembros, a saber:Un (1) Representante <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular concompetencia en materia <strong>de</strong> eco<strong>no</strong>mía comunal.Un (1) Representante <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular concompetencia en materia <strong>de</strong> industrias ligeras y comercio.Un (1) Representante <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular concompetencia en materia <strong>de</strong> finanzas.Un (1) Representante <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular concompetencia en materia <strong>de</strong> planificación y <strong>de</strong>sarrollo.Un (1) Representante <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular concompetencia en materia <strong>de</strong> ciencia y tec<strong>no</strong>logía.Un (1) Representante <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular concompetencia en materia <strong>de</strong> turismo.Un (1) Representante <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular concompetencia en materia <strong>de</strong> ambiente.Un (1) Representante <strong>de</strong>l Ministerio <strong>de</strong>l Po<strong>de</strong>r Popular concompetencia en materia <strong>de</strong> participación y protección social.277<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 277 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidalPor cada representante principal <strong>de</strong>berá <strong>de</strong>signarse un suplente, quienparticipará en las sesiones en ausencia <strong>de</strong> aquél.Deber <strong>de</strong> informarArtículo 30. Los órga<strong>no</strong>s y entes <strong>de</strong> la Administración Pública,tendrán la obligación <strong>de</strong> informar al Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong>la Pequeña y Mediana Industria, en el mes <strong>de</strong> enero <strong>de</strong> cada ejerciciofiscal, las consi<strong>de</strong>raciones, estrategias y medidas a ser aplicadas parael cumplimiento <strong>de</strong>l Plan Estratégico Nacional previsto en el presenteDecreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley.CAPITULO VPROGRAMAS ESPECIALESFinanciamiento a empren<strong>de</strong>doresArtículo 31. El Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña yMediana Industria, implementará programas especiales <strong>de</strong> estímuloa los proyectos <strong>de</strong> inversión presentados por empren<strong>de</strong>dores,fijando anualmente, a través <strong>de</strong> manuales o instructivos inter<strong>no</strong>s, losrequerimientos y las condiciones para la gestión <strong>de</strong> financiamientospreferenciales, que permitan la creación y fortalecimiento <strong>de</strong> pequeñas ymedianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, en aquellos sectoresconsi<strong>de</strong>rados prioritarios en el Plan Estratégico Nacional <strong>de</strong> Desarrollo<strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.Beneficios excepcionalesArtículo 32. El Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña yMediana Industria, en situaciones económicas coyunturales que ameritenasistencia financiera con carácter <strong>de</strong> urgencia, plenamente comprobada, podráconstituir mecanismos que permitan conce<strong>de</strong>r financiamientos sin garantía,a la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, para laejecución <strong>de</strong> proyectos productivos sociales don<strong>de</strong> se encuentre inmersala propiedad comunal. A tal efecto, <strong>de</strong>berá <strong>de</strong>stinar hasta un porcentaje <strong>no</strong>mayor <strong>de</strong>l cincuenta por ciento (50%) <strong>de</strong> su cartera <strong>de</strong> financiamiento.278<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 278 25/10/2011 20:35:22


anexosAsistencia a programas <strong>de</strong> exportacionesArtículo 33. El Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña yMediana Industria, en coordinación con las instituciones financierasque la ley disponga, prestará asistencia financiera para <strong>de</strong>sarrollar losprogramas específicos <strong>de</strong> fomento y promoción <strong>de</strong> exportación <strong>de</strong>productos elaborados y prestación <strong>de</strong> servicios por parte <strong>de</strong> las pequeñasy medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, para satisfacer elmercado nacional, consi<strong>de</strong>rando los siguientes aspectos:1. I<strong>de</strong>ntificar los espacios <strong>de</strong> intercambio, para los bienes y serviciosproducidos por la pequeña y mediana industria y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedadsocial dirigidas a las exportaciones.2. Promover y <strong>de</strong>sarrollar re<strong>de</strong>s asociativas entre pequeñas y medianasindustrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social, para el intercambio <strong>de</strong> sus productos.3. Promover la participación <strong>de</strong> las pequeñas y medianas industrias yunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social en espacios <strong>de</strong> intercambio, bajo condicionespreferenciales.4. Desarrollar programas <strong>de</strong> asistencia técnica, cooperación,mejoramiento productivo, calidad, formación y capacitación en todaslas áreas y procesos vinculados con las exportaciones.5. Promocionar, <strong>de</strong>sarrollar y evaluar programas y proyectos dirigidosa impulsar el intercambio <strong>de</strong> los productos y servicios generados por laspequeñas y medianas industrias y unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> propiedad social.CAPITULO VISANCIONESProhibición <strong>de</strong> obtener nuevos créditosArtículo 34. Sin perjuicio <strong>de</strong> las sanciones administrativas, civilesy penales a que hubiere lugar, quien haya logrado un financiamientoaportando datos o documentos falsos o utilizado los recursos provistospor el Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria,para fines distintos a los previstos en el contrato celebrado al efecto, <strong>no</strong>podrá obtener por sí o por interpuesta persona, nuevos financiamientosdurante el lapso <strong>de</strong> diez (10) años.279<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 279 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidalIncumplimiento <strong>de</strong> las obligacionesArtículo 35. El Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeñay Mediana Industria establecerá en los contratos <strong>de</strong> financiamiento,que en caso <strong>de</strong> incumplimiento <strong>de</strong> las obligaciones establecidas en elpresente Decreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley, sus reglamentos y<strong>de</strong>más <strong>no</strong>rmas técnicas <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> financiamiento, se proce<strong>de</strong>rá a laresolución <strong>de</strong> los mismos y en consecuencia, se consi<strong>de</strong>rarán <strong>de</strong> plazovencido y serán exigibles las obligaciones respectivas, sin perjuicio <strong>de</strong>la ejecución <strong>de</strong> las garantías otorgadas.Reinci<strong>de</strong>nciasArtículo 36. Quienes hayan recibido financiamiento <strong>de</strong>l InstitutoNacional <strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria y reincidanen la comisión <strong>de</strong> los supuestos establecidos en los artículos 34 y 35<strong>de</strong>l presente Decreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley, serán objeto <strong>de</strong>exclusión <strong>de</strong>l acceso a las políticas <strong>de</strong> financiamiento <strong>de</strong> las instituciones<strong>de</strong>l sistema financiero <strong>de</strong>l sector público durante el lapso <strong>de</strong> quince (15)años, sin perjuicio <strong>de</strong> la inmediata recuperación por parte <strong>de</strong>l Estado <strong>de</strong>los recursos financieros, maquinarias, transporte o cualquier otro medio<strong>de</strong> producción que hubiere sido otorgado.Disposiciones TransitoriasPrimera. El presupuesto <strong>de</strong> ingresos y gastos <strong>de</strong>l Instituto Nacional<strong>de</strong> Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria correspondiente alaño fiscal 2009 y en lo sucesivo, estará conformado adicionalmente alo señalado en el presente Decreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley,por los bienes y recursos financieros que le sean transferidos <strong>de</strong>l Fondo<strong>de</strong> Crédito Industrial (FONCREI), luego <strong>de</strong> su proceso <strong>de</strong> supresión yliquidación.Pasarán a formar parte <strong>de</strong>l referido Instituto, todos los bienes, activos,recaudación y cartera crediticia, así como los procesos que <strong>de</strong> ellos se<strong>de</strong>riven, <strong>de</strong>l Fondo <strong>de</strong> Crédito Industrial (FONCREI).Segunda. El Ejecutivo Nacional, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> los ciento ochenta (180)días siguientes a la publicación <strong>de</strong>l presente Decreto con Rango, Valor280<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 280 25/10/2011 20:35:22


anexosy Fuerza <strong>de</strong> Ley <strong>de</strong>berá dictar los Reglamentos que <strong>de</strong>sarrollen susdisposiciones, atendiendo a la naturaleza <strong>de</strong> las materias en él reguladas.Tercera. El Consejo Directivo <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong> Desarrollo<strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, revisará las obligaciones adquiridasen el marco <strong>de</strong> la supresión y liquidación <strong>de</strong>l Fondo <strong>de</strong> Crédito Industrial(FONCREI), a los efectos <strong>de</strong> dar por terminados todos aquellosconvenios, contratos y <strong>de</strong>más acuerdos que <strong>no</strong> se adapten a los nuevosfines <strong>de</strong>l citado Instituto Nacional, aquí establecidos.Cuarta. El Consejo Directivo actual <strong>de</strong>l Instituto Nacional <strong>de</strong>Desarrollo <strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria se mantendrá en el ejercicio<strong>de</strong> su funcionamiento, hasta tanto sean <strong>de</strong>signados sus nuevos integrantes,<strong>de</strong> acuerdo con el presente Decreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley.Disposición DerogatoriaUnica. Se <strong>de</strong>roga en todas sus partes, la Ley <strong>de</strong> Reforma Parcial <strong>de</strong>lDecreto Nº 1.547 con Fuerza <strong>de</strong> Ley Para la Promoción y Desarrollo<strong>de</strong> la Pequeña y Mediana Industria, publicada en la Gaceta Oficial <strong>de</strong> laRepública Bolivariana <strong>de</strong> Venezuela N° 37.583 <strong>de</strong> fecha 3 <strong>de</strong> diciembre <strong>de</strong>2002, así como todas aquellas disposiciones que colidan con el presenteDecreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley.DISPOSICION FINALUnica. El presente Decreto con Rango, Valor y Fuerza <strong>de</strong> Ley, entraráen vigencia el día siguiente a su publicación en la Gaceta Oficial <strong>de</strong> laRepública Bolivariana <strong>de</strong> Venezuela.Dado en Caracas, a los quince días <strong>de</strong>l mes <strong>de</strong> julio <strong>de</strong> dos milocho. Años 198° <strong>de</strong> la In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ncia, 149° <strong>de</strong> la Fe<strong>de</strong>ración y 10º <strong>de</strong> laRevolución Bolivariana.Ejecútese,(L.S.)HUGO CHAVEZ FRIASRefrendado281<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 281 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidalANEXO 6ESTATUTO DA CIDADANIA DO MERCOSULMERCOSUR/CMC/DEC. N° 64/10ESTATUTO DE LA CIUDADANÍA DEL MERCOSURPLAN DE ACCIÓNVISTO: El Tratado <strong>de</strong> Asunción, el Protocolo <strong>de</strong> Ouro Preto y laDecisión N° 63/10 <strong>de</strong>l Consejo <strong>de</strong>l Mercado Común.CONSIDERANDO:Que, en el espíritu <strong>de</strong>l Tratado <strong>de</strong> Asunción, el MERCOSUR <strong>de</strong>beasentarse sobre una unión cada vez más estrecha entre sus pueblos.Que los Estados Partes <strong>de</strong>l MERCOSUR implementaron unaestrategia regional <strong>de</strong> avance progresivo y un enfoque multidimensional<strong>de</strong> la integración, que contempla acciones y medidas en materia política,económica, comercial, social, educativa, cultural, <strong>de</strong> cooperación judicialy en temas <strong>de</strong> seguridad.Que es fundamental avanzar en el marco <strong>de</strong>l vigésimo aniversario <strong>de</strong>la firma <strong>de</strong>l Tratado <strong>de</strong> Asunción, en la profundización <strong>de</strong> la dimensiónsocial y ciudadana <strong>de</strong>l proceso <strong>de</strong> integración, con miras a alcanzar un<strong>de</strong>sarrollo sustentable, con justicia e inclusión social en beneficio <strong>de</strong> losnacionales <strong>de</strong> los Estados Partes <strong>de</strong>l MERCOSUR.Que los instrumentos adoptados en el MERCOSUR garantizan a losnacionales <strong>de</strong> los Estados Partes y a sus familias el gozo <strong>de</strong> los mismos<strong>de</strong>rechos y liberta<strong>de</strong>s civiles, sociales, culturales y económicas, <strong>de</strong>acuerdo con las leyes que reglamentan su ejercicio.Que es necesario consolidar un conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>rechos fundamentales ybeneficios en favor <strong>de</strong> los nacionales <strong>de</strong> los Estados Partes <strong>de</strong>l MERCOSUR yestablecer un Plan <strong>de</strong> Acción para la conformación progresiva <strong>de</strong> un Estatuto<strong>de</strong> la Ciudadanía <strong>de</strong>l MERCOSUR, con miras a su plena implementaciónen el trigésimo aniversario <strong>de</strong> la firma <strong>de</strong>l Tratado <strong>de</strong> Asunción.282<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 282 25/10/2011 20:35:22


anexosEL CONSEJO DEL MERCADO COMÚNDECIDE:Art. 1 – Establecer un plan <strong>de</strong> acción para la conformación progresiva<strong>de</strong> un Estatuto <strong>de</strong> la Ciudadanía <strong>de</strong>l MERCOSUR.Art. 2 – El Estatuto <strong>de</strong> la Ciudadanía <strong>de</strong>l MERCOSUR estaráintegrado por un conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>rechos fundamentales y beneficios paralos nacionales <strong>de</strong> los Estados Partes <strong>de</strong>l MERCOSUR y se conformaráen base, entre otros, a los siguientes objetivos oportunamente trazados enlos Tratados Fundacionales <strong>de</strong>l MERCOSUR y en la <strong>no</strong>rmativa <strong>de</strong>rivada:- Implementación <strong>de</strong> una política <strong>de</strong> libre circulación <strong>de</strong> personasen la región.- Igualdad <strong>de</strong> <strong>de</strong>rechos y liberta<strong>de</strong>s civiles, sociales, culturales yeconómicas para los nacionales <strong>de</strong> los Estados Partes <strong>de</strong>l MERCOSUR.- Igualdad <strong>de</strong> condiciones <strong>de</strong> acceso al trabajo, a la salud y a laeducación.Art. 3 – Con miras a alcanzar los objetivos generales indicados enel artículo 2, el plan <strong>de</strong> acción se integrará con los siguientes elementos,los cuales serán tratados en los ámbitos indicados a continuación:1 Circulación <strong>de</strong> personas1.1 Facilitación <strong>de</strong>l tránsito y <strong>de</strong> la circulación en el espacioMERCOSUR.1.2 Simplificación <strong>de</strong> trámites, agilización <strong>de</strong> procedimientos <strong>de</strong>control migratorio, armonización gradual <strong>de</strong> los documentos aduanerosy migratorios.Ámbitos:Reunión <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong> JusticiaReunión <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong>l InteriorForo Especializado MigratorioCCM – CT N° 2 “Asuntos Aduaneros”283<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 283 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidal2 Fronteras2.1 Plena implementación y ampliación gradual <strong>de</strong> las Áreas <strong>de</strong>Control Integrado.2.2 Revisión <strong>de</strong>l Acuerdo <strong>de</strong> Recife e instrumentos conexos.2.3 Acuerdo sobre Localida<strong>de</strong>s Fronterizas Vinculadas.Ámbitos:Reunión <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong>l InteriorForo Especializado MigratorioComisión <strong>de</strong> Comercio <strong>de</strong>l MERCOSURCT N° 2 “Asuntos Aduaneros”Grupo Mercado Común – Grupo Ad Hoc <strong>de</strong> Integración Fronteriza3 I<strong>de</strong>ntificación3.1 Armonización <strong>de</strong> las informaciones para la emisión <strong>de</strong>documentos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificación en los Estados Partes <strong>de</strong>l MERCOSUR.3.2 Inserción <strong>de</strong> la <strong>de</strong><strong>no</strong>minación “MERCOSUR” en las cédulas <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntidad nacionales.Ámbitos:Reunión <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong> JusticiaReunión <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong>l InteriorForo Especializado MigratorioForo <strong>de</strong> Consulta y Concertación PolíticaGrupo <strong>de</strong> Trabajo sobre Asuntos Jurídicos y Consulares4 Documentación y cooperación consular4.1 Ampliación <strong>de</strong> los casos <strong>de</strong> exoneración <strong>de</strong> traducción,consularización y legalización <strong>de</strong> documentos.4.2 Ampliación <strong>de</strong> los mecanismos <strong>de</strong> cooperación consular.Ámbitos:Reunión <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong> JusticiaReunión <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong>l InteriorForo Especializado MigratorioForo <strong>de</strong> Consulta y Concertación PolíticaGrupo <strong>de</strong> Trabajo sobre Asuntos Jurídicos y Consulares284<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 284 25/10/2011 20:35:22


anexos5 Trabajo y Empleo5.1 Revisión <strong>de</strong> la Declaración Sociolaboral <strong>de</strong>l MERCOSUR.5.2 Fortalecimiento <strong>de</strong>l funcionamiento <strong>de</strong> la Comisión Sociolaboral.5.3 Fortalecimiento <strong>de</strong>l Observatorio <strong>de</strong>l Mercado <strong>de</strong> Trabajo.5.4 Desarrollo <strong>de</strong> directrices sobre empleo.5.5 Desarrollo <strong>de</strong> planes regionales en materia <strong>de</strong> trabajo infantil5.6 Desarrollo <strong>de</strong> planes regionales en materia <strong>de</strong> inspección <strong>de</strong>trabajo5.7 Desarrollo <strong>de</strong> planes regionales en materia <strong>de</strong> facilitación <strong>de</strong> lacirculación <strong>de</strong> trabajadoresÁmbitos:Reunión <strong>de</strong> Ministros <strong>de</strong> TrabajoGrupo Mercado ComúnSGT No 10 “Asuntos Laborales, Empleo y Seguridad Social”6 Previsión social6.1 Integración <strong>de</strong> los registros <strong>de</strong> información previsional y laboral<strong>de</strong> los Estados Partes para fines <strong>de</strong> simplificación <strong>de</strong> trámites, seguridad<strong>de</strong> las informaciones, formulación <strong>de</strong> políticas públicas y agilización <strong>de</strong>concesión <strong>de</strong> beneficios.6.2 Establecimiento <strong>de</strong> un Programa <strong>de</strong> Educación Previsional <strong>de</strong>lMERCOSUR, que incluiría la creación <strong>de</strong> un portal en Internet parafacilitar el acceso a la información previsional.Ámbito:Grupo Mercado ComúnSGT No 10 “Asuntos Laborales, Empleo y Seguridad Social”7 Educación7.1 Simplificación <strong>de</strong> los trámites administrativos a efectos <strong>de</strong> laequivalencia <strong>de</strong> estudios y títulos <strong>de</strong> enseñanza superior.7.2 Profundización <strong>de</strong>l Sistema ARCU-SUR para la equivalenciaplena <strong>de</strong> cursos superiores en el MERCOSUR.7.3 Creación <strong>de</strong> un Acuerdo Marco <strong>de</strong> Movilidad para la consolidación<strong>de</strong> un espacio <strong>de</strong> movilidad (estudiantes, profesores e investigadores) eintercambios académicos.285<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 285 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidalArt. 8 – Esta Decisión <strong>no</strong> necesita ser incorporada al or<strong>de</strong>namientojurídico <strong>de</strong> los Estados Partes, por reglamentar aspectos <strong>de</strong> la organizació<strong>no</strong> <strong>de</strong>l funcionamiento <strong>de</strong>l MERCOSUR.XL CMC – Foz <strong>de</strong> Iguazú, 16/XII/10288<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 288 25/10/2011 20:35:22


anexosANEXO 7PROGRAMA DE CONSOLIDAÇÃO DA UNIÃO ADUANEIRAMERCOSUL/CMC/DEC. N° 56/10PROGRAMA DE CONSOLIDAÇÃO DA UNIÃO ADUANEIRATENDO EM VISTA: O Tratado <strong>de</strong> Assunção, o Protocolo <strong>de</strong> OuroPreto e as Decisões N° 07/94, 22/94, 68/00, 69/00, 70/00, 05/01, 28/03,32/03, 33/03, 34/03, 54/04, 39/05, 40/05, 02/06, 03/06, 34/06, 57/08,58/08, 59/08, 20/09, 28/09 10/10 e 17/10 do Conselho do MercadoComum, as Resoluções N° 56/02 e 17/04 do Grupo Mercado Comum ea Diretriz N° 17/99 da Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL.CONSIDERANDO:Que a União Aduaneira constitui um dos pilares do processo <strong>de</strong>integração regional e que é necessário estabelecer um cro<strong>no</strong>grama parasua consolidação <strong>de</strong>finitiva.Que a consolidação da União Aduaneira requer avançarsimultaneamente na eliminação da dupla cobrança da Tarifa ExternaComum, <strong>no</strong> aperfeiçoamento da política comercial comum, <strong>no</strong>ple<strong>no</strong> estabelecimento do livre comércio intrazona e na promoçãoda concorrência em bases equitativas e equilibradas <strong>no</strong> interior doMERCOSUL, <strong>de</strong>ntre outros objetivos.O CONSELHO DO MERCADO COMUMDECIDE:Art. 1° - Adotar o Programa <strong>de</strong> Consolidação da União Aduaneirado MERCOSUL, compreendido pelos seguintes itens:I – Coor<strong>de</strong>nação MacroeconômicaII – Política Automotiva ComumIII – Incentivos289<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 289 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidalIV – Defesa ComercialV – Integração ProdutivaVI – Regimes Comuns Especiais <strong>de</strong> ImportaçãoVII – Regimes Nacionais <strong>de</strong> Admissão Temporária e “Draw-Back”VIII – Regimes Nacionais Especiais <strong>de</strong> Importação não contempladosnas Seções VI e VIIIX – Eliminação da Dupla Cobrança da Tarifa Externa Comum e aDistribuição da Renda AduaneiraX – Simplificação e Harmonização dos Procedimentos AduaneirosIntrazonaXI – Revisão Integral da Consistência, Dispersão e Estrutura daTarifa Externa ComumXII – Bens <strong>de</strong> Capital e Bens <strong>de</strong> Informática e TelecomunicaçõesXIII – Listas Nacionais <strong>de</strong> Exceção à Tarifa Externa ComumXIV – Ações Pontuais <strong>no</strong> Âmbito TarifárioXV – Regulamentos Técnicos, Procedimentos <strong>de</strong> Avaliação daConformida<strong>de</strong> e Medidas Sanitárias e FitossanitáriasXVI – Livre comércio intrazonaXVII – Coor<strong>de</strong>nação sobre Medidas <strong>de</strong> TransparênciaXVIII – Coor<strong>de</strong>nação em Matéria Sanitária e FitossanitáriaXIX – Zonas Francas, Zonas <strong>de</strong> Processamento <strong>de</strong> Exportações eÁreas Aduaneiras EspeciaisXX - Negociação <strong>de</strong> Acordos Comerciais com Terceiros Países eRegiõesXXI - Fortalecimento dos Mecanismos para a Superação dasAssimetriasI – COORDENAÇÃO MACROECONÔMICAArt. 2 º – Promover a elaboração <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong>stinadas a incrementara coor<strong>de</strong>nação macroeconômica entre os países do bloco, na medida emque a crescente inter<strong>de</strong>pendência entre os Estados Partes, conseqüênciado avanço da consolidação da União Aduaneira, aumenta os possíveisbenefícios da coor<strong>de</strong>nação.290<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 290 25/10/2011 20:35:22


anexosII – POLÍTICA AUTOMOTIVA COMUMArt. 3 º – Criar um Grupo <strong>de</strong> Trabalho para elaborar e elevar àconsi<strong>de</strong>ração do Grupo Mercado Comum, em sua primeira reuniãoordinária do segundo semestre <strong>de</strong> 2012, uma proposta <strong>de</strong> PolíticaAutomotiva Comum, com vistas a sua entrada em vigor a partir <strong>de</strong> 1 º <strong>de</strong>janeiro <strong>de</strong> 2013.III – INCENTIVOSArt. 4 º – Instruir o Grupo Mercado Comum a conformar um Grupo<strong>de</strong> Trabalho sobre Incentivos, com vistas a:4.1. Elaborar, <strong>no</strong> mais tardar em sua última reunião <strong>de</strong> 2011, osprocedimentos para que os Estados Partes intercambiem anualmenteinformação sobre a matéria. O primeiro intercâmbio <strong>de</strong>verá realizar-se,<strong>no</strong> mais tardar na primeira reunião ordinária do Grupo Mercado Comum<strong>de</strong> 2012.4.2. Elevar ao Grupo Mercado Comum, <strong>no</strong> mais tardar até 31 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011, uma proposta <strong>de</strong> mecanismo <strong>de</strong> consulta sobre osimpactos da utilização <strong>de</strong> incentivos <strong>no</strong>s investimentos, na produção enas exportações.Art. 5º – Instruir o Grupo Mercado Comum a <strong>de</strong>finir, medianterelatório do Grupo <strong>de</strong> Trabalho, <strong>no</strong> mais tardar em sua última reunião <strong>de</strong>2014, uma proposta sobre a utilização <strong>de</strong> incentivos aos investimentos,à produção e à exportação, com o objetivo <strong>de</strong> evitar possíveis distorçõesna alocação <strong>de</strong> recursos <strong>no</strong> âmbito subregional.IV – DEFESA COMERCIALArt. 6º – Instruir o Grupo Mercado Comum a convocar reuniões doComitê <strong>de</strong> Defesa Comercial e Salvaguardas em paralelo a suas reuniõesordinárias, com vistas a elaborar, <strong>no</strong> mais tardar em sua última reunião<strong>de</strong> 2014, uma proposta sobre procedimentos e regras para investigaçõesantidumping <strong>no</strong> comércio intrazona, bem como para aplicação <strong>de</strong> medidas291<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 291 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidal<strong>de</strong> salvaguardas às importações provenientes <strong>de</strong> países não-membros doMERCOSUL.V – INTEGRAÇÃO PRODUTIVAArt. 7º – Instruir o Grupo <strong>de</strong> Integração Produtiva do MERCOSUL(GIP) a examinar alternativas <strong>de</strong> cooperação que contemplem condiçõespreferenciais <strong>de</strong> assistência técnica, capacitação e/ou financiamento àsmicro, pequenas e médias empresas cujos projetos envolvam integraçãoprodutiva entre os Estados Partes.Art. 8º – Instruir o “Grupo Ad Hoc sobre o Fundo MERCOSUL <strong>de</strong>Apoio a <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>”, criado pela Decisão CMC Nº13/08, a articular-se com o Grupo <strong>de</strong> Integração Produtiva, com vistas aconsi<strong>de</strong>rar mecanismos operativos <strong>de</strong> garantia para pequenas e médiasempresas.Art. 9º - Instruir o GIP e os Subgrupos <strong>de</strong> Trabalho subordinadosao Grupo Mercado Comum, em particular o SGT Nº 3 “RegulamentosTécnicos e Avaliação da Conformida<strong>de</strong>”, SGT Nº 7 “Indústria”, o SGT Nº8 “Agricultura” e o SGT Nº 11 “Saú<strong>de</strong>”, a articularem-se para i<strong>de</strong>ntificar,antes <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011, subsetores e ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> valor propíciaspara o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> integração produtiva. Deverálevar-se em conta, <strong>de</strong> maneira especial, a integração das eco<strong>no</strong>miasregionais.VI - REGIMES COMUNS ESPECIAIS DE IMPORTAÇÃOArt. 10º – Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL aelevar à consi<strong>de</strong>ração do Grupo Mercado Comum, <strong>no</strong> mais tardar atésua primeira reunião ordinária do segundo semestre <strong>de</strong> 2011, propostaspara o estabelecimento <strong>de</strong> Regimes Comuns Especiais <strong>de</strong> Importaçãopara os seguintes setores:a) Indústria aeronáutica;b) Indústria naval;c) Comércio transfronteiriço.292<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 292 25/10/2011 20:35:22


anexos10.1. A elaboração <strong>de</strong> regimes comuns especiais <strong>de</strong> importaçãopara a indústria aeronáutica e para a indústria naval será articulada cominiciativas <strong>de</strong> integração produtiva a cargo do GIP.Art. 11 – Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL aelevar à consi<strong>de</strong>ração do Grupo Mercado Comum, <strong>no</strong> mais tardar atésua primeira reunião ordinária do segundo semestre <strong>de</strong> 2012, propostaspara o estabelecimento <strong>de</strong> Regime Comum Especial <strong>de</strong> Importação parao Setor da Saú<strong>de</strong>.Art. 12 – Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL a elevarà consi<strong>de</strong>ração do Grupo Mercado Comum, <strong>no</strong> mais tardar até suaprimeira reunião ordinária do primeiro semestre <strong>de</strong> 2014, propostas parao estabelecimento <strong>de</strong> Regimes Comuns Especiais <strong>de</strong> Importação para osetor <strong>de</strong> Educação e para Bens Integrantes <strong>de</strong> Projetos <strong>de</strong> Investimento.Art. 13 – Para a elaboração dos regimes comuns especiais <strong>de</strong>importação previstos na Decisão CMC No. 02/06, a Comissão <strong>de</strong>Comércio do MERCOSUL levará em conta informação relativa a<strong>no</strong>rmativa aplicável, objetivo, alcance, beneficiários, autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong>aplicação, penalida<strong>de</strong>s, entre outros.VII - REGIMES NACIONAIS DE ADMISSÃO TEMPORÁRIAE “DRAW-BACK”Art. 14 – Os Estados Partes estão autorizados a utilizar os regimes<strong>de</strong> “draw back” e admissão temporária para o comércio intrazona até 31<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2016.Art.15 – Instruir o Grupo Mercado Comum a elevar uma proposta<strong>de</strong> harmonização <strong>de</strong> regimes nacionais <strong>de</strong> “draw-back” e admissãotemporária, <strong>no</strong> mais tardar em sua última reunião <strong>de</strong> 2012.293<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 293 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidalVIII - REGIMES NACIONAIS ESPECIAIS DE IMPORTAÇÃONÃO CONTEMPLADOS NAS SEÇÕES VI E VIIArt. 16 – O Grupo Mercado Comum elevará uma proposta <strong>de</strong>tratamento <strong>de</strong> outros regimes nacionais especiais <strong>de</strong> importação que nãoestejam contemplados nas Seções VI e VII, <strong>no</strong> mais tardar em sua últimareunião ordinária <strong>de</strong> 2013.Art. 17 – A proposta mencionada <strong>no</strong> Artigo 16 <strong>de</strong>verá contemplarum tratamento a ser dado aos regimes especiais <strong>de</strong> importação adotadosunilateralmente pelos Estados Partes, que impliquem a isenção total ouparcial dos direitos aduaneiros (Tarifa Externa Comum) que gravam aimportação <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> mercadorias que não tenham como objetivo oaperfeiçoamento para posterior exportação das mercadorias resultantespara terceiros países, bem como os benefícios concedidos ao amparo<strong>de</strong>sses regimes.Art. 18 – Os Artigos 16 e 17 não se aplicam aos regimes nacionaisque po<strong>de</strong>rão permanecer vigentes por motivos <strong>de</strong> impacto econômicolimitado ou finalida<strong>de</strong> não comercial, <strong>no</strong>s termos da Decisão CMC N°03/06, nem tampouco àqueles harmonizados <strong>no</strong> marco da Decisão CMCNº 02/06.Art. 19 – Os Estados Partes <strong>no</strong>tificarão à Comissão <strong>de</strong> Comércio doMERCOSUL, <strong>no</strong> mais tardar <strong>no</strong> primeiro semestre <strong>de</strong> 2012, os regimesespeciais <strong>de</strong> importação a que se referem os Artigos 16 e 17, excetuadosos regimes mencionados <strong>no</strong> Artigo 18.19.1. Da mesma forma, <strong>no</strong>tificarão anualmente à Comissão <strong>de</strong>Comércio do MERCOSUL, a partir <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2013, os regimes<strong>de</strong> que trata a presente Seção, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> eventuais alteraçõesintroduzidas <strong>no</strong>s mesmos.Art. 20 – Paraguai e Uruguai po<strong>de</strong>rão aplicar, até 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>2016, na medida em que não utilizem regimes <strong>de</strong> admissão temporáriae “draw-back”, uma alíquota <strong>de</strong> 2% para a importação <strong>de</strong> insumosagropecuários, <strong>de</strong> acordo com lista <strong>de</strong> itens tarifários a serem <strong>no</strong>tificados294<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 294 25/10/2011 20:35:22


anexospor cada Estado Parte à Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL antes<strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2013.Art. 21 – Criar, até 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2016, o regime para aimportação <strong>de</strong> matérias-primas para o Paraguai, mediante o qual po<strong>de</strong>ráimportar insumos com uma alíquota <strong>de</strong> 2%. A Comissão <strong>de</strong> Comércio doMERCOSUL elevará, antes <strong>de</strong> sua última reunião <strong>de</strong> 2013, uma proposta<strong>de</strong> mecanismo e as condições pelas quais o Paraguai po<strong>de</strong>rá utilizar oreferido regime.21.1. Até que entre em vigência o regime previsto <strong>no</strong> presente Artigoe sua regulamentação, prorroga-se a vigência do estabelecido <strong>no</strong> Artigo1º da Decisão CMC Nº 32/03. Esta prorrogação não será estendida além<strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2016.Art. 22 – Paraguai e Uruguai <strong>no</strong>tificarão os dados estatísticoscorrespon<strong>de</strong>ntes à utilização dos regimes mencionados <strong>no</strong>s Artigos20 e 21 <strong>de</strong> acordo com as especificações e freqüência que <strong>de</strong>termine aComissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL, <strong>no</strong> mais tardar até sua terceiraReunião Ordinária do primeiro semestre <strong>de</strong> 2011.IX – ELIMINAÇÃO DA DUPLA COBRANÇA DA TARIFAEXTERNA COMUM E DISTRIBUIÇÃO DA RENDA ADUANEIRAArt. 23 - A implementação da eliminação da dupla cobrança da TarifaExterna Comum (TEC) e distribuição da renda aduaneira para as situaçõesnão alcançadas pelo Artigo 2° da Decisão CMC N° 54/04 será realizadaem três etapas, <strong>no</strong>s termos do Anexo da Decisão CMC Nº 10/10.23.1. A primeira etapa <strong>de</strong>verá estar em funcionamento efetivo a partir<strong>de</strong> 1 º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2012; e a segunda etapa, a partir <strong>de</strong> 1 º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong>2014. O Conselho do Mercado Comum <strong>de</strong>finirá a data para entrada emvigor da terceira etapa antes <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2016, que <strong>de</strong>verá estarem funcionamento <strong>no</strong> mais tardar em 1 º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2019.Art. 24 - Os Estados Partes <strong>de</strong>verão por em funcionamento, antes<strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011, a interconexão em linha dos sistemas295<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 295 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidalinformáticos <strong>de</strong> gestão aduaneira e a base <strong>de</strong> dados que permita ointercâmbio <strong>de</strong> informações <strong>no</strong> que diz respeito ao cumprimento daPolítica Tarifária Comum (PTC).Art. 25 - Os Estados Partes adotarão as medidas internas necessáriaspara a entrada em vigor do Código Aduaneiro do MERCOSUL a partir<strong>de</strong> 1 º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2012.Art. 26 - Para a implementação da primeira etapa, o Grupo MercadoComum <strong>de</strong>verá <strong>de</strong>finir, a mais tardar <strong>no</strong> segundo semestre <strong>de</strong> 2011:26.1. Uma compensação para o Paraguai, consi<strong>de</strong>rando suacondição especial e específica como país sem litoral marítimo, suaalta <strong>de</strong>pendência das arrecadações aduaneiras e a eventual perda <strong>de</strong>arrecadação <strong>de</strong>corrente da eliminação da dupla cobrança da TEC.26.2. O monitoramento periódico dos impactos econômicos ecomerciais resultantes da eliminação da dupla cobrança da TEC sobreos Estados Partes.Art. 27 - Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL aelaborar um glossário termi<strong>no</strong>lógico e a executar, <strong>no</strong> mais tardar <strong>no</strong>primeiro semestre <strong>de</strong> 2011, ações específicas para operacionalizar aprimeira etapa da eliminação da dupla cobrança da TEC, o que <strong>de</strong>verácontemplar, entre outras tarefas:27.1. Definição das condições sob as quais os produtos serãoconsi<strong>de</strong>rados como “bens sem transformação”, incluindo a especificaçãodaquelas operações que não impliquem alterações <strong>de</strong> sua natureza.27.2. Interpretação comum sobre o que se enten<strong>de</strong> por “consumoou utilização <strong>de</strong>finitiva” e “país <strong>de</strong> <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> final”.27.3. Definição sobre como implementar a cobrança da diferença<strong>de</strong> direitos quando a tarifa nacional ou residual aplicada <strong>no</strong> EstadoParte <strong>de</strong> <strong>de</strong>sti<strong>no</strong> seja superior à aplicada <strong>no</strong> Estado Parte que importouo respectivo bem <strong>de</strong> extrazona.296<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 296 25/10/2011 20:35:22


anexos27.4. Determinação dos parâmetros e do período para intercâmbio<strong>de</strong> estatísticas necessárias para a eliminação da dupla cobrança da TECe da redistribuição da renda aduaneira, inclusive <strong>no</strong> que se refere àutilização do procedimento <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> “conta corrente”.Art. 28 – Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL aelevar ao Grupo Mercado Comum, <strong>no</strong> mais tardar em sua segundareunião ordinária do segundo semestre <strong>de</strong> 2011, uma proposta <strong>de</strong>regulamentação da primeira etapa, que inclua um procedimentotransparente, ágil e simplificado <strong>de</strong> transferência periódica dos saldoslíquidos <strong>de</strong> arrecadação tributária (“conta corrente”), que contemple osprocedimentos inter<strong>no</strong>s <strong>de</strong> cada Estado Parte.Art. 29 - O Grupo Mercado Comum elaborará, <strong>no</strong> mais tardar<strong>no</strong> segundo semestre <strong>de</strong> 2012, com base em proposta da Comissão<strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL, um projeto <strong>de</strong> regulamentação para asegunda etapa da eliminação da dupla cobrança da TEC, que <strong>de</strong>verácontemplar, entre outras tarefas:29.1. Definição do tratamento a que estarão sujeitos os bens queincorporem simultaneamente insumos que cumpram com a PTC einsumos importados sob regimes especiais <strong>de</strong> importação e/ou sujeitosa regimes promocionais, e os bens produzidos ao amparo <strong>de</strong> regimespromocionais que incorporem insumos que cumpram com a PTC.29.2. Definição, por proposta da Comissão <strong>de</strong> Comércio doMERCOSUL, do universo <strong>de</strong> bens que po<strong>de</strong>rá receber o Certificado <strong>de</strong>Cumprimento da Política Tarifária Comum (CCPTC).29.3. Definição, por proposta da Comissão <strong>de</strong> Comércio doMERCOSUL, <strong>de</strong> um mecanismo <strong>de</strong> distribuição da renda aduaneiraque levará em conta o Estado Parte <strong>de</strong> consumo ou utilização <strong>de</strong>finitivados bens importados <strong>de</strong> terceiros países.29.4. Definição <strong>de</strong> um procedimento que contemple elementos<strong>de</strong> automaticida<strong>de</strong>, flexibilida<strong>de</strong>, transparência, acompanhamento e297<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 297 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidalcontrole para a transferência dos recursos resultantes da aplicação domecanismo <strong>de</strong> distribuição da renda aduaneira.Art. 30 - O Conselho do Mercado Comum <strong>de</strong>finirá a data para aentrada em vigência da terceira etapa antes <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2016,a qual <strong>de</strong>verá estar em funcionamento a mais tardar <strong>no</strong> dia 1º <strong>de</strong> janeiro<strong>de</strong> 2019.30.1. Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL a elevarao Grupo Mercado Comum, antes <strong>de</strong> sua última reunião ordináriado segundo semestre <strong>de</strong> 2017, uma proposta <strong>de</strong> regulamentação daterceira etapa, incluindo as ações necessárias para o aperfeiçoamentodo mecanismo <strong>de</strong> distribuição da renda aduaneira.30.2. A distribuição da renda aduaneira será realizada sobre abase do mecanismo que for implementado para a segunda etapa, comas eventuais modificações que vierem a surgir da experiência <strong>de</strong> suaaplicação. Para estes efeitos, o Grupo Mercado Comum avaliará asinformações que resultarem do monitoramento e a sua interação comos <strong>de</strong>mais aspectos do funcionamento da União Aduaneira, incluindoaqueles referentes à institucionalida<strong>de</strong>.Art. 31 - Facultar ao Grupo Mercado Comum modificar os prazosprevistos <strong>no</strong>s Artigos 24 a 30 da presente Decisão, relativos às açõesespecíficas para operacionalização <strong>de</strong> cada uma das etapas previstas.X - SIMPLIFICAÇÃO E HARMONIZAÇÃO DOSPROCEDIMENTOS ADUANEIROS INTRAZONAArt. 32 – Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL a realizaras tarefas previstas na Decisão CMC Nº 17/10 e elevar à última ReuniãoOrdinária do Conselho do Mercado Comum <strong>de</strong> 2011 um projeto <strong>de</strong><strong>no</strong>rma para a efetiva implementação do Documento Único AduaneiroMERCOSUL (DUAM).298<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 298 25/10/2011 20:35:22


anexosArt. 33 – Os Estados Partes adotarão as medidas necessárias para aefetiva implementação em nível regional da Resolução GMC N° 17/04“Sistema <strong>de</strong> Trânsito Aduaneiro Internacional” (SINTIA), <strong>no</strong> mais tardar<strong>no</strong> dia 1 o <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2012.Art. 34 – Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL a elevarum projeto <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> validação <strong>de</strong> informação aduaneira <strong>no</strong> comérciointrazona, conforme previsto na Decisão CMC Nº 54/04, <strong>no</strong> mais tardarna primeira reunião do Grupo Mercado Comum do segundo semestre<strong>de</strong> 2011.XI – REVISÃO INTEGRAL DA CONSISTÊNCIA, DISPERSÃOE ESTRUTURA DA TARIFA EXTERNA COMUMArt. 35 – Instruir o Grupo Ad Hoc criado pela Decisão CMC Nº05/01 a examinar a consistência e a dispersão <strong>de</strong> toda a estrutura atualda Tarifa Externa Comum do MERCOSUL (GANTEC), com exceção<strong>de</strong> Bens <strong>de</strong> Capital e Bens <strong>de</strong> Informática e Telecomunicações, e elevaruma proposta <strong>de</strong> revisão da Tarifa Externa Comum (TEC) ao GrupoMercado Comum em sua última Reunião Ordinária <strong>de</strong> 2014.Art. 36 – Instruir o Grupo Ad Hoc para os setores <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capitale <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> informática e telecomunicações, criado pela Decisão CMCNº 58/08, a:36.1 Elevar ao Grupo Mercado Comum, em sua segunda ReuniãoOrdinária do primeiro semestre <strong>de</strong> 2012, uma proposta <strong>de</strong> revisão daTarifa Externa Comum para bens <strong>de</strong> capital, com vistas a sua entradaem vigor a partir <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2013; e36.2 Elevar ao Grupo Mercado Comum, em sua segunda ReuniãoOrdinária do primeiro semestre <strong>de</strong> 2013, uma proposta <strong>de</strong> revisão daTarifa Externa Comum para bens <strong>de</strong> informática e telecomunicações,com vista a sua entrada em vigor a partir <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2014.299<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 299 25/10/2011 20:35:22


afael <strong>de</strong> mello vidalXII - BENS DE CAPITAL E BENS DE INFORMÁTICA ETELECOMUNICAÇÕESArt. 37 – Instruir o Grupo Ad Hoc criado pela Decisão CMC Nº58/08 a proce<strong>de</strong>r à revisão do Regime Comum <strong>de</strong> Importação <strong>de</strong> Bens<strong>de</strong> Capital Não Produzidos No MERCOSUL constante das DecisõesCMC Nº 34/03 e 59/08, com vistas à entrada em vigor <strong>de</strong> um regime apartir <strong>de</strong> 1 º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2013, para Argentina e Brasil, e a partir <strong>de</strong> 1 º<strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2015, para Paraguai e Uruguai.37.1. A revisão do referido regime <strong>de</strong>verá contemplar um tratamentopara bens <strong>de</strong> capital não produzidos <strong>no</strong> MERCOSUL e para sistemasintegrados que os contenham.Art. 38 – Os Estados Partes intercambiarão, a partir da primeiraReunião Ordinária da Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL <strong>de</strong> cadaa<strong>no</strong>, dados <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong> comércio referentes à aplicação das medidasexcepcionais elencadas <strong>no</strong>s Artigos 39 e 40 da presente Decisão, comvistas a subsidiar os trabalhos <strong>de</strong> revisão das Decisões CMC Nº 34/03e 59/08.Art. 39 – Os Estados Partes po<strong>de</strong>rão, até 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2012,em caráter excepcional e transitório, manter os regimes nacionais <strong>de</strong>importação <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital atualmente vigentes, incluindo as seguintesmedidas:39.1. A aplicação pela Argentina das alíquotas <strong>de</strong> importaçãoespecificadas para bens <strong>de</strong> capital originários <strong>de</strong> extrazona listados <strong>no</strong>Anexo IV do Decreto N° 509, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2007;39.2. A aplicação pelo Brasil <strong>de</strong> redução das alíquotas <strong>de</strong> importação<strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital não fabricados <strong>no</strong> país e sistemas integrados que oscontenham;39.3. A aplicação pelo Paraguai das alíquotas <strong>de</strong> 0% e 6% paraa importação <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital originários <strong>de</strong> extrazona, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> queclassificados como tais na Nomenclatura Comum do MERCOSUL;300<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 300 25/10/2011 20:35:22


anexos39.4. A aplicação pelo Uruguai da alíquota <strong>de</strong> 0% para as importaçõesoriginárias <strong>de</strong> extrazona dos bens especificados <strong>no</strong> Decreto N° 004/003.Art. 40 – A<strong>de</strong>mais das medidas previstas <strong>no</strong> artigo anterior, Paraguaie Uruguai po<strong>de</strong>rão, até 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2019, aplicar a alíquota <strong>de</strong> 2%para as importações <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> capital originários <strong>de</strong> extrazona.Art. 41 – Instruir o referido Grupo Ad Hoc a elevar à segunda ReuniãoOrdinária do Grupo Mercado Comum do primeiro semestre <strong>de</strong> 2014 umaproposta <strong>de</strong> regime comum para a importação <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> informáticae telecomunicações não produzidos <strong>no</strong> MERCOSUL, com vistas a suaentrada em vigor a partir <strong>de</strong> 1 º <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2016.Art. 42 – Argentina e Brasil po<strong>de</strong>rão aplicar, até 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2015, alíquota distinta da Tarifa Externa Comum, inclusive 0%,para os bens <strong>de</strong> informática e telecomunicações, bem como os sistemasintegrados que os contenham.Art. 43 – Uruguai po<strong>de</strong>rá aplicar, até 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2018, umaalíquota <strong>de</strong> 0% às importações <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> informática e telecomunicações<strong>de</strong> extrazona, <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> produtos que constem em listas apresentadas <strong>no</strong>âmbito da Comissão <strong>de</strong> Comércio (Artigo 5º da Decisão CMC Nº 33/03),e <strong>de</strong> 2% <strong>no</strong> caso dos <strong>de</strong>mais bens <strong>de</strong> informática e telecomunicações.Art. 44 – Paraguai po<strong>de</strong>rá aplicar, até 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2019, umaalíquota <strong>de</strong> 0% às importações <strong>de</strong> bens <strong>de</strong> informática e telecomunicações<strong>de</strong> extrazona, <strong>no</strong> caso <strong>de</strong> produtos que constem em listas apresentadas <strong>no</strong>âmbito da Comissão <strong>de</strong> Comércio (Artigo 5º da Decisão CMC Nº 33/03),e <strong>de</strong> 2% <strong>no</strong> caso dos <strong>de</strong>mais bens <strong>de</strong> informática e telecomunicações.Art. 45 – Cada Estado Parte <strong>de</strong>verá <strong>no</strong>tificar à Secretaria doMERCOSUL, antes <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> janeiro e 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> cada a<strong>no</strong>, oscódigos NCM relacionados às medidas elencadas <strong>no</strong>s Artigos 39 a 44da presente Decisão.45.1. A ausência <strong>de</strong> alterações não dispensará o Estado Parte <strong>de</strong><strong>no</strong>tificar à Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL, em tempo e forma,301<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 301 25/10/2011 20:35:23


afael <strong>de</strong> mello vidalos códigos NCM relacionados às medidas elencadas <strong>no</strong>s Artigos 39,42, 43 e 44 da presente Decisão. Os Estados Partes darão <strong>de</strong>staque,em cada <strong>no</strong>tificação, às alterações eventualmente introduzidas em suasrespectivas listas.XIII - LISTAS NACIONAIS DE EXCEÇÃO À TARIFA EXTERNACOMUMArt. 46 - Cada Estado Parte po<strong>de</strong>rá manter uma Lista Nacional <strong>de</strong>Exceções à Tarifa Externa Comum (TEC), <strong>no</strong>s seguintes termos:a) República Argentina: até 100 códigos NCM até 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2015;b) República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil: até 100 códigos NCM até 31 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2015;c) República do Paraguai: até 649 códigos NCM até 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<strong>de</strong> 2019;d) República Oriental do Uruguai: até 225 códigos NCM até 31 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2017.Art. 47 - Ao compor suas listas nacionais, os Estados Partesvalorizarão a oferta exportável existente <strong>no</strong> MERCOSUL.Art. 48 – Os Estados Partes po<strong>de</strong>rão modificar, a cada seis meses,até 20% dos códigos NCM incluídos nas listas <strong>de</strong> exceções estabelecidas<strong>no</strong> Artigo 46 da presente Decisão.Art. 49 – Os Estados Partes <strong>no</strong>tificarão à primeira Reunião Ordináriada Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL do primeiro semestre <strong>de</strong> 2011,os códigos NCM que integram sua respectiva lista nacional <strong>de</strong> exceçõesà TEC em vigor. A partir <strong>de</strong>ssa data, os códigos NCM que integram asrespectivas listas nacionais em vigor serão <strong>no</strong>tificados à Secretaria doMERCOSUL, antes <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> janeiro e 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> cada a<strong>no</strong>.302<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 302 25/10/2011 20:35:23


anexos49.1. A ausência <strong>de</strong> alterações não dispensará o Estado Parte <strong>de</strong><strong>no</strong>tificar à Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL, em tempo e forma,os códigos NCM que compõem a respectiva lista nacional <strong>de</strong> exceçõesem vigor. Os Estados Partes darão <strong>de</strong>staque, em cada <strong>no</strong>tificação, àsalterações eventualmente introduzidas em suas respectivas listas.Art. 50 - Os Artigos 46, 47 e 48 <strong>de</strong>sta Decisão serão objeto <strong>de</strong> exameperiódico entre os Estados Partes e <strong>de</strong> uma avaliação anual pela Comissão<strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL, a ser elevada à consi<strong>de</strong>ração da primeiraReunião Ordinária do Grupo Mercado Comum do segundo semestre <strong>de</strong>cada a<strong>no</strong>, com vistas a analisar seus efeitos sobre os fluxos <strong>de</strong> comércio,a integração produtiva intrazona e as condições <strong>de</strong> concorrência. Paraesse fim, os Estados Partes <strong>de</strong>verão apresentar a informação estatísticanecessária, por código NCM, bem como outros elementos <strong>de</strong> informaçãocomplementares, <strong>no</strong> mais tardar até a segunda Reunião Ordinária daComissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL do primeiro semestre <strong>de</strong> cada a<strong>no</strong>.XIV – AÇÕES PONTUAIS NO ÂMBITO TARIFÁRIOArt. 51 – Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL a elevarà consi<strong>de</strong>ração do Grupo Mercado Comum, em sua primeira ReuniãoOrdinária do segundo semestre <strong>de</strong> 2011 uma proposta <strong>de</strong> mecanismo quepermita a um Estado Parte elevar, por Diretriz da Comissão <strong>de</strong> Comércio,<strong>de</strong> maneira temporária, as alíquotas <strong>de</strong> direito <strong>de</strong> importação aplicadasàs importações <strong>de</strong> extrazona <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado produto. A proposta<strong>de</strong>verá especificar as condições e os procedimentos <strong>de</strong> funcionamentodo referido mecanismo.XV – REGULAMENTOS TÉCNICOS, PROCEDIMENTOS DEAVALIAÇÃO DA CONFORMIDADE E MEDIDAS SANITÁRIAS EFITOSSANITÁRIASArt. 52 – Instruir o Grupo Mercado Comum a conformar um Grupo<strong>de</strong> Trabalho para proce<strong>de</strong>r à revisão da Resolução GMC Nº 56/02, <strong>no</strong>mais tardar até o final <strong>de</strong> 2012, que contemplará um mecanismo <strong>de</strong>revisão periódica <strong>de</strong> Regulamentos Técnicos (RTMs) e Procedimentos<strong>de</strong> Avaliação da Conformida<strong>de</strong> do MERCOSUL (PACs).303<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 303 25/10/2011 20:35:23


afael <strong>de</strong> mello vidal52.1. O referido Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>de</strong>verá estabelecer, a<strong>de</strong>mais,<strong>no</strong>vos procedimentos para facilitar a negociação, elaboração, consultainterna e incorporação <strong>de</strong> RTMs e PACs.Art. 53 – Instruir o Grupo Mercado Comum a elaborar, <strong>no</strong> mais tardaraté o final <strong>de</strong> 2012, uma proposta com vistas a aperfeiçoar o sistema <strong>de</strong>elaboração, revisão e incorporação <strong>de</strong> Medidas Sanitárias e Fitossanitáriasdo MERCOSUL.XVI – LIVRE COMÉRCIO INTRAZONAArt. 54 – Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUR aconstituir um Grupo <strong>de</strong> Trabalho sobre Medidas Não-Tarifárias com osseguintes objetivos:54.1. Estabelecer procedimentos <strong>de</strong> intercâmbio <strong>de</strong> informação paraque os Estados Partes comuniquem a introdução ou modificação <strong>de</strong>exigências para a entrada <strong>de</strong> mercadorias importadas em seu território.A tarefa será realizada até 1/I/2012.54.2 – Instruir a Comissão <strong>de</strong> Comércio do MERCOSUL a revisaro sistema <strong>de</strong> consultas estabelecido pela Diretriz CCM Nº 17/99, comvistas a aperfeiçoar o intercâmbio <strong>de</strong> informação e agilizar o tratamentodas medidas não-tarifárias mencionadas <strong>no</strong> artigo anterior.54.3. Elevar ao Grupo Mercado Comum, <strong>no</strong> segundo semestre <strong>de</strong>2011, uma proposta <strong>de</strong> tratamento das medidas não-tarifárias, à luz doArtigo 50 do Tratado <strong>de</strong> Montevidéu, com objetivo <strong>de</strong> garantir a livrecirculação <strong>no</strong> comércio intrazona.X V I I – C O O R D E N A Ç Ã O S O B R E M E D I D A S D ETRANSPARÊNCIAArt. 55 – Instruir o Grupo Mercado Comum a elaborar, <strong>no</strong> maistardar em sua última Reunião Ordinária <strong>de</strong> 2012, uma proposta <strong>de</strong><strong>no</strong>tificação coor<strong>de</strong>nada junto à Organização Mundial do Comércio <strong>de</strong>políticas relacionadas a medidas sanitárias e fitossanitárias e a medidas304<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 304 25/10/2011 20:35:23


anexosnão-tarifárias adotadas pelos Estados Partes do MERCOSUL, emcumprimento às obrigações constantes <strong>no</strong>s Acordos da OMC.XVIII – COORDENAÇÃO EM MATÉRIA SANITÁRIA EFITOSSANITÁRIAArt. 56 – Instruir o Grupo Mercado Comum a elaborar, antes <strong>de</strong> suaúltima Reunião Ordinária do primeiro semestre <strong>de</strong> 2012, uma proposta <strong>de</strong>coor<strong>de</strong>nação em matéria sanitária e fitossanitária, com vistas a fortalecero status sanitário e fitossanitário dos Estados Partes e a articular açõespara erradicar pragas e doenças, em nível regional.XIX – ZONAS FRANCAS, ZONAS DE PROCESSAMENTO DEEXPORTAÇÕES E ÁREAS ADUANEIRAS ESPECIAISArt. 57 – Instruir o Grupo Mercado Comum a <strong>de</strong>finir, até sua primeiraReunião Ordinária <strong>de</strong> 2013, uma proposta <strong>de</strong> revisão da Decisão CMCNº 08/94, levando em conta a <strong>no</strong>rmativa MERCOSUL e a evolução damatéria.XX – NEGOCIAÇÃO DE ACORDOS COMERCIAIS COMTERCEIROS PAÍSES E REGIÕESArt. 58 – A ação externa do MERCOSUL será <strong>de</strong>senvolvida mediantea negociação <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> vinculação política, comercial ou <strong>de</strong>cooperação com terceiros países ou grupos <strong>de</strong> países, tomando emconsi<strong>de</strong>ração os intereses dos Estados Partes, o grau <strong>de</strong> institucionalizaçãodo bloco e os recursos disponíveis.Art. 59 – Com vistas a cumprir o que estabelece o Artigo anterior,encomenda-se ao Grupo Mercado Comum elevar ao Conselho MercadoComum, em sua última Reunião Ordinária <strong>de</strong> 2011, propostas <strong>de</strong>esquemas para a negociação <strong>de</strong> instrumentos políticos, comerciais ou<strong>de</strong> cooperação.Art. 60 – Os Estados Partes acordam <strong>de</strong>finir a agenda externaanualmente. Para tanto, encomenda-se ao Grupo Mercado Comum elevar305<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 305 25/10/2011 20:35:23


afael <strong>de</strong> mello vidalao Conselho Mercado Comum, em sua última Reunião Ordinária <strong>de</strong> cadaa<strong>no</strong>, e iniciando em 2011, uma proposta <strong>de</strong> agenda <strong>de</strong> relacionamentoexter<strong>no</strong> na qual sejam estabelecidos o tipo <strong>de</strong> mecanismo a negociar eos países ou grupos <strong>de</strong> países contrapartes com os quais se levará a caboo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ditos mecanismos.60.1. Estes mecanismos <strong>de</strong>verão contemplar o Tratamento Especiale Diferenciado para Paraguai <strong>no</strong>s termos da Decisão CMC Nº 28/03.XXI - FORTALECIMENTO DOS MECANISMOS PARA ASUPERAÇÃO DAS ASSIMETRIASArt. 61 – Com vistas a cumprir o que estabelece a Decisão CMCNº 34/06, os Estados Partes do MERCOSUL apresentarão, <strong>no</strong> maistardar em 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2011, um primeiro conjunto <strong>de</strong> projetos einiciativas <strong>de</strong>stinadas à superação das assimetrias do bloco e à inserçãocompetitiva das eco<strong>no</strong>mias me<strong>no</strong>res na União Aduaneira. Estes projetos,em particular, <strong>de</strong>verão contemplar as restrições <strong>de</strong> Paraguai por suacondição <strong>de</strong> país sem litoral marítimo.Art. 62 – Os Estados Partes consi<strong>de</strong>rarão a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contarcom um âmbito <strong>de</strong> formulação estratégica do MERCOSUL, que incluaa participação <strong>de</strong> espaços acadêmicos e governamentais.DISPOSIÇÕES FINAISArt. 63 – Não obstante os prazos estabelecidos na presente Decisão,a efetiva implementação do Programa <strong>de</strong> Consolidação da UniãoAduaneira <strong>de</strong>verá levar em conta a interrelação existente entre vários <strong>de</strong>seus componentes, e a correspon<strong>de</strong>nte necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avançar <strong>de</strong> formasubstantiva e simultânea em cada um <strong>de</strong>les.Art. 64 – O processo <strong>de</strong> consolidação da União Aduaneira <strong>de</strong>veráincorporar uma revisão sobre o avanço institucional do MERCOSUL,que contemple os ajustes requeridos, incluindo o sistema <strong>de</strong> solução <strong>de</strong>controvérsias do MERCOSUL, com vistas a permitir que sua estruturainstitucional acompanhe a evolução do processo.306<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 306 25/10/2011 20:35:23


anexosArt. 65 – Esta Decisão não necessita ser incorporada ao or<strong>de</strong>namentojurídico dos Estados Partes por regulamentar aspectos da organizaçãoou do funcionamento do MERCOSUL.XL CMC – Foz do Iguaçu, 16/XII/10.307<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 307 25/10/2011 20:35:23


afael <strong>de</strong> mello vidalANEXO 8BNDES CARTA CIRCULAR 64/2002CARTA-CIRCULAR Nº 64/2002Rio <strong>de</strong> Janeiro, 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2002Ass.: Porte das empresasO Superinten<strong>de</strong>nte da Área <strong>de</strong> Relacionamento com InstituiçõesFinanceiras, <strong>no</strong> uso <strong>de</strong> suas atribuições, COMUNICA aos AGENTESFINANCEIROS e ARRENDADORAS que os valores utilizados para aclassificação <strong>de</strong> porte das empresas passam a ser aplicados também paraas operações com garantia <strong>de</strong> risco por conta do Fundo <strong>de</strong> Garantia paraa Promoção da Competitivida<strong>de</strong> - FGPC.PORTE DAS EMPRESASPara efeito <strong>de</strong> enquadramento nas condições <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong>todos os Programas que estabelecem a classificação <strong>de</strong> porte, <strong>de</strong>verãoser observadas as seguintes categorias <strong>de</strong> empresas:- <strong>Micro</strong>empresas: receita operacional bruta anual ou anualizadainferior ou igual a R$ 1.200 mil (um milhão e duzentos mil Reais);- <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>: receita operacional bruta anual ou anualizadasuperior a R$ 1.200 mil (um milhão e duzentos mil Reais) e inferior ouigual a R$ 10.500 mil (<strong>de</strong>z milhões e quinhentos mil Reais);- <strong>Médias</strong> <strong>Empresas</strong>: receita operacional bruta anual ou anualizadasuperior a R$ 10.500 mil (<strong>de</strong>z milhões e quinhentos mil Reais) e inferiorou igual a R$ 60 milhões (sessenta milhões <strong>de</strong> Reais);- Gran<strong>de</strong>s <strong>Empresas</strong>: receita operacional bruta anual ou anualizadasuperior a R$ 60 milhões (sessenta milhões <strong>de</strong> Reais).308<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 308 25/10/2011 20:35:23


anexosNa hipótese <strong>de</strong> início <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>no</strong> próprio a<strong>no</strong>-calendário, oslimites acima referidos serão proporcionais ao número <strong>de</strong> meses em quea pessoa jurídica houver exercido ativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas as frações<strong>de</strong> meses. Nos casos <strong>de</strong> empresas em implantação, será consi<strong>de</strong>rada aprojeção anual <strong>de</strong> vendas utilizada <strong>no</strong> empreendimento, levando-se emconta a capacida<strong>de</strong> total instalada.Quando a empresa for controlada por outra empresa ou pertencer aum grupo econômico, a classificação do porte se dará consi<strong>de</strong>rando-sea receita operacional bruta consolidada.- 2 -Nas operações com garantia <strong>de</strong> risco por conta do Fundo <strong>de</strong> Garantiapara a Promoção da Competitivida<strong>de</strong> - FGPC, <strong>de</strong>verão ser consi<strong>de</strong>rados,ainda, os <strong>de</strong>mais critérios <strong>de</strong> enquadramento <strong>no</strong> Fundo.Esta Carta-Circular entra em vigor nesta data, ficando revogadas asCartas-Circulares nº 35/2001, <strong>de</strong> 29.08.2001, e nº 54/2002, <strong>de</strong> 12.09.2002.José Eduardo <strong>de</strong> Carvalho PereiraSuperinten<strong>de</strong>nteÁrea <strong>de</strong> Relacionamento com Instituições FinanceirasBNDES309<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 309 25/10/2011 20:35:23


afael <strong>de</strong> mello vidalANEXO 9PARTICIPAÇÃO DAS PEQUENAS EMPRESAS NAECONOMIA DO URUGUAIEFEITO ILUSTRATIVOOBSERVATORIO PYME URUGUAYESTRUCTURA DE EMPRESAS PYMES EN EL URUGUAY1- Unida<strong>de</strong>s Económicas<strong>Micro</strong> = 78,13%Pequeña = 18,43%Mediana = 2,93%Gran<strong>de</strong> = 0,51%2- Personal Ocupado<strong>Micro</strong> = 23,44%Pequeña = 27,15%Mediana = 19,86%Gran<strong>de</strong> = 29,55%Fonte: base <strong>de</strong> dados “Uruguay en Cifras 2004” do Instituto Nacional <strong>de</strong> Estadísticas.310<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 310 25/10/2011 20:35:23


anexosANEXO 10CONSENSO DE BUENOS AIRESCONSENSO DE BUENOS AIRES16 <strong>de</strong> octubre <strong>de</strong> 20031. Nosotros, los Presi<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> la República Argentina, NéstorKirchner, y <strong>de</strong> la República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>de</strong>l Brasil, Luiz Inácio Lulada Silva, convencidos <strong>de</strong> que el bienestar <strong>de</strong> los pueblos constituye elobjetivo prioritario <strong>de</strong> ambos gobier<strong>no</strong>s, reafirmamos nuestra voluntad<strong>de</strong> intensificar la cooperación bilateral y regional para garantizar a todoslos ciudada<strong>no</strong>s el ple<strong>no</strong> goce <strong>de</strong> sus <strong>de</strong>rechos y liberta<strong>de</strong>s fundamentales,incluido el <strong>de</strong>recho al <strong>de</strong>sarrollo, en un marco <strong>de</strong> libertad y justiciasocial acor<strong>de</strong> con los valores, propósitos y objetivos establecidos en laCumbre <strong>de</strong>l Milenio.2. Destacamos la trascen<strong>de</strong>ncia que la consolidación <strong>de</strong> la <strong>de</strong>mocraciapolítica posee para nuestra región así como nuestro común propósito <strong>de</strong>fortalecerla, asumiendo la responsabilidad histórica que <strong>no</strong>s concierneen relación con el combate a la pobreza y la <strong>de</strong>sigualdad, el <strong>de</strong>sempleo,el hambre, el analfabetismo y la enfermedad, que configuran una pérdidaefectiva <strong>de</strong> auto<strong>no</strong>mía y dignidad <strong>de</strong> las personas, obstaculizandogravemente el ejercicio ple<strong>no</strong> <strong>de</strong> la ciudadanía.3. Convenimos en impulsar <strong>de</strong>cididamente en el proceso <strong>de</strong>integración regional la participación activa <strong>de</strong> la sociedad civil,fortaleciendo los órga<strong>no</strong>s existentes, así como las iniciativas quecontribuyan a la complementación, la asociatividad y el diálogo amplioy plural.4. Manifestamos nuestra convicción <strong>de</strong> que, en un contextomundial signado por la aceleración <strong>de</strong> un proceso <strong>de</strong> globalizaciónque ha ampliado el horizonte <strong>de</strong> las posibilida<strong>de</strong>s humanas pero que,paralelamente, ha generado inéditas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> concentración311<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 311 25/10/2011 20:35:23


afael <strong>de</strong> mello vidaleconómica, nuestras naciones <strong>de</strong>ben <strong>de</strong>finir su futuro en el marco <strong>de</strong>una agenda que responda a las necesida<strong>de</strong>s, posibilida<strong>de</strong>s y <strong>de</strong>safíosque singularizan a nuestros países en el comienzo <strong>de</strong>l siglo XXI.5. Nos comprometemos a instrumentar políticas públicas queapuntalen el crecimiento sostenido y la distribución equitativa <strong>de</strong> susbeneficios, propiciando or<strong>de</strong>namientos tributarios y fiscales más justos.6. Tenemos la certeza <strong>de</strong> que el flagelo <strong>de</strong> la pobreza <strong>no</strong> se resuelvecon planes asistenciales. Aún cuando éstos constituyan un paliativoobligado hasta la efectiva solución <strong>de</strong>l problema, <strong>no</strong> <strong>de</strong>ben ten<strong>de</strong>r acristalizar una sociedad dividida entre quienes tienen trabajo y quienesson asistidos. Por ello, <strong>no</strong>s proponemos impulsar todas las accionesnecesarias para disminuir las elevadas tasas <strong>de</strong> <strong>de</strong>socupación quecastigan a nuestras socieda<strong>de</strong>s, generando condiciones propicias para el<strong>de</strong>sarrollo <strong>de</strong> los negocios y la inversión productiva.7. Somos conscientes <strong>de</strong>l papel estratégico que nuestros Estados<strong>de</strong>ben <strong>de</strong>sempeñar y redoblaremos los esfuerzos tendientes a fortalecersus instituciones, profesionalizar a la administración pública, mejorarsu capacidad <strong>de</strong> respuesta, incrementar su eficacia y asegurar una mayortransparencia en los procesos <strong>de</strong> toma <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisiones.8. Reco<strong>no</strong>cemos que nuestra común aspiración al <strong>de</strong>sarrollo implicaotorgar una absoluta prioridad a la educación como herramienta <strong>de</strong>inclusión social, en tanto su capacidad integradora y equiparadora <strong>no</strong> hasido superada por ninguna otra política social. En tal sentido, a través <strong>de</strong>la política educativa, nuestros gobier<strong>no</strong>s procurarán garantizar a todoslos ciudada<strong>no</strong>s la adquisición <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizaje que lespermitan <strong>de</strong>sarrollarse a lo largo <strong>de</strong> su vida, en una sociedad cambianteque requiere la actualización constante <strong>de</strong> <strong>de</strong>strezas y habilida<strong>de</strong>s.9. Reafirmamos nuestro compromiso para construir una sociedad<strong>de</strong> la información orientada por los objetivos <strong>de</strong> inclusión social, <strong>de</strong>erradicación <strong>de</strong>l hambre y <strong>de</strong> la pobreza, <strong>de</strong> la mejora <strong>de</strong> la salud y laeducación, así como <strong>de</strong> alcance <strong>de</strong> un <strong>de</strong>sarrollo económico y socialequilibrado.312<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 312 25/10/2011 20:35:23


anexos10. Sabemos que la revolución informática trae <strong>no</strong>vedosasoportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> participación y <strong>de</strong> acceso al co<strong>no</strong>cimiento, pero presentainéditos peligros <strong>de</strong> exclusión, generando una brecha tec<strong>no</strong>lógica entrenuestras naciones y los países altamente industrializados. En este marco,nuestros pueblos <strong>de</strong>ben incorporarse al mundo digital, por lo que <strong>no</strong>sproponemos <strong>de</strong>sarrollar la infraestructura necesaria, <strong>de</strong> manera tal quetodos los ciudada<strong>no</strong>s y las empresas, especialmente las pequeñas, esténen condiciones <strong>de</strong> participar activamente <strong>de</strong> las ventajas que ofrece lasociedad <strong>de</strong> la información.11. Redoblaremos los esfuerzos para que nuestras universida<strong>de</strong>se institutos <strong>de</strong> ciencia y tec<strong>no</strong>logía multipliquen y potencien susvínculos, con el fin <strong>de</strong> generar un polo científico tec<strong>no</strong>lógico regionalque profundice las investigaciones básica y aplicada, con criterios <strong>de</strong>sostenibilidad y equidad social.12. Consi<strong>de</strong>ramos que muchos <strong>de</strong> los problemas que hoy <strong>no</strong>saquejan reco<strong>no</strong>cen una base en los fuertes <strong>de</strong>sequilibrios y <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>sregionales existentes en el ámbito <strong>de</strong> nuestras naciones. Por lo tanto,<strong>no</strong>s proponemos instrumentar políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo regional quecontemplen y respeten la diversidad <strong>de</strong>l territorio.13. Reafirmamos nuestra convicción <strong>de</strong> que el trabajo <strong>de</strong>cente,tal como es concebido por la OIT, es el instrumento más efectivo <strong>de</strong>promoción <strong>de</strong> las condiciones <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> nuestros pueblos y <strong>de</strong> suparticipación en los frutos <strong>de</strong>l progreso material y huma<strong>no</strong>. Auspiciamosla próxima Conferencia Regional <strong>de</strong> Empleo <strong>de</strong>l Mercosur en marzo <strong>de</strong>2004 y <strong>de</strong>seamos que <strong>de</strong> sus resultados surjan líneas <strong>de</strong> acción que <strong>no</strong>spermitan ir alcanzando en nuestras comunida<strong>de</strong>s niveles satisfactorios<strong>de</strong> cohesión social y dignidad <strong>de</strong>l trabajador y su familia.14. Reiteramos nuestra adhesión a los principios consagrados enla Declaración <strong>de</strong> Río sobre Medio Ambiente y Desarrollo y a losprogramas <strong>de</strong> acción establecidos por la Agenda 21 adoptada por laConferencia das Naciones Unidas sobre Medio Ambiente e Desarrollo yen el Plan <strong>de</strong> Implementación adoptado por la Cumbre sobre DesarrolloSustentable.313<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 313 25/10/2011 20:35:23


afael <strong>de</strong> mello vidalExpresamos nuestra firme intención <strong>de</strong> cooperar y coordinaracciones con vistas a la promoción <strong>de</strong> los objetivos consagrados en losacuerdos multilaterales ambientales, tales como la Convención <strong>de</strong> lasNaciones Unidas sobre Cambio Climático y su Protocolo <strong>de</strong> Kioto y laConvención sobre Diversidad Biológica, entre otros.Continuaremos aunando esfuerzos en la búsqueda <strong>de</strong> solucionessustentables para la gestión integrada <strong>de</strong> los recursos hídricoscompartidos, con la intención <strong>de</strong> propiciar el <strong>de</strong>sarrollo sustentable <strong>de</strong>nuestras poblaciones.15. Ratificamos nuestra profunda convicción <strong>de</strong> que el Mercosur <strong>no</strong>es sólo un bloque comercial si<strong>no</strong> que constituye un espacio catalizador<strong>de</strong> valores, tradiciones y futuro compartido. De tal modo, nuestrosgobier<strong>no</strong>s se encuentran trabajando para fortalecerlo a través <strong>de</strong>lperfeccionamiento <strong>de</strong> sus instituciones en los aspectos comerciales ypolíticos y <strong>de</strong> la incorporación <strong>de</strong> nuevos países.16. Enten<strong>de</strong>mos que la integración regional constituye una opciónestratégica para fortalecer la inserción <strong>de</strong> nuestros países en el mundo,aumentando su capacidad <strong>de</strong> negociación. Una mayor auto<strong>no</strong>mía <strong>de</strong><strong>de</strong>cisión <strong>no</strong>s permitirá hacer frente más eficazmente a los movimientos<strong>de</strong>sestabilizadores <strong>de</strong>l capital financiero especulativo y a los interesescontrapuestos <strong>de</strong> los bloques más <strong>de</strong>sarrollados, amplificando nuestravoz en los diversos foros y organismos multilaterales. En este sentido,<strong>de</strong>stacamos que la integración sudamericana <strong>de</strong>be ser promovida en elinterés <strong>de</strong> todos, teniendo por objetivo la conformación <strong>de</strong> un mo<strong>de</strong>lo<strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo en el cual se asocien el crecimiento, la justicia social y ladignidad <strong>de</strong> los ciudada<strong>no</strong>s.17. Reafirmamos nuestro <strong>de</strong>seo <strong>de</strong> continuar con las negociaciones<strong>de</strong> la Ronda <strong>de</strong> Doha en bases equilibradas y con reales perspectivas<strong>de</strong> éxito, en particular en el capítulo agrícola, superando la falta<strong>de</strong> resultados concretos en Cancún. Reafirmamos nuestro firmecompromiso con los objetivos <strong>de</strong> la Agenda <strong>de</strong> Doha e instamos a lospaíses <strong>de</strong>sarrollados a cooperar <strong>de</strong> manera efectiva para su realización,<strong>de</strong> modo <strong>de</strong> consolidar un sistema multilateral <strong>de</strong> comercio abierto,sin distorsiones y <strong>no</strong> discriminatorio. Declaramos, asimismo, nuestra314<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 314 25/10/2011 20:35:23


anexosintención <strong>de</strong> generar nuevas alianzas y estrategias conjuntas co<strong>no</strong>tros países con los cuales compartimos intereses y preocupacionessemejantes.18. Reiteramos nuestro compromiso con una continuada y estrechacoordinación <strong>de</strong> posiciones en la búsqueda <strong>de</strong> acuerdos equilibrados,que incrementen las relaciones <strong>de</strong>l Mercosur con los <strong>de</strong>más socios, enparticular la Comunidad Andina, con el objetivo <strong>de</strong> mayor prosperidadpara todos.Coincidimos en la disposición <strong>de</strong> continuar participando <strong>de</strong>s<strong>de</strong>el Mercosur en las negociaciones <strong>de</strong>l Área <strong>de</strong> Libre Comercio <strong>de</strong> lasAméricas (ALCA), con el objetivo <strong>de</strong> alcanzar un acuerdo equilibradoque respete los intereses disímiles <strong>de</strong> los participantes y dote alproceso <strong>de</strong> la flexibilidad necesaria para permitir que la negociación se<strong>de</strong>sarrolle conforme a la situación <strong>de</strong> cada u<strong>no</strong> <strong>de</strong> los países y bloquesinvolucrados. Para ello, coincidimos en reafirmar la propuesta <strong>de</strong>formato metodológico presentada por el Mercosur, por consi<strong>de</strong>rar quela misma constituye una alternativa realista que permitirá alcanzar unacuerdo satisfactorio en enero <strong>de</strong> 2005.19. Expresamos que la administración <strong>de</strong> la <strong>de</strong>uda pública <strong>de</strong>betener como horizonte la creación <strong>de</strong> riqueza y <strong>de</strong> puestos <strong>de</strong> trabajo,la protección al ahorro, la reducción <strong>de</strong> la pobreza, el fomento <strong>de</strong> laeducación y la salud y la posibilidad <strong>de</strong> mantener políticas sostenibles<strong>de</strong> <strong>de</strong>sarrollo económico y social.20. Enfatizamos nuestro compromiso histórico con el fortalecimiento<strong>de</strong> un or<strong>de</strong>n multilateral fundado en la igualdad soberana <strong>de</strong> todos losEstados y rechazamos todo ejercicio <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r unilateral incompatiblecon los principios y propósitos consagrados por la Organización <strong>de</strong> lasNaciones Unidas.21. Enten<strong>de</strong>mos que el multilateralismo y el respeto a las <strong>no</strong>rmas yprincipios <strong>de</strong>l <strong>de</strong>recho internacional <strong>de</strong>ben permanecer en primer pla<strong>no</strong>en todos los esfuerzos relacionados con la seguridad internacionaly, particularmente, con relación a los objetivos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarme y <strong>no</strong>proliferación.315<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 315 25/10/2011 20:35:24


afael <strong>de</strong> mello vidalReafirmamos el papel central <strong>de</strong> las Naciones Unidas y <strong>de</strong>l Consejo<strong>de</strong> Seguridad en las relaciones internacionales como el principalinstrumento universal para el mantenimiento <strong>de</strong> la paz y <strong>de</strong> la seguridadinternacionales, y la promoción <strong>de</strong>l <strong>de</strong>sarrollo económico y social <strong>de</strong>forma sustentable. Subrayamos la necesidad <strong>de</strong> la estricta observancia<strong>de</strong> la Carta <strong>de</strong> la ONU y <strong>de</strong> los principios y <strong>no</strong>rmas universalmentereco<strong>no</strong>cidos <strong>de</strong>l <strong>de</strong>recho internacional por todos los miembros <strong>de</strong> lacomunidad internacional.Reafirmamos la necesidad <strong>de</strong> combatir las amenazas a la paz y a laseguridad internacional y el terrorismo, en conformidad con la Carta <strong>de</strong>las Naciones Unidas y con los instrumentos jurídicos <strong>de</strong> que son partesArgentina y Brasil.22. Afirmamos nuestra voluntad <strong>de</strong> trabajar conjuntamente parala concreción <strong>de</strong>l presente consenso y hacemos extensiva nuestraconvocatoria a todos los países lati<strong>no</strong>america<strong>no</strong>s para alcanzar así unasociedad más justa, equitativa y solidaria, que fortalezca la <strong>de</strong>mocraciaen la región.Néstor KirchenerLuiz Inácio Lula da Silva316<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 316 25/10/2011 20:35:24


anexosANEXO 11FUNDO MERCOSUL DE APOIO ÀS PEQUENAS E MÉDIASEMPRESAS SISTEMA DE GARANTIASMERCOSUL/CMC/DEC. Nº 13/08FUNDO MERCOSUL DE APOIO ÀS PEQUENAS E MÉDIASEMPRESASTENDO EM VISTA: O Tratado <strong>de</strong> Assunção, o Protocolo <strong>de</strong> OuroPreto e as Decisões N° 22/07 e a 12/08 do Conselho do Mercado Comum;CONSIDERANDO:Que <strong>no</strong> Comunicado Conjunto <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2006 os Presi<strong>de</strong>ntes“instruíram aos Ministros das áreas vinculadas com a produção a <strong>de</strong>finiras pautas que conformarão o Pla<strong>no</strong> <strong>de</strong> Desenvolvimento e <strong>de</strong> IntegraçãoProdutiva Regional”;Que o Conselho do Mercado Comum, por Decisão Nº 12/08 aprovouo Programa <strong>de</strong> Integração Produtiva do MERCOSUL;Que seria benéfico para o processo <strong>de</strong> integração produtiva a criação<strong>de</strong> instrumentos para o estímulo e a promoção dos investimentos <strong>no</strong> setorprodutivo, complementando as iniciativas financiadas pelo Fundo paraa Convergência Estrutural do MERCOSUL – FOCEM;Que por Decisão CMC Nº 22/07 o Conselho do Mercado Comumencomendou ao Grupo Mercado Comum a proposta <strong>de</strong> alternativas para aconstituição <strong>de</strong> um Fundo MERCOSUL <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> envolvidas em iniciativas <strong>de</strong> integração produtiva;O CONSELHO DO MERCADO COMUMDECIDE:317<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 317 25/10/2011 20:35:24


afael <strong>de</strong> mello vidalArt. 1º - Criar o Fundo MERCOSUL <strong>de</strong> Apoio às <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> envolvidas em iniciativas <strong>de</strong> integração produtiva, que em suaprimeira fase instrumentará um Sistema <strong>de</strong> Garantias;Art. 2º - Criar um Grupo Ad Hoc, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do Grupo MercadoComum, cuja função será elaborar o marco <strong>no</strong>rmativo para o Sistema <strong>de</strong>Garantias referido. Para esses efeitos, o Grupo Ad Hoc <strong>de</strong>verá consi<strong>de</strong>raras propostas apresentadas ou que venham a ser apresentadas pelos EstadosPartes a respeito <strong>de</strong>sse assunto;Art. 3º - O Grupo Ad Hoc <strong>de</strong>verá elevar ao Grupo Mercado Comumum projeto <strong>de</strong> Estatuto para o Sistema <strong>de</strong> Garantias, para tratamento emsua última reunião do segundo semestre do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2008, com o fim <strong>de</strong> queseja encaminhado ao Conselho do Mercado Comum para consi<strong>de</strong>raçãoem sua última reunião ordinária <strong>de</strong> 2008;Art. 4º - O Grupo Ad Hoc <strong>de</strong>verá, ainda, propor ao Grupo MercadoComum outras modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento para <strong>Pequenas</strong> e <strong>Médias</strong><strong>Empresas</strong> envolvidas em processos <strong>de</strong> integração produtiva. Para talfim, o Grupo Ad Hoc encaminhará um relatório preliminar ao GrupoMercado Comum para tratamento em sua última reunião do segundosemestre do a<strong>no</strong> <strong>de</strong> 2008;Art. 5º - Esta Decisão não necessita ser incorporada ao or<strong>de</strong>namentojurídico dos Estados Partes por regulamentar aspectos da organizaçãoou do funcionamento do MERCOSUL.XXXV CMC, San Miguel <strong>de</strong> Tucumán, 30/VI/08318<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 318 25/10/2011 20:35:24


anexosTABELA 9Critérios <strong>de</strong> classificação para micro, pequenas, médias e gran<strong>de</strong>s empresas <strong>no</strong> Brasil, segundo número<strong>de</strong> empregados, receita operacional bruta anual e faturamento bruto anual, por gran<strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>econômicaFonte: Sebrae-MG. Elaboração: Banco <strong>de</strong> Dados da CBIC.Notas: (1) Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às <strong>Micro</strong> e <strong>Pequenas</strong> <strong>Empresas</strong>. (2) Fundação <strong>de</strong> Comércio Exterior. (3) BancoNacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico e Social. (4) Banco <strong>de</strong> Desenvolvimento do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais. (5) Bancodo Brasil. Critério <strong>de</strong> classificação segundo faturamento anual.319<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 319 25/10/2011 20:35:24


afael <strong>de</strong> mello vidalTABELA 10Participação das micro e pequenas empresas <strong>no</strong> total <strong>de</strong>estabelecimentos industriais, comerciais e <strong>de</strong> serviçosSetor <strong>Micro</strong> % Pequena Média Gran<strong>de</strong> %Indústria 15,0 82,85 12,77 4,38Comércio 52,5 90,92 7,79 1,29Serviço 32,5 93,56 5,42 1,02TOTAL 100,0 90,60 7,70 1,70Fonte: SEBRAE320<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 320 25/10/2011 20:35:24


anexosTABELA 11Expectativa <strong>de</strong> i<strong>no</strong>vação(empreendimentos com conteúdo i<strong>no</strong>vador)2004-2009 (em percentuais)Fonte: Extraído do Relatório Executivo SEBRAE/GEM (or<strong>de</strong>m modificada pelo autor,para maior clareza).321<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 321 25/10/2011 20:35:24


afael <strong>de</strong> mello vidalTABELA 12Brasil: Coeficientes <strong>de</strong> Exportação para o Mercosul1990-1996 [em %]Setor 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996Agropecuária 0,04 0,09 0,12 0,12 0,05 0,07 0,08Extrativa mineral 2,08 2,43 1,91 2,37 2,09 2,09 2,42Extração <strong>de</strong>petróleo e carvão0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,00Minerais nãometálicos0,26 0,50 0,62 0,92 0,77 0,74 0,87Si<strong>de</strong>rurgia 0,38 0,97 1,77 1,34 1,42 1,23 1,10Metalurgia dosnão ferrosos0,21 0,45 1,09 1,26 0,97 1,12 1,40Outros produtosmetalúrgicos0,25 0,53 0,92 1,17 1,03 1,05 1,15Máquinas etratores0,61 1,27 2,10 2,66 2,72 2,19 2,85Material elétrico 0,60 1,67 2,77 3,76 2,93 2,50 2,88Equipamentoseletrônicos0,39 0,77 0,89 0,73 0,59 0,43 0,86Automóveis,caminhões e 0,74 2,71 8,42 5,83 4,65 2,29 3,56ônibusPeças e outrosveículos0,64 1,61 4,14 4,86 4,16 3,76 4,80Ma<strong>de</strong>ira emobiliário0,05 0,16 0,62 0,92 0,93 0,63 0,71Celulose, papel egráfica0,24 0,79 1,27 1,92 1,46 1,42 1,49Borracha 0,94 2,24 2,89 3,17 3,22 2,70 3,40322<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 322 25/10/2011 20:35:24


anexosElementosquímicos0,57 0,76 1,09 1,16 1,30 1,60 1,67Refi<strong>no</strong> <strong>de</strong> petróleo 0,45 0,76 0,87 1,16 1,36 1,33 1,31Produtos químicosdiversos0,43 0,64 0,83 1,26 1,22 1,58 1,57Farmacêutica eperfumaria0,20 0,40 0,61 0,88 0,91 1,06 1,28Artigos <strong>de</strong> plástico 0,08 0,27 0,56 0,99 1,08 0,57 0,55Têxtil 0,28 0,78 1,43 1,87 1,45 1,39 1,82Vestuário 0,07 0,09 0,20 0,23 0,26 0,17 0,27323<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 323 25/10/2011 20:35:25


FormatoMancha gráficaPapelFontes15,5 x 22,5 cm12 x 18,3cmpólen soft 80g (miolo), cartão supremo 250g (capa)Times New Roman 17/20,4 (títulos),12/14 (textos)<strong>Empresas</strong> do Mercosul.indd 324 25/10/2011 20:35:25

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