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PROJETO MONSTRO DAS CARETAS: UM RELATO DE ... - USP

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<strong>PROJETO</strong> <strong>MONSTRO</strong> <strong>DAS</strong> <strong>CARETAS</strong>: <strong>UM</strong> <strong>RELATO</strong> <strong>DE</strong>EXPERIÊNCIAEixo 4 - Eixo 4 – Práticas Pedagógicas, Culturas Infantis e Produção Cultural paracrianças pequenas.Autoria: STELLA, Rosana & CASEMIRO, Juariana MicheliIntroduçãoO presente trabalho foi realizado na Creche/Pré-Escola Carochinha SAS/<strong>USP</strong>, emRibeirão Preto e teve a duração de seis meses, sendo iniciado em Maio e concluído emOutubro do ano de 2011. Tendo como base a Resolução No 5, de 17/12/2009 queinstituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil o presentetrabalho teve como diretriz orientadora uma das práticas proposta por esse documentona qual defende a garantia de “experiências que promovam os conhecimentos de si e domundo por meio de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem amovimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos dacriança”(MEC/SEB, 2010). As ações realizadas contemplaram um agrupamento de 12crianças, na faixa etária de 2 a 3 anos e foram inspiradas nos 5 eixos da PropostaPedagógica da instituição, a saber: 1) O brincar, 2) Construção de intimidade, 3)Construção de autonomia, 4) Construção de Identidade e 5) Meio Ambiente. Amotivação para o desenvolvimento das ações educativas ocorreu a partir dasobservações dos comportamentos das crianças e da constatação da necessidade deorganizar ações educativas que considerassem os sentimentos contraditórios queocorrem nas interações dessa faixa etária, sendo que, muitas vezes, emoções comoraiva/rejeição, carinho/aceitação etc são manifestadas no mesmo instante pelas crianças.ObjetivosO objetivo deste projeto foi organizar estratégias pedagógicas que ampliassem apercepção das crianças quanto à existência de diferentes sentimentos e emoções, tantode si próprias quanto dos amigos e, a partir disso, apresentar diferentes linguagens quepudessem ajudá-las na representação desses estados emocionais. Nossa intençãotambém era que pudessem ampliar os conhecimentos sobre si próprios e sobre o outro,podendo construir habilidades sociais que requerem a percepção do estado emocionaldo outro, bem como o uso de negociações para compartilhar brinquedos, seremsolidários uns aos outros em situações de dor etc.Desenvolvimento do TrabalhoA sala da turma foi organizada em diferentes ambientes, com espelhos, materiais ebrinquedos diversos, possibilitando conversas coletivas em roda, como tambémtrabalhos e/ou brincadeiras em pequenos grupos, situações de contação de histórias,brincadeiras gestuais com músicas, realização de desenhos (nas mesas ou no chão) etc.Todo o trabalho foi desenvolvido a partir de observações e intervenções que asprofessoras faziam diariamente dos interesses, sentimentos e comportamentos das


crianças e das conversas de roda. A música: “FÊIMM!”, de Thelma Chan (CD-Umconto que virou canto), muito querida e apreciada pelas crianças deste grupo que falavade um “Monstro das Caretas” e funcionou como desencadeadora deste projeto. Duranteos momentos em que ouvíamos essa canção propúnhamos de forma lúdica às criançasque representassem as várias formas de expressão facial. Percebemos que essabrincadeira era muito curtida pelo grupo e decidimos então montar um painel ondeforam colocados vários desenhos de “carinhas” com diferentes expressões: bravo, feliz,triste, assustado, doente, com medo, entre outros. Conforme as crianças faziamdiferentes expressões faciais durante as brincadeiras propostas íamos fotografando e, apartir destes registros fotográficos, montamos outro quadro que denominamos de“Quadro das Nossas Expressões”, nas quais cada criança representava as expressõesrelacionadas aos conteúdos das músicas ou brincadeiras trabalhadas. Tambémpropusemos ás crianças aventurarem-se em novos gestos e movimentos e também aimitarem os gestos ou expressões faciais de alguns adultos da instituição e também abrincarem de fazer expressões em frente ao espelho; assim podíamos ver os rostos dascrianças fazendo expressões diferentes: alegre, triste, feliz, com dor, chateada, doenteetc. As crianças também puderam registrar estas expressões através de desenhos, daatividade de modelagem com biscuit e/ou argila, e também confeccionar máscaras degesso, tendo a própria face para o molde. As contações de histórias e as rodas deconversa também foram estratégias importantes para os movimentos com gestos eexpressões faciais. Uma das histórias que o grupo mais curtiu foi: O TREM, de MaryFrança e Eliardo França (Editora Ática). Durante nossas rodas de conversa ou mesmoem situações de conflitos quando envolviam disputa de brinquedos ou situações ondeuma das crianças mostrava-se brava ou chateada, podíamos relacionar, em algumassituações, a situação vivida com a representação da expressão facial. Outra atividadetambém bastante curtida pelas crianças foi quando mostramos cartazes com diversasfisionomias e depois sugerimos que elas que fizessem expressões variadas imitando asfisionomias mostradas nos cartazes. Nessa ocasião, convidamos as crianças parabrincarem com fantasias oferecendo novas possibilidades de acessórios; as criançaspodiam se maquiar se quisessem e observar a própria imagem no espelho, brincando defazer caretas na frente dos mesmos. Esses momentos foram provocativos e muitocurtidos pelas crianças e adultos. Durante as rodas de conversa muitas crianças seexpunham, falando e gesticulando com animação sobre fatos agradáveis e outrosdesagradáveis que ocorriam dentro e fora da instituição, conseguiam expressar como sesentiam diante de tais fatos, nomeando suas emoções, percebendo comportamentosintencionais ou não intencionais e compreendendo a(s) reação(s) do(s) outro(s).Pudemos observar um movimento por parte das crianças em quererem saber o que oamigo sentia diante de algumas situações. Na nossa avaliação, a ampliação do repertóriolingüístico relacionado aos nomes das várias emoções e/ou sentimentos colaboram nodesenvolvimento de habilidades e competências sociais durante as interações ondeapareciam conflitos, tais como: disputas de brinquedo, momento de sentar-se á mesa,disputa pelo colo da professora, entre outras. As ações realizadas foram compartilhadascom as famílias e outros adultos e crianças dos demais agrupamentos da Creche e Préescoladurante a 11ª Mostra da Creche Carochinha: Experiências Múltiplas, em 2011.Foram organizados painéis com fotos e escrita das atividades, fotos das criançasmanifestando as diferentes expressões e exposição das máscaras.Considerações Finais


As ações realizadas se constituíram como diz Ana Paula Soares da Silva (2010)em “zonas de possibilidades de construção do eu e do outro”. Nessas oportunidades ascrianças puderam ampliar os conhecimentos sobre si e sobre o(s) outro(s). Sabemos apartir das leituras de Wallon que isso só é possível, como nos diz esta mesma autora,através de um “empreendimento relacional e coletivo”, onde o diálogo eu-outro ocorrenum movimento permanente de fusão e diferenciação. E onde os professores além de seconstituírem como outros com quem a crianças interagem, eles também se constituemcomo bem coloca esta mesma autora, em mediadores importantes que têm o poder deorganizar vivências ao longo de todo dia para que estas constituam o seu Eu. E nósacrescentaríamos outra tarefa importante na função docente que é a de dar visibilidadeao processo, não só nas interações com as crianças, mas também organizandoexposições, selecionado e relatando ações, gestos e falas das crianças. Assim, a nossover, as estratégias pedagógicas realizadas deram visibilidade ao processo de construçãoda identidade de cada uma das crianças e também da construção de intimidade da turma.Procuramos ao longo do desenvolvimento do projeto garantir, como colocados nasdiretrizes Curriculares Nacionais “os princípios éticos da autonomia, da solidariedade erespeito ao bem comum, bem como às diferentes identidades e singularidades”. Assimcomo “os princípios políticos dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e dorespeito á ordem democrática”. Durante as propostas, as crianças eram convidadas a seexpressarem e a representarem estas diferentes expressões a partir das diferenteslinguagens: corporal (através das brincadeiras de gestos/mímicas), oral (nas inúmerasrodas de conversa com a turma ou nas interações entre elas), escrita (quandoperguntávamos a elas o que estava escrito nos quadros com as expressões, durante asatividades de leitura e contação de histórias etc), plástica (desenhos, modelagem,pinturas, construção das máscaras etc), musical (cantando e ouvindo músicasselecionadas pelas professoras que envolviam o assunto) etc. Com isso avaliamos que asações também respeitaram “os princípios estéticos da sensibilidade, criatividade e daliberdade de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais”.Pudemos observar que com o passar dos meses que as crianças resolviam assituações de tensões e conflitos com mais autonomia. As participações dos adultostambém aparecem delineadas resultando segurança nas ações educativas, liderando osconteúdos e estratégias planejadas para a faixa etária podendo escutar e responder ocoletivo de crianças. Acreditamos que ao compartilhar as ações desenvolvidaspossamos inspirar outros professores a organizar novas práticas que considerem que astensões estão na base da construção na medida em que contribuímos para a reflexão daimportância fundamental da mediação dos professores na criação e organização devivências que possibilitem às crianças ampliarem de maneira lúdica os conhecimentossobre si próprios.ResumoProjeto Monstro das Caretas: um relato de experiênciaSTELLA, Rosana & CASEMIRO, Juariana MicheliTrabalho desenvolvido com crianças de 2 a 3 anos (Creche/Pré-Escola CarochinhaSAS/<strong>USP</strong>-RP) 2011, durante 6 meses. Buscamos planejar ações e situações educativasque considerassem as múltiplas linguagens e os sentimentos e emoções contraditórias,como: raiva/rejeição, carinho/aceitação, manifestados ao mesmo tempo nas interaçõesinfantis. O ambiente foi organizado com espelhos e brinquedos diversos, possibilitando


conversas coletivas em roda e em pequenos grupos. Iniciamos com a música“FÊIMM!”, de Thelma Chan. Durante as atividades as crianças brincaram eexperimentaram realizar diferentes expressões faciais: brava, feliz, triste, medo, entreoutras que foram registradas em fotos, desenhos e comparadas com quadro de símbolos.Tivemos também a confecção de máscaras individuais e muitas conversas em roda ondeas crianças se expuseram, falaram e gesticularam sobre fatos agradáveis e desagradáveisacontecidos com familiares e amigos.Referências bibliográficasGALVÃO, Izabel. A questão do movimento no cotidiano de uma pré-escola.In: Cad. Pesq. São Paulo, no 98, pg 37-49, Agosto, 1996.MEC/SEB. Diretoria de Concepções e Orientações Curriculares para EducaçãoBásica. Coordenação Geral da Educação Infantil. Diretrizes Curriculares Nacionaispara Educação Infantil. Brasília, Brasil. 2010MEC/SEB. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial CurricularNacional Para Educação Infantil. Volume I. Brasília, Brasil. 1988.SOARES DA SILVA, Ana Paula. A construção de identidades e de sujeitosna Educação Infantil. In: O dia a dia nas creches e pré-escolas – crônicas brasileiras.MELLO, Ana (orgs). Artmed, 2010.UNIVERSIDA<strong>DE</strong> <strong>DE</strong> SÃO PAULO/COSEAS. Apresentando a Creche/Pré-Escola Carochinha. Ribeirão Preto, São Paulo, 2011.

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