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A legitimação do intelectual negro no meio acadêmico brasileiro

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mestra<strong>do</strong> Do silêncio <strong>do</strong> lar ao silêncio escolar: racismo, preconceitoe discriminação na educação infantil, defendida na FE/USP,pela professora Eliane Cavalleiro, são estarrece<strong>do</strong>ras. A autora constatou,em uma pré-escola municipal, num bairro de classe média de SãoPaulo, que professoras tratam com e<strong>no</strong>rme diferença alu<strong>no</strong>s <strong>negro</strong>s.São mais impacientes, me<strong>no</strong>s carinhosas, chegam a humilhar as criançasnegras com expressões impensáveis para quem é responsável poreducar. 57 Na Bahia, a “região mais negra <strong>do</strong> país”, o quadro é maisgrave. Cerca de 80% da população é formada por <strong>negro</strong>s. Se 73,2%<strong>do</strong>s jovens brancos, entre 15 e 17 a<strong>no</strong>s, só estudam, este índice cai para53,2%, entre os jovens <strong>negro</strong>s. Se, por um la<strong>do</strong>, tem aumenta<strong>do</strong> a proporçãode estudantes universitários <strong>negro</strong>s, estes ingressam <strong>no</strong>s cursosde me<strong>no</strong>r prestígio. 58Sou alu<strong>no</strong> regular <strong>do</strong> PPGAS (Programa de Pós-graduação emAntropologia e Sociologia) da UnB, considera<strong>do</strong> de excelência, pelaCAPES. Entretanto, neste programa tenho vivencia<strong>do</strong> experiências queexatamente não me inscrevem pelo meu mérito <strong>intelectual</strong>, mas, comosujeito constituí<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong>, através da experiência histórica discursivada minha condição racial. Pensar sobre esta experiência na UnB,portanto, é tentar historicizar a identidade daquilo ou daqueles que aproduziram, é ordenar e interpretar os <strong>do</strong>mínios e ações sociais que merevelaram como <strong>negro</strong> inferior, suspeito, estrangeiro, fora de lugar,desestabiliza<strong>do</strong>r. 59Porém, como pode um <strong>intelectual</strong> <strong>negro</strong> articular o confronto naacademia sem confundir sua fala com o discurso militante? Como podeincorporar em sua fala a ousadia, a criatividade, a acuidade que muitasvezes os movimentos <strong>negro</strong>s organiza<strong>do</strong>s demonstram ter, uma vez quesua subalternidade a categorias de gênero, de raça, étnicas e de pertencimento,requer <strong>do</strong> antropólogo <strong>negro</strong>, <strong>no</strong> campo, a categorização ante-585960Estes da<strong>do</strong>s estão disponíveis <strong>no</strong> site <strong>do</strong> Programa A Cor da Bahia, da UFBA. A propósito vertambém, Delcele Mascarenhas Queiroz, “Desigualdades raciais <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> superior: a cor daUFBA” in Educação, racismo e anti-racismo (Salva<strong>do</strong>r, Novos Toques/Programa A Cor daBahia/Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e CiênciasHumanas da UFBA, 2000), pp. 11-44.Scott, “Experience”.Sansone, “O Olhar Forasteiro”.Afro-Ásia, 25-26 (2001), 281-312 305

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