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A legitimação do intelectual negro no meio acadêmico brasileiro

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Mais tarde, em outro trabalho 53 , Thales de Azeve<strong>do</strong> afirma que<strong>no</strong> Brasil não faltam evidências de que a interação entre brancos e <strong>negro</strong>ssão excepcionalmente tranqüilas, de que o preconceito, a discriminação,as preterições por motivo de “raça” são repeli<strong>do</strong>s como antagônicosaos valores abertamente aceitos e de que a democracia racial,para as elites e o senso comum, mais <strong>do</strong> que a expressão de uma realidadehistórica, seria uma virtude própria, inata, exclusiva e espontânea<strong>do</strong> povo <strong>brasileiro</strong>. Observa, entretanto, que é preciso ver até onde issoé inteiramente verdadeiro, até onde na “prática a teoria é outra” e taldiscussão se torna “um tema proibi<strong>do</strong>, ao me<strong>no</strong>s eticamente veda<strong>do</strong> àanálise porque nada importa, nada realmente significa ou, ainda porquedesperta a atenção para um fenôme<strong>no</strong> que não deve ser ressalta<strong>do</strong> pornegar a evidência ou poder excitar supostas vítimas”. 54Para Guimarães, Thales de Azeve<strong>do</strong> acompanhou, como poucos,as mudanças <strong>do</strong> científico ao politicamente correto: “Oriun<strong>do</strong> <strong>do</strong> berçomais <strong>no</strong>bre <strong>do</strong> racismo científico <strong>brasileiro</strong>, aju<strong>do</strong>u, com seus primeirostrabalhos, a feri-lo de morte, estabelecen<strong>do</strong> o <strong>no</strong>vo consenso culturalistade negação das raças, de afirmação das cores e de louvação <strong>do</strong>s ideaisde democracia racial. Não durou muito, todavia, para passar a militarcontra a ideologização desse <strong>no</strong>vo consenso, desmascaran<strong>do</strong> as racionalizaçõese revelan<strong>do</strong> as discriminações e preconceitos raciais e decor”. 55 Deste mo<strong>do</strong>, submeti<strong>do</strong> as pressões sociais de seu tempo, mascomprometi<strong>do</strong> com “uma sociologia branca sobre o <strong>negro</strong>”, realmentecontribuiu dura<strong>do</strong>uramente para os estu<strong>do</strong>s das relações raciais <strong>no</strong> Brasil,porém, <strong>no</strong> que diz respeito à luta anti-racista, antes que dura<strong>do</strong>ura,sua contribuição foi politicamente compromete<strong>do</strong>ra. Ao publicar As eli-5455Azeve<strong>do</strong>, Democracia Racial, p. 5.Guimarães, Racismo e Anti-racismo, p. 145.Afro-Ásia, 25-26 (2001), 281-312 303

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