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A legitimação do intelectual negro no meio acadêmico brasileiro

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acomoda <strong>no</strong> argumento de Donald Pierson 48 , sobre a assimilação eaculturação <strong>do</strong> <strong>negro</strong> ao mun<strong>do</strong> branco, e na idéia de que a Bahia é umasociedade multirracial de classes. De fato, naquele contexto, em que umautor branco, <strong>no</strong>rte-america<strong>no</strong>, numa obra de repercussão internacional,já havia corrobora<strong>do</strong> a desigualdade racial, As elites de cor, contrarian<strong>do</strong>as <strong>no</strong>tas et<strong>no</strong>gráficas <strong>do</strong> seu autor, foi “uma mo<strong>no</strong>grafia engajada comuma certa política racial e com um programa anti-racista bem defini<strong>do</strong>,encampa<strong>do</strong> pela Unesco. Tratava-se de demonstrar a possibilidade empíricade convivência de raças e etnias diversas, com o mínimo de tensão econflito raciais”. 49 Este engajamento é curioso se lembramos que, em1953, Alfred Metraux, o coordena<strong>do</strong>r das pesquisas da Unesco <strong>no</strong> Brasil,solicitou de Thales de Azeve<strong>do</strong> a exclusão de <strong>do</strong>is outros artigos da ediçãoem francês de As elites de cor e, apenas três a<strong>no</strong>s depois, o autor publicou“Classes sociais e grupos de prestígio”, <strong>no</strong>s Arquivos da Universidadeda Bahia; Faculdade de Filosofia, permitin<strong>do</strong> a criação da controvérsiasobre se, de fato, teria si<strong>do</strong> este o segun<strong>do</strong> artigo excluí<strong>do</strong>. 50Como leva a crer Guimarães 51 , Thales de Azeve<strong>do</strong>, já em Aselites de cor, tinha consciência <strong>do</strong> forte ideário assimilacionista da épo-495051Antonio Sérgio Alfre<strong>do</strong> Guimarães, Racismo e Anti-racismo <strong>no</strong> Brasil, São Paulo, Ed. 34. 1999,p. 130.Na edição de 1996, sobre “Classes sociais e grupos de prestígio”, anexa<strong>do</strong> a As elites de cornuma Cidade Brasileira, Maria Azeve<strong>do</strong> Brandão escreveu a seguinte <strong>no</strong>ta: “Este ensaio foipublica<strong>do</strong> pela primeira vez em 1956, <strong>no</strong>s Arquivos da Universidade da Bahia; Faculdade deFilosofia, Salva<strong>do</strong>r, vol.5, p.81-91,1956, porém fora originalmente esboça<strong>do</strong> para integrar, juntamentecom Índios, brancos e pretos <strong>no</strong> Brasil Colonial, 1953, o trabalho que viria a ser Aselites de cor. No prefácio a Ensaios de Antropologia, Salva<strong>do</strong>r, Universidade da Bahia, 1959,que inclui esses <strong>do</strong>is textos, o autor informa que a exclusão <strong>do</strong>s mesmos de Les élites não teriaocorri<strong>do</strong> ‘...não houvesse deseja<strong>do</strong> Métraux o tipo de apresentação indica<strong>do</strong>..., (isto é) um livrosobre uma situação, a das relações raciais e a da ascensão social das pessoas de cor em umacidade brasileira, que servisse para mostrar a outros povos uma solução para o problema <strong>do</strong>convívio entre tipos étnicos diferentes’. Mas a importância deste ensaio não poderia dispensá-lodesta edição” (Azeve<strong>do</strong> Brandão, in Azeve<strong>do</strong>, As elites de cor, p.167). Para Guimarães, Racismoe Anti-racismo <strong>no</strong> Brasil, p. 130, se parece óbvio que Thales de Azeve<strong>do</strong> se refere a “Índios,brancos e pretos <strong>no</strong> Brasil colonial: as relações interraciais na cidade da Bahia” como um <strong>do</strong>sartigos excluí<strong>do</strong>s por sugestão de Metraux, de fato, é mais difícil aceitar que o outro fosse “Classessociais e grupos de prestígio”. Publica<strong>do</strong> apenas em 1956, traz cinco referências, <strong>do</strong> total de<strong>no</strong>ve, a obras publicadas depois de 1954. De qualquer mo<strong>do</strong>, Guimarães não descarta a possibilidade<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> artigo excluí<strong>do</strong> ter si<strong>do</strong> realmente “Classes sociais e grupos de prestígio”.Além disso, tanto Guimarães quanto Brandão parecem concordar que “Índios, brancos e pretos<strong>no</strong> Brasil colonial” já significava uma ênfase <strong>no</strong> preconceito e discriminação racial.Guimarães, Racismo e Anti-racismo, p. 131.Afro-Ásia, 25-26 (2001), 281-312 301

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