12.07.2015 Views

A legitimação do intelectual negro no meio acadêmico brasileiro

A legitimação do intelectual negro no meio acadêmico brasileiro

A legitimação do intelectual negro no meio acadêmico brasileiro

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Sobre As elites de cor numa cidade brasileira, Antônio SérgioGuimarães, cita<strong>do</strong> por Maria Brandão, afirma que “<strong>do</strong> ponto de vistateórico, o estu<strong>do</strong> pouco i<strong>no</strong>va em relação a Pierson, a quem, de fato,toma empresta<strong>do</strong> a tese de que o Brasil é uma sociedade multirracialde classes. Do ponto de vista et<strong>no</strong>gráfico, entretanto, o ensaio i<strong>no</strong>vamuito ao constatar e <strong>do</strong>cumentar a importância <strong>do</strong> status atribuí<strong>do</strong>, principalmentea origem familiar e a cor, sobre o status adquiri<strong>do</strong>, comoaquele proveniente da riqueza e da ocupação”. 43Concor<strong>do</strong> que a originalidade de As elites de cor contribuiu muitopara os estu<strong>do</strong>s das relações raciais <strong>no</strong> Brasil. Ao a<strong>no</strong>tar e definir categoriasnativas de cor — branco, preto, mulato, par<strong>do</strong>, more<strong>no</strong> e caboclo—, Thales de Azeve<strong>do</strong> explicita os imbricamentos entre classe, cor estatus já sugeri<strong>do</strong>s em Ruth Landes e até mesmo em Nina Rodrigues,quan<strong>do</strong> distingue o <strong>negro</strong> dig<strong>no</strong> de respeito, <strong>do</strong> <strong>negro</strong> como grupo racial.Enfatizan<strong>do</strong> estas categorias, institui <strong>no</strong>s estu<strong>do</strong>s das relações raciaisum <strong>no</strong>vo “background et<strong>no</strong>-racial” que revela o “gosto étnico” e racial<strong>do</strong>s seus nativos. Este “gosto étnico” e racial manifesta<strong>do</strong> sempre deforma ambígua, relacional, num contexto racializa<strong>do</strong>, <strong>no</strong> qual ainda éconstrange<strong>do</strong>r falar sobre discriminação racial e preconceito, vai conduzirThales de Azeve<strong>do</strong> a desenvolver, em “Classes sociais e grupos deprestígio”, a fundamental distinção entre “status atribuí<strong>do</strong>” e “statusadquiri<strong>do</strong>”.Porém, assim como Édison Carneiro, Thales de Azeve<strong>do</strong> não discutenem explicita o seu insiderism <strong>no</strong> campo de pesquisa, ou seja, atendência em se acreditar que as melhores ou as únicas interpretaçõespossíveis de um fenôme<strong>no</strong> sociocultural são aquelas <strong>do</strong>s nativos, <strong>do</strong>sinsiders. 44 Tanto é assim que da<strong>do</strong>s e depoimentos ambíguos, duranteto<strong>do</strong> o livro, são apenas descritos, as falas <strong>do</strong>s informantes se tornam aconfirmação de uma sociedade multirracial de classes, <strong>no</strong> qual o mun<strong>do</strong>branco tende à integridade racial e cultural e o <strong>negro</strong> é descontínuo econtraditório em tantas categorias de cor, atribuídas e adquiridas. Neste4344Azeve<strong>do</strong>, As elites de cor, p. 16.Livio Sansone, “O Olhar Forasteiro: Seduções e Ambigüidades das Relações Raciais <strong>no</strong> Brasil”,in Jeferson Bacelar e Carlos Caroso, Brasil: um país de <strong>negro</strong>s? (Rio de Janeiro/Salva<strong>do</strong>r, Pallas/CEAO, 1999), pp.15-33.Afro-Ásia, 25-26 (2001), 281-312 299

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!