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A legitimação do intelectual negro no meio acadêmico brasileiro

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<strong>do</strong>, <strong>no</strong> decorrer <strong>do</strong> tempo, de uma postura de busca da origem e <strong>do</strong>culturalismo para uma perspectiva mais sociológicaPelo me<strong>no</strong>s enquanto residiu na Bahia (até 1940), sua obra eatuação, em relação aos cultos afro-<strong>brasileiro</strong>s, são muito marcadaspela influência de Nina Rodrigues e Artur Ramos. É dan<strong>do</strong>continuidade às preocupações destes autores que Édison Carneirotentará conseguir para os can<strong>do</strong>mblés não só legitimidade, mastambém legalização e, neste processo, faz-se um recorte em que seprivilegia a África. (...) a linha básica da argumentação para o pedi<strong>do</strong>de legalização <strong>do</strong> Can<strong>do</strong>mblé é o fato de ser ele religião, idéiaque vinha sen<strong>do</strong> trabalhada, desde Nina Rodrigues, restritivamenteem relação ao nagô, e que Édison Carneiro alarga para abranger asoutras formas religiosas trazidas da África. A busca pelo reconhecimentolegal era circunscrita, pelos limites da herança africana,sobretu<strong>do</strong> da tradição mais pura. Como a feitiçaria, o charlatanismoe a exploração que – segun<strong>do</strong> ele – campeavam entre os can<strong>do</strong>mblésde caboclo eram obstáculos ao reconhecimento legal <strong>do</strong> Can<strong>do</strong>mblécomo religião, era necessário fiscalizar e controlar a orto<strong>do</strong>xia<strong>do</strong>s cultos. 29Enfim, a obsessão por uma África idealizada, a recusa da magiae ênfase <strong>no</strong>s aspectos religiosos <strong>do</strong> Can<strong>do</strong>mblé, a defesa <strong>do</strong>s terreirosmais “tradicionais”, como suportes <strong>do</strong> “verdadeiro can<strong>do</strong>mblé”, a recusada reinterpretação da África e a desestruturação simbólica que osafro-<strong>brasileiro</strong>s não filia<strong>do</strong>s aos terreiros Jeje-nagô realizavam, são limites<strong>do</strong> trabalho de Édison Carneiro, critica<strong>do</strong>s por vários autores. 30 Alémdisso, Dantas observa que a perspectiva teórico-meto<strong>do</strong>lógica de umautor como Édison Carneiro contribuiu para a exotização <strong>do</strong>s cultos afro<strong>brasileiro</strong>se transformação <strong>do</strong> Can<strong>do</strong>mblé em símbolo de uma supostademocracia racial e cultural, deseja<strong>do</strong> pelos brancos porque <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>.2930Dantas, Vovó Nagô e Papai Branco, p. 190-191.Fry, “Homossexualidade Masculina”; Dantas, Vovó Nagô e Papai Branco; Birman, Fazer EstiloCrian<strong>do</strong> Gêneros; Santos, O Do<strong>no</strong> da Terra; José Jorge de Carvalho, “Violência e Caos naExperiência Religiosa”, Religião e Sociedade, 15/1, Rio de Janeiro, Campus, 1990, pp. 9-67;Clóvis Moura, Sociologia <strong>do</strong> Negro Brasileiro, São Paulo, Ática, 1988; entre outros.294 Afro-Ásia, 25-26 (2001), 281-312

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