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A legitimação do intelectual negro no meio acadêmico brasileiro

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intelectuais e o “povo de santo” a União das Seitas Afro-Brasileiras.Reconhecia, ainda que de certa forma monitoran<strong>do</strong>-os 25 , a dignidade eautoridade <strong>intelectual</strong> de lideranças negras <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> Can<strong>do</strong>mblébaia<strong>no</strong>, sen<strong>do</strong> uma demonstração disso, o convite que fez ao BabalaôMartinia<strong>no</strong> Eliseu <strong>do</strong> Bonfim para que exercesse a Presidência de Honra<strong>do</strong> 2 o Congresso Afro-Brasileiro e à Ialorixá Eugênia Ana <strong>do</strong>s Santos,conhecida como Mãe Aninha, <strong>do</strong> terreiro Axé Opô Afonjá, para queescrevesse o que se chamou “Notas sobre comestíveis africa<strong>no</strong>s”, apresenta<strong>do</strong>aos participantes deste congresso, organiza<strong>do</strong> por Carneiro,Ayda<strong>no</strong> <strong>do</strong> Couto Ferraz e Reginal<strong>do</strong> Guimarães, em Salva<strong>do</strong>r, em 1937. 26Além disso, sua projeção como <strong>intelectual</strong> descontente com a injustiçasocial e racial, num momento em que o Brasil vivia sob a ditadura <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> Novo, lhe obrigou a viver, durante os a<strong>no</strong>s de 37/38, fugin<strong>do</strong> dapolícia política caça<strong>do</strong>ra de “comunistas”. 27Em Can<strong>do</strong>mblés da Bahia, Carneiro cita <strong>no</strong>mes de famosos sacer<strong>do</strong>tese sacer<strong>do</strong>tisas de poderosos terreiros da Bahia, com a intimidadee naturalidade de quem conviveu muito perto e em muitas circunstânciascom to<strong>do</strong>s eles. Bastante influencia<strong>do</strong> por Nina Rodrigues, absorveu<strong>do</strong> “mestre” o méto<strong>do</strong> genético de procurar a África na Bahia,mas criticou o exclusivismo sudanês deste que, em sua opinião, o teriaimpedi<strong>do</strong> de conhecer os <strong>negro</strong>s bantos, a capoeira, o batuque, umasérie de festas populares de origem banto e os can<strong>do</strong>mblés Congo/Angola.28 Obceca<strong>do</strong> pela preservação das raízes africanas na Bahia, defineo tronco genealógico forma<strong>do</strong> pelos terreiros Jeje-nagô/Ketu CasaBranca, Axé Opô Afonjá e Gantois como a inspiração institucional, física,ritual e mítica de to<strong>do</strong>s os can<strong>do</strong>mblés, inclusive os Congo/Angola.Neste senti<strong>do</strong>, observa Dantas que, em relação aos cultos afro-<strong>brasileiro</strong>se manifestações culturais populares, Édison Carneiro, tenha muda-262728Em relação aos termos ioruba<strong>no</strong>s “babalaô” e “ialorixá”, Carneiro, Can<strong>do</strong>mblés da Bahia (s/d),pp. 128;149, explica que o primeiro teria si<strong>do</strong> uma espécie de advinho, conselheiro e sacer<strong>do</strong>teantigo que fora <strong>do</strong> can<strong>do</strong>mblé se dedicava ao culto <strong>do</strong> deus da advinhação Ifá (Nagô) ou Fá(JeJe), representa<strong>do</strong> pelo fruto <strong>do</strong> dendezeiro. O segun<strong>do</strong> ainda é termo com o qual se chama amulher cuja autoridade espiritual num terreiro de can<strong>do</strong>mblé só se curva a <strong>do</strong>s Orixás.Waldir Freitas Oliveira e Vival<strong>do</strong> da Costa Lima, Cartas de Édison Carneiro a Artur Ramos,São Paulo, Corrupio, 1987, p. 46.Carneiro, Ursa Maior, p.56.Afro-Ásia, 25-26 (2001), 281-312 293

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