12.07.2015 Views

Barbara Beatriz Maia Pinto Alves.pdf - Universidade Católica de ...

Barbara Beatriz Maia Pinto Alves.pdf - Universidade Católica de ...

Barbara Beatriz Maia Pinto Alves.pdf - Universidade Católica de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

evisaoD aUNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIAPRÓ REITORIA DE GRADUAÇÃOCURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAISPRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃOTRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSORelações InternacionaisA IMPORTÂNCIA DA COOPERAÇÃO DESCENTRALIZADA DE ENTESSUBNACIONAIS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS:o caso <strong>de</strong> Belo Horizonte.Bárbara <strong>Beatriz</strong> <strong>Maia</strong> <strong>Pinto</strong> <strong>Alves</strong>Orientador: Professor Juliano CortinhasO Papel da Cooperação Internacional Descentralizada <strong>de</strong>Entes Subnacionais nas Relações Internacionais: o caso<strong>de</strong> Belo HorizonteAluna: Bárbara <strong>Beatriz</strong> <strong>Maia</strong> <strong>Pinto</strong> <strong>Alves</strong>Orientador: Professor Msc. Juliano CortinhasBrasília – DF2009


O PAPEL DA COOPERAÇÃO DESCENTRALIZADA DE ENTES SUBNACIONAISNAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS:o caso <strong>de</strong> Belo Horizonte.Monografia apresentada ao Curso <strong>de</strong> RelaçõesInternacionais da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Católica <strong>de</strong> Brasília comorequisito parcial para obtenção do título <strong>de</strong> Bacharel emRelações Internacionais.Orientador: Juliano CortinhasBrasília2009TERMO DE APROVAÇÃO


Monografia <strong>de</strong>fendida e aprovada como requisito parcial para aobtenção do título <strong>de</strong> Bacharel em Relações Internacionais, em XX <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong>2009, pela banca examinadora constituída por:Juliano CortinhasRodrigo Pires <strong>de</strong> CamposWilson AlmeidaBrasíliaUCB


Dedico este trabalho à minha família.À família maravilhosa que Deus me <strong>de</strong>u,e à família que tive o prazer <strong>de</strong> escolher.


Agra<strong>de</strong>ço a Deus que me <strong>de</strong>u costas fortes e vistas boas.Aos meus pais que me ensinaram a verda<strong>de</strong>ira força da inter<strong>de</strong>pendência.Aos meus avós que me mostram a importância da tradição.Ao meu orientador que tornou meus pensamentos mais teóricos.E aos meus alter egos que souberam ser subnacionais por alguns meses.E Agra<strong>de</strong>ço também a SAF, na figura <strong>de</strong> Alberto Kleiman por sua cooperação;E à Prefeitura <strong>de</strong> BH, na figura <strong>de</strong> Stephania Aleixo por toda sua gentileza e <strong>de</strong>Rodrigo Perpétuo por sua prestativida<strong>de</strong>.


LISTA DE TABELASTabela I – Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Influência das Cida<strong>de</strong>s – 2008


LISTA DE QUADROSQUADRO I - Parcerias Internacionais das Unida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>radas Brasileiras naAssinatura <strong>de</strong> Atos InformaisQUADRO II - Distribuição da Ativida<strong>de</strong> Paradiplomática no Brasil por Áreas eObjetivos (bilaterais)


LISTA DE MAPASMapas <strong>de</strong> Belo Horizonte - Região Administrativa (esq.) e Região Metropolitana (dir.)


LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLASABC - Agência Brasileira <strong>de</strong> CooperaçãoABM - Associação Brasileira <strong>de</strong> MunicípiosAEFEPA – Assessoria Especial para Assuntos Fe<strong>de</strong>rativos e ParlamentaresAICE - Associação Internacional das Cida<strong>de</strong>s EducadorasANCI - Associação Nacional das Prefeituras ItalianasASSTRA - Associação Nacional das Empresas <strong>de</strong> Transporte Público da ItáliaBH – Belo HorizonteBID – Banco Interamericano <strong>de</strong> DesenvolvimentoBIRD – Banco MundialCAF - Comitê <strong>de</strong> Articulação Fe<strong>de</strong>rativaCAN Comunida<strong>de</strong> Andina <strong>de</strong> NaçõesCGLU – Cida<strong>de</strong>s e Governos Locais UnidosCIDEU - Centro Ibero-Americano <strong>de</strong> Desenvolvimento Estratégico UrbanoCNM - Confe<strong>de</strong>ração Nacional dos Municípios e aFEMI-CA - Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Municípios do Istmo CentroCAN Comunida<strong>de</strong> Andina <strong>de</strong> NaçõesFLACMA - Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s, Municípios e AssociaçõesFNP - Frente Nacional dos PrefeitosGVC - Gruppo di Volontariato CivileIBAS - Fórum <strong>de</strong> Diálogo Índia- Brasil- África do SulIBGE – Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e EstatísticaICLEI - Conselho Internacional para Iniciativas Ambientais LocaisODM - Objetivos do MilênioOIT – Organização Internacional do TrabalhoONG – Organização Não GovernamentalONU – Organização das Nações UnidasPBH – Prefeitura <strong>de</strong> Belo HorizontePIB – Produto Interno BrutoRME - Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> EnsinoSAF – Subchefia <strong>de</strong> Assuntos Fe<strong>de</strong>rativosSEMOB – Secretaria <strong>de</strong> Mobilida<strong>de</strong> UrbanaSMARI – Secretaria Municipal Adjunta <strong>de</strong> Relações Internacionais


UCCI - União das Cida<strong>de</strong>s e Capitais Ibero-AmericanasUPI - União das Províncias Italianas


SUMÁRIO1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 21.1 – Problema e sua importância ........................................................................................... 21.2 – Hipótese ......................................................................................................................... 81.3 - Objetivo Geral ................................................................................................................ 91.4 – Objetivos Específicos .................................................................................................... 91.5 – Metodologia ................................................................................................................... 92 – REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................... 112.1 – Revisão Bibliográfica .................................................................................................. 112.2 – Marco Teórico ............................................................................................................. 213 - DESENVOLVIMENTO ..................................................................................................... 253.1 – Capítulo 1 – ................................................................................................................. 253.2 - Capítulo 2 – .................................................................................................................. 313.3 – Capítulo 3 – ................................................................................................................. 444 - CONCLUSÃO .................................................................................................................... 655 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 675.1 – Obras Impressas .......................................................................................................... 675.1.1– Livros ......................................................................................................................... 675.1.2 - Teses, Artigos e Dissertações .................................................................................... 685.2 – Outras Obras ................................................................................................................ 685.2.1 – Websites.................................................................................................................... 685.2.3 - Entrevistas ................................................................................................................. 69


RESUMOO fim da Guerra Fria trouxe mudanças para o Sistema Internacional, oestabelecimento <strong>de</strong> novos atores, o fim da bipolarida<strong>de</strong> e a aceleração daglobalização foram elementos que contribuíram para o estabelecimento <strong>de</strong> novostipos <strong>de</strong> cooperação. Este trabalho faz uma breve análise do surgimento <strong>de</strong> um tipo<strong>de</strong> cooperação específico: a cooperação <strong>de</strong>scentralizada. Este tipo <strong>de</strong> cooperação éaquela realizada por entes subnacionais (municípios, estados e outras unida<strong>de</strong>s dafe<strong>de</strong>ração), e para melhor compreen<strong>de</strong>r seu funcionamento foi selecionado omunicípio <strong>de</strong> Belo Horizonte, que possibilitou a verificação da sua inserçãointernacional, da utilização da cooperação <strong>de</strong>scentralizada pelo município paraaten<strong>de</strong>r seus interesses e também como forma <strong>de</strong> política pública e governamental.


ABSTRACTThe end of the cold war has brought changes to the International System, theestablishment of new actors, the end of bipolarity and the acceleration ofglobalization were contributing factors to the establishment of new forms ofcooperation. This work makes a brief analysis of the emergence of a specific form ofcooperation: <strong>de</strong>centralized cooperation. This form of cooperation is that held by subnationalentities (Cities, States and other units of the Fe<strong>de</strong>ration), and to betterun<strong>de</strong>rstand its functioning the city of Belo Horizonte was selected, allowing theverification of the city’s international insertion, the use of <strong>de</strong>centralized cooperationby the municipality to serve its interests and also as a means of public policy andgovernment.


21 – INTRODUÇÃO1.1 – Problema e sua importânciaAs Relações Internacionais possuem diferentes abordagens teóricas queanalisam o comportamento <strong>de</strong> atores internacionais. Essa relação, composta pordois ou mais atores, incluirá na maioria das vezes, o Estado como um <strong>de</strong>les.Contudo, na maioria das abordagens teóricas hoje existentes, o Estado não só é umcomponente, mas o ator principal. O Realismo é a teoria que mais centraliza aposição do Estado <strong>de</strong>ntro do Sistema Internacional, caracterizando-o como o únicocapaz <strong>de</strong> realizar ações internacionais. De forma que caberia sempre ao governocentral <strong>de</strong> cada Estado o comando das forças armadas e a celebração <strong>de</strong> acordos etratados internacionais, o que dá ao Estado o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão entre a paz e aguerra, e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> participação exclusiva nas negociações internacionais.Apesar <strong>de</strong> a teoria realista ter se <strong>de</strong>stacado durante maior parte do século XX,a própria reformulação do Sistema Internacional, e das Relações Internacionaisrepensaram as novas e antigas teorias sobre atores internacionais. Esta iniciativa <strong>de</strong>repensar as relações internacionais fora da proposta realista não é nova, mas o fimda bipolarida<strong>de</strong> fez com que novas teorias menos estruturalistas surgissem. Noentanto, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se conhecer e enten<strong>de</strong>r a vertente realista ainda égran<strong>de</strong>, porque mesmo algumas das teorias mais recentes, estabelecem seusargumentos em contraponto às idéias realistas. Um exemplo <strong>de</strong>ste fato é a sociólogaSakia Sassen.Sassen estabelece uma nova geografia do po<strong>de</strong>r gerada pela globalização.Nesta nova geografia, novas funções, papéis e expressões <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r são assumidosnão só pelos Estados nacionais, como também por empresas multilaterais,organizações internacionais e governos locais. (VIGEVANI et al., 2004Já na esfera mais conhecida das novas teorias <strong>de</strong> Relações Internacionais,está a Inter<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> Joseph Nye e Robert Keohane, em que se admite que aexistência <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r no Sistema Internacional não advém exclusivamente dosEstados. A teoria divi<strong>de</strong> as instituições internacionais entre formais (regimes eorganizações internacionais estabelecidos pelo Estado com fins específicos) einformais (grupos e diferentes formatos que não nascem dos Estados), sendo queambas são aceitas pelo Estado constituindo uma relação inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.


3Neste caso, o po<strong>de</strong>r não seria fruto exclusivo <strong>de</strong> uma única força militar daqual somente o Estado dispõe. Mas também da capacida<strong>de</strong> dos diferentes atores <strong>de</strong>persuadir os <strong>de</strong>mais a concordarem com as suas posições ou <strong>de</strong> controlar oresultado final das eventuais negociações.Essa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> persuasão e controle <strong>de</strong> resultados faz com que ainter<strong>de</strong>pendência vire uma fonte <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que se torna complexa. Para tal, sãonecessárias três características: “existência <strong>de</strong> canais múltiplos que viabilizem asrelações informais entre os atores governamentais, não-governamentais etransnacionais; ausência <strong>de</strong> hierarquia entre os temas; e papel menor da forçamilitar.” (Jakobsen in RODRIGUES et al; 2009)Para se obter po<strong>de</strong>r em um mundo inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte complexo é necessárioque se construa uma agenda, que exista uma conexão entre as estratégias, queexistam relações transnacionais e transgovernamentais e que haja o fortalecimentodas organizações internacionais governamentais. (KEOHANE; NYE, 1988)A existência <strong>de</strong> atores não governamentais nas relações internacionais via <strong>de</strong>regra inci<strong>de</strong> sobre as políticas <strong>de</strong> Estado, nacionais e internacionais. Dentro daesfera nacional existe o po<strong>de</strong>r local (governo municipal ou regional), que emboraseja parte do aparato do Estado, é formalmente tratado nas relações internacionaiscomo ator não-governamental. (LESSA, 2002) Isto porque os estados, municípios eregiões administrativas não foram formalmente reconhecidos pelos OrganismosInternacionais, como a Organização das Nações Unidas (ONU), ou por uma gran<strong>de</strong>parte dos Estados, como atores internacionais individuais.Mesmo sem essa formalização <strong>de</strong> seu papel, as ativida<strong>de</strong>s internacionaisrealizadas por municípios têm aumentado significativamente nas últimas quatrodécadas <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>scentralização administrativa do Estado, ao aumento dasresponsabilida<strong>de</strong>s sociais dos governos locais, e também pelos inúmeros <strong>de</strong>safiosque a globalização introduziu. Os <strong>de</strong>safios da globalização perpassam várias áreas,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a economia, como as mudanças <strong>de</strong> padrão cultural, ou a própria perda <strong>de</strong>autonomia pelo EstadoO mundo passou por uma série <strong>de</strong> mudanças durante as décadas <strong>de</strong> 80 e 90,a Europa oci<strong>de</strong>ntal inserida no seu processo <strong>de</strong> integração regional, enquanto aEuropa oriental se <strong>de</strong>smembrava em uma quantida<strong>de</strong> cada vez maior <strong>de</strong> Estadosin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, da mesma forma a África, ainda administrando suas novas divisões.


4Esses acontecimentos impulsionaram cada um a seu modo, a busca das entida<strong>de</strong>ssubnacionais por sua internacionalização.No contexto latino americano, o período que marcou o início dare<strong>de</strong>mocratização da região, também apresentou uma profunda crise financeira dosgovernos centrais causada pela mudança do mo<strong>de</strong>lo econômico <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong>importações, também conhecido como <strong>de</strong>senvolvimentismo para o mo<strong>de</strong>loneoliberal. Estes dois processos criaram um paradoxo, pois a re<strong>de</strong>mocratização,somada à mudança do mo<strong>de</strong>lo econômico propunham uma papel político e <strong>de</strong>gestor mais importante para as prefeituras e governos locais, ao mesmo tempo emque diminuiu a capacida<strong>de</strong> financeira para que pu<strong>de</strong>ssem fazê-lo. (JAKOBSEN;2009)Os governos locais então procuraram alternativas para aumentar seusrecursos e contornar as conseqüências <strong>de</strong>stes processos, o que resultou noprocesso <strong>de</strong> inserção internacional das cida<strong>de</strong>s latino americanas a partir da década<strong>de</strong> 1990. Outra questão importante para o entendimento <strong>de</strong>sta nova configuração dizrespeito ao enfraquecimento da exclusivida<strong>de</strong> da autorida<strong>de</strong> que um Estado possuisobre seu território nacional, o que possibilita a ascensão <strong>de</strong> atores inseridos emprocessos político-civis e <strong>de</strong> territórios subnacionais, este processo <strong>de</strong>enfraquecimento facilitou a <strong>de</strong>scentralização do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro Estado, e facilitou estaascensão dos municípios, que, no caso latino americano, caracterizam-se tantocomo territórios sub nacionais quanto como participantes <strong>de</strong> processos político-civis.Os municípios passam, então, a cumprir dois papéis diferentes, o primeirocomo componente do Estado. Neste, os Governos Municipais <strong>de</strong>vem interagir com osetor privado em benefício da cida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> sua população, e a partir <strong>de</strong> seu papelcomo governo local, fortalecendo os interesses dos seus moradores e o bem comumpor meio da sua própria internacionalização. Em seu papel como componentes doEstado, as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem também complementar a política externa do governocentral.Já o segundo papel do município seria agindo em prol <strong>de</strong> seus própriosinteresses, promovendo os seus valores, cultura, história, como forma <strong>de</strong> atrairinvestidores, turistas, eventos e para que o governo municipal capte recursos <strong>de</strong>cooperação técnica com o exterior. E também para aumentar a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>influenciar os regimes internacionais e tornar sua participação em organizações


5internacionais mais autônoma 1 . Para tal, os municípios buscam estes interessesdiretamente ou com o auxílio <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e associações. (Jakobsen inRODRIGUES et al; 2009)Autores como Vigevani sugerem, em seus estudos, que a participação <strong>de</strong>entes subnacionais na constituição do Sistema Internacional é facilitada porsistemas <strong>de</strong>mocráticos, preferencialmente fe<strong>de</strong>rativos. Neste contexto, o Brasil é umexemplo <strong>de</strong> Estado que se encaixa em ambos e que realiza este tipo <strong>de</strong> cooperação<strong>de</strong> forma bem sucedida (VIGEVANI; 2006).O Brasil possui em sua legislação “uma total impossibilida<strong>de</strong> jurídica dacelebração <strong>de</strong> “atos internacionais”, sob quaisquer que sejam as <strong>de</strong>nominações, quetenham como “partes contratantes” unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas e entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> direitopúblico estrangeiras (LESSA, 2002). Contudo, este fato não impe<strong>de</strong> que na práticaos entes da fe<strong>de</strong>ração realizem “atos informais”, estabelecendo vínculos <strong>de</strong>cooperação técnica em diversas áreas.No caso brasileiro, a terminologia “unida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>rada” é usada para <strong>de</strong>signar oconjunto dos membros da fe<strong>de</strong>ração: município, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, estados fe<strong>de</strong>rados,e a União, consi<strong>de</strong>rando que <strong>de</strong> acordo com o Artigo 1° e 18 da Constituiçãobrasileira, estes todos são membros autônomos da Fe<strong>de</strong>ração. Não só aterminologia “unida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>rada” é um diferencial do mo<strong>de</strong>lo brasileiro <strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ração,mas também a própria participação do município como ente fe<strong>de</strong>rado. Em outrosEstados fe<strong>de</strong>rados como os Estados Unidos, por exemplo, somente a União e osestados são consi<strong>de</strong>rados entes da fe<strong>de</strong>raçãoOutra terminologia específica são atos informais, que seriam oscompromissos escritos firmados entre as entida<strong>de</strong>s brasileiras e parceirosinternacionais. Na prática <strong>de</strong>nominados “acordos”, “memorando <strong>de</strong> entendimento”,“protocolo <strong>de</strong> intenções” e etc, pois pela perspectiva do Direito estes não po<strong>de</strong>m ser<strong>de</strong>nominados Tratados Internacionais. São entendidos como compromissos políticose que representam acordos informais para os quais suas celebrações dispensamformalida<strong>de</strong>s previstas em lei, em prejuízo da sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar direitos eobrigações.1 A participação dos municípios em Organizações Internacionais é feita como ente fe<strong>de</strong>rativosubnacional, integrante <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> trabalhos ou projetos específicos para Governos Locais, aexemplo do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos – UN-Habitat.


6A estes vínculos estabelecidos entre os entes fe<strong>de</strong>rativos e parceirosinternacionais, por meio <strong>de</strong> atos informais é dado o nome <strong>de</strong> paradiplomacia, oucooperação <strong>de</strong>scentralizada.Não existe, no meio acadêmico, consenso sobre a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> umaterminologia única para a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>ste fenômeno. Portanto, serão apresentadosos conceitos dos dois termos, tanto “paradiplomacia”, quanto “cooperação<strong>de</strong>scentralizada”, com o intuito <strong>de</strong> ressaltar principalmente suas semelhanças, já queos diferentes autores consultados durante a pesquisa utilizam ambas asterminologias. E para efeitos <strong>de</strong>ste trabalho, ambos os termos serão usados pararepresentar o mesmo fenômeno, a realização <strong>de</strong> ações internacionais - sejam elas<strong>de</strong> qualquer origem: econômica, política ou cultural - por entes não governamentaise governos não-centrais, como ONGs e municípios.O termo paradiplomacia tem utilização casual <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 1980,contudo sua formalização acadêmica só aconteceu quando o autor basco PanyotisSoldatos passou a utilizá-la para <strong>de</strong>signar “a ativida<strong>de</strong> diplomática <strong>de</strong>senvolvidaentre entida<strong>de</strong>s políticos não-centrais situados em diferentes Estados”. Entretanto,para este texto será usada a mesma <strong>de</strong>limitação que Lessa usa em seu livro:(CARNAGO, apud Lessa, 2002)o engajamento <strong>de</strong> governos não-centrais nas relações internacionais mediante oestabeleciomento <strong>de</strong> contatos permanentes ou ad hoc com entida<strong>de</strong>s estrangeiraspúblicas ou privadas, com o fim <strong>de</strong> promover questões socio-econômicas e culturais,assim como qualquer outra dimensão externa <strong>de</strong> suas competências constitucionais.2Já a conceituação da Cooperação Internacional Descentralizada édificultada pelas inúmeras interpretações dadas às práticas caracterizadas comocooperação <strong>de</strong>scentralizada. Entretanto, não só a aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> RelaçõesInternacionais, como também os próprios Organismos, organizações e re<strong>de</strong>s quepraticam este tipo <strong>de</strong> cooperação têm tentado unificar um conceito. Um exemplo<strong>de</strong>ste esforço é o documento Descentralized Cooperation, Cooperation and Methodspublicado em 1992 pela Comissão Européia (CE), que <strong>de</strong>fine cooperação<strong>de</strong>scentralizada como:“um novo enfoque nas relações <strong>de</strong> cooperação que busca estabelecer relaçõesdiretas com os órgãos <strong>de</strong> representação local e estimular suas próprias capacida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> projetar e levar a cabo iniciativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento com a participação diretados grupos <strong>de</strong> população interessados, levando em consi<strong>de</strong>ração seus interesses eseus pontos <strong>de</strong> vista sobre o <strong>de</strong>senvolvimento.2 CORNAGO, Noé, “Diplomacy and Paradiplomacy in the Re<strong>de</strong>finition of International Security:Dimensions of Conflit and Co-operation”, in: Keating, Paradiplomacy in Action, Frank Kass, Londres,1999.


7Outra <strong>de</strong>limitação importante a se fazer é a dos atores que realizam talcooperação ou relação paradiplomática. Tanto na Europa quanto na América Latina,existem governos locais e governos regionais produzindo bens e serviços e quepossuem relações diretas e hierárquicas com o governo central. Há também umahierarquia na relação entre os dois, on<strong>de</strong> o governo local respon<strong>de</strong> ao governoregional. É o caso, por exemplo, <strong>de</strong> um município, ou um ayuntamiento que seencontra <strong>de</strong>ntro dos limites físicos <strong>de</strong> um estado ou <strong>de</strong> uma província. Esta divisãohierarquizada é comumente usada em Estados fe<strong>de</strong>rados, como o Brasil.No caso brasileiro, a terminologia precisa é “unida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>rada” para <strong>de</strong>signaro conjunto <strong>de</strong> membros da fe<strong>de</strong>ração: município, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, estadosfe<strong>de</strong>rados, e a União, sendo que <strong>de</strong> acordo com o Artigo 1° e 18 da Constituiçãobrasileira, estes todos são membros autônomos da Fe<strong>de</strong>ração.O Estado brasileiro se <strong>de</strong>staca <strong>de</strong>ntre os outros Estados e, inclusive, <strong>de</strong>ntreas outras Fe<strong>de</strong>rações por ser um dos únicos do mundo a ser não só uma<strong>de</strong>mocracia, como uma república e principalmente uma fe<strong>de</strong>ração cujos municípiostambém são entida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas. Esta formatação permite que uma cida<strong>de</strong> pormenor que seja, tenha autonomia em suas <strong>de</strong>cisões e seja capaz <strong>de</strong> realizarpolíticas direcionadas ao exterior.Ainda na década <strong>de</strong> 90, o país vivenciou um aumento significativo <strong>de</strong>stasrelações paradiplomáticas. Este processo chamou a atenção do governo fe<strong>de</strong>ral,que iniciou então, suas primeiras tentativas <strong>de</strong> administrar e legislar sobre estasnovas relações. Em 1997, foi criada a Assessoria <strong>de</strong> Relações Fe<strong>de</strong>rativas doItamaraty, e já no Governo Lula, o esforço <strong>de</strong> acompanhamento teveprosseguimento com a Assessoria <strong>de</strong> Cooperação Internacional Fe<strong>de</strong>rativa, em2003, e a Subchefia <strong>de</strong> Assuntos Fe<strong>de</strong>rativos, em 2004 (VIGEVANI; 2006).Sassen relata em seu texto “Local Actors in Global Politics” que alguns dosatores mais relevantes para esta nova constituição do Sistema Internacional, são as“cida<strong>de</strong>s globais”. Isto porque possuem uma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimentoexponencialmente maior que a maioria das cida<strong>de</strong>s, maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tecnologiadisponível, são constituídas por diferentes culturas e acabam por criar uma geografiaque atravessa a fronteira do Estado nacional. No Brasil, a Confe<strong>de</strong>ração Nacional <strong>de</strong>Municípios (CNM) relata que, <strong>de</strong>ntre os 5.640 municípios brasileiros, os que maisrealizam algum tipo <strong>de</strong> relação internacional são os que possuem mais <strong>de</strong> 200.000habitantes.


8Existem hoje diversas cida<strong>de</strong>s brasileiras que estão inseridasinternacionalmente e fazem uso constante da cooperação <strong>de</strong>scentralizada, como porexemplo, o município <strong>de</strong> São Paulo – SP, que se utiliza <strong>de</strong> sua amplitu<strong>de</strong> física ecapacida<strong>de</strong> produtiva para atrair eventos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte juntamente com umgran<strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> turismo <strong>de</strong> negócios; ou o município <strong>de</strong> Porto Alegre – RS queexplorou <strong>de</strong> forma muito hábil a sua escolha como se<strong>de</strong> do Fórum Mundial, além <strong>de</strong>ter feito um uso muito inteligente da política <strong>de</strong> orçamento participativo. E como umúltimo exemplo, o município <strong>de</strong> Belo Horizonte (BH) que além <strong>de</strong> ter se tornado umpólo turístico se <strong>de</strong>staca também por sua gastronomia, e mais recentemente por suaparticipação nos fóruns ambientais.O município <strong>de</strong> Belo Horizonte se encaixa nos padrões supracitados, sendouma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, com mais <strong>de</strong> 200.000 habitantes e é hoje uma das trêscapitais <strong>de</strong> estados brasileiros que mais realiza cooperação <strong>de</strong>scentralizadainternacional <strong>de</strong> acordo com a CNM. Realizando projetos com participaçãointernacional em diversas áreas. A cida<strong>de</strong> faz uso <strong>de</strong>ste tipo cooperaçãointernacional, como política pública e cria políticas públicas que auxiliem a inserçãointernacional do município. Desta forma, Belo Horizonte caracteriza-se como umexemplo interessante não só <strong>de</strong> estabelecimento <strong>de</strong> relações internacionais por ummunicípio, como também <strong>de</strong> uma coor<strong>de</strong>nação eficiente entre as políticasmunicipais, estaduais e fe<strong>de</strong>rais que possibilitam o <strong>de</strong>senvolvimento sócioeconômicoda cida<strong>de</strong>.Consi<strong>de</strong>rando o caso <strong>de</strong> Belo Horizonte, o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho é discutir oprocesso <strong>de</strong> horizontalização das Relações Internacionais, que possibilitaram ainserção <strong>de</strong> novos atores no Sistema Internacional. E ainda, por meio da <strong>de</strong>scriçãoda estrutura da cooperação <strong>de</strong>scentralizada no Brasil e no munícipio <strong>de</strong> BeloHorizonte, analisar algumas medidas relacionadas à internacionalização <strong>de</strong>ssemunícipio e <strong>de</strong>stacar alguns resultados.1.2 – HipóteseAs ações e políticas direcionadas à cooperação internacional <strong>de</strong>scentralizada,realizadas pelo Município <strong>de</strong> Belo Horizonte, promovem a inserção da cida<strong>de</strong> comoator internacional e contribuem para a horizontalização das Relações Internacionais.


91.3 - Objetivo GeralDescrever a processo <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> Belo Horizonte, analisando oseu processo <strong>de</strong> inserção internacional por meio da cooperação <strong>de</strong>scentralizada, e asua relação com o Estado brasileiro e o Sistema Internacional.1.4 – Objetivos Específicoso Discutir o papel da horizontalização das Relações Internacionais noprocesso <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da cooperação internacional<strong>de</strong>scentralizada no mundo;o Descrever a estrutura da cooperação <strong>de</strong>scentralizada no Estadobrasileiro;o I<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>screver a estrutura da cooperação <strong>de</strong>scentralizada nomunicípio <strong>de</strong> Belo Horizonte, por meio da análise <strong>de</strong> 2 dos principaisprojetos da área nessa cida<strong>de</strong>.1.5 – MetodologiaA pesquisa para este trabalho foi feita <strong>de</strong> forma empírica e por meio <strong>de</strong> umestudo exploratório sobre um caso selecionado. Para a revisão bibliográfica foramutilizadas diversas fontes, como livros, periódicos, artigos científicos, dissertações <strong>de</strong>mestrado e doutorado, monografias e revistas.Outras fontes <strong>de</strong> pesquisa, como a internet, revistas e periódicos localizadosexclusivamente na re<strong>de</strong>, publicações em websites especializados na área e emconhecimentos correlatos, foram analisadas; além do acompanhamento <strong>de</strong> dadospublicados em sites que compilam dados sobre o município pesquisado.Para compreen<strong>de</strong>r o funcionamento da cooperação realizada pelo município<strong>de</strong> Belo Horizonte, levando em consi<strong>de</strong>ração as influências locais, regionais enacionais; e também, como a paradiplomacia influencia nas relações entre omunicípio e seus parceiros internacionais e entre a cida<strong>de</strong> e o governo fe<strong>de</strong>ral.Foram conduzidas entrevistas com os envolvidos nos contratos <strong>de</strong> cooperação


10<strong>de</strong>scentralizada e análise <strong>de</strong> documentos e dados fornecidos pela Prefeitura <strong>de</strong> BeloHorizonte.Foram, ainda, analisados uma série <strong>de</strong> dados obtidos junto à Subsecretaria<strong>de</strong> Assuntos Fe<strong>de</strong>rativos da Presidência da República e outros junto às entida<strong>de</strong>sinternacionais que realizam cooperação com a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte, como, porexemplo, o Observatório <strong>de</strong> Cooperação Descentralizada União Européia – América.


112 – REFERENCIAL TEÓRICO2.1 – Revisão BibliográficaJOSÉ VICENTE DA SILVA LESSA – Paradiplomacia no Brasil e no Mundo, o Po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> Celebrar Tratados dos Governos Não Centrais.Existem conceitos variados na literatura acadêmica para <strong>de</strong>signar a atuaçãoexterna dos governos não centrais (são estes os governos subnacionais, comoestados e municípios, que atuam abaixo do governo central ou entida<strong>de</strong>s privadas eorganizações não governamentais) e temas afins. O termo paradiplomacia é um<strong>de</strong>stes conceitos, e apesar <strong>de</strong> sua utilização casual <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 80, foi oautor Panayotis Soldatos quem formalizou o termo na aca<strong>de</strong>mia, como a <strong>de</strong>signaçãopara ativida<strong>de</strong>s diplomáticas <strong>de</strong>senvolvidas entre entida<strong>de</strong>s políticas não centraissituadas em diferentes Estados. 3O Direito Internacional e o próprio Direito brasileiro, não possuem, em suaorigem, ativida<strong>de</strong>s paradiplomáticas. Contudo, ao longo dos anos, com ocrescimento <strong>de</strong>stas áreas a legislação internacional e nacional constituiu formaspara que o movimento se tornasse legítimo. No entanto, diversos fatoressocioculturais favoreceram o aumento em escala <strong>de</strong> tais relações.A pluralização <strong>de</strong> vetores <strong>de</strong> interação dos Estados que, ao longo das últimasduas décadas, intensificaram a gama <strong>de</strong> assuntos na pauta <strong>de</strong> política externa <strong>de</strong>seus Estados. A “crise <strong>de</strong> governança” ou “crise do Estado Nacional” a partir da qualtodos os países seriam afetados, prejudicando principalmente os países em<strong>de</strong>senvolvimento. Causada pela globalização, a crise seria caracterizada pelaexcessiva interferência <strong>de</strong> ações externas nas ativida<strong>de</strong>s do Estado, principalmenteno âmbito econômico. Os efeitos nos países em <strong>de</strong>senvolvimento foram,principalmente, evi<strong>de</strong>nciados na década <strong>de</strong> 90, a exemplo da moratória russa e <strong>de</strong>outras crises semelhantes que se seguiram. No caso do Brasil, os efeitos da criseforam evi<strong>de</strong>nciados mais claramente na chamada “década perdida”, <strong>de</strong> 1980. Damesma forma, a re<strong>de</strong>mocratização do Estado Brasileiro e <strong>de</strong> outros Estados no3 SOLDATOS, Panayotis, “An Explanatory Framework for the Study of Fe<strong>de</strong>ral States as Foreign-policyActors” In: Fe<strong>de</strong>ralism and International Relations: the Role of Subnational Units. Ed. Hans MICHELMANN ePanayotis, SOLDATOS. Oxford. Claredon Press, 1990.


12mesmo período, são caracterizados como elementos facilitadores do crescimentodas ativida<strong>de</strong>s paradiplomáticas.Ainda nesse período ocorreu a intensificação do processo <strong>de</strong> horizontalizaçãodas relações internacionais, no qual outros atores passam a ser veículo <strong>de</strong>transmissão das <strong>de</strong>mandas nacionais. Apesar <strong>de</strong> possuir críticos, esta mudança écaracterizada como essencialmente positiva, pois acaba por traduzir-se em umaregulamentação mais equalizada da convivência social, po<strong>de</strong>ndo ser exemplificadana criação <strong>de</strong> regras para o comércio mundial, via OMC.A paradiplomacia possui em parte uma explicação simples, que vem da nãocapacida<strong>de</strong> do governo central <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r certas <strong>de</strong>mandas do governos locais.Com o aumento da complexida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong>s que afetam estas localida<strong>de</strong>s,principalmente as regiões fronteiriças. O governo central acaba por se encontrarsem recursos, conhecimentos e flexibilida<strong>de</strong> suficientes para aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandasregionais.Para <strong>de</strong>terminar a legitimida<strong>de</strong> da paradiplomacia no mundo e saber como elatem sido legislada, diferentes casos são analisados, no sentido <strong>de</strong> se averiguar asdiferentes formas nas quais a paradiplomacia ocorre. E ainda exemplifica seusdiferentes temas, constituições e, principalmente, tenta compreen<strong>de</strong>r as formas <strong>de</strong>interação com princípios básicos do Direito Internacional, tais como a soberania doEstados por exemplo.Para melhor enten<strong>de</strong>r o funcionamento da relação complexa entre as partes,faz-se uma análise <strong>de</strong> como a paradiplomacia interage com as diferentes formas <strong>de</strong>governo, começando pelo fe<strong>de</strong>ralismo, no qual se encontra a principal organizaçãodos Estados <strong>de</strong>mocráticos, e também se verifica uma maior funcionalida<strong>de</strong> dasrelações paradiplomáticas. No caso Australiano, preservam-se características <strong>de</strong>fe<strong>de</strong>ração em matéria <strong>de</strong> política externa, contudo, os estados australianos seencontram formalmente impedidos <strong>de</strong> negociar e celebrar tratados. O casocana<strong>de</strong>nse é similar ao australiano, perpassando a problemática trazida pelosistema baseado na Common law britânica para a realização <strong>de</strong> política externas porentes não centrais. O caso <strong>de</strong> Ontário é relevante, pois a cida<strong>de</strong> que obteve sucessona realização <strong>de</strong> paradiplomacia <strong>de</strong>vido, principalmente, às característicasespecíficas <strong>de</strong> sua constituição jurídica. Da mesma forma que Ontário, se encontraas especificida<strong>de</strong>s do caso quebequense.


13É apresentada, também, a situação específica do memorando realizado entreEUA e Canadá sobre chuva ácida; e a realização <strong>de</strong> paradiplomacia em Estadosunitários. Outros casos são o da França e a cooperação internacional<strong>de</strong>scentralizada; do Reino Unido e as <strong>de</strong>volution laws; do caso chinês e a suaquestão fe<strong>de</strong>rativa; as questões japonesas e coreanas e a África.Da mesma forma que se <strong>de</strong>monstra importante a discussão dos casosespecíficos, também surgem as organizações regionais direcionadas àparadiplomacia e seus assuntos correlatos e, também, como as organizaçõesregionais já existentes reagem diante da paradiplomacia. Para isso, é discutida arelação entre a paradiplomacia e a soberania dos Estados, a partir da qual o“fe<strong>de</strong>ralismo participativo”, <strong>de</strong> Paulo Benevi<strong>de</strong>s, é apontado como chave essencialpara a resolução do problema.Seguindo a questão da participação regional, discute-se o multilateralismo naparadiplomacia, analisando, por exemplo, o Foro Permanente <strong>de</strong> Governadores doCODESUL (Conselho <strong>de</strong> Desenvolvimento e Integração Sul)/CRECENEA (ComissãoRegional <strong>de</strong> Comércio Exterior do Nor<strong>de</strong>ste Argentino) – Litoral; a Europa e suasregiões e a América do Norte com o NAFTA (North America Free Tra<strong>de</strong>Association)e o PNWER (Pacific Northwest Economic Region).Para complementar o entendimento das relações paradiplomáticas, énecessário abordar uma frente muito abrangente <strong>de</strong>stas relações, o multilateralismointermunicipal. Da mesma forma que existem foros e órgãos responsáveis pelasrelações externas dos estados e distritos, existem as direcionadas especificamenteaos municípios, que se relacionam entre si <strong>de</strong> forma extremamente organizada,realizando mais discussões sobre a área do que qualquer outra frente daparadiplomacia.Ao caso brasileiro, é <strong>de</strong>dicada especial atenção, comparando-o em suasminuciosida<strong>de</strong>s a diversos outros países. Principalmente no que diz respeito àsquestões legais, faz-se uma crítica ao excesso <strong>de</strong> legislação e burocracia queatravanca o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas relações; à falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> umaterminologia específica para o tema, principalmente no que diz respeito aos atosinformais realizados. Estes são ainda alvo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rações no que tange à suacarência, ou seja, que existe ainda <strong>de</strong> uma necessida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>formalida<strong>de</strong> nessas relações, dificultando a expansão da paradiplomacia. Existeainda uma breve análise da paradiplomacia institucional e da cooperação


14<strong>de</strong>scentralizada no país. Com relação as condições legais do atos realizados pelasunida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas, estipula-se que:“A a<strong>de</strong>quação do projeto <strong>de</strong> ajuste ao acordo-quadro <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> parecerdo Ministério das Relações Exteriores. Não po<strong>de</strong>rá ser consi<strong>de</strong>rado “atocomplementar” aquele que contrarie os termos do acordo-quadro ou queextrapole os objetivos <strong>de</strong>ste. Igualmente importante, <strong>de</strong>vem tais atosestipular a origem dos recursos financeiros eventualmente previstos,<strong>de</strong>sobrigando a União <strong>de</strong>sses encargos. Uma vez satisfeitas estasexigências, um ato <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong> um Estado ou Município brasileiro po<strong>de</strong>ser assinado por autorida<strong>de</strong> fe<strong>de</strong>ral – ou estadual/municipal, em nome daUnião, munida <strong>de</strong> plenos po<strong>de</strong>res. O ajuste assim firmado estariacaracterizado como ato simplificado, executivo, restrito a áreas <strong>de</strong>competência daquele Estado.Uma segunda forma <strong>de</strong> se dar jurisdicida<strong>de</strong> a um ato firmado por umgoverno não-central seria sua posterior validação mediante troca <strong>de</strong> notasentre os governos centrais. Examinada a a<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> um ato firmado emnível paradiplomático, os governos centrais po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>cidir elevá-los àcondição <strong>de</strong> acordo entre governos mediante notas diplomáticas em que se<strong>de</strong>clara a valida<strong>de</strong> daquele texto no plano nacional. Neste caso, a entradaem vigor do ato será aquele convencionado na troca <strong>de</strong> notas.” 4É necessário lembrar que a paradiplomacia no Brasil tem perspectivaspositivas, contudo, possui ainda alguns obstáculos a superar como, por exemplo, aquestão da legitimida<strong>de</strong>, em que se questiona se o estabelecimento <strong>de</strong> relaçõesexternas por entida<strong>de</strong>s da fe<strong>de</strong>ração realmente não fere princípios constitucionais edo Direito Internacional. E também questões organizacionais, no sentido em queexistem poucos órgãos que cuidam do assunto no país <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado, muitasvezes, <strong>de</strong>cisões e celebrações <strong>de</strong> acordos e tratados <strong>de</strong>sconhecidos para oGoverno.Conclui-se então que é necessária uma maior participação <strong>de</strong> todas asunida<strong>de</strong>s da fe<strong>de</strong>ração nas ações <strong>de</strong> política externa e, também, maior legitimaçãodos atos internacionais realizados por essas unida<strong>de</strong>s, pois a realização <strong>de</strong> atosinformais po<strong>de</strong> gerar confusões legislativas, causando prejuízos às relaçõesparadiplomáticas já realizadas e até ao governo central. E, por fim, maiorcoor<strong>de</strong>nação entre os entes subnacionais que realizam estes atos internacionais e ogoverno central, diminuindo a distância entre os dois e possibilitando um maiorconhecimento <strong>de</strong> ambas as partes das ações realizadas e <strong>de</strong> suas conseqüências.O texto <strong>de</strong> Lessa analisa a paradiplomacia em seu todo, provendo umentendimento <strong>de</strong> sua funcionalida<strong>de</strong>, e principalmente <strong>de</strong> seu arcabouço legal.Explicando sua relação com os Estados nacionais e quais os efeitos que esta4 LESSA, José V. S. “A Paradiplomacia e os Aspectos Legais dos Compromissos InternacionaisCelebrados por Governos Não-Centrais” XLIV Curso <strong>de</strong> Altos Estudos, Instituto Rio Branco – MRE,Brasília, <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002, pp. 117


15relação paralela tem para o Direito Internacional, permitindo maior compreensão <strong>de</strong>como é possível estabelecer uma relação formal entre um município brasileiro e oexterior.BATISTA, SINOEL; JAKOBSEN, KJELD; EVANGELISTA, ANA CAROLINA – Laapertura al exterior <strong>de</strong> las ciuda<strong>de</strong>s latinoamericanas y la cooperacíon<strong>de</strong>scentralizada.Entre as décadas <strong>de</strong> 50 e 70, a América Latina vivenciou um dos maioresprocessos <strong>de</strong> êxodos populacionais <strong>de</strong> sua história, com a abertura <strong>de</strong>oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego nas novas se<strong>de</strong>s industriais O campo foi aos poucos,sendo abandonado por uma gran<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> latino-americanos. E os centrosurbanos, não estando preparados para suportar tamanho contingente, passaramentão a possuir diversos núcleos periféricos miseráveis e baixíssima condiçõessócio-econômicas. Na década <strong>de</strong> 80, com a crise econômica, os governos centraisse viram ainda mais impossibilitados <strong>de</strong> prover qualquer tipo <strong>de</strong> assistência àsgran<strong>de</strong>s massas, forçando assim um movimento <strong>de</strong> procura dos governos locais porassistência externa, criando relações com outros Estados em busca <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento e crescimento econômico.Em conseqüência disso surgiram tratados <strong>de</strong> integração econômicasubregionais, como a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mercocida<strong>de</strong>s e a Re<strong>de</strong> Andina <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s. Esteprocesso integracional das cida<strong>de</strong>s latino americanas foi incentivado pelo programaURB-AL, financiado pela União Européia. Deste movimento constatou-se queexistem duas gran<strong>de</strong>s formas <strong>de</strong> participação <strong>de</strong> um governo local no sistemainternacional: a primeira quando o governo local se afilia a uma re<strong>de</strong> internacional, ea segunda quando se associam a projetos <strong>de</strong> cooperação internacional. Estasformas po<strong>de</strong>m ocorrer simultaneamente em um único governo, ou po<strong>de</strong>m tambémse afiliar a diversas re<strong>de</strong>s.Estes elementos levam à análise sobre os processos da formação <strong>de</strong>“cida<strong>de</strong>s irmãs” na América Latina. Existe um caráter essencialmente político nainserção internacional das cida<strong>de</strong>s a partir dos anos 90, que parte do que asocióloga Sakia Sassen <strong>de</strong>nomina “nova geografia do po<strong>de</strong>r”. Essa nova geografiafoi provocada pela globalização, constituindo novos papéis <strong>de</strong>ntro do sistema


16internacional para as empresas multinacionais, organizações internacionais, Estadosnacionais e governos locais.Esta “nova geografia” impulsionou a implementação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong>cooperação internacional, que incluem o novo conceito <strong>de</strong> “cooperação<strong>de</strong>scentralizada”, conforme o documento Descentralized Cooperation, Cooperationand Methods – 1992, da Comissão Européia (CE), que <strong>de</strong>fine ccoperação<strong>de</strong>scentralizada como:“um novo enfoque nas relações <strong>de</strong> cooperação que busca estabelecerrelações diretas com os órgãos <strong>de</strong> representação local e estimular suaspróprias capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> projetar e levar a cabo iniciativas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento com a participação direta do grupos <strong>de</strong> populaçãointeressados, levando em consi<strong>de</strong>ração seus interesses e seus pontos <strong>de</strong>vista sobre o <strong>de</strong>senvolvimento”Estas ações, iniciadas na Europa, foram bem incorporadas e acolhidas pelaAmérica Latina, principalmente <strong>de</strong>vido ao <strong>de</strong>sgaste do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvimentista epelas mudanças realizadas após o Consenso <strong>de</strong> Washington. Ambos tiveramconseqüências drásticas para os governos municipais.Para esta pesquisa foram i<strong>de</strong>ntificadas 20 re<strong>de</strong>s e associações internacionaisque interessam à América Latina, e foram realizados estudos empíricos junto àscida<strong>de</strong>s latino americanas que efetuam algum tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> internacional. Foi,ainda, enviado um questionário em nome do Observatório <strong>de</strong> CooperaçãoDescentralizada UE-AL, para 770 cida<strong>de</strong>s do continente latino americano,recebendo a participação <strong>de</strong> apenas 19 cida<strong>de</strong>s. Os resultados compilados foramsistematizados e, mais tar<strong>de</strong>, comparados aos <strong>de</strong> uma segunda pesquisa que reuniuinformações mais gerais a respeito dos municípios, como dados <strong>de</strong>mográficos egeográficos.Desta forma, foram concluídas as seguintes perspectivas para a cooperação<strong>de</strong>scentralizada na América Latina: a existência <strong>de</strong> uma base instrumentalconsistente, capaz <strong>de</strong> constituir uma plataforma sólida que amplie e aprofun<strong>de</strong> asativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>scentralizada na região; a constituição <strong>de</strong> umaambiente que possibilite <strong>de</strong>bates políticos e acadêmicos, capazes <strong>de</strong> originar umaagenda sobre os principais temas em torno do <strong>de</strong>senvolvimento da cooperação; aexistência <strong>de</strong> condições apropriadas para a articulação <strong>de</strong> uma plataforma latinoamericana<strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>scentralizada; o aumento dos financiamentos;organização <strong>de</strong> pequenas e médias cida<strong>de</strong>s em torno <strong>de</strong> alguma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>cida<strong>de</strong>s/municípios; maior compilação <strong>de</strong> informações e organização das mesmas;


17<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mecanismos e estratégias <strong>de</strong> capacitação; surgimento <strong>de</strong> novasmodalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação que possuam mais apoio facilitado; a relevância dopapel dos acordos bilaterais; melhoria dos recursos utilizados tanto pelos quepesquisam o tema, quanto pelos realizadores <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>scentralizada.Para finalizar são <strong>de</strong>terminados quatro objetivos para a agenda dos governoslocais latino americanos: organização da políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento local;estruturar e consolidar os vínculos e ações comuns no âmbito cultural, social eeconômico; aprofundamento dos objetivos relacionados à cooperação política; e porfim o fortalecimento das relações entre as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s.A presença da cooperação <strong>de</strong>scentralizada na América Latina, e oentendimento <strong>de</strong> seus antece<strong>de</strong>ntes históricos, da sua formalização e do impactocausado por sua existência, estabelece um contexto regional para a presença dacooperação <strong>de</strong>scentralizada no Brasil. Da mesma forma, a compreensão <strong>de</strong>diferentes casos e projetos estabelecidos por municípios latino americanos, permiteum entendimento mais exato da situação atual das relações paradiplomáticas entrepaíses sub<strong>de</strong>senvolvidos latino americanos e a Europa. E como esta relação éformalizada, e relevante.TULLO VIGEVANI – Problemas para a ativida<strong>de</strong> internacional das unida<strong>de</strong>ssubnacionais: estados e municípios brasileiros.Estudos no campo da paradiplomacia sugerem que a <strong>de</strong>mocracia e maisespecificamente o fe<strong>de</strong>ralismo são elementos importantes para a projeção do tema.Outra característica relevante é que as relações paradiplomáticas mais comunsrealizadas são entre entida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rativas fronteiriças, no caso brasileiro tem-se oexemplo da relação com a Argentina, que embora mo<strong>de</strong>sta, facilitou o surgimento <strong>de</strong>relações semelhantes no Mercosul, como entre a Bolívia e o Paraguai.A percepção <strong>de</strong> que os acontecimentos regionais e locais possuemrepercussão no resto mundo, e po<strong>de</strong> até ser capaz <strong>de</strong> influenciá-lo, foi um elementocrescente na década <strong>de</strong> 1980. No caso brasileiro é possível afirmar que a nova visãodos estados e municípios como agentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico é um dosfatores que influenciou estes entes subnacionais a procurar se envolver mais com oestrangeiro.


18Existem ativismos com relação aos convênios tecnológicos, turísticos,cooperação técnica e etc, contudo, os municípios e estados continuam não sendoobjeto do Direito Internacional, e <strong>de</strong>sta forma não possuem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assinaracordos e tratados. Contudo, na realida<strong>de</strong>, a participação <strong>de</strong>stes na cooperaçãointernacional é ativa, e o recebimento <strong>de</strong> investimento e cooperações realizadas sãoefetivas, o que po<strong>de</strong> ser muito benéfico localmente, mas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> suaquantida<strong>de</strong> e frequência, po<strong>de</strong> significar um risco para o governo central. E aindasim o esforço do governo fe<strong>de</strong>ral ainda é pequeno para que haja um integraçãoefetiva dos estados e municípios nas ações <strong>de</strong> política externa e nas relaçõesinternacionais.Ao analisar o papel brasileiro neste âmbito, verifica-se que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dosanos 90 o país realiza pequenos esforços para organizar e legislar sobre a questãoda paradiplomacia. Em 1997 a formalização <strong>de</strong>stes esforços veio com a Assessoria<strong>de</strong> Relações Fe<strong>de</strong>rativas do Itamaraty, e mais tar<strong>de</strong> em 2003 com a AssessoriaEspecial <strong>de</strong> Assuntos Fe<strong>de</strong>rativos e Parlamentares, no mesmo ano surge aindajunto a presidência a Assessoria <strong>de</strong> Cooperação Internacional Fe<strong>de</strong>rativa e no anoseguinte Subchefia <strong>de</strong> Assunto Fe<strong>de</strong>rativos.O Brasil possui uma tradição fe<strong>de</strong>ralista centralizadora, que promulga aolongo da história do país a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar tratados internacionais somenteao chefe <strong>de</strong> Estado, e que na Constituição <strong>de</strong> 1988, a que se encontra vigente atéos dias <strong>de</strong> hoje, este fator não muda. Entretanto, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entessubnacionais concretamente se relacionando internacionalmente só tem crescido, <strong>de</strong>forma que muitos Estados possuem inclusive se<strong>de</strong>s comerciais em outros países,como o estado <strong>de</strong> Pernambuco possui em Lisboa.Na tentativa <strong>de</strong> obter algumas hipóteses para a solução da controvérsia entrea paradiplomacia e a centralização das relações internacionais do Estado, asseguintes propostas foram feitas: melhoria da capacitação do Ministério dasRelações Exteriores no que tange ao exercício da diplomacia fe<strong>de</strong>rativa; aincorporação da mesma na política externa do Estado; articulação das unida<strong>de</strong>sfe<strong>de</strong>rativas relevantes para a ação internacional; verificar a conveniência <strong>de</strong> umamudança constitucional e efetivar ao fórum consultivo <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>s regionais doMercosul mais po<strong>de</strong>res.O posicionamento do Governo Fe<strong>de</strong>ral brasileiro com relação à cooperação<strong>de</strong>scentralizada, e as políticas oficiais, realizadas ou inexistentes, direcionadas a


19este tema, são características importantes para o entendimento da paradiplomaciano Brasil. De forma similar, às análises feitas sobre outros Estados, permite que sefaça uma relação entre a postura do Governo brasileiro com outros Governosnacionais, especialmente aqueles que realizam uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relaçõesparadiplomáticas.GILBERTO M. A. RODRIGUES – Política Externa Fe<strong>de</strong>rativa: análise <strong>de</strong> açõesinternacionais <strong>de</strong> Estados e Municípios BrasileirosApós as transformações ocorridas na década <strong>de</strong> 90 nas relaçõesinternacionais e as diversa mudanças e criações <strong>de</strong> foros multilaterais eorganizações internacionais, as oportunida<strong>de</strong>s para a criação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong>inserção internacional direta. Desta forma são elaboradas cinco hipóteses: aexistência <strong>de</strong> um política externa própria <strong>de</strong> governos subnacionais; a i<strong>de</strong>ntificação<strong>de</strong> três marcos <strong>de</strong> análise e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta política, <strong>de</strong>mocratização,integração e globalização; a política externa nacional é diferente das fe<strong>de</strong>rativas dosestados; a adaptação reativa do Itamaraty às <strong>de</strong>mandas do aparecimento daparadiplomacia e que a política externa fe<strong>de</strong>rativa traz novos fatores para a relaçãoentre o pacto fe<strong>de</strong>rativo e a inserção internacional do país.Ao longo da pesquisa foram usadas fontes primárias documentais, oficiais epúblicas, e testemunhos e <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> fontes por muitas vezes envolvidas noscasos estudados. E ainda contatos feitos e oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diálogo com órgãosgovernamentais nacionais e internacionais.Faz-se a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> governos subnacionais, governos não-centrais, regiões,paradiplomacia e diplomacia fe<strong>de</strong>rativa. Sendo que se <strong>de</strong>staca o conceito escolhidopara diplomacia como sendo “a estratégia própria <strong>de</strong> um Estado ou Município,<strong>de</strong>senvolvida no âmbito <strong>de</strong> sua autonomia, visando à inserção internacional, <strong>de</strong>forma individual ou coletiva”.A evolução <strong>de</strong> novos temas das relações internacionais – meio ambiente,direitos humanos, economia e comércio – abriram espaço para a transformação dopo<strong>de</strong>r local como ator internacional. A seguir analisa-se a relação dos governossubnacionais e a sua presença na agenda das Organizações Internacionais como aONU e OEA, consi<strong>de</strong>rando que estes governos não são objeto do DireitoInternacional, e ainda sim são parte constante <strong>de</strong>stas agendas, e reconhecidas


20como entida<strong>de</strong>s legítimas e com habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opinar e participar. E ainda se faz aanálise <strong>de</strong> alguns casos, para enten<strong>de</strong>r e exemplificar algumas situaçõesconstitucionais (casos: EUA, Canadá, México, Argentina, Venezuela, Alemanha,Suíça, Bélgica, Áustria, Espanha, Rússia e Índia) com especial <strong>de</strong>staque ao casoargentino e ao <strong>de</strong>bate interno existente ao redor do tema.A seguir aborda-se a autonomia fe<strong>de</strong>rativa brasileira, começando umaperspectiva histórica, perpassando todos os gran<strong>de</strong>s acontecimentos históricos <strong>de</strong>relevância, para que a constituição brasileira se <strong>de</strong>sse como em 1988 e suasconsequências atuais. Para então analisar os marcos que representam amanifestação da paradiplomacia no Brasil, a <strong>de</strong>mocratização, a integração e aglobalização, perpassando cada um <strong>de</strong>les e seus contextos históricos, conectando ofator histórico ao crescimento da paradiplomacia no Brasil, e como estes eventospossibilitaram-na <strong>de</strong> existir.A política externa fe<strong>de</strong>rativa dos Municípios recebe especial atenção por suacaracterização histórica <strong>de</strong> interação e <strong>de</strong> importância para a política externanacional. E ainda por ser constante palco <strong>de</strong> encontros internacional relevantes,<strong>de</strong>sta forma, são analisados os casos <strong>de</strong> três cida<strong>de</strong>s brasileiras: Porto Alegre,Curitiba e São Paulo e como cada uma constituiu e executa sua própria políticaexterna fe<strong>de</strong>rativa, suas relações com entida<strong>de</strong>s multilaterais, sua cooperação com“cida<strong>de</strong>s irmãs” e a realização <strong>de</strong> cooperação técnica.Em seguida, aborda-se o papel do Itamaraty neste processo, suasperspectivas, suas ativida<strong>de</strong>s e modificações diante da nova temática. Para ao fimanalisar a própria paradiplomacia, e como esta é capaz <strong>de</strong> trazer benefíciosconcretos locais, mas também, <strong>de</strong> gerar conflito entre os governos subnacionais e ogoverno central. Diante <strong>de</strong>stas análises, conclui-se que a paradiplomacia perpassaum problema terminológico, por falta <strong>de</strong> concisão na <strong>de</strong>finição do tema, não sóinternamente, mas principalmente globalmente. E ainda como o Itamaraty reagiu eainda reage à questão, sem tomar para si a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar esta novarelação, e por fim, que o sistema internacional, principalmente no que concerne osgran<strong>de</strong>s centros <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates, como as Nações Unidas, já possuem em sua agendatemas para <strong>de</strong>staque da paradiplomacia e suas vertentes. Mostrando a relevância epossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento do tema.O crescimento das relações paradiplomáticas no mundo causou um aumentoquase proporcional <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> diversos Estados nacionais e


21Organizações Internacionais. Perceber este movimento, e enten<strong>de</strong>r as mudançasque aconteceram no Brasil, e nos países com os quais ele se relaciona, auxiliam acompreenção da relevância que a cooperação <strong>de</strong>scentralizada tem para o país epara a sua política externa, e ainda possibilita uma perspectiva <strong>de</strong> como esta aindapo<strong>de</strong> influenciar no Estado e nas relações internacionais.2.2 – Marco TeóricoPara esta monografia, serão utilizadas duas vertentes teóricas das RelaçõesInternacionais: o construtivismo e a inter<strong>de</strong>pendência complexa. Ambas trabalhamcom e existência <strong>de</strong> múltiplos atores agindo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Sistema Internacionalanárquico e ambas ajudam a explicar o papel do Estado como ator não central <strong>de</strong>steSistema. O que possibilita o surgimento <strong>de</strong> novos atores internacionais, como porexemplo, os não-governamentais e subnacionais, como os municípios.Os conceitos teóricos sociais, como o construtivismo, procuram conceituar ainteração entre agentes e estruturas. Para isso, pressupõe-se que o mundo é social,e não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>composto por ações ou proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atores pré-existentes. Damesma forma que os atores têm certa autonomia, e suas ações são capazes <strong>de</strong>interferir, reproduzir e até ajudar a construir as estruturas do sistema internacional,estes também são frutos <strong>de</strong> seu ambiente cultural.Para melhor exemplificar, façamos uma comparação entre a relação doagente e a estrutura a qual pertence e o ser humano e seu ambiente <strong>de</strong>crescimento. Os Estados, como agentes, também são influenciados e moldados pelaestrutura da qual fazem parte, mas, por outro lado, também são capazes <strong>de</strong>influenciar e acrescer a esta mesma estrutura. A esta relação é dado o nome <strong>de</strong> coconstituição,pois tanto o agente participa da constituição da estrutura em que age,como a estrutura influencia este agente. (BARNETT; 2008)Esta relação agente-estrutura é direcionada a um mo<strong>de</strong>lo específico, em queo agente é um ator internacional – seja ele um Estado, Organização Internacional,ou qualquer outro ator - e a estrutura é o Sistema Internacional, e assim sendo a coconstituição<strong>de</strong> ambos é uma realida<strong>de</strong>. Os atores internacionais com suaindividualida<strong>de</strong> e autonomia constituem um Sistema Internacional, o SistemaInternacional e seus diversos constituintes e características moldam e reconstituemestes atores.


22Este processo caracteriza uma interação mais profunda entre os atores, etambém possibilita uma formação <strong>de</strong> um Sistema Internacional mais complexo, quevai além das relações entre Estados, passando a incluir vários novos atores, comoorganizações internacionais, ONGs, empresas multinacionais, a socieda<strong>de</strong> civil eentes subnacionais.O construtivismo relata também que as ações dos atores são significativas, aexemplo da afirmação <strong>de</strong> Max Weber <strong>de</strong> que “somos seres culturais com acapacida<strong>de</strong> e a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>liberada em direção ao mundo e dar aele significância” (RUGGIE, 1998, p.856).Este mo<strong>de</strong>lo transformacional <strong>de</strong> interação agente estrutura, que propõe quea estrutura seja interpretada como um ambiente que envolve os atores, é usado<strong>de</strong>ntro do realismo científico, apresentando uma interação entre instituições einvestigando suas ações. O mo<strong>de</strong>lo é transformacional pois, a interação agenteestruturaé capaz <strong>de</strong> trazer mudanças para o Sistema Internacional e seus atores.Keohane afirma em seu livro “Power and Inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>” que instituições são“partes <strong>de</strong> regras persistentes e consistentes (formais ou informais) que prescrevempapéis comportamentais, constrangem ativida<strong>de</strong>s e formulam expectativas”.Instituições são também sinônimo <strong>de</strong> regras (DESSLER, 2002), o que significa ainter-relação entre o ator e o Sistema Internacional, apresenta como conseqüênciauma interação das regras e normas que moldam e compõem o SistemaInternacional.Uma nação necessita <strong>de</strong> recursos, or<strong>de</strong>namento e atores. O mo<strong>de</strong>lo propõeque na estrutura on<strong>de</strong> se estabelecem os atores, estão contidos os recursos,necessários para a manutenção e interação <strong>de</strong>stes; e possui ainda normasintencionais e não intencionais, <strong>de</strong> forma que os três juntos constituem meios <strong>de</strong>ação no qual interagem, são reproduzidos e transformados.As interações dos atores entre eles e junto ao próprio Sistema são capazes<strong>de</strong> moldar e formular novas regras, possibilitando novas interações e também <strong>de</strong>gerar novos recursos, capazes <strong>de</strong> alterar a or<strong>de</strong>m e a relevância dos atores,modificando também a estrutura do Sistema Internacional.No mesmo sentido dos teóricos construtivistas, outros teóricos buscamexplicar as interações ocorridas no Sistema Internacional entre agentes nãoEstatais. E a partir do <strong>de</strong>bate agente- estrutura, mas também com objetivos <strong>de</strong>respon<strong>de</strong>r às teorias realistas, surgem publicações a respeito <strong>de</strong> novos atores


23internacionais, e novas interações nas relações internacionais. Joseph Nye e RobertKeohane foram dois <strong>de</strong>sses autores, e especialmente Keohane fizeram gran<strong>de</strong>esforço para teorizar sobre o surgimento <strong>de</strong> novos temas na agenda internacional,interações mais horizontais entre Estados, o surgimento <strong>de</strong> novo atores e dasinterações ator-Sistema.Nye e Keohane estabeleceram por meio da Inter<strong>de</strong>pendência Complexa umarelação específica. Que para contradizer a teoria realista, primeiro estabelece umcomparativo entre as duas teorias, e em seguida é estabelecido o processo políticono qual a inter<strong>de</strong>pendência ocorre.Três pressupostos são feitos quanto ao Realismo: primeiro, que os Estadossão predominantes e agem como unida<strong>de</strong>s coerentes; segundo, que os realistasassumem que a força é utilizável e é um instrumento efetivo <strong>de</strong> política e terceiro,que os realistas assumem uma hierarquia <strong>de</strong>ntro dos assuntos da política mundial,li<strong>de</strong>rados pelos assuntos relacionados à segurança militar.Baseados nestes pressupostos, e com o intuito <strong>de</strong> refutá-los é que sãoestabelecidas as características da inter<strong>de</strong>pendência complexa, que são três: aprimeira é que múltiplos canais conectam a socieda<strong>de</strong>, sendo que estes canaispo<strong>de</strong>riam ser resumidos em relações interestaduais, trans-governamentais etransnacionais.A segunda característica é que a agenda das relações inter-estaduais éconstituída por diversos assuntos, e não é arranjada <strong>de</strong> acordo com nenhumahierarquia, o que significa entre outras coisas, que os assuntos relacionados asegurança militar não dominam constantemente a agenda. E a terceira característicaé a idéia <strong>de</strong> que na há o uso da força militar entre Estados <strong>de</strong>ntro da região, ousobre o tema em que a inter<strong>de</strong>pendência complexa prevalecer.Ao estabelecer essas características os autores elevam-nas a processospolíticos distintos, o que traduziria recursos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r como controles <strong>de</strong> resultados.Isso quer dizer que, a existência <strong>de</strong> atores transnacionais introduz novos objetivosno diversos grupos <strong>de</strong> interesses que compõem a agenda internacional <strong>de</strong> umEstado, da mesma forma <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> Estados interagindo. E se não háhierarquia entre esses assuntos, a estratégia que privilegiava assuntos <strong>de</strong>segurança militar já não existe, logo, é necessário o surgimento <strong>de</strong> uma estratégiaque seja capaz <strong>de</strong> antecipar os resultados das negociações dos diferentes temas.


24A balança <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre os Estados será então equilibrada <strong>de</strong> acordo comos temas da agenda, países com força e econômica e militar se <strong>de</strong>stacarão emassuntos co-relacionados. Mas isso também inclui o uso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r para impor aatribuição ou priorização <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado tema como, por exemplo, no caso <strong>de</strong>um país usar <strong>de</strong> sanções econômicas ou privilégios econômicos para conseguir<strong>de</strong>staque a um <strong>de</strong>terminado assunto <strong>de</strong> seu interesse.A existência <strong>de</strong> múltiplos canais <strong>de</strong> contato aumenta o número <strong>de</strong> atorestransnacionais e trans-governamentais, o que faz com que o entendimento dospadrões <strong>de</strong> interesse dos atores mu<strong>de</strong>, já que um ator transnacional, por exemplo,po<strong>de</strong> agir <strong>de</strong> acordo com seu próprio interesse, mas po<strong>de</strong> também agir seguindodiretrizes <strong>de</strong> um Estado. E por fim a existência <strong>de</strong>sses canais também re<strong>de</strong>fine aimportância do papel das organizações internacionais. Elas são muito importantes, amedida que ajudam a criar uma agenda internacional e agem como catalisadoraspara a formação <strong>de</strong> coalizões e arenas <strong>de</strong> iniciativa política.A interação entre o agente e a estrutura, <strong>de</strong> forma que o agente seja capaz <strong>de</strong>influenciar na estrutura como a estrutura influi no agente, permite que um municípiocomo ente subnacional, seja capaz <strong>de</strong> realizar cooperação internacional, e que estascooperações como um todo, sejam capazes <strong>de</strong> influenciar na política externa <strong>de</strong> umpaís e na estrutura das Relações Internacionais. Durante este processo <strong>de</strong> coconstituição,as relações internacionais passam a ser estabelecidas não só pelosatores tradicionais como os Estados, mas também por outros atores como os entessubnacionais. Dessa forma, uma interação entre empresas <strong>de</strong> países diferentes, ouentre uma agência internacional e um ente fe<strong>de</strong>rativo <strong>de</strong> um Estado, possibilitamuma nova formatação das relações internacionais <strong>de</strong> seus Estados respectivos, mastambém uma reformulação do Sistema Internacional como um todo.


253.1 – Capítulo 1 –3 - DESENVOLVIMENTOO processo <strong>de</strong> horizontalização das Relações Internacionais e aParadiplomaciaNas últimas décadas umas das características mais marcantes das relaçõesinternacionais tem sido a crescente pluralida<strong>de</strong> dos vetores <strong>de</strong> interação. Osesquemas verticalizados <strong>de</strong> condução da política externa, que centralizavam aatuação dos agentes oficiais do Estado já não restringem o Sistema Internacional. Ediante <strong>de</strong> uma expansão rápida e sem rumos <strong>de</strong>lineados da or<strong>de</strong>m mundial,emergem novos e múltiplos agentes, marcados pela generalização das relaçõeshorizontais, dotados <strong>de</strong> uma vasta consciência <strong>de</strong> cidadania e <strong>de</strong> uma amplapercepção das variadas formas <strong>de</strong> interação possibilitadas pelo advento tecnológico.(LESSA, 2002)As relações econômicas do mundo globalizado ganham consciência dasnovas oportunida<strong>de</strong>s que se estabelecem. E os recentes processos <strong>de</strong><strong>de</strong>scentralização administrativa, especialmente os ocorridos nos países em<strong>de</strong>senvolvimento, revelam a necessida<strong>de</strong> da promoção larga e efetiva da inserçãoeconômica global, <strong>de</strong> maior competitivida<strong>de</strong> e uma articulação mais horizontal entreos segmentos políticos e econômicos.Estes processos <strong>de</strong> expansão e <strong>de</strong>scentralização refletiram na re<strong>de</strong>finição danatureza, do alcance e dos limites da ação estatal diante da globalização. O queleva a discussão sobre a perda do espaço <strong>de</strong> atuação dos Estados e a diminuiçãodo seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>cisório no plano internacional. João Vicente da Silva Lessa fazalgumas consi<strong>de</strong>rações a este respeito :Com efeito, a transnacionalização dos processos produtivos, a intensa movimentaçãodos capitais financeiros, o <strong>de</strong>senvolvimento dos meios globais <strong>de</strong> comunicação e,conseqüentemente, dos métodos <strong>de</strong> administração no interior das corporações e <strong>de</strong>outras entida<strong>de</strong>s impõem a noção <strong>de</strong> uma relativização do po<strong>de</strong>r dos Estadosnacionais. A ação concomitante <strong>de</strong> diversos agentes internacionais “globais” ten<strong>de</strong>riaa diluir as fronteiras das economias nacionais e a diminuir sensivelmente acapacida<strong>de</strong> dos Estados <strong>de</strong> controlar essas economias pelo emprego do usualarsenal <strong>de</strong> medidas monetárias, fiscais e financeiras. 55 SILVA LESSA, José Vicente. Paradiplomacia no Brasil e no Mundo: o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> celebrar tratados dos governosnão centrais. Viçosa: Ed. UFV, 2007. p.11


26Pensadores que estudam a Socieda<strong>de</strong> Global argumentam que no começo doséculo XXI o processo <strong>de</strong> globalização se acelerou ao ponto on<strong>de</strong> a existência <strong>de</strong><strong>de</strong>limitações claras <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> global se tornaram evi<strong>de</strong>ntes. A emergência<strong>de</strong> um sistema econômico global, <strong>de</strong> comunicações globais e <strong>de</strong> elementos <strong>de</strong> umacultura global ajudaram a montar uma larga re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionamentos sociais quetranscen<strong>de</strong> as fronteiras do Estado e atinge pessoas ao redor <strong>de</strong> todo o mundo.A mo<strong>de</strong>rnização tecnológica da comunicação e o a perspectiva do surgimento<strong>de</strong> uma cultura global têm enfraquecido as culturas nacionais e o papel do Estadocomo protetor e promotor das mesmas. Contudo, este processo <strong>de</strong> horizontalizaçãopo<strong>de</strong> ser visto como positivo, quando passa a ser traduzido em regras maisigualitárias <strong>de</strong> convivência internacional. (KEATING, 2004; LESSA, 2002). Osregimes transbordam fronteiras e abrangem cada vez mais áreas, como a <strong>de</strong>fesa,com a ONU, que integra uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Estados. Ou o comércio com aOMC que é um dos melhores exemplos <strong>de</strong> políticas internacionais coor<strong>de</strong>nadasexistente atualmente.Acerca da discussão entre as conseqüências da globalização e ahorizontalização das Relações Internacionais, a autora Sakia Sassen sugere uma“nova geografia do po<strong>de</strong>r”. A autora relaciona fatores econômicos, acontecimentoshistóricos e a reestruturação do Estado para criar esta nova configuração,abordando três pontos: o território on<strong>de</strong> se materializa a globalização; o surgimento<strong>de</strong> um novo regime para regular as transações econômicas transfronteiriças e porfim a crescente digitalização da ativida<strong>de</strong> econômica.A questão territorial aborda a dispersão geográfica das fábricas, escritórios esetor <strong>de</strong> serviços, ou seja, quando a necessida<strong>de</strong> do vínculo entre empresa eterritório <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir, afirmando que quanto mais globalizada uma empresa, maisaumenta a sua importância, complexida<strong>de</strong> e número <strong>de</strong> transações. Estaglobalização das empresas gera <strong>de</strong>mandas específicas, como o surgimento <strong>de</strong>mercados globais especializados, ou <strong>de</strong> um setor <strong>de</strong> serviços específicos. Ocrescimento <strong>de</strong>ssa nova re<strong>de</strong> <strong>de</strong> comércio <strong>de</strong>manda regulamentação, e para talsurge, conseqüentemente, uma <strong>de</strong>manda por um novo regime - regime são“princípios, normas, regras e procedimentos <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ao redor dasquais as expectativas do autor convergem em qualquer área.” (KRASNER, 1983) -que regule estas transações econômicas transfronteiriças.


27O espaço global e o nacional já não são mais exclu<strong>de</strong>ntes, e sim<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. E a globalização e a <strong>de</strong>sregulamentação governamental nãosignificam a ausência <strong>de</strong> regimes e instituições reguladoras, mas a adaptação dosantigos regimes e instituições e o surgimento <strong>de</strong> novos. Um dos regimes maisimportantes atualmente para o setor privado é, por exemplo, a arbitragem comercialinternacional, que tem se transformado e se institucionalizado como o principalmétodo <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> controvérsias comerciais da atualida<strong>de</strong>. Este processo <strong>de</strong>surgimento <strong>de</strong> novos regimes e regulamentações que ultrapassam as fronteiras doEstado não é privilégio da economia, pois o mesmo acontece em diversas áreas,como meio ambiente e direitos humanos.O terceiro componente da nova geografia proposta é a crescente importânciado espaço eletrônico na economia. O constante crescimento da digitalização, <strong>de</strong> umnúmero cada vez maior <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s econômicas torna o Estado e seu sistema <strong>de</strong>regulação econômica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sta tecnologia, tal como as instituições dosetor privado também cada vez mais o são. Esta nova geografia é usada paramostrar uma reconfiguração do Estado e <strong>de</strong> seus regimes, diante das novas<strong>de</strong>mandas impostas pela globalização. (SASSEN, 2004)Da mesma forma, existe uma remo<strong>de</strong>lação entre as relações do Estado comsuas regiões. O Estado <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser mediador único entre as relações feitas porsuas regiões e dá lugar a uma configuração mais complexa, na qual as regiõesatuam <strong>de</strong>ntro do Estado, mas também <strong>de</strong>ntro dos regimes transnacionais e daeconomia global.Para autores como Celso Lafer, essa horizontalização já vem <strong>de</strong>spontandocomo alternativa <strong>de</strong>mocrática para a solução dos novos temas do SistemaInternacional há algum tempo. Para o autor, a queda do muro <strong>de</strong> Berlimensejou, sobretudo no seu momento inicial, a prevalência da <strong>de</strong>mocracia e aautonomia da socieda<strong>de</strong> civil. Daí o novo papel das organizações nãogovernamentais,que atuam em re<strong>de</strong> no espaço público na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> certos valores,como o meio ambiente e os direitos humanos. 6Os indivíduos passam a transcen<strong>de</strong>r as fronteiras nacionais, projetandovalores para a comunida<strong>de</strong> global, forjando uma nova consciência social em escalamundial. Questões como direitos humanos, ambientais, trabalhistas, direito dasminorias e da mulher, passam a ser trabalhados pela socieda<strong>de</strong> civil mundial, e logo6 LAFER, Celso, Fórum Nacional - Nova Or<strong>de</strong>m Internacional, globalização e o mundo pós-11 <strong>de</strong>setembro, Brasília, 9 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2002.p.2


28retornam aos Estados nacionais em forma <strong>de</strong> pressão externa. Os temastranscen<strong>de</strong>m a fronteira física e política do Estado, e sua discussão <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> seropcional ao Estado. (LESSA, 2002)A globalização da economia, a mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capital e o crescimento dastecnologias <strong>de</strong> transportes e comunicação trouxeram maior liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> localizaçãopara as empresas e reduziram sua <strong>de</strong>pendência quanto à proximida<strong>de</strong> das matériasprimas ou acesso marítimo. As inovações na área das comunicações permitem quese exporte cultura, e que comunida<strong>de</strong>s culturais se criem sem haver necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>proximida<strong>de</strong> física.E relações mais horizontais no Sistema Internacional são percebidas tambémcomo via <strong>de</strong> acesso à promoção <strong>de</strong> parcerias que funcionem como complementaresexternos em todos os níveis. A complementarida<strong>de</strong> neste caso significa que o entesubnacional busca parceiros que complementem suas necessida<strong>de</strong>s, para que acooperação funcione como forma <strong>de</strong> atingir seus interesses. São formadas asconsciências <strong>de</strong> governos locais, <strong>de</strong> associações civis, <strong>de</strong> grupos, regiões emunicípios. Existe ainda uma percepção <strong>de</strong> que as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> superação <strong>de</strong>problemas recorrentes e históricos po<strong>de</strong>m ser encontradas em um contexto maisfértil da cooperação internacional.As possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação são muito maiores quando um entesubnacional po<strong>de</strong> buscar parceiros ao redor mundo. Contudo, existe ainda apreocupação sobre o que levaria um ente subnacional e procurar a cooperaçãoexterna, e quais seriam as conseqüências <strong>de</strong>ssa procura.Michael Keating apresenta três grupos <strong>de</strong> motivações que levam uma regiãoa agir em direção ao cenário internacional: econômicas, políticas e culturais.Economicamente, existe a busca por investimentos, mercados consumidores parasuas produções e tecnologia para a mo<strong>de</strong>rnização. Já regiões que possuem seupróprio idioma - como é o caso <strong>de</strong> Quebec no Canadá, que fala uma língua distintado idioma falado nos seus arredores - são exemplo da busca pela aproximaçãocultural, pois po<strong>de</strong>m fazer intercambio <strong>de</strong> diversos meios culturais como a música, aliteratura, o cinema e ainda aumento as suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imigração. Quebecutilizou-se da sua proximida<strong>de</strong> cultural com a França e outros países francófonos,conseguindo o direito <strong>de</strong> regular sua própria imigração, e passou então a privilegiara vinda <strong>de</strong> originais <strong>de</strong>stes países. Esta aproximação implica também na projeção eexportação da cultura, que é facilitada pelas novas tecnologias, fazendo com que


29diferentes regiões passem a promover suas culturas não só em busca <strong>de</strong> conexõesculturais, mas também como forma <strong>de</strong> promoção do turismo e <strong>de</strong> projeçãointernacional.Já para as questões políticas, é mais difícil i<strong>de</strong>ntificar um padrão específico,pois cada região tem um interesse político diferente para se inseririnternacionalmente. O cenário internacional passa a funcionar como plataforma <strong>de</strong>projeção política interna e diferentes motivações surgem a partir <strong>de</strong>sta configuração.Há também aquele governante que procura projeção pessoal como forma <strong>de</strong>plataforma eleitoral, como existem também regiões com características culturaisespecíficas que po<strong>de</strong>m fazer uso <strong>de</strong> sua projeção internacional para realizarobjetivos maiores; como foi o caso da região da Catalunha na Espanha, que fez usoda gran<strong>de</strong> projeção dada a Barcelona durante os Jogos Olímpicos <strong>de</strong> 1992, parafazer pleito <strong>de</strong> sua tentativa <strong>de</strong> separação do Estado espanhol. Como tambémpo<strong>de</strong>m fazer uso <strong>de</strong> suas riquezas, naturais ou industriais para atrair investimentosestrangeiros para a região.O uso da paradiplomacia por entes subnacionais em busca <strong>de</strong> inserçãointernacional se torna cada vez mais freqüente. As regiões fazem uso do caráteroportunista- já que não é institucionalizada - e experimental <strong>de</strong>sta relação, - diferenteda diplomacia formal, que é profundamente institucionalizada e burocrática – epassam a fazer uso <strong>de</strong>la para suprir sua necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operar no sistemainternacional. Contudo, por não ser institucionalizada, e não estar <strong>de</strong>terminadaformalmente, a paradiplomacia é revestida por uma complexa lógica funcional, e as<strong>de</strong>terminações políticas passam a ser o aspecto chave <strong>de</strong> seu funcionamento.(KEATING, 2004)O <strong>de</strong>saparecimento da distinção entre assuntos internos e internacionais eentre as questões <strong>de</strong> âmbito nacional e regional representam, <strong>de</strong>ntro daparadiplomacia, uma importante nova dimensão tanto para o regionalismo quantopara as relações internacionais. Da mesma forma, a política é cada vez mais,assunto <strong>de</strong> complexas re<strong>de</strong>s, e já não po<strong>de</strong> ser limitada às instituições, poistransborda tanto os limites entre o público e o privado quanto as fronteirasinternacionais.No Brasil, foi o período <strong>de</strong> re<strong>de</strong>mocratização no final da década <strong>de</strong> 80, e oconseqüente estabelecimento <strong>de</strong> uma nova Constituição Fe<strong>de</strong>ral que abriram asportas para o crescimento das ativida<strong>de</strong>s paradiplomáticas no país. O recém


30adquirido status <strong>de</strong> ente fe<strong>de</strong>rativo <strong>de</strong>u ao município mais autonomia administrativa,mas trouxe também mais responsabilida<strong>de</strong>s. O governo sofreu uma<strong>de</strong>scentralização que transferiu responsabilida<strong>de</strong>s para os entes da fe<strong>de</strong>ração, comofoi o caso da criação do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e da Educação FundamentalMunicipal. Os prefeitos passaram então a buscar alternativas que auxiliassem nagestão <strong>de</strong> seu território e também aprimorassem as suas estratégias <strong>de</strong> captação <strong>de</strong>recurso.Este processo aconteceu na mesma época em que as agênciasinternacionais como o Banco Mundial e o Banco Interamericano <strong>de</strong> Desenvolvimentopassaram a consi<strong>de</strong>rar os municípios como parceiros estratégicos, já que aocontrario dos Estados nacionais, os recursos enviados para um município sofremmenos risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio ou mau uso por meio da corrupção, e que são menores e asocieda<strong>de</strong> civil tem mais proximida<strong>de</strong> para fiscalizar a aplicação dos recursos. Estefato trouxe novas alternativas para que os prefeitos ampliassem as suascapacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento, aumentando, conseqüentemente o número <strong>de</strong>projetos <strong>de</strong> empréstimos enviados ao exterior. (ROMÃO in RODRIGUES et al; 2009)


313.2 - Capítulo 2 –A Estrutura da Paradiplomacia no BrasilMesmo sendo vistos como parte do Estado, os governos locaisconstantemente se encontram caracterizados <strong>de</strong> forma ambígua, representadostanto como governo central, como socieda<strong>de</strong> civil. E, como ambos, suasresponsabilida<strong>de</strong>s são inúmeras, tendo que ser confiáveis, transparentes,representativos, e ainda prover para sua comunida<strong>de</strong> todos os serviços <strong>de</strong> bempúblico, que nem sempre são corretamente financiados pelo governo central.(UCLG; 2009)Como já <strong>de</strong>stacado, há inúmeras razões que levam um governo local abuscar sua internacionalização. E diante <strong>de</strong>sta busca, o governo local procuraparceiros com o qual possua alguma simetria, seja ela política, cultural, geográfica,etc. Existem diversas formas <strong>de</strong> se alcançar uma internacionalização efetiva e queconte ainda com o auxilio <strong>de</strong> parceiros que possuam a mesma linha <strong>de</strong> interesse ouatuação do município que se internacionaliza. A seguir serão <strong>de</strong>scritas algumasformas utilizadas atualmente por entes subnacionais brasileiros para se inserir nocontexto internacional, a começar pelas parcerias multilaterais.Lessa relaciona em seu livro supracitado, as principais ativida<strong>de</strong>s multilateraisestabelecidas pelas regiões do globo. A primeira região abordada é a Europa, quepossui associações mais antigas e coesas. São elas: a Associação das RegiõesEuropéias <strong>de</strong> Fronteira, a Comunida<strong>de</strong> do Estados Alpinos, a Comunida<strong>de</strong> dosPirineus, a Conferência Internacional do Bo<strong>de</strong>nsee, a “Regio Basiliensis” no AltoReno, A Comunida<strong>de</strong> dos Estados do Danúbio, A re<strong>de</strong> “CAR” (Cities and Regions ofthe Automobile Industry), a Conferência das Regiões Marítimas Periféricas, o Grupo<strong>de</strong> Trabalho sobre Regiões <strong>de</strong> Indústria Tradicional e os “Quatro Motores daEuropa”.A cooperação <strong>de</strong>scentralizada multilateral é um instrumento efetivo na Europa<strong>de</strong>vido à sua experiência prévia com a União Européia e à sua fácil i<strong>de</strong>ntificaçãocultural com seus vizinhos, principalmente <strong>de</strong>vido aos seus antece<strong>de</strong>ntes históricoscomuns, ainda que isso também implique em uma dificulda<strong>de</strong>, se visto pelaperspectiva das rivalida<strong>de</strong>s históricas. É ainda uma opção facilitada para a região,pois possui significativa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>stinados à integração regional,que é beneficiada com a cooperação <strong>de</strong>scentralizada entre municípios e regiões


32européias, ou também com a cooperação que envolve mais <strong>de</strong> um município ouregião européia.A seguir o autor se refere à América do Norte <strong>de</strong>stacando duas associaçõestransnacionais <strong>de</strong> estados fe<strong>de</strong>rados. São elas a “Pacific Northwest EconomicRegion” (PNWER) e a ”Camino Real Economic Alliance”. E sob a forma <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong><strong>de</strong> cooperação, coor<strong>de</strong>nação e consulta, vale citar a “Great Lakes Charter. NaAmérica do Norte, a perspectiva <strong>de</strong> cooperação bilateral é mais bem <strong>de</strong>senvolvidado que a do multilateralismo, entre outros fatores, <strong>de</strong>vido principalmente às suascondições físicas, que permitem que cada um dos três Estados norte-americanos sófaça fronteira com um ou dois dos outros Estados. Mas a exemplo <strong>de</strong>stas trêsassociações, existe o esforço da unificação da América do Norte como bloco. Essacaracterística encontra semelhantes na Europa e na América Latina, on<strong>de</strong> aunificação das respectivas regiões como bloco também é buscada.Lessa também aborda a América Latina em seu trabalho, contudo, para estaregião será usada como fonte o estudo do Observatório <strong>de</strong> CooperaçãoDescentralizada União Européia e América Latina, por meio da sua publicação sobrea abertura das cida<strong>de</strong>s latino- americanas ao exterior. Em uma análise maisaprofundada, o Observatório relata não só a perspectiva multilateral na região, mastambém <strong>de</strong>staca as principais modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>scentralizada naAmérica Latina, o que é uma visão necessária para que se possa fazer, maisadiante, a análise da inserção regional da cooperação <strong>de</strong>scentralizada brasileira esuas origens.A primeira modalida<strong>de</strong> são os hermanamientos (o termo ainda não possuitradução acadêmica oficial), que ocorre quando duas cida<strong>de</strong>s se tornam “irmãsgêmeas” uma da outra, e passam a cooperar bilateralmente. A <strong>de</strong>nominaçãoinusitada vem do fato que as cida<strong>de</strong>s normalmente cooperam com parceiros <strong>de</strong>características muito similares, ou seja, que possuam aproximadamente a mesmaextensão territorial, a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitantes, ativida<strong>de</strong>s econômicascomuns, afinida<strong>de</strong>s políticas e/ou culturais.São cida<strong>de</strong>s que costumam acolherimigrantes umas das outras, que é o caso das cida<strong>de</strong>s fronteiriças, ou até mesmocida<strong>de</strong>s que possuam o mesmo nome.Em geral os hermanamientos são aprovados tanto pelo po<strong>de</strong>r executivo,quanto pelo po<strong>de</strong>r legislativo das cida<strong>de</strong>s envolvidas, possibilitando a interferênciadas câmaras municipais no processo e nas suas ativida<strong>de</strong>s posteriores. As cida<strong>de</strong>s


33que participam <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> relação geralmente possuem um perfil especifico.Normalmente são metrópoles ou cida<strong>de</strong>s medianas, e mais <strong>de</strong> dois terços <strong>de</strong>stas serelacionam com cida<strong>de</strong>s da Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão,mas há também vários casos <strong>de</strong> relações com cida<strong>de</strong>s da China, Índia, LesteEuropeu, África e Oriente Médio. A tendência atual é que cada vez menos projetostenham que passar por aprovações burocráticas, e que o governo central facilitecada vez mais a prática dos hermanamientos.Outra modalida<strong>de</strong> são os acordos bilaterais. O Observatório optou por<strong>de</strong>nominar as diferentes formas <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>scentralizada realizadas entrecida<strong>de</strong>s ou entre regiões e cida<strong>de</strong>s como “acordos bilaterais <strong>de</strong> cooperação<strong>de</strong>scentralizada”. (BATISTA in BATISTA et al, 2005) Os acordos bilaterais (e/oumultilaterais) representam instrumentos concretos, tangíveis e factíveis <strong>de</strong>cooperação, baseados em uma gama comum <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong>s e interesses <strong>de</strong> curto,médio e longo prazo, envolvendo dois ou mais governos locais/ regionais. Alémdisso, asseguram umas das melhores formas e instrumentos <strong>de</strong> cooperação entregovernos locais/ regionais.As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s são outra modalida<strong>de</strong> que tem se mostrado muitoefetiva, e funciona como instrumento <strong>de</strong> promoção para a inserção internacional dosgovernos locais, para o incremento da cooperação internacional <strong>de</strong>scentralizada,assim como um meio para amplificar a ressonância internacional dos problemas queenfrentam os governos locais. Ainda que as associações e municípios iniciem suasativida<strong>de</strong>s no continente antes <strong>de</strong> se inserirem em re<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>-se afirmar quein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da sua origem, tanto as re<strong>de</strong>s quantos as iniciativas locaistiveram fortes impulsos a partir da combinação dos fatores provocados pelaformação dos blocos econômicos – Mercosul e CAN – e do inicio das ativida<strong>de</strong>s doPrograma URB –AL, que um Programa <strong>de</strong> fomento à cooperação <strong>de</strong>scentralizadaentre a União Européia e a América Latina.As re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s ligadas a processos <strong>de</strong> integração regional são:• A Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mercocida<strong>de</strong>s: que busca intensificar a participação dascida<strong>de</strong>s nas <strong>de</strong>cisões do bloco Mercosul, a partir da criação <strong>de</strong>sta re<strong>de</strong>.• A Re<strong>de</strong> Andina <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s: que tem o intuito <strong>de</strong> reforçar o papel dascida<strong>de</strong>s e autorida<strong>de</strong>s locais no âmbito internacional, especialmente noâmbito da Comunida<strong>de</strong> Andina <strong>de</strong> Nações – CAN.


34As Re<strong>de</strong>s URB-AL são fruto do Programa URB-AL <strong>de</strong> apoio a cooperação<strong>de</strong>scentralizada da Comunida<strong>de</strong> Européia para o intercâmbio entre cida<strong>de</strong>s da UniãoEuropéia e da América Latina. Estas re<strong>de</strong>s têm como principal objetivo o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cooperação direta entre os diferentes agentes e governos locaise regionais advindo das duas regiões.Há também re<strong>de</strong>s temáticas não incluídas em programas europeus, são elas:a Associação Internacional <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s Educadoras – AICE, o ConselhoInternacional para as Iniciativas Ambientais Locais – ICLEI e o Centro Ibero-Americano <strong>de</strong> Desenvolvimento Estratégico Urbano – CIDEU.Estas re<strong>de</strong>s visam à facilitação ou o aprofundamento dos processos <strong>de</strong>integração regional dos quais fazem parte. Este tipo <strong>de</strong> cooperação é comum,justamente pela facilida<strong>de</strong> que as partes têm em encontrar um motivo para cooperar,já que todos normalmente têm interesse no sucesso da integração.Existem ainda as associações <strong>de</strong> municípios, que diferentemente dasanteriores não possuem um cunho <strong>de</strong> inserção regional, mas buscam o fomento dacooperação <strong>de</strong>scentralizada, amparada nas vocações tradicionais <strong>de</strong> apoio aofortalecimento das <strong>de</strong>mocracias, intercâmbio técnico, captação <strong>de</strong> recursos,solidarieda<strong>de</strong>, entre outros. Incorporando às suas temáticas <strong>de</strong> trabalho não sóassuntos <strong>de</strong> interesse local e regional, como também <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento humano.Algumas <strong>de</strong>stas associações são: Cida<strong>de</strong>s e Governos Locais Unidos –CGLU; a Fe<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s, Municípios e Associações – FLACMA; a Fe<strong>de</strong>ração<strong>de</strong> Municípios do Istmo Centro-Americano – FEMI- CA e a União das Cida<strong>de</strong>s eCapitais Ibero-Americanas – UCCI. Esta modalida<strong>de</strong> possui a característica <strong>de</strong>privilegiar a cooperação social, ou seja, fomentar políticas e projetos <strong>de</strong> cunho socialque protejam seus direitos e <strong>de</strong>senvolvam o ser humano.A última modalida<strong>de</strong> são os programas <strong>de</strong> apoio à cooperação<strong>de</strong>scentralizada. Esta modalida<strong>de</strong> é composta por experiências <strong>de</strong> envolvimento dasinstituições multilaterais no processo <strong>de</strong> internacionalização das cida<strong>de</strong>s. Destasiniciativas, três merecem uma atenção mais cuidadosa: O Programa das NaçõesUnidas para Assentamentos Humanos (UN – Habitat), o Programa <strong>de</strong> GestãoUrbana (PGU) e o Cities Alliance.A Conferência “Habitat – II” introduziu uma série <strong>de</strong> novos objetivos sobrepolítica urbana, particularmente políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável e reduçãoda pobreza. A conferência <strong>de</strong>u origem a diversas resoluções que ficaram conhecidas


35como UN-Habitat, programa que levou adiante os objetivos da conferência,tornando-se uma instituição multilateral <strong>de</strong> fomento ao <strong>de</strong>senvolvimento humano.O PGU também é executado pelo UN-Habitat e tem como missão fortalecer acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão das cida<strong>de</strong>s e apoiar seus esforços rumo ao <strong>de</strong>senvolvimentosustentável. Possui quatro objetivos: erradicar a pobreza urbana, melhorar a gestãodo ambiente urbano, promover a gestão participativa a nível local e fortalecer aigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros.O programa Cities Alliance objetiva melhorar as condições <strong>de</strong> vida dos pobresnas cida<strong>de</strong>s, por meio da implementação <strong>de</strong> ações em duas áreas fundamentais:estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento urbano e erradicação ou regularização <strong>de</strong> bairrosinformais e marginalizados. É formado por instituições multilaterais como o UN-Habitat, a União Européia e o Banco <strong>de</strong> Desenvolvimento da Ásia, entre outras.Todas essas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>scentralizada exemplificam aamplitu<strong>de</strong> da inserção internacional <strong>de</strong> um ente subnacional. As iniciativasmultilaterais supracitadas <strong>de</strong>monstram a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> temas abrangidos pelacooperação <strong>de</strong>scentralizada atualmente, e como um município tem a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> se inserir econômica, social, política e culturalmente no cenário internacional, <strong>de</strong>acordo com as suas necessida<strong>de</strong>s e interesses.E importante ressaltar que as modalida<strong>de</strong>s Latino- Americanas <strong>de</strong>Cooperação Descentralizada são fruto do estudo cooperação <strong>de</strong>scentralizada queocorre naquela região específica. No entanto, essas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperaçãosão registradas em todo o mundo, não só com pela existência <strong>de</strong> relações similaresas existente na América Latina em outro locais, mas também porque a própriaAmérica Latina coopera com todas as outras regiões do globo.O Brasil como país em <strong>de</strong>senvolvimento da América Latina, possuidor <strong>de</strong>vastos recursos naturais e PIB crescente, não se alienou <strong>de</strong>ste fenômeno. Porém,tem sido gran<strong>de</strong> a assimetria da atuação brasileira neste contexto, já que o país nãoinstitucionalizou a cooperação <strong>de</strong>scentralizada, e tão pouco a legalizou e ainda sim aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>ste tipo, realizada pelos entes subnacionais ésignificativa. Apenas algumas cida<strong>de</strong>s, especialmente as maiores e mais<strong>de</strong>senvolvidas, que já possuíam vasta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos se inseriram nãoprocesso <strong>de</strong> inserção internacional. A maioria <strong>de</strong>stas inclusive estão localizadas nosestados e regiões mais <strong>de</strong>senvolvidas do país. Foi somente com o passar dos anos,


36e com o sucesso da inserção dos estados e municípios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, que ascida<strong>de</strong>s medianas passaram a buscar a sua própria inserção.Em seu livro Lessa faz uma análise <strong>de</strong> atos informais celebrados porunida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas, e exemplifica com um quadro a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parceirosinternacionais, adquiridos por meio <strong>de</strong> tais atos, que o Brasil possuía em 2002.QUADRO IParcerias Internacionais das Unida<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>radas Brasileirasna Assinatura <strong>de</strong> Atos InformaisPaís <strong>de</strong> origem Freqüência Parcerias no BrasilEstados Municípios outros %Alemanha 6 6 9.2Argentina 8 6 2 12.3Bélgica 1 1 1.6Canadá 2 1 1 3.0Chile 2 2 3.0China 9 5 3 1 13.8Costa Rica 1 1 1.6Espanha 6 6 9.2Estados Unidos 6 6 9.2França 3 3 4.6Israel 1 1 1,6Itália 5 4 1 7.7Japão 9 8 1 13.8Noruega 1 1 1.6Paraguai 2 2 3.0Polônia 1 1 1.6Suíça 1 1 1.6Ucrânia 1 1 1.6TOTAIS 65 54 7 4 100Fonte: documentação fornecida pelas unida<strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>radas brasileiras, arquivos da DAI e da ARF.(LESSA, 2002. p.94)Os atos informais são como se configuram os acordos bilaterais. Estaamostragem exemplifica a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> parceiros que o Brasil possuía então, mastambém <strong>de</strong>monstra claramente que a assinatura <strong>de</strong> atos informais não é uma práticarecorrente entre os municípios, pois a maior parte das assinaturas foi realizada porestados.Outra observação relevante, é que a maior incidência <strong>de</strong> acordos foi com aChina e com o Japão. Ambos são <strong>de</strong>monstrativos <strong>de</strong> que a maior parte das


37ativida<strong>de</strong>s internacionais realizadas por entes subnacionais é resultado direto <strong>de</strong>políticas públicas advindas do governo central. Ambos os países recebem fortesincentivos do governo brasileiro para a realização <strong>de</strong> acordos bilaterais, o que ostorna exemplo <strong>de</strong> relações bilaterais estabelecidas com intuito <strong>de</strong> fomentar políticaspúblicas governamentais. A relação com o Japão possui cunho comercial, pois opaís é uma potência industrial e tecnológica, mas também cultural <strong>de</strong>vido a gran<strong>de</strong>quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imigrantes japoneses no país.Já a China se encontra nesta posição porque possui uma série <strong>de</strong>características que facilitam a cooperação entre sino-brasileira. A China é um paísem <strong>de</strong>senvolvimento, que faz parte das cooperações sul- sul, e do bloco político<strong>de</strong>nominado BRIC - sigla composta das iniciais <strong>de</strong> seus componentes: Brasil,Rússia, Índia e China, inventada pela empresa norte-america <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>investimetos, Goldman-Sachs, com o objetivo <strong>de</strong> exemplifica um bloco <strong>de</strong> países noqual se investir seria lucrativo e seguro. Essas características são relevantes pois oBrasil as possui também, e essa similarida<strong>de</strong> é um facilitador e um incentivo para acooperação internacional.Outro quadro interessante proposto por Lessa é o que exemplifica adistribuição da cooperação <strong>de</strong>scentralizada por áreas e objetivos (bilaterais). Comopo<strong>de</strong>rá ser examinado a seguir. Este quadro <strong>de</strong>monstra uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>temas escolhidos para a cooperação, esclarecendo que os entes subnacionaisbrasileiros procuram parcerias internacionais por diferentes e variados motivos queatendam suas <strong>de</strong>mandas específicas.QUADRO IIDistribuição da Ativida<strong>de</strong> Paradiplomática no Brasilpor Áreas e Objetivos (bilaterais)ÁREASOBJETIVOSCooperação(técnica,científica,tecnológica)promoção dointercâmbioInformaçõesrecíprocasInvestimentosCapacitaçãoprofissionalGeral 3 11 10 7 7comércio 11 24 13indústria25 26 10 11 4(economia)


38peq. e med. emp. 1 6 1joint-ventures 1 11 2 1infra-estrutura 1 1energia 3 1construção naval 2zonas francas 1 1 1agroindústria 15 4 3 6pesca/aquicultura 5 2 2 3turismo 10 8 5 2serviços 1 2 3transportes 4 1 1portos 3 1meio ambiente 18 6 2 3administração 2 3 2públicaplanej. urbano 2 1segurança publica 1 1 1legislação 6governo 2processo1 1legislativoprocesso eleitoral 1políticas sociais 2 3 2finanças públicas 1educação 9 16 7 5esporte e cultura 15 15 5 1saú<strong>de</strong> e11 4 5saneamentociência &23 17 5 2tecnologiaInformática 2 2 2Integraçãoregional1 4 1Fonte: atos informais subscritos por autorida<strong>de</strong>s em estados fe<strong>de</strong>rados brasileiros. (LESSA, 2002.p.97)O quadro expressa também uma característica da cooperação brasileira, nãosó a <strong>de</strong>scentralizada, que é a preferência pela cooperação técnica. Os municípiostêm também gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentos, o que no quadro, aparece comoa forma menos realizada <strong>de</strong> cooperação. Esse é ainda é um reflexo da imagemexterna do Brasil, como país em <strong>de</strong>senvolvimento, e com altos níveis <strong>de</strong> corrupção,mas também reflete o próprio posicionamento dos entes subnacionais diante dassuas opções <strong>de</strong> financiamento, pois ainda recorrem primeiramente ao Estado embusca <strong>de</strong> recursos.É interessante constatar que a gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong> cooperação éuma conseqüência direta das facilida<strong>de</strong>s tecnológicas do século XXI, e da própria


39globalização. O quadro I expressa essa mesma característica, pois <strong>de</strong>monstra afacilida<strong>de</strong> encontrada pelo Brasil ao se relacionar com países longínquos e quepossuem diferentes características políticas, tornando possível, por exemplo acooperação tecnológica entre o Município <strong>de</strong> Belo Horizonte e a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Homs, naSíria.No entanto, diante <strong>de</strong> <strong>de</strong>stas informações diversas sobre a cooperaçãointernacional, é importante ressaltar que dados expostos nos quadros acima, tratamexclusivamente <strong>de</strong> relações bilaterais, realizadas por meio <strong>de</strong> atos informais, o que ésomente uma das formas <strong>de</strong> realizar cooperação <strong>de</strong>scentralizada. É também aforma mais comum <strong>de</strong> realizar uma cooperação bilateral.Ao examinar os atos informais, Lessa questiona a legitimida<strong>de</strong> da realizaçãodos mesmos no Brasil. Mas não só os atos informais têm sua legitimida<strong>de</strong> elegalida<strong>de</strong> questionadas no estudo da paradiplomacia. Outros autores, comoGilberto Rodrigues, questionam o mesmo sobre esta e as outras formas <strong>de</strong>realização da cooperação <strong>de</strong>scentralizada no Brasil. Contudo, os dois autoresconcordam ao afirmar que esta relação é legítima.A questão da legitimida<strong>de</strong> da atuação internacional não se refere apenas aoatos informais, pois ela é realizada <strong>de</strong> diversas formas, como foi <strong>de</strong>monstrado acima,existem várias modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> paradiplomacia, o que implica que cada uma <strong>de</strong>lasvai preferir formalizar a sua cooperação <strong>de</strong> uma forma diferente. As relaçõesbilaterais geralmente são realizadas por atos informais. Contudo, a relação <strong>de</strong>cooperação <strong>de</strong>scentralizada franco-brasileira foi formalizada por meio <strong>de</strong><strong>de</strong>clarações presi<strong>de</strong>nciais <strong>de</strong> ambas as partes indicando interesse <strong>de</strong> cooperar. Damesma forma, as relações multilaterais, como as participações brasileiras na Re<strong>de</strong><strong>de</strong> Mercocida<strong>de</strong>s foram internalizadas pelas prefeituras por meio <strong>de</strong> leis municipais;além é claro, <strong>de</strong> já possuírem a legitimação do governo fe<strong>de</strong>ral por se tratar <strong>de</strong> umare<strong>de</strong> inclusa no âmbito do Mercosul; entre outros exemplos.Gilberto Rodrigues afirma que a legitimida<strong>de</strong> da atuação internacional <strong>de</strong>governos subnacionais no Brasil resi<strong>de</strong> “no seu reconhecimento como entesfe<strong>de</strong>rados autônomos, titulares <strong>de</strong> competência exclusiva, comuns e concorrentes,na Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988.” (RODRIGUES in RODRIGUES et al, 2009) Osmunicípios recebem <strong>de</strong>staque nesta questão, pois a sua elevação <strong>de</strong> status paraente fe<strong>de</strong>rativo modificou a fe<strong>de</strong>ração brasileira, que <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser dual(União+estados) para ser trina (União+estados+municípios).


40Apesar <strong>de</strong> não existir uma previsão constitucional específica para a realização<strong>de</strong> ações internacionais por estes entes fe<strong>de</strong>rativos, o artigo 52 da ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral, inciso V, tratando <strong>de</strong> competências privadas do Senado, confere à câmaraalta “autorizar operações externas <strong>de</strong> natureza financeira, <strong>de</strong> interesse da União,dos Estados, do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, dos Territórios e dos Municípios”. Na prática, esteinciso tem efeito sobre as relações mantidas entre os municípios e organismoseconômicos internacionais, como o Banco Inter-Americano <strong>de</strong> Desenvolvimento.Além <strong>de</strong>stas duas questões relacionadas ao status fe<strong>de</strong>rativo das cida<strong>de</strong>s eao inciso da Constituição, a legitimida<strong>de</strong> das ações internacionais realizadas porentes subnacionais brasileiros ainda é um processo em construção. Dentro dogoverno central o tema é <strong>de</strong>legado a duas instituições: ao Ministério das RelaçõesExteriores - Itamaraty, por meio da antiga Assessoria <strong>de</strong> Assuntos Fe<strong>de</strong>rativoscriada em 1997, mas que em 2003 se tornou Assessoria Especial <strong>de</strong> AssuntosFe<strong>de</strong>rativos e Parlamentares; e à Presidência da República, por meio da Subchefia<strong>de</strong> Assuntos Fe<strong>de</strong>rativos (SAF). Essas estruturas por si só representam parte doreconhecimento da legitimida<strong>de</strong> das relações internacionais fe<strong>de</strong>rativas, por parte dogoverno central.Todavia, ao se tratar <strong>de</strong> legalida<strong>de</strong>, Lessa e outros juristas concordam queexiste a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o Brasil possuir uma lei <strong>de</strong> tratados que preveja os tipos <strong>de</strong>instrumento e alcance dos temas passíveis <strong>de</strong> celebração pelos estados fe<strong>de</strong>rados emunicípios. Entretanto, mesmo sem marco legal, muitos municípios, principalmenteos maiores, cooperam bilateralmente com entes subnacionais estrangeiros,realizando encontros e eventos, inclusive realizando acordos <strong>de</strong> hermanamiento ecooperação técnica.A outra questão que se relaciona à estrutura da cooperação <strong>de</strong>scentralizadabrasileira é a própria presença <strong>de</strong> uma representativida<strong>de</strong> da área internacional naestrutura do governo local. Rodrigues afirma que a cida<strong>de</strong> que possui em suaestrutura uma área <strong>de</strong>stinada às relações internacionais tem mais facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seprojetar internacionalmente, e que toda a cida<strong>de</strong> que já está inserida em umcontexto internacional possui uma área <strong>de</strong>dicada ao tema.O autor sugere ainda uma forma para que se estabeleça esta estrutura: oprimeiro passo é encontrar profissionais capacitados, o segundo é conferir um statuselevado ao órgão que irá conduzir a agenda internacional do município, o terceiro éatribuir ao órgão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Estado e não <strong>de</strong> governo, para


41garantir a memória e os resultados das ações. E por fim, criar <strong>de</strong>ntro da prefeituraum cargo concursado para o profissional <strong>de</strong> Relações Internacionais.A necessida<strong>de</strong> do estabelecimento <strong>de</strong> uma estrutura internacional para osentes subnacionais não passou <strong>de</strong>spercebida nem pelas associaçõesmunicipalistas, nem pelo governo fe<strong>de</strong>ral. Existe hoje um Comitê <strong>de</strong> ArticulaçãoFe<strong>de</strong>rativa (CAF), composto por entida<strong>de</strong>s municipalistas nacionais: a AssociaçãoBrasileira <strong>de</strong> Municípios (ABM); Confe<strong>de</strong>ração Nacional dos Municípios (CNM) e aFrente Nacional dos Prefeitos (FNP). Estas entida<strong>de</strong>s regulam, auxiliam erepresentam os governos municipais do Brasil, são compostas por representantesdas prefeituras e outros órgãos municipais, e funcionam como administradores dosinteresses municipais do Brasil junto ao governo fe<strong>de</strong>ral, mas também junto aAmérica Latina e outras regiões.A área internacional da CAF realiza hoje dois tipos <strong>de</strong> articulação: entre e aprefeitura e as suas entida<strong>de</strong>s membros e entre a prefeitura e o Governo Fe<strong>de</strong>ral. Aunião <strong>de</strong>ssas três entida<strong>de</strong>s tem também outros objetivos como, por exemplo umamaior visibilida<strong>de</strong> junto ao governo fe<strong>de</strong>ral, maior facilida<strong>de</strong> na coleta <strong>de</strong> dadosespecíficos relacionados aos municípios, e principalmente a facilitação daarticulação entre as prefeituras e os possíveis parceiros internacionais. A CAF nãopossui uma estrutura exclusiva, e age por meio das estruturas <strong>de</strong> suas entida<strong>de</strong>smembros, sendo que cada uma <strong>de</strong>las <strong>de</strong>stina em sua estrutura uma áreainternacional. Dentro <strong>de</strong>ssas áreas internacionais, sempre há um prefeito, que<strong>de</strong>verá ser eleito por seus colegas prefeitos, para representar os interesses dascida<strong>de</strong>s na entida<strong>de</strong>, e conseqüentemente na própria CAF.A Subchefia <strong>de</strong> Assuntos Fe<strong>de</strong>rativos (SAF) da Presidência da República serelaciona diretamente com à CAF, e funciona como articulador e facilitador <strong>de</strong>vínculos entre as prefeituras e os seus parceiros internacionais. Porém, esta não é aúnica função da SAF. A Subchefia também representa os interesses do governocentral, e para tal possui eixos <strong>de</strong> ação que condizem com os interesses do Estadoe do governo brasileiro. Contudo, a SAF não age como fomentadora <strong>de</strong> cooperação<strong>de</strong>scentralizada, pois não possui em sua estrutura, recursos suficientes para aten<strong>de</strong>ralém da <strong>de</strong>manda já existente, que ocorre sem fomento do Governo Fe<strong>de</strong>ral.Estes eixos <strong>de</strong> ação propostos pela SAF têm uma importância ainda maior,pois acabam por tornar assuntos fe<strong>de</strong>rativos com pouca legitimida<strong>de</strong>, em assuntos


42<strong>de</strong> interesse nacional que são totalmente legítimos e legais. Os eixos <strong>de</strong> ação daSAF em 2009 são:• O Foro Consultivo <strong>de</strong> Municípios, Estados fe<strong>de</strong>rados, Províncias eDepartamentos do Mercosul – que permite a participação direta dosentes subnacionais nas estruturas do Mercosul e é vinculado aoMercado Comum• A Cooperação Descentralizada e Fe<strong>de</strong>rativa Franco- Brasileira que éresultado do encontro entre o Presi<strong>de</strong>nte francês Jacques Chirac e oPresi<strong>de</strong>nte Luis Inácio Lula da Silva, quando foi <strong>de</strong>finida a criação <strong>de</strong>um Comitê Gestor franco-brasileiro formado por governos eassociações dos três níveis - local, regional e nacional, com o fim <strong>de</strong>fomentar e fortalecer esse tipo <strong>de</strong> cooperação.• A Cooperação com as regiões Italianas <strong>de</strong> Umbria, Marche, Toscana eEmiglia Romagna – firmada entre os dois países via os seus chefes <strong>de</strong>Estado, no ano <strong>de</strong> 2004, fruto <strong>de</strong> parcerias pré-estabelecidas entreestas regiões e cida<strong>de</strong>s brasileiras durante as últimas décadas, semque houvesse um acordo formal, ou o envolvimento dos governoscentrais <strong>de</strong> ambas as partes.• O Fórum <strong>de</strong> Diálogo Índia- Brasil- África do Sul (IBAS) –criação <strong>de</strong>grupos <strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong>ntro do Fórum, voltados para temáticassubnacionais e fomento à participação <strong>de</strong> entes fe<strong>de</strong>rativos nosmesmos.• A Expo- Xangai 2010 – a participação dos entes fe<strong>de</strong>rativos no eventotem o intuito <strong>de</strong> uma aproximação entre o Brasil e China,especialmente tendo em vista a participação <strong>de</strong> 14 capitais brasileirascomo se<strong>de</strong>s <strong>de</strong> jogos da Copa do Mundo <strong>de</strong> 2012. (Portal Fe<strong>de</strong>rativoda SAF)O fomento à cooperação <strong>de</strong>scentralizada pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral é umincentivo ao crescimento <strong>de</strong>sta prática e a sua maior utilização, inclusive pelascida<strong>de</strong>s que já realizam este tipo <strong>de</strong> cooperação. É um estímulo importante, contudopequeno. Seriam necessárias várias ações conjuntas, que articulassem todos osentes da fe<strong>de</strong>ração e o governo central, para que este tipo <strong>de</strong> cooperação fosseplenamente institucionalizada.


43O Itamaraty, que seria outro representante do governo central tem na Afepa,uma atuação <strong>de</strong> baixa expressão no contexto da paradiplomacia nacional, e apesar<strong>de</strong> possuir a Agência Brasileira <strong>de</strong> Cooperação (ABC) em sua estrutura, a ABC nãopossui em suas incumbências a manutenção das cooperações realizadas por entessubnacionais, e quando se <strong>de</strong>para com o tema em seu dia a dia, é obrigada arepassá-lo, seja para a Afepa, seja para a SAF.No entanto, mesmo sem gran<strong>de</strong>s estímulos por parte do governo central,existem cida<strong>de</strong>s que realizam uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cooperação<strong>de</strong>scentralizada e a utilizam como forma <strong>de</strong> política pública, <strong>de</strong> política <strong>de</strong> governo e<strong>de</strong> fomento à captação <strong>de</strong> recursos. Como é o caso da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte noestado <strong>de</strong> Minas Gerais; que faz uso da cooperação <strong>de</strong>scentralizada <strong>de</strong>stas e <strong>de</strong>diversas outras formas, principalmente como estímulo ao turismo e a preservaçãoambiental.


443.3 – Capítulo 3 –A estrutura da Paradiplomacia no Município <strong>de</strong> Belo Horizonte.Fundada em 12 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1897, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte (BH) é acapital do estado <strong>de</strong> Minas Gerias. É também a uma das cinco cida<strong>de</strong>s maispopulosa do Brasil e a nona maior metrópole do país. (IBGE/2007)Mapas <strong>de</strong> Belo HorizonteRegião Administrativa (esq.) e Região Metropolitana (dir.)Fonte: Prefeitura <strong>de</strong> Belo HorizonteSegundo o IBGE Belo Horizonte possui 2.412.937 habitantes e 331quilômetros quadrados, um PIB é <strong>de</strong> R$ 32,725 bilhões e o PIB per capita é <strong>de</strong> R$13,636. Sua economia é 80% baseada em serviços e 20% baseada em indústria.(IBGE/2007) Esses dados revelam Belo Horizonte como uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte


45e que possui uma boa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos, o que classifica a cida<strong>de</strong> como umametrópole 7Em pesquisa sobre as áreas <strong>de</strong> influência das cida<strong>de</strong>s brasileiras, publicadoem 2008, o IBGE revelou que as doze maiores metrópoles brasileiras comandamre<strong>de</strong>s urbanas, cada uma <strong>de</strong>las li<strong>de</strong>rando sua própria re<strong>de</strong>. Este mesmo estudorevela que Belo Horizonte comanda a nona maior re<strong>de</strong> urbana do país e umas dastrês mais importantes economicamente. A tabela abaixo exibe as doze maioresre<strong>de</strong>s urbanas brasileiras e alguns dados a seu respeito.Tabela I – Re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Influência das Cida<strong>de</strong>s - 2008Fonte: IBGE/2008A pesquisa revela ainda quea re<strong>de</strong> urbana <strong>de</strong> Belo Horizonte respon<strong>de</strong> por 9,1% da população e 7,5% doPIB do país. A metrópole concentra 30,5% da população e 40,4% do PIB da re<strong>de</strong>. OPIB per capita do centro é mais alto, <strong>de</strong> R$ 12,7 mil, e nos <strong>de</strong>mais municípios da re<strong>de</strong>ele não passa <strong>de</strong> R$ 8,2 mil per capita. Minas Gerais correspon<strong>de</strong> à área <strong>de</strong>influência <strong>de</strong>sse centro, exceto pela área no sul do estado, ligada a São Paulo, e as7 O conceito <strong>de</strong> metrópole estabelecido pelo IBGE foi: ”os 12 principais centros urbanos do País, com gran<strong>de</strong>porte, fortes relacionamentos entre si e, em geral, extensa área <strong>de</strong> influência direta. Têm três subníveis:a.Gran<strong>de</strong> metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com 19,5 milhões <strong>de</strong> habitantes, em2007, e no primeiro nível da gestão territorial; b. Metrópole nacional – Rio <strong>de</strong> Janeiro e Brasília, com população<strong>de</strong> 11,8 milhões e 3,2 milhões em 2007, respectivamente, também estão no primeiro nível da gestão territorial.Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; c. Metrópole – Manaus,Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando <strong>de</strong>1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se queManaus e Goiânia, embora estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhesgarantem a inclusão neste conjunto.”.


46áreas <strong>de</strong> influência compartilhada – a Zona da Mata com o Rio <strong>de</strong> Janeiro e parte doTriângulo, com São Paulo.É possível concluir, portanto que Belo Horizonte se encaixa nos padrõesestudados nos capítulos anteriores, a respeito das características padrão dascida<strong>de</strong>s que realizam ativida<strong>de</strong>s paradiplomáticas no Brasil. Para melhor especificar,algumas <strong>de</strong>ssas características são: uma população maior que 200.000 habitantes,ser uma capital e/ou metrópole, com uma boa capacida<strong>de</strong> financeira e possuir umare<strong>de</strong> urbana <strong>de</strong> influência, e afora os dados contidos, a cida<strong>de</strong> também possui umaárea <strong>de</strong>dicada especificamente às ativida<strong>de</strong>s internacionais, <strong>de</strong>ntro da estrutura <strong>de</strong>sua Prefeitura. (LESSA, 2002)Belo Horizonte não só se encaixa nos padrões <strong>de</strong>limitados pela aca<strong>de</strong>mia arespeito das cida<strong>de</strong>s que realizam paradiplomacia, como também está efetivamenteinserida internacionalmente. Com auxílio <strong>de</strong> dados fornecidos pela SecretariaMunicipal Adjunta <strong>de</strong> Relações Internacionais (SMARI) da Prefeitura Municipal <strong>de</strong>Belo Horizonte, o capítulo que se segue <strong>de</strong>screverá a estrutura internacional domunicípio e a sua inserção mundial.O município já realiza ações internacionais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 60, a exemploda Lei 1.199 <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1965 que tornou Belo Horizonte cida<strong>de</strong> irmã <strong>de</strong>Austin nos Estados Unidos, e da a<strong>de</strong>são ao Conselho Internacional para IniciativasAmbientais Locais (ICLEI) em 1993. Foi com o intuito <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar estas diversasações já existentes que em 2005,criou-se a SMARI.As atribuições da Secretaria estão <strong>de</strong>finidas na Lei 9.011 <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 2005:Subseção IDa Secretaria Municipal Adjunta <strong>de</strong> Relações InternacionaisArt. 19 - A Secretaria Municipal Adjunta <strong>de</strong> Relações Internacionais tem porfinalida<strong>de</strong> estabelecer e manter relações e parcerias internacionais e planejar ecoor<strong>de</strong>nar as políticas e ações para negociação e captação <strong>de</strong> recursos financeirosjunto a organismos multilaterais e agências governamentais estrangeiras.Art. 20 - Compete à Secretaria Municipal Adjunta <strong>de</strong> Relações Internacionais:I - estabelecer e manter relações e parcerias com organismos internacionaismultilaterais, cida<strong>de</strong>s-irmãs do Município <strong>de</strong> Belo Horizonte, entida<strong>de</strong>s voltadas àorganização <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s, organizações não-governamentais internacionais,representantes diplomáticos <strong>de</strong> Governos, representantes <strong>de</strong> trabalhadores e


47empresários internacionais, empresas internacionais estabelecidas ou não nesteMunicípio, e outras entida<strong>de</strong>s afins;II - formular diretrizes, planejar e coor<strong>de</strong>nar, em articulação com as <strong>de</strong>maisSecretarias Municipais e <strong>de</strong>mais órgãos e entida<strong>de</strong>s da Administração Pública, aspolíticas e ações voltadas para a negociação e captação <strong>de</strong> recursos junto a órgãose instituições internacionais;III - fornecer suporte técnico aos órgãos da Administração Direta e Indireta doMunicípio <strong>de</strong> Belo Horizonte em contatos internacionais, bem como no<strong>de</strong>senvolvimento e elaboração <strong>de</strong> convênios e projetos <strong>de</strong> cooperação internacional.A SMARI possui a seguinte missão:“estabelecer e manter relações e parcerias internacionais e planejar ecoor<strong>de</strong>nar as políticas e ações para negociação e captação <strong>de</strong> recursos financeirosjunto a organismos multilaterais e agências governamentais estrangeiras.”Diante <strong>de</strong>ssa missão a Secretaria busca a internacionalização DE BeloHorizonte, com o objetivo <strong>de</strong> acelerar seus fluxos internacionais; intensificar oprocesso <strong>de</strong> urbanização; aprofundar a <strong>de</strong>scentralização política e administrativa doBrasil e incentivar os governos locais se apropriem <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento. (PREFEITURA DE BELO HORIZONTE)O processo <strong>de</strong> internacionalização da cida<strong>de</strong> tem objetivos ligados às áreas:social, política e econômica. Social no intuito <strong>de</strong> realizar intercâmbios <strong>de</strong> políticaspúblicas nos âmbitos <strong>de</strong> cultura, esportes, saú<strong>de</strong>, meio ambiente, participaçãocidadã, gênero, <strong>de</strong>ntre outros. Político em busca <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> para as políticaspúblicas empreendidas pela Prefeitura, projeção e reconhecimento nacional einternacional. E econômico com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver mercados e promoverexportação, financiamentos internacionais, promover a cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>senvolver novastecnologias e realizar capacitação técnica para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável.Em entrevista o Sr. Rodrigo Perpétuo – secretário chefe da SMARI –esclareceu que além dos objetivos pré-estabelecidos para o funcionamento daSMARI, existem atribuições que surgem conforme o próprio andamento da políticado país e do surgimento <strong>de</strong> eventos aleatórios. Um exemplo <strong>de</strong>ste fato é aparticipação <strong>de</strong> Belo Horizonte para a Copa do Mundo <strong>de</strong> 2014. A cida<strong>de</strong> será se<strong>de</strong>


48<strong>de</strong> jogos, e para tal, a SMARI se organiza para auxiliar a prefeitura no que fornecessário.Para a realização <strong>de</strong> sua missão e em busca da otimização do uso dainternacionalização como instrumento, a SMARI possui quatro eixos <strong>de</strong> trabalho:cooperação internacional; relações institucionais e assessoria ao Prefeito no planointernacional; atração <strong>de</strong> investimentos e captação <strong>de</strong> recursos internacionais e arealização <strong>de</strong> eventos internacionais. Cada um <strong>de</strong>stes eixos possui diferentesestratégias <strong>de</strong> trabalho que serão discriminadas a seguir:• Cooperação InternacionalA cooperação internacional <strong>de</strong> Belo Horizonte funciona por meio daparticipação da cida<strong>de</strong> em três formas <strong>de</strong> cooperação, por meio <strong>de</strong> acordosbilaterais, re<strong>de</strong>s internacionais <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e projetos <strong>de</strong> cooperação comfinanciamento internacional. Os acordos bilaterais são realizados <strong>de</strong> três formas:1. Acordos <strong>de</strong> Hermanamiento entre Cida<strong>de</strong>s. BH possui hoje 15 cida<strong>de</strong>sirmãs, e uma em processo <strong>de</strong> hermanamiento: são elas: Austin-EUA;São Paulo <strong>de</strong> Loanda-Angola; Zahle-Líbano; Granada-Espanha; Porto-Portugal; Minsk-Bielorússia; Havana-Cuba; Belém-Cisjordânia; Homs-Síria; Masaya-Nicarágua; Trípoli-Líbia; Fort Lau<strong>de</strong>rdale-EUA;Tegucigalpa-Honduras; Cuenca-Equador e Newak-EUA. Além dacida<strong>de</strong> Argentina <strong>de</strong> La Plata que se encontra em processo <strong>de</strong>hermanamiento.2. Acordos <strong>de</strong> Cooperação entre as cida<strong>de</strong>s. Existem cinco acordosbilaterais que foram firmados <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 2005 e/ou ainda se encontramem vigor: Buenos Aires – Argentina; Masaya – Nicarágua; SanSalvador – El Salvador; Soyapango – El Salvador; Stuttgart –Alemanha.3. Acordos com <strong>Universida<strong>de</strong></strong>s Internacionais e Nacionais. São seisacordos no total, três com universida<strong>de</strong>s internacionais: <strong>Universida<strong>de</strong></strong><strong>de</strong> Ryerson – Canadá; <strong>Universida<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> Michigan – EUA; <strong>Universida<strong>de</strong></strong><strong>de</strong> Harvard – EUA. E três com universida<strong>de</strong>s nacionais: <strong>Universida<strong>de</strong></strong>Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais; Pontifícia <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Católica <strong>de</strong> MinasGerais e UNI-BH.4. Re<strong>de</strong>s Internacionais <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s. BH é membro <strong>de</strong> nove re<strong>de</strong>sinternacionais <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s, sendo que coor<strong>de</strong>na quatro <strong>de</strong>las. A maioria


49<strong>de</strong>las já foi mencionada nos capítulos anteriores. São elas: Cida<strong>de</strong>s eGovernos Locais Unidos – CGLU; Centro Ibero-Americano <strong>de</strong>Desenvolvimento Estratégico Urbano – CIDEU; Conselho Internacionalpara Iniciativas Ambientais Locais – ICLEI; Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mercocida<strong>de</strong>s;Re<strong>de</strong> Metropolis. O município ainda coor<strong>de</strong>na as seguintes re<strong>de</strong>s:Associação Internacional das Cida<strong>de</strong>s Educadoras – AICE; Re<strong>de</strong> Citiesfor Mobility; Re<strong>de</strong> Latino Americana pelos Objetivos <strong>de</strong>Desenvolvimento do Milênio e a Re<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> OrçamentoParticipativo.A participação em re<strong>de</strong>s internacionais aumenta a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eventos dosquais o município participa, e Belo Horizonte vem ao longo dos anos procurandosediar a maior parte <strong>de</strong> eventos internacionais possíveis. Com intuito <strong>de</strong> projetar acida<strong>de</strong> e atrair investimentos, BH sediou mais <strong>de</strong> 20 eventos entre 2005 e 2008.E em conseqüência <strong>de</strong>sse esforço, foi premiada em algumas ocasiões comoforma <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> seus projetos e cooperações: Prêmio Cida<strong>de</strong>s AtivasCida<strong>de</strong>s Saudáveis (Primeiro Lugar); Terceiro Prêmio Metrópolis (Projeto Vila Viva,Terceiro Lugar); Prêmio Organização Internacional sobre Democracia Participativa(Projeto OP Digital, Primeiro Lugar); Prêmio ODM Brasil (Projeto BH <strong>de</strong> Mãos Dadascontra AIDS foi um dos ganhadores); Prêmio ODM Mercocida<strong>de</strong>s (Vila Viva entre os15 premiados); Prêmio Dubai (Re<strong>de</strong> Jovem Cidadania; Primeiro lugar na categoriatransferência).5. Projetos <strong>de</strong> Cooperação com financiamento internacional. Estesprojetos são a principal forma <strong>de</strong> atuação internacional do município, eé são eles os melhores instrumentos sociais, políticos e econômicos dacida<strong>de</strong>. Mais a frente será feita uma análise mais <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> alguns<strong>de</strong>sses projetos com a intenção <strong>de</strong> exemplificar este processo. Porenquanto eles serão apenas discriminados: @lis – Telessaú<strong>de</strong>;Programa Infância-Inafazia; 100 cida<strong>de</strong>s (Brasil-Itália); Programa Urbal;SWITCH – Gestão <strong>de</strong> Águas; Drenurbs e Viurbs.• Relações Institucionais e Assessoria ao Prefeito no Plano InternacionalEsse eixo integra a atuação junto a instituições internacionais,governamentais e locais.1. Intensificação e consolidação com Agências da ONU:


50- UN-Habitat (Projeto Localizando os Objetivos do Milênio) –Observatório do Milênio <strong>de</strong> Belo Horizonte- Organização Internacional do Trabalho (OIT) – Agenda Municipal doTrabalho Descente- Banco Mundial (BIRD) – Doing Business e Municipal Scorecard2. Governo Fe<strong>de</strong>ral:- Ministério das Relações Exteriores/ Itamaraty – Convênio com aFUNAG; Embaixadas e Consulados brasileiros no exterior e corpodiplomático em Belo Horizonte e no Brasil3. Ministério das Cida<strong>de</strong>s- Parceria na realização <strong>de</strong> eventos e em projetos <strong>de</strong> cooperação.4. Secretaria <strong>de</strong> Assuntos Fe<strong>de</strong>rativos (SAF)- Parceria na realização <strong>de</strong> eventos e ampliação das relações com oMercosul.5. Assessoria Internacional ao Prefeito (missões internacionais)- Entre 2005 e 2008 setenta e oito missões estrangeiras foramrecebidas em Belo Horizonte e coor<strong>de</strong>nadas pela SMARI- Entre 2005 e 2008 cerca <strong>de</strong> vinte missões internacionais foramrealizadas pelo Prefeito sob coor<strong>de</strong>nação da SMARI• Atração <strong>de</strong> Investimentos e Captação <strong>de</strong> Recursos Internacionais1. Financiamentos Internacionais: BID – BH Cidadania (US$ 22 milhões)e Drenurbs (US$ 46,6 milhões).2. Missões Econômicas para Desenvolvimento <strong>de</strong> mercados- Entre as principais missões estão: Nova York (Google); Tóquio (Mitsuie outras) e Itália (Câmara <strong>de</strong> Comércio Brasil-Itália).As linhas <strong>de</strong> atuação da prefeitura reforçam os conceitos supracitados, acida<strong>de</strong> busca uma inserção internacional coesa com as políticas do governo central,procura aten<strong>de</strong>r necessida<strong>de</strong>s econômicas, políticas e sociais; realiza a promoçãodo município por diferentes vias e mantém uma conexão direta com outros entessubnacionais brasileiros.Para melhor enten<strong>de</strong>r esse processo faz-se necessário um estudo maisaprofundado <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>stes projetos. A Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte utiliza na<strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> seus eixos <strong>de</strong> atuação a <strong>de</strong>nominação “projetos” <strong>de</strong> cooperação, masna realida<strong>de</strong> são programas <strong>de</strong> cooperação, nos quais cada um recebe um


51financiamento específico. Esse financiamento então é <strong>de</strong>stinado a projetoselaborados <strong>de</strong>ntro dos programas. A seguir será feita uma breve análise <strong>de</strong>scritiva<strong>de</strong> dois <strong>de</strong>sses programas. A justificativa para a escolha <strong>de</strong>stes programas é que osdois são o que possuem maior visibilida<strong>de</strong> e atuação atualmente no município, além<strong>de</strong> possuírem uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> projetos que <strong>de</strong>monstra as várias vertentes daatuação internacional <strong>de</strong> BH.Os Programas selecionados foram: Programa Infanzia- Infância: Acooperação Itália- Brasil na Educação Infantil e o Programa 100 cida<strong>de</strong>s. Os doisprogramas exemplificam o fomento a cooperação Brasil-Itália, que um dos eixos <strong>de</strong>atuação da SAF junto ao governo central brasileiro. Esclarecendo que todos osdados referentes aos Programas foram fornecidos para a execução <strong>de</strong>ste trabalho,pela Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte.Programa Infanzia- Infância: A cooperação Itália- Brasil na EducaçãoInfantilO programa é constituído por dois projetos:Projeto 1: Implantação da Unida<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Educação Infantil Águas Claras(UMEI – Águas Claras).Instituições e cooperativas que trabalharam em parceria com BH: UNIECOSOCIETÀ COOPERATIVA, COOPSELIOS - Servizi alla Persona, GRUPPO DIVOLONTARIATO CIVILE (GVC).As ações previstas:1. Co-financiamento da Construção da UMEI Águas Claras;2. Análise e sugestões <strong>de</strong> alteração no projeto arquitetônico – UNIECOSOCIETÀ COOPERATIVA.Recursos Financeiros disponíveis: € 150.000 (Cento e Cinqüenta mil Euros).Ações Realizadas:Processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> Gestores da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Belo Horizonte:Foi financiada uma viagem <strong>de</strong> seis profissionais da Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte àReggio Emilia, Itália, on<strong>de</strong> foi oferecido uma curso sobre as políticas públicasdirecionadas à educação na região.Curso: "A Educação Infantil na Reggio Emilia: proposta político pedagógica; projetoarquitetônico das escolas; e organização do tempo e espaço das crianças".Organização: COOPSELIOS – Servizi alla Persona.


52Processo <strong>de</strong> formação dos profissionais que atuarão na UMEI Águas Claraspela COOPSELIOS:Organização: Servizi alla PersonaPeríodo: 10 a 19 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2009.Recursos Financeiros: € 50.000;Recursos não-financeiros: mobiliário da UMEI Águas Claras, doado pela UNIECO,COOPSELIOS e GVCProjeto 2: Programma di Interescambio, Formazione Didattica Avanzata e diSupporto alla Rete Educativa Prima Infanzia nella Periferia Industriale di BeloHorizonte.As instituições e cooperativas que trabalharam em parceria com BH foram:Gruppo di Volontariato Civile (GVC) e o Reggio Children – Centro Internacional LorisMalaguzzi BOOREA.Aprovação internacional: 2007, pelo Ministério das Relações Exteriores da Itália.Duração prevista: 2008-2010Recursos Financeiros: € 1.473.825,00 (para os três anos: 2008, 2009, 2010)Financiadores: Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte; Gruppo di Volontariato Civile (GVC) eMinistério das Relações Exteriores da Itália.Ações previstas:Realização <strong>de</strong> seminários <strong>de</strong> formação para os profissionais que atuam em Escolase Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Educação Infantil da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino e das Instituições <strong>de</strong>Educação Infantil conveniadas com a PBH.1. Seminário I (ação já realizada)Tema: I Seminário <strong>de</strong> Intercâmbio Formativo – Reggio Emilia – Belo Horizonte: duascida<strong>de</strong>s, muitas criançasPeríodo: Maio <strong>de</strong> 2008Organização: Reggio Children.Público Alvo: 800 profissionais2. Seminário II (a ser realizado)Tema: a ser <strong>de</strong>finidoPeríodos: Outubro <strong>de</strong> 2009Público Alvo: 1.400 profissionais3. Seminário III (a ser realizado)


53Tema: a ser <strong>de</strong>finidoPeríodo: Outubro <strong>de</strong> 2010Público Alvo: 1.400 profissionais4. Curso: Aprofundamento do I Seminário <strong>de</strong> Intercâmbio Formativo – ReggioEmilia – Belo Horizonte: duas cida<strong>de</strong>s, muitas crianças (ação já realizada)Período: Maio <strong>de</strong> 2008Público Alvo: 40 profissionais da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Belo Horizonte5. Grupo <strong>de</strong> Estudos:Tema: aprofundamento dos temas trabalhados no Seminário IPúblico Alvo: 40 profissionais da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino (RME) que participaramdo Curso <strong>de</strong> aprofundamento do I Seminário6. Reuniões mensais: utilização da bibliografia ItalianaCursos <strong>de</strong> Formação:- Curso 1: A Educação Infantil na Contemporaneida<strong>de</strong>Público Alvo: 140 coor<strong>de</strong>nadores pedagógicos, professores e educadores infantisCarga Horária: 120 horasPeríodo: <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2008 a <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009- Curso 2: Formação <strong>de</strong> DiretoresPúblico Alvo: Diretores e Gestores das Escolas e Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Educação Infantil daRME e das Instituições <strong>de</strong> Educação Infantil conveniadas com a Prefeitura <strong>de</strong> BHCarga Horária: 80 horasPeríodo: <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2009 a março <strong>de</strong> 2010- Curso 3: Ações Básicas nas Instituições <strong>de</strong> Educação InfantilPúblico Alvo: Auxiliares <strong>de</strong> Serviço Gerais das Escolas e Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> EducaçãoInfantil da RME e das Instituições <strong>de</strong> Educação Infantil conveniadas com a Prefeitura<strong>de</strong> BHCarga Horária: 60 horasPeríodo <strong>de</strong> realização: <strong>de</strong> fevereiro a outubro <strong>de</strong> 2010Intercâmbio Itália – BrasilParticipações:- Atuação dos especialistas da Reggio Children nos Seminários <strong>de</strong> 2008, 2009 e2010.- Visita técnica <strong>de</strong> seis profissionais da educação infantil a escolas infantis italianas(coor<strong>de</strong>nadores, professores, educadores, acompanhados por um gestor)


54Curso: <strong>de</strong> Italiano para 30 profissionais da educação infantil da RMEA<strong>de</strong>quação da Re<strong>de</strong> FísicaA<strong>de</strong>quação do espaço físico e reposição dos equipamentos <strong>de</strong> quatroinstituições <strong>de</strong> educação infantil conveniadas com a PBH.Localização: Regional Barreiro.Ações em andamento: Duas instituições já estão sendo reformadas, sendo que areforma da Creche Comunitária Vila Piratininga está em fase <strong>de</strong> conclusão.Atuação com as FamíliasDois encontros anuais com as famílias das crianças das quatro instituições <strong>de</strong>educação infantil que serão reformadas até 2010.Ativida<strong>de</strong>s Culturais para CriançasIntensificação das ativida<strong>de</strong>s culturais para as crianças entre 4 e 5 anos, queestejam corretamente matriculadas em escolas e/ou unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Educação Infantilda RME, ou que freqüentem as Instituições <strong>de</strong> Educação Infantil conveniadas com aPBH.Localização: As instituições <strong>de</strong>vem estar situadas na Regional Barreiro.Ativida<strong>de</strong>s realizadas: Ida ao Palácio das Artes e ao Galpão Cine Horto: Concerto<strong>de</strong> Piano, ao Concerto <strong>de</strong> Instrumentos <strong>de</strong> Sopro, à apresentação do Grupo <strong>de</strong>Percussão, à apresentação do Coral Infanto-Juvenil, ao Concerto Didático daOrquestra Filarmônica, ao Projeto Cineminha, entre outras.Período: 2008.Recursos Financeiros:Advindos do Ministério das Relações Exteriores da Itália: € 736.544,50 = 49,98%Recursos em dinheiro do GVC: € 79.650 = 5,40 %Valorização do GVC: € 141.423,75 = 9,60 %Valorização: SMED: € 516.206 = 35,02%Custo total do projeto: €1.473.825,00Síntese dos gastos:Projeto 1 = € 200.000Projeto 2 = € 1.473.825,00Programa 100 cida<strong>de</strong>sO projeto <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>scentralizada Itália-Brasil, <strong>de</strong>nominada “100cida<strong>de</strong>s para 100 projetos para o Brasil” é fruto <strong>de</strong> um encontro realizado em


552003 entre Alberto Tri<strong>de</strong>nte, o Presi<strong>de</strong>nte Lula e o Prefeito <strong>de</strong> Turim, SergioChiamparino.Essa proposta <strong>de</strong> cooperação internacional é promovida pela Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Turim, que está representando a ANCI (Associação Nacional das PrefeiturasItalianas) e pela Província <strong>de</strong>lla Spezia, que representa a UPI (União das ProvínciasItalianas). Recebe ainda, apoio institucional da Presidência da República Brasileira,do Ministério das Cida<strong>de</strong>s, da Agência Brasileira <strong>de</strong> Cooperação e do Ministério <strong>de</strong>Relações exteriores da Itália.Em setembro <strong>de</strong> 2005 realizou-se em Turim o “I Fórum da CooperaçãoDescentralizada Itália- Brasil”. O fórum concluiu-se após a assinatura do Protocolofirmado entre ANCI e UPI - representando os governos locais italianos, e pela FNP(Frente Nacional dos Prefeitos), representando governos locais brasileiros.Objetivos:1. Solicitar aos Governos italiano e brasileiro a renovação e atualização doAcordo Quadro <strong>de</strong> Cooperação Técnica Itália-Brasil, <strong>de</strong> 1972, semprebuscando apoiar e acompanhar as iniciativas <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>scentralizadarealizadas entre os entes subnacionais italianos e brasileiros;2. Promover e ampliar os projetos <strong>de</strong> cooperação <strong>de</strong>scentralizada entre os entesque participam da re<strong>de</strong> “100 Cida<strong>de</strong>s”, além <strong>de</strong> fomentar a participação <strong>de</strong>novos atores.Instituições e cooperativas parceiras no programa: Governos locais, Empresaslocais <strong>de</strong> serviços públicos, <strong>Universida<strong>de</strong></strong>s, ONGs e AssociaçõesObjetivo: promover ações diretas – na Itália e no Brasil – tendo como foco acooperação integrada.Financiamento: O Programa “100 Cida<strong>de</strong>s” não possui uma linha <strong>de</strong> financiamentoprópria, ou seja, não dispõe <strong>de</strong> recursos para financiar projetos pontuais. Issoporque busca valorizar as competências dos governos locais italianos e brasileiros.E propaga o intercâmbio entre as cida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>senvolver conjuntamente práticassustentáveis <strong>de</strong> gestão. Com o objetivo <strong>de</strong> reforçar o i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> reciprocida<strong>de</strong>, em2005 a iniciativa passou a se chamar “100 cida<strong>de</strong>s para 100 projetos Itália-Brasil”.Participação: Atualmente a Re<strong>de</strong> 100 Cida<strong>de</strong>s conta com a participação <strong>de</strong> 120entes e instituições italianas e mais <strong>de</strong> 50 entes e instituições no Brasil.


56Eixos e Grupos temáticos: As competências e as experiências dos entes e dasinstituições italianas e brasileiras <strong>de</strong>vem ser utilizadas para gerar dinâmicas <strong>de</strong>intercâmbio e <strong>de</strong> fortalecimento recíproco. Para isso utiliza-se alguns eixostemáticos:– Questões ambientais (gestão dos resíduos sólidos e gestão dos recursos hídricos);– Infância e Juventu<strong>de</strong>;– Direitos das Mulheres;– Mobilida<strong>de</strong> urbana;-Planejamento territorial (Políticas Habitacionais e <strong>de</strong> Requalificação Urbana)Os grupos temáticos foram estruturados <strong>de</strong> forma a ampliar e ao mesmotempo especificar os eixos <strong>de</strong> interesse. O trabalho dos grupos temáticos <strong>de</strong>u novoimpulso à iniciativa “100 Cida<strong>de</strong>s”. Este incentivo impulsionou a organização do II°Fórum da Cooperação Descentralizada Itália-Brasil, realizado no mês <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>2006, em Belo Horizonte.Participação nos grupos <strong>de</strong> trabalho: Os participantes da Re<strong>de</strong> 100 Cida<strong>de</strong>spo<strong>de</strong>m fazer parte <strong>de</strong> um ou mais grupos temáticos.Ativida<strong>de</strong>s dos grupos <strong>de</strong> trabalho: As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sses grupos envolvem nãosomente os governos locais, mas também vários atores da socieda<strong>de</strong> civil etambém, importantes empresas públicas italianas que atuam no setor dos serviços<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> publica (transportes, habitação, gestão dos resíduos e dos recursoshídricos).Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> grupos temáticos: Atualmente os grupos temáticos são 7 e paracada uma <strong>de</strong>les foi <strong>de</strong>senvolvido um projeto estratégico.1. Infância e Juventu<strong>de</strong>:Coor<strong>de</strong>nação italiana: Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Turim e pela Província autônoma <strong>de</strong> TrentoCoor<strong>de</strong>nação brasileira: Municípios <strong>de</strong> Salvador, São Carlos e Osasco2. Direitos das MulheresCoor<strong>de</strong>nação italiana: Província <strong>de</strong> TurimCoor<strong>de</strong>nação brasileira: Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte (Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Mulheres)e pela Secretaria <strong>de</strong> Políticas para as Mulheres da Presidência da República3. Políticas habitacionais e Requalificação urbanaCoor<strong>de</strong>nação italiana: FEDERCASACoor<strong>de</strong>nação brasileira: Secretarias <strong>de</strong> Habitação e <strong>de</strong> Programas Urbanos doMinistério das Cida<strong>de</strong>s


574. Mobilida<strong>de</strong> urbana:Coor<strong>de</strong>nação italiana: ASSTRA (Associação das empresas publicas <strong>de</strong> transporteurbano)Coor<strong>de</strong>nação brasileira: Secretaria <strong>de</strong> Mobilida<strong>de</strong> urbana do Ministério dasCida<strong>de</strong>s5. Gestão dos Resíduos sólidos UrbanosCoor<strong>de</strong>nação italiana: Província <strong>de</strong>lla SpeziaCoor<strong>de</strong>nação brasileira: Estado do Espirito Santo6. Gestão dos Recursos hídricos, refere-se, em larga medida, ao ProjetoEscola da água,Promoção: Hydroaid e pela Secretaria <strong>de</strong> Saneamento Ambiental do Ministério dasCida<strong>de</strong>s, em colaboração com ATO 3 (Autorità d’Ambito Torino 3)7. Cooperação territorial entre Regione Abruzzo e Estado do ParáCoor<strong>de</strong>nação italiana: 100 Cida<strong>de</strong>s AbruzzoCoor<strong>de</strong>nação brasileira: Estado do Pará*O primeiro encontro foi realizado em Janeiro <strong>de</strong> 2007. A Serra <strong>de</strong> Carajás foii<strong>de</strong>ntificada como território on<strong>de</strong> atuar projetos <strong>de</strong> conservação ambiental, gestãodos Parques e planejamento territorial.Elaboração <strong>de</strong> ProjetosA iniciativa “100 Cida<strong>de</strong>s” por sua natureza aberta, <strong>de</strong>senvolve diversosprojetos. Des<strong>de</strong> ações concretas e pontuais até projetos amplos e estratégicos <strong>de</strong>fortalecimento das relações entre a Itália e Brasil:a) Projetos criados por iniciativa dos Entes participantes- Apoio e acompanhamento na formação <strong>de</strong> consórcios intermunicipais <strong>de</strong> serviçospúblicosO tema da formação ou fortalecimento dos consórcios foi apontado comoprioritário para a cooperação e é um tema recorrente em vários projetosapresentados pelos grupos temáticos: saneamento e planejamento ambiental,mobilida<strong>de</strong> urbana, políticas habitacionais.- Projeto <strong>de</strong> apoio e fortalecimento das Secretarias <strong>de</strong> Cooperação e <strong>de</strong> RelaçõesInternacionais dos Municípios brasileiros.


58Esta iniciativa, ainda em fase <strong>de</strong> estudo. Tem como objetivo utilizar ascompetências do “Sistema Piemonte” para implementar a co-formação <strong>de</strong>funcionários <strong>de</strong> Relações Internacionais na Itália e no Brasil, compartilhandoexperiências e boas práticas. A proposta prevê cursos <strong>de</strong> formação no campus daBIT – OIT em Turim, além <strong>de</strong> estágios em Secretarias <strong>de</strong> Relações Internacionais naItália e cursos <strong>de</strong> formação a distância.- Proposta ConfServiziProposta <strong>de</strong> projeto integrado sobre serviços <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> publica. Tem o objetivo <strong>de</strong>utilizar as competências italianas no setor das multi-utilida<strong>de</strong>s (empresas <strong>de</strong> gestãointegrada dos serviços públicos) em planos <strong>de</strong> Requalificação Urbana Sustentávelno Brasil.b) Projetos estratégicos dos Eixos Temáticos- Infância e Juventu<strong>de</strong>Ações previstas:- Elaboração do projeto “Fortalecimento do sistema <strong>de</strong> justiça voltado a infância ejuventu<strong>de</strong> no Estado da Bahia” realizado com a UNICRI;- Elaboração <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> realização dos “Observatórios da realida<strong>de</strong> juvenil”,baseando-se no Observatório da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Turim, a ser realizado em cincocida<strong>de</strong>s brasileiras;- Mapeamento <strong>de</strong> resultados satisfatórios encontrados nas práticas italianas ebrasileiras no âmbito das seguintes temáticas: justiça, formação profissional,protagonismo juvenil, exploração sexual e exploração do trabalho infantil. Alémda criação <strong>de</strong> um manual digital que possa ser consultado por todos os parceirosda re<strong>de</strong> 100 Cida<strong>de</strong>s, via internet;- Acompanhamento técnico da realização dos Observatórios nas cinco cida<strong>de</strong>sbrasileiras.- Estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> e projetos sobre o protagonismo juvenil e no âmbito daformação profissional;- Realização do projeto “Fortalecimento do sistema <strong>de</strong> justiça voltado à infância ejuventu<strong>de</strong> no Estado da Bahia”.- Direitos das Mulheres


59Temas gerais:Mapeamento <strong>de</strong> bons resultados no âmbito das políticas públicas italianas ebrasileiras voltadas para as mulheres; ativida<strong>de</strong>s que exercitem a proteção dosdireitos das mulheres; projetos <strong>de</strong> apoio ao trabalho e a formação profissional; açõescontra a exploração sexual, dando especial atenção ao casos ocorridos durante ainfância e a juventu<strong>de</strong> e a construção <strong>de</strong> um projeto comum voltado ao combate daviolência contra as mulheres.O projeto relacionado ao combate à violência conta a mulher será estruturadoem dois componentes:Componente Geral: Mapeamento <strong>de</strong> bons resultados das experiências brasileiras eitalianas sobre o combate à violência contra as mulheresComponente Especifica: Elaboração e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> apoio aosabrigos e especialmente aos Centros <strong>de</strong> Referência para a Mulher.- Projeto Enfrentamento à violência contra as mulheresFinanciamento: € 55.000.Financiador: Comissão Européia – Belo Horizonte recebe 55 mil euros.QUADRO III – Projeto Enfrentamento à violência contra as mulheresNome do requerente:Nacionalida<strong>de</strong> do requerentee tipo <strong>de</strong> ação 8:Designação da ação:Localização da ação:Área Geográfica 9:Parceiro 1 - (ANE ou AL)Província <strong>de</strong> TurimItália – AL (Autorità Locale)“Enfrentamento à violência contra as mulheres”Brasil: [Belo Horizonte e Contagem (MG), Recife(PE), Araraquara e Santos (SP), Barra do Garças(MT)]; Argentina [Rosário]; Uruguai [Canelones];[Assunção].América latinaCida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Belo Horizonte, Brasil (MG) [AL],Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rosário, Argentina [AL],Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Canelones, Uruguai [AL],Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pergamino, Argentina [AL],Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Recife, Brasil (PE) [AL],Província <strong>de</strong> Alessandria, Itália [AL],8 Veuillez préciser si le <strong>de</strong>man<strong>de</strong>ur est un acteur non étatique ou une autorité locale en indiquant ANE ou ALaprès la nationalité.9 Veuillez préciser dans laquelle <strong>de</strong>s zones géographiques suivantes l'action aura lieu: ACP (y compris l'Afriquedu Sud), Asie, Amérique Latine ou Région Méditerranéenne.


60Micro-crédito : .Custo total elegível da ação(A)Montante solicitado àAdministração Contratante(B)Percentagem dos custostotais elegíveis da ação(B/Ax100)Duração total da ação:Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Contagem, Brasil (MG) [AL],Província <strong>de</strong> Milão, Itália [AL],Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Araraquara, Brasil (SP) [AL],Província <strong>de</strong> Novara, Itália [AL],Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Santos, Brasil (SP) [AL],Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Collegno, Itália (To) [AL],Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Borgiallo, Itália (To) [AL],Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Barra do Garças, Brasil (MT) [AL],Confcooperative Torino, Itália [ANE],Iscos Ong, Itália [ANE]Não€ 957.635€ 717.63575%36 mesesO quadro acima exemplifica o formato do Projeto <strong>de</strong> combate à violênciafeminina, na versão italiana. Nota-se que existem outras cida<strong>de</strong>s envolvidas além <strong>de</strong>Belo Horizonte. Percebe-se também que a estrutura <strong>de</strong> financiamento dos projetos éfeita em etapas, e que há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> investimento que não asestabelecidas para este Projeto. São projetos com duração limitada e que baseiamsua linha <strong>de</strong> funcionamento em uma reciprocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações.- Políticas habitacionais e <strong>de</strong> Requalificação UrbanaTemas gerais:- Intercâmbio técnico sobre os diferentes tipos <strong>de</strong> gestão das políticas ambientaisitalianas e brasileiras e apresentação dos sistemas legislativos dos dois Países;- Estruturação <strong>de</strong> um Observatório/Laboratório sobre as Políticas Habitacionais e <strong>de</strong>Requalificação Urbana;- Desenvolvimento <strong>de</strong> instrumentos e <strong>de</strong> projetos habitacionais e <strong>de</strong> requalificaçãourbana e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> um projeto voltado para constituição <strong>de</strong> umObservatório/Laboratório sobre as questões habitacionais.Componente Geral: Observatório:


61- Formar uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atores italianos e brasileiros interessados no intercâmbio <strong>de</strong>práticas e experiências sobre temas político- habitacionais e requalificaçãourbana; urbanização (infra-estruturas e serviços); projetos integrados; gestão emanutenção das habitações sociais; cooperativas e locação social.Componente Especifica: Projetos pilotos que tenham como base as boas práticascompartilhadas por meio do Observatório.- Mobilida<strong>de</strong> UrbanaEm fevereiro <strong>de</strong> 2007 foi assinado um Protocolo entre o Ministério dasCida<strong>de</strong>s (Semob – Secretaria <strong>de</strong> Mobilida<strong>de</strong> Urbana) e a ASSTRA (AssociaçãoNacional das Empresas <strong>de</strong> Transporte Público da Itália).Objetivo:intercâmbio <strong>de</strong> práticas e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> co-formação que terão comoprincipais beneficiários os municípios brasileiros, por meio <strong>de</strong> projetos-piloto voltadosao melhoramento da mobilida<strong>de</strong> urbana.Componente Geral: Apoiar a <strong>de</strong>finição e a atuação dos procedimentos relativos aotransporte público local.Componente Específica: Apoiar a implementação <strong>de</strong> projetos pilotos em algunsmunicípios brasileiros.Ações Previstas: Após a i<strong>de</strong>ntificação dos atores italianos e brasileiros e aconstituição <strong>de</strong> um comitê executivo, será programado um seminário para ointercâmbio <strong>de</strong> experiências. Em seguida será <strong>de</strong>finido um plano <strong>de</strong> trabalho que<strong>de</strong>verá consi<strong>de</strong>rar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma base comum (linguagem, metodologia einstrumentos) para <strong>de</strong>finir os procedimentos gerais do transporte público urbano.- Planejamento ambiental1) Gestão dos Resíduos sólidos UrbanosTemas gerais: Desenvolvimento <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> planejamento e gestãosustentáveisComponente Geral: Apoio na formação <strong>de</strong> Consórcios inter-municipaisComponentes Específicos: Projeto experimental <strong>de</strong> gestão integrada dosResíduos sólidos urbanos na Região das Montanhas do Espírito Santo.- Constituição <strong>de</strong> um consórcio inter-municipal (11 municípios);- Estudo da viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> um aterro sanitário;


62- Avaliação dos impactos ambientais; reciclagem; produção <strong>de</strong> biogas e <strong>de</strong> energiaelétrica;- Geração <strong>de</strong> renda através do envolvimento dos catadores (cooperativas);- Centro <strong>de</strong> Educação ambiental e outras ações <strong>de</strong> informação e conscientizaçãoque possam dar sustentabilida<strong>de</strong> ao projeto e durabilida<strong>de</strong> ao projeto.- Recursos hídricos- Projeto da Escola da água (Hydroaid);- Gestão integrada dos serviços <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> publica (consórcios);- Realização <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> formação sobre a gestão das águas para técnicosbrasileiros, latino- americanos e africanos lusófonos;- Gestão dos resíduos sólidos e <strong>de</strong> proteção ambiental.- Projetos <strong>de</strong> Cooperação Descentralizada BilateralProjetos <strong>de</strong> cooperação bilateral entre entes subnacionais que possuamrelações instituídas anteriormente ou que sejam novas relações <strong>de</strong>senvolvidas econsolidadas por meio do “100 Cida<strong>de</strong>s”.Trata-se da viabilização <strong>de</strong> projetos propostos por entes e instituiçõesmembros da re<strong>de</strong>, visando facilitar o intercâmbio e a valorização das experiências.Estes projetos passam a ser <strong>de</strong>senvolvidos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um sistema mais estruturado enão somente através <strong>de</strong> relações pontuais ou pessoais.Esta apresentação da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> dois programas existentes em Belo Horizonte<strong>de</strong>monstra como uma cida<strong>de</strong> consegue expandir suas políticas públicas egovernamentais, fazendo uso <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> cooperação. E, além disso, nãosomente, mas também como o município recebe recursos para investir em temasespecíficos, durante prazos limitados, evitando o <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> verbas e aumentando acobrança por prestação <strong>de</strong> contas.Os dois programas recebem recursos europeus, mas não necessariamentecooperam somente com a Europa, já que os recursos são <strong>de</strong>stinados a mais <strong>de</strong> umacida<strong>de</strong> que participa simultaneamente do mesmo projeto. O projeto “100 Cida<strong>de</strong>s”abrange uma enorme varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> temas, e em gran<strong>de</strong> parte os projetos citadosainda estão sendo ou vão ser implementados, o que não quer dizer que não o serão;ao contrário, o período escolhido para a utilização do recurso é proposital, pois é umperíodo <strong>de</strong> quatro anos, que começa e termina em anos eleitorais.


63Esta é uma preocupação do investidor, mas também é do município, já que asgestões municipais evitam adquirir dívidas <strong>de</strong> gestões anteriores, e por muitas vezespreferem não manter projetos <strong>de</strong> gestões passadas ativos. Belo Horizonte é um<strong>de</strong>sses casos, já que praticamente todos os projetos prévios a 2005 estão hoje,inativos.Os programas supracitados são apenas dois <strong>de</strong> seis programas ativos nacida<strong>de</strong>, o que <strong>de</strong>monstra que o município está muito ativo internacionalmente, fazuso <strong>de</strong> diferentes recursos paradiplomáticos para cumprir com seus eixos <strong>de</strong>trabalho. O Programa Infanzia-Infância é um programa <strong>de</strong> investimento direto, emcausas sociais, como o trabalho infantil, a educação e a pobreza. O município fazuso <strong>de</strong> diferentes recursos ao se inserir em um projeto como esse, não só ofinanceiro, mas também a cooperação técnica e principalmente o intercâmbio <strong>de</strong>conhecimentos, que neste caso ocorre em sua maioria por meio da capacitaçãotécnica.Já <strong>de</strong>ntro da vastidão <strong>de</strong> temas do Programa “100 Cida<strong>de</strong>s”, encontra-seuma característica peculiar, que é a ausência <strong>de</strong> recursos financeiros, já que oPrograma tem como objetivo principal construir uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> auxílio mútuo entre ascida<strong>de</strong>s, e não <strong>de</strong> estabelecer uma cooperação bilateral. O formato <strong>de</strong>stesprogramas é baseado em projetos <strong>de</strong> Organizações Internacionais como o BIRD, oque <strong>de</strong>monstra a participação <strong>de</strong>stas instituições no município, mas também ainserção do município <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los internacionais <strong>de</strong> cooperação.A <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>stes dois projetos permite que se verifique a amplitu<strong>de</strong> dacooperação internacional do município, não só em número <strong>de</strong> parceiros, mastambém em temas. Ressaltando o interesse da cida<strong>de</strong> em se inseririnternacionalmente não só para angariar fundos, mas também para auxiliar nocumprimento <strong>de</strong> suas obrigações junto à população e ao governo central.A Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte não possui hoje em dia dados que verifiquem oimpacto <strong>de</strong> sua inserção internacional no <strong>de</strong>senvolvimento do município, e pouco fazpara contabilizar e analisar seus registros <strong>de</strong> cooperação e outras açõesinternacionais. Contudo, esta é uma <strong>de</strong>ficiência recorrente não só da falta <strong>de</strong>recursos da administração para fazê-lo, mas também do próprio formato da gestãogovernamental brasileira, que se baseia projetos e realizações em prazos curtos quenão permitem que as gestões seguintes dêem continuida<strong>de</strong> a seus programas.


64O Secretário Rodrigo Perpétuo relatou em entrevista que não é possívelcalcular ou fornecer dados que possibilitem o cálculo do impacto da inserçãointernacional do município, já que este processo existe <strong>de</strong>s<strong>de</strong> gestões passadas eque o esforço da gestão atual para fazê-lo é limitado. Mas existe hoje uma pequenacompilação das ações da SMARI <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua criação em 2005, sobre a qual omunicípio não possui nenhuma análise, contudo <strong>de</strong>monstra intenção <strong>de</strong> fazê-la emfuturo próximo.


654 - CONCLUSÃONão é possível medir impactos sobre a inserção internacional do município <strong>de</strong>Belo Horizonte, contudo, em entrevista o Secretário Rodrigo Perpétuo - chefe daSMARI - relatou um pouco <strong>de</strong> sua experiência <strong>de</strong>ntro da Prefeitura e afirmou que“impactos dificilmente são calculados durante a gestão <strong>de</strong> um governo, porém osbenefícios da internacionalização <strong>de</strong> Belo Horizonte são muitos”. O secretário <strong>de</strong>ixouclaro que não é possível listá-los, mas que uma atuação gran<strong>de</strong> e freqüente como a<strong>de</strong> BH não existiria sem bons resultados.Esta conclusão é a mesma que se po<strong>de</strong> chegar ao fim <strong>de</strong>ste trabalho, aatuação <strong>de</strong> Belo Horizonte é coesa, consolidada, abrangente, diversa e apresentaresultados aparentemente consistentes. Sendo assim, somada esta conclusão como próprio crescimento das relações paradiplomáticas mundiais, é possível constatarque a cida<strong>de</strong> se beneficia <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> cooperação, e que faz uso da mesma paraalcançar seus interesses.A abrangência da cooperação realizada pelo município, somada a suaquantida<strong>de</strong> tem um segundo possível impacto, que seria o auxílio à aceleração doprocesso <strong>de</strong> horizontalização das relações internacionais. Isso se dá, pois a cida<strong>de</strong>transfere experiências bem sucedidas, e propaga a experiência da cooperação<strong>de</strong>scentralizada, o que eventualmente leva a uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> municípiosrealizando este tipo <strong>de</strong> cooperação. Logo, haveria uma pressão maior para alegalização da cooperação <strong>de</strong>scentralizada no Brasil e uma exigência maior pormeio facilitadores <strong>de</strong> sua ocorrência.Belo Horizonte é cercada por cida<strong>de</strong>s históricas e belezas naturais, suaarquitetura rica e sua gran<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> cultural são atrativos para a cooperação epara o investimento, mas como exemplificado no capítulo anterior, a cooperação<strong>de</strong>scentralizada <strong>de</strong> maior incidência é a <strong>de</strong> cunho social, o que <strong>de</strong>monstra umapreocupação do município com o seu <strong>de</strong>senvolvimento humano e econômico. Comum PIB per capita entre os mais altos do país, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra que suaspolíticas públicas têm <strong>de</strong> algum modo, sido efetivas, o que acrescenta ainda mais àsua participação na cooperação <strong>de</strong>scentralizada.Outro ponto relevante é que um dos objetivos colocados pelo governomunicipal para a sua inserção internacional é a aceleração do processo <strong>de</strong>urbanização da cida<strong>de</strong>. Neste sentido, a paradiplomacia realizada pelo município


66também tem participação, pois não só nos projetos listados, on<strong>de</strong> se encontram pelomenos dois <strong>de</strong>les referentes à urbanização, mas também nos outros programascitados, aparecem referências ao tema. Este é um exemplo relevante, não só parareforçar a conclusão <strong>de</strong> que o município faz uso <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> cooperaçãointernacional como forma <strong>de</strong> alçar seus interesses, mas também porque exemplificaum processo <strong>de</strong> cooperação que envolve diversos temas: políticos, sociais,econômicos e culturais. Além <strong>de</strong> ser um tema recorrente no palco das relaçõesinternacionais, principalmente no âmbito das organizações internacionais como aONU.Por último, é importante ressaltar que a cooperação realizada entre omunicípio e instituições internacionais, como a ONU ou o BIRD, reforçam o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>atuação das instituições. As instituições passam a ter mais acesso a região on<strong>de</strong>ocorre a cooperação. O município é uma região pequena que possui umaadministração menor, o que permite que os projetos e outras ações realizados porou que possuem participação <strong>de</strong> Instituições Internacionais, se tornem maiseficazes, pois atingem um número maior <strong>de</strong> pessoas, já que possuem uma menoschance <strong>de</strong> serem corrompidos, ou terem seus recursos <strong>de</strong>sviados. A fiscalização daexecução <strong>de</strong> projetos se torna mais eficaz, e po<strong>de</strong>m abranger uma quantida<strong>de</strong>ilimitada <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s. Este processo fortalece o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> atuação das InstituiçõesInternacionais e contribui para a horizontalização das relações internacionais.


675 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS5.1 – Obras Impressas5.1.1– LivrosBAYLIS, John; SMITH, Steve; OWENS, Patricia. The Globalization of WorldPolitics. Oxford. Oxford University Press. Edição 4. 2008.CORNAGO, Noé, Diplomacy and Paradiplomacy in the Re<strong>de</strong>finition ofInternational Security: Dimensions of Conflit and Co-operation, in: Keating,Paradiplomacy in Action, Frank Kass, Londres, 1999.KEATING, Michael. Regiones y asuntos internacionales: motives,oportunida<strong>de</strong>s y estratégias, in: BARRETO, M.I.; VIGEVANI, T; MARIANO, M. ADimensão subnacional e as relações internacionais. São Paulo: Educ, 2004. p. 49-76KEOHANE, Robert; International Institutions: Two Approaches, InternationalStudies Quartely 32 (<strong>de</strong>zembro 1988), pp. 383.Krasner, Stephen D. Structural Causes and Regime Consequences: Regimes asIntervening Variables. International Organization 36/2 (Spring). 1982.Reprinted inStephen D. Krasner, ed., International Regimes, Ithaca, NY: Cornell University Press,1983.NOGUEIRA, João Pontes & MESSARI, Nizar. Teoria das Relações Internacionais:correntes e <strong>de</strong>bates. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Elsevier, 2005.RODRIGUES, Gilberto Marcos Antônio. Política Externa Fe<strong>de</strong>rativa: análise <strong>de</strong>ações internacionais <strong>de</strong> estados e municípios brasileiros. Rio <strong>de</strong> Janeiro: CentroBrasileiro <strong>de</strong> Relações Internacionais-CEBRI, 2006RODRIGUES, G.M.A.; ROMÃO, W. M; XAVIER, Marcos, (orgs). Cida<strong>de</strong>s emrelações internacionais: análise e experiências brasileiras. São Paulo: Desatino,2009.RUGGIE, John G.) Constructing the World Polity: Essays on internationalinstitutionalization. London: Routledge.1998.SASSEN, Saskia. El Estado y la nueva geografía <strong>de</strong>l po<strong>de</strong>r. , in: BARRETO, M.I.;VIGEVANI, T; MARIANO, M. A Dimensão subnacional e as relações internacionais.São Paulo: Educ, 2004. p. 373 - 402SILVA LESSA, José Vicente. Paradiplomacia no Brasil e no Mundo: o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>celebrar tratados dos governos não centrais. Viçosa: Ed. UFV, 2007.SOLDATOS, Panayotis. An Explanatory Framework for the Study of Fe<strong>de</strong>ratedStates as Foreign-policy Actors. In Michelmann and Soldatos (eds.), Fe<strong>de</strong>ralismand International Relations: The Role of Subnational Units. Oxford : ClarendonPress, 1990, pp. 34-53.VIGEVANI, Tullo; WANDERLEY, Luiz Eduardo; BARRETO, Maria Inês & MARIANO,Marcelo Passini (orgs.). A Dimensão Subnacional e as Relações Internacionais.São Paulo, Editora da PUC/Editora da Unesp/Ce<strong>de</strong>c/Fapesp, 2004


68VIGEVANI, Tullo; WANDERLEY, Luiz Eduardo; BARRETO, Maria Inês & MARIANO,Marcelo Passini (orgs.). Cenário Global e o Espaço <strong>de</strong> Intervenção dos GovernosLocais. São Paulo, Editora da PUC/Editora da Unesp/Ce<strong>de</strong>c/Fapesp, 20045.1.2 - Teses, Artigos e DissertaçõesBATISTA, Sinoel; JAKOBSEN, Kjeld; EVANGELISTA, Ana Carolina. La apertura alexterior <strong>de</strong> las ciuda<strong>de</strong>s latinoamericanas y la cooperacíon <strong>de</strong>scentralizada.Vol. 2. 2005.COHEN, Samy. The State and the Challenge of ‘New Actors’. Paris: Centred’Étu<strong>de</strong>s et <strong>de</strong> Recherches Internationals (CERI), 2004.DESSLER, David. What’s at Stake in the Agent-Structure Debate? InternationalOrganization, vol. 43, n.3, 2002, pp.441-473.LAFER, Celso, Fórum Nacional - Nova Or<strong>de</strong>m Internacional, globalização e omundo pós-11 <strong>de</strong> setembro, Brasília, 9 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2002.Observatório <strong>de</strong> Cooperaccíon Descentralizada Unión-Europea – América Latina,Coleccíon <strong>de</strong> Estudios <strong>de</strong> Invetigacíon. n 3.PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal Adjunta <strong>de</strong> RelaçõesInternacionais (SMARI). Belo Horizonte, 2008.PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Panorama da Internacionalização <strong>de</strong> BeloHorizonte. Belo Horizonte, 2008.SASSEN, Saskia. Local Actors in Global Politics. Current Sociology, Vol. 52(4):SAGE Publication July 2004. pp. 649–670.UNITED CITIES AND LOCAL GOVERNMENTS. UCLG Position Paper on AindEffectiveness and Local Governments. UCLG Publication. Jan, 2009.5.2 – Outras Obras5.2.1 – WebsitesPortal Fe<strong>de</strong>rativo da Presidência da República –http://www.portalfe<strong>de</strong>rativo.gov.br/bin/view/Inicio/MercosulFccr. Consultado pelaúltima vez em 04 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2009. Às 19h45Confe<strong>de</strong>ração Nacional dos Municípios –http://www.cnm.org.br/institucional/inter_bra.asp?iId=35188. Consultado pela últimavez dia 06 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2009. Às 16h34.Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE) -http://www.oecd.org/advancedSearch/0,3393,en_2649_201185_1_1_1_1_1,00.html.Consultado pela última vez dia 03 <strong>de</strong> novembro. Às 10h20.Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte - http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/. Consultado pelaultima vez dia 07 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2009. Às 07h35.


69Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística -http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese/. Consultado pela última vez dia 10 <strong>de</strong>novembro. Às 10h33.Banco <strong>de</strong> dados da <strong>Universida<strong>de</strong></strong> Católica <strong>de</strong> Brasília.5.2.3 - EntrevistasKLEIMAN, Alberto. Secretário chefe da Subsercretaria <strong>de</strong> Assuntos Fe<strong>de</strong>rativosInternacionais da Presidência da República. Ocorrida no Palácio do Planalto, AnexoI, sala 212. Brasília - DF; em 08 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009.PERPÉTUO, Rodrigo. Secretário chefe da Secretaria Municipal Adjunta <strong>de</strong> RelaçõesInternacionais. Ocorrida Prefeitura <strong>de</strong> Belo Horizonte, Av. Afonso Pena, 1212. BeloHorizonte – MG; em 10 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2009.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!