12.07.2015 Views

Luz, visão e saúde - Lume Arquitetura

Luz, visão e saúde - Lume Arquitetura

Luz, visão e saúde - Lume Arquitetura

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

a u l a r á p i d a<strong>Luz</strong>, visão e saúdePor Midori NakayamaMecanismos da visão e influências da luzSEM LUZ NÃO HAVERIA VIDA. O QUE SERIA, ENTÃO, ESTEfenômeno tão misterioso presente no universo, chamado,luz? <strong>Luz</strong> é uma faixa da radiação eletromagnética, emitidapor uma fonte luminosa e sensível ao olho humano (espectrovisível, compreendido de 400nm a 700nm). Através dessaenergia luminosa podemos contemplar as belezas domundo e desencadear processos metabólicos que nospermitem viver.As ondas eletromagnéticas (radiações visíveis e nãovisíveis)atuam nos seres humanos, desencadeando váriosestímulos. Através da pele, ela viabiliza a produção devitaminas e outros processos químicos e, através dos olhos,onde a radiação visível penetra mais incisivamente, elaestimula reações no corpo e o processo da visão.Neste artigo, aprofundaremos as questões relacionadasaos mecanismos dos olhos, referente ao sistema visual, quenos permite perceber a luz, as características (cor, forma,tamanho e a tridimensionalidade) e o movimento dos objetos;e ao sistema energético, que desencadeia ações no sistemaendócrino, responsáveis pelo metabolismo do nosso corpo.48L U M EA R Q U I T E T U R A


A importância da luz no ciclo circadianoNa retina há doistipos de célulasfotossensíveis:cones e bastonetes.Os cones fornecemimagens maisnítidas, enquanto osbastonetes, ativos emsituações de baixaluminosidade, sãoresponsáveis pelavisão noturna.admiramos, na verdade são partículas maiores depoeira e fumaça que dissipam a luz de comprimentode onda, próximo aos do vermelho e do laranja.O branco das nuvens é formado pela dispersãonas partículas maiores de água de todos os comprimentosde onda do espectro visível, em quantidadesiguais de azul, verde e vermelho.Percepção visualA visão colorida requer, pelo menos, doisconjuntos de fotorreceptores, com diferentessensibilidades espectrais. O cérebro compara osvalores de luminância enviados pelos diferentescones para interpretar a presença da cor. Algumascores podem ser combinadas de tal maneira quese cancelam mutuamente, como por exemplo, nãoconseguimos perceber o verde avermelhado ou oamarelo azulado.A quantidade de luz não é o único fator quedetermina quão bem o homem vê um objeto, mastambém a cor por este refletida. Os bastonetes,apesar de proporcionarem apenas a visão em pretoe branco, reagem melhor aos comprimentos de ondaazul-verde. Isto explica porque uma flor azul parecemais clara que uma vermelha, quando vistas à noite.De acordo com estudos do Lighting ResearchCenter, além de permitir o efeito visual, a luz captadana retina, influencia física e psicologicamente oser humano. O ciclo de luz e escuridão sincronizao nosso ciclo circadiano com a luz solar, que sãoritmos químicos, biológicos, ou mudanças nocomportamento que se repetem a cada dia.O ritmo da sociedade contemporânea estáprivando muitas pessoas do sono, e, segundolevantamento do International Management StressAssociation, no Brasil, o estresse atinge 70% dapopulação.Uma pessoa sob estresse normalmente produzmais adrenalina e cortisol, o que desequilibra aformação de outros hormônios, podendo haver umconcomitante declínio na função cerebral, comorelatado por dr. Ballone GJ, médico psiquiatra eprofessor de pisiquiatria da PUCCAMP.Estas mudanças de hábitos, principalmente otrabalho noturno, podem desencadear uma série dedistúrbios, como crescimento de tumores malígnos,falta de estado de vigia, depressão e deficiênciaimunológica.Acredita-se que a melatonina (neurohormônio) é aprincipal responsável pelo controle de harmonia entreo dia e a noite, a luz e o escuro. Especula-se queas estruturas fotorreceptivas da retina e da glândulapineal são responsáveis pela sua produção, queocorre à noite sob circunstâncias de ausência de luz.Além de induzir a pessoa ao sono, a melatoninaé um poderoso agente antioxidante que poderetardar o processo de envelhecimento, estimular aprodução de hormônio do crescimento e até limitar ocrescimento de certos tipos de câncer. Destacando-secomo um agente de manutenção da harmonia e doA imagem formada naretina também é invertidacomo na câmarafotográfica. As célulasfotossensíveis da retinaconvertem a energialuminosa em sinais quesão levados ao cérebropelo nervo óptico.50L U M EA R Q U I T E T U R A


L U M E A R Q U I T E T U R A 51


No gráfico compara-se asensibilidade de bastonetese cones à luz de diferentescores. Conforme exprimea grande elevação da linhacheia, os bastonetes sãobem mais sensíveis queos cones. Tal sensibilidademaior verifica-se na áreado azul-verde. Os cones(tracejado) têm poucasensibilidade ao violeta, masé maior na área do verdeamarelo.Fonte: “<strong>Luz</strong> e Visão”, BibliotecaCientífica Life.funcionamento do sistema imunológico, terapias deluz são cada vez mais realizadas com base nestesdados.<strong>Luz</strong> como terapiaDesde tempos remotos, a luz vem sendoempregada como energia terapêutica, por meio datermoterapia (radiação IV), cromoterapia (radiaçãovisível) e actinoterapia (radiação UV).Qualquer que seja o tratamento, ele deve serespecífico, respeitando as individualidades decada paciente, para que se obtenham melhoresresultados. De acordo com estudiosos do LightingResearch Center, questões como quantidade de luzna retina, cor (espectro), distribuição espacial, horade exposição, duração e sensibilidade à luz devemser consideradas. As características da iluminaçãoeficazes para o sistema circadiano são diferentes dasque são eficazes para o sistema visual.Estes tratamentos podem não curar, masamenizam os sintomas de diversos distúrbios comodepressão sazonal, insônia, doença de Alzheimer,melhoram o desempenho metabólico e têm geradomuitas pesquisas correlacionadas.<strong>Luz</strong> azul, benéfica ou maléfica?Recentes estudos mostram que as ondas decor azul reduzem a produção da melatonina nohomem, ajudando-o a despertar e até a ver melhor.Baseados nestas premissas, empresas, como aVisteon [fabricante de produtos automotivos], têmdesenvolvido dispositivos que emitem luz azul paradespertar a atenção dos motoristas e, assim, evitaracidentes ao volante causados pelo sono. Com ointuito de melhorar a performance no trabalho, aOsram desenvolveu lâmpadas de alta tecnologia comtemperatura de cor azulada.Em contrapartida, recentes estudosdesenvolvidos por oftalmologistas têm demonstradoque a luz azul está relacionada ao desenvolvimentode patologias retinianas, como a degeneraçãomacular senil e o melanoma de úvea (tumor intraocular),um tipo de câncer que acomete o fundodo olho, com alta taxa de mortalidade. Pesquisaschefiadas pelo dr. Miguel Burnier, da McGill University,Canadá, comprovaram que o melanoma de úvea temo seu desenvolvimento acelerado ao ser exposto à luzazul, e que a utilização de um filtro azul pode reduzir oseu crescimento.É importante salientar que ainda não há estudosclínicos que comprovem eventuais danos destecomprimento de onda à retina sadia. Com o passardos anos, o cristalino humano torna-se mais amareloe passa a apresentar maior bloqueio à radiaçãoultravioleta e à luz visível, assim a proteção docristalino senil é mais intensa nos idosos do que nosjovens, porém apresentam uma redução qualitativa equantitativa da visão.Quando o cristalino opaco prejudica a visão,forma-se então a catarata, e é necessária a suasubstituição por uma lente artificial para recuperara visão. Como medida de prevenção, para os queprecisam submeter-se à cirurgia de catarata, a AlconLabs desenvolveu uma lente intra-ocular contra aradiação nociva (ultravioleta), incluindo a da luz azul.No nosso sistema visual, as ondas de radiaçãoazuis provavelmente são irrelevantes, pois o cérebronão precisa de muito azul, devido à baixa quantidadede cones que temos para esta cor. Com relação àluminância, fontes de luz nesta cor incomodam mais,pois nesta faixa de onda os bastonetes são maissensíveis, havendo maior percepção. Já no sistemaenergético, a luz azul é mais efetiva, causando altoimpacto no sistema endócrino e nas atividadescronobiológicas.De qualquer forma, a incidência da luz, sejasolar ou artificial, é preocupante devido à diminuição52L U M EA R Q U I T E T U R A


da camada de ozônio, interferências no ciclo circadianoe ao aumento do contato das pessoas com artifíciostecnológicos, sem conhecimento comprovado sobre seusefeitos no corpo e comportamento humanos.Iluminação idealA International Lighting Association sugere que sejamevitadas iluminações incoerentes que podem causardesordem em nosso sistema vital como: luminosidadesem indução de soletrol (hormônio benéfico à produçãode vitamina D e proteção provável contra alguns tiposde câncer); claridade excessiva à noite; exposição àclaridade por longos períodos no inverno; luz de xenon emautomóveis; e luz de verão o ano inteiro, quepossuem freqüências imperceptíveis aos nossos olhos, masque são detectadas por todo o nosso sistema. Sugere aindauma iluminação artificial ideal, empregando temperaturade cores abaixo de 3000K, com espectro contínuo, semmercúrio, sem freqüências moduladas e sem distúrbioseletromagnéticos.É essencial, no papel de lighting designers, estarmoscientes destes fatores relevantes, procurando não só nospreocupar com estética, níveis de iluminação ou consumode energia. Questionar previamente os efeitos dos produtosde iluminação no ser humano é importante, assim como assituações de uso local e do usuário, para aplicá-los de formacoerente, equilibrada e adequada ao nosso organismo e aomeio ambiente. Com isso contribuiremos, conseqüentemente,com a qualidade de vida do homem moderno.Fontes consultadas para elaboração deste artigo:Dr. Claudio Muranaka, oftalmologista, com especialização pela CBO - Conselho Brasileiro de Oftalmologia emembro da ASCRS - American Society of Cataract and Refractive Surgery;Palestra de Gad Gilad (Multilux 2006);Livro - “ <strong>Luz</strong> e Visão”, Biblioteca Científi ca Life, Livraria José Olympio Editora;www.international-light-association.org - International Light Association - “300 years of Modern Light Therapy”, porAlexander Wunsch;www.lrc.rpi.edu - Lighting Research Center (Divulgação:” Iluminação e Fotobiologia:implicações e design”, porMariana G. Figueiro, Ph.D.);www.ncbi.nlm.nih.gov - National Center for Biotechnology Information;www.universovisual.com.br - Universo Visual - a revista da oftalmologia;www.psiqweb.med.br - Portal de Psiquiatria;www.abcine.org.br - Associação Brasileira de Cinematografi a.Midori Nakayamaé arquiteta formada pela Faculdadede <strong>Arquitetura</strong> e Urbanismo daUSP, atuou oito anos na área deiluminação, na Itaim Iluminação,como supervisora de Engenharia.smnakayama@uol.com.brL U M E A R Q U I T E T U R A 53

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!