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Estudo de Eventuais Patologias Associadas ao Uso da Lama ...

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A busca por alternativas ambientalmente e economicamenteviáveis <strong>de</strong> reciclagem incluem aplicações <strong>da</strong> lama vermelha comoadsorvente para a remoção <strong>de</strong> cádmio, zinco e arsênio, flúor, chumboe cromo em soluções aquosas 8 , como componente <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong>construção, tais como tijolos 9 , cerâmicas e telhas 10 , esmaltes 11 , comocompósitos <strong>de</strong> base polimérica para substituir a ma<strong>de</strong>ira 12 , cimentosricos em ferro 5,6 , etc. A utilização como material <strong>de</strong> construçãocomum tem sido sugeri<strong>da</strong> como uma alternativa que garante altastaxas <strong>de</strong> consumo 13 .No entanto, seu uso in<strong>de</strong>vido po<strong>de</strong> causar sérias patologiasem argamassas <strong>de</strong> revestimentos ou até mesmo <strong>de</strong>scolamento dorevestimento cerâmico <strong>de</strong>vido <strong>ao</strong> processo expansivo, resultado <strong>da</strong>Reação Álcalis-Sílica (RAS).1.1. Reações Álcalis-Sílica (RAS)A <strong>de</strong>gra<strong>da</strong>ção do concreto por ações químicas é um fenômenoextremamente complexo, envolvendo muitos parâmetros, nem semprefáceis <strong>de</strong> serem isolados e que atuam em diferentes graus.As Reações Álcalis-Agregado (RAA) são reações químicasque se <strong>de</strong>senvolvem entre constituintes reativos dos agregadose íons alcalinos e hidroxilos presentes na solução intersticial <strong>da</strong>pasta <strong>de</strong> cimento, po<strong>de</strong>ndo ter um efeito altamente prejudicialpara as argamassas 14,15 . Estas reações são <strong>de</strong> caráter fortementeexpansivo, levando <strong>ao</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> tensões internas nomaterial e consequente fissuração, frequentemente acompanha<strong>da</strong>s doaparecimento <strong>de</strong> eflorescências e exsu<strong>da</strong>ções à superfície.Apesar <strong>de</strong> dificilmente ser referi<strong>da</strong> como causa primária docolapso, a fissuração gera<strong>da</strong> pela RAA po<strong>de</strong> favorecer outros processos<strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração como a carbonatação, <strong>de</strong>scolamento <strong>de</strong> revestimentoscerâmicos e a corrosão <strong>da</strong>s armaduras, no caso do concreto armado 15 .Existem três tipos distintos <strong>de</strong> RAA: Reações Álcalis-Sílica (RAS),reações álcalis-silicato e reações álcalis-carbonato.A reação álcalis-sílica é o tipo <strong>de</strong> reação álcalis-agregado maiscomum e que tem recebido maior atenção. A RAS correspon<strong>de</strong>essencialmente a uma reação química entre certas formas <strong>de</strong> sílicareativa, possuindo estrutura mais ou menos <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>na<strong>da</strong> e, por isso,instável num meio <strong>de</strong> elevado pH, e os íons alcalinos (Na + e K + ) ehidroxilos (OH - ) presentes na solução intersticial <strong>da</strong> pasta <strong>de</strong> cimento,produzindo um gel <strong>de</strong> silicato alcalino 15 .A veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> reação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>da</strong> concentração dos hidróxidosalcalinos na solução intersticial. Os íons cálcio (Ca 2+ ), cuja fonteprincipal é a portlandita (hidróxido <strong>de</strong> cálcio) forma<strong>da</strong> pelas reações<strong>de</strong> hidratação do cimento penetram rapi<strong>da</strong>mente no gel, <strong>da</strong>ndoorigem a geles <strong>de</strong> silicatos <strong>de</strong> cálcio, sódio e potássio. Estes geles sãocapazes <strong>de</strong> absorver moléculas <strong>de</strong> água e expandir, gerando forçasexpansivas 15,16 .As reações álcalis-silicato é um fenômeno mais complexo e temsido pouco explorado. Supõe-se que o mecanismo <strong>de</strong> expansão sejasemelhante à RAS, sendo, no entanto, mais lenta 15 . Frequentementeestes dois tipos <strong>de</strong> reações são englobados num mesmo termo genérico<strong>de</strong> Reações Álcalis-Sílica (RAS).A reação álcalis-carbonato é explica<strong>da</strong> por uma <strong>de</strong>sdolomitização,ou seja, uma <strong>de</strong>composição do carbonato duplo <strong>de</strong> cálcio e magnésio(dolomita) por ação <strong>da</strong> solução intersticial alcalina, a qual originaum enfraquecimento <strong>da</strong> ligação pasta <strong>de</strong> cimento-inerte. Não há aformação <strong>de</strong> geles expansivos e a expansão é atribuí<strong>da</strong> à absorção<strong>de</strong> íons hidróxilos pelos minerais <strong>de</strong> argila 15 .Assim, os fatores condicionantes <strong>da</strong> reação álcalis-agregadoassociados à veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> reação são 17,18 :• Temperatura, sendo maior a expansão quanto maior atemperatura;• Umi<strong>da</strong><strong>de</strong> Eleva<strong>da</strong>;• Alcalini<strong>da</strong><strong>de</strong> suficientemente eleva<strong>da</strong> <strong>da</strong> solução intersticial;32• Existência <strong>de</strong> inertes reativos com concentrações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>uma faixa crítica e;• Granulometria, sendo maior a força <strong>de</strong> expansão à medi<strong>da</strong> quediminui a superfície específica do material.A RAA só será perigosa quando coexistirem estas condições 14-16 .Assim sendo, <strong>de</strong>vido à eleva<strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> íons Na + e OH - noresíduo <strong>de</strong> bauxita, provenientes do uso <strong>da</strong> so<strong>da</strong> caustica no processoBayer, as reações álcalis-agregado são foco <strong>de</strong> preocupação quantoà utilização <strong>de</strong>ste material <strong>de</strong> elevado pH como aditivo <strong>ao</strong> cimentoPortland em concretos e argamassas. Segundo diversos autores 19 ,uma concentração <strong>de</strong> Na 2O superior a 0,6% 14 ou entre 3 e 5 kg.m –3 ésuficiente para uma RAA acentua<strong>da</strong>.Os álcalis presentes no cimento Portland são expressos na forma<strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> potássio (K 2O) e óxido <strong>de</strong> sódio (Na 2O). A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> álcalis disponíveis no cimento Portland é expressa em equivalentealcalino em Na 2O (%Na 2O + 0,658.%K 2O) por apresentar melhorcorrelação com a expansão <strong>de</strong>vi<strong>da</strong> à reação álcali-agregado 14,18 .Para ocorrer a RAA, o agregado <strong>de</strong>ve conter formas <strong>de</strong> sílicacapazes <strong>de</strong> reagir quimicamente com os íons hidroxila e os álcalispresentes na solução dos poros, tais como: vidro vulcânico, sílicaamorfa, sílica microscritalina, tridimita, cristobalita, calcedônia,opala, quartzo e feldspato <strong>de</strong>formados 18 .1.2. CarbonataçãoO gás carbônico, ou dióxido <strong>de</strong> carbono, juntamente com omonóxido <strong>de</strong> carbono são normalmente originados <strong>da</strong> queima <strong>de</strong>combustíveis, como os hidrocarbonetos (gasolina, óleo) e carvão. Emtemperaturas normalmente encontra<strong>da</strong>s em atmosferas ambientais,eles não costumam ser corrosivos para os materiais metálicos, embor<strong>ao</strong> gás carbônico forme com água o ácido carbônico (H 2CO 3), que éum ácido fraco. Entretanto, gás carbônico e umi<strong>da</strong><strong>de</strong> ocasionam acarbonatação <strong>da</strong> matriz cimentícia, responsável pela <strong>de</strong>terioração<strong>de</strong>sse material, com per<strong>da</strong> <strong>de</strong> resistência 20 .Matrizes cimentícias, quando expostas <strong>ao</strong>s gases como o gáscarbônico (CO 2), o dióxido <strong>de</strong> enxofre (SO 2) e o gás sulfídrico(H 2S), po<strong>de</strong> ter reduzido o pH <strong>da</strong> solução existente nos seus poros.A alta alcalini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> solução intersticial <strong>de</strong>vido, principalmente, àpresença do hidróxido <strong>de</strong> cálcio, Ca(OH) 2, oriundo <strong>da</strong>s reações <strong>de</strong>hidratação do cimento, também po<strong>de</strong>rá ser reduzi<strong>da</strong>. Tal per<strong>da</strong> <strong>de</strong>alcalini<strong>da</strong><strong>de</strong>, em processo <strong>de</strong> neutralização, por ação, principalmente,do CO 2(gás carbônico), que transforma os compostos do cimento emcarbonatos, é um mecanismo chamado <strong>de</strong> carbonatação, segundo areação principal (Equação 1):HO 2( ) 2 2 3 2Ca OH + O ⎯ ⎯ ⎯→ CaCO + H O(1)De acordo com os estudos <strong>de</strong> Soretz apud Helene 21 asprofundi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> carbonatação aumentam, inicialmente, com gran<strong>de</strong>rapi<strong>de</strong>z, prosseguindo mais lentamente e ten<strong>de</strong>ndo assintoticamentea uma profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima. Essa tendência à estabilização po<strong>de</strong>ser explica<strong>da</strong> pela hidratação crescente do cimento, que aumentagra<strong>da</strong>tivamente a compaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> matriz <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que haja águasuficiente. Alia-se a isso, a ação dos produtos <strong>da</strong> transformação quetambém obstruem os poros superficiais, dificultando o acesso <strong>de</strong> CO 2,presente no ar, <strong>ao</strong> interior do concreto.A consequência <strong>da</strong> carbonatação é a redução <strong>da</strong> alcalini<strong>da</strong><strong>de</strong> doconcreto, <strong>de</strong>vido à lixiviação dos compostos cimentícios, que reagemcom os componentes ácidos <strong>da</strong> atmosfera, principalmente o dióxido<strong>de</strong> carbono (CO 2), resultando na formação <strong>de</strong> carbonatos e H 2O 22 . Pelofato do concreto ser um material poroso, o CO 2presente no ar penetracom uma certa facili<strong>da</strong><strong>de</strong> através dos poros, até o seu interior. Comisso, acontece a reação do CO 2com o hidróxido <strong>de</strong> cálcio, provocandoa carbonatação. Um mo<strong>de</strong>lo simples, proposto por Montenor et al. 23 ,consi<strong>de</strong>ra a carbonatação um fenômeno caracterizado por 4 etapas:Cerâmica Industrial, 16 (1) Janeiro/Fevereiro, 2011

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