12.07.2015 Views

O Brasil de Betinho - Ibase

O Brasil de Betinho - Ibase

O Brasil de Betinho - Ibase

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

“Naquele sanatório particularíssimo, eu escuteitodas as novelas do rádio. Li todos os livros queme chegavam às mãos, fiz aeromo<strong>de</strong>lismo, aprendiradiotécnica, tentei a escultura. Três vezes ao diaeu tomava a temperatura. Invariavelmente 37 a 38graus <strong>de</strong> febre. (...) As minhas chances <strong>de</strong> salvaçãoeram muito poucas, ou quase nenhuma. Todomundo chorava. Ninguém <strong>de</strong>sconhecia oresultado <strong>de</strong>sta equação fatal: hemofilia maistuberculose igual à morte.”[ <strong>Betinho</strong>, em Sem vergonha da utopia, p. 49 ]“Ao ler o último número da revista semanalO Cruzeiro, a mais importante na época,do grupo <strong>de</strong> Assis Chateaubriand, eu vi oanúncio <strong>de</strong> um remédio, Idrazida, apesentadocomo a mais nova <strong>de</strong>scoberta na cura datuberculose. Deu-se então em mim uma certezainstantânea: este remédio vai me curar. Entrever o anúncio e estar tomando o primeirocomprimido se passaram outros três meses <strong>de</strong>tensa expectativa, até que a Idrazida chegouao comércio <strong>de</strong> Belo Horizonte. O efeito foiigualmente fulminante. Logo nas doses iniciaiseu comecei a engordar. Três meses mais tar<strong>de</strong>eu tirei uma radiografia limpa, a mancha havia<strong>de</strong>saparecido completamente.”[ <strong>Betinho</strong>, em Sem vergonha da utopia, p. 51 ]“A família chorouminha morte e <strong>de</strong>cidiuque eu não iria paraum sanatório, mas para o fundodo quintal, para o quarto <strong>de</strong> Maria Leal [empregada dacasa], agora transformado em meu sanatório particular, oúnico <strong>de</strong> Belo Horizonte. Um quarto com duas camas, naoutra dormia seu Henrique [pai <strong>de</strong> <strong>Betinho</strong>], <strong>de</strong>claradominha companhia. Foi construída uma porteira <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira que me isolava, atrás das gra<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> meus irmãose irmãs. (...) Durante três anos aquele quarto foi minhatrincheira on<strong>de</strong> poucos entravam. O mundo para mimestava dividido entre os tuberculosos e os sãos.”[ <strong>Betinho</strong>, em “Eu”, Arquivo Herbert <strong>de</strong> Souza, CPDOC/FGV ]O nascimento na Revolta27

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!