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O Brasil de Betinho - Ibase

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à direita, Rotina <strong>de</strong> trabalho: <strong>Betinho</strong> se reúne com lí<strong>de</strong>r doTimor Leste José Ramos-Horta, vencedor do Nobel da Paz.abaixo, Carta enviada a Fi<strong>de</strong>l Castro, em 1992, na qual<strong>Betinho</strong> se negava a participar <strong>de</strong> um ato <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>a Cuba e criticava o tratamento que os portadoresdo HIV recebiam na ilha“Presi<strong>de</strong>nte Fi<strong>de</strong>l Castro,Sou do tempo da Revolução Cubana. Defendie <strong>de</strong>fendo o direito do povo cubano fazer suarevolução e <strong>de</strong>cidir o seu próprio <strong>de</strong>stino seminterferência <strong>de</strong> inimigos ou amigos.Defendo para Cuba o que <strong>de</strong>fendo para mim epara o meu próprio povo: liberda<strong>de</strong>, igualda<strong>de</strong>,participação, respeito, diversida<strong>de</strong> e solidarieda<strong>de</strong>.Feita essa introdução, <strong>de</strong>sejo apresentar umaquestão e fazer um apelo. A questão é a aids. Souhemofílico <strong>de</strong> nascimento e soropositivo há quase<strong>de</strong>z anos. Sou também presi<strong>de</strong>nte da Associação<strong>Brasil</strong>eira Interdisciplinar <strong>de</strong> Aids <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1986e <strong>de</strong>senvolvo em meu país uma luta constantecontra as políticas públicas do governo fe<strong>de</strong>ralem relação à aids.(...)Conhecendo a tradição humanista erevolucionária <strong>de</strong> Cuba, sabendo dos avanços <strong>de</strong>sua medicina, eu esperava que também Cuba setransformasse num exemplo mundial <strong>de</strong> comoenfrentar a aids. O que li no Granma e soube porpessoas que visitaram Cuba, no entanto, constituipara mim um choque: soube que os soropositivossão submetidos a um processo <strong>de</strong> controle poragentes sanitários, que se caracteriza por umaespécie <strong>de</strong> vigilância à curta distância paraimpedir que a pessoa contaminada contamineoutras pessoas. Como sabemos que a transmissãodo vírus se dá basicamente por via sexual,estaríamos diante do controle da vida sexualdos soropositivos por processos <strong>de</strong> vigilância quetenho dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imaginar como seriamfeitos, além <strong>de</strong> discordar frontalmente <strong>de</strong> tal tipo<strong>de</strong> controle. Soube, também, que os doentes sãolevados aos hospitais e internados como doentes<strong>de</strong> aids, separados <strong>de</strong> suas famílias, do trabalho,<strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s. Para ser franco e direto: osdoentes são segregados da socieda<strong>de</strong> pelo Estado ese transformam em presos políticos da epi<strong>de</strong>mia.(...) Agora que o presi<strong>de</strong>nte já tem quase o direito<strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rar eterno, gostaria <strong>de</strong> terminarcom uma frase que vai começar uma novapostura nossa diante da aids: A aids não é mortal,mortais somos todos nós. A aids terá cura, e o seuremédio hoje é a solidarieda<strong>de</strong>.Abraços e sauda<strong>de</strong>s,Herbert <strong>de</strong> SouzaPresi<strong>de</strong>nte da Abia(Associação <strong>Brasil</strong>eira Interdisciplinar <strong>de</strong> Aids)”[ <strong>Betinho</strong>, em O dia da cura, p. 21-25 ]200O <strong>Brasil</strong> <strong>de</strong> <strong>Betinho</strong>

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