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Discurso do Orador Oficial, Acad. Aníbal Gil Lopes, na Posse do ...

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Sessão Solene por ocasião da <strong>Posse</strong> <strong>do</strong> <strong>Acad</strong>êmico HonorárioZilton Andrade<strong>Acad</strong>emia Nacio<strong>na</strong>l de Medici<strong>na</strong>29 de Julho de 2010Excelentíssimo <strong>Acad</strong>êmico Prof. Pietro Novelino, D.D. Presidente da ANM;Excelentíssimas Autoridades que compõem a Mesa Diretora desta Sessão;<strong>Acad</strong>êmicas e <strong>Acad</strong>êmicos aqui presentes;Ilustres Senhoras e Senhores que vieram partilhar conosco este momento:Hoje a <strong>Acad</strong>emia Nacio<strong>na</strong>l de Medici<strong>na</strong> se enobrece com a incorporação<strong>do</strong> Professor Zilton Andrade entre seus membros honorários. Indica<strong>do</strong> poru<strong>na</strong>nimidade pela Secção de Ciências Aplicadas à Medici<strong>na</strong>, seu nome foisufraga<strong>do</strong> por aclamação <strong>na</strong> Sessão Plenária que o elegeu.Como Ora<strong>do</strong>r <strong>Oficial</strong> expresso em nome desta Casa os votos de que suapresença, Professor Zilton Andrade, seja dura<strong>do</strong>ura e profícua. Permita-meagora, rememorar sua biografia, pois a extensão e importância de sua obracientífica são indicativas de seus méritos, hoje celebra<strong>do</strong>s nesta solene sessãoacadêmica.Nasci<strong>do</strong> aos 14 de maio de 1924, em Santo Antônio de Jesus, <strong>na</strong> Bahia,formou-se em medici<strong>na</strong> <strong>na</strong> Universidade Federal da Bahia em 1950. Emseguida fez residência em patologia <strong>na</strong> Tulane University, em New Orleans(EUA) sob orientação <strong>do</strong> Dr. Charles Dunlap. Em 1956 <strong>do</strong>utorou-se emPatologia pela Faculdade de Medici<strong>na</strong> de Ribeirão Preto da Universidade deSão Paulo e, em 1959 obteve a Livre Docência <strong>na</strong> Universidade Federal daBahia. Em 1961 realizou seu Pós-Doutora<strong>do</strong> no Mount Si<strong>na</strong>i Hospital, em NovaIorque, EUA, sob supervisão <strong>do</strong> Dr. Hans Popper. Foi Professor da Faculdadede Medici<strong>na</strong> da Universidade Federal da Bahia entre 1953 e 1984, ondealcançou os títulos de Professor Titular em 1974 e de Professor Emérito em1985. A excelência de sua atividade <strong>do</strong>cente foi reconhecida pelos alunos,razão pela qual foi Paraninfo e Professor Home<strong>na</strong>gea<strong>do</strong> de diversas turmas deforman<strong>do</strong>s <strong>do</strong> curso médico.Entre 1984 e 1994, ocasião de sua aposenta<strong>do</strong>ria compulsória, foiPesquisa<strong>do</strong>r Titular da Fundação Oswal<strong>do</strong> Cruz <strong>do</strong> Ministério da Saúde.Atualmente, é Chefe <strong>do</strong> Laboratório de Patologia Experimental (LAPEX) <strong>do</strong>


Instituto Gonçalo Moniz (FIOCRUZ) e Professor Permanente <strong>do</strong>s Cursos dePós-Graduação em Patologia (UFBA-FIOCRUZ) e em Imunologia (UFBA).O Professor Zilton Andrade foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res da SociedadeBrasileira de Patologia e da Sociedade Brasileira de Medici<strong>na</strong> Tropical, <strong>na</strong>squais mantém forte e respeitada atuação.Ao longo de sua profícua atividade, o Professor Zilton desenvolveu duaslinhas de pesquisa principais ditadas pelos materiais de suas observações emsalas de autópsia. Uma é sobre a esquistossomose e a outra sobre a <strong>do</strong>ençade Chagas. Em uma entrevista por ele concedida há algum tempo atrás,afirmava: “Meu interesse sempre esteve liga<strong>do</strong> às <strong>do</strong>enças parasitárias. Essas<strong>do</strong>enças monopolizaram minha atenção porque surgiam no dia-a-dia <strong>do</strong> meutrabalho. Já existiam alguns estu<strong>do</strong>s, mas era necessária uma revisãoprofunda, com novos instrumentos e novas técnicas. Aplicamos, por exemplo,técnicas de imuno-fluorescência e de microscopia eletrônica para estudaressas <strong>do</strong>enças e obtivemos resulta<strong>do</strong>s muito importantes, levan<strong>do</strong> a publicaçãode vários trabalhos e um intercâmbio com a Organização Mundial da Saúde(OMS) por quase 10 anos. O intercâmbio, daí decorrente, com cientistas devárias partes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, foi muito valioso”.A importância de sua obra científica se manifesta nos mais de 262trabalhos publica<strong>do</strong>s, que foram cita<strong>do</strong>s mais de 2300 vezes, com um fator Hde 26, além de 34 capítulos de livros e a edição de três livros. As suaspublicações <strong>na</strong> esquistossomose e <strong>na</strong> Doença de Chagas, particularmente, sãoreferências fundamentais no tema. Orientou e continua orientan<strong>do</strong> grandenúmero de alunos de iniciação científica, ten<strong>do</strong> forma<strong>do</strong> 34 mestres e 13<strong>do</strong>utores.Mais <strong>do</strong> que o volume de sua produção científica, deve ser salienta<strong>do</strong>que os estu<strong>do</strong>s conduzi<strong>do</strong>s pelo Professor Zilton foram de fundamentalimportância para o avanço <strong>do</strong> conhecimento da patologia das <strong>do</strong>ençasparasitárias endêmicas em nosso meio. Como funda<strong>do</strong>r da Escola de Patologiada Bahia, marcou-a como uma corrente que transcende o diagnóstico parainvestigar os mecanismos patogênicos.Dentre suas inúmeras publicações, tomarei três para ilustrar aimportância de sua contribuição científica.


A primeira é a Tese apresentada no concurso para Professor Titular, <strong>na</strong>qual estu<strong>do</strong>u o sistema de condução <strong>do</strong> coração <strong>na</strong> Doença de Chagas atravésda análise de cortes seria<strong>do</strong>s. Para tanto foram utilizadas até 4.000 secções decada espécime para mapear o sistema de condução e correlacioná-lo com aatividade eletrocardiográfica. Os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s representam até os dias de hojea melhor análise dessa importante correlação anátomo-funcio<strong>na</strong>l.O segun<strong>do</strong> trabalho que escolho para indicar o significa<strong>do</strong> das pesquisas<strong>do</strong> Professor Zilton foi cita<strong>do</strong> <strong>na</strong> literatura especializada um grande número devezes, e penso que seja seu trabalho de maior impacto. Realiza<strong>do</strong> nolaboratório <strong>do</strong> Hospital das Clínicas, contou com a colaboração de KennethWarren. Nesse estu<strong>do</strong>, realiza<strong>do</strong> em fíga<strong>do</strong>s de camun<strong>do</strong>ngos infecta<strong>do</strong>s peloSchistosoma mansoni, foi observa<strong>do</strong>, para<strong>do</strong>xalmente, que no perío<strong>do</strong> inicialda infecção os animais exibiam pressão <strong>na</strong> veia porta mais elevada <strong>do</strong> que aobservada <strong>na</strong> fase crônica, quan<strong>do</strong> o número de ovos por grama de teci<strong>do</strong> eramaior. A análise microscópica <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> revelou que a intensa e destrutivareação em torno <strong>do</strong>s ovos no fíga<strong>do</strong> <strong>do</strong> animal, vista <strong>na</strong> fase aguda,transformava-se <strong>na</strong> fase crônica numa peque<strong>na</strong> reação fibrosante, o queresultava em maior proteção <strong>do</strong> hospedeiro. Esse trabalho resultou noestabelecimento de um novo modelo experimental, simples, que passou a serusa<strong>do</strong> por muitos pesquisa<strong>do</strong>res para explorar fatores e mecanismosenvolvi<strong>do</strong>s <strong>na</strong> modulação imunológica.O terceiro trabalho que escolhi, realiza<strong>do</strong> em colaboração com o<strong>Acad</strong>êmico Aluízio Prata, descreve a forma hepática avançada daesquistossomose que cursa sem esplenomegalia. Publica<strong>do</strong> há muitos anos,passou despercebi<strong>do</strong> até que o uso das novas técnicas de imagem revelou quetal forma clínica é relativamente freqüente <strong>na</strong>s áreas endêmicas deesquistossomose no Brasil e no Egito.Todavia, suas publicações não esgotam a importância de suacontribuição à ciência, em particular à de nosso país. De fato, o que maissobressai de sua longa caminhada é a escola de patologia das <strong>do</strong>ençasparasitárias que criou através da formação de muitos discípulos, hojedistribuí<strong>do</strong>s <strong>na</strong>s mais diferentes partes <strong>do</strong> Brasil.O reconhecimento da excelência de seu trabalho se reflete nosnumerosos prêmios, honrarias e títulos que lhe foram outorga<strong>do</strong>s, dentre os


quais podem ser destaca<strong>do</strong>s: Prêmio Alfred Jurzykowski da <strong>Acad</strong>emia Nacio<strong>na</strong>lde Medici<strong>na</strong> em 1972; Prêmio Nacio<strong>na</strong>l de Ciência e Tecnologia <strong>do</strong> CNPq em1984; Membro da <strong>Acad</strong>emia Brasileira de Ciências; Membro Honorário daSociedade Latino-America<strong>na</strong> de Patologia, Membro Honorário da AmericanSociety of Tropical Medicine and Hygiene, Membro Honorário da SociedadeArgenti<strong>na</strong> de Cardiologia, Membro Titular da <strong>Acad</strong>emia de Medici<strong>na</strong> da Bahia,Prêmio FIOCRUZ/SIGMA-PHARMA em Doenças Infectuosas e Parasitárias;Grã-Cruz da Ordem Nacio<strong>na</strong>l de Mérito Científico e Comenda Euryclides deJesús Zerbini da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A esses, hoje seacrescenta o título de Membro Honorário da <strong>Acad</strong>emia Nacio<strong>na</strong>l de Medici<strong>na</strong>, amais antiga instituição cultural de nosso país.A brevidade desta cerimônia, Professor Zilton, não permite que discorrasobre to<strong>do</strong>s os seus méritos. Saiba, todavia, que é público e notório oreconhecimento de seus valores, razão que nos levou a elegê-lo MembroHonorário desta Casa.Seja bem vin<strong>do</strong>, Professor Zilton, e alegre-se conosco, que nosalegramos pela honra que nos dá tê-lo como confrade.Permitam-me agora, to<strong>do</strong>s os que aqui vieram para celebrar estemomento tão importante para a <strong>Acad</strong>emia Nacio<strong>na</strong>l de Medici<strong>na</strong>, agradecersua presença generosa, e assim encerrar esta peroração.Obriga<strong>do</strong>!

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