PDF PM - Sema-MT - Governo do Estado de Mato Grosso

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CRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAISEquip e da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conse rvação da SEM A:- Alexandre MilarÄ Batistella - BiÅlogo- Ana Margarida M. Coelho - Arte-educa<strong>do</strong>ra- El<strong>de</strong>r Monteiro Antunes - Arquiteto- Eliani Mezzalira Pena - BiÅloga- FÇtima Sonoda- BiÅloga- Francisval Akerley da Costa - Eng. AgrÉnomo- KÇtia Moser <strong>de</strong> Oliveira - Historia<strong>do</strong>ra- Marcelo Tarachuk - TurismÅlogo- Nicola Sava Leventi Neto - Bacharel em Direito- R osana Maria Viegas - Bacharel em Letras- Vera Lucia Noriko Kuroyanagi – GeÅgrafaEquipe <strong>de</strong> Elaboração <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino:- Eliani Mezzalira Pena e Marcelo Tarachuk – Secretaria Estadual <strong>do</strong> Meio Ambiente, <strong>MT</strong> –SEMA- Roberta Roxilene <strong>do</strong>s Santos e Gustavo Vasconcellos Irgang – Instituto Centro <strong>de</strong> Vida– ICV- Vitoria Da Riva Carvalho, Renato Farias, Edson Da Riva Carvalho - FundaÖÜoEcolÅgica Cristalino - FEC- Cynthia Pinheiro Macha<strong>do</strong> - Fauna e Flora International – Programa Brasil- Solange A. Arrolho e Rosane Duarte Rosa Seluchinesk – Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> – UNEMAT- Jane M. <strong>de</strong> O. Vasconcellos – Consultora para EstruturaÖÜo e RedaÖÜo <strong>do</strong> Documento1


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoSUMÁRIO1. APRESENTAÇÃO1.1 Declaração <strong>de</strong> significância1.2 Histórico <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino1.3 Histórico <strong>do</strong> planejamento1.4 Localização e acessos1.5 Ficha técnica <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL E SOCIOECONÔMICO2.1 Contexto Internacional2.2 Contexto Nacional2.3 Contexto da Conservação no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>2.3.1 Zoneamento Sócio Econômico Ecológico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>2.3.2 Áreas Protegidas no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>2.3.3 ICMS Ecológico2.4 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO PEC E SUA REGIÃO2.4.1 Caracterização <strong>do</strong> Meio Físico2.4.1.1 Clima2.4.1.2 Geologia2.4.1.3 Geomorfologia2.4.1.4 Pe<strong>do</strong>logia2.4.1.5 Hidrografia2.4.2 Caracterização <strong>do</strong> Meio Biótico2.4.2.1 Vegetação2.4.2.2 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Paisagem2.4.2.3 Caracterização da Fauna2.5 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA REGIÃO2.5.1 A Ocupação da Região: Aspectos Históricos e Culturais2.5.2 Origem e Caracterização <strong>do</strong>s Municípios da Região <strong>do</strong> PEC2.6 USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NA REGIÃO DO PEC2.6.1 Dinâmica Demográfica2.6.2 Ativida<strong>de</strong>s Econômicas2.6.3 Infra-estrutura urbana1


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.7 CARACTERÍSTICAS DA POPULAÇÃO2.7.1 Saú<strong>de</strong>2.7.2 Educação2.7.3 Aspectos Culturais e Sociais2.7.4 Renda e Desenvolvimento Humano2.7.5 Síntese da Caracterização Socioeconômica da População da Região2.8 CARACTERIZAÇÃO DA OCUPAÇÃO DAS TERRAS NO ENTORNO DO PEC2.9 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS DO ENTORNO IMEDIATO DO PEC2.9.1 Reservas Particulares <strong>do</strong> Patrimônio Natural: Lote Cristalino e Cristalino I, II e III2.9.2 Campo <strong>de</strong> Provas Briga<strong>de</strong>iro Velloso - CPBV (área da FAB)2.10 VISÃO DAS COMUNIDADES SOBRE O PARQUE2.10.1 Percepção Ambiental Segun<strong>do</strong> a Forma <strong>de</strong> Uso <strong>do</strong> Solo2.10.2 Visão <strong>do</strong>s Participantes da Oficina <strong>de</strong> Planejamento Participativo - OPP2.11 SITUAÇÃO FUNDIÁRIA2.12 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PEC E REGIÃO2.12.1 Ativida<strong>de</strong>s Conflitantes2.12.1.1 Exploração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira2.12.1.2 Fogo2.12.1.3 Agropecuária2.12.1.4 Usinas Hidrelétricas2.12.2 Ativida<strong>de</strong>s Apropriadas2.12.2.1 Proteção/Fiscalização2.12.2.2 Pesquisa2.12.2.3 Integração com entorno2.13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS2


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoLista das TabelasTabela 1 áreas <strong>de</strong>gradadas (km 2 ) e convertidas para corte raso, em 2007 e 2008, por esta<strong>do</strong>da AmazÉnia Legal.Tabela 2 - Tipos <strong>de</strong> rochas que ocorrem no Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoTabela 3 – Tipos <strong>de</strong> relevoTabela 4 – Principais tipos <strong>de</strong> solo encontra<strong>do</strong>s no Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoTabela 5 - Resulta<strong>do</strong>s da anÇlise <strong>do</strong>s solos amostra<strong>do</strong>s no interior <strong>do</strong> PECTabela 6 – Bacias hidrogrÇficas <strong>do</strong> PECTabela 7 - Tipos <strong>de</strong> vegetaÖÜo e coor<strong>de</strong>nadas geogrÇficas <strong>do</strong>s locais das anÇlisesquantitativas <strong>do</strong> componente arbÅreo no PECTabela 8 - PolinizaÖÜo e dispersÜo por agentes biÅticos no Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino.Tabela 9 - EspÄcies <strong>de</strong> peixes importantes para a pesca ocorrentes no rio Cristalino.Tabela 10 - EvoluÖÜo da populaÖÜo nos municàpios da regiÜo <strong>do</strong> PEC, em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, <strong>de</strong>1970 a 2008Tabela 11 - EvoluÖÜo <strong>do</strong> efetivo <strong>de</strong> rebanhos (cabeÖas) nos municàpios da regiÜo <strong>do</strong> PEC.Tabela 12 - Lavouras permanentes na regiÜo <strong>do</strong> PEC.Tabela 13 - Lavouras temporÇrias na regiÜo <strong>do</strong> PEC.Tabela 14 - ExploraÖÜo florestal: quantida<strong>de</strong> produzida nos municàpios da regiÜo, em <strong>MT</strong>Tabela 15 - Dinâmica <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento nos municàpios da regiÜo <strong>do</strong> PEC, entre 2007/2008Tabela 16 - ExtraÖÜo vegetal <strong>de</strong> produtos nÜo ma<strong>de</strong>ireirosTabela 17 - Nämero <strong>de</strong> <strong>do</strong>micàlios urbanos segun<strong>do</strong> a forma <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> Çgua em2000Tabela 18 - Tipos <strong>de</strong> esgotamento sanitÇrio <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micàlios urbanos da regiÜo <strong>do</strong> PEC, no <strong>MT</strong>,em 2000Tabela 19 - Formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino <strong>do</strong> lixo na regiÜo <strong>do</strong> PEC, em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, em 2000.Tabela 20 - A<strong>de</strong>quaÖÜo <strong>de</strong> moradias em relaÖÜo ã oferta <strong>de</strong> infraestrutura e nämero <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>res por <strong>do</strong>rmitÅrio, nos municàpios <strong>do</strong> Portal da AmazÉnia, em 2000.Tabela 21 - Equipamentos para o atendimento da saä<strong>de</strong> na regiÜo <strong>do</strong> PEC, em 2000Tabela 22 - Morbida<strong>de</strong>s hospitalares nos municàpios da regiÜo <strong>do</strong> PEC, no <strong>MT</strong>, em 2007.Tabela 23 - Nämero <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino da regiÜo <strong>do</strong> PEC, em <strong>MT</strong>,2007Tabela 24 - Taxa <strong>de</strong> analfabetismo nos municàpios da regiÜo <strong>do</strong> PEC, em 1991 e 2000Tabela 25 - EvoluÖÜo da mÄdia <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> nos municàpios da regiÜo <strong>do</strong> PEC, em <strong>MT</strong>,entre 1991 e 2000.Tabela 26 - Percentual <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> 18 a 22 anos com acesso ao curso superior,em 1991 e2000, na regiÜo <strong>do</strong> PECTabela 27 - EvoluÖÜo da escolarida<strong>de</strong> em Novo Progresso, entre 1991 e 2000Tabela 28 - PIB per capita <strong>do</strong>s municàpios <strong>do</strong> Portal da AmazÉnia, ano 2005.3


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoTabela 29 - EvoluÖÜo <strong>do</strong> Indice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) na regiÜo <strong>do</strong>PEC, no <strong>MT</strong>, entre 1991 e 2000.Tabela 30 - Indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda (àndice Gini) na regiÜo <strong>do</strong> PEC IITabela 31 - Matriz FOFA elaborada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a percepÖÜo <strong>do</strong>s participantes da OPPTabela 32 - Dinâmica <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento no PE Cristalino e entornoTabela 33 InformaÖåes sobre as atuaÖåes realizadas no PEC pela SEMA, a partir <strong>de</strong> 2005.Lista das FigurasFigura 1- Principais acessos ao Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoFigura 2 - áreas prioritÇrias para a conservaÖÜoFigura 3 - áreas protegidas na AmazÉniaFigura 4 - Parte <strong>do</strong> Corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ConservaÖÜo da AmazÉnia MeridionalFigura 5 - Corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> ConservaÖÜo Teles Pires/ TapajÅsFigura 6 - Regiåes <strong>de</strong> planejamento <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>Figura 7 - DistribuiÖÜo por esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s 8.147 km 2 <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>s na AmazÉnia Legal, em2007/2008Figura 8 - Zoneamento SÅcio EconÉmico EcolÅgico proposto para o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>Figura 9 - áreas Protegidas no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>Figura 10 - Novas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaÖÜo Propostas no DiagnÅstico para o ZEE,<strong>MT</strong>Figura 11- RegiÜo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoFigura 12 - Tipos climÇticos no Brasil segun<strong>do</strong> Kçppen (precipitaÖÜo e temperatura)Figura 13. Transporte da umida<strong>de</strong> ao longo da AmÄrica <strong>do</strong> SulFigura 14 - Exemplo da estratificaÖÜo das rochas sedimentaresFigura 15 - Exemplos <strong>de</strong> rochas magmÇticas plutÉnicas: granito e graboFigura 16 - DistribuiÖÜo <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> rochas <strong>do</strong> PEC e regiÜoFigura 17 - Geomorfologia <strong>do</strong> PEC e regiÜoFigura 18 - Classes <strong>de</strong> solos ocorrentes no PEC e regiÜoFigura 19 - LocalizaÖÜo <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> solos no interior <strong>do</strong> PECFigura 20 – Bacias hidrogrÇficas <strong>do</strong> PEC e sua regiÜoFigura 21 - áreas visitadas no PEC para a realizaÖÜo <strong>do</strong>sdiscuti<strong>do</strong>s no textoFigura 22 - DistribuiÖÜo da vegetaÖÜo <strong>do</strong> PECFigura 23 - Curso <strong>do</strong> Rio Cristalino no noroeste <strong>do</strong> PECFigura 24 - áreas <strong>de</strong> vegetaÖÜo secundÇria no Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoFigura 25 - Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Paisagem Natural <strong>do</strong> PEC e regiÜoestu<strong>do</strong> floràsticos e pontosFigura 26 - Principais ativida<strong>de</strong>s comerciais existentes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>.Figura 27 - Estrutura e zoneamento das Çreas urbanas <strong>de</strong> Alta Floresta e GuarantÜ <strong>do</strong> NorteFigura 28 - Nàvel <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s habitantes <strong>do</strong> municàpio <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, em 2009.Figura 29 - Fluxos <strong>de</strong> riqueza e serviÖos em relaÖÜo ãs cida<strong>de</strong>s polo da regiÜo4


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 30 - Produto Interno Bruto Municipal (PIB), por setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, nos municàpios daregiÜo <strong>do</strong> PEC em <strong>MT</strong>, em 2005.Figura 31 - LocalizaÖÜo <strong>do</strong>s assentamentos <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PECFigura 32 - LocalizaÖÜo das RPPNs Lote Cristalino e Cristalino I, II e III em relaÖÜo ao PEC, aIlha Ariosto da Riva e Fazenda Cristalino.Figura 33 - Zoneamento das RPPNs Cristalino I, II e IIIFigura 34 - Municàpios e setores da regiÜo <strong>do</strong> PEC representa<strong>do</strong>s na OPPFigura 35 - RepresentaÖÜo <strong>do</strong>s principais aspectos da visÜo <strong>de</strong> futuro <strong>do</strong> PEC, entre osparticipantes da OPPFigura 36 - Evidéncia da exploraÖÜo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira no PEC: estradas e clareirasFigura 37 - Mapa da dinâmica <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento no Parque Estadual Cristalino e entornoFigura 38 - VegetaÖÜo secundÇria e terras agràcolas no Parque Estadual Cristalino, segun<strong>do</strong>imagens CBERS 2006.Figura 39 - Estimativa da Çrea a ser inundada pelo PCH Roche<strong>do</strong>Figura 40 - Cartaz, capa da Cartilha e fol<strong>de</strong>r produzi<strong>do</strong>s pelo Programa <strong>de</strong> EducaÖÜo e DifusÜoAmbiental para o entorno <strong>do</strong> PEC, FEMA/ICV, 2002Figura 43 - Gibi Telinho produzi<strong>do</strong> pela FEC e assenta<strong>do</strong>s.Lista das FotosFoto 1 - Aspectos <strong>do</strong>s diversos tipos <strong>de</strong> solos amostra<strong>do</strong>s no interior <strong>do</strong> PECFoto 2 - Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa, transecto 9 (P29).Foto 3 - Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa, Transecto 12 (P40).Foto 4 - Floresta alagada, na beira <strong>do</strong> rio Teles Pires.Foto 5 - Mata <strong>de</strong> cipÅ (juquira), no P14.Foto 6 - Mata <strong>de</strong> cipÅ (juquira), no P16Foto 7 - Floresta semi<strong>de</strong>cidual, transecto 11 (P48).Foto 8 - Floresta semi<strong>de</strong>cidual, transecto 8 (P21).Foto 9 - Floresta estacional <strong>de</strong>cidual, no més <strong>de</strong> julho, em inselberg <strong>de</strong> granito na beira <strong>do</strong> rioCristalino.Foto 10 - Campinarana <strong>de</strong> Humiria balsamifera, transecto 1 (P3).Foto 11 - Campinarana alagada <strong>de</strong> Clusia/ Retiniphyllum (P46)Foto 12 - Campinarana na Serra <strong>do</strong> Mateiro, transecto 10 (P42).Foto 13 - TransiÖÜo campinarana /campo rupestre, no P1.Foto 14 - Campinarana gramàneo-lenhosa, no leste <strong>do</strong> Parque (P7)Foto 15 - Campinarana gramàneo-lenhosa (transiÖÜo para campo rupestre) na Serra <strong>do</strong>Roche<strong>do</strong> (P25).Foto 16 - Campo rupestre na Serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong> (P22).Foto 17 - Campo rupestre na Serra <strong>de</strong> Roche<strong>do</strong>, transecto 4 (P20).Foto 18 - Campo rupestre na Serra <strong>do</strong> Mateiro, P44Fotos 19 - VegetaÖÜo ribeirinha numa das ‘lagoas’ no rio Cristalino (P36).5


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFoto 20 - VegetaÖÜo arbustivo-herbÇcea no rio Cristalino (P45) e Ryti<strong>do</strong>stylis amazonicacobrin<strong>do</strong> vegetaÖÜo ribeirinhaFoto 21 - Scia<strong>do</strong>cephala sp., espÄcie nova e primeiro registro <strong>do</strong> género no Brasil.Fotos 22 - Aspectos das espÄcies novas encontradas no PECFotos 23 - Famàlia <strong>de</strong> capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris) e Anta (Tapirus terrestris), nasmargens <strong>do</strong> rio CristalinoFoto 24 - Macaco-aranha-da-cara-branca (Ateles marginatus).Fotos 25 - EspÄcies da avifauna <strong>do</strong> PEC: garÖa real e beija-flor-ver<strong>de</strong> no ninhoFotos 26 - Representantes da herpetofauna <strong>do</strong> PEC: perereca (Hyla boans), jacarÄ(Paleosuchus trigonatus) e serpente (Philodryas viridissimus)Foto 27 - Vista aÄrea da Çrea urbana e parte da Çrea rural <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>Foto 28 - ProduÖÜo familiar em Novo Mun<strong>do</strong>Fotos 29 – Aspectos da Çrea central urbana <strong>de</strong> Carlinda e Novo Mun<strong>do</strong>, respectivamenteFotos 30 - Vista aÄrea <strong>do</strong>s assentamentos no entorno oeste <strong>do</strong> PECFotos 31 - AcomodaÖåes <strong>do</strong> hotel <strong>de</strong> selva Cristalino Jungle Lodge e alojamento na IlhaAriosto da Riva, prÅximos ãs prÅximo ãs RPPNs Cristalino I, II e III.Fotos 32 - Alunos em ativida<strong>de</strong> da Escola da AmazÉnia e turistas <strong>do</strong> Cristalino Jungle Lodgeno Rio Cristalino 1.Fotos 33 - Pistas <strong>de</strong> pouso <strong>do</strong> CPBV e Aspecto geral da infra-estrutura <strong>do</strong> CPBVFotos 34 Primeira usina hidroelÄtrica da AmazÉnia, construàda no CPBV, em 1954Foto 35 Equipamentos disponàveis na torre <strong>de</strong> comunicaÖÜo <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s estan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tiro <strong>do</strong>CPBVFoto 36 Aspectos <strong>de</strong> uma das fazendas existentes no interior <strong>do</strong> PEC Fotos 36 Fogo causa<strong>do</strong>por raio no interior <strong>do</strong> PECFotos 36 - Fogo causa<strong>do</strong> por raio no interior <strong>do</strong> PEC, 2007Foto 37 - Painel com a linha <strong>do</strong> tempo construàda coletivamente e or<strong>de</strong>namento <strong>do</strong>s pontosi<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s na FOFA segun<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong> importância consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>Foto 38.-. Vista aÄrea <strong>do</strong>s Impactos da PCH Roche<strong>do</strong>, em 22/06/2009Fotos 39 – Pesquisa<strong>do</strong>res da TangarÇ durante avaliaÖÜo ecolÅgica <strong>do</strong> PEC, 2001Fotos 40 - Pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> projeto Flora Cristalino em ativida<strong>de</strong>s no interior <strong>do</strong> PECFoto 41 – ReuniÜo <strong>do</strong> Conselho Consultivo <strong>do</strong> PECFoto 42 - Painel com a linha <strong>do</strong> tempo construàda coletivamente e or<strong>de</strong>namento <strong>do</strong>s pontosi<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s na FOFA segun<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong> importância consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>6


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoAPRESENTAÇÃO1.1 Declaração <strong>de</strong> significânciaO Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino - PEC, forma<strong>do</strong> por duas Çreas contàguas – os ParquesCristalino e Cristalino II, com Çrea total <strong>de</strong> 184.9000 hectares, possui significativa importânciaambiental, principalmente por proteger as nascentes e o percurso <strong>do</strong>s rios Cristalino, Roche<strong>do</strong>e Nhandu, suas corre<strong>de</strong>iras, cachoeiras e lagoas e as comunida<strong>de</strong>s aquÇticas que neleshabitam, como tambÄm, pela heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua vegetaÖÜo e fauna associada e suaspeculiarida<strong>de</strong>s ambientais.As corre<strong>de</strong>iras e as cachoeiras <strong>de</strong>finem a dinâmica <strong>do</strong>s rios e formam ambientes especiais,com influéncia sobre comunida<strong>de</strong>s da fauna local, principalmente peixes e aves,. influencian<strong>do</strong>tambÄm a paisagem e as fitofisionomias.HÇ gran<strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> espÄcies vegetais, distribuàdas em diferentes fitofisionomias como osremanescentes da Floresta OmbrÅfila Densa, localiza<strong>do</strong>s principalmente ao sul e oeste <strong>do</strong>PEC, com composiÖÜo floràstica peculiar, a Floresta Semi<strong>de</strong>cidual Alta (transiÖÜo entreFloresta OmbrÅfila Densa e Caatinga), em solo <strong>de</strong> areia branca e manchas <strong>de</strong> Campinarana,no centro e leste <strong>do</strong> PEC, e nos Campos Rupestres, em afloramentos rochosos,principalmente, nas encostas e topos das serras <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Mateiro.Uma das principais significâncias <strong>do</strong> PEC estÇ relacionada ã proteÖÜo da riqueza e dacomposiÖÜo das populaÖåes e comunida<strong>de</strong>s que vivem nesses varia<strong>do</strong>s ambientes, tais como:- as populaÖåes <strong>de</strong> espÄcies ameaÖadas <strong>de</strong> extinÖÜo, vulnerÇveis ou insuficientementeconhecidas, tais como as espÄcies vegetais Mars<strong>de</strong>nia sp. nov. aff. Macrophylla, Costus sp.nov. (Costaceae), Guarea sp. nov. (Meliaceae), Scia<strong>do</strong>cephala sp. nov. (Compositae);espÄcies da mastofauna como macaco-aranha-da-cara-branca (Ateles belzebuth marginatus),cachorro-<strong>do</strong>-mato-<strong>de</strong>-orelha-curta (Atelocynus microtis); tatu-canastra (Prio<strong>do</strong>ntes maximus),espÄcies <strong>de</strong> aves como Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus (arara-azul-gran<strong>de</strong>), Pteroglossusbitorquatus (araÖari-<strong>de</strong>-pescoÖo-vermelho), Psophia viridis (jacamim-<strong>de</strong>costa-ver<strong>de</strong>); <strong>de</strong> anuroscomo Colostethus marchesianus e Dendrobates castaneoticus, os quelÉnios Po<strong>do</strong>cnemisexpansa e Po<strong>do</strong>cnemis unifilis, lagartos, tais como Crocodilurus amazonicus e Dracaenaguianensis, e serpentes como Boa constrictor e Corallus caninus.- as espÄcies recentemente <strong>de</strong>scritas e novas ocorréncias geogrÇficas, como as espÄciesvegetais Psychotria ownbeyi e Heliconia spathocircinata; as espÄcies <strong>de</strong> ave danÖa<strong>do</strong>r-<strong>de</strong>coroa-<strong>do</strong>urada(Lepi<strong>do</strong>trix vilasboasi) e beija-flor-ver<strong>de</strong> (Polytmus theresiae); e o anuroDendrobates sp.- as populaÖåes <strong>de</strong> espÄcies endémicas regionais ou macro-regionais, <strong>de</strong>ntre elas as espÄcies<strong>de</strong> plantas Retiniphyllum kuhlmannii, Notopleura tapajozensis, Pagamea plicata, Rhynchosporaexilis, Vellozia tubiflora, Thrasya auricoma e Hibiscus paludicola.- as espÄcies <strong>de</strong> peixes sob forte pressÜo <strong>de</strong> pesca como tucunarÄ (Cichla aff. ocellaris), otrairÜo (Hophias gr. Lacerdae), surubim (Sorubim lima), pinta<strong>do</strong> (Pseu<strong>do</strong>platystoma fasciatum),o jaä (Paulicea luetkeni), entre outras e para garantir os processos migratÅrios sazonais <strong>de</strong>peixes <strong>de</strong> valor econÉmico.AlÄm <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s estes aspectos, por sua localizaÖÜo estratÄgica, o PEC contribui para a garantia<strong>do</strong> fluxo génico das espÄcies nativas da regiÜo, atravÄs <strong>do</strong>s corre<strong>do</strong>res ecolÅgicos daAmazÉnia Meridional e da bacia hidrogrÇfica Teles Pires – TapajÅs, manten<strong>do</strong> a conectivida<strong>de</strong>com outras Çreas protegidas da regiÜo e servin<strong>do</strong> como barreira ao avanÖo <strong>do</strong> arco <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento no norte mato-grossense e sul <strong>do</strong> ParÇ.A efetivaÖÜo da conservaÖÜo <strong>de</strong>ssa Çrea tambÄm Ä <strong>de</strong> fundamental importância para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas e disseminaÖÜo <strong>do</strong> conhecimento e pelo alto potencial querepresenta para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ecoturismo e conseqëente compatibilizaÖÜo dapresenÖa das populaÖåes <strong>do</strong> entorno com os objetivos da unida<strong>de</strong>.7


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoNesta ocasiÜo, o DiÇrio <strong>de</strong> CuiabÇ publicou a seguinte reportagem:Todas as pontes erguidas sobre o rio Nhandu, por on<strong>de</strong> escoa boa parte da ma<strong>de</strong>iraretirada ilegalmente <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino (entre Alta Floresta e NovoMun<strong>do</strong>, extremo norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>), serÜo <strong>de</strong>struàdas por or<strong>de</strong>m da JustiÖa Fe<strong>de</strong>ral. A<strong>de</strong>cisÜo Ä <strong>do</strong> juiz Marcos Alves Tavares, substituto da 1ó Vara, que conce<strong>de</strong>u medidascautelares propostas pelo MinistÄrio Päblico Fe<strong>de</strong>ral como forma <strong>de</strong> impedir a<strong>de</strong>gradaÖÜo <strong>de</strong> uma das mais importantes reservas da biodiversida<strong>de</strong> na AmazÉnia.AlÄm das pontes - cuja explosÜo ficarÇ a cargo <strong>do</strong> ExÄrcito - a <strong>de</strong>cisÜo tambÄm dizrespeito ãs balsas que, segun<strong>do</strong> constatou o MPF, usam o leito <strong>do</strong> rio Teles Pires comoatalho para o transporte <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira irregular. Os proprietÇrios das balsas serÜoadverti<strong>do</strong>s a nÜo transportar caminhåes ma<strong>de</strong>ireiros em hipÅtese alguma, sob pena <strong>de</strong>multa <strong>de</strong> R$ 3 mil por embarcaÖÜo, apreensÜo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o equipamento e o indiciamentoem to<strong>do</strong>s os crimes ambientais que tenham ajuda<strong>do</strong> a concretizar (DiÇrio <strong>de</strong> CuiabÇ,2003).Essa aÖÜo foi coibida no final <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2003 e os mora<strong>do</strong>res permaneceram, posto que aposse da terra permanecia discutida em processos judiciais morosos, que permitem acontinuida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ocupantes na Çrea. E a crenÖa na impunida<strong>de</strong>, por parte <strong>do</strong>s posseiros,propiciou taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamentos recor<strong>de</strong>s, em 2003. Neste mesmo ano, o INCRA, fiel<strong>de</strong>positÇrio das terras, <strong>de</strong>cidiu colocar em prÇtica sua polàtica <strong>de</strong> reforma agrÇria. O Ministro daReforma AgrÇria, Raul Jungmam, aceitou uma proposta <strong>de</strong> parceria com o <strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> para promover um mega assentamento <strong>de</strong> trabalha<strong>do</strong>res rurais sem terra emplena Floresta AmazÉnica, no municàpio <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>. A parceria INCRA/<strong>Governo</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> pretendia assentar cerca <strong>de</strong> 5.000 famàlias, numa Çrea <strong>de</strong>336.987.6249 ha da chamada Gleba Divisa, sen<strong>do</strong> 2.300 famàlias na primeira etapa, comopo<strong>de</strong> ser visto na reportagem <strong>do</strong> jornal O EstadÜo:“Trata-se <strong>de</strong> mais um projeto faraÉnico <strong>do</strong> INCRA, sem qualquer sustentabilida<strong>de</strong>econÉmica e ambiental, basea<strong>do</strong> na migraÖÜo incentivada para a regiÜo, jÇ que atrairÇcerca <strong>de</strong> 20.000 pessoas, quan<strong>do</strong> o municàpio <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, sÅ tem 3.590habitantes. Para <strong>do</strong>urar a pàlula indigesta <strong>do</strong> mega assentamento, falam em ReformaAgrÇria EcolÅgica, e tentam o en<strong>do</strong>sso <strong>do</strong> MinistÄrio <strong>do</strong> Meio Ambiente” (O EstadÜo,2003).Em 2004, surge nova <strong>de</strong>näncia: “O Parque <strong>do</strong> Cristalino estÇ prestes a ser invadi<strong>do</strong> por semterra.O nämero <strong>de</strong> pessoas acampadas no limite <strong>do</strong> parque nÜo foi confirma<strong>do</strong> e asestimativas variam <strong>de</strong> 125 a mil pessoas” (John, 2004).Neste mesmo ano, pessoas e instituiÖåes que <strong>de</strong>fendiam a conservaÖÜo <strong>do</strong> PEC e anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alternativas econÉmica para os municàpios da regiÜo se mobilizaram em prol<strong>do</strong> parque constituin<strong>do</strong> a AssociaÖÜo <strong>do</strong>s Amigos <strong>do</strong> Parque Cristalino.No inàcio <strong>de</strong> 2005, os ma<strong>de</strong>ireiros, com o apoio <strong>do</strong>s fazen<strong>de</strong>iros interditaram a BR 163. AsnegociaÖåes sobre a Çrea <strong>do</strong> parque foram entÜo levadas ã Brasàlia e o MinistÄrio <strong>do</strong> MeioAmbiente autorizou a continuida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ireira na regiÜo, alÄm <strong>de</strong> estudar o caso<strong>do</strong>s fazen<strong>de</strong>iros e <strong>do</strong>s assenta<strong>do</strong>s. Essa atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> MMA abriu espaÖo para que as ativida<strong>de</strong>silegais que vinham sen<strong>do</strong> realizadas com o respal<strong>do</strong> <strong>do</strong> MinistÄrio da Reforma AgrÇria e <strong>do</strong><strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> ganhassem uma dimensÜo sem prece<strong>de</strong>ntes.Em junho <strong>de</strong> 2005, a FundaÖÜo Estadual <strong>do</strong> Meio Ambiente - FEMA foi extinta e substituàdapala SEMA, e uma <strong>de</strong>cisÜo liminar <strong>do</strong> Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>volveu ao Esta<strong>do</strong> aresponsabilida<strong>de</strong> sobre o PE Cristalino. A SEMA reassumiu a Çrea com o compromisso <strong>de</strong>reativar o posto <strong>de</strong> fiscalizaÖÜo e manter vigilância constante para evitar novas invasåes. Paraestas aÖåes a secretaria <strong>de</strong>veria contar com o apoio da policia e <strong>de</strong> agentes ambientais.Entretanto, em 2006, a situaÖÜo <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> recru<strong>de</strong>ceu, com novos embates na esferapolàtica. Os <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s estaduais aprovaram a lei 8.616/2006 que estabelecia uma reduÖÜo naÇrea <strong>do</strong> PEC. A campanha SOS Cristalino, com manifestaÖåes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s ambientalistas e<strong>do</strong> ecoturismo, exigiam que o governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> zelasse pelo parque. O governa<strong>do</strong>r, sobpressÜo da socieda<strong>de</strong>, vetou a <strong>de</strong>cisÜo <strong>do</strong> legislativo. PorÄm, o veto <strong>do</strong> governa<strong>do</strong>r foi<strong>de</strong>rruba<strong>do</strong> pelos <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s. Somente com a intervenÖÜo <strong>do</strong> MinistÄrio Päblico <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>9


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 1- Principais acessos ao Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino1.5 Ficha técnica <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoNome da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação:Gerência Executiva, en<strong>de</strong>reço e telefone:Superfície da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação (ha):Perímetro da UC(km):Parque Estadual Cristalino e ParqueEstadual Cristalino IICoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ConservaÖÜo/Superintendéncia <strong>de</strong>Biodiversida<strong>de</strong>/SEMA-<strong>MT</strong>Rua D - s/ní - Centro Polàtico Administrativo-PalÇcio PaiaguÇs – CuiabÇ – <strong>MT</strong>CEP: 78050-970Telefone: (65) 3613-7224 / (65) 3613-7253Fax: (65) 3613-7252e-mail: cuco@sema.mt.gov.brSite: www.sema.mt.gov.br184.900,00 ha295.500 kmSuperfície da ZA:Perímetro da ZA:Município que abrange: Novo Mun<strong>do</strong> (90%) e Alta Floresta (10%)Esta<strong>do</strong> que abrange:Coor<strong>de</strong>nadas geográficas (lat. e long.):Instrumentos <strong>de</strong> criação:<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>9í25’ e 9í43’ S – 55í09’ e 56í02’ WParque Estadual Cristalino – Decreto Estadualní 1.471 <strong>de</strong> 09/06/2000 e Lei Estadual ní7.518 <strong>de</strong> 28/09/ 2001Parque Estadual Cristalino II –Estadual ní 2.628 <strong>de</strong> 30/05/2001Decreto11


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoMarcos geográficos referenciais <strong>do</strong>s limites:Bioma e ecossistemas:Ativida<strong>de</strong>s ocorrentes:Ativida<strong>de</strong>s conflitantes:rio Nhandu (limite leste), serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong> erio Teles Pires (limite sul), rio Cristalino (limitenorte)Amazônia.Ecossistemas: floresta ombrófila, florestaestacional, campinarana, campo rupreste daAmazônia, formações pioneiras com influênciafluvial e/ou lacustre.Pesquisa: Programa Flora Cristalino (FEC,Royal Botanic Gar<strong>de</strong>ns Kew, com apoio daFauna & Flora International, UNEMAT, RioTinto e SEMA-<strong>MT</strong>; Projeto Pe<strong>do</strong>paisagens,florística e estrutura <strong>de</strong> floresta ciliar <strong>do</strong>Parque Estadual Cristalino (UNEMAT, comapoio financeiro da FAPEMAT); pesquisastemáticas para a elaboração <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong>Manejo.Visitação: ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ecoturismo<strong>de</strong>senvolvida na RPPN Cristalino, localizadano entorno da unida<strong>de</strong>Fiscalização/Monitoramento: controle <strong>de</strong>caça, pesca, <strong>de</strong>smatamento e outrasativida<strong>de</strong>s irregulares.caça e pesca, <strong>de</strong>smatamento, ocupaçãoirregular, fogo, visitação <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada,pecuária, espécies exóticas, uso <strong>de</strong>agrotóxicos, pistas <strong>de</strong> pouso, PCH12


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL E SOCIOECONÔMICO2.1 CONTEXTO INTERNACIONALO Parque Estadual Cristalino Ä uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservaÖÜo estadual, inserida no SistemaEstadual e Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaÖÜo. Desta forma, faz parte <strong>de</strong> uma das maisimportantes estratÄgias nacionais para o cumprimento <strong>do</strong>s compromissos, acor<strong>do</strong>s e trata<strong>do</strong>smultilaterais firma<strong>do</strong>s pelo Brasil e outros paàses em busca <strong>de</strong> soluÖåes globais para asqueståes ambientais, o que lhe confere importância internacional.Assume, tambÄm, importância no contexto internacional por sua localizaÖÜo na AmazÉnia,bioma que abrange parte <strong>de</strong> oito paàses da AmÄrica <strong>do</strong> Sul - Bolàvia (5,3%), Peru (9,9%),Venezuela (6,3%), ColÉmbia (6,7%), Equa<strong>do</strong>r (1,1%), Guiana (3,2%), Suriname (2,5%) eGuiana Francesa (1,3%) e Brasil (cerca <strong>de</strong> 60%) (Fonseca & Silva, 2005). A AmazÉnia, commais <strong>de</strong> seis milhåes <strong>de</strong> quilÉmetros quadra<strong>do</strong>s, assume importância planetÇria pela suaimensa riqueza biolÅgica e cultural e por exercer importante funÖÜo na regulaÖÜo <strong>do</strong> clima e <strong>do</strong>regime hidrolÅgico regional, nacional e global (Primack & Corlett, 2005).Em 1978, os paàses amazÉnicos firmaram o Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> CooperaÖÜo AmazÉnica, com opropÅsito comum <strong>de</strong> conjugar esforÖos para promover o <strong>de</strong>senvolvimento harmÉnico <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>Bioma. E, em 1998, criaram a OrganizaÖÜo <strong>do</strong> Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> CooperaÖÜo AmazÉnica - OTCA,com o objetivo <strong>de</strong> fortalecer a coor<strong>de</strong>naÖÜo e a aÖÜo conjunta <strong>do</strong>s paàses, promoven<strong>do</strong> seu<strong>de</strong>senvolvimento sustentÇvel em benefàcio <strong>de</strong> suas populaÖåes e das naÖåes signatÇrias(OTCA, 2007 em www.otca.org.br). Des<strong>de</strong> 2003, a Secretaria Permanente da OTCA estÇsediada em Brasàlia.2.2 CONTEXTO NACIONALA Çrea on<strong>de</strong> o Parque Estadual Cristalino estÇ localiza<strong>do</strong>, no extremo norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong> e sul <strong>do</strong> ParÇ, foi consi<strong>de</strong>rada como prioritÇria para a conservaÖÜo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1980, peloProjeto RADAMBRASIL (Brasil/DN<strong>PM</strong>, 1980) e, posteriormente, tanto pelo Projeto Parques eReservas <strong>do</strong> Programa-Piloto para ProteÖÜo das Florestas Tropicais Brasileiras – PPG7(MMA/PPG7, 2002) como na AvaliaÖÜo e i<strong>de</strong>ntificaÖÜo <strong>de</strong> AÖåes PrioritÇrias para aConservaÖÜo, UtilizaÖÜo SustentÇvel e RepartiÖÜo <strong>do</strong>s Benefàcios da Biodiversida<strong>de</strong> daAmazÉnia Brasileira (MMA, 2001; 2007), como mostra a Figura 2.Figura 2 - Áreas prioritárias para a conservaçãoO PEC foi cria<strong>do</strong> visan<strong>do</strong> aten<strong>de</strong>r as indicaÖåes das Çreas prioritÇrias para a conservaÖÜo dabiodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> bioma amazÉnico e, tambÄm, o ecoturismo.13


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoA Amazônia é o bioma brasileiro com maior número <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação, as quaistambém possuem os maiores tamanhos (Figura 3), mas ainda assim, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>sinsuficientes diante da extensão e da importância, nacional e global, <strong>de</strong>ste bioma. No contextogeral amazônico, o PEC com 184.9000 hectares da Amazônia Legal (503.735.569 ha) mas asua importância está representada, principalmente, na diversida<strong>de</strong> e riqueza <strong>do</strong>s ambientes e<strong>do</strong>s ecossistemas protegi<strong>do</strong>s em seu interior e no importante espaço que ocupa. Sualocalização geográfica é estratégica para impedir o avanço das frentes <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento.Figura 3 Áreas protegidas na AmazôniaO Parque Estadual Cristalino faz fronteira entre a <strong>de</strong>vastação existente ao sul (<strong>de</strong>smatamento,criação extensiva <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>, extração <strong>de</strong> ouro) e gran<strong>de</strong>s áreas protegidas ao norte. Destaforma, ocupa uma posição importante na parte sul <strong>de</strong> um conjunto maior <strong>de</strong> áreas protegidas,que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> leste para oeste, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Conservação da AmazôniaMeridional (Figura 4). Os corre<strong>do</strong>res ecológicos são <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s na Lei <strong>do</strong> SNUC (MMA, 2000)como “porÉàes <strong>de</strong> ecossistemas naturais ou seminaturais, ligan<strong>do</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservaÉÑo,que possibilitam entre elas o fluxo <strong>de</strong> genes e o movimento da biota, facilitan<strong>do</strong> a dispersÑo <strong>de</strong>espÖcies e a recolonizaÉÑo <strong>de</strong> âreas <strong>de</strong>gradadas, bem como a manutenÉÑo <strong>de</strong> populaÉàesque <strong>de</strong>mandam, para sua sobreviväncia, âreas com extensÑo maior <strong>do</strong> que aquela dasunida<strong>de</strong>s individuais”.14


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 4 Parte <strong>do</strong> Corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Conservação da AmazôniaO imenso conjunto <strong>de</strong> Çreas protegidas que forma o Corre<strong>do</strong>r da AmazÉnia Meridional temfunciona<strong>do</strong> como uma barreira ao avanÖo <strong>do</strong> arco <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento, constituin<strong>do</strong>-se comouma das mais eficientes estratÄgias para o sucesso das metas governamentais no “Plano <strong>de</strong>AÉÑo para a PrevenÉÑo e Controle <strong>do</strong> Desmatamento na AmazÇnia Legal” (Brasil, 2004).O ICMBio, em articulaÖÜo com as OrganizaÖåes Estaduais <strong>de</strong> Meio Ambiente (OEMAs) <strong>do</strong> <strong>MT</strong>e AM, WWF/Brasil e GTZ, ICV e Pacto AmazÉnico e FUNAI vem buscan<strong>do</strong> integrar oplanejamento para a proteÖÜo e o or<strong>de</strong>namento territorial <strong>de</strong>ssa regiÜo.A porÖÜo centro-sul <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong> corre<strong>do</strong>r, on<strong>de</strong> o PEC se insere, vem sen<strong>do</strong> conhecida comoCorre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Conservação Teles Pires/ Tapajós (Figura 5). Este Ä composto por um bloco <strong>de</strong>Çreas protegidas com cerca <strong>de</strong> 57,5 mil kmò, na Çrea <strong>de</strong> influéncia da ro<strong>do</strong>via BR-163, naregiÜo <strong>de</strong>nominada “TerritÅrio Portal da AmazÉnia”. Este inclui, alÄm <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong>Cristalino, a Reserva BiolÅgica Nascentes da Serra <strong>do</strong> Cachimbo, a área Patrimonial da ForÖaAÄrea Brasileira (Campo <strong>de</strong> Provas Briga<strong>de</strong>iro Veloso), as terras indàgenas Kayabi eMundurucu e o Parque Nacional <strong>do</strong> Juruena (Micol et alii, 2006).15


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 5 Corre<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Conservação Teles Pires/ TapajósOutra importante iniciativa, no contexto fe<strong>de</strong>ral, para viabilizar a proteÖÜo da AmazÉnia Ä oPrograma áreas Protegidas da AmazÉnia - ARPA. Trata-se <strong>de</strong> um programa <strong>do</strong> <strong>Governo</strong>Brasileiro, cria<strong>do</strong> pelo Decreto n o 4.326 <strong>de</strong> 08 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2002, estabelecen<strong>do</strong> uma parceriacom <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res e organizaÖåes da socieda<strong>de</strong> civil para implementÇ-lo.Com duraÖÜo prevista para 10 anos, tem como objetivo consolidar a conservaÖÜo <strong>de</strong> amostrasrepresentativas <strong>do</strong> bioma AmazÉnico, protegen<strong>do</strong> pelo menos 50 milhåes <strong>de</strong> hectares <strong>de</strong>florestas e promoven<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento sustentÇvel da regiÜo. O ARPA estÇ sen<strong>do</strong>implementa<strong>do</strong> pelo <strong>Governo</strong> Fe<strong>de</strong>ral, atravÄs <strong>do</strong> MinistÄrio <strong>do</strong> Meio Ambiente, ICMBio eIBAMA e pelos governos estaduais da AmazÉnia, contan<strong>do</strong> com a participaÖÜo <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> parao Meio Ambiente Global – GE, Banco mundial, o Banco <strong>de</strong> CooperaÖÜo <strong>do</strong> <strong>Governo</strong> daAlemanha – KfW , a Agéncia <strong>de</strong> CooperaÖÜo da Alemanha - GTZ, o WWF Brasil, o Fun<strong>do</strong>Brasileiro para a Biodiversida<strong>de</strong> - FUNBIO e organizaÖåes da socieda<strong>de</strong> civil (WWF, 2008, em:www.wwf.org.br).O Parque Estadual Cristalino Ä uma das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservaÖÜo apoiadas pelo ARPA, comrecursos para a sua implementaÖÜo, incluin<strong>do</strong> o estabelecimento inicial, planejamento da suagestÜo e consolidaÖÜo.Como categoria <strong>de</strong> manejo Parque, tem como objetivo bÇsico, alÄm da preservaÖÜo <strong>de</strong>ecossistemas naturais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância ecolÅgica e beleza cénica, possibilitar a realizaÖÜo<strong>de</strong> pesquisas cientàficas e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educaÖÜo e interpretaÖÜoambiental, <strong>de</strong> recreaÖÜo em contato com a natureza e o turismo ecolÅgico, conforme oestabeleci<strong>do</strong> na Lei <strong>do</strong> SNUC (MMA, 2000).16


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoDesta forma, o PEC tambÄm representa uma oportunida<strong>de</strong> para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> turismoe, pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus atrativos naturais, tem condiÖåes para participar <strong>do</strong>s principaisroteiros turàsticos nacionais e internacionais, cumprin<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s objetivos <strong>de</strong> sua criaÖÜo, quecontou com o apoio <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento <strong>do</strong> Ecoturismo na AmazÉnia –PROECOTUR.2.3 CONTEXTO DA CONSERVAÇÃO NO ESTADO DE MATO GROSSOO esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, com superfàcie <strong>de</strong> 903.357,91km 2 , 141 municàpios, agrupa<strong>do</strong>s em12 Regiåes <strong>de</strong> Planejamento (<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>/SEPLAN, 2006), conforme mostra a Figura 6. Umadas principais Çreas <strong>de</strong> influéncia sobre o PEC localiza-se no norte <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, na RegiÜo II:Norte-Alta Floresta.Figura 6 Regiões <strong>de</strong> planejamento <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>Apesar <strong>de</strong> iniciativas visan<strong>do</strong> a conservaÖÜo ambiental e florestal, como a Lei Complementarnì 233 <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 2005, que dispåe sobre a Polàtica Florestal <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong> e o Decreto ní 8.188, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2006, que regulamenta a GestÜo Florestal,o <strong>de</strong>smatamento no esta<strong>do</strong> jÇ atingiu uma Çrea <strong>de</strong> 201.807 kmò e o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> permanece17


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicocom as maiores taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento (corte raso) da Amazônia Legal, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com osda<strong>do</strong>s <strong>do</strong> INPE (2008), como mostra a Figura 7.Figura 7 Distribuição por esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s 8.147 km 2 <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>s na Amazônia Legal, em2007/2008Fonte: INPE, 2008Entre 2007 e 2008, o <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> também foi o esta<strong>do</strong> com mais áreas <strong>de</strong>gradadas e o quemais transformou estas em corte raso, como mostra a Tabela 1.Tabela 1 Áreas <strong>de</strong>gradadas (km 2 ) e convertidas para corte raso, em 2007 e 2008, poresta<strong>do</strong> da Amazônia Legal.Áreas Degradadas Km 2 Degradação <strong>de</strong> 2007Esta<strong>do</strong>convertida p/corte2007 2008raso 2008Acre 89 27 9Amazonas 180 65 9Amapá - - -Maranhão 1.814 3.978 152<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> 8.744 12.534 920Pará 3.466 7.708 612Rondônia 367 477 95Roraima 118 77 37Tocantins 137 66 11TOTAL 14.915 24.932 1.845Fonte: INPE, 2008Nos municípios da região <strong>do</strong> PNJu, no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, Apiacás, Cotriguaçú e NovaBan<strong>de</strong>irantes, também aumentou o <strong>de</strong>smatamento, entre 2006 e 2007 (Tabela 1.3).2.3.1 Zoneamento Sócio Econômico Ecológico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>A Constituição Estadual <strong>de</strong> 1988 <strong>de</strong>finiu a realização <strong>do</strong> Zoneamento Antrópico Ambiental(tecnicamente <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Zoneamento Sócio-Econômico-Ecológico), como competência <strong>do</strong><strong>Governo</strong> <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>.Em 1992, foi editada a Lei Estadual 5.993, que <strong>de</strong>fine a Política <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>namento Territorial eações para a sua consolidação, objetivan<strong>do</strong> o uso racional <strong>do</strong>s recursos naturais da área rural<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, constituin<strong>do</strong> a primeira aproximação <strong>do</strong> zoneamento,18


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicotecnicamente <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Bases GeogrÇficas para o Zoneamento SÅcio-EconÉmicoEcolÅgico (<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>/SEPLAN/CENEC, 1998),.Em 2004, foi encaminha<strong>do</strong> Ç AssemblÄia Legislativa a primeira versÜo <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Lei que“Institui a Polàtica <strong>de</strong> Planejamento e Or<strong>de</strong>namento Sustenta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>,estabelece os Planos <strong>de</strong> AÖÜo e GestÜo, e cria o Sistema Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> GestÜo ePlanejamento”, <strong>do</strong> qual o ZSEE era parte integrante.Em 2005, o referi<strong>do</strong> projeto foi retira<strong>do</strong> da AssemblÄia Legislativa e encaminha<strong>do</strong> ã EMBRAPASolos <strong>do</strong> Rio <strong>de</strong> Janeiro para uma anÇlise tÄcnico-conceitual, a qual foi apresentada em 2007,em seminÇrio com participaÖÜo <strong>de</strong> membros <strong>do</strong> ConsÅrcio ZEE Brasil (IBGE e CPRM,EMBRAPA Solos), SecretÇrios <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Meio Ambiente e Planejamento e Coor<strong>de</strong>naÖÜoGeral, Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r Nacional <strong>de</strong> Zoneamento <strong>do</strong> MMA e tÄcnicos da SEPLAN e SEMA.Neste foram propostas algumas a<strong>de</strong>quaÖåes, finalizadas em marÖo <strong>de</strong> 2008 e aprovadaspela ComissÜo Estadual <strong>de</strong> Zoneamento SocioeconÉmico EcolÅgico <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>,composta por 47 representantes <strong>de</strong> instituiÖåes governamentais e da socieda<strong>de</strong> civil.O novo Projeto <strong>de</strong> Lei foi encaminha<strong>do</strong> Ç AssemblÄia Legislativa em abril <strong>de</strong> 2008 (<strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong>/SEPLAN/CENEC, 2008). Des<strong>de</strong> entÜo, a ComissÜo Especial <strong>do</strong> ZoneamentoSocioeconÉmico EcolÅgico da AssemblÄia Legislativa vem discutin<strong>do</strong> o projeto em audiénciaspäblicas nas regiåes-pÅlos <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.O Projeto contempla a <strong>de</strong>finiÖÜo <strong>de</strong> Zonas e Subzonas <strong>de</strong> intervenÖÜo (Figura 8) agrupadasnas seguintes categorias e sub-categorias:Categoria 1. áreas com Estrutura Produtiva Consolidada ou a Consolidar;Categoria 2. áreas que Requerem Rea<strong>de</strong>quaÖÜo <strong>do</strong>s Sistemas <strong>de</strong> ManejoSubcategoria 2.1. áreas que Requerem Rea<strong>de</strong>quaÖÜo <strong>do</strong>s Sistemas <strong>de</strong> Manejopara RecuperaÖÜo Ambiental;Subcategoria 2.2. áreas que Requerem Rea<strong>de</strong>quaÖÜo <strong>do</strong>s Sistemas <strong>de</strong> Manejopara Reor<strong>de</strong>naÖÜo da Estrutura Produtiva;Subcategoria 2.3. áreas que Requerem Rea<strong>de</strong>quaÖÜo <strong>do</strong>s Sistemas <strong>de</strong> Manejopara ConservaÖÜo e/ou RecuperaÖÜo <strong>de</strong> Recursos Hàdricos.Categoria 3. áreas que Requerem Manejos Especàficos, a qual se divi<strong>de</strong> em:Subcategoria 3.1. áreas que Requerem Manejos Especàficos em Ambientes comEleva<strong>do</strong> Potencial Florestal;Subcategoria 3.2. áreas que Requerem Manejos Especàficos com Eleva<strong>do</strong> PotencialBiÅtico em Ambientes Pantaneiros;Subcategoria 3.3. áreas que Requerem Manejos Especàficos em Ambientes comElevada Fragilida<strong>de</strong>.Categoria 4. áreas ProtegidasSubcategoria 4.1. áreas Protegidas Criadas;Subcategoria 4.2. áreas Protegidas Propostas.19


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 8 - Zoneamento Sócio Econômico Ecológico proposto para o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>20


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.3.2 Áreas Protegidas no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>Atualmente, segun<strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>/SEPLAN (2008), o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> possui 23unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação fe<strong>de</strong>rais, sob administração <strong>do</strong> ICMBio, com cerca <strong>de</strong> 2.100.000 ha,sen<strong>do</strong> 7 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Proteção Integral (3 Estações Ecológicas, 4 Parques Nacionais) e 1 <strong>de</strong>Uso Sustentável (Área <strong>de</strong> Proteção Ambiental), além <strong>de</strong> 15 Reservas Particulares (RPPN). Ogoverno estadual criou e administra 43 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação, que somam quase 3 milhões<strong>de</strong> ha (2.934.070,21 ha), sen<strong>do</strong> 28 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Proteção Integral (2 Reservas Ecológicas, 5Estações Ecológicas, 19 Parques Estaduais, 2 Refúgios da Vida Silvestre) e 6 <strong>de</strong> UsoSustentável (6 Áreas <strong>de</strong> Proteção Ambiental e 1 Reserva Extrativista), além <strong>de</strong> 5 EstradasParque, 2 RPPN e uma DAE. Há também 45 unida<strong>de</strong>s municipais (17 parques, 2 monumentosnaturais, 1 reserva ecológica, 1 estação ecológica, 20 áreas <strong>de</strong> proteção ambiental, 3 hortosflorestais e 1 área ver<strong>de</strong> (Figura 9).No total, essas UCs representam quase 50 mil km², ou 5% <strong>do</strong> território estadual, protegen<strong>do</strong>diferentes ecossistemas, típicos <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, <strong>do</strong> Pantanal e da Floresta Amazônica. A maiorparte das unida<strong>de</strong>s são <strong>de</strong> categorias <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong> proteção integral.O esta<strong>do</strong> conta ainda com 75 Terras indígenas.Figura 9 - Áreas Protegidas no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>21


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoO Sistema Estadual <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaÖÜo – SEUC <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> foi legalmenteinstituà<strong>do</strong> em 1997, por meio <strong>do</strong> Decreto Estadual ní 1795/97. O SEUC <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, queregulamenta, estabelece objetivos e normas para a criaÖÜo, implantaÖÜo e gestÜo <strong>do</strong>s espaÖosterritoriais e seus componentes a serem especialmente protegi<strong>do</strong>s, foi um <strong>do</strong>s primeiros22


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicosistemas estaduais estabeleci<strong>do</strong>s no Brasil e tambÄm inclui Estrada Parque como categoria <strong>de</strong>manejo <strong>de</strong> uso sustentÇvel.AlÄm <strong>de</strong>ssas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservaÖÜo jÇ existentes, o DiagnÅstico SÅcio-EconÉmico-EcolÅgico (<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>/SEPLAN/CENEC, 1998), que embasou o projeto <strong>do</strong> ZSEE, relaciona15 Çreas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> relevância ecolÅgica, indicadas para a criaÖÜo/ampliaÖÜo <strong>de</strong> UCs,entre as quais, duas estariam localizadas na regiÜo <strong>do</strong> PEC, como mostra a Figura 10:1. Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ProteÖÜo Integral Rio Ma<strong>de</strong>irinha - Indicada para implantaÖÜo <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong><strong>de</strong> ConservaÖÜo <strong>de</strong> proteÖÜo integral, engloban<strong>do</strong> as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservaÖÜoestaduais E.E. <strong>do</strong> Rio Ma<strong>de</strong>irinha e Rio Roosevelt e a Reserva ExtrativistaGuariba/Roosevelt, para a preservaÖÜo da biodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> <strong>do</strong>mànio amazÉnico noEsta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Uso SustentÇvel – área <strong>de</strong> ProteÖÜo Ambiental Serra <strong>do</strong>s Caiabis - Indicada paradisciplinar o uso e garantir a manutenÖÜo das formaÖåes ripÇrias, florestais e <strong>de</strong> savana, eÇreas significativas <strong>de</strong> vida silvestre, que se encontram sob pressÜo antrÅpicaFigura 10 Novas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação propostas no diagnóstico para o ZSEE, <strong>MT</strong>2.3.3 ICMS EcológicoO Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> conta com o benefàcio <strong>do</strong> ICMS EcolÅgico para os municàpios queabrigam em seu territÅrio Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaÖÜo e Terras Indàgenas, no to<strong>do</strong> ou em parte.Este benefàcio foi estabeleci<strong>do</strong> pela Lei Complementar n.í 73, <strong>de</strong> 07 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000,modificada pela Lei Complementar Estadual ní 157 <strong>de</strong> 2004, regulamenta pelo DecretoEstadual ní 2758 <strong>de</strong> 2001 e normas afins.Para efeito <strong>do</strong>s cÇlculos, sÜo consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s procedimentos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m quantitativa e qualitativaem relaÖÜo as Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ConservaÖÜo e Terras Indàgenas. O possàvel incrementoqualitativo,origina<strong>do</strong> da variaÖÜo da qualida<strong>de</strong> da Çrea serÇ adiciona<strong>do</strong> no Fator <strong>de</strong>ConservaÖÜo (<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>/SEMA/CUCO, 2009).A Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Meio Ambiente – SEMA/<strong>MT</strong>, atravÄs da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong><strong>de</strong> ConservaÖÜo e <strong>de</strong> suas Unida<strong>de</strong>s Regionais Ä responsÇvel pelo cumprimento da lei.23


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.4 CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL DO PEC E SUA REGIÃOA regiÜo da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservaÖÜo, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com IBAMA (2002), compreen<strong>de</strong> osmunicàpios que formam a Çrea <strong>de</strong> influéncia da mesma.O Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – PEC estÇ localiza<strong>do</strong> nos municàpios <strong>de</strong> Alta Floresta (10%)e Novo Mun<strong>do</strong> (90%), no extremo norte <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, entre o Rio Teles Pires e a divisacom o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> ParÇ. Faz limite com os municàpios <strong>de</strong> Carlinda, <strong>MT</strong> e Novo Progresso, PA etambÄm possui vànculo com o municàpio <strong>de</strong> GuarantÜ <strong>do</strong> Norte (Figura 11). Estes municàpioscompreen<strong>de</strong>m a regiÜo da UC, analisada no presente <strong>do</strong>cumento.Figura 11 Região <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino2.4.1 Caracterização <strong>do</strong> Meio FísicoA <strong>de</strong>scriÖÜo das caracteràsticas fàsicas <strong>do</strong> Parque Estadual Cristalino e sua regiÜo incluemaspectos <strong>do</strong> clima, geologia, geomorfologia, pe<strong>do</strong>logia, e hidrografia, baseada nasistematizaÖÜo <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s secundÇrios e anÇlise <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s espaciais, conformerelatÅrio <strong>de</strong> Santos (2009), anexo <strong>de</strong>ste Plano <strong>de</strong> Manejo. To<strong>do</strong>s os temas foram trabalha<strong>do</strong>sem ambiente <strong>de</strong> Sistema <strong>de</strong> InformaÖÜo GeogrÇfica (SIG) para a padronizaÖÜo,sistematizaÖÜo, anÇlise e posterior espacializaÖÜo <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s.2.4.1.1 ClimaO clima Ä um fator fundamental na formaÖÜo fàsica e biÅtica <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada regiÜo, e aomesmo tempo, po<strong>de</strong> ser influencia<strong>do</strong> pela sua evoluÖÜo, especialmente pela variaÖÜo dacobertura vegetal.24


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoO esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, com sua gran<strong>de</strong> extensÜo territorial, estÇ situa<strong>do</strong> numa Çrea <strong>de</strong>transiÖÜo entre o Clima Equatorial Continental, caracteràstico das Çreas <strong>de</strong> Floresta AmazÉnicae Clima Tropical Continental, caracteràstico das Çreas <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong> (INMET, 1992; <strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong>/SEPLAN 2001a.). Sua localizaÖÜo continental, distante mais <strong>de</strong> 1.400 km <strong>do</strong> OceanoAtlântico, confere ao Esta<strong>do</strong> padråes climÇticos sazonais, com alternância entre estaÖÜo ämida(<strong>de</strong> novembro a abril) e estaÖÜo seca (<strong>de</strong> maio a setembro).Segun<strong>do</strong> classificaÖÜo climÇtica <strong>de</strong> Kçppen 1 (Figura 12), baseada no pressuposto <strong>de</strong> que avegetaÖÜo natural <strong>de</strong> cada gran<strong>de</strong> regiÜo da terra Ä essencialmente uma expressÜo <strong>do</strong> climaque nela prevalecente, a maior parte da AmazÉnia brasileira, incluin<strong>do</strong> a Çrea <strong>do</strong> ParqueEstadual Cristalino e entorno, no norte <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, fazem parte <strong>de</strong> um tipo climÇtico Am,on<strong>de</strong> “A” significa Tropical e “m” <strong>de</strong> monÖÜo (alternância entre estaÖåes <strong>de</strong> seca e chuva),apresentan<strong>do</strong> caracteràstica <strong>de</strong> clima ämi<strong>do</strong>, com um pequeno perào<strong>do</strong> <strong>de</strong> seca e chuvasinferiores a 60mm, no més mais seco.Figura 12 - Tipos climáticos no Brasil segun<strong>do</strong> Köppen (precipitação e temperatura)Fonte: http://orbita.starmedia.com/geoplanetbr/clima.gifSegun<strong>do</strong> o relatÅrio tÄcnico <strong>do</strong> clima, para o Zoneamento EconÉmico EcolÅgico <strong>de</strong> <strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong> (<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>/SEPLAN/CENEC, 1998), o TerritÅrio Portal da AmazÉnia, on<strong>de</strong> o PECse localiza, faz parte da unida<strong>de</strong> climÇtica representada por Clima Equatorial Continentalômi<strong>do</strong> com EstaÖÜo Seca. Um <strong>do</strong>s aspectos fundamentais <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> Ä a <strong>de</strong>finiÖÜo daestaÖÜo seca e a existéncia <strong>de</strong> um eleva<strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte hàdrico, superior a 1.000mm. Oexce<strong>de</strong>nte hàdrico representa a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Çgua precipitada que, por nÜo ser absorvidapelo solo, nÜo ser utilizada pelas plantas e nem evapotranspirada, escoa pela superfàcie <strong>do</strong>terreno e Ä imediatamente incorporada ã re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem.O relatÅrio cita<strong>do</strong> tambÄm mostra uma faixa relativamente extensa <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s climÇticas <strong>de</strong>transiÖÜo para o Clima Tropical Continental Alternadamente ômi<strong>do</strong> e Seco. Estas transiÖåes1 O botânico e climatologista W. Kçppen elaborou no inàcio <strong>do</strong> sÄculo XX, com base no mapa floràstico <strong>de</strong> A. <strong>de</strong> Can<strong>do</strong>lle (1874),uma das mais simples classificaÖåes climÇticas globais. Ela Ä <strong>de</strong> natureza empàrica, pois se fundamenta nos efeitos observÇveisque o clima exerce sobre a vegetaÖÜo, mas tambÄm se apÅia em àndices <strong>de</strong> temperatura e precipitaÖÜo (mÄdias anuais e mensaiscomo base quantitativa na <strong>de</strong>limitaÖÜo das varieda<strong>de</strong>s climÇticas, reunidas em 12 classes, as quais pertencem a cinco gruposmaiores, correspon<strong>de</strong>ntes ãs categorias floràsticas condicionadas pela temperatura e pela umida<strong>de</strong> atmosfÄrica (precipitaÖÜo)(Kçppen, 1948 in Hasenack, et al., 2003).25


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicosão marcadas ou por aumento na intensida<strong>de</strong> da seca ou diminuição <strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte hídrico,fican<strong>do</strong> este entre 800 a 1.000 mm.Dentro <strong>de</strong>ste conjunto <strong>de</strong> terras baixas, com pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong>s entre 200 a 300 metros,se <strong>de</strong>stacam na paisagem serras e maciços residuais on<strong>de</strong> o fator altitu<strong>de</strong> atenua oaquecimento em nível local. Assim sen<strong>do</strong>, foram <strong>de</strong>limitadas para o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>(mesmo sem da<strong>do</strong>s medi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> estações meteorológicas) subunida<strong>de</strong>s climáticas,correspon<strong>de</strong>ntes às áreas abrangidas pelas serras <strong>do</strong> Apiacás, Caiabis, Formosa-Cachimbo.Nestas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> clima local <strong>de</strong>ve ocorrer uma diminuição da evapotranspiração potencial e,conseqüentemente, aumento <strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte e diminuição da <strong>de</strong>ficiência hídrica.A baixa latitu<strong>de</strong> (8 a 9° LS) com altitu<strong>de</strong>s entre 100 a 300 metros <strong>de</strong>fine uma condiçãomegatérmica, on<strong>de</strong> as temperaturas médias anuais oscilam entre 25,7 a 24,7°C, e as máximasentre aproximadamente 32 a 33°C e as mínimas entre 19,5 a 21°C. Na realida<strong>de</strong>, as maioresdiferenças térmicas (amplitu<strong>de</strong>) estão associadas ao ciclo dia e noite e não ao ciclo estacional,ou seja, a amplitu<strong>de</strong> térmica diária <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong> varia entre 10 a 12°C, enquanto que aamplitu<strong>de</strong> anual fica entre 1 a 2°C. O total pluviométrico médio anual varia entre 2.000 e2.500mm. A estação seca ocorre <strong>de</strong> junho a setembro (4 meses) com uma intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 200a 250mm <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência hídrica. O exce<strong>de</strong>nte hídrico é eleva<strong>do</strong>, varian<strong>do</strong> entre 100 a1.200mm, ten<strong>do</strong> uma duração <strong>de</strong> 8 meses (outubro a abril).A serra <strong>do</strong>s Apiacás constitui-se em uma subunida<strong>de</strong>, com uma pequena atenuação térmica,mas suficiente para reduzir um pouco os déficits na estação seca e aumentar os excessos naestação chuvosa.Nessas Unida<strong>de</strong>s Climáticas Equatoriais Continentais Úmidas com Estação Seca, a formaçãodas chuvas está ligada aos processos convectivos <strong>de</strong> larga escala, mas regionalmenteencontram-se intimamente associadas às proprieda<strong>de</strong>s da superfície, ou seja, às áreasoriginalmente revestidas com diferentes fisionomias <strong>de</strong> Floresta Amazônica. A floresta exerceum papel especialmente importante na condução da água <strong>do</strong> oceano Atlântico até a cordilheira<strong>do</strong>s An<strong>de</strong>s, pois ela retém as águas das chuvas, evitan<strong>do</strong> que escoem diretamente pelos rios,e lentamente vai liberan<strong>do</strong> esta umida<strong>de</strong> nas rajadas constantes <strong>do</strong>s ventos alísios, tornan<strong>do</strong>ossatura<strong>do</strong>s <strong>de</strong> água e aptos à produção <strong>de</strong> nuvens e chuvas (Figura 13). Portanto, a retiradada floresta implica em alterações <strong>do</strong> clima continental, principalmente em termos <strong>de</strong>armazenamento e disponibilida<strong>de</strong> hídrica em toda a região Centro Oeste, e Sul <strong>do</strong> Brasil, bemcomo Paraguai, Bolívia e Argentina. Cerca <strong>de</strong> 60% das chuvas <strong>de</strong> verão que ocorrem naregião sul e su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil são originadas na Amazônia.Figura 13. Transporte da umida<strong>de</strong> ao longo da América <strong>do</strong> SulFiguraFonte: Hijmans et alii, 2005Além disso, as pastagens ou formações abertas aumentam a velocida<strong>de</strong> <strong>do</strong> escoamento daságuas superficiais e o seu impacto erosivo (Tarifa, 1994 apud SEPLAN, 1998), e diminuem o26


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicotempo <strong>de</strong> permanência da água nos vários compartimentos na interface solo-planta-atmosfera.Deste balanço <strong>de</strong>ve resultar um progressivo ressecamento <strong>do</strong>s recursos hídricos superficiais,diminuin<strong>do</strong> o armazenamento e os exce<strong>de</strong>ntes e aumentan<strong>do</strong> e prolongan<strong>do</strong> a duração daseca.As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Clima Equatorial Continental Úmi<strong>do</strong> com estação seca <strong>de</strong>finida, eleva<strong>do</strong>exce<strong>de</strong>nte hídrico, associa<strong>do</strong> a temperaturas elevadas quase o ano to<strong>do</strong> condiciona a maiorpotencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>do</strong> solo à exploração e uso sustenta<strong>do</strong> da floresta.2.4.1.2 GeologiaNo PEC ocorrem cinco diferentes unida<strong>de</strong>s geológicas, compostas por distintos tipos <strong>de</strong>rochas (Brasil/DN<strong>PM</strong> 1980; <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>/SEPLAN 2001b; CPRM, 2003). O principal écomposto por rochas Sedimentares, segui<strong>do</strong> das rochas Plutônicas e SedimentosInconsolida<strong>do</strong>s. Na Tabela 2 são apresenta<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s quantitativos <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> rochas queocorrem nas diferentes unida<strong>de</strong>s geológicas da UC.Tabela 2 - Tipos <strong>de</strong> rochas que ocorrem no Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoTipo <strong>de</strong> Rocha área (hÉ) %Clástica 3.881 2%Clástica, Plutônica, Vulcanoclástica, Vulcânica 10.990 5%ClÉstica, Vulcànica 160.960 80%Plutônica 24.157 12%Sedimentos inconsolida<strong>do</strong>s 179 0%Total 200.164 100%Fonte: Base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s CPRM – Companhia <strong>de</strong> Pesquisas <strong>de</strong> Recursos MineraisAs rochas Sedimentares ClÉsticas são bastante representativas no território da UC,correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a mais <strong>de</strong> 80% da área total. São rochas sedimentares constituídas porfragmentos <strong>de</strong>sagrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> rochas, minerais preexistentes e <strong>de</strong> produtos secundários <strong>de</strong><strong>de</strong>composição química que, transporta<strong>do</strong>s para outras regiões, são <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s em estratosou camadas horizontais. Tais camadas po<strong>de</strong>m sofrer intervenção <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores,perturban<strong>do</strong> a sua estrutura horizontal. Os espaços que separam uma camada sedimentar daoutra, conheci<strong>do</strong>s como juntas <strong>de</strong> estratificação, têm importância <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista morfológicopor causa da erosão diferencial, isto é, <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong>sigual da erosão quan<strong>do</strong> numa camadamais tenra ou numa mais resistente (Figura 14).Figura - 14 - Exemplo da estratificaÖÜo das rochas sedimentaresFonte: Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra27


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoOs representantes mais comuns das rochas sedimentares clásticas são os conglomera<strong>do</strong>s, osarenitos, os siltes e as argilas.Os Sedimentos inconsolida<strong>do</strong>s são forma<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> sedimentação queatua sobre as rochas através <strong>do</strong> intemperismo físico e químico, fazen<strong>do</strong> com que a rochaesteja sen<strong>do</strong> sempre alterada por um conjunto <strong>de</strong> fatores que ocasionam a <strong>de</strong>sintegração e asua <strong>de</strong>composição. Os chama<strong>do</strong>s sedimentos inconsolida<strong>do</strong>s são aqueles que não passarampor um processo <strong>de</strong> compactação e cimentação para a formação da rocha sedimentar e porisso estão entre os mais instáveis aos processos <strong>de</strong> intemperismo, com alta vulnerabilida<strong>de</strong>,pois se localizam ao longo <strong>do</strong>s leitos <strong>do</strong>s rios, áreas on<strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materialé transporta<strong>do</strong> pela água, principalmente a areia durante os perío<strong>do</strong>s on<strong>de</strong> o fluxo <strong>de</strong> água noscanais <strong>de</strong> drenagem é intenso.As rochas Magmáticas Plutônicas são aquelas rochas abissais, o que significa que foramformadas em regiões profundas da crosta terrestre. São rochas que tiveram um resfriamentolento por estarem em gran<strong>de</strong>s profundida<strong>de</strong>s, condições que permitem o crescimento <strong>do</strong>scristais que po<strong>de</strong>m chegar a centímetros <strong>de</strong> tamanho. A textura <strong>de</strong>ssas rochas é caracterizadapor apresentar os cristais bem forma<strong>do</strong>s e possuírem minerais que po<strong>de</strong>m ser individualiza<strong>do</strong>se reconheci<strong>do</strong>s a olho nu. Fazem parte <strong>de</strong>sta família os granitos e gabros (Figura 15).Figura 15. - Exemplos <strong>de</strong> rochas magmáticas plutônicas: granito e graboFonte: Infoescola e WikipédiaA Figura 16 mostra a distribuição <strong>do</strong>s diversos tipos <strong>de</strong> rochas que ocorrem no interior <strong>do</strong> PECe sua região.28


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 16 - Distribuição <strong>do</strong>s tipos <strong>de</strong> rochas <strong>do</strong> PEC e região29


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.4.1.3 GeomorfologiaPor resultar da combinação <strong>de</strong> diferentes componentes da natureza, o relevo é um importanterecurso para a <strong>de</strong>limitação das paisagens, ao mesmo tempo em que quase sempre condicionaa forma <strong>de</strong> uso e ocupação <strong>do</strong> solo (Casseti, 2008).O Parque Estadual Cristalino possui formas <strong>de</strong> relevo que variam <strong>de</strong> suavemente ondula<strong>do</strong> amontanhoso, engloban<strong>do</strong> áreas com relevo plano, ondula<strong>do</strong> e fortemente ondula<strong>do</strong> (<strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong>/SEPLAN 1999a), como mostra a Figura 17. Apesar <strong>de</strong>ssa varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas <strong>de</strong>relevo, a paisagem <strong>do</strong> parque apresenta-se bastante homogenia, sen<strong>do</strong> representadamajoritariamente por relevos planos, representan<strong>do</strong> 65% da área total, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> relevosmontanhosos, representan<strong>do</strong> 14%. As áreas com relevo ondula<strong>do</strong> representam 9% varian<strong>do</strong>para fortemente ondula<strong>do</strong> 7%, e suavemente ondula<strong>do</strong> com apenas 5% (Tabela 3).Tabela 3 – Tipos <strong>de</strong> relevoFormas <strong>de</strong> Relevo área (km 2 ) %Montanhoso 27,36 14%Fortemente Ondula<strong>do</strong> 13,62 7%Ondula<strong>do</strong> 17,64 9%Suavemente Ondula<strong>do</strong> 12,39 5%Plano 129,31 65%Total 200,32 100%Fonte: Base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto RADAMBRASIL atualizada pelo SIPAM. AnÉlise: ICV30


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 17 - Geomorfologia <strong>do</strong> PEC e região31


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.4.1.4 Pe<strong>do</strong>logiaO solo Ä o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> intemperismo das rochas, conjunto <strong>de</strong> fenÉmenos fàsicos e quàmicosque levam ã <strong>de</strong>gradaÖÜo e enfraquecimento das mesmas. Mas o solo Ä tambÄm a superfàcieinconsolidada que recobre as rochas. O conhecimento das proprieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s solos Äimportante na compreensÜo da importância <strong>de</strong>sse recurso natural como base fundamental <strong>de</strong>sustentaÖÜo da vida no planeta. Proprieda<strong>de</strong>s como grau <strong>de</strong> erodibilida<strong>de</strong>, espessura,profundida<strong>de</strong> e textura sÜo fatores que po<strong>de</strong>m ser indutores ou restritivos ao uso.A composiÖÜo mineral <strong>do</strong> solo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> rocha e das condiÖåes ambientais (umamesma rocha po<strong>de</strong> dar origem a tipos <strong>de</strong> solos diferentes, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> outros fatores,principalmente o clima).No Parque <strong>do</strong> Cristalino, ocorrem cinco diferentes tipos <strong>de</strong> solos (EMBRAPA, 1999), comomostra a Figura 18. PorÄm, apenas trés <strong>de</strong>sses tipos ocorrem em 87% da Çrea total (Tabela4). SÜo eles: as Areias Quartzosas (45%), os Argissolos Vermelho Amarelo (28%) e osAfloramentos Rochosos (14%).Tabela 4 – Principais tipos <strong>de</strong> solo encontra<strong>do</strong>s no Parque Estadual CristalinoTipos <strong>de</strong> Solo área (km 2 ) %Afloramentos Rochosos 27,31 14%Areias Quartzosas 90,18 45%HidromÅrfico Gleysa<strong>do</strong> 8,18 4%Neossolo LitÅlico 17,84 9%Argilossolo Vermelho Amarelo 56,81 28%Total 200,32 100%Fonte: Base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto RADAM BRASIL atualizada pelo SIPAM, revisada e editada para correspon<strong>de</strong>r ânomenclatura atual das classes <strong>de</strong> solos, seguin<strong>do</strong> o Sistema Brasileiro <strong>de</strong> ClassificaÖÜo <strong>de</strong> solos (EMBRAPA, 1999) -AnÉlise ICVNa UC as Areias Quartzosas ou Neossolos QuatzarÑnicos representam 45% da Çrea total.Forma<strong>do</strong>s sobre <strong>de</strong>pÅsitos arenosos, apresentam baixa fertilida<strong>de</strong> natural e consi<strong>de</strong>rÇvel teor<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>z, retém pouca umida<strong>de</strong> e sÜo bastante lavadas pelas chuvas.Os Argissolos Vermelho Amarelo, representan<strong>do</strong> 28% da Çrea total, sÜo consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s“intermediÇrios”, com a textura entre os horizontes A e B dificultan<strong>do</strong> a infiltraÖÜo da Çgua efavorecen<strong>do</strong> os processos <strong>de</strong> perda <strong>de</strong> solo. Sua caracteràstica principal Ä ter um horizonte Btextural. Esse horizonte Ä obrigatoriamente mais argiloso que os horizontes acima e abaixo<strong>de</strong>le. Tipicamente, possuem seqëéncia <strong>de</strong> horizontes A-Bt-C, on<strong>de</strong> Bt representa o horizonte Btextural.Os Argissolos Vermelho-Amarelos constituem, a par <strong>do</strong>s Latossolos Vermelho-Amarelos, aclasse <strong>de</strong> solos mais comum <strong>do</strong> Brasil, o que lhe confere especial importância. Sua gran<strong>de</strong>diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atributos - profundida<strong>de</strong>, textura, eutrofismo, distrofismo, saturaÖÜo por bases,saturaÖÜo por alumànio, ativida<strong>de</strong> da argila, cascalhos, calhaus, pedras e matacåes, plintita,alÄm da ocorréncia nos mais varia<strong>do</strong>s relevos - torna difàcil generalizar as qualida<strong>de</strong>s daclasse.SÄrias limitaÖåes causadas pela maior suscetibilida<strong>de</strong> ã erosÜo sÜo prevalentes no caso <strong>do</strong>sArgissolos Vermelho-Amarelos abruptos. Essas limitaÖåes sÜo tanto mais sÄrias quanto maiora <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s terrenos. Essas sÜo acrescidas da toxicida<strong>de</strong> pelo alumànio nos solos que,alÄm <strong>de</strong> abruptos, sÜo alumànicos (<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>/SEPLAN 2001c ).32


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 18 - Classes <strong>de</strong> solos ocorrentes no PEC e região33


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoForam coletadas amostras <strong>de</strong> solo para análise, durante os estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> campo paracaracterização da vegetação. A Figura 19 mostra a localização <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> coleta, as Fotos 1mostram aspéctos visuais <strong>do</strong>s solos coleta<strong>do</strong>s e os resulta<strong>do</strong>s das análises constam na Tabela 5.As amostra <strong>de</strong> solo foram coletadas a aproximadamente 20 cm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong>, após remoçãoda serrapilheira e da camada superior <strong>do</strong> solo.Figura 19 - Localização <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> solos no interior <strong>do</strong> PECFotos 1 - Aspectos <strong>do</strong>s diversos tipos <strong>de</strong> solos amostra<strong>do</strong>s no interior <strong>do</strong> PECFloresta Ombrófila DensaSolo P29. Solo P40 Solo P15.Floresta Ombrófila AbertaSolo P14. Solo P16. Solo P50.Campinarana FlorstadaSolo P3. Solo P1. Solo P42.34


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoTabela 5 - Resulta<strong>do</strong>s da análise <strong>do</strong>s solos amostra<strong>do</strong>s no interior <strong>do</strong> PECPontoVegetaçãopH(CaCl2)Matériaorgânica(g/Kg)NitrogênioCalcula<strong>do</strong> (g/Kg)Ca +Mg(Cmolc/dm 3 )Ca(Cmolc/dm 3 )Mg(Cmolc/dm3 )Al +H(Cmolc/dm3 )Al(Cmolc/dm 3 )H(Cmolc/dm3)P(mg/dm3 )K(mg/dm3)P1P3P42P15Campinarana/camporupestre transiçãoCampinaranaflorestadaCampinaranaflorestadaCampinaranagramíneo-lenhosoP14 Floresta ombrófilaabertaP50 Floresta ombrófilaabertaP28 Floresta ombrófila<strong>de</strong>nsaP29 Floresta ombrófila<strong>de</strong>nsaP38 Floresta ombrófila<strong>de</strong>nsaP40 Floresta ombrófila<strong>de</strong>nsaP4 Floresta semi<strong>de</strong>cidualP48 Floresta semi<strong>de</strong>cidualP21 Floresta semi<strong>de</strong>cidual3.10 13.06 0.65 0.85 0.70 0.15 12.87 1.70 11.17 0.38 52.83.20 26.64 1.33 6.00 4.30 1.70 17.00 1.70 15.30 0.66 166.33.50 16.72 0.84 0.70 0.40 0.30 17.49 2.75 14.74 0.22 43.24.76 9.72 0.49 0.60 0.40 0.20 9.08 1.55 7.53 0.15 116.74.95 9.40 0.47 6.00 3.85 2.15 7.59 0.30 7.29 0.30 135.95.83 18.39 0.92 0.80 0.50 0.30 4.13 0.30 3.83 0.26 135.93.80 10.24 0.51 0.50 0.30 0.20 10.97 2.75 8.22 0.22 142.34.04 6.69 0.33 0.30 0.20 0.10 7.84 0.90 6.94 0.11 97.53.75 6.79 0.34 0.60 0.40 0.20 8.75 1.20 7.55 0.13 65.63.81 7.94 0.40 2.00 1.20 0.80 9.74 2.60 7.14 0.28 158.33.82 8.46 0.42 0.30 0.20 0.10 9.39 1.10 8.29 0.18 119.93.61 4.07 0.20 0.70 0.40 0.30 7.59 1.55 6.04 0.18 43.23.45 12.95 0.65 0.25 0.20 0.05 9.90 1.35 8.55 0.28 60.835


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.4.1.5 HidrografiaA Çgua Ä um agente fundamental para a manutenÖÜo da vida. AlÄm <strong>de</strong> dar suporte ã fauna eflora, tambÄm estÇ associada a diversos tipos <strong>de</strong> usos, como a geraÖÜo <strong>de</strong> energia, aagricultura, a aqëicultura, a navegaÖÜo, o lazer, entre outros.Devi<strong>do</strong> ã dinâmica das bacias hidrogrÇficas, os efeitos negativos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s polui<strong>do</strong>ras nosrecursos hàdricos, tais como o <strong>de</strong>smatamento, que o assoreamento <strong>do</strong>s rios, e a irrigaÖÜo, quealtera a dinâmica hàdrica, o<strong>de</strong>m se manifestar a quilÉmetros <strong>de</strong> distância.A bacia hidrogrÇfica, formada por um conjunto <strong>de</strong> terras drenadas por um rio principal e to<strong>do</strong>sos seus afluentes, Ä uma Åtima unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e planejamento. Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> tamanhoda regiÜo estudada po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s os conceitos <strong>de</strong> microbacia e sub-bacia. Microbacia Äa menor unida<strong>de</strong> da paisagem drenada por cursos d’Çgua, convergi<strong>do</strong>s para um leito principale a sub-bacia Ä uma unida<strong>de</strong> que contÄm diversas microbacias. As sub-bacias por sua vezestÜo contidas numa unida<strong>de</strong> maior – a bacia – que contÄm um canal principal para on<strong>de</strong>convergem todas as Çguas <strong>de</strong> um sistema hàdrico (<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> 1999b).O Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino possui 97% <strong>do</strong> seu territÅrio dividi<strong>do</strong> entre as sub-bacias <strong>do</strong>rio Cristalino (42%), <strong>do</strong> rio Roche<strong>do</strong> (40%), e <strong>do</strong> rio Nhandu (15%), como mostra a Tabela 6. AFigura 20 mostra a localizaÖÜo das bacias hidrogrÇficas que ocorrem no PEC e sua regiÜo.Tabela 6 – Bacias hidrogrÉficas <strong>do</strong> PECBacia HidrogrÉfica área (km 2 ) %BH ? 5,13 3%BH Cristalino 84,43 42%BH Roche<strong>do</strong> 80,47 40%BH Nhandu 30,31 15%Total 200,32 100%36


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 20 - Bacias hidrográficas <strong>do</strong> PEC e sua região37


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.4.2 Caracterização <strong>do</strong> Meio Biótico2.4.2.1 VegetaçãoA vegetaÖÜo <strong>do</strong> PEC e sua regiÜo <strong>de</strong> entorno foi <strong>de</strong>scrita com base nos resulta<strong>do</strong>s daspesquisas realizadas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino (PFC), entre 2006 e 2009, numaparceria entre a FEC e o Royal Botanic Gar<strong>de</strong>ns Kew, com o apoio da Universida<strong>de</strong> Estadual<strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> (UNEMAT), Fauna & Flora International (FFI) e Rio Tinto. O relatÅrio integral,com o <strong>de</strong>talhamento <strong>do</strong> mÄto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> (Sasaki et alii, 2009) consta no anexo <strong>de</strong>ste Plano <strong>de</strong>Manejo.O diagnÅstico da vegetaÖÜo e o mapeamento <strong>de</strong> suas fisionomias foram feitos pelo mÄto<strong>do</strong> <strong>de</strong>“verda<strong>de</strong> terrestre” (ground-truthing). Foram consultadas imagens <strong>de</strong> satÄlite para umai<strong>de</strong>ntificaÖÜo preliminar <strong>do</strong>s diferentes tipos <strong>de</strong> vegetaÖÜo e seleÖÜo <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong>amostragem. A localizaÖÜo <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> amostra constam na Figura 19 (àtem 2.4.1.4Pe<strong>do</strong>logia) e as Çreas visitadas constam na Figura 21.Figura 21 - Áreas visitadas no PEC para a realização <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong> florísticos e pontosdiscuti<strong>do</strong>s no textoEm cada ponto seleciona<strong>do</strong>, visita<strong>do</strong> e georreferencia<strong>do</strong>, foram feitas fotos e <strong>de</strong>scriÖÜo dafisionomia e da composiÖÜo floràstica, coleta <strong>de</strong> amostras botânicas para a elaboraÖÜo <strong>de</strong> umalista <strong>de</strong> espÄcies e, em algumas localida<strong>de</strong>s, indicadas na Tabela 7, foram realizadas anÇlisesquantitativas <strong>do</strong> componente arbÅreo (transectos) ou da vegetaÖÜo em geral (parcelas), eamostragem <strong>de</strong> solo.Tabela 7 - Tipos <strong>de</strong> vegetação e coor<strong>de</strong>nadas geográficas <strong>do</strong>s locais das análisesquantitativas <strong>do</strong> componente arbóreo no PECNo.TransectoTipo <strong>de</strong> vegetaÖÜoCoor<strong>de</strong>nadas geográficas1 Campinarana Florestada 9ì34'56.2''S, 55ì12'07.3''W2 Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana 9ì35'33.6''S, 55ì15'20.3''W3 Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana 9ì35'33.8''S, 55ì15'18.9''W4 Campo rupestre da AmazÉnia 9ì40'04.9'' S, 55ì13'46.0''W5 Campinarana florestada/campo rupestre 9ì29'40.1''S, 55ì09'01.2''W6 Campinarana florestada/campo rupestre 9ì29'41.61”S, 55ì09'03"W7 Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana 9ì38'53.4''S, 55ì29'31.8''W8 Floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual submontana 9ì39'21.4"S, 55ì23'49.1"W38


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico9 Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana 9ì27'25.2''S, 55ì49'26.9''W10 Campinarana Florestada 9ì29'53.1''S, 55ì48'02.0''W11 Floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual submontana 9ì30'28.5"S, 55ì31'07.2"W12 Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana 9ì30'00.1"S, 55ì48'3"W13 Campinarana Florestada 9ì35'6.42"S, 55ì13'8.35"W14 Floresta estacional semi<strong>de</strong>cidual submontana 9ì34'32.82"S, 55ì11'21.43"W15 Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana 9ì38'45.92"S, 55ì28'58.8"W16 Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana 9ì31'25.05"S, 55ì47'29.94"W17 Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana 9ì28'13.37"S, 55ì53'34.42"WO principal estu<strong>do</strong> anterior sobre a biodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> PEC foi realiza<strong>do</strong> pela empresa TangarÇpara a elaboraÖÜo da versÜo preliminar <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo (Campelo et alii, 2002). Nesseestu<strong>do</strong> foram i<strong>de</strong>ntificadas somente 67 espÄcies e seis comunida<strong>de</strong>s naturais distintas (floresta<strong>de</strong> terra firme, floresta estacional, floresta inundÇvel, varjåes, afloramentos rochosos e rioCristalino). As espÄcies vegetais que foram i<strong>de</strong>ntificadas sÜo as mais comuns nessascomunida<strong>de</strong>s, a maioria arbÅrea. E as comunida<strong>de</strong>s com maiores àndices <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismorelativos foram as florestas inundÇveis, os afloramentos rochosos e as florestas <strong>de</strong> terra firme;entretanto, essas informaÖåes sÜo baseadas mais em da<strong>do</strong>s faunàsticos <strong>do</strong> que floràsticos.Esse estu<strong>do</strong> nÜo confirma a pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> uma vegetaÖÜo <strong>de</strong> transiÖÜo entre FlorestaEstacional e Savana, como aponta<strong>do</strong> pelo <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>/SEPLAN (2002), e sim <strong>de</strong> FlorestaOmbrÅfila (<strong>de</strong> terra firme), uma vegetaÖÜo florestal mais alta, ämida e <strong>de</strong> elevada diversida<strong>de</strong>.A existéncia das comunida<strong>de</strong>s naturais “varjåes” e “campos rupestres” nÜo foram registradas.- Principais tipos <strong>de</strong> vegetação <strong>do</strong> PEC e regiãoOs resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s ressaltam a alta diversida<strong>de</strong> das plantas vasculares da regiÜo, com1280 espÄcies i<strong>de</strong>ntificadas, das quais 6 sÜo novas para a ciéncia, 4 sÜo registros novos parao Brasil e 40 registros novos para o esta<strong>do</strong>.O Parque Estadual Cristalino estÇ situa<strong>do</strong> na interface entre a AmazÉnia e os Cerra<strong>do</strong>s e, emtermos <strong>de</strong> fisionomia, a vegetaÖÜo apresenta caracteràsticas comuns a ambos os biomas. Emtermos floràsticos, por outro la<strong>do</strong>, a vegetaÖÜo estudada no Parque Ä quase exclusivamenteamazÉnica 2 . O Parque inclui florestas altas, <strong>de</strong>nsas, varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> perenifÅlias a completamente<strong>de</strong>càduas, floresta periodicamente inundada, floresta aberta com cipÅ, vÇrios tipos <strong>de</strong>campina/campinarana, vegetaÖÜo associada a afloramentos rochosos, tanto arenàticos comogranàticos (‘campos rupestres’ da AmazÉnia), vegetaÖÜo ribeirinha e lacustre e diversasassociaÖåes <strong>de</strong> plantas em condiÖåes ecolÅgicas especàficas e localizadas.Entre os distintos tipos <strong>de</strong> vegetaÖÜo, mapeadas na Figura 22, um <strong>do</strong>s mais importantes Ä aFloresta OmbrÅfila Densa, geralmente associada a solos argilosos, sen<strong>do</strong> que as maioresÇreas cobertas por esse tipo <strong>de</strong> vegetaÖÜo encontram-se situadas ao sul e oeste <strong>do</strong> Parque.Em termos <strong>de</strong> estrutura, trata-se <strong>de</strong> floresta amazÉnica bastante tàpica, mas diferin<strong>do</strong> emcomposiÖÜo daquelas encontradas na regiÜo central da AmazÉnia, pois no Parque foramencontradas proporÖåes maiores das famàlias Burseraceae e Moraceae, enquanto que asLeguminosae, Chrysobalanaceae e Lecythidaceae, caracteràsticas <strong>do</strong> centro da AmazÉnia,estavam presentes em menor nämero. A castanheira (Bertholletia excelsa) Ä comum neste tipo<strong>de</strong> floresta, como po<strong>de</strong> ser visto nas Çreas on<strong>de</strong> a floresta foi <strong>de</strong>rrubada <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> ascastanheiras em pÄ. A estatura da Floresta OmbrÅfila Densa Ä variÇvel e parece ser2 Por exemplo, pouquàssima das 116 espÄcies lenhosas mais comuns <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong> citadas por RATTER et al. (2006) foramregistradas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Parque. Isso correspon<strong>de</strong> com as observaÖåes feitas por ACKERLY et al. (1989) numa avaliaÖÜo dasassociaÖåes floràsticas da vegetaÖÜo <strong>do</strong> norte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.39


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoparcialmente influenciada pela topografia, sen<strong>do</strong> que as Çreas <strong>de</strong> floresta mais baixa e com<strong>do</strong>ssel mais contànuo (ou seja, com menor nämero <strong>de</strong> espÄcies emergentes) Ä encontrada naregiÜo oeste <strong>do</strong> Parque e frequentemente estÇ associada com a face norte <strong>do</strong>s afloramentos<strong>de</strong> granito que ocorrem nessa regiÜo.Gran<strong>de</strong>s Çreas com Floresta Semi<strong>de</strong>cidual alta ocorrem no centro e leste <strong>do</strong> parque,geralmente coincidin<strong>do</strong> com solos brancos, arenosos (essas Çreas sÜo geralmentecoinci<strong>de</strong>ntes com aquelas mapeadas como Cerra<strong>do</strong> pelo RADAM). Esta vegetaÖÜo representauma transiÖÜo entre a Floresta OmbrÅfila Densa e as Caatingas, em solo <strong>de</strong> areia branca,diferin<strong>do</strong> das ältimas pela proporÖÜo maior <strong>de</strong> espÄcies <strong>de</strong>càduas, mas coincidin<strong>do</strong> com asmesmas em vÇrios aspectos floràsticos e estruturais. A distribuiÖÜo <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> floresta Äquase certamente influenciada pelo tipo <strong>de</strong> solo, sen<strong>do</strong> que solos mais arenosos geralmentesubmetem Çrvores a um maior estresse hàdrico durante a estaÖÜo seca.Nas Çreas <strong>de</strong> Floresta Semi<strong>de</strong>cidual alta Ä comum encontrar manchas <strong>de</strong> Campinaranaforman<strong>do</strong> um mosaico complexo. As campinaranas sÜo variÇveis em termos <strong>de</strong> composiÖÜo eestatura e a sua distribuiÖÜo estÇ tambÄm relacionada ao tipo <strong>de</strong> solo (areia quartzosa branca,pobre em nutrientes) associada ã hidrologia. Campinaranas ocorrem em <strong>de</strong>pressåes poucodrenadas no curso <strong>do</strong>s rios Cristalino e Teles Pires (provavelmente representan<strong>do</strong> relictos <strong>do</strong>antigo leito <strong>do</strong>s rios) e em Çreas <strong>de</strong> solo arenoso raso, localizadas sobre rocha arenàtica noleste e centro <strong>do</strong> Parque. Estu<strong>do</strong>s sobre um tipo semelhante <strong>de</strong> vegetaÖÜo no norte daAmazÉnia foram apresenta<strong>do</strong>s por Pires-O’brien (1992).As formaÖåes baixas sobre areia branca estÜo expostas a nàveis variÇveis <strong>de</strong> saturaÖÜo oualagamento durante a estaÖÜo chuvosa, seguida <strong>de</strong> estresse hàdrico durante a estaÖÜo seca, evariam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> floresta baixa <strong>de</strong>nsa (Campinarana Florestada/Arborizada) atÄ formaÖåesabertas <strong>de</strong> aparéncia semelhante a formaÖåes savânicas (Campinarana Gramàneo-lenhosa).Estas ältimas apresentam ecÅtonos com os ‘Campos Rupestres’ (ver abaixo) em Çreas <strong>de</strong>arenito exposto. Gran<strong>de</strong>s Çreas <strong>de</strong>ssa vegetaÖÜo ocorrem ao norte e noroeste <strong>do</strong> Parque,esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se atÄ a Serra <strong>do</strong> Cachimbo. Apesar <strong>de</strong> sua semelhanÖa superficial comCerradÜo/Cerra<strong>do</strong>, estas formaÖåes tém mais afinida<strong>de</strong> com as Caatingas da AmazÉnia,<strong>de</strong>scritas por An<strong>de</strong>rson (1981).Nas encostas <strong>de</strong>nudadas e no topo <strong>do</strong>s afloramentos arenàticos que formam a serra <strong>do</strong>Roche<strong>do</strong>, a serra <strong>do</strong> Mateiro e em algumas outras localida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Parque, ocorre um tipopeculiar <strong>de</strong> vegetaÖÜo, <strong>de</strong>scrito por vÇrios autores como ‘Campo Rupestre da AmazÉnia” (Pires& Prance, 1985). Esta formaÖÜo baixa e aberta possui caracteràsticas afins ãs <strong>de</strong> uma Savana,incluin<strong>do</strong> algumas espÄcies lenhosas, mas nÜo apresentam um estrato herbÇceo graminosocontànuo, sen<strong>do</strong> que os arbustos e Çrvores ocorrem sobre, ou em fendas <strong>de</strong> rocha, com restritaformaÖÜo <strong>de</strong> solo. Em algumas localida<strong>de</strong>s, esta vegetaÖÜo forma um ecÅtono comCampinarana (compartilhan<strong>do</strong> com estas vÇrias espÄcies arbÅreas), sen<strong>do</strong> que aCampinarana estabelece-se on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>pÅsitos arenosos foram acumula<strong>do</strong>s sobre Çreas <strong>de</strong>rocha menos fragmentada. Este tipo <strong>de</strong> ‘Campo Rupestre’ nÜo <strong>de</strong>ve ser confundi<strong>do</strong> comaquele encontra<strong>do</strong> nas Çreas <strong>de</strong> altitu<strong>de</strong> (1.000 m s.n.m. ou mais) no leste e centro <strong>do</strong> Brasil(ex. Ca<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> EspinhaÖo), nem com Çreas <strong>de</strong> Cerra<strong>do</strong>, com o qual se assemelhafisionomicamente, mas nÜo em termos <strong>de</strong> composiÖÜo floràstica (Lleras & Kirkbri<strong>de</strong>, 1978).No su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Parque, um tipo semelhante <strong>de</strong> vegetaÖÜo ocorre sobre pequenas manchas<strong>de</strong> rocha exposta, sobre os afloramentos <strong>de</strong> granito espalha<strong>do</strong>s pela regiÜo, mas estesapresentam uma alta pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> orquà<strong>de</strong>as e bromÄlias rupàcolas. On<strong>de</strong> os solos seacumulam, no topo <strong>do</strong>s afloramentos, o ‘Campo Rupestre’ dÇ lugar a uma Floresta Decidual <strong>de</strong>porte mÄdio, <strong>do</strong>tada <strong>de</strong> aspecto caracteràstico durante a estaÖÜo seca. Na base das encostas<strong>de</strong>sses afloramentos, essa vegetaÖÜo passa por uma transiÖÜo para Floresta Semi<strong>de</strong>cidual efinalmente para Floresta OmbrÅfila Densa que cobre gran<strong>de</strong> parte das Çreas mais baixas <strong>do</strong>Parque.Existem Çreas significativas <strong>de</strong> Floresta OmbrÅfila Aberta (matas-<strong>de</strong>-cipÅ), <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Parque,principalmente ao longo <strong>de</strong> seus limites norte e su<strong>de</strong>ste. Tal vegetaÖÜo ocorre tanto sobre soloarenoso como argiloso, forman<strong>do</strong> um mosaico com a Floresta OmbrÅfila Densa. Essas matas-40


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico<strong>de</strong>-cipó compartilham características estruturais e florísticas encontradas em vegetaçãosecundária, mas fica evi<strong>de</strong>nte, no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> satélite, que as áreas <strong>de</strong> mata-<strong>de</strong>cipó<strong>de</strong>tectadas no Parque estavam presentes antes da colonização iniciada no início <strong>do</strong>sanos <strong>de</strong> 1980. É possível que essas áreas estejam relacionadas com impactos prévios,atribuí<strong>do</strong>s às comunida<strong>de</strong>s indígenas, como foi sugeri<strong>do</strong> para outras áreas da Amazônia(Balée & Campbell, 1990). Pires & Prance (1985) <strong>de</strong>screvem a ocorrência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> vegetação ao longo da Transamazônica, entre Marabá e o Xingu, com o limitesul esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se até a fronteira com o Cerra<strong>do</strong>, e muitas vezes associadas a solos ricos em<strong>de</strong>pósitos minerais como ferro, alumínio, manganês, níquel e ouro.Matas-<strong>de</strong>-cipó semelhantes a essas, são encontradas ao longo <strong>do</strong> curso <strong>do</strong> rio Cristalino, nolimite norte <strong>do</strong> Parque, nas áreas baixas entre meandros <strong>do</strong> rio. Nesta área, encontram-semisturadas com floresta inundada, buritizal e vegetação aberta associada a ambientesaquáticos, forman<strong>do</strong> um mosaico complexo. Próximo da foz <strong>do</strong> rio Cristalino, nas proximida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> rio Teles Pires, a vegetação ao longo <strong>do</strong>s bancos varia entre floresta <strong>de</strong> terra firme efloresta inundada, com estatura variável, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da topografia local. Este tipo <strong>de</strong> florestatambém ocorre ao longo <strong>do</strong>s bancos <strong>do</strong> rio Teles Pires, mas nessa área <strong>do</strong> Parque estavegetação sofreu consi<strong>de</strong>rável impacto com o estabelecimento <strong>de</strong> fazendas.Vegetação secundária e pastagens ocupam uma área consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Parque, apesar<strong>de</strong> terem um valor baixo em termos <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>. Além <strong>de</strong> áreas ativamente cultivadas,encontra-se também uma gran<strong>de</strong> gama <strong>de</strong> estágios sucessionais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> capoeira até matasaltas <strong>de</strong> Cecropia (embaúba).41


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 22 - Distribuição da vegetação <strong>do</strong> PEC6 1 0 0 0 0 6 2 0 0 0 06 3 0 0 0 06 4 0 0 0 06 5 0 0 0 06 6 0 0 0 06 7 0 0 0 06 8 0 0 0 06 9 0 0 0 07 0 0 0 0 08 9 6 0 0 0 010kmPousada8 9 5 0 0 0 0S e rra d o M a t e iro8 9 4 0 0 0 0RioCristalinoR ioR o c h e d o8 9 3 0 0 0 0R io Te le s P ire sS e rra d o R o c h e d o8 9 2 0 0 0 0Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana, <strong>do</strong>ssel com emergentesMata <strong>de</strong> cipÅ (floresta ombrÅfila aberta submontana) = ‘juquira’Floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana, <strong>do</strong>ssel uniformeFloresta <strong>de</strong> transiÖÜo (contato) ombrÅfila/semi<strong>de</strong>càdualFloresta estacional semi<strong>de</strong>càdual submontanaCampinarana florestada (Çreas <strong>de</strong> arenito) + Floresta estacional <strong>de</strong> transiÖÜo (contato) <strong>de</strong>cidual/semi<strong>de</strong>cidual (Çreas <strong>de</strong> granito)Campo rupestre da AmazÉnia (refägio submontano arbustivo) + Campinarana gramàneo-lenhosa (Çreas <strong>de</strong> areia branca) + Floresta estacional <strong>de</strong>cidual (morros <strong>de</strong> granito)VegetaÖÜo com influéncia fluvial e/ou lacustre + Floresta periodicamente inundada (floresta ombrÅfila aluvial)Sistema <strong>de</strong> vegetaÖÜo secundÇriaAgropecuÇria42


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico- Floresta Ombrófila Densa SubmontanaA floresta alta em terra firme, geralmente ocorren<strong>do</strong> sobre terreno argiloso (<strong>de</strong> coloraçãovarian<strong>do</strong> <strong>de</strong> laranja forte a acinzentada) foi estudada em diferentes pontos <strong>do</strong> Parque (P10,P29 Foto 2, P38, P40 Foto 3). Estes da<strong>do</strong>s foram complementa<strong>do</strong>s por coletas realizadas emvegetação semelhante nas RPPNs adjacentes. Apresenta <strong>do</strong>ssel contínuo a mo<strong>de</strong>radamente<strong>de</strong>scontínuo, varian<strong>do</strong> entre 20 e 35 m alt., conforme a <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> terreno e o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>preservação <strong>do</strong> local. Emergentes <strong>de</strong> 40-50 m foram observadas, sen<strong>do</strong> que a castanheira(Bertholletia excelsa - Lecythidaceae), cachimbeiro (Couratari guianensis - Lecythidaceae),cedro-<strong>do</strong>ce (Cedrelinga catenaeformis - Leguminosae) e o pau-sangue (Dussia tessmanii -Leguminosae) tiveram ocorrência em muitas das áreas estudadas.Foto 2 - Floresta ombrófila <strong>de</strong>nsa,transecto 9 (P29).Foto 3 - Floresta ombrófila <strong>de</strong>nsa,transecto 12 (P40).Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.O <strong>do</strong>ssel po<strong>de</strong> apresentar-se <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fecha<strong>do</strong>, nas matas mais baixas, com menor freqüência<strong>de</strong> emergentes, até aberto, naquelas mais altas e com maior expressivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emergentes. Ocomponente arbóreo apresenta uma composição florística bastante diversificada tanto <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> cada local visita<strong>do</strong> como entre os locais e sua composição inclui também árvores <strong>de</strong> menorporte, pre<strong>do</strong>minantemente Burseraceae, Moraceae e Leguminosae.Ainda como componentes <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel, foram observadas as palmeiras paxiúba (Iriartea<strong>de</strong>ltoi<strong>de</strong>a), açaí (Euterpe longibracteata) e sete-pernas (Socratea exorrhiza), essa últimaprincipalmente nas áreas mais baixas, em terreno alaga<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> ocorrem arvoretas e arbustosdas famílias Cecropiaceae (Pourouma guianensis e Cecropia ficifolia), Rutaceae (Raputiaranasubsigmoi<strong>de</strong>a) entre outras e epífitas e hemiepífitas diversas.O subosque apresenta-se pouco <strong>de</strong>nso e o interior <strong>de</strong>ssa floresta é <strong>de</strong> fácil acesso. Tanto aspalmeiras como cipós e epífitas não são muito expressivos nesse tipo <strong>de</strong> vegetação,aparecen<strong>do</strong> nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> baixios ou nas faixas <strong>de</strong> transição com outros tipos <strong>de</strong>vegetação.43


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoLianas e trepa<strong>de</strong>iras das famàlias Bignoniaceae (A<strong>de</strong>nocalymma purpurascens, Melloaquadrivalvis), Dilleniaceae (Pinzona coriacea), Hippocrateaceae (Salacia impressifolia),Sapindaceae (Paullinia alata) encontram-se presentes em diversos graus <strong>de</strong> abundância.Áreas visitadas: sul <strong>do</strong> Parque (usina <strong>do</strong> Rio Roche<strong>do</strong>); e noroeste <strong>do</strong> Parque (pousada eSerra <strong>do</strong> Mateiro).Importância para o PEC: importância alta <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> habitat e <strong>do</strong> seupotencial ma<strong>de</strong>ireiro e extrativista, e tambÄm ã relativamente baixa representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>staformaÖÜo em bom esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservaÖÜo <strong>de</strong>ntro da Çrea <strong>do</strong> PEC. EspÄcies novasencontradas: Scia<strong>do</strong>cephala sp. nov e Costus sp. nov.; Psychotria ownbeyi Ä um novo registrono Brasil e Heliconia spathocircinata Ä um novo registro para a AmazÉnia brasileira.Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: bom no noroeste <strong>do</strong> PEC, alarmante nas proximida<strong>de</strong>s da FazendaAJJ <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> tanto ã expansÜo da pecuÇria como pela introduÖÜo <strong>de</strong> espÄcies exÅticasinvasoras e aos impactos causa<strong>do</strong>s pelas hidrelÄtricas <strong>do</strong> rio Roche<strong>do</strong> (embargada) e <strong>do</strong> rioNhandu.Nível <strong>de</strong> ameaça: alto <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã relativa baixa representativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> habitat em bom esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>conservaÖÜo <strong>de</strong>ntro da Çrea <strong>do</strong> PEC, ã proximida<strong>de</strong> com as fazendas e ã construÖÜo dashidrelÄtricas mencionadas.Gran<strong>de</strong>s Çreas <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> vegetaÖÜo ocorrem no su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Parque, mas nÜo foramvisitadas durante o presente levantamento. DescriÖÜo <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong>sta formaÖÜo, bastantesemelhante ãs <strong>de</strong>mais florestas ombrÅfilas <strong>de</strong>nsas <strong>do</strong> Parque, foi realizada pelo ProgramaFlora Cristalino e encontra-se no Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN Cristalino I, II e III (FEC, 2008).- Floresta Ombrófila Densa AluvialNas margens <strong>do</strong>s rios Teles Pires e Cristalino ocorre floresta sazonalmente alagada (Foto 4).O perào<strong>do</strong> da inundaÖÜo ocorre entre outubro e abril, ã medida que as chuvas se intensificam eo nàvel das Çguas <strong>do</strong>s rios se eleva. A altura <strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a duraÖÜo <strong>do</strong>perào<strong>do</strong> <strong>de</strong> inundaÖÜo. A composiÖÜo floràstica <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> floresta Ä distinta da FlorestaOmbrÅfilas Densa Submontana, apesar <strong>de</strong> existirem elementos em comum.As condiÖåes <strong>de</strong> vida em habitats sazonalmente inunda<strong>do</strong>s sÜo extremas (Kubitzki, 1989). Asplantas imersas sofrem com a menor disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigénio na Çgua e apresentamestratÄgias como mecanismos alternativos <strong>de</strong> produÖÜo <strong>de</strong> energia, suberizaÖÜo das raàzes,aeraÖÜo interna, <strong>de</strong>fesas contra patÅgenos (Simone et aii, 2003). O estabelecimento <strong>de</strong>sementes tambÄm requer mecanismos adapta<strong>do</strong>s ao perào<strong>do</strong> reduzi<strong>do</strong> em que o solo nÜo seencontra inunda<strong>do</strong>.Nas Çreas on<strong>de</strong> a inundaÖÜo Ä menor <strong>do</strong> que 1 m <strong>de</strong> altura, a floresta Ä geralmente alta, com<strong>do</strong>ssel <strong>de</strong> 25-30 m alt. e emergentes com mais <strong>de</strong> 40 m alt. O relevo Ä bastante ondula<strong>do</strong> e acamada <strong>de</strong> serrapilheira espessa. ö comum nestas Çreas a ocorréncia <strong>de</strong> murunduns, que sÜopequenas elevaÖåes no relevo que nÜo ficam submersas na estaÖÜo das cheias, forman<strong>do</strong>pequenas ilhas. A composiÖÜo floràstica <strong>do</strong>s murunduns correspon<strong>de</strong> a uma mistura <strong>de</strong>espÄcies tàpicas <strong>de</strong> floresta inundÇvel e <strong>de</strong> floresta <strong>de</strong> terra firme.Nestas florestas, as famàlias <strong>de</strong> <strong>do</strong>ssel mais importantes sÜo: Anacardiaceae (Anacardiumgiganteum, Astronium lecointei, Tapirira obtusa), Annonaceae (Guatteria hyposericea, Oxandramajor, Pseu<strong>do</strong>xandra polyphleba, P. lucida), Apocynaceae (Aspi<strong>do</strong>sperma cf. album),Bombacaceae (Ceiba samauma), Chrysobalanaceae (Hirtella gracilipes, Licania apetala),Lauraceae (Ocotea aciphylla – canela-cheirosa), Leguminosae (Dialium guianense, Vataireaerythrocarpa, Zygia latifolia), entre outras..A diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> palmeiras Ä tambÄm muito menor <strong>do</strong> que a observada nas florestas <strong>de</strong> terrafirme. CipÅs grossos sÜo comuns, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ocorrer <strong>de</strong> forma bastante <strong>de</strong>nsa em alguns locais,e sÜo principalmente das famàlias Bignoniaceae, Dilleniaceae, Gnetaceae e Leguminosae. Asepàfitas sÜo menos freqëentes, ocorren<strong>do</strong> Araceae (Anthurium) e Bromeliaceae (Aechmea).44


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFoto 4 - Floresta alagada na beira <strong>do</strong> rio Teles PiresFoto: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.O subosque Ä mais aberto <strong>do</strong> que na Floreta OmbrÅfila Densa Submontana. SÜo comuns nosubosque Cyperaceae (Beckerelia cymosa, Scleria sp.), Gramineae (Pariana radiciflora,Sucrea maculata), Marantaceae (Calathea altissima, C. zingiberina, Ischnosiphonleucophaeus, Monotagma plurispicatum) e pteridÅfitas (Hymenophyllaceae – Trichomaneshostmanniana, T. acce<strong>de</strong>ns; Pteridaceae – Adianthum spp.).Mesmo <strong>de</strong>pois da <strong>de</strong>scida das Çguas, permanecem inunda<strong>do</strong>s alguns locais on<strong>de</strong> o relevo Ämais rebaixa<strong>do</strong>, forman<strong>do</strong> lagoas, atÄ o inàcio da estaÖÜo seca. Nestes locais, o <strong>do</strong>ssel Äuniforme e atinge uma altura mÄdia <strong>de</strong> 10-15 m. As Çrvores possuem troncos mais finos. AcomposiÖÜo floràstica Ä muito semelhante ãs florestas inundÇveis com <strong>do</strong>ssel emergente,entretanto, po<strong>de</strong>m ser diferenciadas pela composiÖÜo e estrutura <strong>do</strong> componente arbÅreo.Áreas visitadas: nas margens <strong>do</strong> rio Cristalino (P35); nas margens <strong>do</strong> rio Teles Pires, foramvisitadas Çreas no interior das RPPN Cristalino.Importância para o PEC: alta, pois Ä um tipo <strong>de</strong> vegetaÖÜo pouco extenso <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Parque eque apresenta composiÖÜo floràstica diferenciada. Foi observada nessa vegetaÖÜo Ceibasamauma, uma espÄcie rara no Brasil.Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: bom no rio Cristalino, provavelmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã distância dasfazendas, ã proximida<strong>de</strong> da Base da ForÖa AÄrea Brasileira e ao acesso somente por barco.Na porÖÜo su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Parque a construÖÜo da PCH <strong>do</strong> rio Nhandä irÇ causar o alagamento <strong>de</strong>uma gran<strong>de</strong> Çrea coberta por este tipo <strong>de</strong> vegetaÖÜo. No rio Teles Pires, esta formaÖÜo nÜo foivisitada, mas encontra-se muito prÅxima das fazendas.Nível <strong>de</strong> ameaça: mÄdio-alto, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã baixa representativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> vegetaÖÜo nointerior <strong>do</strong> Parque e ã facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso.- Floresta Ombrófila Aberta Submontana (mata-<strong>de</strong>-cipó)Este tipo <strong>de</strong> vegetaÖÜo arbustivo-arbÅrea impenetrÇvel e <strong>do</strong>minada por cipÅs foi encontra<strong>do</strong>em diversas localida<strong>de</strong>s, tanto (1) na proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> floresta alta sobre solo argiloso como (2)sobre solo arenoso, em solos baixos e planos. Foi observada uma composiÖÜo floràstica comdiversida<strong>de</strong> relativamente baixa, com a maioria das espÄcies consi<strong>de</strong>rada como pioneiras ouinvasoras. PorÄm, existem evidéncias <strong>de</strong> que esta vegetaÖÜo nÜo seja apenas ‘secundÇria’,mas sim, uma vegetaÖÜo resultante <strong>de</strong> uma combinaÖÜo edÇfica ou mesmo histÅrica, por45


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoinfluéncia <strong>de</strong> antigas ocupaåes indàgenas (provÇvel indàcio Ä a presenÖa <strong>de</strong> mandioca-brava ecacauà). As fotografias <strong>de</strong> satÄlite <strong>de</strong> Çreas ainda hoje remotas (ex. 35 km da Pousada,subin<strong>do</strong> o rio Cristalino) e, portanto, sem interferéncia antrÅpica, mostram padråessemelhantes aos atuais em 1980, quan<strong>do</strong> a colonizaÖÜo da regiÜo ainda era incipiente.Trata-se <strong>de</strong> Çrea aberta on<strong>de</strong> arvoretas e arbustos, <strong>de</strong> aproximadamente 3-4 m alt.,ocasionalmente atÄ 6 m, encontram-se quase completamente cobertos por plantasescan<strong>de</strong>ntes, tanto lianas com caule lenhoso como por trepa<strong>de</strong>iras herbÇceas (Fotos 5 e 6).Entre as poucas espÄcies arbÅreas ocorrem as palmeiras Astrocaryum aculeatum e A.murumuru, Leguminosae (Acacia polyphylla, Schizolobium parahyba var. amazonicum,Bauhinia acreana) e Celastraceae (Celtis iguanea, grÜo-<strong>de</strong>-galo). Foram observadas tambÄmmanchas <strong>do</strong>minadas por bambus altos (Guadua sp.). Os arbustos mais freqëentes pertencemãs famàlias Rubiaceae (Faramea torquata, Hamelia patens), Euphorbiaceae (Manihot sp.,mandioca-brava, Croton sp., Acalypha stachyura), entre outras.Plantas escan<strong>de</strong>ntes e lianas das famàlias Rhamnaceae (Gouania frangulifolia), Bignoniaceae(Tynanthus myrianthus, Anemopaegma floridum, Arrabidaea sceptrum, Phrganocydiacorymbosa, Xylophragma pratense), entre outras, cobrem a maior parte <strong>do</strong> solo, usan<strong>do</strong> osarbustos e arvoretas como suporte, tornan<strong>do</strong> a vegetaÖÜo impenetrÇvel, <strong>de</strong>nominada “juquira”.TambÄm ocorrem herbÇceas das famàlias Acanthaceae (Justicia calycina), Bromeliaceae(Bromelia balansae), Commelinaceae (Dichorisandra aff. villosula), Gramineae (Parianaradiciflora, Guadua sp., bambu), entre outras.Foto 5 - Mata <strong>de</strong> cipó (juquira), no P14. Foto 6 - Mata <strong>de</strong> cipó (juquira), no P16.Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.Entre a “juquira” e ambos os tipos <strong>de</strong> floresta, Ä comum observar Çreas <strong>de</strong> transiÖÜoconsistin<strong>do</strong> em uma mata mais aberta, com <strong>do</strong>ssel quase ausente, cerca <strong>de</strong> 20-25 <strong>de</strong> altura,com emergentes atÄ 40 m, entre elas Ficus insipida (Moraceae, figueira), Qualea cf. grandiflora(Vochysiaceae, pau-terra), Caryocar sp. (Caryocaraceae), Aspi<strong>do</strong>sperma sp. (Apocynaceae) eAcacia alemaquerensis (Leguminosae – Mimosoi<strong>de</strong>ae.Áreas visitadas: proximida<strong>de</strong>s da Pousada; proximida<strong>de</strong> <strong>do</strong> acampamento a 35 km daPousada, rio acima, no limite norte <strong>do</strong> Parque; proximida<strong>de</strong>s da se<strong>de</strong> da Fazenda AJJ; e leste<strong>do</strong> Parque.Importância para o PEC: baixa, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã relativa similarida<strong>de</strong> entre os locais estuda<strong>do</strong>s e ãgran<strong>de</strong> Çrea ocupada por esse tipo <strong>de</strong> habitat.46


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoEsta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: bom, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã sua composiÖÜo, com diversida<strong>de</strong> relativamentebaixa, e por contar com espÄcies na sua maioria consi<strong>de</strong>radas pioneiras; esta fisionomiaencontra-se bem preservada <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Parque.Nível <strong>de</strong> ameaça: baixo, porÄm <strong>de</strong>ve ser ressalta<strong>do</strong> que, apesar <strong>do</strong> seu potencial ma<strong>de</strong>ireiro eextrativista muito baixo, localmente esta fisionomia Ä consi<strong>de</strong>rada indicativa <strong>de</strong> ‘terra boa’ paraprÇticas agràcolas. A proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazendas e a expansÜo das mesmas sÜo ameaÖas paraesta fisionomia em longo prazo.- Floresta Estacional Semi<strong>de</strong>cidual SubmontanaA floresta alta com <strong>do</strong>ssel aberto, ocorren<strong>do</strong> em terra firme sobre terreno arenoso castanhoescuro,foi estudada em diferentes pontos <strong>do</strong> Parque (P18, P48, P21, Fotos 7 e 8),). Apresenta<strong>do</strong>ssel <strong>de</strong>scontànuo, varian<strong>do</strong> entre 25-35 m alt., com emergentes <strong>de</strong> 40-45 m alt. A ocorréncia<strong>de</strong> clareiras Ä marcante – mas nas Çreas visitadas no SE <strong>do</strong> Parque tais clareirasprovavelmente <strong>de</strong>vem-se a ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> retirada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.O <strong>do</strong>ssel Ä <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelas famàlias Leguminosae, Sapotaceae, Annonaceae,Menispermaceae (Abuta grandifolia) e Olacaceae (Heisteria barbata). A famàlia Leguminosae,alÄm <strong>de</strong> apresentar gran<strong>de</strong>s indivàduos <strong>de</strong> Dialium guianense (jutaà-pororoca), uma Çrvoremuito conspàcua <strong>de</strong> riti<strong>do</strong>ma claro e lenticela<strong>do</strong>, gran<strong>de</strong>s sapopemas e caule com resinavermelha, contribui com Pterocarpus rohrii, Hymenaea parvifolia, Enterolobium sp.,Dimorphandra parviflora. As famàlias Burseraceae e Moraceae, freqëentemente bemrepresentadas na floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa sÜo bem menos expressivas nesta fitofisionomia.Bertholletia excelsa, uma espÄcie comum na floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa, nÜo foi observada nestaformaÖÜo.Foto 7-Floresta semi<strong>de</strong>cidual,transecto 11 (P48).Foto 8 - Floresta semi<strong>de</strong>cidual,transecto 8 (P21).Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.47


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoO subosque Ä <strong>de</strong>nso. Entre os arbustos e arvoretas, <strong>de</strong>stacam-se, sobretu<strong>do</strong>, asMenispermaceae (Abuta grandifolia), Melastomataceae e Rubiaceae (Palicourea guianensis,Coussarea insignis, Faramea capillipes), sen<strong>do</strong> muito comuns os arbustos da famàliaHippocrateaceae (Cheiloclinium cognatum) e Myrtaceae (Myrcia splen<strong>de</strong>ns) e as plantasjovens <strong>de</strong> Memecylaceae (Mouriri nervosa).Em certas Çreas, eram bastante expressivas lianas das famàlias Bignoniaceae, Leguminosae(Bauhinia sp., escada <strong>de</strong> jaboti), Menispermaceae (Abuta sp.), e outras, especialmente naproximida<strong>de</strong> das clareiras.Arbustos <strong>de</strong> menor porte e herbÇceas representadas por: Rubiaceae (Psychotria platypoda, P.turbinella, P. prunifolia, P. tessmannii, P. gracilenta, P. aff. io<strong>do</strong>tricha, P. ulviformis, Rudgeastipulacea, Margaritopsis nana), alÄm <strong>de</strong> Violaceae (Rinorea falcata), e algumasMelastomataceae (Miconia gratissima, M. longispicata). Palmeiras <strong>de</strong> pequeno porte sÜocomuns (Geonoma sp., Astrocaryum gynacanthum, Bactris acanthocarpa).Enquanto no baixio ocorriam muitas espÄcies hemiepàfitas e epàfitas, estas nÜo eramexpressivas na Çrea mais elevada.Áreas visitadas: sul <strong>do</strong> Parque (proximida<strong>de</strong>s da PCH <strong>do</strong> Rio Roche<strong>do</strong>); extremo norte <strong>do</strong>Parque, 35 km da Pousada, rio acima, prÅximo ã divisa com o ParÇ; limite nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Parque,proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Olho da Xuxa.Importância para o PEC: alta, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã complexida<strong>de</strong> <strong>do</strong> habitat e <strong>do</strong> seu potencialma<strong>de</strong>ireiro e extrativista e ã sua mÄdia representativida<strong>de</strong> em bom esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro da Çrea atual<strong>do</strong> Parque.Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: bom esta<strong>do</strong> no noroeste <strong>do</strong> Parque, porÄm alarmante nasproximida<strong>de</strong>s da Fazenda AJJ <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> tanto ã expansÜo da pecuÇria com pela introduÖÜo <strong>de</strong>espÄcies exÅticas invasoras, especialmente Brachiaria, associadas aos ventos fortes, queaumentam o efeito <strong>de</strong> borda nas beiradas da mata.Nível <strong>de</strong> ameaça: mÄdio, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã mÄdia representativida<strong>de</strong> <strong>do</strong> habitat em bom esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>conservaÖÜo <strong>de</strong>ntro da Çrea <strong>do</strong> Parque, alÄm da sua proximida<strong>de</strong> ã fazendas e da expansÜodas mesmas.- Floresta Estacional Decidual SubmontanaNo oeste <strong>do</strong> Parque, existem pequenas serras granàticas com altitu<strong>de</strong> mÄdia entre 250-280 m(no mÇximo 400 m), que ocorrem <strong>de</strong> forma esparsa em meio ã floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa e alta,atingin<strong>do</strong> atÄ 6 km <strong>de</strong> extensÜo. Estas serras sÜo muito semelhantes as que ocorrem <strong>de</strong>ntrodas RPPN Cristalino I, II e III. A vegetaÖÜo que se <strong>de</strong>senvolve nelas Ä limitada pelo substratorochoso e pela existéncia <strong>de</strong> um solo bastante superficial (Foto 9).Nas partes mais elevadas <strong>de</strong> suas encostas e em manchas no topo, ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> afloramentosrochosos, <strong>de</strong>senvolve-se um tipo <strong>de</strong> floresta <strong>de</strong>cidual com altura mÄdia <strong>de</strong> 20 m alt., asemergentes com atÄ 30 m alt. As famàlias <strong>do</strong>minantes foram Rubiaceae (Dialypetalanthusfuscescens), Bignoniaceae, Leguminosae, Apocynaceae e Bombacaceae.As Çrvores <strong>de</strong> <strong>do</strong>ssel sÜo em sua maior parte caducifÅlias, como as das famàliasAnacardiaceae (Spondias sp.), Apocynaceae (Aspi<strong>do</strong>sperma macrocarpon – cambarÇ,Aspi<strong>do</strong>sperma multiflorum - peroba), Bignoniaceae (Tabebuia aurea, T. capitata, T. serratifolia– ipés e paus d’arco), entre outras.O estrato herbÇceo-arbustivo Ä muito diverso, com pre<strong>do</strong>mànio <strong>de</strong> monocotiledÉneas, quepo<strong>de</strong>m formar gran<strong>de</strong>s populaÖåes, como Bromeliaceae (Aechmea bromeliifolia, A. castelnavii,Ananas ananassoi<strong>de</strong>s, Bromelia balansae), Araceae (Anthurium cf. bonplandii), Costaceae(Costus arabicus, C. lanceolatus) e Marantaceae (Calathea acuminata, C. polytricha, C.sciuroi<strong>de</strong>s, Maranta humilis).48


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoAs epàfitas sÜo abundantes, especialmente a arÇcea Philo<strong>de</strong>ndron muricatum, que Ä tambÄmrupàcola, ocorren<strong>do</strong> tambÄm Philo<strong>de</strong>ndron acutatum e diversas Orchidaceae (Aspasiavariegata, Encyclia tarumana, Scaphyglottis cf. amazonica, Trizeuxis falcata, Zygosepalumlin<strong>de</strong>niae). Ao contrÇrio <strong>do</strong> observa<strong>do</strong> nos campos rupestres da AmazÉnia (àtem 5.6), nÜoocorrem populaÖåes <strong>de</strong>nsas <strong>de</strong> pteri<strong>do</strong>phyta (Sellaginella, Anemia) e làquens no solo <strong>de</strong>stehabitat.Foto 9 - Floresta estacional <strong>de</strong>cidual, no mÑs <strong>de</strong> julho, em inselberg <strong>de</strong> granito na beira<strong>do</strong> rio Cristalino.Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.área visitada: Su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Parque, prÅximo ãs RPPNs Cristalino.Importància <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vegetaÖÜo para o PEC: alta, pois Ä um tipo <strong>de</strong> vegetaÖÜo comocorréncia restrita no Parque e apresenta uma diversida<strong>de</strong> floràstica elevada, sen<strong>do</strong> muitasespÄcies caracteràsticas <strong>de</strong>ste ambiente, alÄm <strong>de</strong> ser muito vulnerÇvel ao fogo na Äpoca <strong>de</strong>seca.Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservaÖÜo: bom, uma vez que Ä difàcil o acesso a essas Çreas e tambÄmporque essas Çreas sÜo ina<strong>de</strong>quadas para agricultura, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao solo raso, infÄrtil epedregoso, e para a pecuÇria, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao relevo aci<strong>de</strong>nta<strong>do</strong> e rochoso.Nävel <strong>de</strong> ameaÖa: mÄdio, pois, apesar <strong>de</strong> estar em bom esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservaÖÜo, a naturezamarcadamente estacional <strong>de</strong>sta fisionomia faz com que ela seja muito vulnerÇvel ao fogo emperào<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seca contànua ou prolongada. ö preciso manter tal vegetaÖÜo afastada <strong>de</strong> pastose estradas por meio da manutenÖÜo da vegetaÖÜo florestal circundante.- CampinaranaDe acor<strong>do</strong> com Pires & Prance (1985) e Veloso et alii (1991), esta vegetaÖÜo ocupa Çreastabulares arenosas, bastante lixiviadas e manifesta-se em diferentes fÇcies: florestada,arborizada e gramàneo-lenhosa. Durante nossos estu<strong>do</strong>s, tivemos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> visitartanto a campinarana florestada como a campinarana gramàneo-lenhosa, e vÇrias zonas <strong>de</strong>transiÖÜo entre estas e os ‘campos rupestres’ da AmazÉnia.Campinarana Florestada (‘Caatinga’)49


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoEm meio às diferentes fisionomias <strong>de</strong> floresta alta que ocupam gran<strong>de</strong> extensão na partecentral <strong>do</strong> Parque, ocorrem, tanto em suaves baixadas temporariamente alagadas, como notopo das serras e em planaltos com solo empobreci<strong>do</strong> e arenoso, manchas <strong>de</strong> floresta baixaque se <strong>de</strong>senvolve sobre solo claro e com uma espessa camada superficial <strong>de</strong> materialorgânico. É possível que esta fisionomia esteja associada a solos <strong>de</strong> pouca profundida<strong>de</strong>,on<strong>de</strong> a rocha arenítica comumente observada em afloramentos (ver Serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>) estápróxima da superfície <strong>do</strong> solo bloquean<strong>do</strong> a drenagem.As comunida<strong>de</strong>s vegetais que ali se <strong>de</strong>senvolvem variam em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e em composiçãoespecífica, sen<strong>do</strong> ora fortemente <strong>do</strong>minadas por poucas espécies (e.g. P46-7 com populaçõesquase monoespecíficas <strong>de</strong> Clusia schomburgkiana ou Retiniphyllum kuhlmannii), outras vezesapresentan<strong>do</strong> pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> Humiriaceae (P3) com Humiria balsamifera acompanhada <strong>de</strong>outras arvoretas e arbustos, ou mesmo mais variada e também mais aberta <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à presençamarcante <strong>de</strong> afloramentos <strong>de</strong> rocha.Campinarana florestada em baixios e em topos <strong>de</strong> serraO <strong>do</strong>ssel é bastante aberto com cerca <strong>de</strong> 6-12 m <strong>de</strong> altura média, sem gran<strong>de</strong>s árvoresemergentes. O componente arbóreo <strong>de</strong>sta vegetação é composto em sua maior parte porárvores <strong>de</strong> pequeno porte. O interior da mata é claro e é comum a ocorrência <strong>de</strong> clareiras,on<strong>de</strong> ocorrem pteridófitas terrestres <strong>de</strong> até 1 m <strong>de</strong> altura. Blocos <strong>de</strong> rocha po<strong>de</strong>m serobserva<strong>do</strong>s afloran<strong>do</strong> nos <strong>de</strong>sníveis <strong>do</strong> relevo, varian<strong>do</strong> em abundância e dimensõesconforme o relevo local.Em algumas localida<strong>de</strong>s, esta vegetação po<strong>de</strong> ser quase totalmente <strong>do</strong>minada pela espécieHumiria balsamifera (Humiriaceae), uma arvoreta <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 8 m alt. com riti<strong>do</strong>ma escamosocastanho-escuro e caule tortuoso (Foto 10). Em outras, encontra-se uma mistura <strong>de</strong>Humiriaceae, Leguminosae (Pterocarpus sp.) e Elaeocarpaceae (Sloanea floribunda, S.eichleri). São freqüentes as árvores com riti<strong>do</strong>ma escamoso, porém não suberoso. Osindivíduos <strong>de</strong>stas espécies freqüentemente têm o tronco coberto por musgos, liquens e muitasepífitas, principalmente a pteridófita Elaphoglossum sp. (Lomariopsidaceae) e microrquí<strong>de</strong>as(Foto 11).São raras as palmeiras, tanto <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> como <strong>de</strong> pequeno porte e/ou acaules, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong>encontrada apenas Mauritiella armata (associada à presença <strong>de</strong> formigas <strong>do</strong> gênero Azteca)numa área <strong>de</strong> campinarana com pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> Humiria sobre solo úmi<strong>do</strong>.O subosque é <strong>de</strong>nso, especialmente nas áreas mais próximas às encostas, porém baixo (2-3m alt.), forma<strong>do</strong> por arbustos e arvoretas finas das famílias Annonaceae (Guatteriaschomburgkiana, Xylopia emarginata), Chrysobalanaceae (Hirtella burchelli, Hirtella sp.),Leguminosae (Bauhinia pulchella), e Guttiferae (Clusia sp.), Menispermaceae (Abutagrandifolia), Myrsinaceae (Cybianthus cf. brownii), entre outras. Cipós são pouco freqüentes<strong>de</strong>ntro da mata, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>s apenas Smilacaceae (Smilax sp.), Compositae(Mikania sp.) e Apocynaceae (Allamanda sp.). Nas clareiras, cipós e lianas são maisfreqüentes.Entre as herbáceas, foram observadas Piperaceae (Piper peltatum), Compositae (Ichthyothereterminalis), Gramineae (Panicum cf. ligulare), Marantaceae e pteridófitas (Sellaginella sp. eDryopteridaceae (GSH 63), Pteridaceae (Adiantum cf. argutum, Doryopteris ornithopus),juntamente com um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> plântulas, no solo. Entre as epífitas, é encontradatambém a enorme bromeliácea Aechmea castelnavii. além <strong>de</strong> uma pteridófita (Elaphoglossumsp.), crescen<strong>do</strong> aparentemente exclusivamente sobre troncos <strong>de</strong> Humiriaceae.Área visitada: su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Parque, entrada pela se<strong>de</strong> da Fazenda AJJ; extremo nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong>Parque, esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se no exterior da área <strong>do</strong> Parque em direção ao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará (áreacontrolada pela Força Aérea Brasileira); ao longo <strong>do</strong> topo da extensa Serra <strong>do</strong> Mateiro,localizada na porção oeste <strong>do</strong> Parque.Importância <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vegetação para o PEC: alta, pois trata-se <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> vegetaçãoraro <strong>de</strong>ntro da área <strong>do</strong> Parque <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às condições geológicas específicas necessárias para50


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoseu estabelecimento, apresenta uma associaÖÜo <strong>de</strong> espÄcies distinta e aparentementealgumas espÄcies vistas apenas naquela localida<strong>de</strong> (Retiniphyllum kuhlmannii (endémica daregiÜo), Notopleura tapajozensis, Pagamea plicata, Aechmea sp.), alÄm da presenÖa <strong>de</strong>Guarea sp. nov (espÄcie nova).Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: mÄdio, sen<strong>do</strong> que a Çrea visitada apresentava evidéncias dapassagem <strong>de</strong> fogo.Nível <strong>de</strong> ameaça: alto, pois Ä possàvel que a natureza marcadamente estacional <strong>de</strong>stafisionomia faÖa com que ela seja muito vulnerÇvel ao fogo em perào<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seca contànua ouprolongada. ö preciso manter tal vegetaÖÜo afastada <strong>de</strong> pastos e estradas por meio damanutenÖÜo da vegetaÖÜo florestal circundante.Foto 10 - Campinarana <strong>de</strong>Humiria balsamifera, transecto 1 (P3).Foto 11 - Campinarana alagada <strong>de</strong>Clusia/ Retiniphyllum (P46).Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.Campinarana florestada no nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Parque e transição para campo rupestreEsta fisionomia encontrada no extremo nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Parque (P1) consiste em floresta baixa e<strong>de</strong>scontànua (ou savana arbustivo-arbÅrea) em solo arenoso com pouca <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, compresenÖa <strong>de</strong> rochas cobertas <strong>de</strong> liquens, musgos e samambaias (Foto 13). A estrutura e acomposiÖÜo <strong>de</strong>sta fisionomia variam com a profundida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo e a <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> terreno,porÄm foi possàvel notar uma maior diversida<strong>de</strong> e abundância da famàlia Myrtaceae (Foto 12).Nas Çreas on<strong>de</strong> o arenito encontra-se muito prÅximo <strong>do</strong> solo, a superfàcie apresenta-searenosa com pouca matÄria orgânica, misturada com rochas isoladas, e coberta por umamistura <strong>de</strong> Ananas ananassoi<strong>de</strong>s (Bromeliaceae) e samambaias (Doryopteris ornitopus,Anemia buniifolia), liquens (Cla<strong>do</strong>nia confusa), musgos e, ocasionalmente, algumasgramàneas. As Çrvores sÜo isoladas e atingem apenas 4-5 m alt., sen<strong>do</strong> comuns elementosencontra<strong>do</strong>s em campos arenosos e em ‘campos rupestres’, como Leguminosae (Parkiacachimboensis) e Melastomataceae (Miconia punctata, Tibouchina verticillaris). Durante aamostragem foi registrada uma abundância <strong>de</strong> Vochysiaceae (Vochysia haenckeana),Euphorbiaceae (Alchornea discolor), Malpighiaceae (Byrsonima ino<strong>do</strong>rum) e Myrtaceae51


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico(Myrciaria floribunda, Eugenia punicifolia), sen<strong>do</strong> amostradas tambÄm Palmae (Syagruscomosa).Nas Çreas on<strong>de</strong> o solo Ä mais profun<strong>do</strong> foi observada uma vegetaÖÜo ligeiramente mais alta econtànua (6-8m), apesar <strong>de</strong> poucas Çrvores exce<strong>de</strong>rem 20 cm <strong>de</strong> diâmetro. Ao invÄs <strong>de</strong>Ananas e Doryopteris, foi observada uma espÄcie <strong>de</strong> Selaginella crescen<strong>do</strong> em meio a umacamada mais espessa <strong>de</strong> serrapilheira, e uma espÄcie <strong>de</strong> Melastomataceae (Miconiaholosericea) era o elemento arbustivo mais abundante.Esta fisionomia encontra-se contàgua a floresta alta sobre solo arenoso, cuja ocorréncia limitaseaos terrenos <strong>de</strong> maior <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> associa<strong>do</strong>s aos vales <strong>do</strong>s rios, com gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> epàfitas e com pre<strong>do</strong>mànio <strong>de</strong> Swartzia sp. no estrato arbÅreo. Foram observa<strong>do</strong>s no solofrutos <strong>de</strong> Apocynaceae (Macoubea guianensis).Foto 12 - Campinarana na Serra <strong>do</strong>Mateiro, transecto 10 (P42).Foto 13 - Transição campinarana/campo rupestre, no P1.Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.Área visitada: PrÅximo ã área da ForÖa AÄrea Brasileira.Importância <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vegetação para o PEC: mÄdia, pois correspon<strong>de</strong> a um tipo <strong>de</strong>vegetaÖÜo incomum <strong>de</strong>ntro da Çrea <strong>do</strong> Parque, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ãs condiÖåes geolÅgicas especàficasnecessÇrias para seu estabelecimento, apresenta uma associaÖÜo <strong>de</strong> espÄcies distinta e,aparentemente, algumas espÄcies observadas apenas em uma das localida<strong>de</strong>s (Sobralia sp.)Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: bom, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao habitat.Nível <strong>de</strong> ameaça: mÄdio, pois Ä possàvel que a natureza estacional <strong>de</strong>sta fisionomia faÖa comque ela seja vulnerÇvel ao fogo em perào<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seca contànua ou prolongada. ö precisomanter o acesso a tal vegetaÖÜo afastada <strong>de</strong> pastos e estradas por meio da vegetaÖÜoflorestal circundante, estabelecen<strong>do</strong> limites para a abertura <strong>de</strong> trilhas e estradas.Campinarana gramíneo-lenhosaáreas campestres em solo arenoso, como, por exemplo, o afloramento rochoso plano no leste<strong>do</strong> Parque (Foto 14). Depen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e estrutura <strong>do</strong> substrato, que comumentetorna-se mais rochoso, as bordas mais elevadas <strong>de</strong>ste habitat possuem um estrato arbustivoarbÅreomais expressivo e assemelham-se a uma fÇcies <strong>do</strong>s ‘campos rupestres’ da AmazÉnia(5.6). Este habitat nÜo <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> afim <strong>do</strong>s ‘cerra<strong>do</strong>s’ <strong>do</strong> Brasil Central, pois suacomposiÖÜo floràstica Ä essencialmente diferente <strong>de</strong>stes.No limite leste <strong>do</strong> Parque, observamos vÇrias Çreas com vegetaÖÜo campestre. Esta fisionomiaaparece em locais planos ou com pouca <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> o afloramento arenàtico Ä plano e52


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicorente ao solo, <strong>do</strong> tipo ‘laje<strong>do</strong>’ semicontànuo (Foto 15). O substrato rochoso com bolsåes <strong>de</strong>areia pura Ä corta<strong>do</strong> ou <strong>de</strong>limita<strong>do</strong> por cursos d’Çgua, e suporta uma vegetaÖÜo aberta<strong>do</strong>minada por Gramineae, Cyperaceae e Compositae (Ichthyothere terminalis).AlÄm <strong>do</strong> ‘laje<strong>do</strong>’ superficial, po<strong>de</strong> haver variÇvel freqëéncia <strong>de</strong> rochas arenàticas, forman<strong>do</strong>ilhas <strong>de</strong> vegetaÖÜo entre e sobre os quais crescem arbustos e arvoretas tortuosas geralmenteentre 1-2 m alt., raramente atingin<strong>do</strong> 3 m e/ou ultrapassan<strong>do</strong> 10 cm diâm. Verificou-se gran<strong>de</strong>pre<strong>do</strong>mànio <strong>de</strong> Euphorbiaceae (Richeria sp., Croton sp., Manihot caerulescens), Icacinaceae(Emmotum nitens), Malvaceae (Hibiscus paludicola), e muitas Malpighiaceae (Byrsonimaino<strong>do</strong>rum, Tetrapterys maranhamensis, Banisteriopsis stellaris, B. nummifera, Heteropteriscoriacea, H. nervosa), Guttiferae (Kielmeyera cf. regalis, Clusia wed<strong>de</strong>liana), Leguminosae(Parkia cachimboensis).As seguintes trepa<strong>de</strong>iras foram encontradas: Bignoniaceae (Arrabidaea aff. inaequalis e Z952), Convolvulaceae (Ipomoea cuneifolia, I. schomburgkii), Polygalaceae (Securidacarivinifolia), Vitaceae (Cissus campestris, C. duarteana), Dioscoreaceae (Dioscorea sp.).EspÄcies subarbustivas e herbÇceas com pre<strong>do</strong>mànio <strong>de</strong> Cyperaceae (Cyperushermaphroditus, Exochogyne amazonica, Lagenocarpus verticillatus, L. tenuifolius,Rhynchospora candida, R. exilis, Scleria interrupta), Gramineae (Andropogon leuchostachyus.,Axonopus sp., Ichnanthus procurrens, Mesosetum cayennense, Panicum cyanescens),Eriocaulaceae (Syngonanthus <strong>de</strong>nsiflorus, S. gracilis, S. xerantemoi<strong>de</strong>s, S. bisumbellatus),Lentibulariaceae (Utricularia oliverana, U. pusilla, U. tenuissima), Xyridaceae (Xyrishymenodachne, X. latifolia, Abolboda pulchella) crescem em locais alaga<strong>do</strong>s, enquantoApocynaceae (Man<strong>de</strong>villa tenuifolia), Euphorbiaceae (Phyllanthus sp.), Gesneriaceae(Sinningia elatior), Iridaceae (Cipura palu<strong>do</strong>sa), Polygalaceae (Polygala herbiola, P.celosioi<strong>de</strong>s), habita pequenas lacunas com solo arenoso ämi<strong>do</strong>.Foto 14 - Campinarana gramíneo-lenhosa, no leste <strong>do</strong> Parque (P7)Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.AlÄm <strong>de</strong>stas, foram observadas Araceae (Anthurium bonplandii), Bromeliaceae (Pitcairnia sp.,Ananas ananasoi<strong>de</strong>s, Dyckia cf. duckei) e Velloziaceae (Vellozia seubertiana, V. tubiflora)rupàcolas e algumas pteridÅfitas, como Anemia buniifolia, Doryopteris ornitopus, Selaginella53


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicosp., alÄm <strong>de</strong> briÅfitas e liquens (incl. Cla<strong>do</strong>nia cf. salzmanii) em abundância. Duas espÄcies <strong>de</strong>palmeiras foram encontradas nessa hÇbitat: Mauritiella armata e Allagoptera campestris –ambas escassas.Áreas visitadas: Limite leste <strong>do</strong> Parque, acesso pela Fazenda AJJ; su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Parque,acesso pela Fazenda AJJ.Importância <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vegetação para o PEC: alta, pois Ä um tipo <strong>de</strong> vegetaÖÜo incomum<strong>de</strong>ntro da Çrea <strong>do</strong> Parque, aparecen<strong>do</strong> somente no seu limite su<strong>de</strong>ste-leste, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ãscondiÖåes geolÅgicas especàficas necessÇrias para seu estabelecimento. Apresenta umaassociaÖÜo <strong>de</strong> espÄcies rica e distinta, com sen<strong>do</strong> vÇrias <strong>de</strong>las observadas apenas nestafisionomia ou mesmo em apenas uma localida<strong>de</strong> (Rhynchospora exilis (rara, endémica daregiÜo), Vellozia tubiflora, Abolboda pulchella, Syngonanthus <strong>de</strong>nsiflorus, S. bisumbellatus, S.xerantemoi<strong>de</strong>s, S. gracilis, Utricularia oliverana, U. pusilla, U. tenuissima, Ferdinandusaspeciosa, Perama hirsuta, Perama dichotoma, Retiniphyllum parvifolium (rara, endémica daregiÜo), Thrasya auricoma (rara, endémica da regiÜo), Hyptis sp. aff. crenata (nova espÄcie),Hibiscus paludicola (endémica)).Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: alarmante, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ecossistema perante ãpassagem <strong>de</strong> fogo e ã invasÜo parcial <strong>do</strong> habitat por uma espÄcie exÅtica <strong>de</strong> Brachiariautilizada pelos fazen<strong>de</strong>iros. Nas Çreas visitadas, parte <strong>do</strong> campo foi queimada e os arbustos eÇrvores, inclusive Vellozia seubertiana, nÜo sobreviveram naquela Çrea, on<strong>de</strong> o habitatencontra-se empobreci<strong>do</strong>, coloniza<strong>do</strong> por populaÖåes monoespecàficas <strong>de</strong> Compositae ePteridium aquilinum.Nível <strong>de</strong> ameaça: alto, pois a maioria das localida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> encontramos esta fisionomia estÇlocalizada na proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras ocupadas. Este habitat vem sofren<strong>do</strong> influéncia antrÅpicamarcante <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã proximida<strong>de</strong> da fazenda, especialmente no que diz respeito ao fogo e ãsespÄcies invasoras.Foto 15 - Campinarana gramíneo-lenhosa (transição para campo rupestre) na Serra <strong>do</strong>Roche<strong>do</strong> (P25).Foto: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.- Campo Rupestre da Amazônia (Refúgios submontanos arbustivos)Serras <strong>do</strong> Mateiro e <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>Este tipo <strong>de</strong> habitat foi <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> por Pires & Prance (1985) como ‘campos rupestres’ daAmazÉnia, sen<strong>do</strong> comparÇvel ãs campinaranas (5.5) com as quais encontramos diversosgraus <strong>de</strong> transiÖÜo, mas tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> uma vegetaÖÜo <strong>de</strong>senvolvida virtualmente na auséncia54


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico<strong>de</strong> solo e, portanto, <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> estrato herbÇceo. Vale ressaltar que nÜo existe ligaÖÜoentre este habitat e os campos rupestres <strong>do</strong> leste <strong>do</strong> Brasil, pois nÜo existem conexåesfloràsticas entre eles.Em localida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> os afloramentos rochosos encontram-se fragmenta<strong>do</strong>s sobre terrenos <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>, observamos uma vegetaÖÜo <strong>de</strong>cidual pouco uniforme, com coberturavegetal <strong>de</strong>scontànua arbustiva e impenetrÇvel. Esta vegetaÖÜo aberta instala-se sobre e entrefendas <strong>de</strong> rochas, on<strong>de</strong> notamos pouca formaÖÜo <strong>de</strong> solo, e conta com arbustos e arvoretas<strong>de</strong> atÄ 5 m alt, mas mais freqëentemente atingin<strong>do</strong> apenas 3-4 m, e um gran<strong>de</strong> nämero <strong>de</strong>lianas e trepa<strong>de</strong>iras. A disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Çgua Ä baixa, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao substrato rochoso e ãsuperficialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo. Em uma dada localida<strong>de</strong> na Serra <strong>de</strong> Roche<strong>do</strong> (P22), foramobservadas rochas divididas por canais profun<strong>do</strong>s (+ <strong>de</strong> 10 m) e paralelos, a 10-15 m um <strong>do</strong>outro, conten<strong>do</strong> Çgua estagnada ou corrente (durante a estaÖÜo chuvosa). Araceae(Philo<strong>de</strong>ndron sp.) e diversas samambaias ocorrem nas pare<strong>de</strong>s sombrias, e algumas Çrvores<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte po<strong>de</strong>m estar quase completamente ocultas nessas fendas, apenas com acopa aparecen<strong>do</strong> na superfàcie (Foto 16).Plantas escan<strong>de</strong>ntes estendiam-se sobre as rochas e sobre outros arbustos, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-seAmaryllidaceae (Bomarea sp.), Araceae (Philo<strong>de</strong>ndron sp.), Bignoniaceae (Distictellamansoana, Arrabi<strong>de</strong>a cinammomea), Dioscoreaceae (Dioscorea sp.), Leguminosae (Canavaliagrandiflora, Abrus pulchellus, Machaerium multifoliolatum), Marcgraviaceae (Noranteaguianensis), Menispermaceae (Cissampelos sp.), Vitaceae (Cissus erosa, Cissus <strong>de</strong>scoignsii).A hemiparasita Psittacanthus <strong>de</strong>ntatus (Loranthaceae) foi observada crescen<strong>do</strong> sobre plantaslenhosas.Foto 16 - Campo rupestre na Serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong> (P22).Foto: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.Plantas herbÇceas foram observadas entre as rochas ã sombra, como, por exemplo,Commelinaceae (Dichorisandra aff. villosula), Iridaceae (Cipura palu<strong>do</strong>sa), Euphorbiaceae(Phyllanthus myrsinites), Selaginellaceae (Selaginella sp.), Begoniaceae (Begonia spForam observadas a palmeira Syagrus cocoi<strong>de</strong>s, e tambÄm Bromeliaceae (Ananasananasoi<strong>de</strong>s), Velloziaceae (Vellozia seubertiana), e, sobre as pedras, gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pteridÅfitas e orquà<strong>de</strong>as rupàcolas (Cyrtopodium sp., Sobralia sp.). Liquens (Cla<strong>do</strong>nia sp.) sÜoabundantes tanto sobre as rochas como nos troncos das Çrvores.Neses ambiente po<strong>de</strong>m ser observadas floresta <strong>de</strong> galeria pouco expressivas, acompanhan<strong>do</strong>os pequenos cursos d’Çgua, com <strong>do</strong>ssel semicontànuo forma<strong>do</strong> por Vochysiaceae (Qualearupicola), Sapotaceae (Micropholis venulosa), Rubiaceae (Dialypetalanthus fuscescens,Remijia sp.), Melastomataceae (Miconia), entre outras.Em direÖÜo ao topo das serras, especialmente nos limites da floresta e em <strong>de</strong>pressåes on<strong>de</strong>hÇ maior acämulo <strong>de</strong> solo, encontramos Çrvores maiores, como, por exemplo, as leguminosasHymenaea courbaril (jatobÇ), Ana<strong>de</strong>nanthera peregrina (angico), Bignoniaceae (Tabebuia sp.)e Cecropiaceae (Cecropia sp.).55


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFoto 17 - Campo rupestre na Serra <strong>do</strong>Roche<strong>do</strong>, transecto 4 (P20).Foto 18- Campo rupestre na Serra<strong>do</strong> Mateiro, P44.Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.Áreas visitadas: Face norte da Serra <strong>do</strong> Mateiro a noroeste <strong>do</strong> Parque; quatro diferentestrechos da Serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong> a sul-su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Parque.Importância <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vegetação para o PEC: alta, pois é um tipo <strong>de</strong> vegetação incomum<strong>de</strong>ntro da área <strong>do</strong> Parque <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às condições geológicas específicas necessárias para seuestabelecimento, com algumas espécies aparentemente exclusivas ou, ao menos, maisexpressivas neste habitat (Dialypetalanthus fuscescens, Himatanthus sucuuba,Cochlospermum orinocense), tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> uma vegetação distinta com aparentementealgumas espécies observadas apenas naquela localida<strong>de</strong> (Parquia cachimboensis (endêmicada região), Ichthyothere sp. nov (espécie nova), Psittacanthus <strong>de</strong>ntatus (endêmica da região),Stachyarrhena acuminata, Paepalanthus bifidus). Devi<strong>do</strong> à notável geologia <strong>de</strong> algumas<strong>de</strong>stas áreas, elas são potencialmente viáveis para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ecoturismo(escalada, turismo <strong>de</strong> aventura).Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: no extremo noroeste <strong>do</strong> Parque o esta<strong>do</strong> é bom, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> àdificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao habitat. Já na Serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>, a base <strong>do</strong>s afloramentos encontraseem contato imediato com Brachiaria, uma Gramineae invasora que compromete parte <strong>do</strong>habitat.Nível <strong>de</strong> ameaça: médio, pois é possível que a natureza estacional <strong>de</strong>sta fisionomia faça comque ela seja vulnerável ao fogo em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seca contínua ou prolongada. É precisomanter o acesso a tal vegetação afastada <strong>de</strong> pastos e estradas por meio da vegetaçãoflorestal circundante, estabelecen<strong>do</strong> limites para a abertura <strong>de</strong> estradas ou mesmo trilhas quepo<strong>de</strong>m facilmente causar erosão <strong>do</strong> solo arenoso/ rochoso, especialmente nas áreas <strong>de</strong> maior<strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>.- Inselbergs <strong>de</strong> granito no oeste <strong>do</strong> PECNo oeste <strong>do</strong> Parque, os inselbergues graníticos com altitu<strong>de</strong> média entre 250-280 m (nomáximo 400 m) e até 6 km <strong>de</strong> extensão, ocorrem, além <strong>de</strong> floresta estacional <strong>de</strong>cidual,afloramentos rochosos pouco extensos on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolve uma vegetação aberta em ilhas <strong>de</strong>solo, pre<strong>do</strong>minantemente arbustivo-herbácea, porém com árvores esparsas que po<strong>de</strong>m atingiraté 25 m alt.Estas formações possuem muitos elementos florísticos em comum com as florestasestacionais <strong>de</strong>ciduais que as circundam, sen<strong>do</strong> comuns as plantas escan<strong>de</strong>ntes comoNorantea guianensis (Marcgraviaceae), além <strong>de</strong> trepa<strong>de</strong>iras herbáceas das famílias:56


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoAsclepiadaceae (Mars<strong>de</strong>nia wed<strong>de</strong>llii), Convolvulaceae (Ipomoea spp., Operculina alata),Leguminosae (Abrus fruticulosus), Malpighiaceae (Banisteriopsis megaphylla).Diferentemente da maior parte <strong>do</strong>s afloramentos das gran<strong>de</strong>s Serras <strong>do</strong> Mateiro e <strong>do</strong>Roche<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> as rochas encontram-se na forma <strong>de</strong> blocos <strong>de</strong> alturas e tamanhos variáveis,forman<strong>do</strong> fendas que são freqüentemente profundas, nessas pequenas serras <strong>do</strong> oeste <strong>do</strong>Parque as rochas expostas são lajes pouco fissuradas e <strong>de</strong> pequena extensão. Estas ocorremsomente nas partes mais elevadas, enquanto que, nas gran<strong>de</strong>s serras, blocos <strong>de</strong> rochaocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a base até o topo <strong>de</strong>las. Apesar <strong>de</strong> haver elementos florísticos em comum, aflora <strong>de</strong>stas pequenas serras é essencialmente diferente das gran<strong>de</strong>s serras, principalmenteem relação ao componente arbóreo. Além disso, nos inselbergues há uma maior abundância<strong>de</strong> bromélias, orquí<strong>de</strong>as e aráceas.Áreas visitadas: inselbergues nas proximida<strong>de</strong>s da Pousada, além daqueles nas RPPNscircunvizinhas.Importância <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vegetação para o PEC: alta, pois é um tipo <strong>de</strong> vegetação incomum<strong>de</strong>ntro da área <strong>do</strong> Parque <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às condições geológicas específicas necessárias para seuestabelecimento, com algumas espécies aparentemente exclusivas ou, ao menos, maisexpressivas neste habitat tratan<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> uma vegetação distinta com aparentemente algumasespécies observadas apenas naquela localida<strong>de</strong> (Erythrina ulei, Pouteria bilocularis), comoMars<strong>de</strong>nia sp. nov. aff. macrophylla (espÖcie nova). Devi<strong>do</strong> à notável geologia <strong>de</strong> algumas<strong>de</strong>stas áreas, elas são potencialmente viáveis para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ecoturismo(caminhada, turismo <strong>de</strong> aventura).Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: no extremo noroeste <strong>do</strong> Parque o esta<strong>do</strong> é médio pois, apesar <strong>de</strong>ser uma área bastante remota, os inselbergues estão em gran<strong>de</strong> parte associa<strong>do</strong>s a terrasagrícolas e estão em contato imediato com pastagens.Nível <strong>de</strong> ameaça: médio, pois é possível que a natureza estacional <strong>de</strong>sta fisionomia faça comque ela seja vulnerável ao fogo em perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seca contínua ou prolongada. É precisomanter o acesso a tal vegetação afastada <strong>de</strong> pastos e estradas por meio da vegetaçãoflorestal circundante, para evitar a chegada <strong>de</strong> gramíneas introduzidas e <strong>de</strong> outras plantasinvasoras.- Vegetação (formações pioneiras) com influência fluvial e/ou lacustrePalmeiral (buritizal)Nas áreas <strong>de</strong> baixada com pouca drenagem no interior da floresta alta com <strong>do</strong>ssel aberto emsolo arenoso, ocorrem comunida<strong>de</strong>s vegetais com pre<strong>do</strong>mínio <strong>de</strong> uma ou poucas espéciesvegetais ocorren<strong>do</strong> em gran<strong>de</strong>s populações. Nessas áreas comumente encontram-sepalmeiras tais como (Mauritia flexuosa – espécie geralmente <strong>do</strong>minante), sete-pernas(Socratea exorrhiza), açaí (Euterpe sp.) e Oenocarpus bataua. Também abundantes são asCecropiaceae (Pourouma sp., Cecropia sp.), com raízes aéreas. Já no ponto P49, foramobservadas abundantes Marantaceae (Calathea altissima, Calathea capitata), Costaceae(Costus scaber), Heliconiaceae (Heliconia bihai) e Rapateaceae (Rapatea palu<strong>do</strong>sa).No terreno em <strong>de</strong>clive nas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssas baixadas, foram registradas árvores earvoretas das famílias Annonaceae, Magnoliaceae (Talauma ovata), Guttiferae (Clusia aff.leprantha), Melastomataceae (Tococa macrosperma), bem como trepa<strong>de</strong>iras(Melastomataceae, Cli<strong>de</strong>mia epibaterium), espécies herbáceas (Marantaceae, Monotagma<strong>de</strong>nsiflorum) e gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> plantas epífitas e hemiepífitas, e abundantessamambaias terrestres e epifíticas.Áreas visitadas: Duas localida<strong>de</strong>s nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> acampamento subin<strong>do</strong> o RioCristalino, 35 km acima da Pousada, perto da fronteira com o Pará.Importância <strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> vegetação para o PEC: alta, apesar <strong>de</strong> ser um tipo <strong>de</strong> vegetaçãocomum <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Parque, apresenta uma associação <strong>de</strong> espécies distinta <strong>de</strong> local para local57


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico(e.g. Rapatea palu<strong>do</strong>sa, Miconia staminea e Calathea capitata foram observada apenas numalocalida<strong>de</strong>). A gran<strong>de</strong> concentraÖÜo <strong>de</strong> palmeiras e outras espÄcies com frutos dispersos poranimais, associada ã disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Çgua durante a maior parte <strong>do</strong> ano, faz com que essasÇreas sejam importantes para a manutenÖÜo da fauna local.Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservação: bom, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ã dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao habitat.Nível <strong>de</strong> ameaça: mÄdio, pois a alta <strong>de</strong>pendéncia <strong>do</strong> balanÖo hàdrico positivo faz com que estafisionomia seja vulnerÇvel a mudanÖas climÇticas e <strong>de</strong> uso das terras localizadas a maiorelevaÖÜo, bem como ao represamento e/ou assoreamento <strong>do</strong>s rios no local.- Contato arbustiva/herbáceaO rio Cristalino no seu trecho no peràmetro norte <strong>do</strong> Parque apresenta um percurso tortuoso,com meandros aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s e semi-aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s, localmente chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> “lagoas”, sen<strong>do</strong>esta terminologia tambÄm a<strong>do</strong>tada neste relatÅrio (Figura 23). O resulta<strong>do</strong> Ä um mosaicocomplexo e dinâmico <strong>de</strong> florestas sazonalmente inundadas (incluin<strong>do</strong> buritizal), vegetaÖÜoherbÇcea aberta e <strong>de</strong>nsa, baixos emaranha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> arbustos baixos, pequenas Çrvores etrepa<strong>de</strong>iras (Foto 19).Figura 23 - Curso <strong>do</strong> Rio Cristalino no noroeste <strong>do</strong> PECFonte: ASTER, 2005Areas roxas representam lagoa e floresta inundada aberta. A pista da Pousada Ä visàvel nomeio da imagem.Nessas lagoas e tambÄm nos bancos que beiram o io Cristalino, encontram-se duas distintasfisionomias, <strong>de</strong>terminadas pela <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> e geologia da margem e pelo fluxo <strong>do</strong> rio:Mata <strong>de</strong> galeria com vegetaÖÜo arbÅrea variada, entremeada com lianas. As espÄciesarbÅreas mais comuns sÜo: Leguminosae (Inga pilosula, Ormosia flava, Zygia latifolia),Annonaceae (Annona hypoglauca), Aquifoliaceae (Ilex inundata), Malpighiaceae (Byrsonimaarthropoda), Vochysiaceae (Vochysia floribunda), entre outras e lianas Bignoniaceae(Arrabi<strong>de</strong>a japurensis, Clytostoma binatum, Martinella obovata e Paragonia pyramidata).Bancos <strong>de</strong> vegetaÖÜo arbustivo-herbÇcea em populaÖåes monoespecàficas ou associaÖåes <strong>de</strong>2-3 espÄcies acumulam-se em remansos ao longo <strong>do</strong> rio (Foto 20). Foram observadaspopulaÖåes monoespecàficas <strong>de</strong>: Euphorbiaceae (Sapium pallidum) 3 , Polygonaceae (Triplarisamericana, Coccoloba ovata), Leguminosae (Macrolobium acaciifolium) e Cecropiaceae(Cecropia sp.).Entre as espÄcies arbustivas e herbÇceas, foram observadas Acanthaceae(Pseu<strong>de</strong>ranthemum congestum), Cucurbitaceae (Ryti<strong>do</strong>stylis amazonica), Malvaceae (Hibiscussororius), Euphorbiaceae (Caperonia palustris), Onagraceae (Ludwigia foliobracteolata),Cyperaceae (Scleria bracteata, Scleria secans) e Polygonaceae (Polygonum acuminatum, P.punctatum) alÄm <strong>de</strong> bancos flutuantes <strong>de</strong> aguapÄs (Ponte<strong>de</strong>riaceae, Eichornia azurea, E.diversifolia), Nymphaea gardneriana (Nymphaeaceae), Pistia stratioi<strong>de</strong>s (Araceae) e Azolla sp.(Pteri<strong>do</strong>phyta).3 Esta espÄcie <strong>do</strong>tada <strong>de</strong> casca castanho-clara cresce em faixas caracteràsticas ao longo <strong>do</strong>s bancos <strong>do</strong> rio, e provavelmentepermanece imersa durante a maior parte <strong>do</strong> ano.58


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoDurante a estação seca, foram observadas Po<strong>do</strong>stemaceae crescen<strong>do</strong> sobre as pedras dascorre<strong>de</strong>iras.Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservaÖÜo: bom, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso ao habitat (entrada apenasatravés da RPPN).Nävel <strong>de</strong> ameaÖa: médio, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à alta <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong> rio, o que faz com que esta fisionomiaseja vulnerável a mudanças climáticas e ao uso das terras localizadas ao norte <strong>do</strong> Parque,especialmente no que concerne ao represamento e/ou assoreamento <strong>do</strong>s rios no local.Fotos 19 - VegetaÖÜo ribeirinha numa das ‘lagoas’ no rio Cristalino (P36).Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.Foto 20 - VegetaÖÜo arbustivo-herbÉcea no rio Cristalino (P45) e Ryti<strong>do</strong>stylis amazonicacobrin<strong>do</strong> vegetaÖÜo ribeirinhaFotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.59


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico- Vegetação secundária e agropecuáriaDentro <strong>do</strong> Parque, as áreas <strong>de</strong> vegetação secundária, muitas vezes completamente<strong>de</strong>scaracterizadas, são mais extensas próximas aos seus limites sul e leste, on<strong>de</strong> se situamestradas e fazendas <strong>de</strong> pequeno a gran<strong>de</strong> porte. Mesmo antes da sua criação <strong>do</strong> Parque, jáexistiam nele áreas <strong>de</strong>gradadas, também associadas às fazendas. Ao longo <strong>do</strong>s anos,conflitos gera<strong>do</strong>s por interesses político-econômicos em relação ao Parque propiciaram oaumento <strong>de</strong>stas áreas em um tamanho consi<strong>de</strong>rável.As vegetações secundárias ocorrem em sua maior parte em áreas relativamente planas,utilizadas principalmente para pecuária. Áreas aci<strong>de</strong>ntadas, como as Serras <strong>do</strong> Mateiro e <strong>do</strong>Roche<strong>do</strong>, sofreram menos alterações, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso. Não obstante, na baseda Serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>m ser observa<strong>do</strong>s locais com vegetação um pouco alterada,conseqüência da sua proximida<strong>de</strong> com a Fazenda AJJ e uma estrada <strong>de</strong> terra.A Figura 24 mostra áreas com vegetação secundária, no interior <strong>do</strong> PEC. As áreas listradas <strong>de</strong>vermelho e branco sofreram alterações antes da criação <strong>do</strong> Parque, em 2001 (fonte: LandsatTM/INPE); as áreas em vermelho entre 2001 e 2006 (fonte: CBERS/INPE).Figura 24 - Áreas <strong>de</strong> vegetação secundária no Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoA proximida<strong>de</strong> com as fazendas é um fator <strong>de</strong> risco muito gran<strong>de</strong> por diversos motivos, como<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao perigo <strong>de</strong> queimadas não-controladas, à erosão, à invasão <strong>de</strong> plantas daninhas, àretirada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira por mora<strong>do</strong>res das fazendas, e à própria <strong>de</strong>vastação para aumento <strong>do</strong>spastos.São típicas <strong>de</strong> vegetação secundárias: Cecropiaceae (Cecropia scia<strong>do</strong>phylla, Cecropia spp.),Guttiferae (Vismia guianensis, V. macrophylla), Annonaceae (Xylopia emarginata), Caricaceae(Jacaratia digitata), Euphorbiaceae (Croton sp.), Palmae (Attalea maripa), Leguminosae(Schizolobium parahyba var. amazonicum), entre outras. Nos limites <strong>do</strong>s pastos, beiran<strong>do</strong> asestradas <strong>de</strong> terra, são comuns a gramínea Andropogon bicornis e outras exóticas (por exemploBrachiaria), além <strong>de</strong> diversas trepa<strong>de</strong>iras (Convolvulaceae, Dilleniaceae, Passifloraceae) e <strong>de</strong>outras plantas ru<strong>de</strong>rais (Compositae, Costaceae, Heliconiaceae). Além <strong>de</strong>ssas, po<strong>de</strong>m serencontradas também algumas espécies exóticas, como da família Leguminosae.Em meio aos pastos, ainda resistem algumas árvores esparsas e muito gran<strong>de</strong>s (> 30 m alt.),geralmente castanheiras (Bertholletia excelsa), mas também jequitibás (Cariniana spp.) epequi (Caryocar spp.). Muitos <strong>de</strong>stes indivíduos, ainda eretos, encontram-se mortos ou quasemortos. Outras árvores que ocorrem nessas áreas são típicas <strong>de</strong> vegetação secundária. Sãocomuns também palmeiras como inajá (Attalea maripa), tucumã (Astrocaryum aculeatum) eoutras.60


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoDevi<strong>do</strong> à sua gran<strong>de</strong> extensão <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Parque, a recuperação das áreas secundárias <strong>de</strong>veser incentivada..Diversida<strong>de</strong> e en<strong>de</strong>mismoDevi<strong>do</strong> à sua localização marginal com respeito ao gran<strong>de</strong> ecossistema amazônico, o ParqueEstadual Cristalino inclui vários extremos ecológicos, como, por exemplo, áreas <strong>de</strong> florestaamazônica <strong>de</strong>nsa e afloramentos rochosos cobertos por vegetação xerófita. A proximida<strong>de</strong>geográfica <strong>de</strong> habitats diferentes possivelmente ocasiona a migração <strong>de</strong> espécies animais aolongo <strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ano, maximizan<strong>do</strong> a utilização <strong>do</strong>s recursos naturais presentes nosdistintos locais. Em termos <strong>de</strong> associações ecológicas, foram observa<strong>do</strong>s gêneros comdiversas síndromes <strong>de</strong> polinização e dispersão (Tabela 8), cujas implicações ecológicassão mais profundamente exploradas por Prance (1985) e Kubitzki (1985), e também inúmerasassociações simbiônticas entre plantas (epifitismo, hemiepifitismo em Orchidaceae, Araceae,Pteri<strong>do</strong>phyta) e animais (formigas e Tachigali spp., Triplaris americana., Tococa spp., Duroiasp., Peperomia sp.). Plantas parasitas também foram observadas (Loranthaceae, Viscaceae,Balanophoraceae).O gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> tipos vegetacionais encontra<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro e nas vizinhanças <strong>do</strong> Parquecontribui para a sua consi<strong>de</strong>rável diversida<strong>de</strong> ecológica. Numa área relativamente pequena(menos <strong>de</strong> 200.000 hectares), foram estuda<strong>do</strong>s diversos habitats distintos, como florestas,tanto periodicamente inundadas como <strong>de</strong> terra firme em diferentes tipos <strong>de</strong> solo, e tambémcampinaranas florestadas e graminosas, e campos rupestres associa<strong>do</strong>s tanto a afloramentosareníticos como graníticos, muitos <strong>de</strong>sses habitats interliga<strong>do</strong>s e apresentan<strong>do</strong> expressivasáreas <strong>de</strong> transição. Cada um <strong>de</strong>sses habitats suporta associações <strong>de</strong> vegetação que incluemplantas tanto lenhosas como herbáceas <strong>do</strong>minantes, ou seja, presentes em maior número,mas também plantas mais raras ou incomuns, específicas <strong>de</strong> um habitat, e outras ocasionais,às vezes comuns a mais <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> ambiente.Foram coletadas mais <strong>de</strong> 3.000 amostras <strong>de</strong> plantas, e i<strong>de</strong>ntificadas 1.280 espécies <strong>de</strong> plantasvasculares distribuídas em 159 famílias. Ainda há espécimes que não foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s, emfamílias como Orquidaceae e diversas Pteri<strong>do</strong>phyta, o que possivelmente irá aumentar onúmero <strong>de</strong> espécies registradas no parque para ao menos 1.300.As famílias com maior riqueza <strong>de</strong> espécies, apresentan<strong>do</strong> 20 ou mais espécies foram:Leguminosae (113 spp.), Rubiaceae (92 spp.), Melastomataceae (45 spp.), Moraceae (39spp.), Euphorbiaceae (38 spp.), Myrtaceae (33 spp.), Annonaceae (33 spp.), Bignoniaceae (31spp.), Cyperaceae (29 spp.), Lauraceae e Gramineae (28 spp.), Apocynaceae (26 spp.),Palmae (25 spp.), Sapotaceae e Guttiferae (23 spp.), Malpighiaceae, Piperaceae, Sapindaceaee Compositae (20 spp.).Foto 21 Scia<strong>do</strong>cephala sp.,espécie nova e primeiro registro <strong>do</strong>61


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoEntre as coletas realizadas, 50 registros novos <strong>de</strong>espÄcies para o Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> foram<strong>de</strong>scobertos, <strong>do</strong>s quais 4 nÜo haviam ainda si<strong>do</strong>citadas para o Brasil, incluin<strong>do</strong> um género <strong>de</strong>Compositae (Scia<strong>do</strong>cephala sp. nov. Foto 21), atÄentÜo nÜo conheci<strong>do</strong> para o Brasil (fig. 8) com umanova espÄcie, e 6 outras espÄcies novas que estÜosen<strong>do</strong> <strong>de</strong>scritas no momento, alÄm <strong>de</strong> outraspotencialmente novas que ainda nÜo forami<strong>de</strong>ntificadas. Em termos <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo, um total <strong>de</strong>12 espÄcies tem sua distribuiÖÜo restrita ã regiÜo esÜo ressaltadas no texto, dan<strong>do</strong> suporte aoscomentÇrios sobre conservaÖÜo <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong>vegetaÖÜo.Espçcies novas (Fotos 26)gÑnero no Brasil.Costus sp. nov. (Costaceae) – ocorren<strong>do</strong> no interior<strong>de</strong> floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana em ÇreasvulnerÇveis <strong>do</strong> PE Cristalino (Çrea <strong>de</strong> logo da PCH <strong>do</strong>Rio Roche<strong>do</strong>). Categoria <strong>de</strong> ameaÖa preliminar– IUCN (2007) – Criticamente ameaÖada (CR).Guarea sp. nov. (Meliaceae) – ocorren<strong>do</strong> nas margens e no interior <strong>de</strong> floresta ombrÅfila <strong>de</strong>nsasubmontana em Çreas vulnerÇveis <strong>do</strong> PE Cristalino (proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Rio Roche<strong>do</strong>). Categoria<strong>de</strong> ameaÖa preliminar– IUCN (2007) – Em perigo (EN).Hyptis sp. nov. aff. crenata (Labiatae) – ocorre na campinarana gramàneo-lenhosa no PECristalino e foi previamente coletada no ParÇ, na Serra <strong>do</strong> Cachimbo. Categoria <strong>de</strong> ameaÖapreliminar – IUCN (2007) – VulnerÇvel (VU).Ichthyothere sp. nov. (Compositae) – foi coletada apenas uma vez nos afloramentos rochososarenàticos da Serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>, atualmente quase totalmente cerca<strong>do</strong>s por fazendas eportanto sob sÄrio risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecer. Categoria <strong>de</strong> ameaÖa preliminar– IUCN (2007) –Criticamente ameaÖada (CR).Mars<strong>de</strong>nia sp. nov. aff. macrophylla (Asclepiadaceae) – ocorre nos afloramentos rochososgranàticos associa<strong>do</strong>s a floresta estacional <strong>de</strong>cidual submontana, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> PE Cristalino e nasRPPNs circunvizinhas. Categoria <strong>de</strong> ameaÖa preliminar– IUCN (2007) – Em perigo (EN).Passiflora sp. nov. (Passifloraceae) – foi coletada apenas uma vez nas proximida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Olhoda Xuxa, no limite Nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> PE Cristalino, crescen<strong>do</strong> ãs margens <strong>de</strong> floresta perturbada.Categoria <strong>de</strong> ameaÖa preliminar– IUCN (2007) – Em perigo (EN).Scia<strong>do</strong>cephala sp. nov. (Compositae) – foi coletada apenas uma vez no interior <strong>de</strong> florestaombrÅfila <strong>de</strong>nsa submontana, nas proximida<strong>de</strong>s da Pousada (Noroeste <strong>do</strong> PE Cristalino), enas proximida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fazendas ainda ativas. Categoria <strong>de</strong> ameaÖa preliminar– IUCN (2007) –Criticamente ameaÖada (CR).Fotos 26 – Aspectos das espçcies novas encontradas no PEC62


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoMars<strong>de</strong>nia sp. nov. (flores)Mars<strong>de</strong>nia sp. nov. (hábito)Guarea sp. nov. (frutos)Ichthyothere sp. nov. (flor)Passiflora sp. nov. (frutos)Costus sp. nov. (flor)Fotos: Acervo <strong>do</strong> Programa Flora Cristalino, FEC;KEW, SEMA.Tabela 8 - Polinização e dispersão por agentes bióticos no Parque Estadual <strong>do</strong>Cristalino.POLINIZAÇÃO63


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoOrnitofilia (beija-flores e outras aves)Quiropterofilia (morcegos)Esfingofilia diurna (borboletas)Esfingofilia noturna (mariposas)Melitofilia (abelhas)Cantarofilia (besouros)Moscas, vespas e outros insetosPalicourea niti<strong>de</strong>lla, Pitcairnia sp., Dyckia sp., Aechmea sp.,Siphocampylus sp., Costus sp., Heliconia spp., Psittacanthus sp.,Passiflora miniata, Psychotria poeppiggiana, Symphonia globuliferaParkia cachimboensis, P. igneiflora, Pseu<strong>do</strong>bombax sp., Ceibasamauma, Pachira sp., Caryocar sp., Mucuna sp.,Arrabi<strong>de</strong>a sp., Justicia spp., Men<strong>do</strong>ncia sp., Ipomoea spp.,Evolvulus sp., Cipura sp., Cuphea sp., Hibiscus spp., Sobralia sp.,Passiflora sp., Faramea sp., Coussarea sp., Psychotria spp.,Vernonia spp., Gurania sp.Epiphyllum phyllanthus, Himatanthus sp., Bauhinia sp., Sobraliasp., Rudgea longifloraBegonia sp., Cochlospermum spp., Dichorisandra sp., Croton sp.,Clusia spp., Kielmeyera spp., Aniba spp., Ocotea spp., Bertholletiaexcelsa, Couratari sp., Acacia sp, Ana<strong>de</strong>nanthera peregrina,Cassia sp., Senna sp., Banisteriopsis spp., Byrsonima spp.,Cedrela spp., Guarea spp., Trichilia spp., Eugenia spp., Myrciaspp., Paullinia sp., Matayba sp., Cupania sp., Cissus sp., Xyris sp.Annona spp., Duguetia spp., Talauma ovata, Philo<strong>de</strong>ndron sp.Aristolochia didyma, Sterculia sp., Theobroma speciosa, Ficus spp.DISPERSÃOGênero peixes aves mamíferos insetosStrychnos +++ + +Picramnia +++ +Aegiphila +++ +Bertholletia +++Oenocarpus +++Bromelia + +++Jacaratia ++ +++Cecropia ++ ++Garcinia ++ ++Epiphyllum ++ +++ +Pouteria + +++ +++En<strong>do</strong>pleura +++Eugenia ++ +++Myrcia +++ +Campomanesia + +++Erythroxylum +++Caryocar +++Renealmia +++Inga +++Mouriri ++ +++ ++Theobroma +++2.4.2.2 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Paisagem64


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoEsta anÇlise foi gerada a partir das bases <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s espaciais oficiais, na escala 1:250.000,cedidas pelo SIPAM-RO,Apartir das caracteràsticas da geologia, geomorfologia, solos e vegetaÖÜo i<strong>de</strong>ntificadas noPEC, mapeadas e integradas em ambiente <strong>de</strong> Sistema <strong>de</strong> InformaÖÜo GeogrÇfica (SIG), forami<strong>de</strong>ntificadas as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Paisagem Natural – UPN ocorrentes na Çrea.A base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s espaciais foi analisada <strong>de</strong> forma integrada, por classifica<strong>do</strong>res autoorganiza<strong>do</strong>s por re<strong>de</strong>s neurais, resultan<strong>do</strong> no mapa das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> paisagens naturais <strong>do</strong>Parque e seu entorno, 18 classes <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> paisagem, como mostra a Figura 3.1. O<strong>de</strong>talhamento <strong>do</strong> mÄto<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> consta no relatÅrio <strong>de</strong> Irgang & Santos (2008), anexo <strong>de</strong>stePlano <strong>de</strong> Manejo.Ao to<strong>do</strong> foram i<strong>de</strong>ntificadas 10 classes <strong>de</strong> UPN compon<strong>do</strong> a Çrea <strong>do</strong> PEC, como mostra aFigura 25. ö possàvel observar que o PEC apresenta uma relativa homogeneida<strong>de</strong>paisagàstica, pois a maior parte <strong>de</strong> sua Çrea (84%) Ä composta por apenas trés das <strong>de</strong>z UPNmapeadas.Contu<strong>do</strong>, as 6 UPN menos representativas em termos <strong>de</strong> Çrea, nem por isso <strong>de</strong>vem serconsi<strong>de</strong>radas como menos importantes, pois po<strong>de</strong>m representar formaÖåes änicas e que<strong>de</strong>vem ser manejadas <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada.65


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 25 - Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Paisagem Natural <strong>do</strong> PEC e região66


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.4.2.3 Caracterização da Fauna (Mamíferos, Aves, Répteis, Anfíbios e Peixes)O Parque Estadual Cristalino apresenta uma riqueza <strong>de</strong> espécies consi<strong>de</strong>rada excepcional,apesar <strong>de</strong> seu tamanho relativamente pequeno para os padrões amazônicos (Campello et alii,2002). Estu<strong>do</strong>s diagnósticos preliminares para o Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> PEC ressaltaram aexistência <strong>de</strong> uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s naturais na região e a extrema riqueza <strong>de</strong> suafauna, com registros <strong>de</strong> espécies novas, endêmicas ou raras (Campello et alii, 2002).Entretanto, pesquisas sobre a sua biodiversida<strong>de</strong> têm si<strong>do</strong> prejudicadas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos conflitosna sua <strong>de</strong>limitação e às dificulda<strong>de</strong>s na elaboração <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo.A literatura científica para o PEC e entorno não apresenta muito material especifico disponível,apenas relatórios técnicos, fol<strong>de</strong>rs, cartilhas, posto que a fauna <strong>de</strong>sta região foi poucoestudada. Além <strong>de</strong>stes, há <strong>do</strong>is trabalhos com resulta<strong>do</strong>s específicos para esta região, osquais serviram <strong>de</strong> base para a presente caracterização: o Relatório Preliminar para o Plano <strong>de</strong>Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual Cristalino, feito pela Tangará (Campello et alii, 2002) e Plano <strong>de</strong>Manejo das RPPNs Cristalino I, II e III (FEC, 2008).Os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s em campo, nestes estu<strong>do</strong>s, encontram-se <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s emArrolho, 2009, anexo X <strong>de</strong>ste diagnóstico e conforme consta na <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> cada tema.- Caracterização da Mastofauna:Os mamíferos, por terem maior tamanho corporal e necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suprimento energético,requerem gran<strong>de</strong>s áreas para a sua sobrevivência, em especial aqueles <strong>de</strong> maior porte. Muitasespécies foram afetadas pelo <strong>de</strong>smatamento e pressão <strong>de</strong> caça. Estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s na região(Michalski & Peres, 2005) <strong>de</strong>monstraram que a abundância, a movimentação e asobrevivência <strong>de</strong> primatas e <strong>de</strong> carnívoros estão sen<strong>do</strong> afetadas pelo processo <strong>de</strong>fragmentação <strong>do</strong> ambiente florestal, sen<strong>do</strong> constatada uma diminuição da riqueza <strong>de</strong> espécies<strong>de</strong>sses grupos no interior <strong>do</strong>s fragmentos remanescentes.Na bacia <strong>do</strong> rio Teles Pires ainda não foi realiza<strong>do</strong> um levantamento abrangente damastofauna, haven<strong>do</strong> apenas estu<strong>do</strong>s pontuais, como o <strong>de</strong> Oliveira (emhttp://www.cristalinolodge.com.br/br/public_html/in<strong>de</strong>x_cristalino-jungle-lodge.htm), queelaborou uma lista com 43 espécies <strong>de</strong> mamíferos da região <strong>de</strong> Alta Floresta, incluin<strong>do</strong>espécies observadas na área e também as <strong>de</strong> ocorrência provável. O Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Viabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>Aproveitamento Hidroelétrico <strong>do</strong> Rio Teles Pires (Eletrobrás, 2005) apresenta uma listagem <strong>de</strong>148 espécies espécies com possível ocorrência na bacia <strong>do</strong> rio Teles Pires.Para PEC e seu entorno existem os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Julio Dalponte, conti<strong>do</strong>s na versão preliminar <strong>do</strong>Plano <strong>de</strong> Manejo Tangará (Campello et alii, 2002) e no Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN CristalinoI, II e III (FEC, 2008), compila<strong>do</strong>s por Arrolho, 2009 e aqui utiliza<strong>do</strong>s.As espécies <strong>de</strong> mamíferos <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte foram i<strong>de</strong>ntificadas por observação diretae indireta (pegadas, sinais acústicos (para primatas principalmente), fezes (para carnívoros eprimatas) e tocas (para tatus, pequenos roe<strong>do</strong>res, etc.) ao longo <strong>do</strong>s transectos e <strong>de</strong> rios,canais e trilhas, no PEC e em trilhas, nas RPPN, sen<strong>do</strong> registra<strong>do</strong>s o tempo gasto parapercorrer a pé ou <strong>de</strong> barco os principais habitats e as distâncias. Adicionalmente, foi feita umaquantificação estimada <strong>do</strong>s mamíferos com base nos seguintes parâmetros: análise <strong>de</strong>pegadas frescas, distância entre diferentes seqüências <strong>de</strong> pegadas, direção <strong>do</strong> movimento(entran<strong>do</strong>, sain<strong>do</strong> ou percorren<strong>do</strong> o transecto ou trilha), tamanho das impressões, padrões <strong>de</strong>mobilida<strong>de</strong> das diferentes espéciesPara o Parque Estadual Cristalino foram registradas 36 espécies <strong>de</strong> mamíferos <strong>de</strong> médio egran<strong>de</strong> porte, incluin<strong>do</strong>: 1 di<strong>de</strong>lmorfo, 7 xenartros, 7 primatas, 11 carnívoros, 1 perissodáctilo, 4artiodáctilos, 4 roe<strong>do</strong>res e 1 lagomorfo. Na área das RPPN Cristalino foram registradas 18espécies, sen<strong>do</strong> que duas - onça parda e jupará, não haviam si<strong>do</strong> registradas anteriormente67


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicono PEC. A lista completa das espécies <strong>de</strong> mamíferos <strong>do</strong> PEC consta como Anexo <strong>de</strong>stediagnóstico.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que esta listagem inclui basicamente espécies <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte, quepelo menos mais 5 espécies adicionais po<strong>de</strong>m ocorrer e que os mamíferos pequenos nãoforam incluí<strong>do</strong>s, é possível que o Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino apresente um <strong>do</strong>s maioresconjuntos <strong>de</strong> mamíferos <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.No rio Cristalino, os mamíferos mais abundantes são as capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris)e as lontras (Lutra longicaudis), sen<strong>do</strong> que as antas (Tapirus terrestris) também são avistadascom freqüência no rio, inclusive à luz <strong>do</strong> dia (Fotos 23). Durante a estação seca, quan<strong>do</strong> amaior parte <strong>do</strong>s afluentes <strong>do</strong> Cristalino quase <strong>de</strong>saparece, a água fica escassa no interior dafloresta e muitos animais vêm beber água no rio. Nessa época, é fácil avistar macacos <strong>de</strong>várias espécies, queixadas, cutias, pacas e outros nas margens <strong>do</strong> rio. A abundância <strong>de</strong>mamíferos e suas distâncias <strong>de</strong> fuga, relativamente curtas, sugerem que o Cristalino é um <strong>do</strong>spoucos rios amazônicos on<strong>de</strong> a caça não se constitui um problema sério.Fotos 23 - Família <strong>de</strong> capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris) e Anta (Tapirusterrestris), nas margens <strong>do</strong> rio CristalinoFotos: Dalponte, em Campello et alii, 2002As ariranhas (Pteronura brasiliensis) <strong>do</strong>minam o topo da ca<strong>de</strong>ia alimentar <strong>do</strong> rio Cristalino,uma vez que não ocorrem nesse rio jacarés-açus, botos, ou pirarucús, os maiores preda<strong>do</strong>res<strong>de</strong> outros rios amazônicos. Como o Cristalino é um rio relativamente pequeno e poucoprodutivo, cada família parece ocupar territórios <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> quilometros ao longo <strong>do</strong> rio.Consequentemente, a população total da espécie, no interior <strong>do</strong> PEC, é pequena, e <strong>de</strong>ve<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> intercâmbio com outras populações da bacia <strong>do</strong> Teles Pires para manter-segeneticamente viável.As lontras, menores <strong>do</strong> que as ariranhas e <strong>de</strong> hábitos solitários, são mais adaptadas aos riospedregosos <strong>do</strong> porte <strong>do</strong> Cristalino e, consequentemente, sua população é maior.A fauna terrestre <strong>do</strong>s igapós consiste, principalmente, <strong>de</strong> espécies arborícolas e <strong>de</strong> espéciesoportunistas, que inva<strong>de</strong>m os igapós durante a seca. Apesar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte das espéciesinvadirem os igapós durante a seca, normalmente não se estabelecem, nem formam territóriosnessas áreas. Durante as cheias, mamíferos como a ariranha inva<strong>de</strong>m os igapós para pescarentre os troncos submersos.Quase to<strong>do</strong>s os mamíferos, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s nos levantamentos, freqüentam as florestas <strong>de</strong> terrafirme. As exceções são os mamíferos aquáticos: capivara, ariranha e lontra. Entre osmamíferos da floresta <strong>de</strong> terra firme <strong>de</strong>stacam-se sete espécies <strong>de</strong> primatas, por suaabundância e diversida<strong>de</strong>, incluin<strong>do</strong> espécies <strong>de</strong> distribuição restrita à margem esquerda <strong>do</strong> rioTeles Pires, como o coatá-<strong>de</strong>-cara branca (Ateles marginatus), muito comum no PEC, mas68


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> ameaça<strong>do</strong> <strong>de</strong> extinção no Brasil (Foto 24). Duas outras espécies <strong>de</strong> macacosameaçadas <strong>de</strong> extinção, e que aparentemente têm populações saudáveis no Parque, sãoguariba-<strong>de</strong>-mão-ruiva (Alouatta belzebul) e cuxiú-<strong>de</strong>-nariz-branco (Chiropotes albinasus).Foto 24 - Macaco-aranha-da-cara-branca (Ateles marginatus).Gran<strong>de</strong>s preda<strong>do</strong>res como a onça-pintada (Panthera onca) e a suçuarana (Puma concolor)parecem ocorrer em <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s relativamente baixas no PEC, o que é típico <strong>de</strong> florestas <strong>de</strong>terra firme amazônica. Como a maioria <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s e médios mamíferos terrestres, essasespécies utilizam também outros habitats <strong>do</strong> Parque, mas é questionável se este, por si só,teria área suficiente para manter populações viáveis <strong>de</strong>ssas espécies.A mastofauna das florestas estacionais é semelhante à das florestas <strong>de</strong> terra firme. Para essasespécies as diferentes formações florestais formam um habitat contínuo, com indivíduos eban<strong>do</strong>s se <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong> oportunisticamente, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos aolongo <strong>do</strong> ano. Merece <strong>de</strong>staque a abundância <strong>de</strong> sinais e avistagens <strong>de</strong> vea<strong>do</strong>s-mateiros(Mazama americana e M. gouazoubira), em algumas <strong>de</strong>stas formações amostradas.Nos afloramentos rochosos, a fauna <strong>de</strong> mamíferos <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte é relativamentepobre, uma vez que a extensão <strong>de</strong>ste habitat é muito limitada. As únicas espécies <strong>de</strong>tectadassão as generalistas que percorrem to<strong>do</strong>s os habitats <strong>do</strong> PEC, como a anta e os ban<strong>do</strong>s <strong>de</strong>queixada. É possível, no entanto, que nos afloramentos mais extensos ocorram pequenosmamíferos, principalmente roe<strong>do</strong>res, típicos <strong>de</strong> áreas abertas e campos rupestres.Nos campos inundáveis, a maior parte da fauna é consistituída <strong>de</strong> espécies generalistas emamíferos adapta<strong>do</strong>s à enchentes. Pela escassez <strong>de</strong> árvores, não ocorrem espéciesarborícolas, típicas <strong>do</strong>s igapós.Os varjões representam ricas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentação para animais herbívorosadapta<strong>do</strong>s a áreas alagadas, tais como as capivaras e antas. Vea<strong>do</strong>s também utilizam esserecurso durante a estação seca.Das 36 espécies <strong>de</strong> mamíferos <strong>de</strong> médio e gran<strong>de</strong> porte registrada no PEC, 14 espécies estãoincluídas na Lista da Fauna Brasileira Ameaçada <strong>de</strong> Extinção (MMA, 2003). Dentre asespécies ameaçadas, algumas têm distribuição amazônica, como o coatá, ou macaco-aranha<strong>de</strong>testa-branca(Ateles marginatus) e o cachorro-<strong>do</strong>-mato-<strong>de</strong>-orelha-curta (Atelocynusmicrotis). Outras são características <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, como o tatu-canastra (Prio<strong>do</strong>ntes maximus),mas a maioria tem distribuição em ambos os biomas, ocorren<strong>do</strong> ainda em outros biomas comoa Mata Atlântica: tamanduá-ban<strong>de</strong>ira (Myrmecophaga tridactyla), jaguatirica (Leoparduspardalis), gato-<strong>do</strong>-mato-pequeno (Leopardus tigrinus), gato-maracajá (Leopardus wiedii), onçapintada(Panthera onca), cachorro-vinagre (Speothos venaticus), ariranha (Pteronurabrasiliensis), e paca (Cuniculus paca).69


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico- Caracterização da Avifauna:O Bioma AmazÉnico Ä extremamente rico em tÇxons <strong>de</strong> aves, com mais <strong>de</strong> 1.000 espÄciesreportadas. Apesar da aparente homogeneida<strong>de</strong> na cobertura vegetal, esse bioma Änitidamente compartimenta<strong>do</strong> e, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da avifauna, diversos autores apontam aexisténcia <strong>de</strong> Çreas <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismos bem distintas entre si (Cracraft, 1985).A regiÜo <strong>do</strong> baixo Teles Pires situa-se entre duas <strong>de</strong>ssas Çreas <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo amazÉnicas eainda uma terceira extra-amazÉnica. Esta localizaÖÜo confere ã regiÜo interesse ornitolÅgico ebiogeogrÇfico, sen<strong>do</strong> uma importante zona <strong>de</strong> contato entre avifaunas diferentes. AlÄm disso, aconvergéncia das faunas <strong>de</strong> trés Çreas <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismo faz com que a riqueza <strong>de</strong> espÄcies sejaextraordinÇria. Na porÖÜo norte, da bacia, por exemplo, foram registradas 476 espÄcies emAlta Floresta (Zimmer et alii, 1997) e 533 no rio Cristalino (Davis & Lang, 2003).Contu<strong>do</strong>, nÜo existe um levantamento abrangente da avifauna da bacia <strong>do</strong> rio Teles Pires,sen<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong>s, numa compilaÖÜo bibliogrÇfica, apenas o Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Viabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>Aproveitamento HidroelÄtrico <strong>do</strong> Rio Teles Pires (EletrobrÇs, 2005), que inclui os resulta<strong>do</strong>sapresenta<strong>do</strong>s em Novaes & Lima (1991), Zimmer et alii (1997), Olmos & Pacheco (2002) eCemat/Engevix (1989).Reunin<strong>do</strong> as listagens apresentadas nestas publicaÖåes, com os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em expediÖÜo<strong>de</strong> coleta para ColeÖÜo <strong>de</strong> Aves <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Zoologia (IB-USP), realizada em 1999,na regiÜo <strong>do</strong>s rios Cristalino, SÜo Benedito e Cururu (Gaban-Lima & Raposo, nÜo publ), chegasea um total <strong>de</strong> 595 espÄcies <strong>de</strong> ocorréncia provÇvel ou constatadas na bacia <strong>do</strong> rio TelesPires.Nos ältimos anos, duas novas espÄcies foram <strong>de</strong>scritas na regiÜo: o gaviÜo Micrastur mintoni(Whittaker, 2002) e Gypopsitta aurantiocephala (Gaban-Lima et alii, 2002). A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>espÄcies atÄ entÜo <strong>de</strong>sconhecidas pela ciéncia mostra o quanto a avifauna da regiÜo Ä<strong>de</strong>sconhecida e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existirem outras espÄcies por serem <strong>de</strong>scobertas.De acor<strong>do</strong> com Oren & Guerreiro <strong>de</strong> Abuquerque (1991) e Oren (1992), as regiåes <strong>do</strong>s riosTeles Pires e Juruena incluem algumas Çreas completamente <strong>de</strong>sconhecidas em termos <strong>de</strong>inventÇrios ornitolÅgicos. AlÄm disso, EletrobrÇs (2005) consi<strong>de</strong>ra o baixo Teles Pires como “otrecho melhor conserva<strong>do</strong>, com sua avifauna provavelmente tambÄm em bom esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>preservaÖÜo”.Para o interior <strong>do</strong> PEC e seu entorno hÇ os levantamentos feitos por Dante Buzzetti,constantes na versÜo preliminar <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo TangarÇ (Campello et alii, 2002) e os <strong>de</strong>Zimmer et alii (1997), um longo estu<strong>do</strong> na regiÜo <strong>do</strong> Cristalino, utiliza<strong>do</strong> no Plano <strong>de</strong> Manejodas RPPN Cristalino I, II e III (FEC, 2008), cujos resulta<strong>do</strong>s foram compila<strong>do</strong>s por Arrolho(2009), servin<strong>do</strong> <strong>de</strong> base para a presente caracterizaÖÜo.De acor<strong>do</strong> com Zimer et allii (1997), hÇ registro <strong>de</strong> 476 espÄcies <strong>de</strong> aves na regiÜo <strong>do</strong>Cristalino, muitas das quais endémicas, sen<strong>do</strong> esta regiÜo uma das mais ricas em avifauna <strong>do</strong>Brasil e <strong>de</strong> toda a AmazÉnia Oci<strong>de</strong>ntal. Des<strong>de</strong> entÜo, muitas espÄcies foram adicionadas aesta lista <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos muitos observa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> aves que visitam a regiÜo. A lista atual contÄm515 espÄcies, incluin<strong>do</strong> espÄcies raras e novas, como as das famàlias Pipridae e Trochilidae. Alista completa das espÄcies da avifauna <strong>do</strong> PEC e entorno consta em Arrolho (2009), anexo<strong>de</strong>ste diagnÅstico.Estas espÄcies pertencem a 57 famàlias e 17 or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> aves. As famàlias mais importantes emnämero <strong>de</strong> espÄcies sÜo: Tyrannidae (67 espÄcies - bem-te-vi, bico-chato, cucuruta<strong>do</strong>,juruviara e outros); Emberezidae (58 espÄcies – gaturamos, saàs, saàras, sanhaÖos);Thamnophilidae (43 spp. – choquinhas, chororÅs, papa-formigas e outros); Furnariidae (25spp. - bico-vira<strong>do</strong>, fura-barreiras, joÜo-tenenÄm, limpa-folha, vira-folha e outros); Accipitridae(24 spp. – gaviåes e Çguia); Psittacidae (23 spp. – araras, papagaios, tiribas e outros);Cotingidae (21 spp. – anambÄs, biscateiro, caneleirinho e outros.); Trochilidae (19 spp. – beijaflorese outros) e Dendrocolaptidae (18 spp. – arapaÖus). Juntas, essas nove famàliascorrespon<strong>de</strong>m a cerca <strong>de</strong> 50% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> espÄcies registradas.70


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoAlgumas espÄcies tém distribuiÖÜo restrita a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s hÇbitats, como os bambuzais e osla<strong>do</strong>s norte e sul <strong>do</strong> rio Teles Pires.No Parque Estadual Cristalino a i<strong>de</strong>ntificaÖÜo das aves foi feita por bioacästica e avistamento,ao longo <strong>do</strong>s transectos, com amostragens a cada cem metros, com pausas <strong>de</strong> <strong>de</strong>z minutos,entre o nascer <strong>do</strong> sol e meio-dia (Campello et allii, 2002).No rio Cristalino foi observada uma avifauna rica e variada, com 103 espÄcies registradasdurante os transectos fluviais, das quais 7 nÜo foram <strong>de</strong>tectadas em outros ambientes. Entreas espÄcies caracteràsticas <strong>do</strong> rio Cristalino e seus lagos estÜo o biguÇ (Phalacrocoraxbrasilianus), a biguatinga (Anhinga anhinga), trés espÄcies <strong>de</strong> patos (Anatidae), sete espÄcies<strong>de</strong> garÖas (Ar<strong>de</strong>idae) e cinco <strong>de</strong> martim-pesca<strong>do</strong>r (Alcedinidae). Entre as garÖas, <strong>de</strong>staca-se aabundância <strong>de</strong> garÖas-reais (Philerodius pileatus, Fotos 25). A cigana (Opisthocomus hoatzin),ave interessante para o ecoturismo, ocorre nos lagos <strong>do</strong> mÄdio Cristalino, on<strong>de</strong> se alimenta <strong>de</strong>folhas da vegetaÖÜo flutuante e trepa<strong>de</strong>iras que crescem ao longo das margens.Fotos 25 - Espécies da avifauna <strong>do</strong> PEC: garça real e beija-flor-ver<strong>de</strong> no ninho.Fotos: Buzzetti, em Campello et alii, 2002Nos igapÅs, foram registradas 182 espÄcies <strong>de</strong> aves, das quais 56 (31%) sÅ foramencontradas no interior <strong>de</strong>sse ambiente. Assim, os igapÅs <strong>do</strong> Cristalino aparecem como asegunda comunida<strong>de</strong> natural mais rica em espÄcies (<strong>de</strong>pois da mata <strong>de</strong> terra firme), e como aprimeira em termos <strong>de</strong> “en<strong>de</strong>mismo aparente. Muitas espÄcies <strong>de</strong> ave, (e.g., o solta-asa ouHypocnemoi<strong>de</strong>s maculicauda) nidificam exclusivamente no interior <strong>do</strong>s igapÅs durante a cheia,em arbustos ro<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s por Çgua e, portanto, a salvo <strong>de</strong> preda<strong>do</strong>res terrestres. Outras espÄciescaracteràsticas <strong>do</strong>s igapÅs incluem o martim-pesca<strong>do</strong>r-da-mata (Chloroceryle inda) e o vistosoanambÄ-preto (Cephalopterus ornatus), facilmente avista<strong>do</strong> nos igapÅs <strong>do</strong> mÄdio Cristalino.Este resulta<strong>do</strong> Ä surpreen<strong>de</strong>nte diante da pequena extensÜo <strong>do</strong>s igapÅs, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s71


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicocom outras formaÖåes florestais, e reflete a existéncia <strong>de</strong> muitas espÄcies adaptadas ãscondiÖåes ambientais peculiares.Nas florestas <strong>de</strong> terra firme, foram registradas 218 espÄcies <strong>de</strong> aves, das quais 59 (27%) nÜoforam <strong>de</strong>tectadas em qualquer outro ambiente. Estes nämeros indicam que estas florestasrepresentam o habitat preferencial para a maior parte das espÄcies <strong>de</strong> fauna <strong>do</strong> PEC. Essefato se <strong>de</strong>ve tanto ã extensÜo <strong>do</strong> ambiente quanto ã gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nichos disponàveis.Entre os <strong>de</strong>staques da avifauna estÜo o gaviÜo-real ou harpia (Harpia harpyja), maior preda<strong>do</strong>rala<strong>do</strong> <strong>do</strong> Parque e uma das maiores aves <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, cuja presenÖa na regiÜo atesta aexisténcia <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s extensåes <strong>de</strong> habitat bem preserva<strong>do</strong>, com abundância <strong>de</strong> mamàferosarboràcolas (alimento). Outros <strong>de</strong>staques incluem os ban<strong>do</strong>s mistos <strong>do</strong> sub-bosque, compostospor muitas espÄcies insetàvoras, assim como as espÄcies raras associadas a bambuzais nomeio da floresta (e.g., a trovoada-listrada (Drymophila <strong>de</strong>villei), o chororÅ-<strong>de</strong>-Manu(Cercomacra manu) e a maria-cabeÖuda (Ramphotrigon fuscicauda).Nas florestas estacionais semi<strong>de</strong>ciduais foram registradas 175 espÄcies <strong>de</strong> aves, das quais 19(11%) nÜo foram <strong>de</strong>tectadas em outros ambientes <strong>do</strong> PEC. As florestas estacionais e <strong>de</strong> terrafirme tem 122 espÄcies em comum (70% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> espÄcies da floresta estacional),evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> o uso <strong>de</strong> diversos habitats florestais pela maior parte da avifauna. Entre asespÄcies caracteràsticas <strong>de</strong>stas florestas estacionais estÜo a choca-bate-cabo (Thamnophilusstictocephalus) e o caÖula (Myiornis ecaudatus), ambas relativamente abundantes eaparentemente ausentes nas outras comunida<strong>de</strong>s naturais florestais <strong>do</strong> Parque.Nos ambientes com rocha exposta (afloramentos rochosos) foram i<strong>de</strong>ntificadas 67 espÄcies <strong>de</strong>aves. Dessas, 22 ocorrem em afloramentos no topo das serras e 48 em Çreas planas <strong>de</strong>campo rupestre e 20 espÄcies (29%) sÜo exclusivas <strong>de</strong>stes ambientes. Este Ä um nämerorazoavelmente eleva<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se o isolamento e a pequena extensÜo <strong>do</strong>s fragmentoscom afloramentos rochosos. Adicionalmente, 19 das espÄcies <strong>de</strong> aves <strong>do</strong>s afloramentos aindanÜo haviam si<strong>do</strong> registradas na regiÜo, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que os diversos levantamentos prÄviosnÜo abrangeram toda a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitats.Entre os <strong>de</strong>staques da avifauna <strong>do</strong>s afloramentos e campos rupestres estÜo a choca-batecabo(Thamnophilus stictocephalus) e o beija-flor-ver<strong>de</strong> (Polytmus theresiae). Este ältimo Ätàpico <strong>de</strong> Çreas abertas naturais ao norte <strong>do</strong> rio Amazonas, e ainda nÜo havia si<strong>do</strong> registradapara o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.Os varjåes apresentaram 64 espÄcies <strong>de</strong> aves, sen<strong>do</strong> trés espÄcies exclusivas <strong>de</strong>stesambientes: o pinto-d’Çgua-comum (Laterallus melanophaius), a tietinga (Cissopis leveriana) e asaàra-mascarada (Tangara nigrocincta).A riqueza <strong>de</strong> espÄcies <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s naturais nÜo-florestais, como campos inundÇveis ecampos rupestres, Ä sempre menor <strong>do</strong> que o observa<strong>do</strong> nos ambientes florestais.Entre as espÄcies da avifauna registradas no PEC, duas sÜo ameaÖadas <strong>de</strong> extinÖÜo e, pelomenos sete, sÜo provavelmente ameaÖadas ou insuficientemente conhecidas (Collar et alii.,1994; Sick, 1997; Birdlife International, 2000). Dessas aves, Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus(arara-azul-gran<strong>de</strong>), Pteroglossus bitorquatus (araÖari-<strong>de</strong>-pescoÖo-vermelho) e Dendrocinclafuliginosa (arapaÖu-par<strong>do</strong>) sÜo consi<strong>de</strong>radas pelo MMA (2003) sob algum grau <strong>de</strong> ameaÖa ouna categoria “VulnerÇvel” e Psophia viridis (jacamim-<strong>de</strong>costa-ver<strong>de</strong>), Phlegopsis nigromaculata(mÜe-<strong>de</strong>-taoca), Dendrocincla merula (arapaÖu-da-taoca), Dendrexetastes rufigula (arapaÖucanela)e Dendrocolaptes certhia (arapaÖu-barra<strong>do</strong>), na categoria "Em perigo".Dentre as espÄcies pouco conhecidas e registradas no PEC merece <strong>de</strong>staque o danÖa<strong>do</strong>r<strong>de</strong>coroa-<strong>do</strong>urada(Lepi<strong>do</strong>trix vilasboasi), conheci<strong>do</strong> atÄ recentemente apenas nas cabeceiras<strong>do</strong> rio Cururu e re<strong>de</strong>scoberto, em 2003, nas margens <strong>do</strong> rio Jamanxim por Olmos & Pacheco(2002; 2003). Segun<strong>do</strong> estes autores, a Çrea on<strong>de</strong> a espÄcie foi encontrada estÇ sen<strong>do</strong><strong>de</strong>gradada rapidamente, por conta <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamentos para implantaÖÜo <strong>de</strong> pastagens e <strong>de</strong>veacelerar ainda mais com a pavimentaÖÜo da BR-163.72


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico- Caracterização da herpetofauna (répteis e anfíbios):A <strong>de</strong>scriÖÜo da fauna <strong>de</strong> rÄpteis e anfàbios <strong>do</strong> PEC e sua regiÜo foi baseada nos da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>Alexandre <strong>de</strong> Araäjo, Ayrton Klier PÄres Jänior e Reuber Albuquerque BrandÜo, obti<strong>do</strong>s nosestu<strong>do</strong>s para a versÜo preliminar <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo TangarÇ (Campello et alii, 2002) e <strong>de</strong>Guarino R. Colli, para o Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN Cristalino I, II e III (FEC, 2008),compila<strong>do</strong>s por Arrolho, 2009.O levantamento para o Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN Cristalino foi feito numa expediÖÜorealizada entre 26 <strong>de</strong> outubro e 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2005. Foram utilizadas coleta manual e<strong>do</strong>is tipos <strong>de</strong> armadilhas: alÖapåes com cercas-guia (25) e alÖapåes/funis com cercas-guia(25), coloca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma intercalada, a cada 20 m, ao longo <strong>de</strong> transecÖåes <strong>de</strong>aproximadamente 1,5 km. As coletas manuais foram feitas <strong>de</strong> forma aleatÅria, ao longo <strong>de</strong>transectos e na inspeÖÜo <strong>de</strong> microhÇbitats. AlÄm das transecÖåes, a amostragem foi feita nastrilhas da Castanheira e da Serra e ao longo da margem <strong>do</strong> rio Cristalino. Amostras <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>sdas espÄcies coletadas foram armazenadas em nitrogénio làqui<strong>do</strong> e <strong>de</strong>positadas emcongela<strong>do</strong>res apropria<strong>do</strong>s (-80íC) na ColeÖÜo HerpetolÅgica da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Brasàlia(CHUNB), assim como to<strong>do</strong>s os espÄcimes coleta<strong>do</strong>s.Foram registradas ao to<strong>do</strong> 35 espÄcies <strong>de</strong> anfàbios e 66 <strong>de</strong> rÄpteis na Çrea das RPPNCristalino. Estas Çreas incluem sistemas isola<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vegetaÖÜo aberta, nos topos <strong>de</strong> pequenasserras. Estes isola<strong>do</strong>s abrigam uma herpetofauna prÅpria, distinta daquela da florestaamazÉnica, incluin<strong>do</strong> pelo menos uma espÄcie endémica <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, o lagarto Hoplocercusspinosus, uma espÄcie pouco conhecida, aparentemente <strong>de</strong> hÇbitos secretivos, que viveprÅxima <strong>de</strong> buracos que cava no chÜo.A i<strong>de</strong>ntificaÖÜo da herpetofauna <strong>do</strong> PEC foi feita por observaÖÜo direta, ao longo <strong>do</strong>stransectos, <strong>de</strong> dia e <strong>de</strong> noite, com investigaÖÜo <strong>de</strong> tocas, troncos e outros microhabitats, e porarmadilhas tipo pitfall. Foram utilizadas 60 armadilhas, dispostas ao longo <strong>de</strong> cada transecto,conferidas diariamente.No PEC foram registradas 72 espÄcies, sen<strong>do</strong> 29 anfàbios, 18 lagartos, 2 cobras-<strong>de</strong>-duascabeÖas,17 serpentes, 2 crocodilianos e 4 testudinatas, como consta em Arrolho (2009),anexo <strong>de</strong>ste diagnÅstico. Os da<strong>do</strong>s apontam que os hÇbitats florestais abrigam a gran<strong>de</strong>maioria das espÄcies da herpetofauna, enquanto que apenas duas espÄcies po<strong>de</strong>m serconsi<strong>de</strong>radas como tàpicas <strong>de</strong> Çreas abertas, Hoplocercus spinosus e Hyla albopunctata.Os anfàbios <strong>do</strong> PEC, especificamente <strong>do</strong> rio Cristalino, incluem vÇrias espÄcies comuns <strong>do</strong>srios da AmazÉnia meridional e <strong>do</strong> Planalto Central. A predaÖÜo <strong>do</strong>s girinos por peixes fazem<strong>do</strong>s rios um habitat difàcil para a maior parte das pererecas, que preferem se reproduzir emcorpos d’Çgua menores, no interior da floresta. A perereca Hyla boans <strong>de</strong>staca-se nasmargens <strong>do</strong> rio Cristalino por sua abundância e vocalizaÖåes. Esta espÄcie, muito gran<strong>de</strong> paraseu género, <strong>de</strong>sova em ninhos construà<strong>do</strong>s pelos machos, na beira <strong>do</strong> rio, on<strong>de</strong> os girinos se<strong>de</strong>senvolvem a salvo <strong>de</strong> preda<strong>do</strong>res. Seu registro no PEC representa uma extensÜo dadistribuiÖÜo <strong>de</strong>ssa espÄcie carismÇtica.Outro <strong>de</strong>staque da herpetofauna <strong>do</strong> PEC Ä a populaÖÜo saudÇvel <strong>do</strong> jacarÄ-coroa(Paleosuchus trigonatus, Fotos 26). Este pequeno jacarÄ amazÉnico Ä pouco conheci<strong>do</strong>,compara<strong>do</strong> com seu parente maior, o jacarÄ-tinga (Caiman crocodilus), que tambÄm ocorre noCristalino. Tàpico <strong>de</strong> rios <strong>de</strong> cabeceiras, o jacarÄ-coroa se reproduz durante a estaÖÜo daschuvas.Duas espÄcies <strong>de</strong> tartaruga - Phrynops geoffroanus e o tracajÇ (Po<strong>do</strong>cnemis unifilis) foramregistradas no rio Cristalino. A tartaruga-da-amazÉnia (Po<strong>do</strong>cnemis expansa) ocorre no rioTeles Pires, mas nÜo foi encontrada no rio Cristalino.73


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFotos 26 - Representantes da herpetofauna <strong>do</strong> PEC: perereca (Hyla boans), jacaré(Paleosuchus trigonatus) e serpente (Philodryas viridissimus)Fotos: Araújo, em Campello et alii, 2002Durante as cheias, os rÄpteis aquÇticos, como os jacarÄs, inva<strong>de</strong>m os igapÅs para pescarentre os troncos submersos. O jacarÄ Paleosuchus trigonatus Ä particularmente bem adapta<strong>do</strong>aos igapÅs e po<strong>de</strong> ser encontra<strong>do</strong> com facilida<strong>de</strong>, especialmente nos canais <strong>de</strong> drenagem.Outro rÄptil caracteràstico <strong>do</strong>s igapÅs Ä o tamaquarÄ (Uranosco<strong>do</strong>n superciliosa), um lagartotropidurà<strong>de</strong>o tàpico das florestas inundadas da AmazÉnia.Nas florestas <strong>de</strong> terra firme, foram registradas 19 espÄcies <strong>de</strong> anfàbios, 12 espÄcies <strong>de</strong>lagartos, 2 espÄcies <strong>de</strong> anfisbaenos e 13 espÄcies <strong>de</strong> serpentes, incluin<strong>do</strong> espÄcies como ascobras Oxybelis fulgidus e Philodryas viridissimus, caracteràsticas <strong>de</strong> ambientes florestaisprimÇrios.Nas florestas estacionais, das 14 espÄcies <strong>de</strong> rÄpteis e anfàbios <strong>de</strong>tectadas, 4 nÜo foramencontradas na floresta <strong>de</strong> terra firme. Destas, o lagarto Hoplocercus spinosus e a pererecaEpipe<strong>do</strong>bates pictus sÜo tàpicos <strong>de</strong> Çreas abertas e foram tambÄm <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s emafloramentos rochosos; seu habitat no PEC Ä na verda<strong>de</strong> o mosaico <strong>de</strong> floresta estacional comafloramentos rochosos que caracteriza as serras da regiÜo. Uma espÄcie nova <strong>de</strong> pererecamuito vistosa, <strong>do</strong> genero Dendrobates, tambÄm ocorre nas florestas estacionais. Esse génerosecreta potentes toxinas pela pele e a sua coloraÖÜo brilhante serve <strong>de</strong> aviso para potenciaispreda<strong>do</strong>res. Outro <strong>de</strong>staque das florestas estacionais Ä uma espÄcie <strong>de</strong> perereca <strong>do</strong> generoEleutherodactylus. Essa espÄcie ocorre tambÄm na terra firme e nos igapÅs, mas um ninhocom 5 ovos foi <strong>de</strong>scoberto na floresta estacional, no topo <strong>de</strong> uma serra, longe da Çgua, noinàcio da estaÖÜo seca. Este genero <strong>de</strong> anfàbios Ä um <strong>do</strong>s poucos cuja reproduÖÜo Ä totalmentein<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> corpos d’Çgua, pois os ovos ficam envoltos em uma <strong>de</strong>nsa secreÖÜo que osmantÄm ämi<strong>do</strong>s.A herpetofauna <strong>do</strong>s afloramentos rochosos Ä particularmente interessante por incluir espÄciesque nÜo ocorrem em outros ambientes <strong>do</strong> PEC e que sÜo tàpicas das Çreas abertas <strong>de</strong>Cerra<strong>do</strong>. Estas espÄcies incluem os lagartos Hoplocercus spinosus e Tropidurus insulanus. O74


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoprimeiro Ä endémico das Çreas abertas da Serra <strong>do</strong> Cachimbo e regiåes vizinhas, e o segun<strong>do</strong>jÇ foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> endémico <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, mas existem alguns registros em Çreas <strong>de</strong> florestas,ao sul da AmazÉnia.Entre os anfàbios, <strong>de</strong>stacam-se duas espÄcies <strong>de</strong> perereca tàpicas <strong>de</strong> Çreas rochosas ecampos rupestres: Epipe<strong>do</strong>batis pictus e Pseu<strong>do</strong>paludicola sp., abundantes em serras, nasformaÖåes cristalinas <strong>do</strong> Brasil Central (Chapada <strong>do</strong>s GuimarÜes, Chapada <strong>do</strong>s Vea<strong>de</strong>iros,Serra <strong>do</strong> CipÅ, Chapada Diamantina).Seis anuros (Colostethus marchesianus, Dendrobates castaneoticus, Dendrobatesgalactonotus, Dendrobates ventrimaculatus, Epipe<strong>do</strong>bates femoralis e Ameerega trivittata),<strong>do</strong>is quelÉnios (Po<strong>do</strong>cnemis expansa e Po<strong>do</strong>cnemis unifilis), cinco lagartos (Iguana iguana,Crocodilurus amazonicus, Dracaena guianensis, Tupinambis merianae e Tupinambis teguixin),e seis serpentes (Boa constrictor, Corallus caninus, Corallus hortulanus, Epicrates cenchria,Eunectes murinus e Clelia clelia) tambÄm estÜo ameaÖa<strong>do</strong>s, mas em menor grau (Apéndice IIda CITES).No total sÜo 72 espÄcies, nämero que po<strong>de</strong> estar bastante aquÄm da real riquezaherpetolÅgica da Çrea. ö importante mencionar que a porÖÜo norte da bacia <strong>do</strong> rio Teles PiresÄ uma das sete Çreas consi<strong>de</strong>radas prioritÇrias para a realizaÖÜo <strong>de</strong> inventÇrios <strong>de</strong> rÄpteis eanfàbios, assim <strong>de</strong>scrita: “Norte <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> e sul <strong>do</strong> Parâ: ârea <strong>de</strong> transiÉÑo entre oCerra<strong>do</strong> e a Floresta AmazÇnica, com vârios enclaves <strong>de</strong> vegetaÉÑo aberta, <strong>de</strong>ntre os quais se<strong>de</strong>staca a serra <strong>do</strong> Cachimbo, on<strong>de</strong> ocorre um endämico (Tropidurus insulanus).” Da mesmaforma como ocorre com mamàferos e aves, o conhecimento sobre a herpetofauna da bacia <strong>do</strong>rio Teles Pires ainda Ä escasso e fragmenta<strong>do</strong>.- Caracterização da Ictiofauna:A caracterizaÖÜo da fauna <strong>de</strong> peixes (ictiofauna) <strong>do</strong> PEC e sua regiÜo foi baseada nos da<strong>do</strong>s<strong>de</strong> Francisco Macha<strong>do</strong>, obti<strong>do</strong>s nos estu<strong>do</strong>s para a versÜo preliminar <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> ManejoTangarÇ (Campello et alii, 2002), compila<strong>do</strong>s por Arrolho (2009).Foram <strong>de</strong>ntificadas apenas as espÄcies mais importantes para a pesca, tanto esportiva comocomercial, ocorrentes no rio Cristalino. Foram feitas amostragens em locais <strong>de</strong> remanso,poÖos, corre<strong>de</strong>iras e locais encachoeira<strong>do</strong>s. Foram tambÄm amostra<strong>do</strong>s lagos e suas<strong>de</strong>sembocaduras no rio Cristalino. O mÄto<strong>do</strong> <strong>de</strong> coleta consistiu <strong>de</strong> pescarias com linha eanzol, linhadas <strong>de</strong> mÜo e com molinetes e varas, utilizan<strong>do</strong> iscas artificiais (colheresprincipalmente), peixes (lambaris captura<strong>do</strong>s com tarrafas <strong>de</strong> malha fina, utilizadas somentepara este fim), minhocas, milho e frutos encontra<strong>do</strong>s na margem <strong>do</strong> rio. Para cada exemplarcaptura<strong>do</strong> foi realizada uma biometria, pesagem, anÇlise <strong>de</strong> conteä<strong>do</strong> estomacal, sexagem e<strong>de</strong>terminaÖÜo <strong>de</strong> esta<strong>do</strong> gonadal.Foram ao to<strong>do</strong> registradas 16 espÄcies <strong>de</strong> peixes alvos <strong>de</strong> pesca no rio Cristalino, comoconsta na Tabela 9. Foram tambÄm registradas as visualizaÖåes <strong>de</strong> outras espÄcies <strong>de</strong>pequeno porte, como trés espÄcies <strong>de</strong> acarÇs (famàlia Cichlidae) e Moenkausia aff. Oligoleps,que chegam a representar 90% das espÄcies <strong>de</strong> pequenos igarapÄs.O preda<strong>do</strong>r mais interessante, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da pesca esportiva, Ä o tucunarÄ (Cichla aff.ocellaris), abundante na regiÜo. Em locais <strong>de</strong> menor correnteza, o trairÜo (Hophias gr.Lacerdae) tambÄm Ä abundante. Exemplares maiores sobem o rio para reproduzir-se nospoÖos mais profun<strong>do</strong>s. Entre os peixes preda<strong>do</strong>res <strong>do</strong> rio Cristalino encontram-se ainda acachorra (Hydrolicus scomberoi<strong>de</strong>s), a piranha preta (Serrasalmus rhombeus), o pinta<strong>do</strong>(Pseu<strong>do</strong>platystoma fasciatum), o surubim (Surubim lima) e o jaä (Paulicea luetkeni). Esteältimo Ä o maior peixe <strong>de</strong>ste rio.Tabela 9 - Espécies <strong>de</strong> peixes importantes para a pesca ocorrentes no rio Cristalino.75


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoEspÄcie VariaÖÜo <strong>de</strong> Tamanho VariaÖÜo <strong>de</strong> Peso Conteä<strong>do</strong> EstomacalHydrolicus scomberoi<strong>de</strong>s (n=02) 40 – 61 cm 0,65 – 0,9 Kg PeixeBrycon cephalus (n=10) 26 – 56 cm 0,5 – 37 Kg Inseto, rato, frutoSerrasalmus rhombeus (n=06) 19 – 30 cm 0,15 – 0,45 Kg PeixeTometes sp. (n=01) 39 cm 1,19 Kg VazioMyleus sp.(n=02) 41 – 46 cm 3 – 3,25 Kg VazioLeporinus fri<strong>de</strong>rici (n=02) 18 – 22 cm 0,15 – 0,23 Kg MilhoMyleus schomburgki (n=06) 20 – 26 cm 0,2 – 0,45 Kg Flores <strong>de</strong> Ingâ sp.,milhoHoplias lacerdae (n=02) 69 – 78 cm 6 – 7 Kg VazioBoulengerella ocellata (n=01) 82 cm 4,5 Kg VazioPimelodus blochii (n=02) 17 – 20 cm 0,12 – 0,16 Kg VazioSorubim lima (n=23) 32,5 – 47 cm 0,185 – 0,49 Kg CamarÜo, peixeHemissorubim platerhynchos*Pseu<strong>do</strong>platystoma(n=02)Paulicea luetkeni*fasciatum54 – 63 cm 2 – 2,5 Kg PeixeCiclha aff. ocellaris (n=04) 41 – 57 cm 1,8 – 3,8 Kg PeixeProchilodus nigricans*Muitas plantas <strong>do</strong>s igapÅs e varjåes produzem frutos, flores e folhas que sÜo consumi<strong>do</strong>s porpeixes como pacäs <strong>do</strong>s géneros Tometes e Myleus e o matrinchÜ (Brycon cephalus), queformam a base da ca<strong>de</strong>ia trÅfica <strong>do</strong> rio Cristalino. Herbàvoros terrestres associa<strong>do</strong>s ã Çgua,como capivaras e ciganas, tambÄm contribuem para adubar as Çguas <strong>do</strong> Cristalino e assimaumentar sua produtivida<strong>de</strong>. Dessa forma, a base da ca<strong>de</strong>ia alimentar <strong>do</strong> rio estÇ navegetaÖÜo <strong>do</strong>s ambientes inundÇveis, pois a vegetaÖÜo aquÇtica nÜo Ä abundante nas ÇguasdistrÅficas <strong>de</strong>ste rio, on<strong>de</strong> pre<strong>do</strong>minam aguapÄs, concentra<strong>do</strong>s nos lagos, que para on<strong>de</strong> sÜocarreia<strong>do</strong>s <strong>de</strong>tritos orgânicos e nutrientes durante as enchentes.Peixes <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o rio Cristalino, e possivelmente tambÄm <strong>do</strong> Teles Pires, convergem para osigapÅs <strong>do</strong> trecho mediano <strong>do</strong> rio para se alimentar <strong>do</strong>s frutos ali abundantes. Muitas espÄciesse alimentam pouco ou jejuam durante a seca, viven<strong>do</strong> <strong>de</strong> reservas energÄticas acumuladasdurante a bonanÖa das enchentes.O consumo <strong>de</strong> frutos nos igapÅs, por peixes frugàvoros, forma a base da ca<strong>de</strong>ia trÅfica, quesustenta espÄcies carnàvoras como o tucunarÄ e o matrinchÜ, os quais sustentam aspopulaÖåes <strong>de</strong> jacarÄs, ariranhas, lontras e aves aquÇticas <strong>do</strong> Cristalino. Muitas espÄcies <strong>de</strong>plantas, por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong>s peixes para a dispersÜo <strong>de</strong> suas sementes.Os campos inundÇveis ou varjåes, submersos por perào<strong>do</strong>s variÇveis durante a Äpoca <strong>de</strong>chuvas e encharca<strong>do</strong>s durante a maior parte <strong>do</strong> ano, concentram nutrientes e <strong>de</strong>sempenham76


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicofunÖÜo importante na disponibilizaÖÜo <strong>de</strong> alimentos, tanto para os peixes, como para muitasespÄcies que <strong>de</strong>les se alimentam, como jacarÄs, ariranhas e aves aquÇticas.Como o Plano <strong>de</strong> Manejo TangarÇ registrou apenas 16 espÄcies <strong>de</strong> peixes consi<strong>de</strong>radasimportantes para a pesca na regiÜo, nÜo evi<strong>de</strong>nciou o padrÜo caracteràstico para a fauna <strong>de</strong>peixes <strong>de</strong> Çgua <strong>do</strong>ce da AmÄrica <strong>do</strong> Sul, proposto por Lowe-Macconnell (1999), sen<strong>do</strong> tambÄminexpressivo frente a outros resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s na AmazÉnia Meridional, como as 85espÄcies na Reserva BiolÅgica da Serra <strong>do</strong> Cachimbo/PA, sen<strong>do</strong> 7 espÄcies <strong>de</strong> peixes <strong>de</strong>pequeno porte na nascente <strong>do</strong> rio Cristalino/Anta (Arrolho et alii, 2006); as 217 espÄcies naReserva BiolÅgica <strong>do</strong> Jarä/RO (Arrolho et alii, 2007); as 127 espÄcies no Parque Nacional <strong>do</strong>Juruena (Arrolho et alii, 2008); e as 188 espÄcies no Parque Nacional <strong>do</strong>s CamposAmazÉnicos (Arrolho et alii, 2009). Desta forma vale ressaltar que alÄm da diversida<strong>de</strong>especàfica, existe a diversida<strong>de</strong> associada aos grupos intrapopulacionais, cuja <strong>de</strong>finiÖÜo e<strong>de</strong>limitaÖÜo sÜo fundamentais para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> manejo e necessitam <strong>de</strong>pesquisas com maior aprofundamento. Arrolho (2007), estudan<strong>do</strong> a dieta natural <strong>de</strong> matrinxÜ(género Brycon), no rio Cristalino, i<strong>de</strong>ntificou que tratava-se <strong>de</strong> uma espÄcie nova, atualmenteem processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scriÖÜo no Museu <strong>de</strong> Zoologia da USP, o que confirma o <strong>de</strong>sconhecimentoda ictiofauna da regiÜo e a alta probabilida<strong>de</strong> da ocorréncia <strong>de</strong> um nämero bem maior <strong>de</strong>espÄcies.- Importância <strong>do</strong> PEC para a fauna:O Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino Ä sem dävida uma das importantes unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservaÖÜo<strong>do</strong> Brasil em termos <strong>de</strong> conservaÖÜo da biodiversida<strong>de</strong>. Sua riqueza <strong>de</strong> espÄcies Äexcepcional, mesmo para os padråes amazÉnicos, igualan<strong>do</strong>-se ã <strong>do</strong>s sàtios mais ricos <strong>do</strong>strÅpicos. Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua biodiversida<strong>de</strong> consiste <strong>de</strong> espÄcies endémicas ã regiÜo daAmazÉnia meridional, entre os rios TapajÅs e Xingä. Sua localizaÖÜo, entre o “nortÜo” matogrossensee o sul <strong>do</strong> ParÇ, regiÜo com uma das maiores taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento <strong>do</strong> paàs,aumenta a sua importância. Fora das Çreas protegidas, os poucos fragmentos que restam naregiÜo sÜo pequenos e isola<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais para suportar a biota nativa. Neste cenÇrio, tornam-seimprescindàves medidas para manter a conectivida<strong>de</strong> ambiental entre as Çreas protegidas,forman<strong>do</strong> corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, änica forma <strong>de</strong> impedir que o PEC se transformenuma ilha em meio <strong>de</strong> uma paisagem <strong>do</strong>minada por pastagens e plantaÖåes, sem condiÖåespara manter seu inigualÇvel patrimÉnio genÄtico.2.5 CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA REGIÃOOs estu<strong>do</strong>s socioeconÉmicos para a elaboraÖÜo <strong>do</strong> presente Plano <strong>de</strong> Manejo foram basea<strong>do</strong>sem da<strong>do</strong>s secundÇrios e pesquisa <strong>de</strong> campo, obti<strong>do</strong>s relatÅrio <strong>de</strong> Seluchinesk (2009), anexo<strong>de</strong>ste Plano <strong>de</strong> Manejo.2.5.1 A Ocupação da Região: Aspectos Históricos e CulturaisEntre as dÄcadas <strong>de</strong> 1970/1980, durante o Regime Militar no Brasil (1964-1981), o <strong>Governo</strong>Fe<strong>de</strong>ral promoveu o Programa <strong>de</strong> IntegraÖÜo Nacional – PIN, visan<strong>do</strong> a ocupaÖÜo e aexploraÖÜo da regiÜo amazÉnica, incorporan<strong>do</strong>-a ao merca<strong>do</strong> nacional e solucionar vÇriosproblemas sociais existentes no su<strong>de</strong>ste e sul <strong>do</strong> Brasil, envolven<strong>do</strong> pequenos proprietÇrios esem terras.Este programa <strong>de</strong> colonizaÖÜo foi implanta<strong>do</strong> por meio <strong>de</strong> inämeros projetos <strong>de</strong>assentamentos, tanto oficiais como da iniciativa privada.Neste contexto se insere a AmazÉnia <strong>Mato</strong>-grossense, colonizada seja como polàtica <strong>de</strong>governo ou como sonho individual (Preti, 1994; Zart, 2004). Contu<strong>do</strong>, o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssaocupaÖÜo, da forma como foi estabelecida, em nome <strong>de</strong> uma velha polàtica militar -“Integrarpara nÜo Entregar”, promoveu o avanÖo das Çreas <strong>de</strong> exploraÖÜo como forma <strong>de</strong> gerarriquezas individuais e para os municàpios. Assim, o processo <strong>de</strong> ocupaÖÜo/colonizaÖÜo daÇrea, apesar <strong>de</strong> utilizar novas tecnologias, acabou reproduzin<strong>do</strong> os mesmos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>77


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoocupaÖÜo que <strong>de</strong>vastaram as outras regiåes brasileiras, mostran<strong>do</strong> claramente a<strong>de</strong>spreocupaÖÜo com o meio ambiente e com as populaÖåes que nele vivem.Os individuos “coloniza<strong>do</strong>res” fazem parte <strong>de</strong> uma parcela da populaÖÜo brasileira que migroupara os projetos <strong>de</strong> colonizaÖÜo <strong>de</strong>sta regiÜo em busca <strong>de</strong> melhores condiÖåes <strong>de</strong> vida. Elesencontraram nestes projetos uma saàda para os problemas que estavam enfrentan<strong>do</strong> em suasterras <strong>de</strong> origem. As histÅrias <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ssas pessoas, bem como das suas trajetÅrias <strong>de</strong> lutapelo direito <strong>de</strong> explorar a terra, fornecem elementos para a compreensÜo <strong>de</strong> como as relaÖåeshomem/homem, homem/natureza, homem/socieda<strong>de</strong> foram estabelecidas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>preparÇ-los para executar um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ocupaÖÜo. O olhar <strong>de</strong>sses indivàduos sobre o<strong>de</strong>senvolvimento da regiÜo, que inicialmente era <strong>de</strong> admiraÖÜo, aos poucos foi transforma<strong>do</strong>em <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> <strong>do</strong>minaÖÜo, <strong>de</strong> controle sobre o seu prÅprio <strong>de</strong>stino e <strong>do</strong>s seus. Assimpara eles, a ambiÖÜo pessoal encontrou terreno fÄrtil nas polàticas progressistas da Äpoca emque a expansÜo da fronteira agràcola e a ocupaÖÜo <strong>do</strong>s espaÖos vazios se tornaram lemas <strong>de</strong>progresso para o paàs.Neste contexto, mais uma vez se formou o conflito entre economia e ecologia, entre<strong>de</strong>senvolvimento econÉmico e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentÇvel. Isso,nÜo porqueambos sejam antagonicos, mas por que o paradigma <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento posto pelaeconomia, segun<strong>do</strong> Bursztyn (1984), reforÖa a idÄia <strong>de</strong> que a natureza Ä apenas um meio <strong>de</strong>produÖÜo <strong>de</strong> riquezas.Atrain<strong>do</strong> a atenÖÜo mundial essa Çrea tem recebi<strong>do</strong> diversas criticas em relaÖÜo ãs formas <strong>de</strong>ocupaÖÜo e <strong>de</strong>senvolvimento. Contrapon<strong>do</strong> o entendimento <strong>de</strong> que os problemas econÉmicos<strong>de</strong>vem ser resolvi<strong>do</strong>s mediante a exploraÖÜo <strong>do</strong>s homens e da natureza, muitas iniciativascomeÖam a surgir com o objetivo <strong>de</strong> rever essa polàtica <strong>de</strong> ocupaÖÜo. E Ä sobre os“coloniza<strong>do</strong>res” que recai a responsabilida<strong>de</strong> pelas mazelas <strong>de</strong>sse processo, resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>polàticas e estratÄgias <strong>do</strong> governo.Contu<strong>do</strong>, apesar das aÖåes predatÅrias, enraiàzadas na cultura <strong>do</strong>s colonos, continuaremcausan<strong>do</strong> gran<strong>de</strong>s prejuàzos, alguns comeÖam a se preocupar com o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong>s seus<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes e, reven<strong>do</strong> seus conceitos, procuram encontrar novas formas <strong>de</strong> ocupaÖÜo dassuas proprieda<strong>de</strong>s.Os municàpios que integram a regiÜo <strong>do</strong> Parque Estadual Cristalino - Alta Floresta, NovoMun<strong>do</strong>, Carlinda e GuarantÜ <strong>do</strong> Norte, originaram-se <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste mesmo processo.2.5.2 Origem e Caracterização <strong>do</strong>s Municípios da Região <strong>do</strong> PEC- Município <strong>de</strong> Alta FlorestaNa dÄcada <strong>de</strong>1970, segun<strong>do</strong> Jatene (1983) e GuimarÜes (1986), o governo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>colocou a venda, por meio <strong>do</strong> edital <strong>de</strong> concorréncia n.í 03/73 <strong>de</strong> 25/07/73, uma Çrea com2.000.000 hectares. A empresa IntegraÖÜo, Desenvolvimento e ColonizaÖÜo (INDECO S/A.),que jÇ possuia uma Çrea na regiÜo, foi uma das primeiras que apresentou um projeto eadquiriu uma ãrea <strong>de</strong> 400.000 hectares, gepois <strong>de</strong> convencer o entÜo governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,JosÄ Fragelli, <strong>de</strong> que era viÇvel a venda <strong>de</strong>ste loteamento em partes.De posse das terras, a empresa iniciou a ocupaÖÜo efetiva da regiÜo, em duas etapas. Naprimeira foi construàda a estrada <strong>de</strong> acesso ao local on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veria ser instalada a cida<strong>de</strong>. EssaconstruÖÜo foi realizada pela prÅpria empresa, "<strong>de</strong>rruban<strong>do</strong> a mata, e fazen<strong>do</strong> pontes, boeirose atÖ a preparaÉÑo <strong>de</strong> uma balsa para transpor o rio Teles Pires." (Telles apud Rosa, 1999).Na segunda etapa ocorreu a ocupaÖÜo <strong>de</strong>finitiva <strong>do</strong> projeto com a construÖÜo da infraestruturabÇsica e a instalaÖÜo, no sul <strong>do</strong> paàs, <strong>do</strong>s escritÅrios <strong>de</strong> vendas <strong>de</strong> terras.Em 1976, com a finalizaÖÜo da construÖÜo da estrada, chegaram os primeiros colonos. Quatroanos <strong>de</strong>pois, Alta Floresta tornava-se municàpio e jÇ era consi<strong>de</strong>rada como um sucesso <strong>de</strong>projeto <strong>de</strong> ocupaÖÜo, divulga<strong>do</strong> no cenÇrio nacional. A cida<strong>de</strong> cresceu vertiginosamente apartir da <strong>de</strong>scoberta <strong>do</strong> ouro, que a transformou num pÅlo <strong>de</strong> abastecimento <strong>do</strong>s garimpos <strong>de</strong>78


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicotoda a região. O crescimento era tanto que o coloniza<strong>do</strong>r chegou a afirmar que "dâ prâ sefazer aqui <strong>do</strong>is norte <strong>do</strong> Paranâ e um novo Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> SÑo Paulo." (Suplemento da INDECO,1983). Logo que Alta Floresta se projetou como cida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> colonização, a empresaINDECO lançou mais <strong>do</strong>is projetos: Paranaíta e Apiacás.Nos anos noventa veio a <strong>de</strong>cadência <strong>do</strong> ouro e com ela a busca por novas alternativas queviabilizassem a permanência <strong>do</strong>s colonos na área. Depois <strong>de</strong> várias experiências malsucedidas, como a implantação <strong>de</strong> culturas como: café, arroz, cacau, guaraná e acerola, apecuária extensiva tornou-se a base da economia <strong>do</strong> município, juntamente com o ecoturismoe turismo <strong>de</strong> pesca, em menor escala. No entanto, a exploração da ma<strong>de</strong>ira e algumas formas<strong>de</strong> garimpo são ativida<strong>de</strong>s predatórias que continuaram a ser realizadas.Uma pequena área <strong>do</strong> PEC (10%) está localizada no município <strong>de</strong> Alta Floresta.- Município <strong>de</strong> CarlindaO Projeto <strong>de</strong> Assentamento Conjunto (PAC) Carlinda, numa área <strong>de</strong> 96.000 há, situada àmargem esquerda <strong>do</strong> rio Teles Pires, foi realiza<strong>do</strong> pelo acor<strong>do</strong> entre o Incra e a CooperativaAgrícola <strong>de</strong> Cotia (CAC), segun<strong>do</strong> Preti (1994).A cooperativa elegeu os colonos <strong>do</strong> sul para participar <strong>de</strong>sta política <strong>de</strong> assentamento, sen<strong>do</strong>também incorpora<strong>do</strong>s colonos meeiros <strong>do</strong> projeto INDECO, que começavam a causar conflitospela posse da terra. Inicialmente, Carlinda se constituiu num distrito <strong>do</strong> município <strong>de</strong> AltaFloresta, utilizan<strong>do</strong> a infra-estrutura construída pela INDECO.A implementação <strong>de</strong> Carlinda, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com Duheron (2006), ocorreu em quatro etapas. Nasduas primeiras foram comercializa<strong>do</strong>s lotes <strong>de</strong> vários tamanhos, pois a Cooperativa Cotiapropunha lotes entre 200 ha e 500 há, contrarian<strong>do</strong> o INCRA, que <strong>de</strong>terminou que os lotes<strong>de</strong>veriam ter 100 há. Diante <strong>de</strong>ssa situação a Cotia teve problemas para ven<strong>de</strong>r os lotes eaban<strong>do</strong>nou o projeto.Nos anos seguintes, caracterizou-se uma terceira etapa, na qual o projeto Carlinda ficouparalisa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> os colonos que adquiriram terra em total aban<strong>do</strong>no.A quarta etapa coincidiu com a queda <strong>do</strong> ouro na região e o aumento da procura por terras,quan<strong>do</strong> o Incra retomou a comercialização <strong>do</strong>s lotes, reduzi<strong>do</strong>s para 50 ha.Em 1995, apesar <strong>de</strong> continuar utilizan<strong>do</strong> a infra-estrutura <strong>de</strong> Alta Floresta, Carlinda seemancipou, tornan<strong>do</strong>-se município.Atualmente a economia <strong>de</strong> Carlinda tem seu pilar na pecuária, ainda que as proprieda<strong>de</strong>ssejam <strong>de</strong> pequeno porte (50 ha). Estas foram <strong>de</strong>smatadas em praticamente 100%.Este município faz limite com o PEC.- Município <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>O município <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> (Foto 27) teve início a partir <strong>de</strong> 1979-1980, em uma pequena vilacriada em função da vinda <strong>de</strong> muitas famílias para a região a procura <strong>de</strong> ouro. Ao mesmotempo, os projetos <strong>de</strong> colonização, com incentivos <strong>do</strong> governo estadual e fe<strong>de</strong>ral, entravam emfase <strong>de</strong> consolidação e os vazios <strong>de</strong>mográficos, evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s diante da notorieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> ouro,chamaram atenção <strong>do</strong> governo como possibilida<strong>de</strong> para realocar famílias <strong>de</strong> colonosagricultores vindas <strong>do</strong> sul <strong>do</strong> país, a maioria brasiguaios.Em 1987, Novo Mun<strong>do</strong> tornou-se distrito <strong>de</strong> Guarantã <strong>do</strong> Norte e em 1996 se transformou emmunicípio (Lei nº 6.685, <strong>de</strong> 17/11/1995).O garimpo se manteve como um negócio rentável e base da economia, atrain<strong>do</strong> inclusivemuitos agricultores. A partir <strong>de</strong> 2000, a ativida<strong>de</strong> garimpeira entrou em <strong>de</strong>cadência e poucospermaneceram nessa ativida<strong>de</strong>. A maior parte da população voltou-se para os setoresagrícola, pecuário e ma<strong>de</strong>ireiro.79


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoSegun<strong>do</strong> o Plano Diretor <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> (2009) este municàpio possuà uma Çrea <strong>de</strong> 5.886,77kmò, com um gran<strong>de</strong> nämero <strong>de</strong> assentamentos rurais espalha<strong>do</strong>s ao longo <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o territÅrio,inclusive nos limites <strong>do</strong> PEC.Foto 27 - Vista aérea da área urbana e parte da área rural <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>Foto: Prefeitura <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, 2009De acor<strong>do</strong> com o Art. 8í <strong>do</strong> seu Plano Diretor Participativo, o Municàpio <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>verÇatuar em busca <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentÇvel com o objetivo <strong>de</strong> impulsionar e diversificar asativida<strong>de</strong>s econÉmicas e fortalecer a gestÜo ambiental integrada e participativa.A maior parte da Çrea <strong>do</strong> PEC (90%) estÇ localizada no municàpio <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>.- Município <strong>de</strong> Guarantã <strong>do</strong> NorteO Municàpio <strong>de</strong> GuarantÜ <strong>do</strong> Norte se originou como tributÇrio <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> colonizaÖÜo<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Assentamento Conjunto Peixoto <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>, com 245.000 hectares,cria<strong>do</strong> em 1979, pelo INCRA.Tratava-se <strong>de</strong> assentar agricultores que tinham si<strong>do</strong> <strong>de</strong>sapropria<strong>do</strong>s <strong>de</strong> suas terras em razÜoda construÖÜo da Barragem <strong>de</strong> Passo Real, no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, ou tinham si<strong>do</strong>obriga<strong>do</strong>s a ven<strong>de</strong>r suas terras para saldar dàvidas bancÇrias. O INCRA e a CooperativaTràticola <strong>de</strong> Erechim (COTREL), no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, se uniram para trazer estas famàlias <strong>de</strong>agricultores para a regiÜo norte <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Cada uma das 1.200 famàlias gaächasganhou um lote <strong>de</strong> 100 hectares para <strong>de</strong>smatar, semear, erguer casa e viver ã beira daro<strong>do</strong>via CuiabÇ-SantarÄm.Em 1981, formou-se o PAC BraÖo Sul, para assentar 500 famàlias <strong>de</strong> “brasiguaios” (2.177pessoas), alcunha <strong>do</strong>s agricultores brasileiros que moravam na fronteira com o Paraguai, queper<strong>de</strong>ram o arrendamento <strong>de</strong> suas terras e outros vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> <strong>do</strong> Sul.Em 1982, esse projeto <strong>de</strong>u origem a <strong>do</strong>is novos distritos <strong>do</strong> municàpio <strong>de</strong> Colà<strong>de</strong>r/<strong>MT</strong>, com a<strong>de</strong>nominaÖÜo <strong>de</strong> Peixoto <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong> e GuarantÜ <strong>do</strong> Norte. Em 1986, GuarantÜ <strong>do</strong> Norte Äeleva<strong>do</strong> a categoria <strong>de</strong> municàpio. Segun<strong>do</strong> Duheron (2006), apÅs investimentos em lavouramecanizada <strong>de</strong> arroz, inviabilizada <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao relevo, teve inàcio a exploraÖÜo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira queavanÖou rapidamente na direÖÜo norte. ApÅs a retirada da ma<strong>de</strong>ira, os fazen<strong>de</strong>irosimplantaram pastagens para a pratica da pecuÇria extensiva.- Município <strong>de</strong> Novo Progresso, PAO Municipio <strong>de</strong> Novo Progresso teve inàcio em 1983, em um pequeno povoa<strong>do</strong> prÅximo a BR163, ao sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> ParÇ, a 1.639 km <strong>de</strong> BelÄm.O primeiro mora<strong>do</strong>r <strong>de</strong>sta Çrea foi o Sr. Surfurino Ribeiro, que em 1979 se aventurou pelaSantarÄm-CuiabÇ a procura <strong>de</strong> terra propàcia para a agricultura. Inicialmente instalou-se no km1.085 da estrada, on<strong>de</strong> em 1983 jÇ havia um pequeno näcleo urbano, contan<strong>do</strong> com algumas80


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicocasas, igreja, escola e campo <strong>de</strong> futebol. Nessa época, o povoa<strong>do</strong> era conheci<strong>do</strong> comoQuilômetro 85 e pertencia a Itaituba. Tinha sua produção baseada na agricultura <strong>de</strong>subsistência e na incipiente pecuária <strong>de</strong> corte.Em 1984, a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um rico filão <strong>de</strong> ouro na região atraiu milhares <strong>de</strong> pessoas àlocalida<strong>de</strong> que, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua posição geográfica estratégica, servia como ponto <strong>de</strong> referência e<strong>de</strong> suporte para a ativida<strong>de</strong> garimpeira. Surgiram novas casas comerciais, bancos, hotéis,restaurantes, etc. Nessa época, embora toda a produção agrícola fosse absorvida pelopessoal <strong>do</strong> garimpo, muitos colonos aban<strong>do</strong>naram as lavouras para se <strong>de</strong>dicar à extração <strong>do</strong>ouro.Com o crescimento econômico e social, a localida<strong>de</strong> teve condições <strong>de</strong> se emancipar <strong>do</strong>Município <strong>de</strong> Itaituba. No plebiscito realiza<strong>do</strong> em 28 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1991, <strong>do</strong>s 1.496 eleitores quecompareceram, 1.470 votaram a favor da emancipação e a Lei Estadual nº 5.700 <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong><strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1991 ratificou a vonta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res, crian<strong>do</strong> o Município <strong>de</strong> Novo Progresso.Atualmente é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o maior distrito florestal. Novo Progresso faz limite com o PEC.2.6 USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NA REGIÃO DO PECPara a população que veio ocupar os projetos <strong>de</strong> colonização, a aquisição da terra é a garantia<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r usufruir <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que ela possa oferecer. Acreditavam no po<strong>de</strong>r infindável daprodutivida<strong>de</strong> da terra e que, ao <strong>do</strong>minar a sua proprieda<strong>de</strong>, estariam garantin<strong>do</strong> o futuro <strong>de</strong>toda a sua família.De um mo<strong>do</strong> geral, esses colonos possuíam uma família numerosa, com a qual podiam contarcomo mão-<strong>de</strong>-obra. Além disso, o objetivo <strong>do</strong> colono era manter a família unida, ten<strong>do</strong> terrasuficiente para oferecer aos filhos casa<strong>do</strong>s a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permanecer trabalhan<strong>do</strong> namesma proprieda<strong>de</strong>.Segun<strong>do</strong> Jatene (1983), a colonização privada possuía um caráter familiar, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> comocritério básico <strong>de</strong> seleção <strong>do</strong>s colonos que estes fossem chefes <strong>de</strong> família. Entre 1970 e 1990,a comercialização das terras era feita diretamente com o chefe da família. Este perfil mu<strong>do</strong>ucom a migração individual, principalmente <strong>de</strong> garimpeiros e outros trabalha<strong>do</strong>res temporáriosem busca <strong>de</strong> emprego nas fazendas ou na exploração da ma<strong>de</strong>ira.Esta característica da corrente migratória influencia a idéia <strong>de</strong> permanência na terra. O colonoque migra com sua família tem a intenção <strong>de</strong> construir ali uma nova morada, ao passo que ogarimpeiro ou os trabalha<strong>do</strong>res temporários <strong>de</strong>sejam apenas ganhar dinheiro para melhorarsuas condições <strong>de</strong> vida na sua terra <strong>de</strong> origem. Com o passar <strong>do</strong>s anos, diante <strong>do</strong> sucesso ou<strong>do</strong> fracasso, muitos <strong>de</strong>sejam partir novamente. Essa partida por vezes vai sen<strong>do</strong> adiada poraqueles que construíram laços sentimentais ou financeiros com a região.2.6.1 Dinâmica DemográficaDe um mo<strong>do</strong> geral, a ocupação <strong>do</strong>s municípios circunvizinhos ao PEC teve início com umnúmero pequeno <strong>de</strong> migrantes; esta população cresceu rápidamente, atingin<strong>do</strong> seu auge empoucas décadas; <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> apresentar uma consi<strong>de</strong>rável diminuição, retomou um crescimentolento e estável, entran<strong>do</strong> numa fase <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> (Tabela 10). Essas flutuações coincidiramcom os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> criação <strong>do</strong>s núcleos populacionais, a <strong>de</strong>scoberta e a posterior <strong>de</strong>cadência<strong>do</strong> ouro e a retomada da agropecuária.Tabela 10 - Evolução da população nos municípios da região <strong>do</strong> PEC, em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>,<strong>de</strong> 1970 a 2008.Municípios 1970 1980 1990 2000 2004 1 2007 2008 1Rural Urbana Total81


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoAltaFloresta815 16.291 66.739 46.956 47.147 7.315 41.432 48.747Carlinda - - 15.335 12.306 10.538 7.269 4.839 12.032Guarantã <strong>do</strong>NorteNovoMun<strong>do</strong>292 4.461 24.210 27.264 31.286 8.734 22.020 30.75451.13612.03231.801- - 3.463 4.945 5.834 4.085 2.640 6.725 7.015Total 1.107 20.752 109.747 91.471 94.805 27.403 70.931 98.258 101.984¹ estimativa Fonte: <strong>MT</strong>/SEPLAN -Informativo Sócio econômico <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, 2005. IBGE, Censos Demográficos <strong>de</strong>1970, 1980, 1990 e 2000. IBGE/DPE/COPIS, estimativa da população por municípios em julho <strong>de</strong> 2008.Alta Floresta está entre os 10 municípios mais populosos <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, e Guarantã estáentre os 20, com populações pre<strong>do</strong>minantemente urbanas. Estes <strong>do</strong>is municípios, junto comColí<strong>de</strong>r e Peixoto <strong>de</strong> Azeve<strong>do</strong>, abrigam 65 % da população urbana <strong>de</strong> toda a região conhecidacomo Portal <strong>do</strong> Amazonas.Os outros <strong>do</strong>is municípios da região <strong>do</strong> PEC, Carlinda e Novo Mun<strong>do</strong>, são bem menospopulosos, com pre<strong>do</strong>mínio da população rural.O município <strong>de</strong> Novo Progresso, no Pará, na época da sua emancipação, em 1991, tinhapouco mais <strong>de</strong> 5.000 habitantes. Em 2000, sua população era <strong>de</strong> 24.948 habitantes (IBGE,2000). Em 2004, a população estimada era <strong>de</strong> 35 mil habitantes (Prefeitura <strong>de</strong> NovoProgresso, 2005).2.6.2 Ativida<strong>de</strong>s Econômicas- Setor Primário: PecuáriaA pecuária é a principal ativida<strong>de</strong> produtiva <strong>do</strong>s municípios da região <strong>do</strong> PEC. Contu<strong>do</strong>, é umaativida<strong>de</strong> que ocupa gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> terra e um mínimo <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra, contribuin<strong>do</strong>para o êxo<strong>do</strong> rural.Alta Floresta conta com mais <strong>de</strong> 700.000 cabeças <strong>de</strong> bovinos, na maior parte <strong>de</strong>stinada aoabate para produção <strong>de</strong> carne, mas também para a produção <strong>de</strong> leite e <strong>de</strong>riva<strong>do</strong>s. EmGuarantã, o rebanho <strong>de</strong> bovinos conta com cerca <strong>de</strong> 280.000 cabeças e a criação <strong>de</strong> ovinosapresentou aumento significativo nos últimos anos.Em Carlinda, a economia <strong>do</strong> município também está baseada na produtivida<strong>de</strong> rural,principalmente na pecuária, apesar da maior parte das proprieda<strong>de</strong>s possuir apenas 50hectares. O principal rebanho é o <strong>de</strong> bovinos (corte e leite), mas nos últimos anos vemdiminuin<strong>do</strong>, principalmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a <strong>de</strong>gradação das pastagens.Em Guarantã <strong>do</strong> Norte, a taxa <strong>de</strong> crescimento anual <strong>do</strong> rebanho bovino, no perío<strong>do</strong>2000/2003, foi <strong>de</strong> 13,37% ao ano, sen<strong>do</strong> que no município <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> foi <strong>de</strong> 39,02% aoano, sen<strong>do</strong> estes maiores <strong>do</strong> que a média <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> (9,16%ao ano). Guarantã <strong>do</strong> Norte possui um rebanho leiteiro numeroso e em pleno crescimento. Omunicípio possui 3 laticínios e a promessa <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> um frigorífico.Em Novo Mun<strong>do</strong>, com 70% da população residin<strong>do</strong> na zona rural, a produção que provém <strong>do</strong>sassentamentos, sítios, chácaras e fazendas é a base da economia local. Apesar <strong>de</strong> estarsustentada na pecuária (bovinos <strong>de</strong> corte e <strong>de</strong> leite), também <strong>de</strong>stacam-se as criações <strong>de</strong>aves, suínos, ovinos, caprinos e bubalinos.A Tabela 11 mostra a evolução da composição <strong>do</strong>s rebanhos na região.82


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoTabela 11 - Evolução <strong>do</strong> efetivo <strong>de</strong> rebanhos (cabeças) nos municípios da região <strong>do</strong>PEC.Rebanho 2000 2004 2007Bovino 971.389 1.546.189 1.570.029Bubalino 567 295 1.036Caprino 1.849 2.053 1.913Eqëino 12.475 15.100 16.838Muar 1.855 2.322 2.524Ovino 3.822 9.335 14.602Asinino 176 239 196Suànos 38.858 42.088 29.647Aves 459.180 496.120 234.148Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 2007- Setor Primário: AgriculturaEm toda a regiÜo <strong>do</strong> PEC, em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, a evoluÖÜo da produÖÜo agràcultura tem si<strong>do</strong>semelhante: houve uma reduÖÜo da produÖÜo agràcola ã medida que pecuÇria vem crescen<strong>do</strong>,com as Çreas <strong>de</strong> pastagem avanÖan<strong>do</strong> sobre as Çreas cultivadas, como po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong>na comparaÖÜo das Tabelas 11 e 12. Nas pequenas proprieda<strong>de</strong>s jÇ houve cultivosdiversifica<strong>do</strong>s como cafÄ, cacau, guaranÇ, pupunha, pimenta <strong>do</strong> reino, coco, tangerina, laranja,maracujÇ, arroz, milho, algodÜo, soja e feijÜo. No entanto, nenhuma prosperou,<strong>de</strong>sestimulan<strong>do</strong> a sua continuida<strong>de</strong>, seja pelo impacto causa<strong>do</strong> pelo ciclo <strong>do</strong> ouro, que levouos colonos a aban<strong>do</strong>nar suas proprieda<strong>de</strong>s, seja pela expansÜo da pecuÇria.As Tabelas 12 e 13 mostram a evoluÖÜo das lavouras permanentes e temporÇrias na regiÜo,entre os anos <strong>de</strong> 2000 e 2006.Tabela 12 - Lavouras permanentes na região <strong>do</strong> PEC.Culturas 2000 2004 2006Banana (mil cachos) 252 2.448 7.304Borracha (toneladas) - 27 -Cacau (tonelada <strong>de</strong> amén<strong>do</strong>a) 1.846 118 130CafÄ (tonelada em sementes) 2.857 3.557 2.954Coco da baàa (mil frutos) 3.348 1.230 1.038GuaranÇ (tonelada em sementes) 152 126 84Laranja (mil frutos) 4.750 692 552MaracujÇ (mil frutos) - - 20Palmito (toneladas) 82 84 167Pimenta <strong>do</strong> Reino (toneladas) 1 4 4Tangerina (mil frutos) - 195 195Uva (toneladas) 10 50 10Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 2007Tabela 13 - Lavouras temporárias na região <strong>do</strong> PEC.Culturas 2000 2004 2007Abacaxi (mil frutos) 570 700 -AlgodÜo (tonelada – caroÖo) 288 - -Amen<strong>do</strong>im (toneladas) 4 24 -Arroz (toneladas) 131.972 45.809 13.880Cana-<strong>de</strong>-aÖäcar (toneladas) 1.500 1.500 -FeijÜo (tonelada em grÜos) 1.886 888 137Mamona (toneladas) - 114 345Mandioca (toneladas) 10.170 10.710 -Melancia (mil frutos) 220 2.805 -MelÜo (mil frutos) - 400 -Milho (tonelada em grÜos) 20311 23.244 11.017Soja (tonelada em grÜos) - 21.616 6.050Tomate 264 - -Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 200783


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoDe mo<strong>do</strong> geral, entre as culturas permanentes permaneceu a produÖÜo <strong>de</strong> cafÄ, banana, cocoe palmito. O cafÄ e o palmito estÜo sen<strong>do</strong> cultiva<strong>do</strong>s atualmente por pequenos proprietÇriosorganiza<strong>do</strong>s em cooperativas e a produÖÜo <strong>de</strong> banana vem crescen<strong>do</strong>, principalmente emNovo Mun<strong>do</strong>.Em relaÖÜo ãs culturas temporÇrias, as que apresentaram menor <strong>de</strong>crÄscimo foi o milho,utiliza<strong>do</strong> na alimentaÖÜo <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> e a mamona, produzida principalmente em Carlinda, dianteda expectativa <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> para a produÖÜo <strong>de</strong> biodiesel.Entre os principais fatores que tém <strong>de</strong>sestimula<strong>do</strong> a produÖÜo agràcola na regiÜo estÜo a falta<strong>de</strong> acesso ao merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> as distancias e as mÇs condiÖåes das estradas, oque encarece o transporte; a baixa produtivida<strong>de</strong>, pelo uso <strong>de</strong> tÄcnicas ina<strong>de</strong>quadas; o baixopreÖo <strong>do</strong> produto, provoca<strong>do</strong> pelas oscilaÖåes <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> e a falta <strong>de</strong> incentivos por parte <strong>do</strong>governo.Com relaÖÜo a agricultura familiar em pequenas proprieda<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005 vem sen<strong>do</strong><strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> o Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento da Agricultura – PDA. Neste programa asfamàlias apren<strong>de</strong>m a produzir sem utilizar agrotÅxicos e fogo, buscan<strong>do</strong> alternativas maissustentÇveis (Foto 28). O programa visa primeiramente o sustento da prÅpria famàlia e auxiliana comercializaÖÜo <strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte, oferecen<strong>do</strong> tambÄm cursos <strong>de</strong> capacitaÖÜo e assisténciatÄcnica. Os produtos exce<strong>de</strong>ntes sÜo vendi<strong>do</strong>s para o abastecimento das escolas locais e sÜodistribuà<strong>do</strong>s para a populaÖÜo carente.Foto 28 - Produção familiar em Novo Mun<strong>do</strong>Foto: Prefeitura <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, 2008- Perfil Socioeconômico <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>- Setor Primário: Extração vegetalA extraÖÜo vegetal Ä voltada praticamente para a exploraÖÜo da ma<strong>de</strong>ira. Contu<strong>do</strong>, estaativida<strong>de</strong> estÇ em <strong>de</strong>clànio, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a maior efetivida<strong>de</strong> da fiscalizaÖÜo, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> AÖÜopara a PrevenÖÜo e Controle <strong>do</strong> Desmatamento na AmazÉnia Legal (Brasil, 2004) e, tambÄm,em alguns municàpios como Alta Floresta, pela prÅpria escassez <strong>do</strong> produto (Alta Floresta temmais <strong>de</strong> 90% da sua Çrea <strong>de</strong>smatada).No final da dÄcada <strong>de</strong> 1990, GuarantÜ <strong>do</strong> Norte contava com 138 ma<strong>de</strong>ireiras e atualmentesÜo apenas 35 em ativida<strong>de</strong>. Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da ProduÖÜo Extrativa Vegetal <strong>do</strong> IBGE (2007),em 2003 a produÖÜo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira em toras representou 2,3 milhåes <strong>de</strong> reais gera<strong>do</strong>s nomunicàpio, o que <strong>de</strong>monstra a importância relativa <strong>de</strong>sta produÖÜo na economia local.84


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoEsta situação po<strong>de</strong> ser observada tan<strong>do</strong> em relação a quantida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtos, carvão, lenhae tora, como na redução das áreas <strong>de</strong>smatadas (Pro<strong>de</strong>s, 2008), como mostram as Tabelas 14e 15.Tabela 14 - Exploração florestal: quantida<strong>de</strong> produzida nos municípios da região, em <strong>MT</strong>Produtos Ano AltaFlorestaCarlindaGuarantâ<strong>do</strong> NorteNovoMun<strong>do</strong>Carvão vegetal (tonelada) 2000 30 7 9 - 46Totais2004 18 4 8 - 382007 17 101 216 - 352Lenha (m³) 2000 32.214 28.661 29.353 11.310 101.5382004 26.782 12.955 26.417 11.822 77.9762007 23.293 12.176 23.831 12.631 71.931Ma<strong>de</strong>ira em tora (m³) 2000 28.104 13.165 50.104 19.863 111.236Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 20072004 9.146 4.297 24.990 14.556 52.9892007 5.924 2.044 9.558 7.236 24.762Tabela 15 - Dinâmica <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento nos municípios da região <strong>do</strong> PEC, entre2007/2008Área Km 2 Desmata<strong>do</strong> Km 2Municipio2007 2008Alta Floresta 8955 4870,2 4.777Carlinda 2414 1703,9 1.655Guarantã 4717 2333,2 2.334Novo Mun<strong>do</strong> 5801 2397,5 2.366Fonte: Pro<strong>de</strong>s e SAD, 2008Além da ma<strong>de</strong>ira, a castanha é outro produto que vem sen<strong>do</strong> extraí<strong>do</strong> da floesta, mas comexceção <strong>de</strong> Alta Floresta, esta exploração tem si<strong>do</strong> pouco expressiva, como mostra a Tabela16. Nos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE, consta a exploração <strong>de</strong> outros produtos vegetais da floresta apenaspara os municípios <strong>de</strong> Guarantâ e Novo Mun<strong>do</strong> e sem especificação. Mas sabe-se que váriosprodutos são extraí<strong>do</strong>s como os frutos das palmeiras e <strong>de</strong> outras espécies, usa<strong>do</strong>s naalimentação, o óleo da copaíba e variadas ervas, utilizadas como medicinal, além da utilização<strong>de</strong> varia<strong>do</strong>s produtos para artesanato.Esta relação extrativista aparentemente tem pouca interferência na integrida<strong>de</strong> ambiental daunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao ritmo lento <strong>de</strong> exploração, compara<strong>do</strong> à rápida regeneração <strong>de</strong>stesambientes.Tabela 16 - Extração vegetal <strong>de</strong> produtos não ma<strong>de</strong>ireirosProdutos Ano AltaFlorestaCarlindaGuarantâ<strong>do</strong> NorteNovoMun<strong>do</strong>Castanha (toneladas) 2000 25 9 6 3 43Total2004 18 7 2 2 2985


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2007 17 6 2 1 26Outros produtos (toneladas) 2000 6 3 92004 2 2 42007 2 1 3Fonte: IBGE, Pesquisa AgropecuÉria Municipal, 2007- Setor SecundÉrioO setor <strong>de</strong> Indústrias está pouco <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> na região, sen<strong>do</strong> que a maioria <strong>do</strong>s produtosindustrializa<strong>do</strong>s é adquirida no sul e su<strong>de</strong>ste. A maior parte das indústrias está vinculada aobeneficiamento da ma<strong>de</strong>ira, como as serrarias, indústrias moveleiras e lamina<strong>do</strong>ras. Existemtambem agroindústrias, como as <strong>de</strong> conservas, guaraná, laticínios, beneficiamento <strong>de</strong> café earroz, principalmente em Alta Floresta.- Setor TerciÉrioO comércio está estrutura<strong>do</strong> para aten<strong>de</strong>r uma população com hábitos e costumesinterioranos, com interferência televisiva. Entre os municípios da região, em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, ocomércio e os serviços <strong>de</strong> Alta Floresta são os mais estrutura<strong>do</strong>s, segui<strong>do</strong> <strong>de</strong> Guarantá <strong>do</strong>Norte. Estas cida<strong>de</strong>s funcionam como polos regionais, em toda região <strong>do</strong> Portal da Amazônia.Em 2003, Alta Floresta contava com 964 estabelecimentos, 3.100 trabalha<strong>do</strong>res e Guarantã <strong>do</strong>Norte, com 637, ocupan<strong>do</strong> 1.324 trabalha<strong>do</strong>res.Merece <strong>de</strong>staque a ativida<strong>de</strong> turística, voltada principalmente para a pesca esportiva e oecoturismo, com uma re<strong>de</strong> hoteleira compatível, em Alta Floresta.A Figura 26 mostra as principais ativida<strong>de</strong>s comerciais <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> (Prefeitura <strong>de</strong> NovoMun<strong>do</strong>, 2008) e as Fotos 29 mostram aspectos das áreas comerciais <strong>de</strong> Alta Floresta eGuarantâ <strong>do</strong> Norte.Figura 26 - Principais ativida<strong>de</strong>s comerciais existentes na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>..Comércio, reparaçao <strong>de</strong> veículos automotores, objetos pessoais e<strong>do</strong>mésticosAlojamento e alimentaçãoTransporte, armazenagem e comunicações47649Fonte: Prefeitura <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, 2008 - Perfil Socioeconémico <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> – <strong>MT</strong>.86


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFotos 29 - Aspectos das áreas comerciais das cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Alta Floresta e Guarantâ <strong>do</strong>NorteFonte: Escola da Cida<strong>de</strong>, 2009Com relação ao município <strong>de</strong> Novo Progresso, no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará, este possui 4.125proprieda<strong>de</strong>s rurais, sen<strong>do</strong> 400 hectares <strong>de</strong> pastagem, com 689.450 cabeças <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> e 3.405<strong>de</strong> ovinos e caprinos e 12.047 hectares com culturas agrícolas, principalmente arroz, feijão ecafé (http://www.povosdaamazonia.com.br).Apesar da pecuária <strong>de</strong> corte estar em expanção, a principal ativida<strong>de</strong> econômica é a indústriama<strong>de</strong>ireira, haven<strong>do</strong> 35 gran<strong>de</strong>s empresas ligadas ao setor, além <strong>de</strong> outras 20 <strong>de</strong> pequenoporte. Estas também fortalecem o comécio local, principalmente com a exportação <strong>de</strong> produtosmanufatura<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras <strong>de</strong> lei, tais como Ipê, Jatobá e Cumaru.Existem também ativida<strong>de</strong>s garimpeiras e <strong>de</strong> mineração em escala industrial, <strong>de</strong> crescimentorecente com a vinda <strong>de</strong> multinacionais <strong>do</strong> setor (subsolo é rico em ouro, chumbo e granito).2.6.3 Infra-estrutura urbana- Energia ElétricaOs serviços <strong>de</strong> energia elétrica estão a cargo da Empresa Re<strong>de</strong> Cemat, em to<strong>do</strong>s osmunicípios da região <strong>do</strong> PEC, em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Em Alta Floresta e Novo Mun<strong>do</strong>, todas asedificações têm acesso à energia elétrica e nos <strong>de</strong>mais, Carlinda e Guarantâ, ainda existem<strong>do</strong>micílios, em bairros mais distantes, que não são atendi<strong>do</strong>s.Em relação a iluminação pública, nas vias e nos locais <strong>de</strong> uso público, a parte central <strong>de</strong> todasas cida<strong>de</strong>s da região é melhor servida <strong>do</strong> que as periferias.- TelefoniaTo<strong>do</strong>s os municípios da região contam com serviço <strong>de</strong> telefonia fixa, oferecida pela mesmaopera<strong>do</strong>ra (Brasil Telecom). Carlinda ainda não tem acesso à banda larga e a telefonia móvelainda não chegou em Novo Mun<strong>do</strong>.Apenas Alta Floresta conta com o serviço <strong>de</strong> quatro opera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> telefonia móvel.- Abastecimento <strong>de</strong> Água e Esgoto SanitárioNas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pequeno porte, com menos <strong>de</strong> 10 mil habitantes, como as cida<strong>de</strong>s da região<strong>do</strong> PEC, o Ministério das Cida<strong>de</strong>s prevê a convivência <strong>do</strong> abastecimento por re<strong>de</strong> geral com acaptação <strong>de</strong> água em poço, na proprieda<strong>de</strong>.87


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoComo po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> na Tabela 17, esta era a situação <strong>de</strong> todas as áreas urbanas daregião <strong>do</strong> PEC, em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, em 2000 (IBGE, 2000). A pior situação era a <strong>de</strong> Guarantã <strong>do</strong>Norte, com apenas 19,73% <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios atendi<strong>do</strong>s por re<strong>de</strong> geral, segui<strong>do</strong> por Alta Floresta,com 36,09%. Sen<strong>do</strong> estas as maiores aglomerações urbanas da região, são também as quecorriam maior o risco <strong>de</strong> contaminação <strong>do</strong>s poços <strong>de</strong> água, muitas vezes próximos das fossas<strong>de</strong> captação <strong>do</strong> esgoto, da proprieda<strong>de</strong> ou <strong>do</strong>s vizinhos.A cida<strong>de</strong> melhor abastecida era Carlinda (60% das residências), mas ainda assim, abaixo damédia <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> (77,16%).Nas áreas rurais, em geral pre<strong>do</strong>mina o abastecimento a partir <strong>de</strong> poços ou nascentes.Tabela 17 - Número <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílios urbanos segun<strong>do</strong> a forma <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> águaem 2000MunicípioN oDomicílios%Re<strong>de</strong>geral% PoçoouNascente%OutrosAlta Floresta 9.934 36,1 62,6 1,3Carlinda 820 60 39,6 0,4Guarantâ <strong>do</strong> Norte 4.897 19,7 79,3 1Novo Mun<strong>do</strong> 421 41,6 55,8 2,6<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> 520.538 77,2 20,9 1,9Fonte: IBGE, Censo <strong>de</strong>mográfico, 2000O sistema <strong>de</strong> esgoto é feito principalmente por meio <strong>de</strong> fossas rudimentares instaladaspróximas das casas, muitas vezes até mesmo <strong>do</strong> poço e, em algumas residências, nãoexistem banheiros, nem sanitários. Há residências que fazem o <strong>de</strong>spejo <strong>do</strong> esgoto a céuaberto ou em córregos, principalmente em Novo Mun<strong>do</strong> (Tabela 18).Segun<strong>do</strong> Escola das Cida<strong>de</strong>s (2009), os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2006, <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> Informaçõessobre Saneamento, SNIS, <strong>de</strong>monstram que a situação pouco mu<strong>do</strong>u na região, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000,continuan<strong>do</strong> praticamente inexistin<strong>do</strong> a coleta e tratamento <strong>de</strong> esgoto.Tabela 18 - Tipos <strong>de</strong> esgotamento sanitário <strong>do</strong>s <strong>do</strong>micílios urbanos da região <strong>do</strong> PEC,no <strong>MT</strong>, em 2000MunicípioN oDomicílios% Re<strong>de</strong>geral% Fossaséptica%Fossarudimentar% Outros(valas,rios, etc)Alta Floresta 9.934 0,5 5,2 91,5 2,8Carlinda 820 0,1 1,0 96,6 2,3Guarantâ <strong>do</strong> Norte 4.897 0,4 1,0 89,1 9,5Novo Mun<strong>do</strong> 421 0,0 13,1 58,4 28,5<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> 520.538 19,4 15,9 59,6 5,1Fonte: IBGE, Censo <strong>de</strong>mográfico, 2000- Destinação <strong>do</strong> lixoO serviço <strong>de</strong> coleta <strong>do</strong>s resíduos sóli<strong>do</strong>s nas áreas urbanas da região <strong>do</strong> PEC, no <strong>MT</strong>,pre<strong>do</strong>mina sobre as outras formas <strong>de</strong> disposição, como a queima na proprieda<strong>de</strong>, disposiçãoem terreno baldio, ou em córrego, rio e outros. Com exceção <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, os três <strong>de</strong>maismunicípios apresentam percentuais acima <strong>do</strong> verifica<strong>do</strong> no esta<strong>do</strong> (Tabela 19). Entretanto, adisposição <strong>do</strong> lixo recolhi<strong>do</strong> ainda não é feita da maneira a<strong>de</strong>quada, pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> os lixõescomo a principal forma <strong>de</strong> disposição final.88


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoTabela 19 - Formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino <strong>do</strong> lixo na região <strong>do</strong> PEC, em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, em 2000.MunicípioN oDomicílios% Lixocoleta<strong>do</strong>% Outro<strong>de</strong>stinoAlta Floresta 9.934 91,3 8,7Carlinda 820 94,5 5,5Guarantâ <strong>do</strong> Norte 4.897 86,2 13,8Novo Mun<strong>do</strong> 421 71,5 28,5<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> 520.538 76,0 24,0Fonte: IBGE, Censo <strong>de</strong>mográfico, 2000- A<strong>de</strong>quação das moradias quanto à infraestruturaA regiÜo <strong>do</strong> PEC Ä constituàda por uma re<strong>de</strong> urbana jovem, formada nas Çreas <strong>de</strong> recenteexpansÜo da fronteira agràcola e da urbanizaÖÜo <strong>do</strong> territÅrio, com uma economia local frÇgil,ainda em fase <strong>de</strong> estabelecimento a partir da intensa predaÖÜo ambiental <strong>do</strong> territÅrio, o quetambÄm se reflete na relaÖÜo com o meio ambiente urbano. Mesmo com estas caracteràsticascomuns, as duas cida<strong>de</strong>s polo <strong>de</strong> referéncia na regiÜo <strong>do</strong> PEC, Alta Floresta e GuarantÜ <strong>do</strong>Norte, tiveram <strong>de</strong>senvolvimentos bem diferencia<strong>do</strong>s.Alta Floresta foi planejada para que a sua implantaÖÜo e crescimento fossem referencia<strong>do</strong>spelo sistema viÇrio, em forma <strong>de</strong> “espinha <strong>de</strong> peixe”, num primeiro momento, circunscrito pelasÇreas <strong>de</strong> talvegue e proteÖÜo. Atualmente, tais limites tém si<strong>do</strong> ignora<strong>do</strong>s, permitin<strong>do</strong> aÖåesespeculativas e ocupaÖÜo irregular.O crescimento urbano <strong>de</strong> GuarantÜ se <strong>de</strong>u apartir <strong>de</strong> um näcleo inicial, com um posterior<strong>de</strong>slocamento em direÖÜo ã ro<strong>do</strong>via BR 163, änica ligaÖÜo territorial <strong>de</strong> que a cida<strong>de</strong> dispåe.Formou-se um novo näcleo urbano ã beira da estrada, sem continuida<strong>de</strong> com o primeiro e oarruamento foi se disseminan<strong>do</strong> em quadras mais ou menos regulares, com funÖåesestabelecidas em relaÖÜo da maior ou menor proximida<strong>de</strong> da ro<strong>do</strong>via fe<strong>de</strong>ral.A Figura 27 mostra, esquematicamente, as diferenÖas na estrutura urbana <strong>de</strong> Alta Floresta,uma cida<strong>de</strong> planejada, e GuarantÜ <strong>do</strong> Norte, <strong>de</strong>senvolvida em funÖÜo da proximida<strong>de</strong> da BR163.Figura 27 - Estrutura e zoneamento das áreas urbanas <strong>de</strong> Alta Floresta e Guarantã <strong>do</strong>Norte89


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFonte: Escola da Cida<strong>de</strong>, 2009Uma avaliação <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação das moradias <strong>de</strong>stas cida<strong>de</strong>s, avalia<strong>do</strong> quanto à oferta<strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> infraestrutura e à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mora<strong>do</strong>res por <strong>do</strong>rmitório (2), feita em 2000,obteve baixos resulta<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> 1,8 % para Alta Floresta e 0,5% para Guarantã, indican<strong>do</strong>que, em quase todas as moradias urbanas ainda falta pelo menos um serviço <strong>de</strong> infraestruturabásica ou possuem excesso <strong>de</strong> pessoas por <strong>do</strong>rmitório (Tabela 19).O percentual <strong>de</strong> residências com carência total <strong>de</strong> infraestrutura também foi maior emGuarantã (3,2%) <strong>do</strong> que em Alta Floresta (1,8%).Em Carlinda e Novo Mun<strong>do</strong>, cida<strong>de</strong>s bem menores (Fotos 29), a apresentava, em 2000, aa<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> suas moradias conforme mostra a Tabela 20. Carlinda apresentava o maiorpercentual <strong>de</strong> residências semi-a<strong>de</strong>quadas e nenhuma consi<strong>de</strong>rada ina<strong>de</strong>quada, enquantoNovo Mun<strong>do</strong> apresentava o maior percentual <strong>de</strong> residências a<strong>de</strong>quadas (2,8%), comparan<strong>do</strong>as quatro cida<strong>de</strong>s da região <strong>do</strong> PEC, mas também com o maior número <strong>de</strong> residênsiasina<strong>de</strong>quadas (6,4%).Tabela 20 - A<strong>de</strong>quação <strong>de</strong> moradias em relação à oferta <strong>de</strong> infraestrutura e número <strong>de</strong>mora<strong>do</strong>res por <strong>do</strong>rmitório, nos municípios <strong>do</strong> Portal da Amazônia, em 2000.Municípios %A<strong>de</strong>quada% Semia<strong>de</strong>quada%Ina<strong>de</strong>quadaAlta Floresta 1,8 96,4 1,8Carlinda 0,5 99,5 0,0Guarantâ <strong>do</strong> Norte 0,5 96,3 3,2Novo Mun<strong>do</strong> 2,8 90,8 6,4<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> 23,9 74,1 2,0Fonte: IBGE, Censo Demográfico, 200090


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFotos 29 – Aspectos da Érea central urbana <strong>de</strong> Carlinda e Novo Mun<strong>do</strong>,respectivamente.Fonte: Escola da Cida<strong>de</strong>, 2009Com relação a Novo Progresso, este é o único centro <strong>de</strong> serviços nesta região <strong>do</strong> Pará, poistanto Itaituba quanto Guarantã ficam a quase 400 quilômetros <strong>de</strong> distância. Atualmente aestrutura da cida<strong>de</strong> apresenta melhorias, tais como sistema <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> água,administra<strong>do</strong> pela empresa åguas <strong>de</strong> Novo Progresso, coleta <strong>de</strong> lixo, pavimentação <strong>de</strong>algumas ruas com sistemas <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> água pluvial.A cida<strong>de</strong> possui boa re<strong>de</strong> bancária e <strong>de</strong> telefonia. Pela sua localização estratratégica a cida<strong>de</strong>serve também como ponto <strong>de</strong> ligação atráves <strong>do</strong>s transportes terrestres interurbanos, sen<strong>do</strong>servi<strong>do</strong> por empresas interestaduais, e também transporte aéreo, com vôos comerciais efreta<strong>do</strong>s.2.7 CARACTERèSTICAS DA POPULAêëO2.7.1 Saí<strong>de</strong>Alta Floresta se sobressae na região <strong>do</strong> PEC como a cida<strong>de</strong> mais equipada para atendimento<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Consórcio <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>do</strong> Alto Tapajós, representan<strong>do</strong> também aRe<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os municípios da região, com um escritório regional.Dispõem <strong>de</strong> 5 hospitais, sen<strong>do</strong> 1 público e 4 priva<strong>do</strong>s, representan<strong>do</strong> o maior número <strong>de</strong> leitosdisponíveis, no total e ao SUS. Além <strong>do</strong>s hospitais conta com mais 29 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sem internação (postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> atendimento <strong>do</strong> Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> daFamília - PSF), presentes também na zona rural.Mesmo com esta infra-estrutura, casos mais complexos e <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças crônicas como AIDS ouCâncer são encaminha<strong>do</strong>s para os gran<strong>de</strong>s centros, pois o município não realiza examesdiagnósticos <strong>de</strong> imagem e não possui leitos <strong>de</strong> UTI. O Município tem ambulâncias que fazem aremoção <strong>do</strong>s pacientes, mas <strong>de</strong>pen<strong>do</strong> da gravida<strong>de</strong> é provi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> um transporte aéreo.Em Carlinda e Guarantã os equipamentos para o atendimento da saú<strong>de</strong> tem si<strong>do</strong> suficientespara o atendimento básico, com 13 e 17 estabelecimentos, respectivamente, sen<strong>do</strong> algunscasos encaminha<strong>do</strong>s para os hospitais <strong>de</strong> Alta Floresta.Novo Mun<strong>do</strong> apresenta a situação mais precária, contan<strong>do</strong> apenas com duas unida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Família, na área urbana, e três na zona rural. Nessas unida<strong>de</strong>s atuauma equipe composta por <strong>de</strong>ntista, médico, enfermeiros, fisioterapeuta, psicólogo, entre outrosprofissionais. Os casos graves são envia<strong>do</strong>s para os hospitais <strong>do</strong>s municípios vizinhos, com otransporte ofereci<strong>do</strong> pela Prefeitura (três ambulâncias).A Tabela 21 mostra a situação, em 2000, da infra-estrutura para o atendimento da saú<strong>de</strong>, naregião <strong>do</strong> PEC.91


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoTabela 21 - Equipamentos para o atendimento da saú<strong>de</strong> na região <strong>do</strong> PEC, em 2000MunicípioN o Total<strong>de</strong> LeitosN oLeitosSUSN oInternações2000Postos e outrosPúblicoPriva<strong>do</strong>Alta Floresta 188 166 10.055 20 4Carlinda 17 17 1.365 11 1Guarantâ <strong>do</strong> Norte 40 40 3.673 7 4Novo Mun<strong>do</strong> - - - 2 -Fonte: IBGE, 2000Quanto ao número <strong>de</strong> óbitos hospitalares (Tabela 22) é espera<strong>do</strong> que Alta Floresta, com omaior número <strong>de</strong> hospitais e leitos, seja também o local com o maior número <strong>de</strong> óbitos. Aprincipal causa <strong>de</strong>stas mortalida<strong>de</strong>s foram causas externas, como aci<strong>de</strong>ntes e assassinatos,seguida por <strong>do</strong>enças cardiorrespiratórias e vasculares.Tabela 22 - Morbida<strong>de</strong>s hospitalares nos municípios da região <strong>do</strong> PEC, no <strong>MT</strong>, em 2007.Causas da mortalida<strong>de</strong>Doenças- infecciosas eparasitáriasDoenças cardiorrespiratóriase vascularesAltaFlorestaCarlindaNº <strong>de</strong> óbitosGuarantâ<strong>do</strong> NorteNovoMun<strong>do</strong>16 1 -32 5 5Doenças crônicas 19 2 -Causas externas (aci<strong>de</strong>ntese assassinatos)39 8 -Total <strong>de</strong> óbitos 106 16 29 5Fonte: <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> e seus Municípios (da<strong>do</strong>s IBGE, 2007)A cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Novo Progresso possui <strong>do</strong>is hospitais, um público e um particular, ambos comestrutura a<strong>de</strong>quada ao tamanho da cida<strong>de</strong>. O hospital público conta com 6 médicos e umlaboratório. No hospital municipal, estão disponíveis 2 leitos <strong>de</strong> cirurgia geral, 14 para clínicageral, 2 <strong>de</strong> obstetrícia cirúrgica e uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolamento, totalizan<strong>do</strong> 19 leitos. Há tambémuma unida<strong>de</strong> móvel da Vigilância em Saú<strong>de</strong>. A taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> em partos já foi alta, masatualmente a situação está normalizada. Casos <strong>de</strong> maior gravida<strong>de</strong> são encaminha<strong>do</strong>s para osgran<strong>de</strong>s pólos regionais.2.7.2 EducaçãoA re<strong>de</strong> escolar <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Alta Floresta é composta por 46 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, sen<strong>do</strong> 28escolas públicas, 9 escolas particulares, 2 escolas especiais, 3 creches municipais e 4instituições <strong>de</strong> ensino Superior. Essas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino, em 2007, atendiam 12.675 alunos.A taxa <strong>de</strong> analfabetismo tem diminuí<strong>do</strong> nos últimos anos, passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> 25% na década <strong>de</strong>1980 para 15% em 2000. Esses números continuam cain<strong>do</strong> chegan<strong>do</strong> a 13% no ano <strong>de</strong> 2008,92


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoaproximan<strong>do</strong>-se da média nacional(12%). Essa redução não inclui os analfabetos funcionais,já que 76% da população freqüentaram apenas as quatro séries iniciais.As universida<strong>de</strong>s estadual e fe<strong>de</strong>ral e faculda<strong>de</strong>s particulares tem contribuí<strong>do</strong> para a formação<strong>de</strong> profissionais nas mais diversas áreas, entretanto o enfoque principal ainda está nos cursos<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores (Licenciaturas em Ciências Biológicas, Letras e Pedagogia),Ciências Sociais (Administração e Ciências Contábeis) e da Terra (Agronomia e EngenhariaFlorestal).Em Carlinda existem 6 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino que aten<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a educação infantil até oensino médio. A re<strong>de</strong> conta com 3.161 alunos matricula<strong>do</strong>s, o que correspon<strong>de</strong> a 26% dapopulação freqüentan<strong>do</strong> a escola. No entanto, o índice <strong>de</strong> analfabetismo no município éextremamente alto, em torno <strong>de</strong> 25,9% da população.. Em 2000, segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE,94% da população haviam freqüenta<strong>do</strong> a escola <strong>de</strong> 1 a 4 anos das séries iniciais. Algunshabitantes freqüentam o ensino superior no município <strong>de</strong> Alta FlorestaEm Guarantã <strong>do</strong> Norte, 88,4 % da população possuem apenas as quatro séries iniciais <strong>do</strong>ensino básico. A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino <strong>do</strong> município conta com 12 estabelecimentos, 9 públicos e 3particulares, que aten<strong>de</strong>m 7.587 alunos. Esse número compreen<strong>de</strong> crianças, jovens e adultosque estão assim distribuí<strong>do</strong>s: na zona rural 1.194 alunos, na zona urbana 2.980 e 576indígenas. Com relação a taxa <strong>de</strong> analfabetismo, <strong>de</strong> 23,7% em 1991 reduziu para 13,9%, em,2000.A situação da educação na região <strong>do</strong> PEC, em <strong>MT</strong>, está representada nas Tabelas <strong>de</strong> 23 a 26.Tabela 23 - Número <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino da região <strong>do</strong> PEC, em <strong>MT</strong>,2007MunicípioNúmero <strong>de</strong> matriculasEnsinoFundamentalEnsinoMédioEnsinoSuperiorTotal <strong>de</strong>AlunosAlta Floresta 8.844 2.398 1.433 12.675Carlinda 2.392 769 - 3.161Guarantâ <strong>do</strong> Norte 6.342 1.245 - 7.587Novo Mun<strong>do</strong> 1.599 273 - 1.872Fonte: <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> e seus Municípios (da<strong>do</strong>s IBGE, 2007)Tabela 24 - Taxa <strong>de</strong> analfabetismo nos municípios da região <strong>do</strong> PEC, em 1991 e 2000.Municípios% <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> 25 anosou mais analfabetas,1991%l <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> 25 anosou mais analfabetas, 2000Alta Floresta 25,7 15,7Carlinda 37,3 25,9Guarantâ <strong>do</strong> Norte 23,7 13,9Novo Mun<strong>do</strong> 37,2 16,2Fonte: IBGE, 2000Tabela 25 - Evolução da média <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> nos municípios da região <strong>do</strong> PEC, em<strong>MT</strong>, entre 1991 e 2000.93


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoMunicípiosMédia <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> das pessoas com 25 anos oumais1991 2000Alta Floresta 3,6 4,9Carlinda 2,1 3,2Guarantâ <strong>do</strong> Norte 3,6 4,3Novo Mun<strong>do</strong> 2,7 3,9Fonte: Atlas <strong>do</strong> Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000Tabela 26 - Percentual <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> 18 a 22 anos com acesso ao curso superior,em1991 e 2000, na região <strong>do</strong> PEC.Municípios% <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> 18 a 22 anos com acesso a cursosuperior1991 2000Alta Floresta 0,34 4,62Carlinda 0,08 0,03Guarantâ <strong>do</strong> Norte 0,23 0,49Novo Mun<strong>do</strong> 0,45 1,33Fonte: Atlas <strong>do</strong> Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000Em Novo Mun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> assentamentos, a distribuição das escolasdifere <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais municípios da região: são apenas três escolas na zona urbana e 22 na zonarural. As escolas municipais oferecem apenas o ensino fundamental, já as escolas estaduaisofertam ensino fundamental é médio.De acor<strong>do</strong> com a Prefeitura <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> (2008), gran<strong>de</strong> parte da população é alfabetizada,porém a maioria não concluiu o ensino fundamental. E são raros os habitantes com cursosuperior, como mostra a Figura 28.Além das ativida<strong>de</strong>s normalmente <strong>de</strong>senvolvidas nas escolas, o município conta comprogramas especiais <strong>de</strong> educação, tais como: Educação Especial (inclusão); Se liga Brasil;Acelera Brasil; Circuito Campeão; Agente Rural; Educação a Distância (Pedagogia, Letras eCiências Contábeis).Figura 28 - Nível <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s habitantes <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, em 2008.94


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFonte: Prefeitura <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, 2008 - Perfil Socioeconémico <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> – <strong>MT</strong>.Novo Progresso possui 4 escolas municipais que oferecem ensino infantil, 7 que oferemensino fundamental e 1 escola estadual com ensino médio. Há também 3 instituiçõesparticulares. O município também conta com o Programa <strong>de</strong> Erradicação <strong>do</strong> Trabalho Infantil,aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> as crianças em perío<strong>do</strong> integral. O ensino superior está restrito ás faculda<strong>de</strong>s adistância, com os cursos <strong>de</strong> Pedagogia, Ciências Contábeis, Turismo e Administração.Da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2000 (Tabela 27) mostram que 55,6% da população possuia menos <strong>de</strong> 4 anos <strong>de</strong>estu<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> 21,7% analfabetos.Tabela 27 - EvoluÖÜo da escolarida<strong>de</strong> em Novo Progresso, entre 1991 e 2000Escolarida<strong>de</strong> da populaÖÜoNovoProgresso1991 2000Taxa <strong>de</strong> analfabetismo 27.8 21.7% com menos <strong>de</strong> 4 anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> 54.3 55.6% com menos <strong>de</strong> 8 anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> 88.3 88.4Mçdia <strong>de</strong> anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> 3.2 3.5Fonte: Atlas <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano (http://www.pnud.org.br/atlas)Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> toda a região mostram que a atenção e os investimentos em educação não temsi<strong>do</strong> suficientes para aten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>vidamente a população e o próprio <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>smunicípios, uma vez que a baixa escolarida<strong>de</strong> está diretamente correlacionada com aqualida<strong>de</strong> e a produtivida<strong>de</strong> da mão-<strong>de</strong>-obra. Apenas Alta Floresta <strong>de</strong>u um maior salto <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong>, entre 1991 e 2000, no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> capital humano, inclusive quanto aoacesso aos cursos superiores. Mas assim como os <strong>de</strong>mais municípios, ainda não seaproximou da escolarida<strong>de</strong> obrigatória <strong>de</strong> 8 anos, indicada para o Brasil.95


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.7.3 Aspectos Culturais e SociaisA cultura e suas formas <strong>de</strong> manifestaÖÜo nessa regiÜo tém sua origem na tradiÖÜo <strong>do</strong>s colonosda regiÜo sul, no entanto existem traÖos marcantes <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong>s pelos garimpeiros que po<strong>de</strong>m serobserva<strong>do</strong>s na linguagem, construÖåes, alimentaÖÜo e outros.Este grupo apesar <strong>do</strong> isolamento provoca<strong>do</strong> pela distancia <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s centros tambÄm Ämassifica<strong>do</strong> pela cultura televisiva, que produz <strong>de</strong> norte a sul <strong>do</strong> paàs os mesmos hÇbitos,costumes, <strong>de</strong>sejos e sonhos. Pelo curto espaÖo <strong>de</strong> tempo ainda nÜo se po<strong>de</strong> falar <strong>de</strong> umai<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com o local, entretanto essas pessoas pertencem ao grupo <strong>de</strong> indivàduos quetrabalham na terra e com isso seu vànculo maior Ä com as suas formas <strong>de</strong> produÖÜo e a suaproprieda<strong>de</strong>.Em relaÖÜo aos eventos, ocorre praticamente a mesma programaÖÜo em toda a regiÜo. Amaioria sÜo comemoraÖåes càvicas e <strong>de</strong> aniversÇrio da cida<strong>de</strong>, com <strong>de</strong>sfiles <strong>do</strong>s habitantes<strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> o que produzem e suas homenagens aos primeiros anos <strong>de</strong> colonizaÖÜo. AlÄm<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sfiles, ocorrem celebraÖåes religiosas, bailes, shows, exposiÖåes agropecuÇrias,torneios <strong>de</strong> futebol e outros. Nos municàpios maiores, como no caso <strong>de</strong> Alta Floresta quepossui grupos <strong>de</strong> teatro, tambÄm ocorrem apresentaÖåes <strong>de</strong> peÖas teatrais, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se astemÇticas locais.Nenhum <strong>do</strong>s municàpios possui cinema, shopping ou casas <strong>de</strong> shows musicais. Apenas AltaFloresta possui teatro e museu. Os <strong>de</strong>mais municàpios possuem apenas ginÇsios e campos <strong>de</strong>futebol para ativida<strong>de</strong>s esportivas, mas que acabam servin<strong>do</strong> tambÄm <strong>de</strong> espaÖo para oseventos menciona<strong>do</strong>s. As opÖåes <strong>de</strong> lazer po<strong>de</strong>m ser caracterizadas como ativida<strong>de</strong>speculiares a pequenas cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> interior tais como passeios e acampamentos em rios eriachos; ativida<strong>de</strong>s esportivas, com jogos e gincanas e a realizaÖÜo <strong>de</strong> algumas festastradicionais, como 7 <strong>de</strong> setembro, comemoraÖÜo da colheita, festas juninas, aniversÇrio dacida<strong>de</strong>, entre outras. Existem ainda ativida<strong>de</strong>s direcionadas para os I<strong>do</strong>sos, organizadas porgrupos da terceira ida<strong>de</strong> que promove bingos, bailes, caminhadas, passeios, etc.SÜo reconheci<strong>do</strong>s trés tipos <strong>de</strong> patrimÉnio cultural nos municàpios: os naturais (ambientais), oshistÅricos (construÖåes, objetos e materiais antigos) e os artesanais (produÖåes locais e todasas forma <strong>de</strong> expressÜo da arte contemporânea). Como patrimÉnio natural eles <strong>de</strong>finem afloresta, cachoeiras, rios, animais selvagens, peixes e fontes <strong>de</strong> Çguas minerais. Esseselementos sÜo menciona<strong>do</strong>s como existentes nos parques e <strong>de</strong>mais Çreas <strong>de</strong> proteÖÜo, sejamurbanas ou rurais. O Parque Cristalino Ä cita<strong>do</strong> como patrimÉnio cultural pelos mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong>smunicàpios <strong>de</strong> Alta Floresta e Novo Mun<strong>do</strong>.Consi<strong>de</strong>ram ainda como patrimÉnio cultural os elementos que compåe o processo <strong>de</strong>ocupaÖÜo da regiÜo. Dentre estes estÜo as construÖåes <strong>do</strong>s primeiros colonos, assim comoto<strong>do</strong>s os seus pertences na Äpoca da chegada nos projetos <strong>de</strong> colonizaÖÜo. No museu <strong>de</strong> AltaFloresta existe uma sala <strong>de</strong> MemÅrias da ColonizaÖÜo. TambÄm Ä mencionada a prÄ-histÅriada colonizaÖÜo, com artefatos indàgenas, fÅsseis <strong>de</strong> animais e os <strong>de</strong>senhos ou marcasencontra<strong>do</strong>s em painÄis <strong>de</strong> pedras, “Pedra Preta”, ainda nÜo i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s ou data<strong>do</strong>s, masque se repetem em vÇrios pontos da regiÜo.2.7.4 Renda e Desenvolvimento HumanoSegun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IPEA (Instituto <strong>de</strong> Pesquisa EconÉmica Aplicada), <strong>de</strong> 2005 (Escola daCida<strong>de</strong>, 2006), as maiores economias da regiÜo <strong>do</strong> PEC, foram Alta Floresta e GuarantÜ <strong>do</strong>Norte, sen<strong>do</strong> estas, tambÄm, as maiores cida<strong>de</strong>s e os municàpios mais populosos. Em 2005, oPIB <strong>de</strong> Alta Floresta era o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong> por GuarantÜ <strong>do</strong> Norte e em ambos provinhaprincipalmente <strong>do</strong> setor <strong>de</strong> serviÖos, o que indica economias diversificadas. Esta diversificaÖÜoda economia Ä o que, principalmente, faz estes <strong>do</strong>is municàpios se constituàrem em espaÖos <strong>de</strong>polarizaÖÜo ou espaÖos <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> da regiÜo, como mostra a Figura 29.96


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFigura 29 - Fluxos <strong>de</strong> riqueza e serviços em relação às cida<strong>de</strong>s polo da regiãoFonte: Escola da Cida<strong>de</strong>, 2006Os gráficos da Figura 30 mostram as disparida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> setor terciário (serviços) <strong>de</strong> Alta Florestae Guarantã <strong>do</strong> Norte em relação aos <strong>de</strong>mais municípios.Figura 30 - Produto Interno Bruto Municipal (PIB), por setores <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, nosmunicípios da região <strong>do</strong> PEC em <strong>MT</strong>, em 2005.Fonte: IPEA, 2005 (Escola da Cida<strong>de</strong>, 2006)O PIB per capita, relaciona<strong>do</strong> com a população total <strong>do</strong>s municípios, também mostra as<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s da região, mas <strong>de</strong> outra forma: enquanto Alta Floresta, mesmo com a maiorpopulação, apresentou o maior PIB per capita, Guarantã <strong>do</strong> Norte foi o pior, fican<strong>do</strong> abaixo <strong>de</strong>Novo Mun<strong>do</strong> (Tabela 28).97


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoTabela 28 - PIB per capita <strong>do</strong>s municípios <strong>do</strong> Portal da Amazônia, ano 2005.MunicípiosPIB percapta em2005 (R$)Alta Floresta 6.545,18Novo Mun<strong>do</strong> 6.440,75Guarantâ <strong>do</strong> Norte 4.860,15Carlinda 4.493,22Fonte: IPEA, 2005 (Escola da Cida<strong>de</strong>, 2006)Contu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s pelo Índice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano (IDH), o qual sebaseia em indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> renda, longevida<strong>de</strong> e educação, extraí<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s censos <strong>de</strong>mográficos,os quatros municípios da região aparecem igualmente classifica<strong>do</strong>s como <strong>de</strong> médio<strong>de</strong>senvolvimento humano (entre 0,5 e 0,8). O IDH <strong>do</strong>s municípios da região melhorou entre1991 e 2000, como mostra a Tabela 29, fican<strong>do</strong> mais próximos <strong>do</strong> IDH <strong>de</strong> Cuiabá, mas semapresentar uma variação significativa entre eles.Tabela 29 - Evolução <strong>do</strong> Indice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) na região<strong>do</strong> PEC, no <strong>MT</strong>, entre 1991 e 2000.MunicípiosÍndice <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano Municipal1991 2000Alta Floresta 0,649 0,779Guarantâ <strong>do</strong> Norte 0,664 0,757Novo Mun<strong>do</strong> 0,605 0,732Carlinda 0,580 0,700Cuiabá 0,760 0,821Fonte: Atlas <strong>de</strong> Desenvolvimento Humano, 2005A renda familiar, medida em salários mínimos, foi o componente que mais influenciounegativamente o valor final <strong>do</strong> IDH, enquanto a longevida<strong>de</strong> e a escolarida<strong>de</strong> foramresponsáveis pelo crescimento <strong>do</strong> IDH no perío<strong>do</strong>.No entanto, o IDH não contempla da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. O Índice <strong>de</strong> Gini é um indica<strong>do</strong>rutiliza<strong>do</strong> para medir a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda (quanto mais perto <strong>de</strong> zero, menor o nível <strong>de</strong><strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>, quanto mais perto <strong>de</strong> 1, maior). A variação <strong>do</strong> índice <strong>de</strong> Gini entre 1991 e 2000,nos municípios da região <strong>do</strong> PEC, apresentada na Tabela 30, mostra uma gran<strong>de</strong>concentração da renda na região, principalmente em Guarantã e Carlinda, e que esta, comexceção <strong>de</strong> Guarantã, aumentou entre 1991 e 2000. Alta Floresta, mesmo sen<strong>do</strong> o municípiocom o mais alto PIB da região, apresentou um índice Gini relativamente baixo.Tabela 30 - Indica<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> renda (índice Gini) na região <strong>do</strong> PEC IIMunicípioÍndice <strong>de</strong> Gini,1991Índice <strong>de</strong>Gini, 2000Alta Floresta 0,55 0,5998


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoCarlinda 0,52 0,53GuarantÜ <strong>do</strong> Norte 0,66 0,64Novo Mun<strong>do</strong> 0,60 0,63MÄdia da RegiÜo 0,58 0,59Fonte: Atlas <strong>do</strong> Desenvolvimento Humano, 2005.Estes da<strong>do</strong>s mostram que o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da regiÜo, com gran<strong>de</strong>sempreendimentos agropecuÇrios e ma<strong>de</strong>ireiros, apesar <strong>de</strong> gerar consi<strong>de</strong>rÇveis recursosfinanceiros, estes permanecem concentra<strong>do</strong>s entre poucos, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> proporcionar ãgran<strong>de</strong> parte da populaÖÜo o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> acesso ãs riquezas da regiÜo.2.7.5 Síntese da Caracterização Socioeconômica da População da RegiãoDe forma geral, existem diferenÖas e contradiÖåes entre os municàpios, principalmente notocante a infra-estrutura, interferin<strong>do</strong> significativamente no aspecto econÉmico. Em relaÖÜo ãcultura, educaÖÜo, percepÖÜo, representaÖÜo social e <strong>de</strong>mais aspectos que envolvem aconstruÖÜo da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses indivàduos Ä possàvel observar que existem grupos distintos,mas uni<strong>do</strong>s pela mesma i<strong>de</strong>ologia <strong>de</strong> ocupaÖÜo e <strong>de</strong>senvolvimento.O primeiro grupo Ä que dita as regras, forma<strong>do</strong> pelos gran<strong>de</strong>s fazen<strong>de</strong>iros (muitos <strong>de</strong>lesgrileiros) e pelos polàticos, algumas vezes auxilia<strong>do</strong>s por funcionÇrios <strong>do</strong> governo. Esses megaempresÇrios <strong>do</strong> agronegÅcio nÜo tém limite na ampliaÖÜo da sua riqueza. O seu po<strong>de</strong>r Ämanti<strong>do</strong> pela riqueza. Nem mesmo as ameaÖas voltadas para a sobrevivéncia <strong>do</strong> planeta, suafonte <strong>de</strong> riqueza, os assusta.O segun<strong>do</strong> grupo Ä forma<strong>do</strong> pela massa <strong>de</strong> manobra, composto por pequenos e mÄdiosprodutores e por alguns profissionais liberais, artistas, educa<strong>do</strong>res e ambientalistas que tentambuscar soluÖåes para os problemas locais e globais. Esses possuem ciéncia <strong>do</strong>s problemasprovoca<strong>do</strong>s pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ocupaÖÜo e <strong>de</strong>senvolvimento implanta<strong>do</strong> na regiÜo. Entretanto,sÜo poucas as suas conquistas, por falta <strong>de</strong> articulaÖÜo polàtica e pressåes comuns a quem secontrapåe ao sistema vigente.ö preciso conhecer os problemas <strong>do</strong>s componentes <strong>de</strong>ssa populaÖÜo:Possuem escolarida<strong>de</strong> baixa e a gran<strong>de</strong> maioria Ä analfabeta e/ou analfabeta funcional.O atendimento a saä<strong>de</strong> Ä precÇrio.Véem na ativida<strong>de</strong> pecuÇria a änica forma <strong>de</strong> sobrevivéncia, ou entÜo, formas <strong>de</strong>exploraÖÜo <strong>do</strong>s recursos naturais como ma<strong>de</strong>ira e minerais.Migram para as cida<strong>de</strong>s que tambÄm nÜo possuem infra-estrutura para recebé-los.NÜo tém conhecimento e nem autonomia para se organizar e escolher sua forma <strong>de</strong>produÖÜo.Acreditam na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enriquecer e melhorar <strong>de</strong> vida com base numa polàticapaternalista e <strong>de</strong> favorecimento.Possuem valores contrÇrios a Ätica ambiental, social e atÄ mesmo econÉmica.Desta forma, nem todas as pessoas que moram na regiÜo sÜo beneficiadas pelo avanÖo sobreas terras <strong>do</strong> PEC, justificada pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expansÜo da agropecuÇria. O que sobrapara a maior parte da populaÖÜo sÜo os problemas provoca<strong>do</strong>s por essa forma <strong>de</strong> produÖÜoque exclui o pequeno que nÜo tem condiÖåes <strong>de</strong> avanÖar sobre terras päblicas por nÜo tercapital e nem credito.Frases sem nenhum senti<strong>do</strong> sÜo repetidas pelos polàticos locais afirman<strong>do</strong> que: “Se o rico(gran<strong>de</strong> fazen<strong>de</strong>iro) estiver bem vai sobrar alguma coisa pro pequeno e ele tambÖm vai ficarbem”. Essa frase representa a mais perfeita forma <strong>de</strong> convencimento que <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com99


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFurta<strong>do</strong> (1974) se traduz no sonho, acalenta<strong>do</strong> pelos pequenos proprietários, <strong>de</strong> posse daterra e enriquecimento econômico.Assim, já que a maioria partilha a mesma forma <strong>de</strong> viver e sentir o meio ambiente,negligencian<strong>do</strong> a hipótese <strong>de</strong> interagir, as questões ambientais vão permanecen<strong>do</strong> emsegun<strong>do</strong> plano.É preciso que estas pessoas reflitam sobre suas ações a partir da interação com o meio e comos outros para que se transformem em cidadãos da Amazônia <strong>Mato</strong>-grossense. Condição esta<strong>de</strong>fendida por Hogan (1995) que afirma ser fundamental a criação para si e em si <strong>de</strong> umaconsciência na qual antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> é necessário cuidar da vida para que to<strong>do</strong>s possamcontinuar a existir.2.8 CARACTERIZAÇÃO DA OCUPAÇÃO DAS TERRAS NO ENTORNO DO PECO entorno <strong>do</strong> parque é ocupa<strong>do</strong> pelo complexo <strong>de</strong> assentamentos da Gleba Divisa, compostopelos seguntes assentamentos: Roche<strong>do</strong>, Chicão, Chapéu Preto, Sapezal, Capixaba, Nhandú,Japonês, Cristalino (antes 5000), Nova Esperança, Pé-<strong>de</strong>-Serra e Alci<strong>de</strong>s. Ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ssesassentamentos existem cerca <strong>de</strong> 170 latifúndios, na sua maioria, sem títulos regulariza<strong>do</strong>s(Fotos 30 e Figura 31).A criação <strong>de</strong>stes assentamentos foi marcada pela violência e toda forma <strong>de</strong> manipulação <strong>de</strong>uma parcela da população que vive à margem da socieda<strong>de</strong> e por isso disposta a enfrentarqualquer situação para ter direito à terra como forma <strong>de</strong> sobrevivência. Sem-terras <strong>do</strong>smunicípios <strong>de</strong> Carlinda, Colí<strong>de</strong>r e Guarantã <strong>do</strong> Norte somaram-se aos agricultores vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong>outras regiões. O <strong>de</strong>poimento a seguir ilustra a situação.“Aqui na gleba 5.000 moro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000. Quem comeÉou a linha <strong>do</strong> onibus foi o Çnibus da SatÖlite. FizinscriÉÑo, mas nÑo aprovou, gente que chegou muito <strong>de</strong>pois jâ pegou terra e eu atÖ agora nada. Eufalei com o JoÑo mecçnico e o Vandir mas eles atÖ agora nada resolveu. Sofri tanto a espera <strong>de</strong> umaterra. Gente que veio <strong>de</strong> fora pegou terra pronaf e eu nada, estou <strong>de</strong>semprega<strong>do</strong> e sem terra. (FEMA/ICV, 2003).Nos acampamentos tornaram-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da ação <strong>do</strong>s governantes e <strong>de</strong> políticos, aomesmo tempo em que sofreram violências por parte <strong>do</strong>s latifundiários, quase sempre comconivência das autorida<strong>de</strong>s constituídas, como atesta o testemunho <strong>de</strong>ste agricultor:“Na Öpoca alguns verea<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> influenciaram a gente porque iria ficar mais prÅximo daârea que seria cortada, a qual houve um sistema <strong>de</strong> agressÑo, a qual eu fui agredi<strong>do</strong> lâ por umapessoa que toma conta da fazenda <strong>do</strong> senhor Vilela. O agressor Ö conheci<strong>do</strong>, na 5.000, comoPaulÑo. Ele me agrediu. Me pegou. Me esfregou em cima <strong>de</strong> um carro, dizen<strong>do</strong> que se nÅs <strong>de</strong>scemospermanäncia ali, atÖ no dia seguinte, ele iria voltar enguacheba<strong>do</strong> [arma<strong>do</strong>] e iria matar <strong>de</strong> crianÉa amais velho que tivesse no local. Isso na gleba 5.000. Isso aconteceu no dia seguinte em que nÅschegamos, ou seja, no dia 8 <strong>de</strong> setembro” (FEMA/ICV, 2003).Diante das dificulda<strong>de</strong>s, a terra é a única saída para os agricultores e suas famílias. Pois aterra é o meio pelo qual eles po<strong>de</strong>m ter a moradia, produzir o seu alimento, ter uma renda esegurida<strong>de</strong> social. A terra se contribui o elemento fulcral da existência econômica e social<strong>de</strong>stas famílias, mesmo enfrentan<strong>do</strong> dificulta<strong>de</strong>s como as <strong>do</strong> relato a seguir:Cheguei aqui na Gleba dia 08-06-2002, comprei um sitio <strong>de</strong> 22 alqueire, nÑo consegui ganhar sitiopelo Incra, motivo, nÑo havia mais cadastro. Enfrentei estrada pÖssima, moran<strong>do</strong>, num barraco <strong>de</strong>palha <strong>de</strong> coqueiro, <strong>de</strong>ntro da capoeira. Sofremos malaria, eu e minha famÜlia. Fiz o cadastro <strong>do</strong>pronafi nÑo fui contempla<strong>do</strong>, motivo nÑo sei, meus <strong>do</strong>cumentos estÑo to<strong>do</strong>s regulariza<strong>do</strong>s. Planteimilho, pomar, mandioca, legumes e verduras e nÑo temos assistäncia. (FEMA /ICV, 2003).Fotos 30 - Vista aérea <strong>do</strong>s assentamentos, no entorno oeste <strong>do</strong> PEC100


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFotos: Ayslaner Gallo, 2009Figura 31 - Localização <strong>do</strong>s assentamentos <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PEC2.9 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS PROTEGIDAS DO ENTORNO IMEDIATO DO PECNa regiÜo <strong>do</strong> PEC, fazen<strong>do</strong> limite com o mesmo, hÇ outras Çreas tambÄm protegidas: quatroReservas Particulares <strong>do</strong> PatrimÉnio Natural RPPN - Lote Cristalino e Cristalino I, II e III, euma gran<strong>de</strong> Çrea pertencente ã ForÖa AÄrea Brasileira – o Campo <strong>de</strong> Provas Briga<strong>de</strong>iroVelloso - CPBV.2.9.1 Reservas Particulares <strong>do</strong> Patrimônio Natural: Lote Cristalino e Cristalino I, II e IIIMesmo antes da criaÖÜo <strong>do</strong> PE Cristalino, jÇ existia na regiÜo <strong>do</strong> Cristalino uma pequenaunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservaÖÜo, a Reserva Particular <strong>do</strong> PatrimÉnio Natural Lote Cristalino, criadapela Portaria Fe<strong>de</strong>ral 28/07-N em 1997. Nela, hÇ cerca <strong>de</strong> 20 anos, foi inicia<strong>do</strong> um programa<strong>de</strong> ecoturismo, que em pouco tempo <strong>de</strong>senvolveu-se e se tornou mundialmente reconheci<strong>do</strong>.Seu éxito tem contribuà<strong>do</strong> para a divulgaÖÜo das belezas naturais da regiÜo <strong>do</strong> Cristalino e dasfortes pressåes que ameaÖam a sua conservaÖÜo, mobilizan<strong>do</strong> a socieda<strong>de</strong> brasileira einternacional. O seu Plano <strong>de</strong> Manejo ainda se encontra em fase <strong>de</strong> elaboraÖÜo.Em maio <strong>de</strong> 2007, foi criada a RPPN Cristalino III, pela Portaria Estadual ní. 44 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> maio<strong>de</strong> 2007, da SEMA, <strong>MT</strong>. As RPPNs Cristalino I e II estÜo em processo <strong>de</strong> criaÖÜo. Estas101


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoRPPNs são contíguas e estão localizadas à margem esquerda <strong>do</strong> rio Cristalino, forman<strong>do</strong> umcomplexo <strong>de</strong> áreas preservadas, juntamente com a RPPN Lote Cristalino e o PE Cristalino(Figura 32).Figura 32 - Localização das RPPNs Lote Cristalino e Cristalino I, II e III em relação aoPEC, a Ilha Ariosto da Riva e Fazenda Cristalino.Fonte: Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN, FEC, 2008As RPPNs Cristalino localizam-se a 37 km da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Alta Floresta e 118 km <strong>de</strong> NovoMun<strong>do</strong>. Ao sul, fazem limite com o rio Teles Pires, que constitui o seu principal acesso.Devi<strong>do</strong> à sua localização estratégica, estas RPPNs são importantes para a conservação dabiodiversida<strong>de</strong> Amazônica, tanto no contexto local (Região <strong>do</strong> Cristalino) como também nocontexto da Amazônia Meridional.Situadas na porção sul da Amazônia, seu clima mais sazonal influencia as formaçõesflorísticas. De acor<strong>do</strong> com o Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN I, II e III (FEC, 2008), além das102


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoflorestas ombrÅfilas, ocorrem Çreas <strong>de</strong> encrave <strong>de</strong> vegetaÖÜo rupestre e florestas estacionais,com composiÖåes floràsticas e faunàsticas diferenciadas. A riqueza da avifauna Äsurpreen<strong>de</strong>nte, sen<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rada uma das maiores da AmazÉnia. HÇ indàcios <strong>de</strong> novasespÄcies tanto <strong>de</strong> animais quanto vegetais, sen<strong>do</strong> algumas endémicas.Localmente, as RPPNs tambÄm preenchem uma lacuna no formato quase retangular <strong>do</strong> PECristalino e funcionam como uma Çrea <strong>de</strong> amortecimento para o Parque, contribuin<strong>do</strong> para asua proteÖÜo contra pressåes antrÅpicas. AlÄm disso, o manejo das RPPNs irÇ assegurar amanutenÖÜo e a fiscalizaÖÜo <strong>de</strong> vias <strong>de</strong> acesso que tambÄm levam ao PEC.No contexto da AmazÉnia Meridional, as RPPNs complementam o mosaico <strong>de</strong> Çreasprotegidas contànuas na porÖÜo sul <strong>de</strong>ste bioma, fazen<strong>do</strong> parte <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> "Corre<strong>do</strong>rEcolÅgico da AmazÉnia Meridional".AlÄm disso, o sucesso <strong>de</strong>stas RPPNs tem si<strong>do</strong> peÖa-chave no programa <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelaparceria entre a FEC e o Instituto Centro <strong>de</strong> Vida - ICV que incentiva a criaÖÜo <strong>de</strong> novasRPPNs na regiÜo, em Çreas potenciais jÇ diagnosticadas nos municàpios <strong>de</strong> Alta Floresta eNovo Mun<strong>do</strong>.Junto das RPPNs, situa-se o hotel <strong>de</strong> selva Cristalino Jungle Lodge – CJL que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1988,vem atrain<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>rÇvel fluxo <strong>de</strong> turistas para a regiÜo.A partir <strong>de</strong> 1991, comeÖaram a chegar os primeiros observa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> aves, que atualmentecorrespon<strong>de</strong>m a um <strong>do</strong>s principais grupos <strong>de</strong> turistas. Atualmente o CJL, com acomodaÖåespara 50 pessoas, oferece diversas ativida<strong>de</strong>s recreativas como passeios em trilhas e pelo rio,ativida<strong>de</strong>s esportivas, torre <strong>de</strong> observaÖÜo, entre outras, com acompanhamento <strong>de</strong> guias(Fotos 31 e 32). Entre junho e outubro, o hotel recebe 65% <strong>do</strong> total <strong>do</strong>s cerca <strong>do</strong>s 700visitantes anuais.Os visitantes, proce<strong>de</strong>ntes principalmente <strong>do</strong> Brasil, mas tambÄm <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,Alemanha, EscandinÇvia, Reino Uni<strong>do</strong>, Holanda e FranÖa, tambÄm utilizam as trilhas dasRPPN Lote Cristalino e Cristalino I, II e III (Trilha <strong>do</strong> Cacau, Trilha da Castanheira, Trilha daSerra e Trilha <strong>do</strong> Tapiri). O programa <strong>de</strong> educaÖÜo ambiental Escola da AmazÇnia, ofereci<strong>do</strong>pela FEC, organiza periodicamente oficinas com estudantes da regiÜo ou <strong>de</strong> SÜo Paulo, comativida<strong>de</strong>s na Ilha Ariosto da Riva e nas RPPNs (Fotos 32 ). Des<strong>de</strong> 2003, foram organizadasmais <strong>de</strong> 10 oficinas.Apesar <strong>de</strong> nÜo haver maior infra-estrutura nas RPPNs, estas se favorecem da energia elÄtrica(gerada por turbina), Çgua potÇvel e linha telefÉnica <strong>do</strong> hotel <strong>de</strong> selva Cristalino Jungle Lodgee <strong>do</strong> alojamento com seis <strong>do</strong>rmitÅrios existente na Ilha Ariosto da Riva, utiliza<strong>do</strong> porpesquisa<strong>do</strong>res e por participantes <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> educaÖÜo ambiental.Fotos 31 - Acomodações <strong>do</strong> hotel <strong>de</strong> selva Cristalino Jungle Lodge e alojamento na IlhaAriosto da Riva, próximos às próximo às RPPNs Cristalino I, II e III.103


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFotos: Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN - FEC, 2008Fotos 32 - Alunos em ativida<strong>de</strong> da Escola da Amazônia e turistas <strong>do</strong> Cristalino JungleLodge no Rio Cristalino.Fotos: Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN - FEC, 2008.A FundaÖÜo EcolÅgica Cristalino, com escritÅrio Alta Floresta, Ä a responsÇvel pela gestÜo dasRPPNs e conta com recursos provenientes <strong>de</strong> instituiÖåes conservacionistas <strong>de</strong> fomento paraconduzir seus projetos educacionais, sociais, e <strong>de</strong> pesquisa e para a aquisiÖÜo <strong>de</strong> benspermanentes (caminhonete Hilux, <strong>do</strong>is barcos tipo “voa<strong>de</strong>ira”, gera<strong>do</strong>r <strong>de</strong> energia, GPS,computa<strong>do</strong>res, entre outros).As RPPNs Cristalino I, II e III, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008, contam com Plano <strong>de</strong> Manejo (FEC, 2008) e oPlano <strong>de</strong> Manejo da RPPN Lote Cristalino se encontra em elaboraÖÜo.No Plano <strong>de</strong> Manejo, sÜo estabeleci<strong>do</strong>s os seguintes programas <strong>de</strong> manejo a serem<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s nas RPPNs Cristalino:- Programa <strong>de</strong> AdministraÖÜo- Programa <strong>de</strong> ProteÖÜo e FiscalizaÖÜo- Programa <strong>de</strong> Pesquisa e Monitoramento- Programa <strong>de</strong> VisitaÖÜo- Programa <strong>de</strong> ComunicaÖÜo- Programa <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> EconÉmicaAs aÖåes previstas nestes programas serÜo <strong>de</strong>senvolvidas em seis diferentes zonas <strong>de</strong> usoestabelecidas no Zoneamento das Çreas: Zona Silvestre, Zona <strong>de</strong> ProteÖÜo, Zona <strong>de</strong>AdministraÖÜo, Zona <strong>de</strong> VisitaÖÜo, Zona <strong>de</strong> TransiÖÜo e Zona <strong>de</strong> RecuperaÖÜo, como mostra aFigura 33.Figura 33 - Zoneamento das RPPNs Cristalino I, II e III104


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFonte: Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN - FEC, 2008.2.9.2 Campo <strong>de</strong> Provas Briga<strong>de</strong>iro Velloso - CPBV (área da FAB)A área militar da Serra <strong>do</strong> Cachimbo, subordinada diretamente ao Ministério da Aeronáutica,possui cerca <strong>de</strong> 21.588,42 km 2 e 653 km <strong>de</strong> perímetro, no esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pará, acompanhan<strong>do</strong>, nosenti<strong>do</strong> leste-oeste, a divisa com o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> próprio Campo <strong>de</strong> Provas (em http://www.cpbv.aer.mil.br/), suaimplantação surgiu da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um local que pu<strong>de</strong>sse servir como ponto <strong>de</strong>abastecimento e alternativa para as aeronaves que tivessem como <strong>de</strong>stino os países norteamericanosou a Amazônia brasileira, especialmente rota aérea para chegar a Manaus pelointerior, pois só era acessível pelo litoral até Belém, e <strong>de</strong> lá, seguin<strong>do</strong> pelo Rio Amazonas. OCampo <strong>de</strong> Pouso surgiu em 3 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1950, quan<strong>do</strong> duas aeronaves pousaram emuma clareira arenosa na Serra <strong>do</strong> Cachimbo, uma <strong>de</strong>las ten<strong>do</strong> como passageiros os irmãosCláudio e Orlan<strong>do</strong> Vilas Boas.Foi oficialmente inaugura<strong>do</strong> em 20 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1954, em cerimônia que contou com apresença <strong>do</strong> então presi<strong>de</strong>nte Getúlio Vargas e uma gran<strong>de</strong> comitiva (20 aviões).Segun<strong>do</strong> o Briga<strong>de</strong>iro Nero Moura, então Ministro da Aeronáutica, além <strong>do</strong> <strong>de</strong>stacamento daForça Aérea, habitavam a região muitos índios, já acultura<strong>do</strong>s, e que foram convida<strong>do</strong>s paraque o presi<strong>de</strong>nte fizesse contato com os povos da floresta amazônica. Getúlio ficouabsolutamente encanta<strong>do</strong> com a região, que até então só conhecida pelos Villas Boas, o105


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicopessoal da FAB e os àndios. Os àndios eram mansos, conviviam com o pessoal <strong>do</strong><strong>de</strong>stacamento e <strong>de</strong>monstravam muita curiosida<strong>de</strong> pelo aviÜo.Em agosto <strong>de</strong> 1979, a Çrea foi transformada em Campo <strong>de</strong> Provas <strong>do</strong> Cachimbo, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> armamentos, artefatos bÄlicos, experimentos, testes,treinamentos e manobras <strong>de</strong> interesse das ForÖas Armandas.Em 1995, passou a <strong>de</strong>nominar-se Campo <strong>de</strong> Provas Briga<strong>de</strong>iro-<strong>do</strong>-Ar Harol<strong>do</strong> CoimbraVelloso e, em 1997, Campo <strong>de</strong> Provas Briga<strong>de</strong>iro Velloso – CPBV, contan<strong>do</strong> com uma pista <strong>de</strong>pouso <strong>de</strong> asfalto com 2.602 metros <strong>de</strong> comprimento e 45 metros <strong>de</strong> largura.Recentemente foi inaugurada uma pista auxiliar com 1.600 x 35m que possibilita pousos e<strong>de</strong>colagens <strong>de</strong> emergéncia (Foto 33). Atualmente, contan<strong>do</strong> com um efetivo aproxima<strong>do</strong> <strong>de</strong>130 (centro e trinta) militares, a unida<strong>de</strong> tem cresci<strong>do</strong> em sua infra-estrutura com asinauguraÖåes <strong>de</strong> instalaÖåes como Hotel <strong>de</strong> Trânsito, Posto MÄdico e SeÖÜo Contra-Incéndio(Foto 33).A Pequena Central HidrelÄtrica <strong>de</strong> Cachimbo (PCH-CC), instalada em 1954, com 37,5 kva <strong>de</strong>capacida<strong>de</strong>, foi a primeira Usina HidrelÄtrica da AmazÉnia e hoje conta com capacida<strong>de</strong> 30vezes maior <strong>do</strong> que o mÅdulo inicial, sen<strong>do</strong> mantida pelos prÅprios militares <strong>do</strong> CPBV (Foto34).Fotos 33 - Pistas <strong>de</strong> pouso <strong>do</strong> CPBV e Aspecto geral da infra-estrutura <strong>do</strong> CPBVFotos 34 Primeira usina hidroelétrica da Amazônia, construída no CPBV, em 1954Foto: www.cpbv.aer.mil.br/O Campo <strong>de</strong> Provas tem diversos estan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tiro espalha<strong>do</strong>s ao longo <strong>de</strong> toda sua Çrea,apresentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> atÄ pistas e instalaÖåes simuladas <strong>de</strong> màsseis eradares.106


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoUm <strong>de</strong>stes estan<strong>de</strong>s é <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> torres <strong>de</strong> comunicações, permitin<strong>do</strong> a realização <strong>de</strong> ataquesreais em pontes, estradas e pistas clan<strong>de</strong>stinas, sítios <strong>de</strong> mísseis, radares, aviões, veículosdiversos e alvos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>, sob coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> Campo <strong>de</strong> Provas (Foto 35).Foto 35 Equipamentos disponíveis na torre <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> um <strong>do</strong>s estan<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tiroFotos: www.cpbv.aer.mil.br/O CPBV-Cachimbo tem também uma forte vertente na área da preservação ambiental e dapesquisa. Em parceria com o IBAMA da região, é <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> um trabalho <strong>de</strong> reintegração <strong>de</strong>animais nativos e <strong>de</strong> preservação da fauna e da flora.Estu<strong>do</strong>s das camadas atmosféricas são anualmente realizadas por pesquisa<strong>do</strong>res nacionais einternacionais, vincula<strong>do</strong>s ao Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisa (INPE). Através <strong>de</strong> umaionossonda, são obtidas informações sobre mudanças no clima e efeitos causa<strong>do</strong>s pelastempesta<strong>de</strong>s solares.A região <strong>do</strong> Cachimbo é consi<strong>de</strong>rada a<strong>de</strong>quada para a efetivação <strong>de</strong> tais pesquisas por estarpróxima ao equa<strong>do</strong>r magnético, que é a região on<strong>de</strong> as irregularida<strong>de</strong>s e bolhas ionosféricassão formadas.Dezenas <strong>de</strong> rios nascem na Serra <strong>do</strong> Cachimbo, alguns <strong>de</strong>les <strong>de</strong>ntro da área da FAB. Dentreestes rios, <strong>de</strong>stacamos os rios Cururu e Cururu-Açu, Rio Cristalino, o Rio Formiga, o Rio Azule o Rio São Benedito, com cachoeiras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> beleza. Quase to<strong>do</strong>s os rios são tributários<strong>do</strong> Rio Teles Pires, que <strong>de</strong>ságua no Rio Tapajós.A vegetação é basicamente <strong>de</strong> três tipos: cerra<strong>do</strong>, floresta <strong>de</strong> transição e floresta Amazônica.Ocorre também Campinarana <strong>de</strong> Areia Branca, uma formação aberta com influência direta <strong>do</strong>cerra<strong>do</strong> e gran<strong>de</strong> potencial para ocorrência <strong>de</strong> en<strong>de</strong>mismos em função <strong>do</strong> seu grau <strong>de</strong>isolamento.Em julho <strong>de</strong> 1991, foi <strong>de</strong>scoberta e catalogada, pelo então Capitão Engenheiro AntônioPrenholato, uma orquí<strong>de</strong>a rara, <strong>de</strong>nominada Encyclica caximboensis, só é encontrada naSerra <strong>do</strong> CachimboA área <strong>do</strong> CPBV já foi alvo <strong>de</strong> invasões e retiradas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira em outras épocas, masatualmente é consi<strong>de</strong>rada uma área bem protegida. Como mostra o mapa da Figura 37, oCPBV está cerca<strong>do</strong> por outras áreas também protegidas, o que favorece a sua conservação.De acor<strong>do</strong> com da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> MICOL et al. (2005), ao sul, na porção <strong>do</strong> entorno não protegida, o<strong>de</strong>smatamento acumula<strong>do</strong> atingia 26,4% na faixa <strong>de</strong> 10 km, e 41% na faixa <strong>de</strong> 50 km, comtaxas anuais elevadas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002-03 (varian<strong>do</strong> entre 2 e 4% ao ano). Já no interior da CPBVo <strong>de</strong>smatamento acumula<strong>do</strong> era <strong>de</strong> 52 km², correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a apenas 0,2% da área total.2.10 VISÃO DAS COMUNIDADES SOBRE O PARQUE2.10.1 Percepção Ambiental Segun<strong>do</strong> a Forma <strong>de</strong> Uso <strong>do</strong> Solo107


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoA percepção ambiental, como resultante <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>veser entendida sob <strong>do</strong>is conceitos básicos: a percepção enquanto constatação sensitiva e apercepção enquanto resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma práxis vivencial.A percepção como constatação sensitiva, na relação com os outros, ocorre na captaçãoimediata <strong>do</strong>s cinco senti<strong>do</strong>s e o individuo que percebe age apenas como expecta<strong>do</strong>r. Alguémque observa e tira suas conclusões.A percepção enquanto práxis vivencial resulta <strong>do</strong> agir/pensar/agir, ou seja, é a reflexão queresulta da prática, num constante redimensionamento das ações e das reflexões.Desta forma, as representações que construíram as relações estabelecidas na região <strong>do</strong> PEC,aliadas as representações que cada um trouxe da sua terra <strong>de</strong> origem, vão formar e serformadas pelas vivencias que traduzem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inferir e ser inferi<strong>do</strong> pelo ambiente.É possível i<strong>de</strong>ntificar <strong>do</strong>is grupos distintos <strong>de</strong> percepções ambientais, entre os grupos comduas principais origens:Os trabalha<strong>do</strong>res que vieram em busca <strong>de</strong> melhores condições <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong>ntre estes ospequenos proprietários, os profissionais liberais e os garimpeiros, conseguiram a proprieda<strong>de</strong>da terra, tanto na área urbana ou rural, via compra com escritura emitida pelas coloniza<strong>do</strong>rasou pelo Incra. Para esses indivíduos, o ambiente é representa<strong>do</strong> pela natureza: são asárvores, os animais e tu<strong>do</strong> o que existe na sua área <strong>de</strong> reserva legal. Eles separam a área <strong>de</strong>utilização da área <strong>de</strong> reserva, que no seu enten<strong>de</strong>r é algo intocável e que não dará lucro.Serve apenas para que as gerações futuras conheçam como era o ambiente original, <strong>do</strong> qual ohomem e suas construções não fazem parte. Além <strong>de</strong> se excluir <strong>do</strong> meio ambiente natural,esses indivíduos o vêem como empecilho, alegan<strong>do</strong> que em função da sua área ser pequena<strong>de</strong>veriam ter o direito <strong>de</strong> usar 100% da área, o que muitos praticam, não respeitan<strong>do</strong> a reservalegal e nem as APPs. A percepção <strong>do</strong> ambiente nesse caso é puramente sensitiva, sen<strong>do</strong> oambiente um objeto da ação sem reflexão. As ações sobre o meio ambiente são mediadassomente pelo interesse imediato, sem nenhuma preocupação com as conseqüências atuais emuito menos futuras.O segun<strong>do</strong> grupo é forma<strong>do</strong> por pessoas ou grupos interessa<strong>do</strong>s em se apossar <strong>de</strong> terras<strong>de</strong>volutas para comercializá-las, explorar ma<strong>de</strong>ira e/ou praticar a expansão das ativida<strong>de</strong>sagro-pecuárias. Neste grupo estão os grileiros <strong>de</strong> terra, alguns políticos (prefeitos, verea<strong>do</strong>rese <strong>de</strong>puta<strong>do</strong>s) e funcionários públicos (Intermat, Ibama e Incra-<strong>MT</strong>). Esses indivíduosapropriam-se <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> terra, ou apenas da ma<strong>de</strong>ira existente na área, contan<strong>do</strong>com a ajuda e influência <strong>de</strong> políticos e <strong>de</strong> funcionários públicos para legitimar suas ações.Desta forma são invadidas não apenas as terras ainda não ocupadas, mas também áreasprotegidas como UCs e terras indígenas. Para esses indivíduos, o ambiente é fonte <strong>de</strong>geração <strong>de</strong> riqueza, que precisa ser transforma<strong>do</strong> em lucro. São contra qualquer forma <strong>de</strong>conservação ou preservação ambiental, justifican<strong>do</strong> as suas ações como necessárias para o<strong>de</strong>senvolvimento com crescimento econômico. Escon<strong>de</strong>m-se no meio <strong>do</strong>s pequenosproprietários, afirman<strong>do</strong> serem pioneiros <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> ocupação, trabalha<strong>do</strong>respreocupa<strong>do</strong>s com a produção <strong>de</strong> alimento para o mun<strong>do</strong>.Este grupo se configura na mais pura expressão <strong>de</strong> uma oligarquia ruralista que seestabeleceu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Brasil colônia e que representada por seus her<strong>de</strong>iros mantém a idéia <strong>do</strong>lucro a qualquer preço. Outra característica <strong>de</strong>sse grupo é o fato <strong>de</strong> terem enriqueci<strong>do</strong> mesmosem ter uma escolarização. Sem respeito sequer a vida <strong>do</strong>s seus semelhantes, agem comocoronéis, que cerca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> capangas, ameaçam qualquer um que ouse questionar as suasatitu<strong>de</strong>s e ações, principalmente em relação as suas ativida<strong>de</strong>s econômicas. Sua visão sobre omeio ambiente é <strong>de</strong> que os recursos naturais são inesgotáveis e que as políticasconservacionistas são instrumentos <strong>de</strong> controle, inventa<strong>do</strong>s pela concorrência <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>.Sua percepção também é promovida via senti<strong>do</strong>s, pois mesmo com melhores condiçõesfinanceiras e acesso aos bens culturais, não fazem nenhuma reflexão sobre suas ações,preocupan<strong>do</strong>-se apenas com a riqueza que <strong>de</strong>ve sobrepor qualquer outra preocupação ouconseqüência para a vida.108


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoNo inicio da ocupaÖÜo <strong>de</strong>ssa regiÜo, esses indivàduos foram enalteci<strong>do</strong>s como herÅis, pois aeles foi atribuàda a missÜo <strong>de</strong> civilizar a AmazÉnia, segun<strong>do</strong> o discurso oficial. E ao assumiremtal missÜo, enfrentaram as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> infra-estrutura e fixaram residénciasentin<strong>do</strong>-se “<strong>do</strong>nos da terra”. Nesta posiÖÜo <strong>de</strong> <strong>do</strong>nos acreditavam ter o po<strong>de</strong>r e o direito <strong>de</strong><strong>de</strong>cidir o que po<strong>de</strong> e o que nÜo po<strong>de</strong> ser feito. Isola<strong>do</strong>s, acreditavam po<strong>de</strong>r criar suas prÅpriasleis, jÇ que tu<strong>do</strong> se justificava pelo trabalho que estavam prestan<strong>do</strong> ã naÖÜo.Como as coloniza<strong>do</strong>ras, privadas e oficiais, estabeleciam um prazo mànimo para abertura damata e inàcio <strong>do</strong> cultivo da terra, os trabalha<strong>do</strong>res recem chega<strong>do</strong>s em seus lotes seapressavam a <strong>de</strong>rrubar e queimar a floresta e iniciar a plantaÖÜo <strong>de</strong> culturas perenes oupastagens, com me<strong>do</strong> <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r suas terras.A aÖÜo <strong>do</strong>s grileiros iniciava com i<strong>de</strong>ntificaÖÜo <strong>de</strong> Çreas <strong>de</strong>volutas, seguida pela falsificaÖÜo <strong>de</strong><strong>do</strong>cumentos, por meio <strong>de</strong> funcionÇrios <strong>de</strong> ÅrgÜos päblicos. A seguir, invadiam a Çrea,preparan<strong>do</strong>-as para iniciar as ativida<strong>de</strong>s agropecuÇrias. Estas Çreas, geralmente, sÜo <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> extensÜo, requeren<strong>do</strong> investimentos consi<strong>de</strong>rÇveis, obti<strong>do</strong>s em instituiÖåes bancÇrias(Banco <strong>do</strong> Brasil e Banco da AmazÉnia, principalmente).HÇ tambÄm o grupo <strong>do</strong>s ma<strong>de</strong>ireiros, que exploram ma<strong>de</strong>ira por toda a regiÜo, com ou sem oconsentimento <strong>do</strong>s proprietÇrios. Com o tempo, a ma<strong>de</strong>ira foi sen<strong>do</strong> buscada em regiåes cadavez mais distantes, atingin<strong>do</strong> as Terras Indàgenas, UCs, e <strong>de</strong>mais Çreas <strong>de</strong> proteÖÜoambiental.Nas entrelinhas <strong>de</strong>ste processo, o conhecimento e os <strong>de</strong>sconhecimentos <strong>de</strong>sses indivàduossobre si e sobre as sua aÖåes sÜo os nortea<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s impactos que vem sen<strong>do</strong> causa<strong>do</strong>sneste meio.Diante <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>, as relaÖåes socioambientais estabelecidas nesta regiÜo sÜo<strong>de</strong>terminadas pelo ato <strong>de</strong> ter e ser, no qual o homem se percebe <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>r pela aÖÜo que oseu trabalho Ä capaz <strong>de</strong> produzir no ambiente. Desse mo<strong>do</strong> Ä que to<strong>do</strong>s ressaltam aimportância <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong> cada um na construÖÜo <strong>de</strong> uma nova socieda<strong>de</strong>.As dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comercializaÖÜo <strong>de</strong> alguns produtos, e mais recentemente, a intensificaÖÜoda fiscalizaÖÜo, a criaÖÜo das UCs, bem como as criticas sobre o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ocupaÖÜo daAmazÉnia, vem atingin<strong>do</strong> esses indivàduos. Pressiona<strong>do</strong>s a refletir sobre suas aÖåes, elespassam a posar nÜo mais como herÅis, mas como vitimas <strong>de</strong> um processo. Essa situaÖÜolevou a crer que o processo <strong>de</strong> ocupaÖÜo e conseqëentemente a <strong>de</strong>struiÖÜo da floresta iriamarrefecer. Mas as evi<strong>de</strong>ncias disponàveis mostram o contrÇrio: a ocupaÖÜo continuou e a<strong>de</strong>struiÖÜo da floresta tambÄm. Ao que parece, o motor da ocupaÖÜo da AmazÉnia aindacontinua sen<strong>do</strong> alimenta<strong>do</strong> pela busca <strong>de</strong> terras baratas e outros benefàcios que a proprieda<strong>de</strong>da terra permite, com o objetivo bÇsico <strong>de</strong> obter ganhos especulativos. Desta forma, oprocesso <strong>de</strong> ocupaÖÜo, mesmo quan<strong>do</strong> revesti<strong>do</strong> por outras estratÄgias, continua a produzir<strong>de</strong>vastaÖÜo da floresta em prol da expansÜo da agropecuÇria e da soja.Neste contexto, surgem inquietaÖåes e parte <strong>de</strong>sta populaÖÜo ao i<strong>de</strong>ntificar que suasativida<strong>de</strong>s estÜo per<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sustentaÖÜo, tenta buscar no discurso oficial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimentosustentÇvel, uma proposta para redimensionar suas prÇticas, mas sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> conduzir oprocesso nos mesmos mol<strong>de</strong>s anteriores.2.10.2 Visão <strong>do</strong>s Participantes da Oficina <strong>de</strong> Planejamento Participativo - OPPEm junho <strong>de</strong> 2009, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, <strong>MT</strong>, foi realizada a Oficina <strong>de</strong> PlanejamentoParticipativo – OPP (Macha<strong>do</strong>, 2009), especàfica para a elaboraÖÜo <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong>Parque Estadual Cristalino, com o objetivo <strong>de</strong> incorporar o conhecimento e a experiéncia <strong>do</strong>sprincipais grupos <strong>de</strong> interesse no planejamento da unida<strong>de</strong> (o relatÅrio completo da OPPencontra-se como Anexo. A OPP contou com a participaÖÜo <strong>de</strong> 31 pessoas oriundas <strong>do</strong>smunicàpios <strong>do</strong> entorno e <strong>de</strong> CuiabÇ (Figura 34), sen<strong>do</strong> que a maioria (47%) estavarepresentan<strong>do</strong> alguma instância <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r päblico, <strong>do</strong>s municàpios <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PEC e daSecretaria Estadual <strong>de</strong> Meio Ambiente (SEMA), 20% representavam as comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>109


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoassenta<strong>do</strong>s e acampa<strong>do</strong>s <strong>do</strong> entorno e outros 20%, as organizaÖåes nÜo governamentais daregiÜo. Entre outros setores representa<strong>do</strong>s, estavam a escola, a universida<strong>de</strong> e o sindicato <strong>do</strong>strabalha<strong>do</strong>res rurais (Figura 34).Figura 34 - Municípios e setores da região <strong>do</strong> PEC representa<strong>do</strong>s na OP<strong>PM</strong>unicípios <strong>de</strong> origem <strong>do</strong>s participantes da OPP <strong>do</strong> PECRepresentativida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s setores na OPP181614121086420Alta Floresta Guarantã Novo Mun<strong>do</strong> Cuiabá Brasíliapo<strong>de</strong>r públicosindicato trabalha<strong>do</strong>res ruraisescolasong ambientalistaassentamentosuniversida<strong>de</strong>sA visÜo que esta comunida<strong>de</strong> tem sobre o PEC foi inicialmente expressa por meio <strong>de</strong> uma livreassociaÖÜo em resposta ã idÄia “Parque Estadual Cristalino” e, posteriormente, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong>ãs perguntas orienta<strong>do</strong>ras: “Por que um parque?” e “Parque para quem?”.Como resulta<strong>do</strong> da livre associaÖÜo ã idÄia “Parque Estadual Cristalino” surgiram tantoimpressåes positivas como negativas:- Para algumas pessoas o PEC traz ã mente a imagem <strong>de</strong> uma trava, <strong>de</strong>inacessibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> conflito social, <strong>de</strong> imposiÖÜo. Estas percepÖåes sÜo explicadas pelosparticipantes como resultantes da falta <strong>de</strong> entendimento e participaÖÜo nos processos <strong>de</strong>criaÖÜo da unida<strong>de</strong> e da impressÜo que ela Ä um impedimento ao <strong>de</strong>senvolvimento econÉmicodas populaÖåes <strong>do</strong> entorno.- Para outros, a imagem <strong>do</strong> parque estÇ associada ã natureza e aos recursos naturaislÇ encontra<strong>do</strong>s, tais como matas e rios. A percepÖÜo <strong>do</strong> valor da natureza Ä colocada <strong>de</strong> formapositiva, como um patrimÉnio local.- Para outras pessoas, o PEC suscita a imagem <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> econÉmica, tal como<strong>de</strong>senvolvimento sustentÇvel, turismo, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploraÖÜo <strong>do</strong>s recursos da floresta,como castanha e aÖaà, e atÄ a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usar a Çrea para a compensaÖÜo <strong>de</strong> Çreas <strong>de</strong>reserva legal das Çreas externas ã UC. Uma pessoa relatou que o parque Ä um gran<strong>de</strong><strong>de</strong>safio, pois serÇ preciso conciliar a convivéncia <strong>de</strong> pessoas, suas necessida<strong>de</strong>s com os“bichos e plantas”.Em resposta ã primeira pergunta, as razåes reconhecidas pela comunida<strong>de</strong> para a existénciada UC incluem a importância <strong>de</strong> garantir o patrimÉnio natural para as futuras geraÖåes; porqueÄ uma lei; para garantir os bens naturais <strong>de</strong> valor econÉmico, como castanhas, materiais paraartesanato e plantas medicinais; para gerar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e educaÖÜo, paraassegurar serviÖos ambientais e processos ecolÅgicos e evolutivos; e garantir a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida das pessoas, como por exemplo, afetan<strong>do</strong> a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ar.Respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a segunda pergunta, na visÜo <strong>do</strong>s presentes os beneficiÇrios da existéncia <strong>do</strong>parque sÜo, em primeiro lugar, as pessoas que vivem no seu entorno e na regiÜo. TambÄmsÜo beneficiÇrios to<strong>do</strong>s os brasileiros, os estrangeiros e as geraÖåes futuras e os <strong>de</strong>maisorganismos vivos. A <strong>de</strong>scriÖÜo <strong>de</strong> a quem a unida<strong>de</strong> serve foi positiva, nÜo sen<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>nenhum conflito em relaÖÜo a quem o parque <strong>de</strong>ve servir.ApÅs, o grupo expressou suas idÄias em relaÖÜo ao futuro <strong>de</strong>seja<strong>do</strong> para a UC. A Figura 35mostra estas idÄias agrupadas nos seguintes tÅpicos: a) “econÇmico” - todas as propostas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento ou implementaÖÜo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> econÉmica ou crÄdito para tal; b) “relaÉàesinstitucionais” - idÄias referentes ã qualida<strong>de</strong> das relaÖåes, principalmente <strong>de</strong> harmonia erespeito entre o parque e as comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> entorno; c) “gestÑo” - as idÄias relacionadas aaÖåes <strong>de</strong> manejo d) “capital humano” - as que se referiram ãs capacida<strong>de</strong>s humanas110


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoinstaladas; e) “conservaÉÑo”- as que vislumbravam um cenÇrio <strong>de</strong> conservaÖÜo; f) “justiÉa edireitos” - as que <strong>de</strong>screviam um cenÇrio <strong>de</strong> legalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> cumprimento <strong>de</strong> direitos.A maior parte das idÄias sobre ao futuro da UC estÇ relacionada aos impactos que esta <strong>de</strong>verÇter na economia local, seguida <strong>de</strong> uma expectativa <strong>de</strong> um ambiente on<strong>de</strong> a lei serÇ cumprida eo ambiente social harmÉnico.Figura 35 - Representação <strong>do</strong>s principais aspectos da visão <strong>de</strong> futuro <strong>do</strong> PEC, entre osparticipantes da OPPAspectos principais da visão <strong>de</strong> futuro da UC20151050economiajustiÖa edireitosrelaÖåesinstitucionaisconservaÖÜo gestÜo capital humanoFonte: Oficina <strong>de</strong> Planejamento Participativo (Macha<strong>do</strong>, 2009)Os participantes fizeram ainda uma anÇlise <strong>do</strong>s fatos relaciona<strong>do</strong>s ao PEC, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> ospontos fortes, pontos fracos, oportunida<strong>de</strong>s e ameaÖas ã UC. A Tabela 31 mostra osresulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta anÇlise, matriz FOFA, em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>.111


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoTabela 31 - Matriz FOFA elaborada <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a percepção <strong>do</strong>s participantes da OPPPONTOS FORTES OPORTUNIDADES PONTOS FRACOS AMEAÇASBiodiversida<strong>de</strong> Agroecologia Inexistência <strong>de</strong> regularizaçãofundiáriaPlano <strong>de</strong> manejo previsto para 2009 Turismo Falta <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento econômicosustentável para os assenta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>entornoParecerias formada com a secretaria<strong>de</strong> agricultura, educação,assenta<strong>do</strong>s e SEMA no entorno <strong>do</strong>ParqueCriação da marca <strong>de</strong> produtoscertifica<strong>do</strong>s CRISTALINO, para osprodutores <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> ParqueFraca execução das leisIncra e suas políticas <strong>de</strong>assentamento não a<strong>de</strong>quadasGran<strong>de</strong>s fazen<strong>de</strong>irosLocalização geográfica estratégica Educação ambiental Proprieda<strong>de</strong>s no interior <strong>do</strong> parque Grileiros laranjas <strong>de</strong> políticosAs instituições envolvidas com oparqueDiversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambientes (florestas ,campinaranas, etc)Participação socialAssociação ADSGLED trabalhan<strong>do</strong>no entorno para o <strong>de</strong>senvolvimentosustentável no entorno <strong>do</strong> PECRegularização <strong>do</strong>s acampa<strong>do</strong>s atéesse momento no entornoTornar-se referência em ecoturismona AmazôniaMelhoramento da bacia leiteira, emparceria com a sec <strong>de</strong> agricultura.Pagamento para os municípios porserviços ambientais presta<strong>do</strong>s, taiscomo seqüestro <strong>de</strong> carbono,recursos hídricos, poliniza<strong>do</strong>res, etcMorosida<strong>de</strong> das autorida<strong>de</strong>sPobreza no entornoPoucos fiscais da SEMAFalta <strong>de</strong> apoio <strong>do</strong> governoFogoConflitos políticos e governamentaisPCH'sIncertezas jurídicaRetirada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ilegalConselho consultivo Realização <strong>de</strong> pesquisas Falta <strong>de</strong> infra-estrutura no parque FomeBelezas naturais Permacultura no entorno Inexistência <strong>de</strong> infra-estruturaturísticaProjetos <strong>de</strong> ecoturismo no entornoConstrução <strong>de</strong> pousadas no entorno<strong>do</strong> ParqueDesconhecimento <strong>do</strong> parque porparte <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>resPolíticos corruptosExistência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>sno parqueARPA Produção <strong>de</strong> biojóias e artesanatos Mau planejamento Exploração <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada <strong>do</strong> parqueIndústria <strong>de</strong> castanha no entorno(5mil)ParceriasFalta <strong>de</strong> acesso ao parque para omunicípio <strong>de</strong> NMEn<strong>de</strong>mismos Venda <strong>de</strong> peixe In<strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s direitos <strong>de</strong> ocupaçãono entornoPesca predatóriaDesmatamento112


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoPensar positivo e nunca <strong>de</strong>sistirComprometimento <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>sNúmero <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> avesMobilização mundial a favor daconservação <strong>de</strong> áreas como oParqueInfra-estrutura existente paraprodução sustentável, tais como aagroindústria <strong>de</strong> castanha,<strong>de</strong>spolpa<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> frutas e projetoCONABCapacitações para a agriculturafamiliar na Gleba DivisaEmpreendimentos para exploraçãosustentável <strong>do</strong>s os recursoshídricos, tais como a água mineral.Melhor conservaçãoFalta <strong>de</strong> capacitaçãoRendas mal distribuídas no entorno<strong>do</strong> PECInexistência <strong>de</strong> política municipal <strong>de</strong>meio ambienteNão po<strong>de</strong>r usufruir comercialmente<strong>do</strong> PECPecuária extensivaLinha <strong>de</strong> crédito para a <strong>de</strong>gradaçãoPrática <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>grada<strong>do</strong>rasBiopiratariaInteresse <strong>do</strong>s assenta<strong>do</strong>s o PEC Descoberta <strong>de</strong> novas espécies Indução a fazer projeto erra<strong>do</strong> Falta <strong>de</strong> visão <strong>do</strong> futuroInício <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s sustentáveis emfuncionamentoAgenda 21 projeto <strong>de</strong> lei PDP em NMPreservação <strong>de</strong> espécies Falta <strong>de</strong> recurso PobrezaReconhecimento nacional einternacionalFalta <strong>de</strong> política <strong>de</strong> regionalização <strong>do</strong>turismoCaça ilegalAssenta<strong>do</strong>s e agricultura familiar Falta <strong>de</strong> investimentos Autorida<strong>de</strong>s sem limitesARPA Falta <strong>de</strong> conhecimento Desigualda<strong>de</strong> social em torno <strong>do</strong>PECMelhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida Falta <strong>de</strong> atenção voltada para o PEC Espécies introduzidasPlantas invasorasUso indiscrimina<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivosagrícolas113


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.11 - SITUAÇÃO FUNDIÁRIAA criaÖÜo e implantaÖÜo <strong>do</strong> PEC vém enfrentan<strong>do</strong> um embate mais antigo <strong>do</strong> que o Parque eque jÇ dura mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos: os ambientalistas e os fazen<strong>de</strong>iros enfrentaram-se por umafaixa <strong>de</strong> terra que estava sen<strong>do</strong> disputada pelos governos <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ParÇ e <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>.Como legalmente nenhum <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is possuàa registro da Çrea, ambos <strong>de</strong>fendiam que tinhamdireito sobre a Çrea e tentaram obter a sua posse (Seluchinesk, 2009).Nessa disputa, em 2000, o governo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> criou o Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino. Noentanto, naquela ocasiÜo alguns posseiros jÇ estavam ocupan<strong>do</strong> parte das terras e nÜoconcordaram com a <strong>de</strong>marcaÖÜo da UC. Com o apoio <strong>de</strong> polàticos locais tentaram reduzir aÇrea <strong>do</strong> parque. O Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> ParÇ tambÄm questionou a estratÄgia <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Essadisputa pela terra acabou geran<strong>do</strong> uma IntervenÖÜo Fe<strong>de</strong>ral com recomendaÖåes e regraspara a manutenÖÜo da Çrea <strong>do</strong> Parque. No entanto outros processos seguiram na justiÖa arespeito da disputa entre os esta<strong>do</strong>s, mas <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> ganhou.Ainda que a atitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> governo <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> tenha <strong>de</strong>fendi<strong>do</strong> a criaÖÜo <strong>do</strong> parque <strong>de</strong>umargem a existéncia <strong>de</strong> uma nova disputa provocada pela criaÖÜo <strong>de</strong> assentamentos <strong>de</strong>reforma agrÇria no seu entorno. AlÄm disso, os grileiros jÇ estabeleci<strong>do</strong>s na Çrea <strong>do</strong> parque,com ou sem tàtulo da terra, continuram avanÖan<strong>do</strong> com o <strong>de</strong>smatamento da Çrea, jÇ que paraeles isso po<strong>de</strong>ria servir <strong>de</strong> garantia <strong>de</strong> posse da terra. Essa estratÄgia nÜo tem si<strong>do</strong> tÜo eficaz,pois atualmente com imagens <strong>de</strong> satÄlite Ä possàvel comprovar que esse avanÖo sobre a Çrea<strong>do</strong> Parque ocorreu <strong>de</strong>pois da criaÖÜo <strong>do</strong> mesmo, o que indica as invasåes posteriores, quan<strong>do</strong>jÇ sabiam da criaÖÜo da UC.No ano <strong>de</strong> 1999 o Intermat fez um levantamento com o objetivo <strong>de</strong> fornecer informaÖåes aFEMA da situaÖÜo ocupacional verificada no campo e <strong>do</strong> <strong>do</strong>mànio estabeleci<strong>do</strong> na Çrea on<strong>de</strong>seria criada a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ConservaÖÜo. De acor<strong>do</strong> com o este <strong>do</strong>cumento – “RelatÅrio <strong>do</strong>sLevantamentos Ocupacional e JurÜdico da Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ConservaÉÑo Rio Cristalino - AltaFloresta/Novo Mun<strong>do</strong> – <strong>MT</strong>”, foram encontradas 16 ocupaÖåes para as quais foi gera<strong>do</strong> umbanco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s sobre a situaÖÜo ocupacional, incluin<strong>do</strong> a sua localizaÖÜo, benfeitorias e Çreasantropizadas, tamanho em ha e memorial <strong>de</strong>scritivo. Os da<strong>do</strong>s foram plota<strong>do</strong>s em basecartogrÇfica.Na planta geral foram incluàdas ainda as informaÖåes obtidas pelo setor juràdico, com buscasrealizadas no Intermat e cartÅrios <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> ImÅveis <strong>do</strong>s municàpios <strong>de</strong> Coli<strong>de</strong>r, Peixoto <strong>de</strong>Azeve<strong>do</strong> e Alta Floresta cuja funÖÜo era verificar a valida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos apresenta<strong>do</strong>spelos ocupantes. Mediante estas informaÖåes, o <strong>do</strong>cumento faz um relatÅrio da situaÖÜo dasÇreas ocupadas em 1999, quan<strong>do</strong> estavam sen<strong>do</strong> prepara<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos para a criaÖÜo<strong>do</strong> parque.Uma dÄcada <strong>de</strong>pois, a situaÖÜo fundiÇria da UC continua sem soluÖÜo e os conflitos <strong>de</strong>interesses diante das aÖåes em <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> PEC permanecem (Foto 36). Os fazen<strong>de</strong>irosjustificam sua presenÖa na Çrea <strong>do</strong> parque pela presenÖa <strong>do</strong>s assenta<strong>do</strong>s e os assenta<strong>do</strong>spela <strong>do</strong>s fazen<strong>de</strong>iros. Assim, sem importar-se com o tamanho da proprieda<strong>de</strong> os fazen<strong>de</strong>irostambÄm querem ser incluà<strong>do</strong>s entre os sem-terra para permanecer na Çrea, contu<strong>do</strong> tambÄmalegam possuir antigos tàtulos da terra. Os assenta<strong>do</strong>s por sua vez nÜo querem serconfundi<strong>do</strong>s com os fazen<strong>de</strong>iros e nem que estes se incluam na sua luta, pois pertencem asegmentos diferentes, com objetivos diferencia<strong>do</strong>s. Os conflitos parecem interminÇveis e oparque continua sobre forte pressÜo.Foto 36 Aspectos <strong>de</strong> uma das fazendas existentes no interior <strong>do</strong> PEC114


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFoto: William Milliken, Plano <strong>de</strong> Manejo das RPPN, FEC, 2008Pesquisa<strong>do</strong>res relatam que “conforme caminhavam topavam com clareiras, acampamentosaban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s e estradas que revelam a ocorréncia <strong>de</strong> intensa ativida<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ireira nasflorestas protegidas”.To<strong>do</strong>s esses conflitos, acor<strong>do</strong>s ou trocas que vem sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s com os invasores <strong>do</strong>parque, caracteriza<strong>do</strong>s aqui pelo grupo <strong>de</strong> fazen<strong>de</strong>iros, apoia<strong>do</strong>s pelos polàticos locais quetambÄm se enquadram na categoria <strong>de</strong> fazen<strong>de</strong>iros e invasores, dÜo conta <strong>de</strong> que a pressÜopelas terras <strong>do</strong> parque precisa imediatamente <strong>de</strong> uma aÖÜo päblica envolven<strong>do</strong> toda asocieda<strong>de</strong> na <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> parque.2.12 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PEC E REGIÃO2.12.1 Ativida<strong>de</strong>s Conflitantes2.12.1.1 Exploração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraApesar <strong>de</strong> nÜo haver evidéncias a respeito das ativida<strong>de</strong>s atuais <strong>de</strong> retirada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira,existem abundantes provas <strong>de</strong> extraÖÜo no passa<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> numerosas estradas eacampamentos aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s (Figura 36). Tanto a floresta alta ombrÅfila quanto asemi<strong>de</strong>cidual apresentaram-se bastante abertas e com ocorréncia abundante <strong>de</strong> clareiras,talvez como resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong>. A existéncia <strong>de</strong>ssas estradas e trilhas <strong>de</strong>ixa o parquepotencialmente vulnerÇvel para exploraÖÜo ilegal <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.Figura 36 - Evidência da exploração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira no PEC: estradas e clareiras.Dentro <strong>do</strong> Parque, o <strong>de</strong>smatamento acumula<strong>do</strong> alcanÖa 267 kmò, ou seja, 13,4% <strong>de</strong> sua Çreatotal (sen<strong>do</strong> 37% <strong>de</strong>sse total anterior ã criaÖÜo <strong>do</strong> Parque). O maior <strong>de</strong>smatamento no PECocorreu em 2003, quan<strong>do</strong> foram <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>s 9.500 hectares (Figura 37).115


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoAlÄm da Çrea ao sul <strong>do</strong> Parque, com uma concentraÖÜo <strong>de</strong> assentamentos da reforma agrÇriae fazendas agropecuÇrias, hÇ pressÜo tambÄm ao noroeste, vinda <strong>do</strong> ParÇ.Tabela 32 - Dinâmica <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento no PE Cristalino e entornoÁreasÁreatotal(km²)Desmatamento em km²Até19971997-20002001 2002 2003 2004 2005 4 Acumula<strong>do</strong>(% )PE CRISTALINO 1.989 67 31 20 33 95 6 14 13,4%Entorno 10 km 2.118 305 71 99 67 126 51 32 35,4%Entorno 50 km 10.686 4.493 763 317 254 221 192 195 60,2%Fontes: IBAMA, PRODES (<strong>de</strong>smatamento até 2004), SEMA- <strong>MT</strong> (<strong>de</strong>smatamento 2005); Análise ICVFigura 37 - Mapa da dinâmica <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento no Parque Estadual Cristalino e entornoFontes: IBAMA, PRODES (<strong>de</strong>smatamento até 2004), SEMA- <strong>MT</strong> (<strong>de</strong>smatamento 2005); Análise ICV2.12.1.2 FogoEvidéncias recentes <strong>de</strong> passagem <strong>de</strong> fogo foram <strong>de</strong>tectadas pela equipe <strong>do</strong> projeto FloraCristalino, em diversas localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Parque, incluin<strong>do</strong> na campinarana e no ‘campo4Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> apenas <strong>MT</strong>116


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicorupestre’ da Serra <strong>de</strong> Roche<strong>do</strong>, e nas Çreas <strong>de</strong> rocha exposta ao longo <strong>do</strong> limite leste. Emalgumas <strong>de</strong>ssas Çreas a vegetaÖÜo natural parece ter sofri<strong>do</strong> impactos negativos, comestabelecimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s populaÖåes invasoras <strong>de</strong> Compositae e Pteridium aquilinum. NÜoÄ absolutamente claro atÄ que ponto este fenÉmeno Ä natural ou um resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>antrÅpica: fogo nÜo Ä geralmente consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> um fenÉmeno normal na vegetaÖÜo <strong>de</strong>campinarana (ao contrÇrio <strong>do</strong> que Ä conheci<strong>do</strong> atualmente para o cerra<strong>do</strong>), mas Ä possàvel quefogos naturais ocorram durante a estaÖÜo seca. Em 17/08/07 houve um registro <strong>de</strong> fogocausa<strong>do</strong> por raio no interior <strong>do</strong> PEC (S 09 0 28’45,2” e W 055 0 54’10,0”), como mostram as Fotos36.Fotos 36 - Fogo causa<strong>do</strong> por raio no interior <strong>do</strong> PEC, 2007Foto: Martinho Philippsen, 2007De qualquer mo<strong>do</strong>, existem evidéncias <strong>de</strong> que, em agosto <strong>de</strong> 2008, o fogo foi causa<strong>do</strong> pelapopulaÖÜo <strong>do</strong>s assentamentos ao leste <strong>do</strong> PEC, e alastrou-se <strong>de</strong>ntro da Fazenda AJJ. Aproximida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pastos em to<strong>do</strong>s os locais on<strong>de</strong> havia sinais <strong>de</strong> incéndio sugere que estestenham si<strong>do</strong> origina<strong>do</strong>s nas fazendas vizinhas quan<strong>do</strong> o pasto foi queima<strong>do</strong> <strong>de</strong>liberadamente.O fato <strong>de</strong> que o Parque continue apresentan<strong>do</strong> ativida<strong>de</strong>s agropecuÇrias no seu interior sugereque esses incéndios vÜo continuar a ocorrer atÄ que a situaÖÜo seja resolvida. Osassentamentos na Çrea leste <strong>do</strong> parque tambÄm continuam a ser uma preocupaÖÜo no queconcerne aos incéndios no local.2.12.1.3 AgropecuáriaExtensas Çreas <strong>do</strong> Parque continuam sen<strong>do</strong> utilizadas para fins agràcolas. Estas tém si<strong>do</strong>expandidas <strong>de</strong> maneira marcante <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o estabelecimento <strong>do</strong> Parque. Embora algumas Çreaspreviamente ocupadas tenham si<strong>do</strong> aban<strong>do</strong>nadas e estejam atualmente forman<strong>do</strong> florestassecundÇrias (Figura 38), muitas outras continuam ativamente ocupadas por fazendas. AlÄm da<strong>de</strong>struiÖÜo da vegetaÖÜo natural resultan<strong>do</strong> em perda <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>, a presenÖa <strong>de</strong> taisfazendas <strong>de</strong>ntro da Çrea cria uma sÄrie <strong>de</strong> problemas e ameaÖas adicionais, como acesso nÜocontrola<strong>do</strong>, fogo, plantas invasoras, distärbios ã fauna como pragas e <strong>do</strong>enÖas, erosÜo <strong>do</strong>substrato e poluiÖÜo (especialmente <strong>do</strong>s cursos d’Çgua).Figura 38 - Vegetação secundária e terras agrícolas no Parque Estadual Cristalino,segun<strong>do</strong> imagens CBERS 2006.117


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.12.1.4UsinasHidrelçtricasAameaça maisrecente àbiodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Parque <strong>de</strong>ve-se à construção da PCH Roche<strong>do</strong>, um projeto relativamentepequeno <strong>de</strong> usina hidrelétrica cuja represa resultará na <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> aproximadamente 500ha <strong>de</strong> floresta ombrófila <strong>de</strong>nsa. Porém, a análise <strong>do</strong> mapa topográfico sugere que a áreaalagada po<strong>de</strong> ser significativamente maior (Figura 39). Esta obra encontra-se atualmenteembargada, mas já causou impactos, como po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> na Foto 38. Esta área foiavaliada pela equipe <strong>do</strong> projeto Flora Cristalino (levantamento quantitativo, Transecto 7) etrata-se <strong>de</strong> um trecho <strong>de</strong> floresta cuja lista preliminar <strong>de</strong> espécies arbóreas indica que esta éuma das áreas mais biodiversas <strong>de</strong> floresta observadas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> Parque. A perda <strong>de</strong>ssafloresta teria um impacto negativo marcante na biodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Parque como um to<strong>do</strong> 5 .Figura 39 - Estimativa da Érea a ser inundada pela PCH Roche<strong>do</strong>Fonte: SEMA,<strong>MT</strong> – interpretaÖÜo <strong>do</strong> mapa da PCH.Foto 38.-. Vista açrea <strong>do</strong>s Impactos da PCH Roche<strong>do</strong>, em 22/06/2009118


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico2.12.2 Ativida<strong>de</strong>s Apropriadas2.12.2.1 Proteção/FiscalizaçãoFoto: Ayslaner Gallo, 2009Em 2004, em vista da rapi<strong>de</strong>z com que foram <strong>de</strong>struídas gran<strong>de</strong>s áreas no interior e noentorno imediato <strong>do</strong> PEC, o IBAMA, que estava administran<strong>do</strong> o PEC <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002, realizouvárias operações <strong>de</strong> fiscalização. Segun<strong>do</strong> informa<strong>do</strong> na imprensa, uma operação realizadapelo IBAMA e PF, com a presença <strong>do</strong> Secretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> e Promotor <strong>do</strong> Ministério Público,teria resulta<strong>do</strong> na aplicação <strong>de</strong> R$ 1,49 milhão em multas. Essas operações <strong>de</strong> fiscalizaçãoajudaram a conter o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento no perío<strong>do</strong>.Em 2005, como consequencia da operação Curupira, a FEMA foi transformada na SEMA, queassumiu a responsabilida<strong>de</strong> pelo PEC e, consequentemente, pela sua fiscalização. Nestemesmo ano foi nomea<strong>do</strong> o primeiro chefe <strong>do</strong> PEC e foi feito o levantamento fundiário da UC,i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> os diversos autores existentes na região. A partir <strong>de</strong>sses da<strong>do</strong>s a SEMA passoua realizar o monitoramento das áreas, quantifican<strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamentos, focos <strong>de</strong> calor eampliação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro da UC, conforme mostra a Tabela 33.Tabela 33 Informações sobre as atuações realizadas no PEC pela SEMA, a partir <strong>de</strong>2005.DATA TIPO DE INFRAÇÃO ATUAÇÕES REALIZADAS8/9/2005 Lixo aos arre<strong>do</strong>res Limpeza <strong>do</strong> lixo existente no parquee retirar a infra- estrutura8/9/2005 Retirar os suínos da APP, realizarPRAD, não ampliar as ativida<strong>de</strong>sAI , NO 69126AI , NO 6691278/9/2005 Não expandir suas ativida<strong>de</strong>s NO 691308/9/20058/9/2005 Desmatamento e <strong>de</strong>gradação em APP NO- Desativar as instalações e nãoampliar ativida<strong>de</strong> AIF <strong>de</strong>smatar 28 ha8/9/2005 Desmatamento e <strong>de</strong>gradação em APP NO Não expandir suas ativida<strong>de</strong>s AIFpor <strong>de</strong>smatar 19ha sem autorizaçãoAI, NO 69133 e AIF 5502AI 69131 e AIF 55018/9/2005 Desmatamento e <strong>de</strong>gradação em APP Não expandir suas ativida<strong>de</strong>s AI, NO 691488/9/2005 Desmatamento e <strong>de</strong>gradação em APP Desativar as ativida<strong>de</strong>s da Faz. Noprazo <strong>de</strong> 60 diasAI,NO 702778/9/2005 Desmatamento8/9/2005 Desmatamento Não expandir suas ativida<strong>de</strong>s NO 691468/9/2005 Desvio <strong>do</strong> curso <strong>do</strong> Rio Cristalino, Não expandir suas ativida<strong>de</strong>s AI,NO 69147119


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico<strong>de</strong>smate8/9/2005 Desmatamento e corte <strong>de</strong> castanheiras NO - Por <strong>de</strong>smatamento ilegal AI,NO 69134 e AIF 55038/9/2005 Desmatamento e queim ada, extraÖÜo <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>gradaÖÜo em APP8/9/2005 Desmatamento, queim ada, extraÖÜo <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>gradaÖÜo em APP8/9/2005 Desmatamento, queim ada, extraÖÜo <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>gradaÖÜo em APP anterior acriaÖÜo <strong>do</strong> ParqueDesmatamento, queimada e extraÖÜo<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira Art.40 e 70 da lei 9605/98e Art. 39 e 28 <strong>de</strong> Dec. 3179/99Desmatamento <strong>de</strong> 418ha Art 38 <strong>do</strong>Dec.3179/99Retirar os suànos da APP, realizarPRAD, nÜo ampliar as ativida<strong>de</strong>sAI, NO 69137 e AIF 55507AI, NO e AIF 55517AI, NO 691448/9/2005 ConstruÖÜo em APP Desativar as ativida<strong>de</strong>s da Faz. noprazo <strong>de</strong> 60 diasAI, NO 702808/9/2005 Desmatamento, queimada, extraÖÜo ecomercio <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraNO - Aban<strong>do</strong>nar Çrea <strong>do</strong> parque AIF<strong>de</strong>smatamento<strong>de</strong> 437ha danos a UCAI, NO 69139 e AIF 555098/9/2005 Desmatamento, extraÖÜo e comercio <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>iraNÜo expandir suas ativida<strong>de</strong>s AI, NO 702798/9/2005 Desmatamento, queimada, extraÖÜo ecomercio <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraNO - NÜo expandir suas ativida<strong>de</strong>sAIF <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> 121ha e danosa UCAI, NO 69138, AIF 555088/9/2005 Desmatamento e <strong>de</strong>gradaÖÜo em APP Recuperar APP e nÜo expandir aÇrea <strong>de</strong>smataAI, NO 691458/9/2005 Desmatamento, queimada, extraÖÜo ecomercio <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraNÜo expandir suas ativida<strong>de</strong>s AI, NO 691498/9/2005 Desmatamento, queimada, extraÖÜo ecomercio <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira8/9/2005 Desmatamento, queimada, extraÖÜo ecomercio <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iraNO - NÜo expandir suas ativida<strong>de</strong>sAIF <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> 463ha equeimada <strong>de</strong> 73haAi, NO 69150 e AIF 555168/9/2005 Desmatamento NO - NÜo expandir suas ativida<strong>de</strong>sAIF. <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> 240haAI, NO 70278 e AIF 555188/9/2005 Desmatamento NÜo expandir suas ativida<strong>de</strong>s NO 691298/9/2005 Desmatamento, queim ada, extraÖÜo <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong>gradaÖÜo em APPPor causar danos direto a UC AI,NO 69141,69142,69143e AIF 55514,5551519/9/2007 Queimada em perào<strong>do</strong> proibitÅrio Por queim ar Çrea <strong>de</strong> pastagens sema <strong>de</strong>vida licenÖa, em 22/08/2007AI 118868 e AIF 10378718/9/2007 Queimada em perào<strong>do</strong> proibitÅrio19/9/2007 Queimada em perào<strong>do</strong> proibitÅrio Por queim ar Çrea <strong>de</strong> pastagens sema <strong>de</strong>vida licenÖa, em 22/08/2007AI 118865 AIF 10378318/92007 Abate <strong>de</strong> Çrvore protegida <strong>de</strong> corte AI 118862 AIF 103785 TA101206 Dep 105568 PorCausar danos a UCAI Auto <strong>de</strong> InspeÖÜo AIF Auto <strong>de</strong> InfraÖÜo NO notificaÖÜoEm 2008, a SEMA elaborou o Plano <strong>de</strong> ProteÖÜo <strong>do</strong> PEC, juntamente com o ConselhoConsultivo, contan<strong>do</strong> com as parcerias <strong>do</strong> IBAMA, Polàcia Militar Ambiental, Prefeitura <strong>de</strong> AltaFloresta - <strong>MT</strong>, Prefeitura <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> - <strong>MT</strong>, Instituto Floresta, Corpo <strong>de</strong> Bombeiros eFundaÖÜo EcolÅgica Cristalino.TambÄm foi cria<strong>do</strong> o projeto AmazÉnia Sem Fogo, sen<strong>do</strong> firma<strong>do</strong> o protocolo <strong>do</strong> fogo nosmunicàpios da regiÜo - “Protocolo Municipal <strong>de</strong> PrevenÖÜo e Alternativas ao Uso <strong>do</strong> Fogo”,.coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> pelo Instituto Floresta <strong>de</strong> Pesquisa e Desenvolvimento SustentÇvel eimplementa<strong>do</strong> em parceria com as Prefeituras Municipais.Em 2009 foi renova<strong>do</strong> o protocolo <strong>do</strong> fogo, sen<strong>do</strong> tambÄm cria<strong>do</strong> o grupo <strong>de</strong> brigadistas daGleba Divisa para prevenÖÜo e controle <strong>de</strong> incéndios.2.12.2.2 Pesquisa120


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoEntre outubro <strong>de</strong> 2001 e junho <strong>de</strong> 2002, uma equipe <strong>de</strong> pesquisa<strong>do</strong>res da TangarÇ Consultoriarealizou um diagnÅstico e avaliaÖÜo ecolÅgica na regiÜo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino, paraa elaboraÖÜo <strong>de</strong> uma versÜo preliminar <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo (Campello et alii, 2002). Foramrealiza<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s e levantamentos <strong>do</strong>s seguintes temas: estrutura florestal e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong>microhabitats <strong>de</strong> cada formaÖÜo, comunida<strong>de</strong>s naturais, mamàferos, aves, rÄpteis, anfàbios epeixes importantes para a pesca. Na caracterizaÖÜo final das comunida<strong>de</strong>s naturais foramconsi<strong>de</strong>radas a distribuiÖÜo geogrÇfica, a posiÖÜo na ca<strong>de</strong>ia trÅfica, a dieta, as estratÄgiasreprodutivas, abundância relativa e especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> habitat <strong>de</strong> cada espÄcie. Foramrealiza<strong>do</strong>s tambÄm testes para estimar o impacto da visitaÖÜo ecoturàstica nos vÇriosambientes <strong>do</strong> PEC, incluin<strong>do</strong> testes <strong>de</strong> aclimatizaÖÜo da fauna ã aproximaÖÜo regular <strong>de</strong>observa<strong>do</strong>res; para <strong>de</strong>terminar as reaÖåes da fauna ã passagem <strong>de</strong> embarcaÖåes <strong>de</strong> diversostipos e velocida<strong>de</strong>s; e observaÖåes para <strong>de</strong>terminar a relaÖÜo da fauna com acampamentos.Fotos 39 – Pesquisa<strong>do</strong>res da TangarÉ durante avaliaÖÜo ecolìgica <strong>do</strong> PEC, 2001Fotos: Campello et alii, 2002Em 2008, a FEC inicia o primeiro programa <strong>de</strong> investigaÖÜo cientifica sobre a flora da regiÜo<strong>do</strong> PEC, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Flora Cristalino. As pesquisas foram realizadas por pesquisa<strong>do</strong>res daFEC, da UNEMAT, USP e Kew Gar<strong>de</strong>ns (Inglaterra).e o material botânico coleta<strong>do</strong> foi<strong>de</strong>posita<strong>do</strong> na UNEMAT, em Alta Floresta, constituin<strong>do</strong> um importante herbÇrio da AmazÉniaMeridional (Sasaki et alii, 2009).Fotos 40 - Pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> projeto Flora Cristalino em ativida<strong>de</strong>s no interior <strong>do</strong> PEC2.12.2.3 IntegraÖÜo com entorno- Contrato <strong>de</strong> Trabalho entre FEMA e ICVFotos: Sasaki et alii, 2009Na segunda quinzena <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001 foi assina<strong>do</strong> o Contrato <strong>de</strong> Trabalho entre aFundaÖÜo Estadual <strong>do</strong> Meio Ambiente – FEMA, e o Instituto Centro <strong>de</strong> Vida – ICV para, emparceria, <strong>de</strong>senvolverem o “Programa <strong>de</strong> EducaÖÜo e DifusÜo Ambiental para o entorno <strong>do</strong>Parque Estadual Cristalino” volta<strong>do</strong> para diferentes grupos sociais <strong>do</strong>s municàpios <strong>de</strong> <strong>de</strong> AltaFloresta, Carlinda, GarantÜ <strong>do</strong> Norte e Novo Mun<strong>do</strong>. No <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste programaforam constata<strong>do</strong>s posicionamentos muito favorÇveis ã existéncia e conservaÖÜo <strong>do</strong> Parque121


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicopela gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s representantes da comunida<strong>de</strong> local, especialmente pelo setor daeducaÖÜo formal.AtÄ <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2002 foram <strong>de</strong>senvolvidas as seguintes ativida<strong>de</strong>s:Reuniåes TÄcnicasProduÖÜo <strong>de</strong> vinhetas para veàculos <strong>de</strong> comunicaÖÜoSeminÇrios <strong>de</strong> ApresentaÖÜo <strong>do</strong> ProjetoDiagnÅstico SÅcio Ambiental: levantamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s secundÇrios e cadastroinstitucional; levantamento e mapeamento fundiÇrio; levantamento <strong>de</strong> campoReuniåes TemÇticas sobre GestÜo CompartilhadaElaboraÖÜo <strong>de</strong> acervo fotogrÇfico e filmagemParticipaÖÜo da I Expo’Ambiente AmazÉnia CalendÇrio Informativo/educativo 2003Cursos <strong>de</strong> EducaÖÜo Ambiental: organizaÖÜo e execuÖÜo <strong>do</strong>s cursos para professores,escolares e agentes institucionais, e acompanhamento das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> multiplicaÖÜo;Materiais <strong>de</strong> divulgaÖÜo: confecÖÜo e veiculaÖÜo/distribuiÖÜo <strong>de</strong> fol<strong>de</strong>rs, và<strong>de</strong>o, cartilhas,cartazes, calendÇrios, a<strong>de</strong>sivos e out<strong>do</strong>ors (Figura 40);Apoio ã GestÜo Compartilhada: organizaÖÜo preliminar <strong>do</strong> seminÇrio <strong>de</strong> preparaÖÜo ãcriaÖÜo <strong>do</strong> conselho gestor <strong>do</strong> Parque;MobilizaÖÜo para a proteÖÜo <strong>do</strong> Parque: representaÖÜo da socieda<strong>de</strong> civil nasnegociaÖåes sobre os limites <strong>do</strong> Parque; articulaÖÜo da campanha “SOS ParqueCristalino”.Figura 40 - Cartaz, capa da Cartilha e fol<strong>de</strong>r produzi<strong>do</strong>s pelo Programa <strong>de</strong> Educação eDifusão Ambiental para o entorno <strong>do</strong> PEC, FEMA/ICV, 2002- Campanha S.O.S. Parque CristalinoFonte: SEMA, 2009ReaÖÜo da socieda<strong>de</strong> civil - comunida<strong>de</strong> local e diversas ONG’s brasileiras e estrangeiras,li<strong>de</strong>radas pelo ICV e pela FundaÖÜo EcolÅgica Cristalino, contra as fortes pressåes pelareduÖÜo <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> Parque, com a organizaÖÜo <strong>de</strong> um abaixo-assina<strong>do</strong> (que reuniuaproximadamente 1000 assinaturas em 2 dias, somente em Alta Floresta) e o envio <strong>de</strong>milhares <strong>de</strong> e-mails ãs autorida<strong>de</strong>s relevantes, entre outras aÖåes, as quais tiveram um pesosignificativo na manutenÖÜo <strong>do</strong>s limites.122


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmico- Moção votada no III Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaçãoO III Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaÖÜo aprovou e divulgou uma moÖÜosolicitan<strong>do</strong> “que o <strong>Governo</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> suspenda imediatamente to<strong>do</strong>s os processos <strong>de</strong>regularizaÖÜo fundiÇria na Çrea <strong>do</strong> Parque Estadual Cristalino”.- Projeto <strong>de</strong> pesquisa Macaco Aranha da Cara Branca,Em 2004 e 2005 foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> o projeto Macaco Aranha da Cara Branca pelo ICV, compesquisa<strong>do</strong>res da Unemat, contan<strong>do</strong> com o apoio da FundaÖÜo O BoticÇrio <strong>de</strong> ProteÖÜo ÇNatureza, com o objetivo <strong>de</strong> estimar o tamanho da populaÖÜo <strong>de</strong>sta espÄcie existente nonoroeste <strong>do</strong> PEC.- Criação da Associação <strong>do</strong>s Amigos <strong>do</strong> Parque CristalinoEm 2004, o apoio da comunida<strong>de</strong> e sua mobilizaÖÜo em prol <strong>do</strong> PEC se materializam com aconstituiÖÜo da AssociaÖÜo <strong>do</strong>s Amigos <strong>do</strong> Parque Cristalino, composta por pessoassimpatizantes (professores <strong>do</strong> ensino mÄdio e superior, estudantes, profissionais liberais,empresÇrios, trabalha<strong>do</strong>res rurais, <strong>do</strong> lar, assenta<strong>do</strong>s, prefeitos, verea<strong>do</strong>res, biÅlogos,engenheiros, entre outros), que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a unida<strong>de</strong> tanto no contexto <strong>de</strong> conservaÖÜo,pesquisa e educaÖÜo ambiental, quanto como uma importante alternativa econÉmica para ascomunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s municàpios <strong>do</strong> entorno.As principais propostas da AssociaÖÜo visavam assegurar a consolidaÖÜo e conservaÖÜo <strong>do</strong>Parque, bem como fortalecer a sustentabilida<strong>de</strong> da regiÜo <strong>do</strong> entorno: a promoÖÜo <strong>de</strong> aÖåesemergenciais para resoluÖÜo da ocupaÖÜo irregular <strong>do</strong> Parque, sua implantaÖÜo efetiva e suainserÖÜo no Programa ARPA; aÖåes imediatas <strong>de</strong> fiscalizaÖÜo e monitoramento; aÖåes <strong>de</strong>educaÖÜo ambiental; um programa mais amplo para o corre<strong>do</strong>r ratifican<strong>do</strong> a importância <strong>do</strong>Parque; a efetiva combinaÖÜo da conservaÖÜo com a promoÖÜo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s sustentÇveispara contribuir para um novo perfil <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para a regiÜo.- Outras ativida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>senvolvidas com a parceria da FEC DiagnÅstico Participativo da Gleba Divisa, em 2006;Projeto <strong>de</strong> EducaÖÜo Ambiental com o Macaco Aranha da Cara Branca; Gibi Telinho produzi<strong>do</strong> em conjunto com os mora<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Assentamento (Figura 41);DiagnÅstico SÅcioambiental e EconÉmico <strong>do</strong> PEC e municàpios da regiÜo, elabora<strong>do</strong> por RosaneRosa Seluchinesk para o presente Plano <strong>de</strong> Manejo.Programa <strong>de</strong> educaÖÜo ambiental Escola da AmazÇnia, organiza periodicamenteoficinas com estudantes da regiÜo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003.Figura 41 - Gibi Telinho produzi<strong>do</strong> pela FEC e assenta<strong>do</strong>s.123


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFonte: FEC, 2009- Formação, Regulamentação e Implementação <strong>do</strong> Conselho ConsultivoA formaÖÜo <strong>do</strong> Conselho Consultivo <strong>do</strong> PEC teve inàcio em 2006, em reuniåes realizadas nosdias 19 e 20 <strong>de</strong> setembro, em Novo Mun<strong>do</strong> e Alta Floresta, respectivamente, para as quais aSEMA expediu convites via ofàcios. Seguiu-se um processo participativo <strong>de</strong> seleÖÜo <strong>do</strong>sconselheiros abrangen<strong>do</strong> o universo <strong>de</strong> vinte entida<strong>de</strong>s participantes.O Conselho foi oficialmente cria<strong>do</strong> pela Portaria ní 142, <strong>de</strong> 05 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2007, e aposse <strong>do</strong>s 20 primeiros conselheiros titulares e 16 suplentes aconteceu em 14 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong>2007, representan<strong>do</strong> as seguintes instituiÖåes: <strong>Sema</strong>-Mt, Ibama, MPE, In<strong>de</strong>a, Empaer,Unemat, Corpo <strong>de</strong> Bombeiros, Camara Municipal <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, Camara Municipal <strong>de</strong> AltaFloresta, Camara <strong>do</strong>s Dirigentes Lojistas, Sebrae, FEC, Instituto Floresta, ICV, A.P.R. Vale <strong>do</strong>Nhandu, A. D. S. Gleba Divisa, A. P. P. R. Vale <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>, S. T. R. Novo Mun<strong>do</strong>.O Regimento Interno <strong>do</strong> Conselho comeÖou a ser discuti<strong>do</strong> na reuniÜo <strong>de</strong> 06 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>2007 foi aprova<strong>do</strong> pela Portaria n.í 038, publicada em 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009.Em 01 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>ste mesmo ano foi realizada uma reuniÜo <strong>do</strong> Conselho aberta para aparticipaÖÜo <strong>de</strong> ???? para apresentaÖÜo e discussÜo <strong>de</strong> uma versÜo preliminar <strong>do</strong> presentePlano <strong>de</strong> Manejo.- Oficina <strong>de</strong> Planejamento ParticipativoEm junho <strong>de</strong> 2009, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, <strong>MT</strong>, foi realizada a Oficina <strong>de</strong> PlanejamentoParticipativo – OPP, com o objetivo <strong>de</strong> incorporar o conhecimento e a experiéncia <strong>do</strong>sprincipais grupos <strong>de</strong> interesse na elaboraÖÜo <strong>do</strong> presente Plano <strong>de</strong> Manejo, contan<strong>do</strong> com aparticipaÖÜo <strong>de</strong> 31 pessoas da regiÜo (Macha<strong>do</strong>, 2009).As principais contribuiÖåes da comunida<strong>de</strong> partipante foi a reconstruÖÜo da histÅria <strong>do</strong> PEC,construÖÜo <strong>do</strong>s mapas <strong>de</strong> uso atual da terra e <strong>do</strong>s atrativos existentes na regiÜo, anÇlise <strong>do</strong>spontos fortes, fracos, ameaÖas e oportunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> PEC: “matriz FOFA”, e a construÖÜo <strong>de</strong> umplano <strong>de</strong> aÖÜo em resposta ãs queståes priorizadas da anÇlise FOFA, indican<strong>do</strong> as aÖåesnecessÇria e os atores que, potencialmente, po<strong>de</strong>m estar envolvi<strong>do</strong>s (Fotos 42).124


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoFotos 42 - Painel com a linha <strong>do</strong> tempo construída coletivamente e or<strong>de</strong>namento <strong>do</strong>spontos i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s na FOFA segun<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong> importância consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>Fotos: Macha<strong>do</strong>, 20092.13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS2.13.1 Relatórios Temáticos Utiliza<strong>do</strong>s na Elaboração <strong>do</strong> EncarteArrollo, S. 2009. RelatÅrio <strong>do</strong> Meio BiÅtico: mastofauna, avifauna, herpetofauna e ictiofaunapara o Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino, <strong>MT</strong>. Alta Floresta: SEMA/UNEMATCampello, S., Georgiadis, G., Richter, M., Buzzetti, D., Dalponte, J., Araújo, A.B., Peres Jr.,A.K.P. Brandão, R.A. & Macha<strong>do</strong>, F. 2002b. Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual Cristalino -versÑo preliminar. Brasília, DF: MMA, Proecotur/FEMA, <strong>MT</strong>.Macha<strong>do</strong>, C. P. 2009. RelatÅrio da Oficina <strong>de</strong> Planejamento Participativo, OPP para o Plano <strong>de</strong>Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino, <strong>MT</strong>. Novo Mun<strong>do</strong>, <strong>MT</strong>: SEMA/FECIrgang, G. & Santos, R.R. 2008 Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Paisagem Natural na RegiÑo <strong>do</strong> Portal daAmazÇnia. Alta Floresta: ICV.Santos, R. R. 2009 RelatÅrio <strong>do</strong> Meio FÜsico: clima, geologia, geomorfologia, pe<strong>do</strong>logia,hidrografia para o Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino, <strong>MT</strong>. Alta Floresta:SEMA/ICVSasaki, D.; Zappi, D.; Milliken, W. 2009. VegetaÉÑo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino, <strong>MT</strong>.Programa Flora Cristalino. Alta Floresta: Fundação Ecológica Cristalino, Royal BotanicGar<strong>de</strong>ns, Kew, Rio Tinto, SEMA, <strong>MT</strong>Seluchinesk, R. D. R. 2009. RelatÅrio Socioambiental e EconÇmico para o Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong>Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino, <strong>MT</strong>. Alta Floresta: SEMA/UNEMAT2.13.2 Bibliografia Citada no EncarteAckerly, DD., Thomas, W.W., Ferreira, C.A.C. & Pirani, J.R. 1989. The forest-cerra<strong>do</strong> transitionzone in southern Amazonia: results of the 1985 Projeto Flora Amazônica expedition to <strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong>. Brittonia 41 (2): 113-128.An<strong>de</strong>rson, A.B.1981. White sand vegetation of Brazilian Amazonia. Biotropica 13(3): 199-210.Arrollo, S.; Rosa, R.G.D.; Ramires, D.G. Go<strong>do</strong>i, D.S.; Smerman, W.; Pascoal, V.P. 2006.RelatÅrio da Ictiofauna para o Plano <strong>de</strong> Manejo da Reserva BiolÅgica Nascentes da Serra <strong>do</strong>Cachimbo, Parâ. Alta Floresta: ICV / WWF Brasil /IBAMAArrolho, S. A. 2007. Dieta natural <strong>de</strong> Brycon spn. Cristalino, Rio Cristalino, Parque EstadualCristalino, <strong>MT</strong>. Tese <strong>de</strong> Doutora<strong>do</strong>. Universida<strong>de</strong> Estadual Paulista, Centro <strong>de</strong> Aqüicultura,Jaboticabal125


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoArrolho, S.; Go<strong>do</strong>i, D.S. ; Rosa, R.G.D. 2008 RelatÅrio da Ictiofauna para o Plano <strong>de</strong> Manejo<strong>do</strong> Parque Nacional <strong>do</strong> Juruena, <strong>MT</strong>/AM. Alta Floresta: ICV / WWF Brasil /ICMBio (nÜopublica<strong>do</strong>)Arrolho, S.; Go<strong>do</strong>i, D.S. ; Rosa, R.G.D 2009 RelatÅrio da Ictiofauna para o Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong>Parque Nacional <strong>do</strong>s Campos AmazÇnicos. Alta Floresta: ICMBioAssociaÖÜo <strong>do</strong>s Amigos <strong>do</strong> Parque Cristalino. 2005. Parque Estadual Cristalino, AmazÇnia<strong>Mato</strong>grossense: AvaliaÉÑo geral e propostas. AssociaÖÜo <strong>do</strong>s Amigos <strong>do</strong> Parque Cristalino,Alta Floresta. 12 p.BalÄe, W. & Campbell D.G. 1990. Evi<strong>de</strong>nce for the successional status of liana forest (XinguRiver Basin, Amazonian Brazil). Biotropica 22:36–47.Benjamin, A. H. 2001. IntroduÖÜo a lei <strong>do</strong> Sistema Nacional <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservaÖÜo. In:Direito ambiental das âreas protegidas: o regime jurÜdico das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservaÉÑoBenjamin, Herman (org): Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense UniversitÇria.BirdLife International 2000. Threatened birds of the world. Barcelona and Cambridge, UK: LynxEditions and BirdLife International .Brasil/DN<strong>PM</strong> 1980. Projeto RADAMBRASIL. Folha SC.21 geologia, geomorfologia, pe<strong>do</strong>logia,vegetaÉÑo e uso potencial da terra. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Departamento Nacional <strong>de</strong> ProduÖÜoMineral - DN<strong>PM</strong>.. V.20, 460 p.Brasil 2004. Plano <strong>de</strong> AÉÑo para a PrevenÉÑo e Controle <strong>do</strong> Desmatamento na AmazÇniaLegal. Brasàlia: Casa Civil.Bursztyn, M. 1984.Que crise Ö essa? SÜo Paulo: Brasiliense. p.69-101.Buzzetti, D.R.C. 2002. AvaliaÉÑo EcolÅgica Râpida para elaboÉÑo <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong>Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino - Alta Floresta - <strong>MT</strong>. Componente Avifauna. RelatÅrio TÄcnicoPreliminar nÜo publica<strong>do</strong>.Casseti, V. 2008. Ambiente e ApropriaÉÑo <strong>do</strong> Relevo. SÜo Paulo: Ed. Contexto.Collar, N.J.; Crosby, M.J; Statterfield, A.J. 1994. Birds to watch, 2: the world list of threatenedbirds. Cambridge, Reino Uni<strong>do</strong>, BirdLife International (BirdLife Conservation, Series nì 4).CPRM 2003. Programa Levantamentos GeolÅgicos BÇsicos <strong>do</strong> Brasil - PLGB. Geologia eRecursos Minerais da Folha Alta Floresta SC. 21-X-C. Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> e ParÇ. Escala1:250.000 / Cipriano Cavalcante <strong>de</strong> Oliveira [Org.] Brasàlia : CPRM – SerciÖo GeolÅgico <strong>do</strong>Brasil/ DEPAT/ DIEDIG.Cracraft. J. 1985. Historical biogeography and patterns of differentiation within the SouthAmerican avifauna: areas of en<strong>de</strong>mism. p. 49-84. In: Buckley, P. A., Foster, M. S., Morton, E.S., Ridgely, R. S. & Buckley, F. G. (eds). Neotropical Ornithology. Washington, AmericanOrnithologists’s Union. (Ornithological Monographs, n.36).Diario <strong>de</strong> CuiabÇ. 2003. DestruiÉÑo <strong>de</strong> pontes evita transporte ilegal <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. CuiabÇ.DiÇrio <strong>de</strong> CuiabÇ, 2003. Reportagem sobre a or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> juiz Marcos Alves Tavares. CuiabÇ:Jornal DiÇrio <strong>de</strong> CuiabÇ.Duheron, E. 2006. OrganizaÖao <strong>do</strong> territÅrio e preocupaÖåes ambientais: o parque Cristalino ese entorno (<strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>). Alta Floresta: ICV.EletrobrÇs 2005. Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Viabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Aproveitamento HidroelÄtrico <strong>do</strong> Rio Teles Pires.Brasàlia: EletrobrÇsEMBRAPA. 1999. Sistema Brasileiro <strong>de</strong> ClassificaÉÑo <strong>de</strong> Solos. Rio <strong>de</strong> Janeiro: EmbrapaSolos. 412 p.Engevix. 1995. DiagnÅstico ambiental da Reserva EcolÅgica <strong>de</strong> Apiacâs. Brasàlia, DF:126


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Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume I: DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÇmicoPrance, G.T. 1985. The Pollination of Amazonian Plants. In: Prance, G.T. & Lovejoy, T.E.(eds.) Amazonia. Oxford, Pergamon Press. pp. 166-191.Prefeitura <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> 2008. Perfil SocioeconÇmico <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>. Novo Mun<strong>do</strong>, <strong>MT</strong>:Prefeitura <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong> / Geo Santok, Geologia e Arquitetura LtdaPreti, O. l994. A colonizaÉÑo oficial em <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. Cuiabá: Ed. Universitária.Primack, R. & R. Corlett 2005. Tropical Rain Forests: An Ecological and BiogeographicalComparison. Oxford, UK: Blackwell Publishing. 319 p.PRODES. 2008 Anâlises da dinçmica <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento PRODES e SAD atÖ 2008 -MunicÜpios <strong>MT</strong>. Disponível em www.mma.gov.br/Ratter, J.A., Bridgewater, S. & Ribeiro, J.F. 2006. Biodiversity patterns of the woody vegetationof the Brazilian cerra<strong>do</strong>s. In: Pennington, R.T., lewis, G.P. & Ratter, J.A. NeotropicalRibeiro, D. 1995. O povo brasileiro: A formaÉÑo e o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> Brasil. São Paulo: Compahiadas Letras.Rosa, R. D. 1999. A constituiÉÑo da escola como espaÉo <strong>de</strong> formaÉÑo <strong>do</strong> colono <strong>do</strong> norte<strong>Mato</strong>-grossense – Alta Floresta 1976 a 1996. Curitiba, Dissertação (Mestra<strong>do</strong> em Educação)Setor <strong>de</strong> Educação, UFPR.Santos R. R.; Micol, L.; Irgang, G.; Vasconcellos, J. 2006. Anâlise <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento nasUnida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaÉÑo no Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>. <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> Sustentâvel eDemocrâtico. Cuiabá: Defanti. 58 pSick, H. 1997. Ornitologia Brasileira. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira. 912 p.Simone, O., Junk, W.J. & Schmidt, W. 2003. Central Amazon Floodplain Forests: RootAdaptations to Prolonged Flooding. Russian Journal of Plant Physiology 50(6): 943-51.Stotz, D.F.; Fitzpatrick, J.W. ; Parker III, T.A. & Moskovits, D. K. 1996. Neotropical Birds -Ecology and Conservation. The University of Chicago Press, Chicago and Lon<strong>do</strong>n. 478 pp.Suplemento da INDECO. 1978. O construtor <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s. Cuiabá: INDECO.Veloso, H.P., Rangel Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. 1991. Classificação da VegetaÉÑo Brasileira,adaptada a um sistema universal. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Fundação Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia eEstatística, IBGE,.Whittaker, A. 2002. A new species of forest-falcon (Falconidae:Micrastur) from southeasternAmazonia and Atlantic Rainforests of Brazil. Wilson Bull. 114(4): 421-445.WWF Brasil 2008. Programa åreas Protegidas da AmazÇnia – ARPA. Disponível em:www.wwf.org.br).Zart, L. L. 2004. A mobilida<strong>de</strong> das populações trabalha<strong>do</strong>ras: A migração-colonização e asrepresentações sociais <strong>de</strong> agricultores familiares. In: Ca<strong>de</strong>rno Fänix Ciäncia. Trabalho,i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e natureza. Ano I. Cáceres-<strong>MT</strong>: Unemat p.47-62.Zimmer, J.K., Parker III, T.A., Isler, M.L. & Isler, P.R. 1997. Survey of a Southern Amazonianavifauna: the Alta Floresta Region, <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, Brazil. Ornithological Monographs 48: 887-918.Zimmerman, B.L. & Rodrigues, M.T. 1990. Frogs, snakes, and lizards of the INPA-WWFreserves near Manaus, Brazil. In: A.H. Gentry (ed.). Four Neotropical Rainforests. Pp.426-454.New Haven and Lon<strong>do</strong>n: Yale University Press130


GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE – SEMA/<strong>MT</strong>PLANO DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO CRISTALINOVOLUME II: PLANEJAMENTOCuiabÉ, 2009


GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE – SEMA/<strong>MT</strong>SuperintendÑncia <strong>de</strong> Biodiversida<strong>de</strong> - SUBCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaÖÜo – CUCOBlairo Borges MaggiGoverna<strong>do</strong>rLuis Henrique Dal<strong>de</strong>ganSecretário <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Meio AmbienteAfrânio MigliariSecretário Adjunto <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Meio AmbienteEliani FachimSuperinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Biodiversida<strong>de</strong>Alexandre Milaré BatistellaCoor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume II: PlanejamentoCRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAISEquip e da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conse rvação da SEM A:- Alexandre MilarÄ Batistella - BiÅlogo- Ana Margarida M. Coelho - Arte-educa<strong>do</strong>ra- El<strong>de</strong>r Monteiro Antunes - Arquiteto- Eliani Mezzalira Pena - BiÅloga- FÇtima Sonoda- BiÅloga- Francisval Akerley da Costa - Eng. AgrÉnomo- KÇtia Moser <strong>de</strong> Oliveira - Historia<strong>do</strong>ra- Marcelo Tarachuk - TurismÅlogo- Nicola Sava Leventi Neto - Bacharel em Direito- R osana Maria Viegas - Bacharel em Letras- Vera Lucia Noriko Kuroyanagi – GeÅgrafaEquipe <strong>de</strong> Elaboração <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino:- Eliani Mezzalira Pena e Marcelo Tarachuk – Secretaria Estadual <strong>do</strong> Meio Ambiente, <strong>MT</strong>– SEMA- Roberta Roxilene <strong>do</strong>s Santos e Gustavo Vasconcellos Irgang – Instituto Centro <strong>de</strong>Vida – ICV- Vitoria Da Riva Carvalho, Renato Farias, Edson Da Riva Carvalho - FundaÖÜoEcolÅgica Cristalino - FEC- Solange A. Arrolho e Rosane Duarte Rosa Seluchinesk – Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> – UNEMAT- Cynthia Pinheiro Macha<strong>do</strong> - Fauna e Flora International – Programa Brasil- Jane M. <strong>de</strong> O. Vasconcellos – Consultora para EstruturaÖÜo e RedaÖÜo <strong>do</strong>Documento


Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino – Volume II: PlanejamentoPLANEJAMENTO DO PARQUE ESTADUAL DO CRISTALINOSUMÁRIO1. PROCESSO DE PLANEJAMENTO1.1 Diretrizes <strong>de</strong> AÖÜo2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO CRISTALINO3. ZONEAMENTO DO PARQUE ESTADUAL DO CRISTALINO3.1 Zonas <strong>de</strong> Manejo3.2 Zona <strong>de</strong> Amortecimento4. PLANEJAMENTO POR PROGRAMAS TEMÁTICOS4.1 - Programa TemÇtico <strong>de</strong> ProteÖÜo e Manejo <strong>do</strong> Meio Ambiente4.2 - Programa TemÇtico <strong>de</strong> Pesquisa e Monitoramento4.3 – Programa <strong>de</strong> Uso Päblico4.4 - Programa TemÇtico <strong>de</strong> ConsolidaÖÜo Territorial4.5 - Programa <strong>de</strong> IntegraÖÜo Externa4.6 - Programa TemÇtico <strong>de</strong> OperacionalizaÖÜo5. ESTIMATIVA DE CUSTOSLISTA DAS TABELASTabela 1. Plano <strong>de</strong> aÖåes em resposta para aos Pontos Fortes e Oportunida<strong>de</strong>s prioriza<strong>do</strong>sna anÇlise FOFA.Tabela 2. Plano <strong>de</strong> aÖåes em resposta aos Pontos Fracos e AmeaÖas prioriza<strong>do</strong>s na anÇliseFOFATabela 3. área ocupada por cada zona e seu percentual em relaÖÜo ã Çrea total <strong>do</strong> ParqueTabela 4. Quadro <strong>de</strong> pessoal necessÇrio para a implantaÖÜo <strong>do</strong> presente plano <strong>de</strong> manejoTabela 5. Estimativa <strong>do</strong>s custos da implantaÖÜo <strong>do</strong> presente Plano <strong>de</strong> ManejoLISTA DAS FIGURASFigura 1 Mapa <strong>de</strong> uso atual da terra produzi<strong>do</strong> pelos participantes da OPPFigura 2 Mapa das ameaÖas ã conservaÖÜo <strong>do</strong> PEC elabora<strong>do</strong> na OPPFigura 3 ProporÖÜo das Zonas <strong>de</strong> Manejo estabelecidas para o PECFigura 4. Zoneamento <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoFigura 5. LocalizaÖÜo da Zona <strong>de</strong> Amortecimento <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> CristalinoFigura 6. OrganizaÖÜo administrativa <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino


PLANEJAMENTO1. PROCESSO DE PLANEJAMENTOO Plano <strong>de</strong> Manejo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino - PEC foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> como “Roteiro Meto<strong>do</strong>lÅgico <strong>de</strong> Planejamento: Parque Nacional, Reserva BiolÅgica e EstaÖÜoEcolÅgica”, estabeleci<strong>do</strong> pelo IBAMA (2002), adapta<strong>do</strong>..Conforme esse Roteiro, o planejamento <strong>do</strong> Parque foi elabora<strong>do</strong> com base no DiagnÅstico<strong>do</strong> PEC (volume I <strong>de</strong>ste Plano <strong>de</strong> Manejo), nos resulta<strong>do</strong>s da Oficina <strong>de</strong> PlanejamentoParticipativo - OPP (Anexo X) e, tambÄm, em reuniåes tÄcnicas com a participaÖÜo <strong>de</strong>pesquisa<strong>do</strong>res e membros da coor<strong>de</strong>naÖÜo. Foi tambÄm utilizada uma versÜo preliminar <strong>do</strong>Plano <strong>de</strong> Manejo, elaborada pela TangarÇ ServiÖos em Meio Ambiente e Turismo (Campelloet allii, 2002).A partir da avaliaÖÜo estratÄgica da unida<strong>de</strong>, feita na OPP (matriz FOFA, item 2.8.2 <strong>do</strong>DiagnÅstico Ambiental e SocioeconÉmico), foram elabora<strong>do</strong>s os mapas <strong>de</strong> usos atuais daterra e das ameaÖas i<strong>de</strong>ntificadas (Figuras 1 e 2), bem como um plano <strong>de</strong> aÖÜo em respostaãs queståes priorizadas na avaliaÖÜo estratÄgica (Tabelas 1 e 2) os quais representaramimportantes produtos na orientaÖÜo <strong>do</strong> planejamento <strong>do</strong> PEC.Figura 1 Mapa <strong>de</strong> uso atual da terra produzi<strong>do</strong> pelos participantes da OPP


Figura 2 Mapa das ameaças à conservação <strong>do</strong> PEC elabora<strong>do</strong> na OPPCírculos pretos = gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s; Círculos laranja = assentamentos; Círculos roxos = pequenascentrais hidrelétricas; Setas vermelhas = pontos <strong>de</strong> pressãoTabela 1 Plano <strong>de</strong> ações em resposta para aos Pontos Fortes e Oportunida<strong>de</strong>sprioriza<strong>do</strong>s na análise FOFA.Pontos Fortes Pontuação Ações Necessária Atores Envolvi<strong>do</strong>sBiodiversida<strong>de</strong> 17Pesquisa científicaEducação ambiental para osatores sociais envolvi<strong>do</strong>sUniversida<strong>de</strong>s,UNEMAT/UF<strong>MT</strong>; ongs,agencias financia<strong>do</strong>ras(FAPEMAT;MMA;CNPq;FUNDO AMAZÔNIA; etc).Secretarias municipais <strong>de</strong>Educação /Turismo e meioambiente/ongs;universida<strong>de</strong>s.Plano <strong>de</strong> manejoprevisto para 200915Conclusão <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> manejoDivulgação <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> Manejopara to<strong>do</strong>s os atores <strong>do</strong> entornoe áreas <strong>de</strong> influênciaEquipe técnica <strong>do</strong> plano <strong>de</strong>manejoConselho consultivo;secretarias; assenta<strong>do</strong>s;SEMA; atores <strong>do</strong> entorno;ongs; universida<strong>de</strong>s; ARPAParecerias formadacom a secretaria <strong>de</strong>agricultura, educação,assenta<strong>do</strong>s e SEMAno entorno <strong>do</strong> PEC13construir um plano estratégicoparticipativo integra<strong>do</strong> parapontuar ações e estipularpriorida<strong>de</strong>s.Secretarias; assenta<strong>do</strong>s;SEMA; atores <strong>do</strong> entorno;ongs; universida<strong>de</strong>s


Localizaçãogeográfica estratégica13Divulgação <strong>do</strong> parque paraestimular o turismoSEDTUR; MMA; MDA;<strong>MT</strong>UR; ongs, universida<strong>de</strong>s,Proecotur, secretarias <strong>de</strong>governo.As instituiçõesenvolvidas com oparque11 Fortalecimento institucionalOPORTUNIDADES Pontuação Ações Necessária Atores Envolvi<strong>do</strong>sAgroecologia 15Turismo 15Criação da marca <strong>de</strong>produtos certifica<strong>do</strong>sCRISTALINO, para osprodutores <strong>do</strong>entorno <strong>do</strong> PEC14Educação ambiental 11Regularização <strong>do</strong>sacampa<strong>do</strong>s até essemomento no entornoTornar-se referênciaem ecoturismo naAmazôniaMelhorameto da bacialeiteira, em parceriacom a sec <strong>de</strong>10101) assentamento <strong>do</strong>sacampa<strong>do</strong>s;2)capacitação <strong>do</strong>s produtores;3)abertura <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> créditosespecíficas;4) criação <strong>de</strong> pequenasagroindústrias familiares;5) agregar valor aos produtos(queijos, frutas municipais, etc);6) in<strong>de</strong>pendência na negociação<strong>de</strong> seus produtos;7) integração das associaçõesao comércio justo e solidário(ecologicamente correto);8) criação <strong>de</strong> feiras municipais.9) Buscar estu<strong>do</strong> existente feitopelo SEBRAE1) Resgate e organização <strong>de</strong>to<strong>do</strong> material existente sobre oturismo na região;2) Mobilização da comunida<strong>de</strong>informan<strong>do</strong> sobre os reaispotenciais <strong>de</strong> turismo na região3)Construção <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong>ação participativo para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> turismo naárea.1) criação <strong>do</strong> selo <strong>de</strong> certificaçãopara os produtos e subprodutosproduzi<strong>do</strong>s pelas comunida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PEC , "saborCristalino".Proposta <strong>de</strong> inclusão <strong>de</strong>Educação ambiental comodisciplina curricular nas escolas(sic),aumentan<strong>do</strong> a relação dascomunida<strong>de</strong>s com o parque; 2)capacitação <strong>do</strong>s professoresConsolidar parceria oficial paraviabilizar um plano <strong>de</strong>regularização para a zona <strong>de</strong>amortecimento.Colocar esta meta no plano <strong>de</strong>ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>turismo na regiãoSEMA, Empaer, SENAR,Secretarias <strong>de</strong> agricultura,associações e cooperativas.SEMA, conselho consultivo,<strong>MT</strong>ur, secretarias municipais<strong>de</strong> turismo. PROECOTUR,Universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo.Ongs, SEMA, PNUD,SEBRAESEMA, Secretarias <strong>de</strong>Educação; FEC- ProgramaEscola da Amazônia.Incra, Intermat e ADSGLED,Sindicato <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>resrurais, Secretarias <strong>de</strong>Agricultura, e SEMAFEC, hotel <strong>de</strong> selvaCristalino.<strong>MT</strong>UR. Secretarias<strong>de</strong> turismo, hotéis da região10 ? ?


agriculturaOPORTUNIDADES pontos Ação necessária AtoresPagamento para osmunicípios porserviços ambientaispresta<strong>do</strong>s, tais comoseqüestro <strong>de</strong>carbono, recursoshídricos,poliniza<strong>do</strong>res, etc81) estu<strong>do</strong> sobre o potencial <strong>de</strong>comercialização <strong>do</strong>s serviçosambientais da regiãoSEMA, ongs (ligação <strong>do</strong> ICVcom grupo Katoomba),prefeituras, governo <strong>do</strong>esta<strong>do</strong>, PNUD.Realização <strong>de</strong>pesquisas7I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> pesquisasprioritárias para a gestão da UCe para atrativo turístico(observação <strong>de</strong> aves,borboletas, e outras espéciesatraentes)ngos (FEC com programas<strong>de</strong> pesquisa FLORA emacaco aranha da carabranca), Universida<strong>de</strong>snacionais e internacionaisPermacultura noentorno6Capacitação das comunida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> entorno no tema. Criação <strong>de</strong>unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>monstrativas.Planejamento da infra-estrutura<strong>do</strong> parque usan<strong>do</strong> técnicas <strong>de</strong>permaculturaSEMA, comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>entorno, associações <strong>de</strong>permacultura.Construção <strong>de</strong>pousadas no entorno<strong>do</strong> Parque61) I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> localizaçõesestratégicas no Plano <strong>de</strong> Manejo2) capacitação das comunida<strong>de</strong>spara gestão das pousadas;3) apoio a linhas <strong>de</strong> crédito paraas pousadas.SEMA, técnicos <strong>do</strong>s planos<strong>de</strong> manejo, ongs,associações, comunida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> entorno, prefeiturasProdução <strong>de</strong> biojóiase artesanatos6 1) apoio ao acesso a merca<strong>do</strong>s SEMA, ngos, SEBRAEParcerias 5I<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s parceiros paraimplementação <strong>do</strong> plano <strong>de</strong>manejo num banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s daSEMA. Consulta na forma <strong>de</strong>edital com carta convite paraentrar no banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>instituições potencialmenteparceiras para o plano <strong>de</strong>manejo <strong>do</strong> PECConselho consultivo, SEMATabela 2 Plano <strong>de</strong> ações em resposta aos Pontos Fracos e Ameaças prioriza<strong>do</strong>s naanálise FOFAPontos Fracos Pontuação Ações Necessária Atores Envolvi<strong>do</strong>sInexistência <strong>de</strong>regularizaçãofundiária20Campanha pró-regularização <strong>do</strong> Parque(Parque Cristalino 1/2). Gestionar junto aopo<strong>de</strong>r judiciário para resolução <strong>do</strong> impasseda gleba divisa (esta<strong>do</strong> x união)Assembléia legislativa para aaprovação <strong>do</strong> zoneamento(gestionar) (pré-requisito para o<strong>MT</strong> legal); <strong>MT</strong> legal; po<strong>de</strong>rjudiciário; Ministério da ReformaAgrária, ongs, assembléiauniversida<strong>de</strong>s, Incra, Intermat


Buscar parcerias com programasexistentes , p.ex "bal<strong>de</strong> cheio", turismo, emarranjo institucional garantin<strong>do</strong> que sejamecologicamente corretos.Falta <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimentoeconômicosustentável paraos assenta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>entorno14Elaborar um plano participativo da microregião <strong>do</strong> PEC <strong>de</strong> turismo sustentável.Apoiar e direcionar a produção paraabastecer as pousadas locais e merendaescolar (CONAB). Apoiar as boas práticasexistentes.Buscar parceiras para a criação <strong>de</strong>proprieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>lo, protótipos, nosprincípios <strong>de</strong> agroecologia e permacultura.SEMA, CONAB, POUSADASLOCAIS, ONGs, Institutos <strong>de</strong>agroecologia e permacultura,universida<strong>de</strong>s nacionais einternacionais.Propiciar oportunida<strong>de</strong>s diferenciadas ecapacitação para população <strong>de</strong> entornopara o atendimento <strong>de</strong> serviçosnecessários ao parque (vigilância,construção, limpeza, manutenção).Fraca execuçãodas leis13Mais fiscalização <strong>de</strong>ntro e fora . Associarcom PROAE - programa <strong>de</strong> monitoramento<strong>de</strong> áreas especiais (SIPAM)SEMA, SIPAMProprieda<strong>de</strong>s nointerior <strong>do</strong> parque10 I<strong>de</strong>m acima I<strong>de</strong>m acimaMorosida<strong>de</strong> dasautorida<strong>de</strong>s10Investir na organização social, mobilizaçãoe organização das comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>entorno para que possam exercer pressãopolítica.ongs, prefeituras, agenciasinternacionaisPobreza noentorno8Organizar a produção e ofertas <strong>de</strong> serviçosrelaciona<strong>do</strong>s ao parque para beneficiar aspopulações pobres <strong>do</strong> entornoSEMA, ongs, agênciasinternacionais.AMEAÇAS pontos Ação necessária AtoresIncra e suaspolíticas <strong>de</strong>assentamento nãoa<strong>de</strong>quadas19Licenciamento ambiental <strong>do</strong>sassentamentosIncra, intermat, SEMA, terra legal(programa)Gran<strong>de</strong>sfazen<strong>de</strong>iros18Desapropriação (interior <strong>do</strong> PEC) eregularização fundiáriaEsta<strong>do</strong>, judiciárioFogo 16Instituição <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> prevenção econtrole <strong>do</strong> Fogo (monitoramento) no PECe no entrono (fortalecer grupo <strong>de</strong>brigadistas, infra-estrutura eequipamentos)Previ fogo, brigadistas,bombeiros, SEMA, prefeiturasmunicipais, ongsGrileiros laranja <strong>de</strong>políticos13 ? ?Conflitos políticose governamentais10 ? ?


PCH's 9Mais rigor no licenciamento <strong>de</strong> novosempreendimentos no entorno <strong>do</strong> PECMinistério público, SEMA1.1 Diretrizes <strong>de</strong> AçãoA partir <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>cumentos foi possàvel estabelecer as seguintes diretrizes para oplanejamento <strong>do</strong> PEC:Fortalecimento <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong> conservaÖÜo e proteÖÜo para alÄm <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong>PEC, notadamente na zona <strong>de</strong> amortecimento e Çreas protegidas da regiÜo, incluin<strong>do</strong>vÇrias aÖåes prÅ-ativas <strong>de</strong> gestÜo.O bom esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> conservaÖÜo da biodiversida<strong>de</strong> e a heterogeneida<strong>de</strong> ambiental quecaracterizam o PEC <strong>de</strong>vem estimular e favorecer aÖåes voltadas para a pesquisa e omonitoramento, bem como para o uso päblico.A educaÖÜo ambiental e o incentivo ao <strong>de</strong>senvolvimento socioeconÉmico <strong>do</strong> entorno,principalmente com ativida<strong>de</strong>s caracteristicamente compatàveis com os objetivos <strong>do</strong>Parque e das <strong>de</strong>mais Çreas protegidas da regiÜo, como o ecoturismo, sÜofundamentais para o fortalecimento da conservaÖÜo da biodiversida<strong>de</strong> <strong>do</strong> PEC e suaregiÜo.O estabelecimento <strong>de</strong> parcerias inter-institucionais e <strong>de</strong> aÖåes que influenciempolàticas päblicas e busquem o envolvimento da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem ser prioritÇrias.Desta forma, o presente planejamento parte da i<strong>de</strong>ntificaÖÜo <strong>do</strong>s objetivos especàficos <strong>de</strong>manejo <strong>do</strong> PEC, reconhecen<strong>do</strong> que o éxito <strong>do</strong> manejo <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conservaÖÜo <strong>de</strong>proteÖÜo integral <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> aÖåes que garantam a alta viabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos, o controledas ameaÖas sobre estes recursos, um gerenciamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e uma forte valorizaÖÜosocial.Com base nestas premissas, foram <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s o zoneamento e as suas normas, as Çreas <strong>de</strong>atuaÖÜo e os programas <strong>de</strong> manejo.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS DE MANEJO DO PARQUE ESTADUAL DO CRISTALINOOs objetivos especàficos <strong>do</strong> PEC foram estabeleci<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a especificida<strong>de</strong> <strong>do</strong>sseus atributos ambientais e socioeconÉmicos e os:objetivos da categoria <strong>de</strong> manejo Parqueestabeleci<strong>do</strong>s na Lei <strong>do</strong> SNUC (artigo 4í da Lei ní 9.985/2000): “a preservaÖÜo <strong>de</strong>ecossistemas naturais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância ecolÅgica e beleza cénica, possibilitan<strong>do</strong> arealizaÖÜo <strong>de</strong> pesquisas cientàficas e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educaÖÜo einterpretaÖÜo ambiental, <strong>de</strong> recreaÖÜo em contato com a natureza e <strong>de</strong> turismo ecolÅgico”1. Conservar as populaÖåes <strong>de</strong> espÄcies ameaÖadas <strong>de</strong> extinÖÜo, vulnerÇveis ouinsuficientemente conhecidas, tais como as espÄcies vegetais Mars<strong>de</strong>nia sp. nov. aff.Macrophylla, Costus sp. nov. (Costaceae), Guarea sp. nov. (Meliaceae), Scia<strong>do</strong>cephala sp.nov. (Compositae); espÄcies da mastofauna como macaco-aranha-da-cara-branca (Atelesbelzebuth marginatus), cachorro-<strong>do</strong>-mato-<strong>de</strong>-orelha-curta (Atelocynus microtis); tatucanastra(Prio<strong>do</strong>ntes maximus); espÄcies <strong>de</strong> aves como Ano<strong>do</strong>rhynchus hyacinthinus (araraazul-gran<strong>de</strong>),Pteroglossus bitorquatus (araÖari-<strong>de</strong>-pescoÖo-vermelho), Psophia viridis(jacamim-<strong>de</strong>costa-ver<strong>de</strong>); as espÄcies da herpetofauna como o jacarÄ-aÖu (Melanusuchusniger), anuros como Colostethus marchesianus e Dendrobates castaneoticus, os quelÉniosPo<strong>do</strong>cnemis expansa e Po<strong>do</strong>cnemis unifilis, lagartos, tais como Crocodilurus amazonicus eDracaena guianensis, e serpentes como Boa constrictor e Corallus caninus.


2. Proteger espÄcies recentemente <strong>de</strong>scritas e novas ocorréncias geogrÇficas, como asespÄcies vegetais Psychotria ownbeyi e Heliconia spathocircinata; as espÄcies <strong>de</strong> avedanÖa<strong>do</strong>r-<strong>de</strong>-coroa-<strong>do</strong>urada (Lepi<strong>do</strong>trix vilasboasi) e beija-flor-ver<strong>de</strong> (Polytmus theresiae); eo anuro Dendrobates sp.3. Conservar as populaÖåes <strong>de</strong> espÄcies endémicas regionais ou macro-regionais, <strong>de</strong>ntreelas as espÄcies <strong>de</strong> plantas Retiniphyllum kuhlmannii, Notopleura tapajozensis, Pagameaplicata, Rhynchospora exilis, Vellozia tubiflora, Thrasya auricoma e Hibiscus paludicola.4. Garantir a manutenÖÜo <strong>de</strong> remanescentes da Floresta OmbrÅfila Densa localiza<strong>do</strong>sprincipalmente ao sul e oeste <strong>do</strong> Parque, com composiÖÜo floràstica diferente da que ocorrena regiÜo central da AmazÉnia.5. Garantir a manutenÖÜo <strong>do</strong>s mosaicos complexos forma<strong>do</strong>s por Floresta Semi<strong>de</strong>cidual alta(transiÖÜo entre Floresta OmbrÅfila Densa e Caatinga), em solo <strong>de</strong> areia branca, commanchas <strong>de</strong> Campinarana, localiza<strong>do</strong>s principalmente no centro e leste <strong>do</strong> Parque.6. Proteger os Campos Rupestres das encostas e topos da Serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong> e Serra <strong>do</strong>Mateiro e outros afloramentos rochosos, com a biodiversida<strong>de</strong> caracteràstica <strong>de</strong>stesambientes.7. Proteger as corre<strong>de</strong>iras e as cachoeiras <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>ras da dinâmica <strong>do</strong>s rios, influencian<strong>do</strong>nas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> peixes e forma<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> ambientes especiais para algumas espÄcies<strong>de</strong> aves8. Proteger ambientes especiais, como as lagoas <strong>do</strong> mÄdio rio Cristalino.9. Proteger as nascentes e o percurso <strong>do</strong>s rios Cristalino, Roche<strong>do</strong> e Nhandu, bem como ascomunida<strong>de</strong>s aquÇticas a eles associadas.10. Conservar a beleza cénica da regiÜo, incluin<strong>do</strong> as formaÖåes vegetais, as escarpasrochosas, os rios e cachoeiras.11. Contribuir para a garantia <strong>do</strong> fluxo génico das espÄcies nativas da regiÜo, atravÄs <strong>de</strong>corre<strong>do</strong>res ecolÅgicos, por meio <strong>de</strong> programas especàficos <strong>de</strong> manejo e conservaÖÜo.12. Compatibilizar a presenÖa das populaÖåes <strong>do</strong> entorno com os objetivos da unida<strong>de</strong>,promoven<strong>do</strong> a sua integraÖÜo nos esforÖos <strong>de</strong> conservaÖÜo e <strong>de</strong>senvolvimento.13. Apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> pesquisas e propiciar a disseminaÖÜo <strong>do</strong> conhecimento<strong>do</strong>s atributos naturais e socioculturais <strong>do</strong> Parque e da regiÜo.14. Manter conectivida<strong>de</strong> com outras Çreas protegidas, colaboran<strong>do</strong> com a manutenÖÜo <strong>do</strong>scorre<strong>do</strong>res ecolÅgicos da AmazÉnia Meridional e da bacia hidrogrÇfica Teles Pires –TapajÅs.


15. Contribuir com a formaÖÜo <strong>do</strong> bloco <strong>de</strong> Çreas protegidas que funciona como barreira aoavanÖo <strong>do</strong> arco <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento no norte mato-grossense e sul <strong>do</strong> ParÇ.3. ZONEAMENTO DO PARQUE ESTADUAL DO CRISTALINOO zoneamento Ä um instrumento tÄcnico <strong>de</strong> gestÜo pelo qual a UC Ä or<strong>de</strong>nada em porÖåes(zonas) homogéneas quanto ãs suas caracteràsticas naturais e, principalmente, em termos<strong>de</strong> <strong>de</strong>stino <strong>de</strong> uso. EstÇ conceitua<strong>do</strong> na Lei 9.985/00 (SNUC) como ”<strong>de</strong>finiÖÜo <strong>de</strong> setores ouzonas com objetivos <strong>de</strong> manejo e normas especàficas, com o propÅsito <strong>de</strong> proporcionar osmeios e as condiÖåes para que to<strong>do</strong>s os objetivos da unida<strong>de</strong> possam ser alcanÖa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>forma harmÉnica e eficaz”.Portanto, o zoneamento da UC <strong>de</strong>ve facilitar o cumprimento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os seus objetivos <strong>de</strong>manejo, favorecen<strong>do</strong> a conservaÖÜo e minimizan<strong>do</strong> conflitos. Cada Zona po<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a umou vÇrios objetivos <strong>de</strong> manejo.O Zoneamento <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino resultou em uma divisÜo territorial cujaprincipal funÖÜo foi garantir a preservaÖÜo <strong>do</strong>s mosaicos complexos <strong>de</strong> vegetaÖÜo, com altariqueza biolÅgica e <strong>do</strong>s recursos hàdricos, com potencialida<strong>de</strong>s educativas e atrativos para avisitaÖÜo; consi<strong>de</strong>rou tambÄm as Çreas antropizadas, com e sem ocupaÖÜo na data <strong>de</strong>criaÖÜo <strong>do</strong> parque.O conjunto <strong>de</strong>ssas caracteràsticas singulares <strong>de</strong>terminou o estabelecimento <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong>Zona Intangàvel (38,13%), com maior restriÖÜo <strong>de</strong> uso, circundada pela Zona Primitiva(29,88%) e a Çrea da FAB, quatro Zonas <strong>de</strong> Uso Extensivo (7,82%), duas pequenas Zonas<strong>de</strong> Uso Intensivo (,0.19%), vÇrias Zonas <strong>de</strong> RecuperaÖÜo (18.95%) e <strong>de</strong> OcupaÖÜoTemporÇria (4.92%) e uma Zona <strong>de</strong> Uso Conflitante (0.10%). A Çrea e porcentagemocupada por cada zona no contexto geral <strong>do</strong> PEC estÜo apresentadas na Tabela 3, Figura 3e mapa da Figura 4, elabora<strong>do</strong> no mapa <strong>de</strong> limites da SEMA, 2008.Tabela 3. Área ocupada por cada zona e seu percentual em relação à área total <strong>do</strong>ParqueZONA ÁREA (ha) %Intangàvel (ZIN) 76.394,95 38.13%Primitiva (ZP) 59.859,53 29.88%Uso Extensivo (ZUEx) 15.659,14 7.82%Uso Intensivo (ZUI) 388,49 0.19%RecuperaÖÜo (ZR) 37.972,64 18.95%Ocupao TemporÇria (ZOT) 9.860,47 4.92%Uso Conflitante (ZUC) 206,09 0.10%


Figura 3 Proporção das Zonas <strong>de</strong> Manejo estabelecidas para o PEC


Figura 4. Zoneamento <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino


As Zonas <strong>de</strong> RecuperaÖÜo representam as Çreas alteradas/<strong>de</strong>smatadas apÅs a criaÖÜo <strong>do</strong>PEC e as Zonas <strong>de</strong> Uso TemporÇrio sÜo aquelas ocupadas antes <strong>de</strong>sta data.A Zona <strong>de</strong> Uso Conflitante correspon<strong>de</strong> ã Çrea da PCH Roche<strong>do</strong>.A infra-estrutura prevista Ä <strong>de</strong> baixo impacto, constituàda <strong>de</strong> 4 postos <strong>de</strong> fiscalizaÖÜo, umabase administrativa e uma <strong>de</strong> apoio ã pesquisa e 3 centros <strong>de</strong> visitaÖÜo.3.1 Zonas <strong>de</strong> ManejoZona Intangível (ZIN)Definiçãoö aquela on<strong>de</strong> a primitivida<strong>de</strong> da natureza permanece o mais preservada possàvel, nÜo setoleran<strong>do</strong> quaisquer alteraÖåes humanas, representan<strong>do</strong> o mais alto grau <strong>de</strong> preservaÖÜo.Funciona como matriz <strong>de</strong> repovoamento <strong>de</strong> outras zonas on<strong>de</strong> jÇ sÜo permitidas ativida<strong>de</strong>shumanas regulamentadas. Esta zona Ä <strong>de</strong>dicada ã proteÖÜo integral <strong>de</strong> ecossistemas, <strong>do</strong>srecursos genÄticos e ao monitoramento ambiental (IBAMA, 2002).Objetivo geralO objetivo bÇsico <strong>do</strong> manejo Ä a preservaÖÜo ambiental, garantin<strong>do</strong> os processos naturais<strong>de</strong> evoluÖÜo, permitin<strong>do</strong> apenas as aÖåes <strong>de</strong> fiscalizaÖÜo <strong>de</strong> baixo impacto e a pesquisacientàfica e monitoramento que nÜo alterem as caracteràsticas naturais.DescriçãoA Çrea a ser conservada como intangàvel no PEC representa 76.394,95 hectares,correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a 38.13% da Çrea total da unida<strong>de</strong>. Foi <strong>de</strong>limitada com base no grau <strong>de</strong>conservaÖÜo e variabilida<strong>de</strong> da vegetaÖÜo, na riqueza e diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espÄcies e nalocalizaÖÜo das Çreas alagÇveis (berÖÇrios) <strong>do</strong> curso mÄdio <strong>do</strong> rio Cristalino, com meandrosaban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s e semi-aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s, localmente chama<strong>do</strong>s <strong>de</strong> “lagoas”, on<strong>de</strong> ocorre ummosaico complexo <strong>de</strong> florestas sazonalmente inundadas, emaranha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> arbustos baixos,pequenas Çrvores e trepa<strong>de</strong>iras e vegetaÖÜo herbÇcea aberta e <strong>de</strong>nsa.NormasAs ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manejo permitidas sÜo limitadas ã pesquisa e monitoramento e ãfiscalizaÖÜo, com as seguintes restriÖåes: A pesquisa cientàfica serÇ permitida, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que nÜo possa ser realizada emoutras zonas e nÜo comprometa a integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos naturais.A fiscalizaÖÜo serÇ eventual, em casos <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteÖÜo da zonacontra caÖa<strong>do</strong>res, fogo, invasåes e outras formas <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradaÖÜo ambiental.NÜo serÇ permitida a visitaÖÜo a qualquer tàtulo.NÜo serÜo permitidas quaisquer instalaÖåes <strong>de</strong> infra-estrutura.NÜo serÜo permiti<strong>do</strong>s <strong>de</strong>slocamentos em veàculos motoriza<strong>do</strong>s.Zona Primitiva (ZP)Definição


É uma área natural com pequena ou mínima intervenção humana, conten<strong>do</strong> espécies daflora e da fauna ou fenômenos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor científico. Deve possuir características <strong>de</strong>transição entre a Zona Intangível e a Zona <strong>de</strong> Uso Extensivo (IBAMA, 2002).Objetivo geralPreservar o ambiente natural e, ao mesmo tempo, possibilitar a realização <strong>de</strong> pesquisascientíficas em ambientes naturais pouco altera<strong>do</strong>s e proteger a Zona Intangível. Po<strong>de</strong>,também, possibilitar visitas programadas eventuais e controladas.DescriçãoA Zona Primitiva compreen<strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> 59.859,53 hectares que correspon<strong>de</strong>m a 29.88%da área total <strong>do</strong> PEC, abrangen<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s mosaicos complexos <strong>de</strong> vegetaçãoocorrentes, com gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies tanto da flora como da fauna, bem comoafluentes <strong>do</strong>s rios Cristalino, Roche<strong>do</strong> e Nhandu e parte da serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>.Normas As ativida<strong>de</strong>s permitidas serão a pesquisa, o monitoramento ambiental, aproteção/fiscalização e a visitação controlada e <strong>de</strong> baixo impacto, não sen<strong>do</strong>admitida a implantação <strong>de</strong> qualquer infraestrutura.- O tráfego <strong>de</strong> veículos é proibi<strong>do</strong>, exceto em ocasiões especiais, em casos <strong>de</strong>necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteção.- A fiscalização será constante.Zona <strong>de</strong> Uso Extensivo (ZUEx)DefiniçãoÉ aquela constituída em sua maior parte por áreas naturais, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> apresentar algumasalterações antrópicas, sen<strong>do</strong> passível <strong>de</strong> intervenções controladas. A zona <strong>de</strong>finida como <strong>de</strong>Uso Extensivo tem como premissa a utilização <strong>do</strong> ambiente pelo público, mas sempre <strong>de</strong>forma controlada (IBAMA, 2002).Objetivo geralPropiciar espaços para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> visitação controlada e educativa (programas<strong>de</strong> sensibilização, informação e educação/interpretação ambiental).DescriçãoA Zona <strong>de</strong> Uso Extensivo (ZUEx), com um total <strong>de</strong> 15.659,14 hectares, que correspon<strong>de</strong>m a7,82% da área total <strong>do</strong> PEC, compreen<strong>de</strong> 4 áreas: a ZUEx Cachoeira <strong>do</strong> Limão, no limitenoroeste <strong>do</strong> PEC, circundan<strong>do</strong> a Zona <strong>de</strong> Uso Intensivo, com acesso a partir <strong>de</strong> AltaFloresta, incluin<strong>do</strong> trilhas, mirante, cachoeira; a ZUEx Serra <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>, junto ao limitesu<strong>do</strong>este <strong>do</strong> PEC e próxima <strong>do</strong> Assentamento Roche<strong>do</strong> (no entorno <strong>do</strong> PEC), com acesso apartir <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>; a ZUEx Paredão <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>, no limite sul <strong>do</strong> PEC, com acesso apartir <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>, incluin<strong>do</strong> recepção <strong>de</strong> visitantes, trilhas, mirante e posto <strong>de</strong>fiscalização; a ZUEx Olho da Xuxa, no limite nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> PEC, junto à Zona <strong>de</strong> UsoIntensivo Olho da Xuxa, com acesso a partir <strong>de</strong> Guarantã <strong>do</strong> Norte, incluin<strong>do</strong> trilhas.Normas


As ativida<strong>de</strong>s permitidas são a pesquisa, o monitoramento ambiental, aproteção/fiscalização e a visitação controlada, visan<strong>do</strong> recreação aliada àeducação/interpretação ambiental.Os locais <strong>de</strong> visitação terão infra-estrutura simples, como trilhas, mirantes naturais,pontos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso, locais para banhos sem vendas <strong>de</strong> alimentos ou outros.A sinalização admitida é aquela indispensável para a proteção <strong>do</strong>s recursos naturaise para a segurança <strong>do</strong>s visitantes.Zona <strong>de</strong> Uso Intensivo (ZUI)DefiniçãoÉ constituída por áreas naturais ou alteradas. O ambiente <strong>de</strong>ve ser manti<strong>do</strong> o mais próximopossível <strong>do</strong> natural, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> conter: centro <strong>de</strong> visitantes, museus, outras facilida<strong>de</strong>s eserviços (IBAMA, 2002).Objetivo geralO objetivo geral <strong>do</strong> manejo é facilitar a recreação intensiva e a educação/interpretaçãoambiental em harmonia com o meio.DescriçãoA Zona <strong>de</strong> Uso Intensivo (ZUI), com um total <strong>de</strong> 388,49 hectares, que correspon<strong>de</strong>m a 0,19%da área total <strong>do</strong> PEC, compreen<strong>de</strong> 2 áreas: a ZUI Cristalino, no noroeste <strong>do</strong> PEC, comacesso a partir <strong>de</strong> Alta Floresta, incluin<strong>do</strong> uma Base <strong>de</strong> Apoio Administrativo, uma Base <strong>de</strong>apoio à Pesquisa e um Centro <strong>de</strong> Visitantes e a ZUI Olho da Xuxa, no limite nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong>PEC, com acesso a partir <strong>de</strong> Guarantã <strong>do</strong> Norte, incluin<strong>do</strong> um Portal <strong>de</strong> Entrada, um Centro<strong>de</strong> Visitantes e trilhas.NormasAs ativida<strong>de</strong>s permitidas são pesquisa, proteção/fiscalização e o uso público(recreação, educação e interpretação ambiental).A infra-estrutura <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r os objetivos da visitação, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> incluir: Centro <strong>de</strong>Visitantes, mirantes, pontos <strong>de</strong> banho, área <strong>de</strong> piquenique, trilhas, camping cominfra-estrutura, lanchonete, entre outros.- As construções <strong>de</strong>verão estar em harmonia com o meio ambiente.- Os esgotos <strong>de</strong>verão receber tratamento suficiente para não contaminarem rios,córregos ou nascentes, priorizan<strong>do</strong> tecnologias alternativas <strong>de</strong> baixo impacto.Zona <strong>de</strong> RecuperaçãoDefiniçãoÉ aquela que contêm áreas consi<strong>de</strong>ravelmente antropizadas. Zona provisória, uma vezrestaurada, será incorporada novamente a uma das zonas permanentes. As espéciesexóticas introduzidas <strong>de</strong>verão ser removidas e a restauração <strong>de</strong>verá ser natural ounaturalmente induzida (IBAMA, 2002).Objetivo geralO objetivo geral <strong>de</strong> manejo é <strong>de</strong>ter a <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong>s recursos ou restaurar a área.


Descrição:A Zona <strong>de</strong> Recuperação (ZR), com um total <strong>de</strong> 37.972,64 hectares, correspon<strong>de</strong> a 18.95%da área total <strong>do</strong> PEC, compreen<strong>de</strong> as várias áreas que foram alteradas após a criação <strong>do</strong>parque.Normas Esta Zona permite ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> manejo <strong>do</strong> meio ambiente, pesquisa,monitoramento, proteção e visitação restrita, com fins educativos.- A recuperação <strong>do</strong>s ecossistemas po<strong>de</strong>rá ser induzida, mediante projeto específico.- As espécies exóticas <strong>de</strong>vem ser eliminadas.- As pesquisas sobre os processos <strong>de</strong> regeneração <strong>de</strong>verão ser incentivadas.- Não serão instaladas infra-estruturas nesta zona, com exceção daquelas necessáriasaos trabalhos <strong>de</strong> recuperação induzida.Zona <strong>de</strong> Ocupação TemporáriaDefiniçãoSão áreas <strong>de</strong>ntro das Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação on<strong>de</strong> ocorrem concentrações <strong>de</strong>populações humanas resi<strong>de</strong>ntes e as respectivas áreas <strong>de</strong> uso. É uma Zona provisória, queserá incorporada a uma das zonas permanentes após a saída <strong>do</strong>s ocupantes (IBAMA,2002).Objetivo GeralAs ativida<strong>de</strong>s relativas a esta zona estarão essencialmente voltadas para a proteção daUnida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> também admitidas, conforme o caso, a pesquisa e a educação ambiental.DescriçãoA Zona <strong>de</strong> Ocupação Temporária (ZOT), abrangen<strong>do</strong> 9.860,47 hectares que correspon<strong>de</strong>ma 4.92%da área total <strong>do</strong> PEC, correspon<strong>de</strong> às áreas que já estavam ocupadas na data <strong>de</strong>criação <strong>do</strong> parque.Normas- O uso das áreas que compõem esta Zona será normatiza<strong>do</strong> por meio <strong>do</strong>s Termo <strong>de</strong>Compromisso (TC) ou Termos <strong>de</strong> Ajuste <strong>de</strong> Conduta (TAC) a serem firma<strong>do</strong>s com osocupantes,- Esta Zona também permite ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fiscalização, proteção, manejo <strong>do</strong> meio ambientee educação ambientalZona <strong>de</strong> Uso ConflitanteDefiniçãoSão espaços localiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação cujos usos e finalida<strong>de</strong>s,estabeleci<strong>do</strong>s antes da criação da Unida<strong>de</strong>, sejam conflitantes com os objetivos <strong>de</strong>conservação da mesma. São áreas ocupadas por empreendimentos <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública,


como gasodutos, oleodutos, linhas <strong>de</strong> transmissÜo, antenas, captaÖÜo <strong>de</strong> Çgua, barragens,estradas, cabos Åticos e outros (IBAMA, 2002).Objetivo GeralO objetivo <strong>de</strong> manejo Ä contemporizar a situaÖÜo existente, estabelecen<strong>do</strong> procedimentosque minimizem os impactos sobre a Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaÖÜoDescriçãoA Zona <strong>de</strong> Uso Conflitante (ZUC), abrangen<strong>do</strong> 206,09 hectares que correspon<strong>de</strong>m a 0.10%da Çrea total <strong>do</strong> PEC, correspon<strong>de</strong> ã Çrea <strong>de</strong> construÖÜo da PCH Roche<strong>do</strong>.NormasAs ativida<strong>de</strong>s admitidas sÜo a fiscalizaÖÜo e proteÖÜo, visan<strong>do</strong> impedir e/ouminimizar os impactos inerentes ao empreendimento.3.2 Zona <strong>de</strong> AmortecimentoDefiniçãoA Zona <strong>de</strong> Amortecimento (ZA) Ä <strong>de</strong>finida pela Lei N o 9.985 / 2000 como “o entorno <strong>de</strong> umaUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ConservaÖÜo on<strong>de</strong> as ativida<strong>de</strong>s humanas estÜo sujeitas a normas e restriÖåesespecàficas, com o propÅsito <strong>de</strong> minimizar os impactos negativos sobre a unida<strong>de</strong>” (art. 2í -XVIII).Objetivo geralA Zona <strong>de</strong> Amortecimento <strong>do</strong> PEC visa minimizar os impactos ambientais e os possàveisconflitos das ativida<strong>de</strong>s socioeconÉmicas <strong>do</strong> entorno (assentamentos, fazendas, etc) com osobjetivos <strong>do</strong> Parque, apoian<strong>do</strong> aquelas que visem o <strong>de</strong>senvolvimento sustentÇvel loca. VisatambÄm manter a conectivida<strong>de</strong> ambiental com outras Çreas protegidas da regiÜo,colaboran<strong>do</strong> com a manutenÖÜo <strong>do</strong>s corre<strong>do</strong>res ecolÅgicos da AmazÉnia Meridional e dabacia hidrogrÇfica Teles Pires – TapajÅs.A Figura 5 mostra os limites da Zona <strong>de</strong> Amortecimento <strong>do</strong> PEC.


Figura 5. .Localização da Zona <strong>de</strong> Amortecimento <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino


Normas para a Zona <strong>de</strong> Amortecimento - ZA1. Uso <strong>de</strong> Agrotóxico1.1 Na ZA serÇ permiti<strong>do</strong> somente o uso <strong>de</strong> agrotÅxicos 1 da Classe IV (pouco ou muitopouco tÅxicos) faixa Ver<strong>de</strong>;1.2 Nas proprieda<strong>de</strong>s, o agrotÅxico e seus componentes e afins <strong>de</strong>verÜo ser armazena<strong>do</strong>sem local a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, evitan<strong>do</strong> que eventuais aci<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong>rrames ou vazamentos possamcomprometer o solo e os cursos d’Çgua superficiais e subterrâneos;1.3 NÜo serÇ permitida aplicaÖÜo <strong>de</strong> agrotÅxico por aeronave.2. Licenciamento <strong>de</strong> Empreendimentos2.1 No processo <strong>de</strong> licenciamento <strong>de</strong> empreendimentos novos na ZA <strong>do</strong> PEC <strong>de</strong>verÇ serobserva<strong>do</strong> o grau <strong>de</strong> comprometimento da conectivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fragmentos da vegetaÖÜonativa;2.2 No licenciamento <strong>de</strong> empreendimentos na ZA, <strong>de</strong>verÜo ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s, alÄm <strong>do</strong>simpactos ambientais, a sua interferéncia real ou potencial na aptidÜo turàstica da regiÜo;2.3 O licenciamento <strong>de</strong> estradas na ZA <strong>de</strong>verÇ prever estu<strong>do</strong>s e a a<strong>do</strong>ÖÜo <strong>de</strong> medidas queminimizem o atropelamento da fauna silvestre;2.4 As estradas existentes ou a serem construàdas na ZA <strong>de</strong>verÜo ser constantementemantidas, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a nÜo causar erosÜo ou impactos sobre os recursos edÇficos e hàdricosda regiÜo.3. Mineração3.1 Na ZA nÜo serÜo permitidas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> mineraÖÜo <strong>de</strong> qualquer natureza, inclusivegarimpo;4. Uso da Terra4.1 O cultivo da terra <strong>de</strong>verÇ a<strong>do</strong>tar as prÇticas <strong>de</strong> conservaÖÜo <strong>do</strong> solo recomendadaspelos ÅrgÜos oficiais <strong>de</strong> extensÜo rural;4.2 Na ZA, num raio <strong>de</strong> 500 m no entorno <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> PEC ficarÇ vedada a pesquisa e ocultivo <strong>de</strong> organismos geneticamente modifica<strong>do</strong>s para varieda<strong>de</strong>s sem ancestral direto ouparente silvestre na regiÜo e num raio <strong>de</strong> 5000 m <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> PEC, para varieda<strong>de</strong>s quepossuam ancestral direto ou parente silvestre na regiÜo;4.3 As Çguas residuais da agricultura, efluentes <strong>do</strong>mÄsticos e industriais, drenadas para oParque Estadual <strong>do</strong> Cristalino, <strong>de</strong>verÜo receber tratamento antes <strong>do</strong> <strong>de</strong>spejo nos cursosd’Çgua, garantin<strong>do</strong> que estes mantenham condiÖåes prÅprias <strong>de</strong> balneabilida<strong>de</strong>, conformelegislaÖÜo em vigor;4.4 Fica proibida a <strong>de</strong>posiÖÜo <strong>de</strong> resàduos quàmicos, <strong>de</strong> qualquer natureza, <strong>de</strong>ntro da ZA;1 Por agrotÅxicos enten<strong>de</strong>-se como "os produtos e os componentes <strong>de</strong> processos fàsicos, quàmicos oubiolÅgicos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao uso nos setores <strong>de</strong> produÖÜo, armazenamento e beneficiamento <strong>de</strong>produtos agràcolas, nas pastagens, na proteÖÜo <strong>de</strong> florestas nativas ou implantadas e <strong>de</strong> outrosecossistemas e tambÄm em ambientes urbanos, hàdricos e industriais, cuja finalida<strong>de</strong> seja alterar acomposiÖÜo da flora e da fauna, a fim <strong>de</strong> preservÇ-la da aÖÜo danosa <strong>de</strong> seres vivos consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>snocivos, bem como substâncias e produtos emprega<strong>do</strong>s como <strong>de</strong>sfolhantes, <strong>de</strong>ssecantes,estimula<strong>do</strong>res e inibi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> crescimento”. O conceito <strong>de</strong> agrotÅxico utiliza<strong>do</strong> neste <strong>do</strong>cumento Ä o<strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pela Lei Fe<strong>de</strong>ral ní 7.802 <strong>de</strong> 11/07/89, regulamentada atravÄs <strong>do</strong> Decreto 98.816, no seuArtigo 2í, Inciso I.


4.5 Na ZA <strong>de</strong>verão ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, preferencialmente, técnicas <strong>de</strong> agricultura ecológica, taiscomo agroflorestas ou similares;5. Turismo e Cultura5.1 To<strong>do</strong> empreendimento turístico implanta<strong>do</strong> ou a ser implanta<strong>do</strong> <strong>de</strong>verá ser licencia<strong>do</strong>pelos órgãos competentes e aten<strong>de</strong>r às normas sanitárias, bem como as <strong>de</strong> proteção <strong>do</strong>srecursos naturais;5.2 As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> turismo não po<strong>de</strong>rão comprometer a integrida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos naturaisda região;5.3 Na publicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos e serviços realiza<strong>do</strong>s nesta ZA os proprietários po<strong>de</strong>rãomencionar nos rótulos <strong>do</strong>s seus produtos a procedência <strong>do</strong>s mesmos (Zona <strong>de</strong>Amortecimento <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino), mediante autorização da chefia <strong>do</strong>Parque, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que atendidas as normas estabelecidas para a ZA;5.4 Deverá haver uma organização para o turismo sustentável <strong>de</strong>ntro da Zona <strong>de</strong>Amortecimento com a utilização das regras <strong>do</strong> Turismo <strong>de</strong> Base Comunitária e Sustentável,visan<strong>do</strong> a conservação <strong>do</strong>s atrativos e o <strong>de</strong>senvolvimento regional;6. Indústrias6.1 Será permitida somente a instalação <strong>de</strong> indústrias classificáveis como <strong>de</strong> Baixo e Médiopotencial polui<strong>do</strong>r, assim <strong>de</strong>finidas conforme o Decreto Estadual n.° 7.007 <strong>de</strong> 09 <strong>de</strong>Fevereiro <strong>de</strong> 2006;6.2 As indústrias que se enquadram no item acima <strong>de</strong>verão possuir sistemas <strong>de</strong> tratamento,disposição <strong>de</strong> efluentes líqui<strong>do</strong>s e <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s.7. Reserva Legal7.1 A reserva legal das proprieda<strong>de</strong>s confrontantes ao Parque <strong>de</strong>verão ser localizadaspreferencialmente junto ao limite da UC, favorecen<strong>do</strong> a conectivida<strong>de</strong> ambiental;7.2 A <strong>de</strong>soneração das proprieda<strong>de</strong>s localizadas na ZA <strong>de</strong>verá ser feita exclusivamente comáreas localizadas no interior <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino;7.3 A servidão florestal <strong>de</strong> áreas localizadas na ZA <strong>de</strong>verá ser efetuada apenas emproprieda<strong>de</strong>s localizadas na mesma micro-bacia hidrográfica <strong>do</strong> Parque;8. Queima Controlada8.1 Deverão ser incentivadas na ZA alternativas para o não uso <strong>do</strong> fogo em ativida<strong>de</strong>srurais;8.2 Nas proprieda<strong>de</strong>s confrontantes aos limites <strong>do</strong> Parque a queima controlada <strong>de</strong>verá seracompanhada por servi<strong>do</strong>res da UC;8.3 Não serão permitidas queimadas na ZA fora <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> estipula<strong>do</strong> no Calendário <strong>de</strong>Queima, estabeleci<strong>do</strong> pela administração <strong>do</strong> Parque, em perío<strong>do</strong>s não menos proibitivosque o calendário oficial aprova<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong>;9. Assentamentos Rurais9.1Projetos <strong>de</strong> ampliação <strong>de</strong> assentamentos rurais localiza<strong>do</strong>s na ZA <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong>Cristalino <strong>de</strong>verão ser submeti<strong>do</strong>s a avaliação e autorização prévia da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong>Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação da Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Meio Ambiente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong><strong>Grosso</strong>;


10. Pesca10.1 No perào<strong>do</strong> da piracema nÜo serÇ permiti<strong>do</strong> o trânsito <strong>de</strong> embarcaÖåes com apetrechos<strong>de</strong> pescarias nos trechos <strong>do</strong> rio localiza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntro da ZA4. PLANEJAMENTO POR PROGRAMAS TEMÁTICOSPara o cumprimento <strong>do</strong>s objetivos especàficos <strong>do</strong> PEC, foram planejadas aÖåes a serem<strong>de</strong>senvolvidas no interior <strong>do</strong> Parque e na ZA, organizadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os seguintesprogramas temÇticos:1. ProteÖÜo e Manejo <strong>do</strong> Meio Ambiente (sub-programas <strong>de</strong> ProteÖÜo; Manejo <strong>do</strong> MeioAmbiente)2. Pesquisa e Monitoramento e (subprogramas <strong>de</strong> Pesquisa; Monitoramento);3. Uso Päblico (sub-programas <strong>de</strong> RecreaÖÜo, EducaÖÜo Ambiental; InterpretaÖÜo)4. ConsolidaÖÜo Territorial;5. IntegraÖÜo Externa (subprogramas <strong>de</strong> RelaÖåes Interinstitucionais; EducaÖÜoAmbiental; Conselho Consultivo; IntegraÖÜo com o Entorno; Alternativas <strong>de</strong>Desenvolvimento);6. OperacionalizaÖÜo (subprogramas <strong>de</strong> AdministraÖÜo e FinanÖas; Infra-estrutura,Equipamentos e ManutenÖÜo; GestÜo <strong>de</strong> Pessoas; Sistema Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong>InformaÖåes; ComunicaÖÜo e Marketing).4.1 - Programa Temático <strong>de</strong> Proteção e Manejo <strong>do</strong> Meio AmbienteObjetivo <strong>do</strong> ProgramaEste programa, com os sub-programas <strong>de</strong> FiscalizaÖÜo e Manejo <strong>do</strong> Meio Ambiente, visa aproteÖÜo <strong>do</strong>s recursos naturais, das instalaÖåes e <strong>do</strong>s usuÇrios da UC, protegen<strong>do</strong> tambÄmos ambientes da zona <strong>de</strong> amortecimento <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a prevenir e minimizar impactos.- Sub-programa <strong>de</strong> Fiscalização• Ativida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas1. Elaborar e implantar o Plano <strong>de</strong> ProteÖÜo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino.1.1 Estabelecer as rotas e rotinas <strong>de</strong> fiscalizaÖÜo para controle e proteÖÜo <strong>do</strong> interior <strong>do</strong>Parque e <strong>do</strong>s seus limites e sistematizÇ-las no Manual <strong>de</strong> Procedimentos <strong>do</strong> PECAs rotas <strong>de</strong> fiscalizaÖÜo <strong>de</strong>verÜo proteger a cobertura vegetal nativa em toda a Çrea <strong>do</strong>Parque, dan<strong>do</strong> especial atenÖÜo a proteÖÜo da diversida<strong>de</strong> floràstica nos limites sul e leste eno su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> PEC, on<strong>de</strong> fitofisionomias raras convivem com fazendas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sextensåes, com espÄcies exÅticas, retirada <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, erosÜo <strong>do</strong> solo e invasåes.O Plano <strong>de</strong> ProteÖÜo <strong>de</strong>verÇ incluir rotinas para manter a qualida<strong>de</strong> da Çgua <strong>do</strong> Rio Cristalinoe seus afluentes e lagos marginais <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s parâmetros <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> estabeleci<strong>do</strong>s pelalegislaÖÜo para rios <strong>de</strong> Classe Especial, sem impactos mensurÇveis causa<strong>do</strong>s por poluiÖÜo ouassoreamento.As rotas <strong>de</strong> fiscalizaÖÜo <strong>de</strong>verÜo estar localizadas em mapa especàfico.1.2 A<strong>do</strong>tar aÖåes <strong>de</strong> proteÖÜo integradas e complementares com as <strong>de</strong>mais Çreasprotegidas da regiÜo, principalmente com as RPPN e Çrea da FAB.


2. Implantar os postos <strong>de</strong> fiscalização previstos neste Plano <strong>de</strong> Manejo, localiza<strong>do</strong>s nosseguintes pontos estratégicos:Os postos <strong>de</strong> fiscalização também darão apoio à pesquisa e ao monitoramento.3. Dotar o Programa <strong>de</strong> Proteção com os equipamentos e materiais necessários, tais como:uniformes completos, sistema <strong>de</strong> comunicação, meios <strong>de</strong> transporte por terra e por água,kits <strong>de</strong> fiscalização, <strong>de</strong> acampamento, <strong>de</strong> primeiros socorros e <strong>de</strong> salvatagem (conforme asnormas da Marinha (NORMAN 03, 2002). Os equipamentos adquiri<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>rão ser utiliza<strong>do</strong>s para cobrir as necessida<strong>de</strong>s dafiscalização fora <strong>do</strong> Parque e também aten<strong>de</strong>r a outros programas como pesquisa,monitoramento e educação ambiental.4. Implantar um programa <strong>de</strong> prevenção e controle <strong>de</strong> incêndios4.1 Criar uma brigada <strong>de</strong> incêndios, com estrutura compatível com a fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> PEC Esta brigada <strong>de</strong>verá incluir mora<strong>do</strong>res das comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> entorno, com conhecimento daárea. O corpo <strong>de</strong> guarda-parques e os brigadistas <strong>de</strong>verão ser treina<strong>do</strong>s para combater incêndios,e o PEC <strong>de</strong>verá estar equipa<strong>do</strong> para essa tarefa Deverão ser estabelecidas parcerias com outros órgãos (<strong>de</strong>fesa civil, bombeiros, IBAMA, etc.)para o apoio em casos <strong>de</strong> emergência, inclusive para a disponibilização <strong>de</strong> equipamentosespeciais (helicópteros, etc).4.2 Proibir o uso <strong>do</strong> fogo para manejo <strong>de</strong> pastagens <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> PEC (nas Zonas <strong>de</strong>Ocupação Temporária)5. Controlar o <strong>de</strong>smatamento e outras ativida<strong>de</strong>s irregulares <strong>de</strong>ntro e no entorno <strong>do</strong> PEC5.1 Acompanhar a evolução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento e outras ativida<strong>de</strong>s por meio <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong>satélite/carta imagem, em conjunto com o sub-programa <strong>de</strong> monitoramentoA carta imagem <strong>de</strong>ve permitir a i<strong>de</strong>ntificação das coor<strong>de</strong>nadas geográficas <strong>de</strong> quaisquerproblemas <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s, facilitan<strong>do</strong> a fiscalização.Buscar a parceria <strong>do</strong> SIPAM, no seu Programa <strong>de</strong> Monitoramento <strong>de</strong> Áreas Especiais(PROAE)5.2. I<strong>de</strong>ntificar e avaliar to<strong>do</strong>s os acessos (estradas e caminhos) existentes quanto a suaimportância para o manejo <strong>do</strong> PEC e aos impactos causa<strong>do</strong>s pelas mesmasAquelas consi<strong>de</strong>radas <strong>de</strong>snecessárias ou impactantes <strong>de</strong>verão ser interditadas.;A abertura <strong>de</strong> novas vias <strong>de</strong>verá ser proibida e aquelas clan<strong>de</strong>stinamente abertas <strong>de</strong>verão ser<strong>de</strong>struídas.5.3. Complementar as ações <strong>de</strong> fiscalização e controle com sobrevôos regulares em toda aárea <strong>do</strong> PECOs sobrevôos <strong>de</strong>verão ser realiza<strong>do</strong>s com a maior freqüência possível, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> serarticula<strong>do</strong>s com aqueles organiza<strong>do</strong>s pela Base Aérea5.4 Monitorar as proprieda<strong>de</strong>s rurais no interior e entorno <strong>do</strong> PEC, causa<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> maiorespressões e ameaças6. Fiscalizar e monitorar o cumprimento <strong>do</strong>s acor<strong>do</strong>s estabeleci<strong>do</strong>s nos Termos <strong>de</strong> Ajuste <strong>de</strong>Conduta (TAC) firma<strong>do</strong>s na Zona <strong>de</strong> Ocupação Temporária7. Revitalizar a <strong>de</strong>marcação <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> PEC e sinalizarApós a <strong>de</strong>marcação <strong>de</strong>verão ser instaladas placas <strong>de</strong> sinalização nos limites da unida<strong>de</strong>,prioritariamente nas áreas criticas, com maior pressão, informan<strong>do</strong> sobre os limites e asregras <strong>de</strong> acesso e usos


As placas <strong>de</strong> sinalizaÖÜo <strong>de</strong>verÜo seguir o padrÜo estabeleci<strong>do</strong> no sistema <strong>de</strong> comunicaÖÜovisual <strong>do</strong> PEC8. Criar um sistema <strong>de</strong> seguranÖa e controle para as Çreas <strong>de</strong> uso päblico.Qualquer local <strong>de</strong> visitaÖÜo <strong>de</strong>verÇ ser temporariamente fecha<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> existir indàcios <strong>de</strong>risco eminente ao visitante ou ao Parque, ocasiona<strong>do</strong> por condiÖåes climÇticas ou outrascausas naturais e/ou antrÅpicas.9. Treinar e capacitar o pessoal envolvi<strong>do</strong> com a fiscalizaÖÜoOs treinamentos <strong>de</strong>verÜo abranger minimamente: o uso <strong>do</strong>s formulÇrios <strong>de</strong> campo, a utilizaÖÜoa<strong>de</strong>quada <strong>do</strong>s equipamentos, o atendimento <strong>de</strong> primeiros socorros, combate ao fogo.A capacitaÖÜo para o a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> exercàcio das funÖåes <strong>de</strong> fiscalizaÖÜo <strong>de</strong>verÇ abrangerminimamente: tÄcnicas <strong>de</strong> abordagem, tÄcnicas <strong>de</strong> prevenÖÜo e formas <strong>de</strong> aplicaÖÜo da lei.Os fiscais <strong>de</strong>verÜo ser instruà<strong>do</strong>s para que tambÄm exerÖam ativida<strong>de</strong>s educativas e <strong>de</strong>orientaÖÜo, tanto para os visitantes como para a populaÖÜo local.10. Relatar e sistematizar as informaÖåes obtidas na fiscalizaÖÜo, incorporan<strong>do</strong>-as ao banco<strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PEC11. Avaliar periodicamente o andamento e os resulta<strong>do</strong>s alcanÖa<strong>do</strong>s com as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>Programa.- Subprograma Manejo <strong>do</strong> Meio Ambiente• Ativida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas12. Acompanhar e garantir o processo <strong>de</strong> regeneraÖÜo das Zonas <strong>de</strong> RecuperaÖÜo, seja <strong>de</strong>forma natural ou iinduzida.Realizar estu<strong>do</strong>s para acelerar a recuperaÖÜo das matas ciliares, das Çreas <strong>de</strong> nascentes eoutras Çreas <strong>de</strong>gradadas na Zona <strong>de</strong> RecuperaÖÜoPo<strong>de</strong>rÜo ser formaliza<strong>do</strong>s Acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> CooperaÖÜo TÄcnica para planejamento e<strong>de</strong>senvolvimento das aÖåes <strong>de</strong> monitoramento e recuperaÖÜo ambiental, com a participaÖÜo<strong>de</strong> tÄcnicos e agentes estaduais e municipais13. Controlar e eliminar as espÄcies exÅticas e invasoras existentes no interior <strong>do</strong> PEC Po<strong>de</strong>rÜo ser formaliza<strong>do</strong>s Acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> CooperaÖÜo TÄcnica para o controle e eliminaÖÜo <strong>de</strong>stasespÄcies14. Retirar todas as benfeitorias (casas, cercas, currais, fossas) existentes fora das Zonas<strong>de</strong> OcupaÖÜo TemporÇria15. Eliminar as estradas e caminhos avalia<strong>do</strong>s como <strong>de</strong>snecessÇrios ao manejo <strong>do</strong> PEC ouconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s impactantes e as interrupÖåes <strong>do</strong>s cursos d’Çgua (buchas)..16. Provi<strong>de</strong>nciar <strong>de</strong>stinaÖÜo a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o lixo recolhi<strong>do</strong> ou gera<strong>do</strong> no PEC17. Relatar e sistematizar as informaÖåes obtidas no manejo <strong>do</strong> meio ambiente,incorporan<strong>do</strong>-as ao banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PEC18. Avaliar periodicamente o andamento e os resulta<strong>do</strong>s alcanÖa<strong>do</strong>s com as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>sub-programa.


4.2 - Programa Temático <strong>de</strong> Pesquisa e MonitoramentoObjetivoEste programa, com os sub-programas <strong>de</strong> Pesquisa e Monitoramento tem como objetivoincentivar e coor<strong>de</strong>nar a realizaÖÜo <strong>de</strong> pesquisas cientàficas e monitoramento, fornecen<strong>do</strong>subsàdios para os <strong>de</strong>mais programas <strong>de</strong> manejo.- Sub-programa <strong>de</strong> Pesquisa• Ativida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas19. Elaborar e divulgar o Programa <strong>de</strong> Pesquisa <strong>do</strong> PEC19.1 Divulgar junto ao meio cientàfico e académico as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisas, inclusive<strong>de</strong> longa duraÖÜo, e estabelecer convénios e acor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cooperaÖÜo com universida<strong>de</strong>s einstituiÖåes <strong>de</strong> pesquisa.DeverÇ ser elabora<strong>do</strong> um folheto informativo caracterizan<strong>do</strong> a unida<strong>de</strong> e suas potencialida<strong>de</strong>spara pesquisa.19.2 Estabelecer infra-estrutura (alojamento e transporte) para apoiar as ativida<strong>de</strong>s daspesquisa previamente autorizadas pela SEMA.DeverÜo ser estabelecidas normas <strong>de</strong> uso das estruturas <strong>de</strong> apoio ã pesquisa.O pesquisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verÇ avisar sempre com antecedéncia as datas <strong>de</strong> suas idas ao campo.Por motivos <strong>de</strong> seguranÖa, antes <strong>de</strong> cada expediÖÜo o pesquisa<strong>do</strong>r <strong>de</strong>verÇ <strong>de</strong>ixar registra<strong>do</strong> oseu cronograma e roteiro diÇrio <strong>de</strong> trabalho.19.3 Autorizar, coor<strong>de</strong>nar, supervisinar e acompanhar todas as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa emonitoramento <strong>de</strong>senvolvidas no PEC19.4 Disponibilizar para os pesquisa<strong>do</strong>res to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s existentes sobre o PEC e suaregiÜo, apoian<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s projetos.20. Viabilizar pesquisas prioritÇrias para o a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> manejo <strong>do</strong> PEC, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> osseguintes temas:ImplementaÖÜo e manutenÖÜo das pesquisas no âmbito <strong>do</strong> SIMBIOEstu<strong>do</strong>s populacionais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s preda<strong>do</strong>res, tais como ariranha (Pteronurabrasiliensis), lontra (Lutra longicauda), jacarÄs (Caiman crocodilus e Paleosuchustrigonatus), onÖa-pintada (Panthera onca), suÖuarana (Puma concolor) e harpia(Harpia harpyja).MigraÖåes e ciclo reprodutivo <strong>do</strong>s peixes <strong>do</strong> rio Cristalino (berÖÇrio e Çrea <strong>de</strong>alimentaÖÜo e engorda <strong>do</strong>s peixes <strong>de</strong> toda a regiÜo), visan<strong>do</strong> a proteÖÜo <strong>de</strong>ssaspopulaÖåes diante da intensificaÖÜo da pesca na regiÜo.InventÇrios <strong>do</strong>s diversos grupos da fauna, com i<strong>de</strong>ntificaÖÜo <strong>de</strong> espÄcies novas,endémicas e/ou ameaÖadas e daquelas que necessitam <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s Çreas <strong>de</strong> vida;Estu<strong>do</strong>s sobre as principais dinâmicas ecolÅgicas e interaÖåes entre os diferentesambientes que compåem o Parque Estadual Cristalino;Estu<strong>do</strong>s sobre a taxonomia, ecologia e biologia da fauna ocorrente nas Çreas <strong>de</strong>serras;Aprofundamento <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre espÄcies-ban<strong>de</strong>iras, como o macaco-aranha-dacara-brancae a onÖa ou outras possàveis e daquelas atrativas para observaÖÜo <strong>do</strong>svisitantes como aves e borboletas;Levantamento <strong>do</strong>s problemas sociais e saberes das comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> entorno emrelaÖÜo ã saä<strong>de</strong>, educaÖÜo, trabalho, género e outros assuntos com interface nasqueståes ambientais


20.1. Organizar expediÖåes cientàficas para facilitar a produÖÜo e ampliaÖÜo <strong>do</strong>conhecimento sobre o PEC.Essas expediÖåes <strong>de</strong>verÜo ser organizadas em parceria com instituiÖåes <strong>de</strong> pesquisa, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>ser solicita<strong>do</strong> o apoio da FAB.20.2 Promover oficinas e outros encontros abertos com a participaÖÜo <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>respara a apresentaÖÜo da produÖÜo cientàfica relacionada ao PEC.21. Realizar treinamentos especàficos, visan<strong>do</strong> inserir as comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> entorno no apoiodas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo.- Sub-programa <strong>de</strong> Monitoramento• Ativida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas22. Implantar um programa permanente <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong> PEC por meio <strong>de</strong> convénios eacor<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cooperaÖÜo com universida<strong>de</strong>s, instituiÖåes <strong>de</strong> pesquisa, ONGs.Esse sistema <strong>de</strong>verÇ coor<strong>de</strong>nar o cronograma, as ativida<strong>de</strong>s, as coletas e tratamento <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s,o recebimento <strong>do</strong>s relatÅrios e as aÖåes <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong> omonitoramento executa<strong>do</strong> no Parque.22.1 Consi<strong>de</strong>rar, no programa <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong> PEC, os seguintes temas prioritÇriospara o a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> manejo da unida<strong>de</strong>:Monitoramento da evoluÖÜo <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento e <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s gera<strong>do</strong>ras <strong>de</strong>impactos no interior <strong>do</strong> PEC e entorno, utilizan<strong>do</strong> imagens <strong>de</strong> satÄlite/carta imagem,subsidian<strong>do</strong> a fiscalizaÖÜo.Monitoramento da evoluÖÜo da regeneraÖÜo das zonas <strong>de</strong> recuperaÖÜo- Monitoramento sazonal <strong>do</strong>s parâmetros fàsico-quàmicos e biolÅgicos <strong>do</strong>s cursosd’Çgua (pH; oxigénio dissolvi<strong>do</strong>; <strong>de</strong>manda biolÅgica <strong>de</strong> oxigénio; turbi<strong>de</strong>z;sedimentos em suspensÜo; presenÖa <strong>de</strong> mercärio; presenÖa <strong>de</strong> agrotÅxicos).Monitorar o comportamento <strong>do</strong> päblico visitante e a sua aceitaÖÜo das ativida<strong>de</strong>spropostas, bem como o impacto da visitaÖÜo sobre componentes <strong>do</strong>s meios biÅtico eabiÅtico <strong>do</strong> PEC.Elaborar programa <strong>de</strong> monitoramento da implantaÖÜo <strong>do</strong> presente Plano <strong>de</strong> Manejo23 Incorporar no banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PEC os resulta<strong>do</strong>s das visitas tÄcnicas/académicas,pesquisas e monitoramento <strong>de</strong> forma a facilitar a i<strong>de</strong>ntificaÖÜo das lacunas <strong>do</strong> conhecimentoimportantes para o cumprimento <strong>do</strong>s objetivos especàficos <strong>do</strong> PEC.24. Avaliar periodicamente o andamento e os resulta<strong>do</strong>s alcanÖa<strong>do</strong>s com as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>Programa.4.3 – Programa <strong>de</strong> Uso PíblicoObjetivoEste programa, com os sub-programas <strong>de</strong> RecreaÖÜo/EducaÖÜo Ambiental e InterpretaÖÜovisa oferecer oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> visitaÖÜo no PEC propician<strong>do</strong> vivéncias prÇticas emambiente natural, favorecen<strong>do</strong> o entendimento da importância <strong>do</strong> Parque e da conservaÖÜoambiental em geral. Visa tambÄm apoiar a organizaÖÜo e a capacitaÖÜo das comunida<strong>de</strong>s<strong>do</strong> entorno e da regiÜo para um programa regional integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> ecoturismo.Ativida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas


25. Elaborar e implementar o Plano <strong>de</strong> Uso Público (PUB) <strong>do</strong> PEC, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> oestabeleci<strong>do</strong> no zoneamento da área:- Uma entrada <strong>do</strong> PEC pela estrada Quarta Leste, on<strong>de</strong> haverá um posto <strong>de</strong> fiscalização,dan<strong>do</strong> acesso ao Centro <strong>de</strong> Visitantes, localiza<strong>do</strong> junto à Base Administrativa, Centro <strong>de</strong>Pesquisa e Posto <strong>de</strong> Fiscalização, na margem <strong>do</strong> rio Cristalino.- Uma entrada <strong>do</strong> PEC pela estrada <strong>do</strong> Roche<strong>do</strong>, on<strong>de</strong> haverá um Centro <strong>de</strong> Visitantes e umPosto <strong>de</strong> Fiscalização;- Uma entrada <strong>do</strong> PEC pelo acesso <strong>do</strong> Assentamento Araúna (Olho da Xuxa), on<strong>de</strong> haveráum Centro <strong>de</strong> Visitantes e um Posto <strong>de</strong> Fiscalização;25.1 Consi<strong>de</strong>rar na elaboração <strong>do</strong> PUB os pontos atrativos, <strong>de</strong>ntro e no entorno <strong>do</strong> PEC, esuas possíveis utilizações, i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s na Oficina <strong>de</strong> Planejamento Participativo, tais comorios, cachoeiras, paredões, fontes <strong>de</strong> água mineral, mirantes, jardim <strong>de</strong> orquí<strong>de</strong>as, cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pedra, etc, além <strong>de</strong> atrativos <strong>de</strong> caráter educativo, histórico, cultural como a produção <strong>de</strong>artesanatos pelas populações locais, culinária local, hotéis <strong>de</strong> selva, castanhais e produção<strong>de</strong> castanha, etc.Deverão ser planejadas ativida<strong>de</strong>s e roteiros que atraiam tanto o público <strong>do</strong> entorno e daregião, crian<strong>do</strong> oportunida<strong>de</strong>s recreativas e educativas para esta população, quanto para opúblico nacional e internacionalUtilizar a visitação como meio <strong>de</strong> valorização social <strong>do</strong> PEC e seu entorno.25.2 Criar estratégias para a inclusão das comunida<strong>de</strong>s locais e regionais nos subprogramas<strong>de</strong> recreação, educação ambiental e interpretação da natureza, como forma <strong>de</strong>geração <strong>de</strong> renda.Apoiar a organização e a capacitação das comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> entorno e da região para queparticipem e se beneficiem <strong>do</strong> turismo e <strong>do</strong> Uso Público <strong>do</strong> PEC.Estabelecer parcerias com opera<strong>do</strong>ras locais <strong>de</strong> turismo e com as RPPNs <strong>do</strong> entorno para oestabelecimento <strong>de</strong> roteiros turísticos regionais integra<strong>do</strong>s com o PECA atuação <strong>do</strong> pessoal envolvi<strong>do</strong> no Programa <strong>de</strong>verá ser periodicamente avaliada.26. Elaborar, juntamente com as parcerias, um guia <strong>de</strong> procedimentos para as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>Programa e fazer cumpri-lo.27. Avaliar periodicamente o andamento e os resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s com as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>Programa.As formas <strong>de</strong> avaliação e os indica<strong>do</strong>res a serem utiliza<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão ser previamenteprograma<strong>do</strong>s.- Sub-programa <strong>de</strong> Recreação/ Educação AmbientalAtivida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas28. Oferecer oportunida<strong>de</strong>s recreativas para os diversos públicos visitantes <strong>do</strong> PEC taiscomo caminhadas, contemplação, piqueniques, banho <strong>de</strong> rio, passeios <strong>de</strong> barco, entreoutros, sempre alia<strong>do</strong>s à educação ambiental.To<strong>do</strong>s os visitantes <strong>de</strong>verão saber que estão no interior <strong>de</strong> um parque estadual e receberinformações sobre a importância <strong>do</strong>s recursos conserva<strong>do</strong>s no PEC, seus objetivos e asnormas a serem obe<strong>de</strong>cidas.


Os centros <strong>de</strong> visitantes <strong>de</strong>vem se constituir em locais informativos e educativos, <strong>de</strong>passagem obrigatÅria para to<strong>do</strong>s os visitantes.29. Projetar e estruturar os trés Centros <strong>de</strong> Visitantes <strong>de</strong> forma a serem locais atrativos econfortÇveis para a recepÖÜo, informaÖÜo e educaÖÜo <strong>do</strong>s visitantes.Os Centros <strong>de</strong> Visitantes <strong>de</strong>verÜo ter espaÖos para reuniåes, oficinas e palestras,exposiÖÜo interpretativa <strong>do</strong>s recursos ambientais e culturais <strong>do</strong> PEC e regiÜo e ativida<strong>de</strong>s ao arlivre.Os projetos <strong>de</strong>verÜo a<strong>do</strong>tar tÄcnicas da bioconstruÖÜo ou semelhantes na <strong>de</strong>finiÖÜo <strong>do</strong>smateriais, das alternativas <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> energia e <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> saneamento a serema<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s.30. Planejar e organizar as ativida<strong>de</strong>s recreativas para que causem mànimos impactos, comalto grau <strong>de</strong> satisfaÖÜo <strong>do</strong>s participantes.Estabelecer, por meio <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s especàficos, o tamanho <strong>do</strong>s grupos e o tempo <strong>de</strong> realizaÖÜodas ativida<strong>de</strong>s programadas.31. Planejar o Sistema <strong>de</strong> ComunicaÖÜo Visual <strong>do</strong> PEC e elaborar materiaiseducativos/interpretativos (folhetos, cartazes, và<strong>de</strong>os, placas, entre outros) e kits <strong>de</strong>divulgaÖÜo (camisetas, bonÄs e outros materiais) sempre manten<strong>do</strong> as caracteràsticasestabelecidas no sistema.32. Criar um calendÇrio <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s continuadas para aten<strong>de</strong>r a re<strong>de</strong> formal <strong>de</strong> ensino(alunos, professores e funcionÇrios), especialmente da ZA, com projetos como “O ParqueVai ã Escola” e a “Escola vai ao Parque”, estimulan<strong>do</strong> a curiosida<strong>de</strong> e a responsabilida<strong>de</strong>com o ambiente e a construÖÜo conjunta <strong>de</strong> novas relaÖåes homem-natureza. Estes projetos <strong>de</strong>verÜo ser implementa<strong>do</strong>s e diretamente supervisiona<strong>do</strong>s porprofissionais habilita<strong>do</strong>s e prever avaliaÖåes periÅdicas <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s alcanÖa<strong>do</strong>s.Os professores <strong>de</strong>verÜo ser prepara<strong>do</strong>s e orienta<strong>do</strong>s previamente para que participemativamente das ativida<strong>de</strong>s propostas.Essas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser realizadas em parceria com as Secretarias <strong>de</strong> EducaÖÜo eONGs33. Avaliar a viabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> estabelecimento <strong>de</strong> concessåes para para o controle dasativida<strong>de</strong>s recreativas/educativas por opera<strong>do</strong>res locais e concessåes para operacionalizarlanchonetes e mini-lojas junto aos Centros <strong>de</strong> Visitantes da unida<strong>de</strong>;O objetivo Ä oferecer aos visitantes alimentaÖÜo rÇpida, viabilizan<strong>do</strong> visitas <strong>de</strong> dia inteiro eoferecer, tambÄm, oportunida<strong>de</strong>s para compra <strong>de</strong> lembranÖas <strong>do</strong> Parque, materiaiseducativo/interpretativos (livros, guias, vi<strong>de</strong>os, etc.) e artigos <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong>(repelente, protetor solar, chapÄus, etc.).- Sub-programa <strong>de</strong> InterpretaçãoAtivida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas34. Planejar e implantar o sistema interpretativo <strong>do</strong> PEC utilizan<strong>do</strong> diversos meios, comopainÄis e exposiÖåes nos Centros <strong>de</strong> Visitantes, palestras, và<strong>de</strong>os, animaÖåes, teatros,contos, jogos, caminhadas e passeios <strong>de</strong> barco guia<strong>do</strong>s e auto-guia<strong>do</strong>s.O planejamento <strong>de</strong> cada meio interpretativo <strong>de</strong>verÇ consi<strong>de</strong>rar o tipo <strong>de</strong> päblico, os temasa serem trata<strong>do</strong>s, a concepÖÜo <strong>do</strong>s conteä<strong>do</strong>s, os meios e tÄcnicas a serem a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s, osmateriais a serem produzi<strong>do</strong>s e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoal e <strong>de</strong> recursos para suaimplantaÖÜo.


O planejamento <strong>do</strong> sistema interpretativo <strong>de</strong>verá contar com a participação local econsi<strong>de</strong>rar o conhecimento gera<strong>do</strong> pelas pesquisas e monitoramento, buscan<strong>do</strong> tambémo envolvimento <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res.35. Implantar trilhas interpretativas temáticas, terrestres e fluviais, nas áreas <strong>de</strong> visitação <strong>do</strong>PEC, alian<strong>do</strong> recreação e educação..Deverão ser avalia<strong>do</strong>s os locais mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para a implantação das trilhasinterpretativas.A interpretação temática das trilhas po<strong>de</strong>rá ser feita pelos guias, ou por meio <strong>de</strong> folhetosinterpretativos ou por placas interpretativas (somente na zona <strong>de</strong> uso intensivo).4.4 - Programa Temático <strong>de</strong> Consolidação TerritorialObjetivoEste programa visa estabelecer a regularização fundiária <strong>do</strong> PEC e contribuir para aregularização fundiária na ZA.Ativida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas36. Elaborar o Plano <strong>de</strong> Consolidação Territorial <strong>do</strong> PEC a partir da realização <strong>do</strong>levantamento sociofundiário que <strong>de</strong>verá contemplar a i<strong>de</strong>ntificação das ocupaçõesanteriores à criação da unida<strong>de</strong> e o cadastro e qualificação <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res e proprietários(público <strong>de</strong> Termo <strong>de</strong> Compromisso; público <strong>de</strong> Termo <strong>de</strong> Ajuste <strong>de</strong> Conduta).O levantamento sociofundiário po<strong>de</strong>rá ser feito com o auxílio <strong>de</strong> uma consultoriaespecífica36.1 Instar junto aos órgão competentes para agilizar o estabelecimento <strong>do</strong>s Termos <strong>de</strong>Compromisso (TC) e os Termos <strong>de</strong> Ajuste <strong>de</strong> Conduta (TAC) com os mora<strong>do</strong>res,consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os objetivos <strong>do</strong> PEC.36.2 Buscar soluções necessárias para viabilizar a regularização fundiária (in<strong>de</strong>nizações) ea consolidação territorial junto às seguintes instâncias:Po<strong>de</strong>r Judiciário: para a resolução <strong>do</strong> impasse quanto ao <strong>do</strong>mínio da GlebaDivisa (<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> ou da União);Assembléia Legislativa: para a aprovação <strong>do</strong> Zoneamento Sócio EconômicoEcológico <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong>, pré-requisito para o <strong>MT</strong> Legal); <strong>MT</strong> legal;Ministério da Reforma Agrária, INCRA, Intermat, Ongs.,37. Colaborar com o plano <strong>de</strong> regularização fundiária da ZA e impedir a implantação <strong>de</strong>novos assentamentos no entorno <strong>do</strong> PEC.38. Agilizar a aplicação <strong>do</strong> instrumento <strong>de</strong> compensação da Reserva Legal e estabelecerprocedimentos.Utilizar a base legal <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Mato</strong> <strong>Grosso</strong> nos processos <strong>de</strong> compensação <strong>de</strong>Reserva Legal.4.5 - Programa <strong>de</strong> Integração ExternaObjetivo


Este programa, com os sub-programas RelaÖåes Interinstitucionais, EducaÖÜo Ambiental,Conselho Consultivo, IntegraÖÜo com o Entorno e Alternativas <strong>de</strong> Desenvolvimento, visareduzir os impactos ambientais ocorri<strong>do</strong>s na zona <strong>de</strong> amortecimento, diminuir a pressÜosobre os recursos <strong>do</strong> PEC e envolver a populaÖÜo nos esforÖos <strong>de</strong> conservaÖÜo.- Sub-programa <strong>de</strong> Relações InterinstitucionaisAtivida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas39. Construir uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio institucional, com entida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> governo e da socieda<strong>de</strong> civil,baseada em interesses comuns, para fazer frente aos interesses contrÇrios ã conservaÖÜoambiental da regiÜo <strong>do</strong> PEC, com <strong>de</strong>staque para as seguintes instituiÖåes:INCRA e INTERMAT, para <strong>de</strong>finir, juntamente com a SEMA, o programa <strong>de</strong>compensaÖÜo <strong>de</strong> reserva legalSetor da SEMA, <strong>MT</strong> responsÇvel pelo Sistema <strong>de</strong> Licenciamento Ambiental emProprieda<strong>de</strong>s Rurais – SLAPR, para que priorize aÖåes no entorno <strong>do</strong> PECSetores da SEMA <strong>MT</strong> para estabelecer posicionamentos conjuntos contra a extraÖÜo<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, para o licenciamento <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> manejo florestal e para olicenciamento <strong>de</strong> empreendimentos e infra-estruturas.AssociaÖåes locais e empresÇrios <strong>do</strong> setor ma<strong>de</strong>ireiro: para fomentar o manejoflorestal <strong>de</strong> baixo impacto.SEBRAE, Secretarias <strong>de</strong> Turismo, Agricultura, Meio Ambiente, AssociaÖåes locais,FundaÖÜo Cristalino, ICV, entre outros, para viabilizar alternativas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>seconÉmicas sustentÇveis (ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> produtos da sociobiodiversida<strong>de</strong>, turismo, usopäblico <strong>do</strong> PEC, por exemplo) MAPA para relaÖÜo com os pecuaristas visan<strong>do</strong> o fomento <strong>de</strong> tÄcnicasagrossilvopastotil (pecuÇria orgânica)Secretaria Estadual <strong>de</strong> Turismo, Prefeituras <strong>do</strong>s municàpios da regiÜo (Alta Floresta,Novo Mun<strong>do</strong>, GuarantÜ <strong>do</strong> Norte e Carlinda) setores da iniciativa privada, comopousadas e hotÄis, empresÇrios <strong>de</strong> tÇxi aÄreo, opera<strong>do</strong>res <strong>de</strong> turismo e Ongs paraviabilizar o Uso Päblico <strong>do</strong> PEC e a sua integraÖÜo com outros roteiros turàsticos.MinistÄrio Päblico para o estabelecimento <strong>do</strong>s termos <strong>de</strong> compromissos e termosajuste <strong>de</strong> conduta, juntamente com a SEMAIBAMA , CPBV (Çrea da FAB), Corpo <strong>de</strong> Bombeiros, Polàcia Militar Ambiental paraapoiar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> proteÖÜo <strong>do</strong> PEC<strong>Governo</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> ParÇ e CPBV para a proteÖÜo da bacia <strong>do</strong> rio Cristalino esuas nascentes localizadas em territÅrio paraense.Universida<strong>de</strong>s, InstituiÖåes <strong>de</strong> pesquisa e Ongs para o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisae <strong>do</strong> monitoramento e recuperaÖÜo <strong>de</strong> Çreas <strong>de</strong>gradadas.- Subprograma Educação Ambiental;Ativida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas40. Contribuir para a integraÖÜo <strong>do</strong>s diversos päblicos, mora<strong>do</strong>res da ZA e regiÜo, aosobjetivos <strong>de</strong> conservaÖÜoA EducaÖÜo Ambiental <strong>de</strong>verÇ ser consi<strong>de</strong>rada em to<strong>do</strong> o Programa <strong>de</strong> IntegraÖÜo Externa,como um tema transversal


40.1 Educar, por varia<strong>do</strong>s meios, para coibir as principais ameaças à conservação <strong>do</strong> PEC eregião, tais como fogo, <strong>de</strong>smatamento, caça, pesca comercial.41. Promover projetos educativos específicos para a re<strong>de</strong> formal <strong>de</strong> ensino, visan<strong>do</strong><strong>de</strong>senvolver uma nova mentalida<strong>de</strong> voltada para a conservação <strong>do</strong> meio ambiente e <strong>de</strong> suabiodiversida<strong>de</strong>.41.1 Produzir e disponibilizar material educativo para trabalhar a ieducação ambiental nasescolas da região <strong>do</strong> PEC Capacitar quem for trabalhar com este material didático.- Sub-programa Conselho Consultivo;Ativida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas42. Manter uma articulação permanente com a socieda<strong>de</strong> civil local e regional por meio <strong>do</strong>Conselho Consultivo <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino, instância <strong>de</strong> gestão participativa,on<strong>de</strong> diversos grupos <strong>de</strong> interesse participam das <strong>de</strong>cisões.- O Conselho Consultivo <strong>do</strong> PEC <strong>de</strong>verá articular formas <strong>de</strong> cooperação para implantação <strong>do</strong>presente Plano <strong>de</strong> Manejo43. Subsidiar os conselheiros com informações importantes para sua atuação, inclusivesobre os empreendimentos e infra-estruturas planejadas para a região.Os membros <strong>do</strong> Conselho <strong>de</strong>verão ser capacita<strong>do</strong>s para que tenham uma participaçãoqualificada na gestão da UC.- Sub-programa <strong>de</strong> Integração com o EntornoAtivida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas44. Desenvolver o sub-programa <strong>de</strong> Integração com o entorno consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> principalmenteos assentamentos <strong>do</strong> entorno, as RPPNs e os mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Novo Mun<strong>do</strong>.45. Promover ações integradas <strong>de</strong> proteção, educação ambiental, comunicação ealternativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento com as áreas <strong>do</strong> entorno, em especial, com osassentamentos da ZA, as RPPNs e a área da FAB.Deverá ser dada especial atenção á integração <strong>do</strong> turismo regional ao Uso Público <strong>do</strong> PEC46. Buscar integração com as associações <strong>de</strong> produtores rurais, prefeituras e câmarasmunicipais na divulgação <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> compensação ambiental por reserva legal47. Estabelecer nova forma <strong>de</strong> relacionamento com os proprietários <strong>de</strong> terras <strong>do</strong> interior <strong>do</strong>PEC por meio <strong>do</strong> estabelecimento <strong>do</strong>s Termos <strong>de</strong> Ajuste <strong>de</strong> Conduta (TAC).- Subprograma Alternativas <strong>de</strong> DesenvolvimentoAtivida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas48. Apoiar a substituição <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s conflitantes com a conservação <strong>do</strong> PEC e ZA porativida<strong>de</strong>s ecologicamente sustentáveis, tais como:Organização regional para o turismo, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os atrativos existentes <strong>de</strong>ntro efora <strong>do</strong> PEC, incluin<strong>do</strong> capacitaçãoCapacitação <strong>do</strong>s produtores em agroecologia, para abastecer as pousadas locais e amerenda escolar (CONAB).;


Criação <strong>de</strong> pequenas agroindústrias familiares com linhas <strong>de</strong> crédito específicas,Integração das associações ao comércio justo e solidário (ecologicamente correto);Criação <strong>de</strong> feiras municipais.Criação da marca <strong>de</strong> produtos certifica<strong>do</strong>s CRISTALINO, para os produtores <strong>do</strong>entorno <strong>do</strong> PEC (selo <strong>de</strong> certificação para os produtos e subprodutos produzi<strong>do</strong>spelas comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> entorno <strong>do</strong> PEC , "sabor Cristalino".)Capacitação das comunida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> entorno em permacultura e criação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<strong>de</strong>monstrativas.Apoio à produção <strong>de</strong> biojóias e artesanatos e apoio para acesso aos merca<strong>do</strong>s(SEMA, Ongs, SEBRAE)Propiciar oportunida<strong>de</strong>s diferenciadas e capacitação para população <strong>de</strong> entorno parao atendimento <strong>de</strong> serviços necessários ao parque (vigilância, construção, limpeza,manutenção).Estimular o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> banco <strong>de</strong> sementes com espécies locais49. Acompanhar e estimular a implantação e a certificação <strong>do</strong>s planos <strong>de</strong> manejo florestais<strong>de</strong> baixo impacto e outros estímulos que possam contribuir para a organização <strong>do</strong> setor.50. Promover a manutenção e/ou recuperação da cobertura florestal nativa nas áreas <strong>de</strong>preservação permanente, inclusive nas cabeceiras <strong>do</strong> rio Cristalino em território paraense51. Levantar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pagamento por serviços ambientais (pagamento aosmunicípios por serviços ambientais como seqüestro <strong>de</strong> carbono, recursos hídricos,poliniza<strong>do</strong>res, etc)52.Gestionar junto às prefeituras para a ampliação e/ou implantação <strong>de</strong> saneamento básicona região e zona <strong>de</strong> amortecimento <strong>do</strong> PEC incluin<strong>do</strong> a captação e distribuição <strong>de</strong> águapotável, o sistema <strong>de</strong> esgoto e a <strong>de</strong>stinação a<strong>de</strong>quada <strong>do</strong> lixo.4.6 - Programa Temático <strong>de</strong> OperacionalizaçãoObjetivoO Programa <strong>de</strong> Operacionalização, com os sub-programas <strong>de</strong> Administração e Finanças,Infra-estrutura, Equipamentos e Manutenção, Gestão <strong>de</strong> Pessoas, Sistema Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong>Informações e Comunicação e Marketing constitui-se em um programa meio, que tem comoobjetivo assegurar o funcionamento <strong>do</strong> PEC garantin<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>maisprogramas fins.- Subprograma <strong>de</strong> Administração e FinançasAtivida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas53. Compor o quadro <strong>de</strong> pessoal suficiente para aten<strong>de</strong>r às <strong>de</strong>mandas estabelecidas nestePlano <strong>de</strong> Manejo, ten<strong>do</strong> como meta o quadro proposto na Tabela X.Os funcionários <strong>de</strong>ste quadro po<strong>de</strong>rão ser provenientes da SEMA e/ou pessoal cedi<strong>do</strong> pelasprefeituras, universida<strong>de</strong>s, instituições conveniadas ou parceiras, ou ainda terceiriza<strong>do</strong>s e/ouconcessionários.As ativida<strong>de</strong>s técnicas po<strong>de</strong>rão contar com o auxílio <strong>de</strong> estagiários, monitores e voluntários.Os funcionários cedi<strong>do</strong>s por terceiros <strong>de</strong>verão trabalhar subordina<strong>do</strong>s à administração <strong>do</strong> PEC.Tabela 4. Quadro <strong>de</strong> pessoal necessário para a implantação <strong>do</strong> presente plano <strong>de</strong>manejoCARGO/FUNÇÃO ÁREA DE ATUAÇÃO TOTAL DE


Chefe da Unida<strong>de</strong>(pessoalespecializa<strong>do</strong>,Se<strong>de</strong>)Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>res <strong>de</strong>Programas (pessoalespecializa<strong>do</strong>, UC eEscritóriosRegionais)PESSOALChefia 01Proteção e Manejo05Pesquisa e MonitoramentoEducação AmbientalIntegração ExternaAdministraçãoPessoal técnicoauxiliar (UC, Se<strong>de</strong> eEscritóriosRegionais)AdministraçãoDireção <strong>do</strong>s barcosDireção <strong>do</strong>s veículosServiços geraisControle e fiscalizaçãoTotal 161054. Estabelecer a organização administrativa <strong>do</strong> PEC <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a sugestão <strong>do</strong>organograma da Figura X:Figura 6 Organização administrativa <strong>do</strong> Parque Estadual <strong>do</strong> Cristalino55. Mapear todas as ativida<strong>de</strong>s rotineiras e estabelecer protocolos específicos para cadaativida<strong>de</strong> com objetivo <strong>de</strong> compor o Manual <strong>de</strong> Procedimentos <strong>do</strong> PEC, crian<strong>do</strong> ascondições para dar suporte aos <strong>de</strong>mais programasO Manual <strong>de</strong> Procedimentos servirá para or<strong>de</strong>nar e acelerar a execução das ações <strong>de</strong>manejo e, também, para manter a memória da organização administrativa56. Oferecer programa <strong>de</strong> capacitação continuada para o quadro funcional57. Estabelecer e reforçar as parcerias i<strong>de</strong>ntificadas e necessárias para o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais programas58. Otimizar os recursos financeiros existentes e buscar novas fontes <strong>de</strong> recursos.58.1 Organizar a cobrança <strong>de</strong> ingressos e taxas <strong>de</strong> concessões, se for o caso.59. Promover a integração da gestão <strong>do</strong> Parque com <strong>de</strong>mais áreas protegidas da região,favorecen<strong>do</strong> a constituição <strong>do</strong>s Corre<strong>do</strong>res da Amazônia Meridional e Teles Pires-Tapajós..60. Realizar reuniões bimestrais <strong>de</strong> avaliação para discutir a eficácia das ações <strong>de</strong> gestão erealizar as correções <strong>de</strong> rumo necessárias.- Subprograma <strong>de</strong> Infra-estrutura, Equipamentos e ManutençãoAtivida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas


61. Dotar o PEC da infra-estrutura, materiais e equipamentos necessários ao atendimentodas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os programas <strong>de</strong> manejo.Construir e operacionalizar 3 Centros <strong>de</strong> Visitantes, uma base <strong>de</strong> apoio administrativo, umabase <strong>de</strong> pesquisa e quatro postos <strong>de</strong> fiscalização, utilizan<strong>do</strong> técnicas <strong>de</strong> bioconstrução,permacultura ou semelhantes.Avaliar os locais mais a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s para implantar trilhas interpretativas terrestres e fluviais,nas zonas <strong>de</strong> uso intensivo e extensivo.62. Elaborar e implantar os protocolos para manutenção e uso <strong>do</strong>s diversos equipamentos einstalações <strong>do</strong> PEC.Fazer revisão e manutenção periódica das instalações e equipamentos, materiais e viasinternas <strong>do</strong> PEC- Subprograma Sistema Integra<strong>do</strong> <strong>de</strong> InformaçõesAtivida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas63. Criar, manter e atualizar o Banco <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PEC conten<strong>do</strong> um sistema integra<strong>do</strong> dasinformações <strong>de</strong> interesse da unida<strong>de</strong>.O Banco <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PEC estará associa<strong>do</strong> ao Sistema <strong>de</strong> Informações Geograficas e aosbancos <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s específicos <strong>de</strong> cada programaO Banco <strong>de</strong> Da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PEC po<strong>de</strong>rá estar associa<strong>do</strong> ao banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> instituiçõesparceiras- Subprograma <strong>de</strong> Comunicação e MarketingAtivida<strong>de</strong>s / Subativida<strong>de</strong>s / Normas64. Elaborar o Plano <strong>de</strong> Comunicação e Marketing para a divulgação <strong>do</strong> Parque e seu Plano<strong>de</strong> Manejo. Criar canais <strong>de</strong> comunicação utilizan<strong>do</strong> todas as mídias possíveis tais como jornais, rádio, TV,home page, e-mails, banners, radio ama<strong>do</strong>r, entre outros, para atingir to<strong>do</strong>s os municípios,comunida<strong>de</strong>s e entida<strong>de</strong>s representativas. O Plano <strong>de</strong> Comunicação <strong>de</strong>verá Incluir o projeto <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> visual para o PEC65. Organizar campanha pró-regularização fundiária <strong>do</strong> PEC.66. Divulgar as oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> visitação oferecidas pelo PEC e sua integração emroteiros turísticos regionais.67. Viabilizar a utilização <strong>do</strong> PNJu em projetos <strong>de</strong> marketing (venda <strong>de</strong> imagem)68. Divulgar o programa <strong>de</strong> compensação ambiental por reserva legal e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pagamento por serviços ambientais e REED.5. ESTIMATIVA DE CUSTOSPara estimar os recursos financeiros necessários para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s programas eações propostos, estes foram classifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> investimento e <strong>de</strong>


custeio. A estimativa <strong>de</strong>stes custos, para os cinco anos previstos para a implantação <strong>de</strong>stePlano <strong>de</strong> Manejo,.estão apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 5.É importante ressaltar que algumas das ativida<strong>de</strong>s propostas não têm custos e que, paraoutras, o seu custo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s específicos.


Tabela 5. Estimativa <strong>do</strong>s custos da implantação <strong>do</strong> presente Plano <strong>de</strong> ManejoINVESTIMENTOS REQUERIDOS PARA CONSOLIDAÇÃO DO PARQUE ESTADUAL DO CRISTALINOsINFRAESTRUTURAvalores em milhões <strong>de</strong> reaisClasse <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesasunid. TOTAIS R$Bases <strong>de</strong> apoio e fiscalização 22 5,1Centro <strong>de</strong> uso múltiplo 1 0,6Centro <strong>de</strong> visitantes 3 4,1Infra estrutura <strong>de</strong> administração e gestão <strong>de</strong> UC 1 0,5Trilhas (km) 43 0,3Totais investimentos infraestrutura 10,5EQUIPAMENTOSvalores em milhões <strong>de</strong> reaisClasse <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesasunid. TOTAIS R$Veículos terrestres nas UCs 9 0,9Totais investimentos equipamentos 1,0CONSOLIDAÇAOvalores em milhões <strong>de</strong> reaisClasse <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesasDespesas <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcação 0,6Despesas <strong>de</strong> levantamento fundiário 0,8Totais investimentos <strong>de</strong> consolidação 1,4Total Investimentos 13,0Investimentos já realiza<strong>do</strong>s 1,51Investimentos adicionais mínimos necessários no Sistema 11,45DESPESAS DE CUSTEIO PROJETADAS PARA O SISTEMA


PESSOALvalores em milhões <strong>de</strong> reaisPessoal <strong>de</strong> campoClasse <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas pessoal TOTAIS R$86 1,5UC: pessoal técnico/auxiliar 5 0,3UC: pessoal especializa<strong>do</strong> 4 0,5Escritórios Regionais: técnico/auxiliar4 0,2Escritórios Regionais: pessoal especializa<strong>do</strong>4 0,5Se<strong>de</strong>: técnico e auxiliar4 0,2Se<strong>de</strong>: pessoal especializa<strong>do</strong>3,44 0,4Totais pessoal 111 3,8ADMINISTRAÇÃOvalores em milhões <strong>de</strong> reaisClasse <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas unid. TOTAIS R$Bases <strong>de</strong> apoio e fiscalização22 0,3Centro <strong>de</strong> visitantes3 0,4Totais administração 0,9MANUTENÇÃO, CONTRATAÇÃO E OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTOvalores em milhões <strong>de</strong> reaisClasse <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas unid. TOTAIS R$Veículos terrestres nas UCs9 0,3Totais manutenção, contratação e operação <strong>do</strong> equipamento 0,3PROGRAMAS DE GESTÃOvalores em milhões <strong>de</strong> reaisClasse <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas TOTAIS R$Pesquisa dirigida a problemas <strong>de</strong> gestão e monitoramento0,1Programa <strong>de</strong> erradicação <strong>de</strong> especies invasoras e restauração <strong>de</strong> ecossistemas0,1Programa <strong>de</strong> combate <strong>de</strong> fogo0,1Totais programas <strong>de</strong> gestão 0,5


Total das <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> custeio projetadas pelas UCs 5,4TOTAL GERAL (11,45 <strong>de</strong> Investimento + 5,4 <strong>de</strong> Custeio) 16,85

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