COLETÂNEA BITEC2008-2010 - CNI

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186 COLETÂNEA BITEC 2008-2010o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti, encontrou no mundo modernocondições muito favoráveis para uma rápida expansão, pela urbanização aceleradaque criou cidades com deficiências de abastecimento de água e de limpezaurbana; pela intensa utilização de materiais não-biodegradáveis, como recipientesdescartáveis de plástico e vidro; e pelas mudanças climáticas.A reintrodução não conseguiu ser controlada com os métodos tradicionalmente empregados nocombate às doenças transmitidas por vetores em nosso país e no continente. Programas essencialmentecentrados no combate químico, com baixíssima ou mesmo nenhuma participação da comunidade,sem integração intersetorial e com pequena utilização do instrumental epidemiológico, mostraram-seincapazes de conter um vetor com altíssima capacidade de adaptação (Ministério da Saúde. Disponívelem: .).12.1.3 Monitoramento inteligente da dengue (M.I. Dengue)O Sistema de Monitoramento Inteligente da Dengue (M.I. Dengue) utiliza armadilhas que imitam criadourosdenominadas MosquiTRAP®, espalhadas em grande número em uma zona urbana para fornecerinformações relevantes sobre a flutuação na população de vetores na área, em tempo determinado(GAMA et al., 2007). As armadilhas são vistoriadas semanalmente, e os dados de captura são inseridosem dispositivos de comunicação portátil e enviados a uma central de banco de dados, em que os dadossão agrupados e processados em software de geoprocessamento, gerando mapas acessíveis pela internet.O resultado final é a informação precisa da presença e quantidade do A. aegypti por quadra, rua,bairro ou região de uma cidade inteira.O M.I. Dengue é o principal produto da Ecovec Ltda. e vem sendo utilizado no mercado desde 2005.Diversas cidades nos quatro estados do Sudeste utilizam o M.I. Dengue. Existem mais de 6.000 armadilhassendo vistoriadas no país a cada semana, capturando mais de 100.000 Aedes aegypti anualmente,protegendo mais de 2 milhões de pessoas que vivem atualmente em áreas sob cobertura da tecnologia.Apesar de toda a tecnologia que envolve o sistema de monitoramento, ele somente é capaz defornecer informações sobre as populações do vetor e nada se podia inferir sobre a circulação do vírusda dengue em uma cidade. Nesse contexto, é necessário aliar dados da flutuação na população dosmosquitos com a medição de parâmetros de positividade do vírus da Dengue em A. aegypti capturados,bem como uma projeção estatística do número de vetores infectados e a sua localização exata na cidademonitorada.Associando a informação do vetor com a detecção viral, é possível identificar onde estão os focosreais de dengue em uma cidade, antes que ele se espalhe. Assim, pode-se prever uma epidemia antesque ela ocorra, a tempo de evitar que ela se instale.12.2 Justificativa e objetivosEsse trabalho justifica-se pelos grandes danos socioeconômicos causados pela transmissão de Denguevirus. O monitoramento da circulação desse vírus é necessário uma vez que epidemias de dengue causamgrande morbidade na população brasileira, com alto impacto na economia por causa do afasta-

8ª EDIÇÃO 187mento do trabalho. O objetivo do projeto foi padronizar uma metodologia de análise molecular quepermitisse a detecção de DENV em mosquitos capturados pelo M.I. Dengue e o consequente monitoramentoda circulação viral nas cidades onde o sistema estivesse implantado.12.3 MetodologiaAs amostras utilizadas neste projeto foram coletadas, no período de junho à novembro de 2008, emgrande capital brasileira que por motivos de sigilo não será divulgada. As fêmeas de Ae. aegypti foramcapturadas com o auxílio das MosquiTRAP. A armadilha MosquiTRAP (Version 2.0, Ecovec Ltda., Brasil)consiste em um recipiente preto opaco (16 cm altura x 11 cm diâmetro) contendo, aproximadamente,280 ml de água e um cartão adesivo removível, no interior, onde os mosquitos são capturados (FAVA-RO et al., 2008). A armadilha também possui um atraente de oviposição sintético (AtrAedes, EcovecLtda., Brazil), desenvolvido a partir de substâncias voláteis, de Panicum maximum em infusão (EIRAS;SANT’ANA, 2001, EIRAS et al., 2001) (figura 2).Figura 2: Armadilha MosquiTRAP. À esquerda, a foto da armadilha montadae pronta pra instalação. À direita, foto da armadilha desmontada. Naparte inferior, está representado o cartão adesivo, onde os mosquitos sãocapturados e, ao centro, em vermelho, está representado o atraente de oviposiçãosintético que fica preso ao cartão adesivoAs amostras de determinada região foram coletadas, devidamente identificadas e postas em tubosplásticos de 0,5 ml contendo Solução de Lise (60 g de isotiocianato de guanidina; 50 mL de TRIS 0,1MpH 6,4; 11 mL de 0,2 M EDTA pH 8,0; 1,3 mL de Triton X-100). Essa solução é utilizada para conservaros ácidos nucleicos – tanto do mosquito como do vírus, caso haja a presença desse último – e iniciaro processo de lise do corpo dos insetos. Cada tubo contém uma etiqueta com código de barras que éregistrada no sistema M.I. Dengue, identificado a região de coleta. As amostras eram em seguida ordenadase enviadas em caixas identificadas para o laboratório onde eram analisadas.A análise do material de campo ocorreu no Laboratório de Genética Molecular de ProtozoáriosParasitas (LGMPP), situado no campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Inicialmente,os tubos com as amostras foram separados em regiões e posteriormente foram agrupadaspara formar pools de até 20 mosquitos, ou seja, uma mesma região poderia gerar mais de um pooluma vez que havia limite na quantidade de mosquitos por pool. Os mosquitos foram macerados commicropistilos de plástico em 250 μL da mesma solução enviada para a coleta. Em seguida, as amostraforam centrifugadas a 14.000 RPM e o sobrenadante foi reservado para a extração de RNA. O método de

8ª EDIÇÃO 187mento do trabalho. O objetivo do projeto foi padronizar uma metodologia de análise molecular quepermitisse a detecção de DENV em mosquitos capturados pelo M.I. Dengue e o consequente monitoramentoda circulação viral nas cidades onde o sistema estivesse implantado.12.3 MetodologiaAs amostras utilizadas neste projeto foram coletadas, no período de junho à novembro de 2008, emgrande capital brasileira que por motivos de sigilo não será divulgada. As fêmeas de Ae. aegypti foramcapturadas com o auxílio das MosquiTRAP. A armadilha MosquiTRAP (Version 2.0, Ecovec Ltda., Brasil)consiste em um recipiente preto opaco (16 cm altura x 11 cm diâmetro) contendo, aproximadamente,280 ml de água e um cartão adesivo removível, no interior, onde os mosquitos são capturados (FAVA-RO et al., 2008). A armadilha também possui um atraente de oviposição sintético (AtrAedes, EcovecLtda., Brazil), desenvolvido a partir de substâncias voláteis, de Panicum maximum em infusão (EIRAS;SANT’ANA, 2001, EIRAS et al., 2001) (figura 2).Figura 2: Armadilha MosquiTRAP. À esquerda, a foto da armadilha montadae pronta pra instalação. À direita, foto da armadilha desmontada. Naparte inferior, está representado o cartão adesivo, onde os mosquitos sãocapturados e, ao centro, em vermelho, está representado o atraente de oviposiçãosintético que fica preso ao cartão adesivoAs amostras de determinada região foram coletadas, devidamente identificadas e postas em tubosplásticos de 0,5 ml contendo Solução de Lise (60 g de isotiocianato de guanidina; 50 mL de TRIS 0,1MpH 6,4; 11 mL de 0,2 M EDTA pH 8,0; 1,3 mL de Triton X-100). Essa solução é utilizada para conservaros ácidos nucleicos – tanto do mosquito como do vírus, caso haja a presença desse último – e iniciaro processo de lise do corpo dos insetos. Cada tubo contém uma etiqueta com código de barras que éregistrada no sistema M.I. Dengue, identificado a região de coleta. As amostras eram em seguida ordenadase enviadas em caixas identificadas para o laboratório onde eram analisadas.A análise do material de campo ocorreu no Laboratório de Genética Molecular de ProtozoáriosParasitas (LGMPP), situado no campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Inicialmente,os tubos com as amostras foram separados em regiões e posteriormente foram agrupadaspara formar pools de até 20 mosquitos, ou seja, uma mesma região poderia gerar mais de um pooluma vez que havia limite na quantidade de mosquitos por pool. Os mosquitos foram macerados commicropistilos de plástico em 250 μL da mesma solução enviada para a coleta. Em seguida, as amostraforam centrifugadas a 14.000 RPM e o sobrenadante foi reservado para a extração de RNA. O método de

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