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© Organização das Nações Unidas <strong>para</strong> a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) eMinistério da Educação (MEC).BR/2010/PI/H/9Representação da UNESCO no BrasilSetor <strong>de</strong> Comunicação e InformaçãoSetor <strong>de</strong> EducaçãoMinistério da Saú<strong>de</strong>Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong>Ministério da EducaçãoSecretaria <strong>de</strong> Educação BásicaEquipe técnicaUNESCOMariana Braga Alves <strong>de</strong> Souza Neves (Coord.)Guilherme Canela GodoiMaria Rebeca Otero GomesArlete Herênio <strong>de</strong> MoraesMinistério da Saú<strong>de</strong> – Programa Nacional <strong>de</strong> <strong>Aids</strong>Nara VieiraJeane Felix da SilvaMinistério da EducaçãoMaria <strong>de</strong> Fátima MalheiroClaudio DiasRedaçãoSilvani ArrudaCaio Westin


SumárioApresentação do <strong>Guia</strong> <strong>HQ</strong> SPE................................................................... 7Novos tempos, novas formas <strong>de</strong> comunicação......................................... 19<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaTrabalhando com as <strong>HQ</strong>s em sala <strong>de</strong> aulaMódulo 1Adolescências, juventu<strong>de</strong> e participação.................................................. 23Módulo 2Gênero e diversida<strong>de</strong> sexual.................................................................... 43Módulo 3Direitos sexuais e direitos reprodutivos................................................... 65Módulo 4Viver e conviver com o HIV e <strong>Aids</strong>............................................................ 95Módulo 5Saú<strong>de</strong> e prevenção.................................................................................125Módulo 6Álcool e outras drogas............................................................................153Para finalizar..........................................................................................197Bibliografia.............................................................................................201


7Apresentação do <strong>Guia</strong> <strong>HQ</strong> SPEEste <strong>Guia</strong> foi elaborado <strong>para</strong> apoiar professores e professoras no trabalhocom as Histórias em Quadrinhos do Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas (<strong>HQ</strong>SPE). Entretanto, antes <strong>de</strong> falar sobre ele, precisamos contextualizar o caminhopercorrido até se chegar a esta proposta.Este material surgiu no âmbito do Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas(SPE), uma iniciativa do Ministério da Saú<strong>de</strong> e do Ministério da Educação emparceria com UNESCO, UNICEF e UNFPA. Dirigido a adolescentes e jovens, oobjetivo principal do projeto é <strong>de</strong>senvolver estratégias <strong>de</strong> promoção dos direitossexuais e direitos reprodutivos, promoção da saú<strong>de</strong>, prevenção das doençassexualmente transmissíveis, do HIV e da aids, e a educação sobre álcool e outrasdrogas por meio <strong>de</strong> ações articuladas no âmbito das escolas e das unida<strong>de</strong>sbásicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Seu início, em 2003, representou um verda<strong>de</strong>iro marco na integraçãosaú<strong>de</strong>-educação, reforçando o papel da escola como o melhor espaço <strong>para</strong>a articulação das políticas voltadas <strong>para</strong> adolescentes e jovens. Mais do queisso, enfatiza a participação dos sujeitos <strong>de</strong>sse processo – estudantes, famílias,profissionais da educação e da saú<strong>de</strong> – como fundamentais na redução dasvulnerabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> adolescentes e jovens às <strong>DST</strong>s, à infecção pelo HIV e aids, aouso <strong>de</strong> álcool e outras drogas. Adolescentes e jovens, aliás, compreendidos comosujeitos <strong>de</strong> direito e populações prioritárias na construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong>mais igualitária, justa e solidária.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaObjetivos do Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas (SPE)• Incentivar o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> políticas públicas voltadas <strong>para</strong>a promoção da saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva, com a redução daincidência das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIVna população jovem.• Fomentar a participação juvenil <strong>para</strong> que adolescentes e jovens possamatuar como sujeitos transformadores da realida<strong>de</strong>.


• Ampliar o <strong>de</strong>bate sobre gravi<strong>de</strong>z na adolescência na perspectiva dosdireitos sexuais e reprodutivos <strong>de</strong> adolescentes e jovens.• Contribuir <strong>para</strong> a redução da evasão escolar relacionada à gravi<strong>de</strong>z naadolescência.• Ampliar os recursos da escola <strong>para</strong> que <strong>de</strong>sempenhe seu papel <strong>de</strong>mocráticono respeito e convívio com as diferenças.• Fomentar a inserção das temáticas relacionadas à educação no campoda sexualida<strong>de</strong> ao cotidiano da prática pedagógica dos professores.• Ampliar parcerias entre escola, instituições governamentais e instituiçõesnão governamentais visando à integração <strong>de</strong> esforços <strong>para</strong> a formaçãointegral do educando.• Promover a ampliação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acolhimento das <strong>de</strong>mandas emsaú<strong>de</strong> da população jovem nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.• Constituir uma re<strong>de</strong> integrada saú<strong>de</strong>-educação <strong>para</strong> colaborar na reduçãodos agravos à saú<strong>de</strong> da população jovem.• Apoiar ações <strong>de</strong> formação continuada <strong>para</strong> profissionais <strong>de</strong> educação esaú<strong>de</strong> <strong>para</strong> respon<strong>de</strong>r às diferentes situações relacionadas à vivência dasexualida<strong>de</strong> no cotidiano dos adolescentes e jovens escolarizados.• Ampliar o diálogo sobre viver e conviver com HIV/<strong>Aids</strong> nas escolas.• Promover o diálogo na família, na comunida<strong>de</strong> e integrá-las ao ProjetoSaú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas.• Construir re<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a troca <strong>de</strong> experiências entre participantes doprojeto nos diversos estados e municípios brasileiros.• Contribuir <strong>para</strong> a sustentabilida<strong>de</strong> das ações <strong>de</strong> promoção do SPE, visandoconsolidar políticas públicas <strong>de</strong> proteção à adolescência e à juventu<strong>de</strong>brasileiras.A gestão do SPE – inovadora e integrada – conduz-se, no âmbito fe<strong>de</strong>ral,pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>, em parceria com aOrganização das Nações Unidas <strong>para</strong> a Educação, a Ciência e a Cultura(UNESCO), o Fundo das Nações Unidas <strong>para</strong> a Infância (UNICEF) e o Fundo <strong>de</strong>População das Nações Unidas (UNFPA). Essas instituições constituem o Grupo<strong>de</strong> Trabalho Fe<strong>de</strong>ral (GTF) encarregado da elaboração <strong>de</strong> diretrizes, avaliação emonitoramento do projeto.


9Nas esferas estadual e municipal, a gestão do projeto é realizada por Grupos<strong>de</strong> Trabalho e/ou Grupos Gestores compostos por representantes das secretarias<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação além <strong>de</strong> outras como ação social e cultura, universida<strong>de</strong>s,organizações da socieda<strong>de</strong> civil, adolescentes e jovens, entre outros parceirosi<strong>de</strong>ntificados em cada localida<strong>de</strong>.Em 2007, como forma <strong>de</strong> ampliar as ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> voltadas <strong>para</strong> alunose alunas da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino, criou-se um novo programa <strong>de</strong> atenção àsaú<strong>de</strong> da população escolarizada: o Programa Saú<strong>de</strong> na Escola (PSE), instituídopelo Decreto Presi<strong>de</strong>ncial nº 6.286, <strong>de</strong> 05 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2007. Assim,atualmente, o SPE faz parte do PSE. Na prática, significa o estabelecimento <strong>de</strong>novos recursos financeiros e maior articulação entre os setores da saú<strong>de</strong> e daeducação, conforme se ilustra a seguir.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaObjetivos do Programa Saú<strong>de</strong> na Escola (PSE)• Promover a saú<strong>de</strong> e a cultura da paz reforçando a prevenção <strong>de</strong> agravosà saú<strong>de</strong> bem como fortalecer a relação entre as re<strong>de</strong>s públicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e<strong>de</strong> educação.• Articular as ações do Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) às ações das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>educação básica pública, <strong>de</strong> forma a ampliar o alcance e o impacto <strong>de</strong> suasações relativas aos estudantes e suas famílias otimizando a utilização dosespaços, equipamentos e recursos disponíveis.• Contribuir <strong>para</strong> a constituição <strong>de</strong> condições <strong>para</strong> a formação integral <strong>de</strong>educandos.• Contribuir <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> atenção social, com foco napromoção da cidadania e nos direitos humanos.• Fortalecer o enfrentamento das vulnerabilida<strong>de</strong>s, no campo da saú<strong>de</strong>, quepossam comprometer o pleno <strong>de</strong>senvolvimento escolar.• Promover a comunicação entre escolas e unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> assegurandoa troca <strong>de</strong> informações sobre as condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos estudantes.• Fortalecer a participação comunitária nas políticas <strong>de</strong> educação básica esaú<strong>de</strong>, nos três níveis <strong>de</strong> governo.A escola e a unida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são os pilares <strong>de</strong> sustentação do PSEe do SPE <strong>de</strong>sempenhando papéis articulados e complementares. Nem é precisodizer que a parceria entre educação e saú<strong>de</strong> é fundamental <strong>para</strong> que as ações <strong>de</strong>promoção da saú<strong>de</strong> e prevenção possam ser bem-sucedidas, não é mesmo?


10E, <strong>para</strong> garantir que realmente a escola e as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> assumamesses novos objetivos educacionais, é bom ficar atento a algumas questões: aintersetorialida<strong>de</strong>, a inclusão da proposta no projeto pedagógico da escola e oengajamento das famílias nas propostas <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> e prevenção.Intersetorialida<strong>de</strong>A palavra intersetorialida<strong>de</strong> significa entre setores. Assim pensar na escolae na saú<strong>de</strong> trabalhando intersetorialmente significa que elas trabalharão juntasa partir <strong>de</strong> objetivos, estratégias e ativida<strong>de</strong>s comuns em que cada um <strong>de</strong>ssessetores assuma sua parcela <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Por exemplo, cabe à escolaincluir a prevenção às <strong>DST</strong>s/HIV/<strong>Aids</strong> em seu projeto pedagógico anual. Umavez <strong>de</strong>senvolvidas ativida<strong>de</strong>s na escola, cria-se a <strong>de</strong>manda por preservativos.No mais das vezes, os preservativos e outros insumos <strong>de</strong> prevenção, comogel lubrificante, estão disponíveis nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Assim, caberia àunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> disponibilizar esses insumos <strong>para</strong> os adolescentes e jovensque chegam lá.No SPE, a escola é compreendida como o cenário privilegiado e central <strong>para</strong>o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> prevenção. Mas só serácapaz <strong>de</strong> concretizar a proposta em seu território à medida que possa compartilhar<strong>de</strong>cisões e responsabilida<strong>de</strong>s com as <strong>de</strong>mais instâncias sociais envolvidas nesseprocesso. Cabe ressaltar que a concretização do projeto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, também, daformação permanente dos(as) profissionais das áreas <strong>de</strong> educação e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,pois, só assim será possível ter-se o domínio das informações e das estratégiaseducativas relacionadas à promoção da saú<strong>de</strong> e à prevenção. E, mais do queisso, será uma forma <strong>de</strong> fortalecer a construção coletiva <strong>de</strong> novos saberes epráticas, a partir do contexto <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> existente em um <strong>de</strong>terminadoterritório.Projeto pedagógico da escolaTambém conhecida como projeto político-pedagógico ou projetoeducativo, o projeto pedagógico é, praticamente, a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da escola, poisé essa proposta que estabelece as diretrizes básicas e a linha <strong>de</strong> ensino e<strong>de</strong> atuação na comunida<strong>de</strong>. Sua formalização se dá a partir do compromissoassumido pela direção, coor<strong>de</strong>nadores pedagógicos, professores, funcionários,representantes <strong>de</strong> pais e alunos e lí<strong>de</strong>res comunitários em torno <strong>de</strong> um mesmoprojeto educacional. A partir <strong>de</strong>sse projeto e do plano <strong>de</strong> ação que se originaa partir <strong>de</strong>le é que serão elaborados os planos <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> cada classe e <strong>de</strong>


11cada disciplina em um <strong>de</strong>terminado período. Também é por meio do projetopedagógico que a comunida<strong>de</strong> escolar exerce sua autonomia financeira,administrativa e pedagógica, tal como previsto na Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases daEducação Nacional (LDB).Uma das formas <strong>de</strong> integrar o SPE aos projetos pedagógicos das escolas éinserir suas ações, transversalmente, nas diversas áreas <strong>de</strong> conhecimento quecompõem o currículo criando situações didáticas que permitam o exercício datransversalida<strong>de</strong> e da interdisciplinarida<strong>de</strong>.Enfim, inserir as diretrizes e estratégias do SPE no Projeto Político-Pedagógico das escolas e incluir as unida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> como referência<strong>para</strong> o acolhimento das <strong>de</strong>mandas em saú<strong>de</strong> da população adolescente e jovempermitirão um verda<strong>de</strong>iro salto <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> nas ações voltadas à diminuição dassituações <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> às <strong>DST</strong>/<strong>Aids</strong> a que está exposta essa população.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaParticipação da família e da comunida<strong>de</strong> do entornoUma das atribuições das escolas que fazem parte do SPE é promover odiálogo na família, na comunida<strong>de</strong> e integrá-las ao Projeto. Uma boa forma <strong>de</strong>iniciar é apresentar a proposta às mães, pais ou responsáveis. A experiênciamostra que mães, pais e responsáveis sentem-se aliviados quando a escolaassume <strong>para</strong> si essa atribuição. Mesmo aquelas crenças <strong>de</strong> que trabalhar comsexualida<strong>de</strong> vai incentivar o início precoce da vida sexual po<strong>de</strong>m ser facilmente<strong>de</strong>sconstruídas por meio <strong>de</strong> uma boa conversa e o conhecimento do conteúdodas <strong>HQ</strong>s SPE.Vale enfatizar que o envolvimento e participação das famílias e dacomunida<strong>de</strong> escolar nas ações do SPEfavorecem o pensamento crítico, o convívio com a diversida<strong>de</strong> e a participaçãojuvenil e comunitária na formulação, gestão e controle social das políticaspúblicas. Reforça e estimula, ainda, a formação e/ou a consolidação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>ssociais protetoras e a reflexão crítica do papel e responsabilida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>rpúblico, da socieda<strong>de</strong> civil e <strong>de</strong> cada pessoa 1 .Festas comemorativas, ativida<strong>de</strong>s no final da semana, mutirões <strong>para</strong> cuidarda escola são boas oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> trazer às famílias na escola e engajá-lasna promoção da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus filhos(as) e <strong>de</strong>les próprios.1 BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2006a.


12O materialSó <strong>para</strong> reforçar: a escola é o espaço <strong>de</strong> concretização do SPE nos diferentesmunicípios do país em que o projeto já está implantado e, também, naquelesoutros que caminham <strong>para</strong> esse processo. A pergunta, agora, seria: comoos(as) professores, os coor<strong>de</strong>nadores pedagógicos e a direção da escola po<strong>de</strong>mtransformar todas essas propostas em práticas? Qual é a formação necessária<strong>para</strong> começar a trabalhar com esses temas?Vários materiais já foram <strong>de</strong>senvolvidos e disponibilizados <strong>para</strong> osprofissionais nas escolas que fazem parte do SPE e nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> (UBS). Mais do que isso, estão disponíveis <strong>para</strong> download <strong>para</strong> todos(as)aqueles que se interessam pelos temas da promoção da saú<strong>de</strong> e da prevenção.Estes materiais e os en<strong>de</strong>reços eletrônicos <strong>para</strong> acessá-los po<strong>de</strong>m ser encontradosao final <strong>de</strong>ssa apresentação no quadro Dicas.Este novo conjunto <strong>de</strong> materiais – Histórias em Quadrinhos, CD-Rom e o Um<strong>Guia</strong> <strong>HQ</strong> SPE <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula – são fundamentais instrumentos<strong>de</strong> apoio a educadores que já <strong>de</strong>senvolvem, ou querem <strong>de</strong>senvolver, ações nasáreas da promoção da saú<strong>de</strong> e da prevenção ao HIV e outras <strong>DST</strong>s. Aborda essesconteúdos a partir <strong>de</strong> uma visão mais abrangente voltada <strong>para</strong> a diminuição dasvulnerabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> toda a comunida<strong>de</strong> escolar em relação às <strong>DST</strong>s, HIV/<strong>Aids</strong> ea situações <strong>de</strong> preconceito e discriminação.Sua metodologia, <strong>de</strong> linha construtivista, prioriza a sala <strong>de</strong> aula e todosaqueles outros espaços em que seja possível envolver, também, educadores,funcionários(as) da escola, as famílias dos(as) alunos(as) e a comunida<strong>de</strong> doentorno. Só que não <strong>para</strong> por aí!Propõe-se, também, a fortalecer práticas em que seja possível garantirmaior participação dos(as) adolescentes e jovens em todo o processo educativo,engajando-os, inclusive, na busca por outros espaços em que seus direitospossam ser exercidos. Grêmios, associações <strong>de</strong> bairro, grupos <strong>de</strong> teatro, bandas,projetos <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> pares seriam algumas <strong>de</strong>ssas possibilida<strong>de</strong>s.Todas as análises e propostas <strong>de</strong>ste material fundamentam-se na DeclaraçãoUniversal dos Direitos Humanos. Essa opção faz sentido quando pensamos que,ainda no Brasil <strong>de</strong> hoje, muitos direitos são violados e muitas pessoas vivenciamsituações <strong>de</strong> preconceito, discriminação e estigma em seu cotidiano. Ou seja,parte do princípio <strong>de</strong> que as relações <strong>de</strong>siguais entre os gêneros, o sexismo,o racismo e a homofobia, assim como a pobreza são cenários sociais queprecisam ser suficientemente <strong>de</strong>codificados <strong>para</strong> a compreensão das atitu<strong>de</strong>s ecomportamentos do cotidiano que aumentam a vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adolescentese jovens em relação às <strong>DST</strong>s e ao HIV, por exemplo.


13Para quem?Direcionado a adolescentes e jovens, as seis revistas que compõem as <strong>HQ</strong>s SPEe o CD-Rom se propõem a tratar diferentes temas <strong>de</strong> forma simples e divertida.Nas <strong>HQ</strong>s, a partir <strong>de</strong> uma situação fictícia em que um professor é afastado daescola por propor aos estudantes um trabalho sobre a homossexualida<strong>de</strong>, váriosoutros temas se entrelaçam propiciando um retrato preciso dos anseios e dasdúvidas existentes no mundo adolescente e jovem.O CD com o Jogo Desafio <strong>HQ</strong> SPE, por sua vez, simula, <strong>de</strong> forma lúdica,um <strong>de</strong>bate entre o(a) jogador(a) e um dos personagens da turma do <strong>HQ</strong> SPE.Alternando turnos, o computador e o jogador vão selecionando temas epontuando <strong>de</strong> acordo com o que está escrito em cada carta disponível <strong>para</strong>a seleção. Em cada turno, um assunto será discutido, e a disputa sobre oargumento será <strong>de</strong>cidida com uma pergunta sobre o tema. Em anexo, as regrase a <strong>de</strong>scrição do processo do jogo.Já o <strong>Guia</strong>, pensado como uma ferramenta <strong>de</strong> apoio ao educador, trazsugestões <strong>de</strong> oficinas e alguns textos <strong>de</strong> apoio, fortemente inspirados nasexperiências <strong>de</strong> diferentes organizações que atuam no campo da promoção dasaú<strong>de</strong> e da prevenção. Sendo assim, os textos e as ativida<strong>de</strong>s propostas procuramaliar a reflexão e a pesquisa a uma prática mais emancipadora e criativa.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaComo usar?As <strong>HQ</strong>s e o <strong>Guia</strong> po<strong>de</strong>rão ser utilizados no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> açõesvoltadas <strong>para</strong> a promoção da saú<strong>de</strong> e a prevenção nas diferentes disciplinasque compõem os currículos do ensino fundamental e ensino médio. Tem comoponto central, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incrementar a participação <strong>de</strong> adolescentes ejovens em todas as fases do processo educativo e a inclusão <strong>de</strong>stas ações noProjeto Político-Pedagógico das escolas.O Desafio <strong>HQ</strong> SPE, incluso do CD-Rom, po<strong>de</strong>rá ser utilizado após a leituradas <strong>HQ</strong>s como forma <strong>de</strong> fixar alguns conteúdos abordados nos temas: Saú<strong>de</strong> ePrevenção, Participação Juvenil e Preconceito e Discriminação. Uma vez que o(a)jogador(a) estabelece uma ponte entre alguns momentos das <strong>HQ</strong>s situando-osem um <strong>de</strong>sses três temas, o sistema <strong>de</strong> perguntas e respostas possibilitará aampliação das discussões e o reforço às informações contempladas pelos doismateriais.E, uma vez que o <strong>Guia</strong> é uma ferramenta <strong>para</strong> a utilização das <strong>HQ</strong>s, cadaum dos seis módulos se inicia com a discussão <strong>de</strong> alguns conceitos-chave <strong>para</strong>a compreensão dos diferentes temas que compõem as <strong>HQ</strong>s. Na sequência,


14sugerem-se algumas oficinas como forma <strong>de</strong> se facilitar a apreensão dosdiferentes conteúdos na sala <strong>de</strong> aula e outros espaços <strong>de</strong> aprendizado. Algumas<strong>de</strong>las fazem referência direta às histórias vivenciadas pelos(as) adolescentes ejovens ao longo das revistas.Cada uma das oficinas são <strong>de</strong>scritas <strong>de</strong>talhadamente, permitindo que sejamreplicadas com facilida<strong>de</strong>. O objetivo, a duração e os materiais necessários<strong>para</strong> sua concretização são especificados logo ao início bem como as questõesgeradoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates. Ao final, algumas i<strong>de</strong>ias a serem reforçadas <strong>para</strong> os(as)alunos são elencadas. Uma série <strong>de</strong> oficinas também são sugeridas, cabendoao professor a<strong>de</strong>quá-las à realida<strong>de</strong> dos alunos e ao tempo <strong>de</strong> que dispõe.Ao final <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las, algumas dicas <strong>de</strong> textos, locais ou publicaçõesforam agregadas e, ao final dos módulos, sugerimos alguns filmes na Sessão <strong>de</strong>Cinema.Enfatizamos que a i<strong>de</strong>ia é que essas ativida<strong>de</strong>s sejam aplicadastransversalmente, ou seja, que todas as disciplinas, em algum momento, tratem<strong>de</strong>sses temas sem sobrecarregar nenhum professor em especial. Para isso, umaboa estratégia seria utilizar algumas das horas <strong>de</strong> trabalho pedagógico <strong>para</strong><strong>de</strong>senhar uma forma coerente <strong>de</strong> se trabalhar com os temas e oficinas. Semsobrecarregar ninguém.Quais os conteúdos propostos no <strong>Guia</strong> <strong>HQ</strong> SPE ?Cada um <strong>de</strong> seus módulos possui um tema específico e cinco propostas <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s. No entanto isso não significa que é necessário seguir à risca a or<strong>de</strong>mtemática ou a das oficinas. Muito pelo contrário!Ninguém melhor que o(a) educador <strong>para</strong> <strong>de</strong>finir a or<strong>de</strong>m dos fatores eproporcionar, aos adolescentes e jovens, a resposta às suas necessida<strong>de</strong>simediatas. Assim, a partir da experiência dos(as) professores e da <strong>de</strong>mandatrazida pelos próprios alunos, os temas e as ativida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>rão serrealocados.Conteúdos dos módulosMódulo 1 – Adolescência, Juventu<strong>de</strong>s e ParticipaçãoAborda um pouco da história e as concepções atuais sobre a adolescência ejuventu<strong>de</strong>, vistas como plurais. A partir do reconhecimento <strong>de</strong>sses adolescentese jovens como sujeitos <strong>de</strong> direito, propõe-se uma reflexão e uma prática voltada<strong>para</strong> a promoção da participação juvenil tanto nas escolas como nos serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, associações, projetos, comunida<strong>de</strong>s etc.


1Módulo 2 – Gênero e Diversida<strong>de</strong> SexualA proposta <strong>de</strong>ste módulo é favorecer a implementação <strong>de</strong> ações, nasescolas, voltadas <strong>para</strong> a promoção da equida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero, étnico-racial,i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero e orientação sexual e, por conseguinte, ao enfrentamentodo sexismo, do racismo e da homofobia.Módulo 3 – Direitos Sexuais e Direitos ReprodutivosUma vez que o governo brasileiro reconhece os direitos sexuais e os direitosreprodutivos <strong>de</strong> adolescentes e jovens, propõe-se abrir a discussão sobre quaissão as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa população e como a escola e as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>po<strong>de</strong>m contribuir <strong>para</strong> que esses direitos sejam garantidos na íntegra.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaMódulo 4 – Viver e Conviver com o HIV e a aidsComo qualquer outro(a) adolescente ou jovem, aqueles que vivem como HIV também são sujeitos <strong>de</strong> direito, inclusive os sexuais e os reprodutivos.Assim, neste módulo, estimula-se o aprendizado sobre o viver junto e oenfrentamento à discriminação e ao estigma existentes ainda em nossasocieda<strong>de</strong> em relação às pessoas que vivem e que convivem com o HIV e aaids.Módulo – Saú<strong>de</strong> e PrevençãoPartindo-se do conceito <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong>, neste módulo reforça-se aimportância da escola e o serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> trabalhar intersetorialmente tantono enfrentamento da infecção pelo HIV e outras <strong>DST</strong>s, como na ampliaçãodo acesso aos insumos <strong>de</strong> prevenção (preservativo masculino e feminino, gellubrificante) e a testagem <strong>para</strong> o HIV.Módulo 6 – Álcool e outras drogasApresenta informações sobre o álcool e as outras drogas bem comosugerem-se ações redutoras das vulnerabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> adolescentes e jovensem relação a essas substâncias. Enfatiza-se, também, a construção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s<strong>de</strong> apoio social como estratégia <strong>de</strong> se lidar com os diferentes aspectos ligadosà droga.Cabe, no entanto, uma ressalva: as <strong>HQ</strong>s SPE têm várias historias, masseguem uma <strong>de</strong>terminada or<strong>de</strong>m. Inicia-se com a transferência <strong>de</strong> um professorque faz uma proposta que <strong>de</strong>sagrada a direção, os colegas e a família. A partirdaí, a história se <strong>de</strong>senrola por meio da mobilização <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> alunos


16que não concordam com a posição tomada pela escola. Por esta razão, é muitoimportante ler as <strong>HQ</strong>s antes <strong>de</strong> iniciar as oficinas. Fique atento!Reforçando, <strong>para</strong> se <strong>de</strong>senvolver ações e reflexões nos temas contempladosneste <strong>Guia</strong> é preciso estudar e se atualizar sempre. Além disso, os conteúdospresentes tanto nas <strong>HQ</strong>s quanto no <strong>Guia</strong> do curso, por formarem um conjunto<strong>de</strong> conhecimentos diversos e complementares, exigem uma disponibilida<strong>de</strong>interna <strong>para</strong> a mudança na relação aluno professor. Mais horizontal eparticipativa. Só <strong>de</strong>ssa forma será possível construir espaços <strong>de</strong> promoção dasaú<strong>de</strong>, <strong>de</strong> confiança, <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> alegria e, principalmente, <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>entre as pessoas.E, <strong>para</strong> um encerramento realmente participativo e comprometido com asmensagens <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> prevenção, nossa proposta é que, aofinal, se organize um evento utilizando todos os produtos que foram criados aolongo das oficinas: cartazes, spots, cenas, jornal, mural etc. Não vai ser ótimochamar as famílias e a comunida<strong>de</strong> do entorno da escola <strong>para</strong> mostrar como épossível tornar o mundo um local mais saudável e prazeroso <strong>de</strong> se viver?DicasHá vários materiais interessantes <strong>para</strong> aprofundar o trabalho com as<strong>HQ</strong>s SPE e, o melhor <strong>de</strong> tudo: e estão disponíveis <strong>para</strong> download. Algumassugestões:Saú<strong>de</strong> e prevenção nas Escolas: <strong>Guia</strong> <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> educaçãoDisponível em: .Saú<strong>de</strong> e prevenção nas Escolas: Diretrizes <strong>para</strong> a implementação doProjeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas EscolasDisponível em: .Programa Saú<strong>de</strong> na EscolaDisponível em: .Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino FundamentalDisponível em: .


17Parâmetros Curriculares Nacionais – Ensino MédioDisponível em: .Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da EducaçãoDisponível em: .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


19Novos tempos, novas formas <strong>de</strong> comunicaçãoÉ impressionante como a comunicação mudou nos últimos anos, não é?Quem acreditaria há uns 30 anos que, nos dias <strong>de</strong> hoje, teríamos acesso auma gama extensa <strong>de</strong> textos apenas digitando palavras-chave nos instrumentos<strong>de</strong> busca que existem na internet? Ou que um aluno po<strong>de</strong>ria fazer um trabalhosomente copiando-e-colando trechos <strong>de</strong> um texto? Sem escrever, muitas vezes,uma única palavra?A comunicação <strong>de</strong>u um tremendo salto e não dá mais <strong>para</strong> pensar emeducação utilizando-se somente o quadro e o giz. Temos que nos atualizar econhecer essas novas possibilida<strong>de</strong>s.Entretanto, esses novos veículos merecem muita reflexão e cuidado. De umlado, eles po<strong>de</strong>m significar uma forma <strong>de</strong> inclusão social, ou seja, aumentoumuito o acesso (e a agilida<strong>de</strong>) das pessoas a informações que, antigamente, ou<strong>de</strong>moravam horas <strong>para</strong> ser encontradas ou que, na falta <strong>de</strong> uma boa biblioteca,nem encontradas seriam.De outro, dão acesso a informações equivocadas, preconceituosas e atémesmo perigosas. Quem nunca leu uma notícia em que, por exemplo, adolescentese jovens <strong>de</strong>ixam a escola por um tipo <strong>de</strong> violência chamado cyberbullying, ouseja, que crianças e adolescentes são amedrontadas pelos seus colegas viainternet?Mas vamos ficar com a primeira reflexão: a <strong>de</strong> que a internet permite oacesso a muita coisa boa. Fora que adolescentes e jovens a adoram!Nesse <strong>Guia</strong>, muito do que indicamos está disponível na internet. Filmes,textos, programas <strong>de</strong> TV, spots, <strong>de</strong>poimentos estão lá prontos <strong>para</strong> seremacessados e utilizados. É importante que utilizemos mesmo esse recurso comoum exercício <strong>de</strong> cidadania enxergando sua potencialida<strong>de</strong> na revisão <strong>de</strong> formatospadronizados e na busca por mo<strong>de</strong>los mais participativos <strong>de</strong> aprendizagem. Éuma boa forma também <strong>de</strong> promover o senso crítico dos(as) alunos(as) jovensem relação a esse veículo <strong>de</strong> expressão e formação cultural.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


20Chats, blogs, sítios <strong>de</strong> relacionamento po<strong>de</strong>m ser ferramentas preciosas<strong>para</strong> a disseminação <strong>de</strong> mensagens voltadas à prevenção e igualda<strong>de</strong> entre aspessoas. Pense nisso.O uso das Histórias em Quadrinhos (<strong>HQ</strong>) na escolaDa mesma forma que a internet hoje, num passado nem tão distante assim,as <strong>HQ</strong>s não eram reconhecidas como material educativo. Muito pelo contrário.Eram consi<strong>de</strong>radas como “coisa <strong>de</strong> criança” ou, até mesmo, como nefastas,pois “estimulariam a preguiça e acabariam com a criativida<strong>de</strong>, uma vez que játraziam o <strong>de</strong>senho das cenas, <strong>de</strong>ixando pouco <strong>para</strong> a imaginação do leitor ”.Muitas <strong>HQ</strong>s, e muitos estudos <strong>de</strong>pois, mostraram que esses pontos <strong>de</strong> vistaestavam equivocados. Ray Bradbury, um importante escritor norte-americano doséculo XX e Umberto Eco, renomado acadêmico italiano, só <strong>para</strong> exemplificar,afirmaram, por diversas vezes, serem fãs dos quadrinhos e acreditarem que esseveículo <strong>de</strong> comunicação estimula, sim, a leitura e a criativida<strong>de</strong>.Isso sem falar dos inúmeros artigos e matérias sobre o assunto que trazemas experiências dos(as) professores com este veículo comunicacional. O textoabaixo, extraído da Revista Nova Escola, por exemplo, sintetiza algumas i<strong>de</strong>iasna <strong>de</strong>fesa da utilização das <strong>HQ</strong>s no contexto escolar.As histórias em quadrinhos são boas ferramentas <strong>de</strong> incentivo à leitura, seja láqual for a ida<strong>de</strong> do leitor. A associação <strong>de</strong> textos e imagens torna o ato <strong>de</strong> lermais atraente e os elementos gráficos (como os balões e as expressões faciaisdos personagens) facilitam a compreensão da trama. O importante <strong>para</strong> usáloscorretamente é criar a estratégia a<strong>de</strong>quada, combinando as especificida<strong>de</strong>sdo conteúdo, o tema da história e as características dos estudantes (a faixaetária, o nível <strong>de</strong> conhecimento e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compreensão) .E não é preciso ir muito longe <strong>para</strong> perceber que, cada vez mais, o<strong>de</strong>senvolvimento das tecnologias audiovisuais e eletrônicas adquire umaimportância maior no processo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong> crianças, adolescentes ejovens. E, uma vez que educar é colaborar <strong>para</strong> que as escolas e organizaçõestransformem a vida das pessoas em processos permanentes <strong>de</strong> aprendizagem, adimensão comunicacional, po<strong>de</strong> proporcionar o <strong>de</strong>senvolvimento das habilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> percepção, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaçospessoais, sociais e profissionais e tornarem-se cidadãos e cidadãs mais críticos . BURBURINHO. Gibis na sala <strong>de</strong> aula. Disponível em: .Acesso em: 6 fev. 2010. FUNDAÇÃO VICTOR CIVITA, 2009. Palestra proferida pelo Prof. Ismar <strong>de</strong> Oliveira Soares na Mostra Saú<strong>de</strong> Educação – 2009 em São Paulo.


21Antes <strong>de</strong> começar, porém...Quando abordamos a proposta tanto do Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nasEscolas quanto o Programa <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> na Escola, por várias vezes fizemosreferência a leis, marcos legais, <strong>de</strong>clarações e conferências. De fato, precisamosconhecer vários <strong>de</strong>sses documentos antes <strong>de</strong> iniciarmos nossas ações.Abaixo, os principais documentos foram elencados bem como os respectivosen<strong>de</strong>reços eletrônicos <strong>para</strong> consulta.InternacionaisDeclaração Universal dos Direitos Humanos (1948) <strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaConvenção sobre os Direitos da Criança – 1990 Conferência Mundial <strong>de</strong> Direitos Humanos, Viena – 1993 IV Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, Cairo– 1994 IV Conferência Internacional sobre a Mulher, Beijing – 1995 NacionaisConstituição da República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil (1988) Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da <strong>Aids</strong>– 1989 Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei n.º 8.069/1990 Política Nacional da Juventu<strong>de</strong> – 2005 Marco Legal: Saú<strong>de</strong>, um Direito <strong>de</strong> Adolescentes – 2005


22Marco Teórico e Referencial: Saú<strong>de</strong> Sexual e Saú<strong>de</strong> Reprodutiva <strong>de</strong>Adolescentes e Jovens – 2006 Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Integral da População Negra – 2006


23Módulo 1Adolescências, juventu<strong>de</strong>s e participaçãoComeço <strong>de</strong> conversaJá faz algum tempo que falar sobre adolescência e juventu<strong>de</strong> ficou maiscomplexo do que era anos atrás. Basta consultar a literatura <strong>para</strong> perceber,por exemplo, que não dá mais <strong>para</strong> conceituar esses dois ciclos da vida combase, fundamentalmente, na faixa etária e nas mudanças hormonais. Pois é, acada dia surgem novos estudos e pesquisas que mostram a adolescência e ajuventu<strong>de</strong> como concepções históricas e que só são passíveis <strong>de</strong> compreensãoa partir <strong>de</strong> sua inserção em uma <strong>de</strong>terminada cultura e socieda<strong>de</strong>. Ou seja,atualmente, as etapas na vida <strong>de</strong>nominadas infância, adolescência e ida<strong>de</strong>adulta são vistas mais como uma construção social e não um fenômeno natural.Afinal, basta consultar a história da humanida<strong>de</strong> <strong>para</strong> perceber não foi sempre,nem em qualquer lugar ou cultura, que se dividiu essa etapa da vida em mol<strong>de</strong>scronológicos.Neste módulo, partiremos do princípio <strong>de</strong> que aquilo que era consi<strong>de</strong>rado“natural” nessa faixa <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas <strong>de</strong> certos padrões – físicos epsicológicos – do crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento humano. Depen<strong>de</strong>, na mesmamedida, das expectativas que uma <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong> tem em relação àspessoas que estão passando por esses ciclos da vida.E, cabe reforçar, a historicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse processo. Um exemplo: até algumasdécadas atrás, esperava-se que o fim da transição da infância <strong>para</strong> a vida adulta,principalmente <strong>para</strong> os jovens do sexo masculino, ocorresse a partir dos seguintesmarcos: <strong>de</strong>ixar a escola, começar a trabalhar, sair da casa dos pais, casar e formaruma nova família. As jovens mulheres, <strong>de</strong> preferência, permaneceriam na casada família até o casamento apren<strong>de</strong>ndo os afazeres domésticos e pre<strong>para</strong>ndose<strong>para</strong>, um dia, serem mães. Era como se houvesse um roteiro pronto e que<strong>de</strong>veria ser sempre seguido sem variações. Não é preciso ir muito longe <strong>para</strong>reconhecer que, hoje, as coisas já não funcionam mais assim, não é mesmo?<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


24Vários conceitos...Em nossa socieda<strong>de</strong>, a adolescência e a juventu<strong>de</strong> são compreendidas comoperíodos <strong>de</strong> transição entre a vida infantil e a vida adulta. Seria assim, uma épocado aprendizado da autonomia que caracteriza a vida adulta, marcada tanto poruma atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentação quanto pela construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.Em termos cronológicos, o artigo 227 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral Brasileira e oEstatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1990) <strong>de</strong>terminamque o atendimento das necessida<strong>de</strong>s e dos direitos das crianças (do nascimentoaté os 11 anos) e adolescentes (dos 12 aos 18 anos) é priorida<strong>de</strong> absoluta daspolíticas públicas e <strong>de</strong>ver da família, da comunida<strong>de</strong> e do Estado.A Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS), por sua vez, adota a <strong>de</strong>nominação<strong>de</strong> jovens <strong>para</strong> o conjunto das pessoas na ampla faixa dos 10 aos 24 anos. AOMS recomenda, porém, <strong>para</strong> efeitos práticos <strong>de</strong> análise e <strong>de</strong> proposição <strong>de</strong>ações, uma divisão <strong>de</strong>ssa categoria em três subgrupos: pré-adolescentes (10 a14 anos); adolescentes (15 a19 anos) e jovens (20 a 24 anos).Vale enfatizar, no entanto, que esses marcos etários são usados comoreferência <strong>para</strong> análises <strong>de</strong>mográficas, na <strong>de</strong>finição do público específico<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas políticas, na orientação das pesquisas epi<strong>de</strong>miológicase na organização <strong>de</strong> diferentes programas voltados <strong>para</strong> essa camada dapopulação.Agora, mais do que tudo isso, a adolescência e a juventu<strong>de</strong> são momentoscruciais na vida das pessoas e plenos <strong>de</strong> potencialida<strong>de</strong>s. Potencialida<strong>de</strong>s quepo<strong>de</strong>m convergir <strong>para</strong> uma participação ativa nas mudanças necessárias <strong>para</strong>a construção <strong>de</strong> um país <strong>de</strong> maior igualda<strong>de</strong> entre as pessoas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que,obviamente, se criem oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> tanto.Adolescências e juventu<strong>de</strong>s, no pluralSabemos que, no Brasil <strong>de</strong> hoje, adolescentes e jovens têm sido foco <strong>de</strong>políticas públicas, muito mais do que já foram em outros tempos. No entantoisso não significa que, todos os adolescentes e jovens brasileiros são iguais.Muito pelo contrário!Para começar, sabemos que nosso enorme país é formado por diferentespovos. Além da população indígena que sempre viveu por aqui, imigrantes e<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> europeus, africanos, asiáticos, latino-americanos, ciganos etc.convivem no território nacional.Também, óbvio, não existe um adolescente ou um jovem igual ao outro.Todos nós somos diferentes. Seja pelo tom <strong>de</strong> pele, a cor do cabelo, a classesocial, as crenças que trazemos <strong>de</strong> nossos antepassados e por aí vai.


2Assim, nos dias <strong>de</strong> hoje, faz mais sentido falar em adolescências e juventu<strong>de</strong>s.Afinal, tanto a juventu<strong>de</strong> como a adolescência são categoriais sociais pluraise incluem, em sua totalida<strong>de</strong>, inúmeras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> símbolos, valores,expectativas e significados.Infelizmente, mesmo consi<strong>de</strong>rando tudo isso, muitos são os adolescentese jovens que ainda passam por situações <strong>de</strong> preconceito e discriminação. E aescola é o melhor espaço <strong>para</strong> se trabalhar essas questões.Participação juvenilA proposta <strong>de</strong> se trabalhar com as histórias em quadrinhos começa comuma cena em que Fábio é zoado por um grupo <strong>de</strong> alunos por ser gay. Umprofessor, sensível a essa e outras questões, propõe aos alunos um trabalhosobre a homossexualida<strong>de</strong> através dos tempos. Só que, a reação contrária acabafazendo com que ele seja transferido <strong>de</strong> escola. Alguns alunos inconformadoscom o ocorrido resolvem, então, fazer o trabalho assim mesmo e divulgá-lo <strong>para</strong>toda a escola.Este é um exemplo <strong>de</strong> participação juvenil. Ou seja, é o tipo <strong>de</strong> participaçãoem que o adolescente ou jovem é o elemento central percorrendo todo o caminhonecessário <strong>para</strong> concretizar a proposta. Elabora, executa, avalia e analisa osresultados alcançados.Outro exemplo é a formação <strong>de</strong> um grêmio. Esta é uma das melhoresformas <strong>de</strong> se colocar os princípios da <strong>de</strong>mocracia em prática, pois é umprocesso pedagógico que envolve toda a comunida<strong>de</strong> escolar – alunos, pais/mães/responsáveis, funcionários, professores, coor<strong>de</strong>nadores pedagógicos,diretores e policiais – propiciando uma oportunida<strong>de</strong> ímpar <strong>de</strong> se apren<strong>de</strong>r aviver junto.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaGrêmio estudantilO Grêmio Estudantil é a organização que representa os interesses dosestudantes. Ele permite que os alunos discutam, criem e fortaleçam inúmeraspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação tanto no próprio ambiente escolar como na comunida<strong>de</strong>.É também um importante espaço <strong>de</strong> aprendizagem, cidadania, convivência,responsabilida<strong>de</strong> e luta por direitos.Um dos seus principais objetivos é contribuir <strong>para</strong> aumentar a participaçãodos alunos nas ativida<strong>de</strong>s da escola, organizando campeonatos, palestras,projetos e discussões, fazendo com que os alunos tenham voz ativa e participemda programação e da construção das regras <strong>de</strong>ntro da escola.


26Po<strong>de</strong> promover <strong>de</strong>s<strong>de</strong> festas nos finais <strong>de</strong> semana até exigir melhorias naqualida<strong>de</strong> do ensino. O Grêmio tem o potencial <strong>de</strong> integrar os(as) alunos(as)entre si, com toda a escola e com a comunida<strong>de</strong>.Na página da internet do Instituto Sou da Paz, tem um guia explicando ocaminho das pedras <strong>para</strong> se formar um grêmio na escola.Disponível em: .Em se pensando na história <strong>de</strong> nossa escola e <strong>de</strong> nosso país, perceberemosque adolescentes e jovens sempre procuraram, e continuam procurando,participar <strong>de</strong> ações voltadas <strong>para</strong> a promoção da saú<strong>de</strong> e a prevenção, seja pormeio <strong>de</strong> grêmios estudantis, grupos <strong>de</strong> teatro, movimentos sociais e culturais ouformando bandas musicais <strong>para</strong> expressar suas emoções e suas i<strong>de</strong>ias.Só que, <strong>para</strong> isso, é preciso, também, que a escola invista em um novo tipo<strong>de</strong> relacionamento entre os(as) alunos(as) e professores. Neste tipo <strong>de</strong> proposta,caberia a todos os(as) profissionais da escola envolver os alunos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aconcepção do projeto. Assim, eles(as) seriam verda<strong>de</strong>iros agentes do processoeducativo e não meros receptores <strong>de</strong> conhecimentos preestabelecidos.A leitura e a discussão da <strong>HQ</strong> SPE n° 1, po<strong>de</strong> facilitar esse início <strong>de</strong>conversa.OficinasNeste módulo, sugerimos algumas ativida<strong>de</strong>s que facilitem a construçãoconjunta <strong>de</strong> conhecimentos sobre o que é ser adolescente e jovem no mundo<strong>de</strong> hoje, <strong>de</strong>sconstruindo-se as diferentes visões estereotipadas que se tem sobreesses ciclos da vida. Também, que propiciem a reflexão sobre a importância daparticipação juvenil na mudança <strong>de</strong> algumas atitu<strong>de</strong>s e valores que <strong>de</strong>ixam aspessoas mais vulneráveis em relação ao HIV e à aids, assim como em relação aoutras situações do cotidiano que violam, <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, os DireitosHumanos.Criou-se cada uma das oficinas <strong>de</strong>ste módulo, tendo como base os quadrinhosdo SPE, principalmente, o <strong>de</strong> n°1, que aborda a questão do preconceito e daparticipação juvenil. Assim em algumas das oficinas, é preciso que as <strong>HQ</strong>sestejam disponíveis <strong>para</strong> os alunos. Vale a pena, também, antes <strong>de</strong> propor aativida<strong>de</strong>, lê-las com cuidado e i<strong>de</strong>ntificar que situações parecidas com as das<strong>HQ</strong>s costumam acontecer na escola <strong>para</strong>, no aprofundamento, traçar alguns<strong>para</strong>lelos e buscar por soluções coletivas.


27Ao final <strong>de</strong> cada oficina, no quadro Dicas <strong>para</strong> o professor, sugerimos algunsmateriais impressos ou audiovisuais.Bom trabalho!Oficina 1: Adolescências e juventu<strong>de</strong>sObjetivosPerceber asadolescênciase a juventu<strong>de</strong>scomo construçõeshistóricas e sociais.I<strong>de</strong>ntificar assituações <strong>de</strong> exclusãoa que estão expostosalguns/algumasadolescentes e jovenspor característicascomo gênero, raça/etnia, orientaçãosexual, classe social.MateriaisnecessáriosPapel craft ou papelpardo ou papelma<strong>de</strong>iraCanetas <strong>para</strong> flipchartRevistas quetenham fotos <strong>de</strong>adolescentes ejovens.TesourasFita crepeQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Como a mídia retrata oadolescente e o jovem do sexomasculino?• Como a mídia retrata aadolescente e a jovem do sexofeminino?• Quais adolescentes e jovenscostumam ser mais popularesna escola? Que característicaseles e elas têm?• Quais adolescentes ejovens costumam ser maisdiscriminados? Porque issoacontece?• O que é ser adolescente oujovem hoje?TempoAproximadamenteuma hora e trintaminutos.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Peça que formem grupo <strong>de</strong> cinco ou seis pessoas, distribua as revistas,tesouras, colas e a folha <strong>de</strong> flip chart <strong>para</strong> cada um dos grupos. Em seguida,peça que procurem fotos <strong>de</strong> adolescentes e jovens e as recortem.• Quando terminarem <strong>de</strong> recortar, peça que colem as figuras na folha <strong>de</strong>papel, observando quantos meninos e quantas meninas apareceram; sehá negros, brancos, asiáticos, indígenas e quantos <strong>de</strong> cada segmento; oque estes adolescentes e jovens estão fazendo; a que classe social elespertencem; e o que mais eles perceberam <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. Peça que elejamum relator <strong>para</strong> apresentar essas observações.• Assim que todos os grupos apresentarem suas colagens, peça que as olhemcuidadosamente e comparem aquelas imagens com os(as) adolescentes ejovens que conhecem, pensando tanto nos(as) alunos(as) da sua escolaquanto da comunida<strong>de</strong>.• Depois <strong>de</strong> feitas as com<strong>para</strong>ções, solicite que voltem aos grupos, quecompartilhem suas i<strong>de</strong>ias e elaborem frases sobre o que é ser adolescente/jovem hoje.


28• Quando os grupos terminarem, peça que cada grupo cole suas frasesna pare<strong>de</strong> e, em conjunto com eles, elabore um conceito a partir dascontribuições dos alunos.• Aprofun<strong>de</strong> a discussão utilizando-se das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate eencerre explicando que historicamente, a adolescência e a juventu<strong>de</strong>, talcomo as enten<strong>de</strong>mos nos dias <strong>de</strong> hoje, têm origem nos séculos XVII eXVIII. Aquela época histórica, <strong>de</strong>nominada “mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>”, coinci<strong>de</strong> com aindustrialização e a formação das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s na Europa.I<strong>de</strong>ias principais• Historicamente somente no final século XIX, quando o mundo do trabalhose tornou mais complexo, a adolescência e a juventu<strong>de</strong> passaram a secaracterizar como etapas <strong>de</strong> socialização e pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> o ingressona produção. Des<strong>de</strong> então, a escola passou a representar o espaço socialresponsável por pre<strong>para</strong>r essa população <strong>para</strong> o trabalho. Antes disso, essesciclos da vida não eram consi<strong>de</strong>rados como tal.• Atualmente, mais do que as intensas transformações biológicas quecaracterizam essa fase da vida, e que são universais, a adolescência é vistacomo uma construção social. Isso significa que os elementos culturaisque <strong>de</strong>finem o que é ser adolescente variam ao longo do tempo, <strong>de</strong> umasocieda<strong>de</strong> a outra e, até mesmo, <strong>de</strong> um grupo <strong>para</strong> outro.• Em relação à juventu<strong>de</strong>, a noção sobre o que vem a ser o(a) jovem sóteve mais <strong>de</strong>staque <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1990, quando se perceberam as dificulda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> inserção e integração no mundo do trabalho e aumento <strong>de</strong> casos <strong>de</strong>violência que afetam essa parcela da população.• Uma vez que não existe só um tipo <strong>de</strong> adolescente nem só um tipo <strong>de</strong>jovem, costumamos dizer que não existe adolescência e juventu<strong>de</strong> e, sim,adolescências e juventu<strong>de</strong>s. Sempre no plural.DicasA Aracati é uma organização sem fins lucrativos que tem como missãocontribuir <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma cultura <strong>de</strong> participação juvenil noBrasil. Des<strong>de</strong> 1999, forma grupos <strong>de</strong> jovens e pautando a participação juvenilna socieda<strong>de</strong> brasileira. Em sua página da internet, existem vários textos epublicações interessantes <strong>para</strong> consulta.Disponíveis em: .


29OfICINA 2: Sujeitos <strong>de</strong> direitoObjetivosConhecer o Estatutoda Criança e doAdolescente,seus direitos eresponsabilida<strong>de</strong>s.MateriaisQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>batenecessáriosFichas <strong>para</strong> os • Vocês acham importantegrupos.conhecer o Estatuto daCópia do artigo 4° Criança e do Adolescente? Pordo ECA <strong>para</strong> todos. quê?Cartolinas, tesouras, • A partir do que foirevistas, canetas apresentado pelos grupos,coloridas, fita crepe, você acha que os direitos dosadolescentes e jovens da suacomunida<strong>de</strong> são respeitados?Por quê?- O que os(as) adolescentese jovens po<strong>de</strong>riam fazer <strong>para</strong>mudar esse panorama?- O que você po<strong>de</strong>riafazer <strong>para</strong> que seus paresconhecessem seus direitos esuas responsabilida<strong>de</strong>s?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Inicie explicando que, no Brasil <strong>de</strong> hoje, adolescentes e jovens sãocompreendidos como sujeitos <strong>de</strong> direitos, ou seja, como pessoas em<strong>de</strong>senvolvimento têm o direito <strong>de</strong> serem protegidos pelo Estado, pelasocieda<strong>de</strong> e pela família com priorida<strong>de</strong> absoluta (art. 227, da ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral). Só que, apesar <strong>de</strong> eles existirem em diferentes estatutos e marcoslegais nacionais, nem sempre são cumpridos como <strong>de</strong>veriam. E, por estarazão, é fundamental que adolescentes e jovens conheçam esses direitos e,principalmente, que se posicionem quando eles forem violados.• Explique que um dos documentos garantidores dos direitos dosadolescentes é o Estatuto da Criança e do Adolescente. Distribua o artigo4° <strong>para</strong> todos(as) e peça que alguém o leia em voz alta.Estatuto da Criança e do AdolescenteArtigo 4°- É <strong>de</strong>ver da família, da comunida<strong>de</strong>, da socieda<strong>de</strong> em geral edo po<strong>de</strong>r público assegurar, com absoluta priorida<strong>de</strong>, a efetivação dos direitosreferentes à vida, à saú<strong>de</strong>, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, àprofissionalização, à cultura, à dignida<strong>de</strong>, ao respeito, à liberda<strong>de</strong> e à convivênciafamiliar e comunitária.


30Parágrafo único. A garantia <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>:a) primazia <strong>de</strong> receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;b) precedência <strong>de</strong> atendimento nos serviços públicos ou <strong>de</strong> relevânciapública;c) preferência na formulação e na execução das políticas sociaispúblicas;d) <strong>de</strong>stinação privilegiada <strong>de</strong> recursos públicos nas áreas relacionadascom a proteção à infância e à juventu<strong>de</strong>.Fonte: • Informe que a ativida<strong>de</strong> proposta girará em torno <strong>de</strong>sse artigo. Peça queos(as) alunos(as) se reúnam em quatro grupos, distribua uma tira <strong>para</strong>cada um <strong>de</strong>les e explique que eles <strong>de</strong>verão refletir sobre um dos itens queconstam no artigo: educação, saú<strong>de</strong>, lazer e esportes, profissionalizaçãoou cultura. Na tira que receberam já está <strong>de</strong>finido o item que <strong>de</strong>verãoaprofundar.• Explique que cada grupo <strong>de</strong>verá inicialmente pensar o que concretamente<strong>de</strong>veria acontecer nesses setores <strong>para</strong> mostrar se os direitos dos jovense adolescentes são, <strong>de</strong> fato, respeitados. Por exemplo, em relação àconvivência familiar, <strong>de</strong>veria haver diálogo entre as pessoas, alimento eroupas <strong>para</strong> os filhos, ser matriculado na escola etc.• Na terceira coluna, os alunos <strong>de</strong>vem indicar quais seriam suasresponsabilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> que esse direito fosse respeitado. Utilizandoainda o exemplo acima, o da convivência familiar, caberia ao adolescenteou jovem estudar, manter suas coisas arrumadas, ajudar nas tarefas dacasa etc.• Quando terminarem abra <strong>para</strong> a discussão, a partir das questões <strong>para</strong>o <strong>de</strong>bate.• Informe que a tarefa seguinte é a <strong>de</strong> confeccionar cartazes <strong>para</strong> seuspares a partir das discussões no grupo e das conclusões a que chegaramapós o <strong>de</strong>bate.• Quando os cartazes estiverem prontos, peça que cada grupo apresenteo seu e que, em conjunto, pensem em que lugar po<strong>de</strong>riam fixá-los e qualseria a estratégia <strong>para</strong> a discussão sobre o Estatuto da Criança e doAdolescente na escola e na comunida<strong>de</strong>.


31I<strong>de</strong>ias principais• O Estatuto da Criança e do Adolescente, como foi <strong>de</strong>nominada a Lei Fe<strong>de</strong>raln° 8.069, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1990, é uma lei com 267 artigos que trata sobrea proteção integral às crianças e aos adolescentes <strong>de</strong> todo o Brasil. O ECA,como é mais conhecido, foi elaborado <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r as pessoas <strong>de</strong> zero a 18anos e, em alguns casos, as com ida<strong>de</strong>s entre 18 e 21 também, levando emconsi<strong>de</strong>ração que são cidadãos em <strong>de</strong>senvolvimento.• De acordo com esse documento, a criança e o adolescente têm o direito àvida, à saú<strong>de</strong>, à alimentação, à educação, à profissionalização, ao esporte,ao lazer, à cultura, à dignida<strong>de</strong>, ao respeito, à liberda<strong>de</strong> e à convivênciafamiliar e comunitária. É obrigação da família, da comunida<strong>de</strong>, da socieda<strong>de</strong>e do governo garantir esses direitos às crianças e aos adolescentes e lhesoferecer oportunida<strong>de</strong>s que proporcionem o <strong>de</strong>senvolvimento físico, mental,moral, espiritual e social.• Logo em seus primeiros artigos o Estatuto estabelece que nenhuma criançaou adolescente po<strong>de</strong>rá ser objeto <strong>de</strong> discriminação, exploração, violência,cruelda<strong>de</strong> ou opressão. O adulto que não obe<strong>de</strong>cer será punido na formada lei.• Para fazer valer o ECA, é necessário que sejam criadas políticas públicasque garantam às crianças e adolescentes seus direitos a uma vida saudável,à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignida<strong>de</strong>,ao respeito, à liberda<strong>de</strong> e à convivência familiar e comunitária.• O Conselho Tutelar, que po<strong>de</strong> tanto ser procurado pela família quantopelo próprio adolescente, é o órgão encarregado <strong>de</strong> zelar pelo cumprimentodos direitos da criança e do adolescente. A ele cabe aplicar as medidas <strong>de</strong>proteção à criança e ao adolescente evitando que os seus direitos sejamameaçados ou violados. O Conselho recebe todo tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong>violações a esses direitos e auxilia os governos a elaborarem as políticaspúblicas <strong>para</strong> infância e juventu<strong>de</strong>, junto com o Conselho <strong>de</strong> DireitosMunicipal. As <strong>de</strong>núncias po<strong>de</strong>m ser feitas anonimamente e cabe ao Conselhoverificar se são verda<strong>de</strong>iras.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


32TirasArtigo 4° do ECAÉ <strong>de</strong>ver da família, dacomunida<strong>de</strong>, da socieda<strong>de</strong>em geral e do Po<strong>de</strong>r Públicoassegurar, com absolutapriorida<strong>de</strong>, a efetivação dosdireitos referentes à saú<strong>de</strong>.Que aspectos da saú<strong>de</strong>mostrariam que esse direitoestá sendo respeitado?Quais seriam asresponsabilida<strong>de</strong>s dosadolescentes?Artigo 4° do ECAÉ <strong>de</strong>ver da família, dacomunida<strong>de</strong>, da socieda<strong>de</strong>em geral e do Po<strong>de</strong>r Públicoassegurar, com absolutapriorida<strong>de</strong>, a efetivação dosdireitos referentes à Educação.Que aspectos da educaçãomostrariam que esse direitoestá sendo respeitado?Quais seriam asresponsabilida<strong>de</strong>s dosadolescentes?Artigo 4° do ECAÉ <strong>de</strong>ver da família, dacomunida<strong>de</strong>, da socieda<strong>de</strong>em geral e do Po<strong>de</strong>r Públicoassegurar, com absolutapriorida<strong>de</strong>, a efetivação dosdireitos referentes ao lazer eo esporte.Que aspectos do lazer e doesporte mostrariam queesse direito está sendorespeitado?Quais seriam asresponsabilida<strong>de</strong>s dosadolescentes?Artigo 4° do ECAÉ <strong>de</strong>ver da família, dacomunida<strong>de</strong>, da socieda<strong>de</strong>em geral e do Po<strong>de</strong>r Públicoassegurar, com absolutapriorida<strong>de</strong>, a efetivação dosdireitos referentes à cultura.Que aspectos da culturamostrariam que esse direitoestá sendo respeitado?Quais seriam asresponsabilida<strong>de</strong>s dosadolescentes?


33DicasO cartaz é uma peça que é elaborada <strong>para</strong> ser colada em locais daescola e nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> em que todo mundo possa ver.Me<strong>de</strong>, geralmente, 30 cm X 42 cm ou 60 cm X 84 cm. Antes <strong>de</strong> começar aconfeccioná-lo, é preciso <strong>de</strong>finir muito bem o que se quer fazer. Para isso, hátrês <strong>de</strong>cisões a se tomar:O tema: <strong>de</strong>ve-se escolher um só assunto por cartaz.O slogan: a mensagem do cartaz <strong>de</strong>ve ser curta e sugestiva. A frase <strong>de</strong>veter <strong>de</strong> 5 e 7 palavras, no máximo.A imagem: é o mais revelante na transmissão da mensagem. Deve sersugestiva e <strong>de</strong> <strong>cores</strong> contrastantes.Algumas regras:1. Dividir o espaço útil em três zonas: uma <strong>para</strong> o título, outra <strong>para</strong> aimagem, e a última sobre o que se quer informar.2. Deve ter diferentes tamanhos <strong>de</strong> letras: a maior vai no título, os textosvêm em segundo lugar, e as legendas das imagens são as menores.3. O texto <strong>de</strong>ve ter frases curtas e letras bem legíveis.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaOficina 3: Iguais, mesmo sendo diferentesObjetivosI<strong>de</strong>ntificar asdiferentes formas<strong>de</strong> preconceitoe discriminaçãopresentes em nossasocieda<strong>de</strong>.Reconhecer aimportância do<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>uma cultura solidária.MateriaisnecessáriosFita crepeQuadro com oartigo 1° dosDireitos HumanosQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Na opinião <strong>de</strong> vocês quemem nosso país é tratado <strong>de</strong>forma <strong>de</strong>sigual?• Em que situações issoacontece? Por que acontece?• Como lidar com opreconceito e a discriminaçãona escola?• Qual o papel dosadolescentes e jovensna mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>spreconceituosas ediscriminatórias?TempoAproximadamente60 minutos


34Passo a passo• Informe aos alunos que nesta ativida<strong>de</strong> iremos falar sobre preconceitoe discriminação. Pergunte quem gostaria <strong>de</strong> explicar o que é preconceitoe quem gostaria <strong>de</strong> explicar o que é discriminação. Escreva no quadro emforma <strong>de</strong> palavras-chave as contribuições dos alunos e encerre explicandoque:Preconceito – são as predisposições negativas a respeito <strong>de</strong> uma pessoa ou umgrupo <strong>de</strong> pessoas com base em características físicas, culturais ou sociais.Discriminação – costuma ser <strong>de</strong>finida como a conduta (ação ou omissão)que viola direitos das pessoas com base em critérios injustificados e injustos,tais como a raça,o sexo, a ida<strong>de</strong>, a opção religiosa e outros.• Pergunte, então, aos alunos se conhecem alguma situação em que um(a)adolescente ou jovem sofreu algum tipo <strong>de</strong> preconceito e discriminação naescola ou na comunida<strong>de</strong> e por que isso aconteceu.• Conforme forem relatando os casos, trace uma linha cortando o quadro aomeio e escreva, na coluna da esquerda, as razões pelas quais adolescentesou jovens foram vítimas <strong>de</strong> preconceito ou discriminação (por ser negro; porter uma religião diferente da maioria; por ser pobre; por ser mulher, por serhomossexual, por ter uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem especial etc.)• Uma vez que as contribuições dos adolescentes e jovens se esgotarem,pergunte quais são as características dos adolescentes e jovens que nãocostumam sofrer preconceito e discriminação. Escreva-as do lado direito doquadro.• Explique que, <strong>de</strong> acordo com o artigo 1° da Declaração Universal dosDireitos Humanos , do qual o Brasil é signatário, “Todos os homens nascemlivres e iguais em dignida<strong>de</strong> e direitos. São dotados <strong>de</strong> razão e consciênciae <strong>de</strong>vem agir em relação uns aos outros com espírito <strong>de</strong> fraternida<strong>de</strong>”. Sóque, na prática, nem sempre isso acontece.• Abra <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate a partir das questões sugeridas e encerre explicando queapesar <strong>de</strong> o Brasil ser um país formado por diferentes povos – <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntesafricanos e <strong>de</strong> índios brasileiros; imigrantes e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> europeus,asiáticos e latino-americanos, <strong>de</strong>ntre outros – e com uma das maioresdiversida<strong>de</strong>s culturais do mundo, o preconceito e a discriminação ainda estãomuito presentes no contexto escolar e na vida <strong>de</strong> todos nós. Cabe, assim, a todomundo buscar por outras formas <strong>de</strong> convivência respeitando as diferenças. NAÇÕES UNIDAS, 1948.


35I<strong>de</strong>ias principais• Historicamente, os afro-brasileiros, as mulheres e os homossexuais sãoexemplos <strong>de</strong> grupos que mais sofrem discriminações e preconceitos, <strong>de</strong>forma a terem negados muitos dos seus direitos <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condiçõese <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> uma vida digna.• Todas as pessoas são dignas <strong>de</strong> respeito, não importa a cor, sexo, ida<strong>de</strong>,cultura, raça, religião, classe social, condição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, orientação sexual,i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero ou grau <strong>de</strong> instrução.• A discriminação e o preconceito são fenômenos sociais que produzeme alimentam diferentes situações <strong>de</strong> violência e violações <strong>de</strong> direitoshumanos. Geram, nas pessoas que são alvos <strong>de</strong>stes mecanismos, mal-estar,insegurança, angústia, isolamento, e sofrimento. Esses sentimentos po<strong>de</strong>minterferir em suas relações sociais; prejudicar seu rendimento escolar levandoasaté a sair da escola; impedir seu acesso a oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego oupromoção no ambiente <strong>de</strong> trabalho; aumentar sua vulnerabilida<strong>de</strong> às <strong>DST</strong>s/HIV/<strong>Aids</strong> , ao uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas e , enfim, influenciar em suaqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• Ações que valorizem os diferentes segmentos populacionais, os gênerosfeminino e masculino; as diferentes raças/etnias e a diversida<strong>de</strong> sexual<strong>de</strong>vem fazer parte do currículo e dos materiais didáticos e <strong>para</strong>didáticos<strong>de</strong> todas as instituições <strong>de</strong> ensino, públicas ou privadas. Mas isso não étudo. É preciso que adolescentes e jovens se posicionem repudiando todoe qualquer tipo <strong>de</strong> preconceito e discriminação. A diversida<strong>de</strong> que existeem nosso país é uma <strong>de</strong> nossas maiores riquezas e é preciso apren<strong>de</strong>r aconviver com elas.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDicasExistem dois ótimos ví<strong>de</strong>os <strong>para</strong> se trabalhar com o tema do racismo e dahomofobia com os alunos. O primeiro <strong>de</strong>les, Medo <strong>de</strong> Quê?, tem 20 minutose conta a história <strong>de</strong> Marcelo, um jovem gay, seus conflitos e seus <strong>de</strong>sejos.Seu objetivo é estimular reflexões críticas que contribuam <strong>para</strong> o respeito àdiversida<strong>de</strong> sexual e a redução da homofobia.Disponível em: .O outro, Vista a Minha Pele, <strong>de</strong> <strong>de</strong>z minutos apresenta história invertida,em que os negros são a classe dominante e, os brancos foram escravizados.Maria é uma menina branca, pobre, que estuda em um colégio privado graças


36a uma bolsa <strong>de</strong> estudos, pois sua mãe trabalha como faxineira na escola. Amaioria <strong>de</strong> seus colegas a hostiliza, por sua cor e por sua condição social, comexceção <strong>de</strong> sua amiga Luana.Disponível em: Oficina 4: Participação juvenilObjetivosConhecer e analisaruma forma <strong>de</strong>mobilizaçãojuvenil a partir<strong>de</strong> uma situação<strong>de</strong> preconceito ediscriminação.Materiaisnecessários<strong>HQ</strong> n°1Papel e caneta <strong>para</strong>todos(as)Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• O que é participaçãojuvenil?• Quais os espaços <strong>de</strong>participação existentes naescola? Como eles po<strong>de</strong>riamser ocupados, caso ainda nãoo sejam?• Quais os espaços <strong>de</strong>participação existentes nacomunida<strong>de</strong>? Como po<strong>de</strong>riamser ampliados?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas.Passo a passo• Peça que formem duplas e explique que, agora, eles receberão umahistória em quadrinhos que <strong>de</strong>verá ser lida pela dupla até a página 10.• Quando terminarem, aprofun<strong>de</strong> a leitura a partir das seguintesperguntas:1. Por que o Fábio é zoado pelos colegas da escola?2. Qual foi a proposta do professor Filé quando ele percebeu que <strong>de</strong>veriaabordar o tema da diversida<strong>de</strong> sexual em sala <strong>de</strong> aula?3. Qual foi a reação da turma? E a dos professores? E a dos pais e mães?4. O que aconteceu com o professor?5. Qual foi a proposta <strong>de</strong> alguns alunos? O que vocês acharam daproposta?6. O que vocês proporiam se estivessem no lugar <strong>de</strong>les?• Antes <strong>de</strong> prosseguir a leitura, explique que em todo o mundo existemmuitos(as) adolescentes e jovens que se organizam <strong>para</strong> propor mudanças


37em alguma situação que lhes digam respeito. No campo da prevenção aoHIV, por exemplo, vários adolescentes jovens <strong>de</strong>senvolvem ativida<strong>de</strong>s emsua escola ou em sua comunida<strong>de</strong>, sempre em parceria com a área dasaú<strong>de</strong>. É uma estratégia do Projeto Saú<strong>de</strong> e Educação nas Escolas (SPE),on<strong>de</strong> esta e outras histórias em quadrinhos (<strong>HQ</strong>) se inserem.• Peça que, novamente, formem duplas e que leiam a segunda parte dahistória observando, principalmente, como o grupo se organizou, comoresolveram as divergências <strong>de</strong> opinião e os conflitos internos. Solicite,também, que i<strong>de</strong>ntifiquem qual foi a estratégia que usaram <strong>para</strong> divulgaros resultados da pesquisa <strong>para</strong> os outros alunos.• Quando terminarem, peça que cada dupla apresente suas respostas eencerre explicando que ninguém nasce já pre<strong>para</strong>do <strong>para</strong> participar ou<strong>para</strong> lidar com os conflitos <strong>de</strong> opiniões e vonta<strong>de</strong>s. A comunicação, aargumentação e a negociação são aprendizados imprescindíveis <strong>para</strong> aparticipação nos espaços sociais e políticos.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaI<strong>de</strong>ias principais• A palavra “participar” significa “tomar parte <strong>de</strong>”. Po<strong>de</strong>mos tantoparticipar das origens do problema como das alternativas <strong>para</strong> solucionálo.A escola e as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são espaços <strong>de</strong> socialização e <strong>de</strong>aprendizagem e, portanto, locais privilegiados <strong>para</strong> a participação <strong>de</strong>adolescentes e jovens em ações preventivas.• A participação é a essência da <strong>de</strong>mocracia. Além disso, é um direitoque po<strong>de</strong> levar à conquista <strong>de</strong> muitos outros. O Estatuto da Criança e doAdolescente (ECA) é um exemplo: a sua criação em 1990 foi a primeiragran<strong>de</strong> conquista que contou com a participação e a mobilização <strong>de</strong>adolescentes e jovens <strong>de</strong> todo o país em torno <strong>de</strong> um objetivo comum.• Os espaços <strong>de</strong> participação juvenil existem e não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m doreconhecimento nem da autorização do mundo adulto. Os adolescentese os jovens constroem seus próprios modos <strong>de</strong> ocuparem os espaçossociais e políticos. Grêmios, bandas <strong>de</strong> música, teatro, associações juvenis,partidos políticos estão aí <strong>para</strong> provar que a participação juvenil é umarealida<strong>de</strong>.


38DicasAté alguns anos atrás, pensar em usar as <strong>HQ</strong>s, chamadas então <strong>de</strong>gibis, em sala <strong>de</strong> aula era, <strong>para</strong> muita gente, impensável. Nos dias <strong>de</strong> hoje,entretanto, cada vez mais a educação e a comunicação se aproximam mais,principalmente em se pensando na camada jovem da população. Claro queexistem <strong>HQ</strong>s totalmente ina<strong>de</strong>quadas <strong>para</strong> o trabalho na escola, mas, por outrolado, cada vez mais os teóricos argumentam em prol <strong>de</strong> novas tecnologiascomunicativas aplicadas à aprendizagem <strong>de</strong> crianças, adolescentes e jovens.O Núcleo <strong>de</strong> Educação e Comunicação da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo possuiuma página na internet em que se po<strong>de</strong>m acessar vários textos interessantese inovadores sobre essa aproximação entre a educação e a comunicação,batizada por eles <strong>de</strong> educomunicação.Disponível em: .Oficina 5: A escola e os alunos: um diálogo possível ObjetivosDiscutir aimportânciada escola noaprendizado daconvivência e naconstrução <strong>de</strong> umacultura mais solidáriae criativa.MateriaisnecessáriosCaixa contendocartões com asletras A e E emigual quantida<strong>de</strong>.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• O que a escola precisa fazer<strong>para</strong> aumentar a participação<strong>de</strong> adolescentes e jovens nas<strong>de</strong>cisões escolares?• Que argumentos vocêsusariam <strong>para</strong> convenceros(as) educadores <strong>de</strong> que aparticipação <strong>de</strong> adolescentese jovens po<strong>de</strong>ria ser umasolução <strong>para</strong> diversasdificulda<strong>de</strong>s que existem naescola?• Como a escola po<strong>de</strong>riaapoiar os adolescentes ejovens em suas ações?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horasPasso a passo• Inicie a ativida<strong>de</strong>, lembrando-os que, até então, se discutiram váriosassuntos voltados <strong>para</strong> os direitos <strong>de</strong> adolescentes e jovens e <strong>para</strong> aparticipação dos alunos. Baseado em oficina elaborada por Marcos Ribeiro e Esméria Freitas.


39• Informe que, agora, a proposta é experienciar, na prática, uma situaçãoem que, numa escola fictícia, alguns alunos querem fazer uma proposta<strong>para</strong> os professores.• Peça que se sentem no chão formando um círculo e passe a caixinhacom cartões, com as letras A e E, solicitando que cada participante retireum cartão.• Peça que se levantem e que as pessoas que tenham a letra A, vão <strong>para</strong>a direita, e as que têm a letra E <strong>para</strong> a esquerda.• Explique que, os alunos que retiraram a letra A, farão o papel <strong>de</strong>estudantes <strong>de</strong> uma escola fictícia e os(as) que retiraram a letra E, farão opapel <strong>de</strong> um profissional da escola (professor, diretor, coor<strong>de</strong>nador etc.)<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula• Chame os que farão o papel <strong>de</strong> alunos ao lado e explique que <strong>de</strong>verãoapresentar aos educadores uma proposta visando aumentar a participaçãodos alunos nas ativida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>cisões da escola. Po<strong>de</strong> ser, por exemplo,alguma ativida<strong>de</strong> que possibilite aos adolescentes e jovens discutirem umasituação <strong>de</strong> discriminação que aconteceu na escola ou, então, reivindicarum maior número <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s culturais nos finais <strong>de</strong> semana. Expliqueque eles terão 20 minutos <strong>para</strong> refletir.• Fale, agora, com os que farão o papel <strong>de</strong> educadores e explique que osalunos irão procurá-los <strong>para</strong> propor algumas mudanças na forma comoeles participam da escola. Peça que eles entrem no papel e que ajamcomo acreditam que um professor reagiria.• Quando os dois grupos estiverem pre<strong>para</strong>dos, peça que façam <strong>duas</strong> filas:a primeira com os que serão os alunos, e a segunda com os professores.Explique que cada um <strong>de</strong>verá fazer par com o que está ao seu lado eescolher um local na sala <strong>para</strong> conversarem. Terão <strong>de</strong> 10 a 15 minutos.• Ao final do tempo, abra uma roda <strong>de</strong> conversa e peça que contem comofoi sua experiência. Aprofun<strong>de</strong> a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre, explicando que, no Brasil, adolescentes e jovens semprepartici<strong>para</strong>m <strong>de</strong> ações votadas <strong>para</strong> mudanças sociais e políticas. Asformas e os espaços <strong>de</strong> participação variam <strong>de</strong> geração <strong>para</strong> geração, <strong>de</strong>acordo com a época e com o perfil da população jovem.


40I<strong>de</strong>ias principais• Nos dias <strong>de</strong> hoje, existem vários espaços <strong>de</strong> participação juvenil:movimento estudantil (grêmios, diretórios, União Brasileira dos EstudantesSecundaristas (Ubes), União Nacional dos Estudantes (UNE), outros); nospartidos políticos; em entida<strong>de</strong>s sindicais ou associações profissionais; nosmovimentos sociais e comunitários; nos espaços <strong>de</strong> cultura arte e <strong>de</strong> lazerformando bandas musicais, grupos <strong>de</strong> teatro e dança <strong>de</strong> diferentes estilos,associações esportivas, grupos <strong>de</strong> skatistas, grafiteiros etc. No entanto nãobasta ocupar o espaço, é imperioso conhecer, estudar e se apropriar <strong>de</strong>discussões e expressar suas i<strong>de</strong>ias.• A participação ativa dos jovens em organizações sociais constitui umgran<strong>de</strong> passo na geração <strong>de</strong> mudanças em favor da igualda<strong>de</strong> entre aspessoas e, portanto, na construção <strong>de</strong> um mundo melhor.• A formação <strong>de</strong> um grêmio estudantil na escola po<strong>de</strong> ser um centroirradiador <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias, ações e <strong>de</strong> união entre os estudantes com vistasna participação em assuntos que são <strong>de</strong> seu interesse, <strong>de</strong>ntro e fora daUnida<strong>de</strong> Escolar. Permite, ainda, o exercício da participação e <strong>de</strong> umacidadania ativa.DicasNa internet há uma entrevista com René Silva, um jovem que aos 14 anos<strong>de</strong> ida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>alizou e organizou um jornal editado e produzido exclusivamentepor jovens. Ele conta a história sobre as origens da sua iniciativa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seucomeço como um projeto <strong>de</strong> escola estimulado pelos professores, até setornar um veículo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte voltado <strong>para</strong> comunida<strong>de</strong>. Comenta, ainda, aimportância do estímulo dos professores, e como a experiência em organizarum jornal o ensinou a superar as dificulda<strong>de</strong>s. Vale a pena dar uma olhada ecompartilhar impressões com seus alunos.Disponível em: .Sessão <strong>de</strong> cinemaApresentar um filme é sempre uma boa i<strong>de</strong>ia, pois, além <strong>de</strong> trazer situaçõesque po<strong>de</strong>m ter sido vivenciadas pelos adolescentes e jovens, permite queeles <strong>de</strong>senvolvam a crítica e apresentem suas opiniões e percepções semconstrangimentos.


41Vale reforçar, no entanto, que um filme, por si só, não traz respostas <strong>para</strong>as inquietações dos participantes. O i<strong>de</strong>al é pensar em uma ativida<strong>de</strong> emque esse material se encaixa. Alguns cuidados <strong>para</strong> se trabalhar com essesmateriais:• assistir ao filme antes;• levantar as questões que são abordadas e que po<strong>de</strong>m dar margem àdiscussão;• fazer um roteiro <strong>de</strong> perguntas que po<strong>de</strong>rá ser utilizado <strong>para</strong> estimular adiscussão;• fechar a discussão retomando as principais informações que foramabordadas no filme e as principais conclusões que surgiram durante o<strong>de</strong>bate.Esses mesmos procedimentos são recomendados <strong>para</strong> o uso pedagógico <strong>de</strong>músicas, poemas, textos literários etc.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaComo uma onda no ar / Rádio FavelaDuração: 92 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2002Conta a história <strong>de</strong> Jorge, Brau, Roque e Zequiel, quatro jovens negrosmoradores <strong>de</strong> uma favela <strong>de</strong> Belo Horizonte e amigos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância. Elescriam a Rádio Favela, que logo conquista os moradores locais ao abrir espaços<strong>para</strong> os interesses da comunida<strong>de</strong>.Pro dia nascer felizDuração: 88 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2006Documentário sobre as diferentes situações que adolescentes <strong>de</strong> 14 a 17anos, ricos e pobres, enfrentam <strong>de</strong>ntro da escola: a precarieda<strong>de</strong>, o preconceito,a violência. Mostra também as esperanças <strong>de</strong>sses e <strong>de</strong>ssas adolescentes quefrequentam escolas da periferia <strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro e Pernambuco.Crianças invisíveisDuração: 116 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2005São sete curtas que abordam <strong>de</strong> modo profundo a estreita relação entrea saú<strong>de</strong> e o contexto social. Seja coletando sucata nas ruas <strong>de</strong> São Pauloou roubando <strong>para</strong> viver em Nápoles e no interior da Sérvia, os filmes sãoprotagonizados por personagens infantis que lidam com uma dura realida<strong>de</strong>, naqual crescer muito cedo acaba sendo a única saída


43MóDULO 2Gênero e diversida<strong>de</strong> sexualComeço <strong>de</strong> conversaA Língua Portuguesa nos ensina que existem dois gêneros: o feminino eo masculino. Já as Ciências Biológicas, que as pessoas ou são homens ou sãomulheres, e o que <strong>de</strong>termina quem é um e quem é outro são os órgãos genitais.Partindo <strong>de</strong>sses dois princípios, neste módulo, a proposta é ir além. Ouseja, <strong>de</strong>sconstruir alguns significados rígidos e partir <strong>para</strong> uma visão <strong>de</strong> queexistem muitas formas <strong>de</strong> ser mulher e muitas formas <strong>de</strong> ser homem e que, aomesmo tempo, existem múltiplas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se manifestar os afetos e os<strong>de</strong>sejos. Aliás, se a humanida<strong>de</strong> é formada por seres plurais e diversos quantoà maneira <strong>de</strong> ser, sentir, raciocinar, agir e perceber a vida, e essa pluralida<strong>de</strong> ediversida<strong>de</strong> também se aplicam à forma como nos relacionamos afetivamentee/ou sexualmente com outras pessoas, não é mesmo?Então, <strong>para</strong> começar, é preciso i<strong>de</strong>ntificar o significado <strong>de</strong> três palavras, dasquais falaremos muito daqui <strong>para</strong> frente: sexo, gênero e sexualida<strong>de</strong>.O sexo traz uma marca forte da biologia, ou seja, quando falamos emsexo num sentido mais restrito, estamos falando <strong>de</strong> vários componentesbiológicos que diferenciam os homens e as mulheres. Em termos genéticos,os homens têm cromossomos XY e as mulheres XX; os hormônios femininossão o estrógeno e a progesterona, e o masculino é a testosterona; os órgãosgenitais masculinos e femininos – externos e internos – são diferentes. E épor meio <strong>de</strong>sse conjunto <strong>de</strong> características que, ao nascer, distinguimos asmeninas e os meninos.Quando falamos <strong>de</strong> gênero focalizamos as dimensões da cultura, dahistória, da política e da economia. Existem, sim, diferenças entre os sexos.Só que essas diferenças vão bem além <strong>de</strong> seus corpos. Várias das coisas quepo<strong>de</strong>mos ou <strong>de</strong>vemos fazer como homens e mulheres são ditas por nossosfamiliares, professores, profissionais da saú<strong>de</strong>, meios <strong>de</strong> comunicação. Assim,gênero se refere à forma como uma <strong>de</strong>terminada cultura diferencia as mulherese os homens, restringindo privilégios e po<strong>de</strong>res.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


44A sexualida<strong>de</strong> tem a ver com a busca do prazer e com nossas escolhase orientações. Quando falamos em sexualida<strong>de</strong> nos referimos não só ao atosexual, mas, também, a uma dimensão da vida humana que se constrói, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>o nascimento até a morte, no encontro entre o afetivo, o biológico e o social.Esse processo acontece <strong>de</strong> forma diferente em cada pessoa. Durante o<strong>de</strong>senvolvimento, algumas pessoas orientam essa busca por prazer e afeto<strong>para</strong> pessoas do outro sexo, outras <strong>para</strong> pessoas do mesmo sexo, outras ainda,<strong>para</strong> pessoas <strong>de</strong> ambos os sexos. O estudo da sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstra que nocorpo estão os modos como percebemos, sentimos, <strong>de</strong>finimos, enten<strong>de</strong>mos e,acima <strong>de</strong> tudo, praticamos os afetos e o sexo propriamente dito.Fonte: adaptado <strong>de</strong> (MEDRADO, 2007)..A partir <strong>de</strong>stes três conceitos, é possível perceber que não existe um modoúnico <strong>de</strong> relação, que supostamente fosse “natural”, “certo” ou “normal”, mas,ao contrário, as possibilida<strong>de</strong>s são inúmeras.Vamos em frente?A construção social dos gênerosAtualmente, o conceito <strong>de</strong> gênero é empregado <strong>para</strong> indicar que as formas<strong>de</strong> ser homem ou ser mulher em cada socieda<strong>de</strong> não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m apenas dosexo <strong>de</strong> nascimento <strong>de</strong> cada pessoa. Depen<strong>de</strong>m também das experiências <strong>de</strong>socialização que ocorrem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância na família, na escola, nos serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, nos meios <strong>de</strong> comunicação ou em outros espaços <strong>de</strong> convívio social.Nesse sentido, gênero se refere ao conjunto <strong>de</strong> relações, atributos, papéis,crenças e atitu<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>finem o que significa ser mulher ou homem em uma<strong>de</strong>terminada cultura e socieda<strong>de</strong>. E não só isso. Essa construção é, muitasvezes, responsável, por exemplo, por algumas situações que dizem respeito àsaú<strong>de</strong> <strong>de</strong> homens e mulheres. Um exemplo: quando verificamos as estatísticassobre as causas <strong>de</strong> morte na adolescência e juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>scobrimos que osmeninos morrem mais <strong>de</strong>vido a aci<strong>de</strong>ntes e situações <strong>de</strong> violência externa. E,uma razão importante a ser consi<strong>de</strong>rada <strong>para</strong> o entendimento <strong>de</strong>sses números,é que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> crianças, espera-se que os meninos não levem <strong>de</strong>saforo <strong>para</strong>casa, estabeleçam uma relação <strong>de</strong> competição com os seus pares e provemsua virilida<strong>de</strong> 24 horas por dia.Ou seja, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Ida<strong>de</strong> da Pedra, construiu-se a i<strong>de</strong>ia do homem como “machocaçador”, naturalmente forte, viril e heterossexual. A partir <strong>de</strong>ssa concepção,


4ainda tem muita gente que espera que todos os homens se comportem <strong>de</strong>ssamaneira. Os tempos mudaram e, hoje, tanto as mulheres quanto os homenspo<strong>de</strong>m criar suas próprias i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s reafirmando, negando ou contestando osvalores existentes em suas culturas e socieda<strong>de</strong>s. Reconhecer essa construçãoé indispensável <strong>para</strong> proporcionar instrumentos <strong>de</strong> emancipação tanto <strong>para</strong> asmulheres quanto <strong>para</strong> os homens.A escola e, em particular, a sala <strong>de</strong> aula, é um lugar privilegiado <strong>para</strong> oreconhecimento <strong>de</strong>ssa pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> comportamentos. Daí,sua importância na discussão sobre as diferenças e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s em umaperspectiva crítica e problematizadora, questionando-se, por exemplo, as relações<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, as hierarquias sociais opressivas e os processos <strong>de</strong> inferiorização e <strong>de</strong>exclusão.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPara refletir!Ninguém discorda que homens e mulheres possuem diferenças biológicas,que po<strong>de</strong>m, inclusive, influenciar suas atitu<strong>de</strong>s e comportamentos. Isso nãosignifica, entretanto, que mulheres e homens tenham que atuar como sexosopostos, cuja marca principal seja a afirmação das diferenças na perspectivada <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>. As diferenças existem, mas não po<strong>de</strong>m ser transformadas em<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. A análise crítica das relações <strong>de</strong> gênero é um componente vitalda promoção da saú<strong>de</strong> e da prevenção, pois permite a construção <strong>de</strong> novaspossibilida<strong>de</strong>s na vida social, afetiva e sexual.Nas últimas décadas, a discussão sobre a igualda<strong>de</strong> 7 e a equida<strong>de</strong> <strong>de</strong>gênero 8 está cada vez mais presente no sistema escolar e nas políticas públicas<strong>de</strong> educação brasileira. O reconhecimento <strong>de</strong> que as diferenças existem, mas quenão po<strong>de</strong>m se transformar em <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, é um fator essencial na garantiada inclusão, da promoção da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s e no enfrentamento<strong>de</strong> toda sorte <strong>de</strong> preconceito, discriminação e violência, especialmente no quese refere a questões <strong>de</strong> gênero e sexualida<strong>de</strong>.7 A igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero assenta no pressuposto que todos os seres humanos são livres <strong>para</strong> fazeremescolhas e <strong>de</strong>senvolver as suas capacida<strong>de</strong>s pessoais, sem as limitações estabelecidas pelos papéis <strong>de</strong>gênero socialmente estereotipados. Desta forma, os diferentes comportamentos, objetivos e necessida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> mulheres e homens <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados e, igualmente valorizados.8 A equida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero diz respeito a universalida<strong>de</strong> e a igualda<strong>de</strong> entre os cidadãos e cidadãs. Requerestratégias distintas <strong>para</strong> a garantia dos direitos dos homens e das mulheres quando em situação <strong>de</strong>sigual,promovendo a justiça na atenção, sem privilégios ou preconceitos, visando assegurar a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>direitos.


46Diversida<strong>de</strong>s SexuaisSabemos que a humanida<strong>de</strong> é formada por seres diversos quanto à maneira<strong>de</strong> ser, sentir, pensar, agir e perceber a vida. Sabemos, também, que os rótulossociais rígidos sobre o que é ser homem e o que é ser mulher se flexibilizamcada vez mais, provando por A mais B que existem várias formas <strong>de</strong> ser homeme <strong>de</strong> ser mulher. Que bom!No entanto, no que diz respeito à diversida<strong>de</strong> sexual, ainda existe um longocaminho pela frente. Para muita gente, ainda é muito complicado aceitar queexistem várias possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> relacionar afetivamente e/ou sexualmente comoutras pessoas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do sexo. A heterossexualida<strong>de</strong> continua sendoconsi<strong>de</strong>rada, por muitos(as), como a única <strong>de</strong> referência possível <strong>de</strong> vivência dasexualida<strong>de</strong>.E, na escola, essa postura rígida se reflete a cada momento. Vários(as)professores/as relatam ser a homossexualida<strong>de</strong> um dos temas mais difíceis<strong>de</strong> serem trabalhados na escola. Os preconceitos ainda são muitos e, tal qualassinalado na <strong>HQ</strong> n°1, as resistências <strong>para</strong> a inclusão do tema no contextoescolar ainda são muito fortesÉ pecado.É perda <strong>de</strong> tempo.Não vai cair no vestibular.Não está previsto no projeto pedagógico da escola.Meu filho não está pre<strong>para</strong>do <strong>para</strong> essa discussão E, como um espaço <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cidadãos e cidadãs, cabe à escolatrabalhar a aceitação às diversida<strong>de</strong>s e pensar em estratégias <strong>de</strong> enfrentamentoa qualquer tipo <strong>de</strong> preconceito e discriminação. De acordo com a sociólogae especialista em educação e violência, Miriam Abromovay, “a violência dura,relacionada a armas, gangues e brigas, é visível. Já o preconceito na escola émuito mais difícil <strong>de</strong> perceber porque não existe diálogo. Isso é empurrado <strong>para</strong><strong>de</strong>baixo do tapete, o que impera é a lei do silêncio 10 ”. E nós não vamos <strong>de</strong>ixarque isso continue acontecendo, não é mesmo?Um bom jeito <strong>de</strong> iniciar essa proposta é por meio da compreensão <strong>de</strong> que apluralida<strong>de</strong>, a multiplicida<strong>de</strong> e a dinamicida<strong>de</strong> das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero e dasexpressões afetivo-sexuais são próprias dos processos <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> sujeitose i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s nas socieda<strong>de</strong>s contemporâneas e, também por isso, <strong>de</strong>vem sertratadas como direitos <strong>de</strong> todas as pessoas. A própria forma como as pessoas se Frases extraídas do <strong>HQ</strong> SPE n° 110 MEDRADO, 200.7


47referem às diversida<strong>de</strong>s sexuais como uma opção, necessita ser <strong>de</strong>sconstruída esubstituída por orientação.De maneira simplificada, po<strong>de</strong>-se afirmar que esse <strong>de</strong>sejo, ao direcionarse,po<strong>de</strong> ter como único ou principal objeto pessoas do outro sexo(heterossexualida<strong>de</strong>s), pessoas do mesmo sexo (homossexualida<strong>de</strong>s) ou<strong>de</strong> ambos os sexos (bissexualida<strong>de</strong>s). Todas no plural, pois são inúmeras edinâmicas suas formas <strong>de</strong> expressão e representação 11 .Vale lembrar que a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) não aceita quea homossexualida<strong>de</strong> seja consi<strong>de</strong>rada doença e, por isso, em 1990, excluiu-ado Código Internacional <strong>de</strong> Doenças (CID). Antes <strong>de</strong>la, em 1973, a AssociaçãoAmericana <strong>de</strong> Psiquiatria (APA) já havia retirado a homossexualida<strong>de</strong> do Manual<strong>de</strong> Diagnóstico e Estatística <strong>de</strong> Distúrbios Mentais.No Brasil, os Conselhos Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Medicina (<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1985) e <strong>de</strong> Psicologia(<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999) não consi<strong>de</strong>ram a homossexualida<strong>de</strong> como doença, distúrbio ouperversão. Diz a Resolução do Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Psicologia nº 1 <strong>de</strong> 1999: Art.2º “Os psicólogos <strong>de</strong>verão contribuir, com seu conhecimento, <strong>para</strong> uma reflexãosobre o preconceito e o <strong>de</strong>saparecimento <strong>de</strong> discriminações e estigmatizaçõescontra aqueles comportamentos ou práticas homoeróticas”.Reforçando: vivemos um tempo <strong>de</strong> mudanças e <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios. Cabe, então,aos educadores<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulao reconhecimento da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se adotarem medidas que transformema escola brasileira em uma instituição à altura dos <strong>de</strong>safios postos por essastransformações e, por conseguinte, em um ambiente seguro e efetivamenteeducativo <strong>para</strong> todas as pessoas que nele circulam, convivem e interagem,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> gênero, orientação sexual, cor, raça, etnia, religião,origem, ida<strong>de</strong>, condição física ou mental etc. 12 .Gêneros, Diversida<strong>de</strong>s e ViolênciasTodos os dias, infelizmente, várias são as situações <strong>de</strong> violência que ocorremem nosso país. Basta abrir as páginas do jornal ou assistir a um noticiário naTV <strong>para</strong> perceber que existem tipos e tipos <strong>de</strong> violência. No entanto, nestesveículos <strong>de</strong> comunicação, geralmente, merecem mais espaço os homicídios, ossequestros, as agressões físicas.11 CORSA/ECOS, 2008.12 HENRIQUES, 2007


48Existem outros tipos <strong>de</strong> violência que ficam <strong>de</strong> fora e, não raras vezes,acontecem o tempo todo e nem nos damos conta disso. Alguns autores 13assinalam a existência <strong>de</strong> um tipo específico <strong>de</strong> violência que, além das agressõesfísicas, fragiliza e limita a ação da gran<strong>de</strong> maioria da população, mas que, aindaassim, atingem mais as mulheres – principalmente as negras – e as pessoas cujaorientação sexual é diferente da heterossexual.Mesmo constando na Constituição Fe<strong>de</strong>ral do Brasil “que todos são iguaisperante a lei, sem distinção <strong>de</strong> qualquer natureza (...) e que é preciso promover obem <strong>de</strong> todos(as) sem preconceitos <strong>de</strong> origem, raça, sexo, cor, ida<strong>de</strong> e quaisqueroutras formas <strong>de</strong> discriminação”, muitas são as violências que ocorrem nocontexto escolar, como se po<strong>de</strong> perceber pelas <strong>de</strong>finições a seguir:Tipos <strong>de</strong> violênciaViolência psicológica – ação ou omissão <strong>de</strong>stinada a <strong>de</strong>gradar ou controlaras ações, comportamentos, crenças e <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> outra pessoa por meio <strong>de</strong>intimidação, manipulação, ameaça direta ou indireta, humilhação, isolamentoou qualquer outra conduta que implique prejuízo à saú<strong>de</strong> psicológica, àauto<strong>de</strong>terminação ou ao <strong>de</strong>senvolvimento pessoal.Violência moral – ação <strong>de</strong>stinada a caluniar, difamar ou injuriar a honraou a reputação <strong>de</strong> uma pessoa.Violência física – ação ou omissão que coloque em risco ou cause dano àintegrida<strong>de</strong> física <strong>de</strong> uma pessoa.Violência estrutural ou institucional – tipo <strong>de</strong> violência motivada por<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s (<strong>de</strong> orientação sexual, <strong>de</strong> gênero, étnico-raciais, econômicasetc.) predominantes em diferentes socieda<strong>de</strong>s. Essas dificulda<strong>de</strong>s se formalizame institucionalizam nas diferentes organizações privadas e aparelhos estatais,como também, nos diferentes grupos que constituem essas socieda<strong>de</strong>s.Violência patrimonial – ato <strong>de</strong> violência que implique dano, perda,subtração, <strong>de</strong>struição ou retenção <strong>de</strong> objetos, documentos pessoais, bens evalores.Fonte: Instituto Patrícia Galvão.Disponível em: .Vale reforçar que a escola representa <strong>para</strong> os alunos um contexto socialinquestionável em que, geralmente, os primeiros contatos afetivos e sexuais13 MEDRADO, 2007.


49acontecem, bem como os laços <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong> e <strong>de</strong> suporte. Por essa razão, osprofissionais da área precisam ficar atentos <strong>para</strong> as situações que ocorremno dia a dia e <strong>de</strong>senvolver, em conjunto com os adolescentes e jovens, açõesparticipativas voltadas <strong>para</strong> a solidarieda<strong>de</strong> e a não discriminação.Gêneros, Diversida<strong>de</strong>s e Direitos HumanosEm 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, base <strong>para</strong> a proteçãoe <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> todos e todas, foi aprovada por todos os países que compõem aOrganização das Nações Unidas (ONU). Praticamente todos os países do mundoestão associados às Nações Unidas, o que significa que eles aceitam e <strong>de</strong>vem sepautar nos artigos e princípios da Declaração. Mas nem sempre isso acontece.E aí, novamente, a escola assume um papel fundamental: o <strong>de</strong> asseguraro direito dos alunos e das alunas a uma educação articulada com as questões<strong>de</strong> gênero, étnico-raciais e <strong>de</strong> orientação sexual, objetivando estimular areflexão acerca das diversas formas <strong>de</strong> preconceito e discriminação em nossasocieda<strong>de</strong>.Dessa forma, correlacionando diferentes aspectos da diversida<strong>de</strong> humana, as<strong>HQ</strong>s e o CD-Rom <strong>Guia</strong> que compõem este material, propõem uma metodologiaparticipativa, em que adolescentes e jovens sejam vistos como sujeitos <strong>de</strong>direito, à parte suas diferenças.A educação <strong>para</strong> a diversida<strong>de</strong> – que propomos aqui – possibilita aos alunosa convivência social, cidadã e <strong>de</strong>mocrática, além <strong>de</strong> possibilitar o exercício daconvivência entre todas as pessoas. A convivência com a diversida<strong>de</strong> representagran<strong>de</strong>s oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizado. É um recurso pedagógico que favorecea busca por uma socieda<strong>de</strong> mais tolerante e mais justa.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDicasExistem vários documentos na internet voltados à educação <strong>para</strong> aigualda<strong>de</strong> e a diversida<strong>de</strong>. Todos eles tiveram a participação <strong>de</strong> vários atoressociais – governamentais e não governamentais – em sua construção. Po<strong>de</strong>mfacilitar a inclusão <strong>de</strong> ações e ativida<strong>de</strong>s na escola e facilitar a escolha <strong>de</strong>materiais educativos.Plano Nacional <strong>de</strong> Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais<strong>para</strong> Educação das Relações Etnico-raciais e <strong>para</strong> o Ensino <strong>de</strong> História eCultura Afro-brasileira e Africana.


50Disponível em: .Gênero e Diversida<strong>de</strong> Sexual na Escola: reconhecer diferenças e superarpreconceitos.Disponível em: .OficinasAs oficinas propostas neste módulo têm como base que a diversida<strong>de</strong> é anorma e não a exceção. Explicando melhor, apesar <strong>de</strong> a diversida<strong>de</strong> ser umacaracterística típica da condição humana, muitas vezes os homens e as mulheressão vistos como sujeitos que já nascem com <strong>de</strong>terminadas características e queelas são imutáveis. Por exemplo, a crença <strong>de</strong> que toda mulher é, por natureza,acolhedora e cuidadora; que <strong>de</strong>terminadas profissões só po<strong>de</strong>m ser exercidospor homens por eles serem mais fortes e racionais; que todos os homossexuaisenten<strong>de</strong>m <strong>de</strong> moda e estilo; que as mulheres negras são fogosas, e que oshomens negros são bons jogadores <strong>de</strong> basquete e futebol.Crenças como estas fazem parte <strong>de</strong> nossa cultura e, como não têmfundamento algum, acabam por limitar a vida das pessoas que fogem <strong>de</strong>ssemo<strong>de</strong>lo pre<strong>de</strong>terminado. São socialmente construídas e existem <strong>para</strong> justificaras relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma pessoa sobre a outra.Enfim, reconhecer e valorizar a diversida<strong>de</strong> humana é condição fundamental<strong>para</strong> uma ação educativa. Será este o <strong>de</strong>safio que professores, coor<strong>de</strong>nadorespedagógicos e diretores terão pela frente.Cada uma das oficinas <strong>de</strong>ste módulo foi criada com base nas <strong>HQ</strong>s SPE,principalmente, em algumas partes das revistas 1, 2 e 6. Assim em algumasdas oficinas, é preciso que as revistas estejam disponíveis <strong>para</strong> os alunos. Valea pena, também, antes <strong>de</strong> propor a ativida<strong>de</strong>, lê-las com cuidado e i<strong>de</strong>ntificarque situações parecidas com as das <strong>HQ</strong>s costumam acontecer na escola <strong>para</strong>,no aprofundamento, traçar alguns <strong>para</strong>lelos e buscar por soluções coletivas.Ao final <strong>de</strong> cada oficina, no quadro Dicas, sugerimos alguns materiaisimpressos e audiovisuais <strong>para</strong> aprofundamento das questões expostas pelomódulo.Bom trabalho!


51Oficina 1: A construção social dos gênerosObjetivoFacilitar acompreensão sobrea diferença entreos termos gênero esexo.Refletir sobre comoas normas sociais <strong>de</strong>gênero influenciama vida e osrelacionamentos <strong>de</strong>mulheres e homens.MateriaisnecessáriosFlip chartCaneta vermelha ever<strong>de</strong>Fita crepeQuadro ou sli<strong>de</strong>scom os conceitos<strong>de</strong> gênero e sexo.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• O que é ser uma mulher?• O que é ser um homem?• Como uma criançaapren<strong>de</strong> qual <strong>de</strong>ve ser ocomportamento <strong>de</strong> umamulher ou <strong>de</strong> um homem?• Em quais lugares e espaçosestão as mulheres? E oshomens?• Em que situações umaadolescente ou jovem se sentediscriminada pelo fato <strong>de</strong> sermulher?• Em que situações umadolescente ou jovem se sentediscriminado pelo fato <strong>de</strong> serhomem?TempoDuas horas<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Desenhe <strong>duas</strong> colunas e escreva, na primeira, a palavra MULHER.• Peça que formem trios e que façam uma lista <strong>de</strong> tudo o que vem à cabeçaquando escutam essa palavra.• Quando terminarem, peça que cada trio leia suas palavras e escreva-as nacoluna sem repetir as que já foram apontadas.• Escreva a palavra HOMEM na segunda coluna e solicite que, novamente,cada trio liste tudo o que lhes vem à cabeça quando escutam essa palavra.• Quando esgotarem as características, leia cada uma das <strong>duas</strong> colunas emvoz alta e peça que apontem, na coluna MULHER, quais são as característicasfemininas com origem na biologia, ou seja, uma menina já nasce com ela.Sublinhe essas palavras com a caneta ver<strong>de</strong>. Em seguida, faça a mesmapergunta, mas, agora, em relação a palavra HOMEM sublinhando aquelasque, na opinião do grupo, são naturais às pessoas do sexo masculino.• Apresente os sli<strong>de</strong>s ou o quadro com os conceitos <strong>de</strong> gênero e sexo.


52Sexo – refere-se aos atributos e características biológicas que i<strong>de</strong>ntificamuma pessoa como sendo homem ou mulher.Gênero – refere-se à forma como somos socializados, isto é, como asatitu<strong>de</strong>s, comportamentos e expectativas são formadas com base no quea socieda<strong>de</strong> atribui ao que é ser mulher ou ao que é ser homem. Essascaracterísticas po<strong>de</strong>m ser aprendidas na família, na escola, no grupo <strong>de</strong> amigosnas instituições religiosas, no espaço <strong>de</strong> trabalho, nos meios <strong>de</strong> comunicação.• Pergunte se, <strong>de</strong>pois da apresentação dos dois conceitos, as palavras queforam sublinhadas por fazerem parte da natureza do homem e da mulhercontinuam as mesmas. Caso, os alunos tenham mudado a compreensão doque é biológico <strong>para</strong> o que é socialmente construído, sublinhe as palavrascom a caneta preta.• Em seguida, releia as palavras que ainda não foram grifadas e, uma auma, <strong>de</strong>cida com os alunos se aquelas características são biológicas ouaprendidas. Sublinhe-as, <strong>de</strong> acordo com a opinião da maioria.• Ao final, tire as dúvidas retomando as características que tiveram maispolêmicas e abra <strong>para</strong> a discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.I<strong>de</strong>ias principais• Gênero se refere ao conjunto <strong>de</strong> relações, atributos, papéis, crençase atitu<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>finem o que significa ser mulher ou homem na vidasocial. Na maioria das socieda<strong>de</strong>s as relações <strong>de</strong> gênero são <strong>de</strong>siguaise <strong>de</strong>sequilibradas no que se refere ao po<strong>de</strong>r atribuído a mulheres ehomens.• Des<strong>de</strong> o nascimento, meninas e meninos <strong>de</strong>senvolvem uma forte noçãosobre as diferentes expectativas que a socieda<strong>de</strong> tem sobre como cada umdos sexos <strong>de</strong>ve se comportar e se relacionar com os outros. Geralmente,as meninas apren<strong>de</strong>m que, <strong>para</strong> ser valorizada, <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>licadas,obedientes e cuidar da aparência. Os meninos, por sua vez, apren<strong>de</strong>m queum homem <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> precisa ser forte e estar sempre no controle dassituações.• As i<strong>de</strong>ias socialmente <strong>de</strong>terminadas sobre o que é ser homem e o queé ser mulher chamam-se “normas <strong>de</strong> gênero”. São ensinadas, reforçadase legitimadas pelos pares, famílias, mídia e comunida<strong>de</strong>s por meio <strong>de</strong> umprocesso chamado socialização.


53• Por estereótipos, enten<strong>de</strong>mos uma generalização abusiva que distorcea realida<strong>de</strong>. Um exemplo é representar a mulher sempre como esposase mães, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando que elas trabalham, que não necessariamentese casam e que têm vida social ativa. Outro, é representar os homenssempre como chefes <strong>de</strong> família e incapazes <strong>de</strong> cuidar dos(as) filhos. Osestereótipos <strong>de</strong> gênero apresentam as diferenças entre o comportamento<strong>de</strong> homens e mulheres como se fossem qualida<strong>de</strong>s e fraquezas inerentes acada sexo, ou seja, <strong>de</strong> nascença, <strong>de</strong> natureza. Na verda<strong>de</strong>, essas situaçõessão resultantes do tipo <strong>de</strong> educação que se recebe, transmitida pelafamília, escola, meios <strong>de</strong> comunicação etc.• As <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> gênero se refletem nas leis, políticas e práticas sociais,assim como nas i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s, atitu<strong>de</strong>s e comportamentos das pessoas.Ten<strong>de</strong>m a aprofundar, também, as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais e econômicascontribuindo <strong>para</strong> a manutenção <strong>de</strong> contextos, atitu<strong>de</strong>s e comportamentosvioladores dos Direitos Humanos.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDicasA partir <strong>de</strong> 1990, a perspectiva <strong>de</strong> gênero passou ser mais incorporadapelo conjunto da socieda<strong>de</strong>. No caso da Educação, surgiram os ParâmetrosCurriculares Nacionais, que incluem as relações <strong>de</strong> gênero como um dostemas a serem contemplados, transversalmente, nas disciplinas do ensinofundamental e médio.No <strong>Guia</strong> <strong>de</strong> Formação <strong>de</strong> Profissionais da Saú<strong>de</strong> e Educação do SPE, naunida<strong>de</strong> Relações <strong>de</strong> Gênero, uma série <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s são sugeridas bem comoalgumas dicas <strong>de</strong> como planejar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho em grupos sobre otema e avaliá-las.Vale a pena dar uma olhada!Disponível em:.


54Oficina 2: Gêneros e Sexualida<strong>de</strong>sObjetivoRefletir sobre comoos padrões <strong>de</strong>gênero influenciama forma <strong>de</strong> mulherese homens seexpressarem e seprotegerem.Materiaisnecessários<strong>HQ</strong> n° 2 – Todasas Claudinhas doMundoQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bateParte 1• Quais as expectativas quea Claudinha tinha sobre suaprimeira relação sexual?• Que mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> mulherpassaram pela cabeçada Claudinha quando elaquis falar sobre o uso dacamisinha? O que ela fez?• Como é <strong>para</strong> umaadolescente pedir <strong>para</strong> oparceiro usar a camisinha?• Que receios elas costumamter?Parte 2• Quais as expectativasque o Capo tinha sobre suaprimeira relação sexual?• Que mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> homempassaram pela cabeça <strong>de</strong>lequando quis falar sobre ouso da camisinha? O que elefez?• Como é <strong>para</strong> umadolescente dizer <strong>para</strong> aparceira que vai usar acamisinha?• Que receios eles costumamter?• O que as histórias <strong>de</strong> Capoe Claudinha tinham emcomum? O que tinham <strong>de</strong>diferente?TempoAproximadamentetrês horas.Esta ativida<strong>de</strong>po<strong>de</strong> seraplicada emdois momentosdiferentes.Passo a passo• Peça que os alunos formem grupos mistos <strong>de</strong> quatro pessoas.• Distribua as <strong>HQ</strong>s n°2 e peça que leiam a primeira história: Todas asClaudinhas do Mundo.• Uma vez lida a história, em plenária, abra <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate a partir daprimeira parte das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.


55• Feita a discussão, solicite que voltem a seus grupos e lhes dê a seguintetarefa: construir a mesma história só que do ponto <strong>de</strong> vista do Capo, ou seja,pensando nos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> homem que lhe surgiram à cabeça quando pensouno uso da camisinha; se ele usou, ou não, o preservativo; e como foi <strong>para</strong> eleessa primeira experiência.• Quando terminarem, peça que cada grupo apresente suas conclusões e, apartir das questões da parte 2, abra <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.I<strong>de</strong>ias principais• Sexualida<strong>de</strong> é a expressão <strong>de</strong> nossos sentimentos, pensamentos ecomportamentos relacionados a ser homem e a ser mulher, que inclui sentirseatraído, seja em relação ao amor ou ao sexo. Tem a ver com a busca doprazer (que é um direito), com as escolhas afetivas e com as orientaçõessexuais (homo, bi e heterossexual).• Da mesma forma que o conceito <strong>de</strong> gênero, a sexualida<strong>de</strong> também seconstrói socialmente. As normas socioculturais sobre o corpo e a sexualida<strong>de</strong>são geralmente distintas <strong>para</strong> homens e mulheres. Em muitas culturas, asexualida<strong>de</strong> masculina é representada como impulsiva e incontrolável. Termuitas relações sexuais antes do casamento, por exemplo, é uma prova <strong>de</strong>virilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> os homens, bem como não se percebem como responsáveis empensar em contracepção. O mesmo não acontece <strong>para</strong> as mulheres em que amesma cultura exige sejam mais recatadas e responsáveis tanto por controlarseu próprio <strong>de</strong>sejo quanto pela contracepção.• Normas sociais rígidas como estas po<strong>de</strong>m gerar dúvidas e ansieda<strong>de</strong>s,interferindo na forma como meninas e meninos expressam sua sexualida<strong>de</strong> e,também, na dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se negociar o uso do preservativo na hora do sexo.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDicasNa página do Instituto Promundo, existem vários manuais que abordam asquestões <strong>de</strong> gênero, sexualida<strong>de</strong> e saú<strong>de</strong> reprodutiva. Essas publicações po<strong>de</strong>mser baixadas diretamente na página da instituição.Trabalhando com Mulheres Jovens: Empo<strong>de</strong>ramento, Cidadania e Saú<strong>de</strong>Disponível em http: //www.promundo.org.br/materiais%20<strong>de</strong>%20apoio/publicacoes/TrabalhandocomMulheresJovens.pdfTrabalhando com Homens Jovens – Saú<strong>de</strong> Sexual e ReprodutivaDisponível em: .


56Oficina 3: Diversida<strong>de</strong> SexualObjetivosPromover umareflexão sobre ahomossexualida<strong>de</strong>buscando sensibilizaros alunos <strong>para</strong>maior aceitação dadiversida<strong>de</strong> sexualhumana.Materiaisnecessários<strong>HQ</strong> n° 6Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Quais são as diferentesorientações sexuais?• Que tipo <strong>de</strong> preconceitoexiste em relação às pessoasque não são heterossexuais?Quais? Por quê?• Se um amigo lhe contassea você que sente atração porpessoas do mesmo sexo, oque você diria?• O que seria possível fazerna escola <strong>para</strong>, no mínimo,diminuir o preconceito ea discriminação contraaqueles que têm umaorientação sexual diferenteda heterossexual? E nacomunida<strong>de</strong>?TempoAproximadamenteDuas horasPasso a passo• Divida os alunos em grupos e explique que cada grupo será uma agência<strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> que estará disputando uma concorrência <strong>para</strong> fazer umagran<strong>de</strong> campanha.• Avise que o objetivo da campanha é <strong>de</strong>senvolver mensagens dizendo queé preciso que as pessoas aceitem e respeitem as diferenças .• Informe que terão 30 minutos <strong>para</strong> pre<strong>para</strong>r um spot <strong>de</strong> rádio <strong>de</strong> 30segundos. Após esse tempo, terão que apresentar a proposta <strong>para</strong> o cliente.• Explique que um spot é: “uma mensagem publicitária <strong>de</strong> aproximadamente30 segundos em que é necessário se trabalhar quatro elementos dalinguagem radiofônica: a voz, a música, o efeito sonoro e, eventualmente,o silêncio. Por se tratar <strong>de</strong> uma produção sonora (não envolve imagem,câmeras, gráficas etc.), a produção do spot é geralmente simples, rápida e<strong>de</strong> baixo custo. Mas isto não significa que não possa ser criativa” 14 .• Ao final do tempo, peça que cada grupo apresente sua proposta.• Quando terminarem, diga que você gostou muito das i<strong>de</strong>ias, mas que faltaalguma coisa.14 Disponível em: .


7• Proponha, então, que eles voltem aos grupos e que, terão mais 15minutos <strong>para</strong> reformular o spot, ou seja, não irão fazer um novo spot e, sim,acrescentar ou mudar algumas palavras.• Apresente o conceito <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> sexual e informe que a nova campanha<strong>de</strong>ve falar que é preciso as pessoas aceitarem e respeitarem a diversida<strong>de</strong>sexual e se posicionarem contra qualquer tipo <strong>de</strong> preconceito em relação àspessoas que tenham uma orientação sexual diferente da hetero.Diversida<strong>de</strong> sexual refere-se ao reconhecimento das diferentes possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> expressão <strong>de</strong> gênero e da sexualida<strong>de</strong> ao longo da existência dos sereshumanos. A aceitação da diversida<strong>de</strong> sexual varia <strong>de</strong> acordo com os costumes<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminada época e com o tipo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula• Após 15 minutos, peça que os grupos façam sua apresentação e que, emconjunto, escolham qual o spot que acharam mais criativo.• Distribua os <strong>HQ</strong>s n° 6 e peça que, em silêncio, leiam a primeira história:Cena <strong>de</strong> Cinema.• Quando terminarem, peça que, quem quiser, comente o que achou <strong>de</strong>mais interessante na <strong>HQ</strong>.• Quando ninguém mais se manifestar, abra uma roda <strong>de</strong> conversa eaprofun<strong>de</strong> a discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.I<strong>de</strong>ias principais• Existem muitas e variadas formas <strong>de</strong> ser homem ou ser mulher. Existem,também, diferentes formas <strong>de</strong> viver, <strong>de</strong> expressar a sexualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> amar,<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejar.• Sentir atração afetivo-sexual ou <strong>de</strong>sejar uma pessoa do mesmo sexo nãoé um erro da natureza, é apenas outra forma <strong>de</strong> expressão da sexualida<strong>de</strong>e da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar do ser humano. A homossexualida<strong>de</strong> (femininae masculina), a bissexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos os sexos, a transexualida<strong>de</strong> e atravestilida<strong>de</strong> não são <strong>de</strong>svios morais, perturbações mentais nem semvergonhice.Portanto, não cabe a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que é possível “curar” essasmanifestações <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong>.• A homossexualida<strong>de</strong> é a orientação sexual e afetiva em direção a pessoasdo mesmo sexo. Lésbicas, gays e bissexuais não optam por ser como são, da


58mesma forma que um heterossexual não escolhe sua condição afetivo-sexual.É uma característica espontânea, resultado <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> fatores. Sendoassim, não há como um homossexual fazer com que outra pessoa tenha amesma orientação sexual que ele/a. Só o próprio indivíduo conhece <strong>de</strong> fatoos seus <strong>de</strong>sejos, tendo a opção <strong>de</strong> vivenciá-los ou negá-los.• Transexuais são pessoas que têm i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero diferente do seusexo biológico e sentem como se tivessem nascido com o corpo trocado.Muitas pessoas transexuais <strong>de</strong>sejam fazer uma cirurgia <strong>para</strong> mudança<strong>de</strong> sexo. Travestis são as pessoas que têm sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> masculina efeminina acopladas. A/O travesti não <strong>de</strong>seja mudar <strong>de</strong> sexo e busca mantercaracterísticas <strong>de</strong> ambos os sexos.• Tudo o que foge aos padrões estabelecidos <strong>de</strong> masculinida<strong>de</strong> e<strong>de</strong> feminilida<strong>de</strong> é, muitas vezes, visto com estranhamento. É <strong>de</strong>sseestranhamento que surgem os preconceitos e, consequentemente, adiscriminação.DicasNa Unida<strong>de</strong> 4 do <strong>Guia</strong> <strong>para</strong> professores e profissionais da saú<strong>de</strong> do SPE– A sexualida<strong>de</strong> na vida humana – você encontra <strong>duas</strong> oficinas e textos <strong>de</strong>apoio (p.. 57 a 63) sobre a diversida<strong>de</strong> sexual.Disponível em:.O estudo Apontamentos sobre o atentar contra a própria vida, homofobiae adolescências, <strong>de</strong> Fernando Silva Teixeira Filho e Carina Alexandra RondiniMarretto, buscou investigar se o adolescente homossexual estaria maisvulnerável com<strong>para</strong>tivamente ao(à) adolescente heterossexual em relação aorisco <strong>de</strong> suicídio.Disponível em:.


59Oficina 4: A escola e a diversida<strong>de</strong> 15ObjetivosDiscutir e posicionarsediante dassituações <strong>de</strong>preconceito ediscriminação,buscando i<strong>de</strong>ntificarformas <strong>de</strong> enfrentaresse tipo <strong>de</strong> violênciana escola.MateriaisnecessáriosSala ampla, papel,lápis e tiras com asquatro situações.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Qual a situação que chamoumais a atenção? Por quê?• Quem daria uma respostadiferente a alguma dassituações apresentadas?Qual? Por quê?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Peça que os alunos se dividam em quatro grupos e informe que irãoreceber quatro situações fictícias, mas que po<strong>de</strong>riam ter ocorrido emqualquer escola. Elas e eles <strong>de</strong>verão ler a situação e discutir o que po<strong>de</strong>riamfazer caso aquele episódio acontecesse na escola.• Informe que terão <strong>de</strong> 20 a 30 minutos <strong>para</strong> discutir e cinco minutos <strong>para</strong>apresentar suas conclusões.• Sugira que escolham um(a) relator <strong>para</strong> tomar notas e apresentar a sínteseda discussão ao restante da turma.• Quando terminarem as apresentações, aprofun<strong>de</strong> a discussão a partir dasquestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre a ativida<strong>de</strong> afirmando que, diante das situações <strong>de</strong> preconceitoe discriminação, a escola tem um papel fundamental: o <strong>de</strong> ampliar adiscussão sobre a diversida<strong>de</strong> sexual e fazer do espaço <strong>de</strong> aprendizado umlocal <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong> cidadania, <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos, <strong>de</strong> matriz<strong>de</strong>mocrática, <strong>de</strong> respeito às particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada pessoa.I<strong>de</strong>ias principais 16• Segundo alguns autores, a escola é quase sempre um ambiente hostil<strong>para</strong> a população LGBT – lésbicas, gays, bissexuais e travestis e transexuais.Há risos provocados por piadas, agressões físicas e verbais. Eles são sempre15 Baseado em oficina elaborada por Marcos Ribeiro e Esméria Freitas.16 CORSA/ECOS, 2008.


60apontados <strong>de</strong> maneira negativa por conta <strong>de</strong> sua orientação sexual. Taiscomportamentos agressivos e violentos são fatores que levam muitos<strong>de</strong>sses alunos a abandonar a escola. Quando permanecem, não têm boaslembranças <strong>de</strong>sse período.• Cabe, também, aos adolescentes e jovens se organizarem e pensar emformas <strong>de</strong>, no mínimo, diminuir as situações <strong>de</strong> amedrontamento e gozaçãoque acontecem no cotidiano da escola e da comunida<strong>de</strong> em que vivem.Tiras com as situaçõesSituação 1Rodrigo, professor <strong>de</strong> matemática é gay. Tem um currículo exemplar, mas ao se apresentar naescola, <strong>para</strong> a entrevista com o diretor, ele ficou preocupado com a reação dos alunos e dasfamílias e resolveu não contratá-lo.Situação 2Maria e Gabriela são <strong>duas</strong> adolescentes que resolveram assumir sua homossexualida<strong>de</strong> naescola, e agora estão sofrendo muitos ataques preconceituosos. Ao ponto <strong>de</strong> ficarem isoladasnas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> recreio. A professora aconselhou a uma das meninas mudar <strong>de</strong> escola <strong>para</strong>que esse tipo <strong>de</strong> comportamento acabe.Situação 3Rubens e Álvaro moram juntos há bastante tempo, e resolveram adotar uma criança. Oprocesso não foi adiante porque eles são gays.Situação 4Um professor <strong>de</strong> inglês foi afastado da escola pública on<strong>de</strong> dava aulas por ter usado em sala <strong>de</strong>aula a letra da música I Kissed a Girl, da cantora Katy Perry, que fala <strong>de</strong> um beijo na boca entre<strong>duas</strong> garotas. Foi acusado <strong>de</strong> ter feito apologia à homossexualida<strong>de</strong>.DicaO ví<strong>de</strong>o Para que time ele joga? é um ótimo veículo <strong>de</strong> discussão sobre opreconceito e a discriminação na escola.Disponível em:Parte 1: .Parte 2: .Parte 3: .


61Oficina 5: Violência <strong>de</strong> GêneroObjetivosConceituar o queé violência <strong>de</strong>gênero e i<strong>de</strong>ntificarformas <strong>de</strong> seenfrentar situaçõessexistas, racistas ehomofóbicas.MateriaisnecessáriosFlip chartFita crepeTrês retângulos <strong>de</strong>papel <strong>para</strong> cadaaluno Barbante<strong>para</strong> construir umvaralPregadores <strong>de</strong>roupa ou clipsQuadro com asviolênciasTrês folhas <strong>de</strong> papelsulfite com os trêstítulos.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bateQual o tipo <strong>de</strong> violênciamais comum usado contraas mulheres pelo fato <strong>de</strong>lasserem mulheres?Qual o tipo <strong>de</strong> violênciamais comum usado contraos homens pelo fato <strong>de</strong> elesserem homens?Qual o tipo <strong>de</strong> violênciamais comum usado contra apopulação LGBT?Você acha que o homem po<strong>de</strong>ter algum papel na prevençãoda violência contra a mulher?Qual? Como?O que você apren<strong>de</strong>u comesta ativida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>ria seraplicada em sua própria vida?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Antes <strong>de</strong> começar a ativida<strong>de</strong>, organize três varais em um canto da sala.• Explique que a proposta <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> é falar sobre os diferentesaspectos <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> violência que tem por base as normas <strong>de</strong> gênero, ouseja, que acontece quando um homem ou uma mulher fogem do padrão <strong>de</strong>comportamento que a socieda<strong>de</strong> espera <strong>de</strong>le ou <strong>de</strong>la. Um exemplo comumé quando alguém manda uma mulher que está dirigindo um automóvelvoltar <strong>para</strong> o tanque.• Distribua três retângulos <strong>para</strong> cada participante, coloque o quadro com asquestões na pare<strong>de</strong> e explique que eles <strong>de</strong>verão escrever em cada retângulouma experiência <strong>de</strong> violência que teve na vida, <strong>de</strong> acordo com as seguintescaracterísticas:1. Violência que sofri pelo fato <strong>de</strong> ser homem ou mulher;2. Violência que presenciei contra uma pessoa não heterossexual;3. Violência que pratiquei contra alguém por ser <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado gêneroou ter uma orientação sexual diferente da minha.• Reforce que não é necessário que se i<strong>de</strong>ntifiquem e que, se possível,escrevam em letra <strong>de</strong> forma.


62• Enquanto eles escrevem, coloque as folhas com um dos títulos em cadaum dos varais.• Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>z minutos, peça que se levantem e que pendurem suasrespostas no varal correspon<strong>de</strong>nte. Quando todos(as) tiverem suasrespostas penduradas, peça que <strong>de</strong>em um passeio pelos varais e que leiamas diferentes respostas.• Peça que voltem <strong>para</strong> seus lugares e abra <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate a partir dasquestões.• Encerre, reforçando a importância da participação <strong>de</strong> adolescentes ejovens em propostas voltadas <strong>para</strong> a não-violência nas relações.I<strong>de</strong>ias principais• A ONU <strong>de</strong>fine violência <strong>de</strong> gênero como qualquer ato que resulta oupossa resultar em danos físicos, sexuais ou psicológicos ou outras formas <strong>de</strong>sofrimento, incluindo ameaças, coerção ou privação arbitrária da liberda<strong>de</strong>,seja no espaço público ou na vida privada. Esse tipo <strong>de</strong> violência se refereà praticada contra mulheres, homens e a população LGBT, uma vez quecontempla qualquer tipo <strong>de</strong> violência em que dinâmicas ou papéis <strong>de</strong> gênerocontribuem <strong>para</strong> que ela seja exercida.• A Associação Brasileira <strong>de</strong> Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis eTransexuais (ABGLT), juntamente com mais <strong>de</strong> 200 organizações afiliadas,espalhadas por todo o país, <strong>de</strong>senvolveram o Projeto <strong>de</strong> Lei n o 5.003/2001(que mais tar<strong>de</strong> gerou o Projeto <strong>de</strong> Lei da Câmara (PLC) n o 122/2006),que propõe a criminalização da homofobia. O projeto torna crime adiscriminação por orientação sexual e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero – equi<strong>para</strong>ndoessa situação à discriminação por raça, cor, etnia, religião, procedêncianacional, sexo e gênero, ficando o autor do crime sujeito a pena, reclusãoe multa.• Em agosto <strong>de</strong> 2006, o Presi<strong>de</strong>nte da República do Brasil sancionou a LeiMaria da Penha – Lei n o 11.340, que cria mecanismos <strong>para</strong> coibir a violênciadoméstica e familiar contra a mulher, com base no art. 226 da ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral e em documentos assinados em convenções internacionais. Essa Lei<strong>de</strong>termina a criação dos Juizados <strong>de</strong> Violência Doméstica e Familiar contra aMulher em nosso país. A Lei abrange as violências praticadas no âmbito dasrelações afetivas em geral, no ambiente doméstico – in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>vínculo familiar e no âmbito da família, compreendida como a comunida<strong>de</strong>formada por indivíduos que são ou se consi<strong>de</strong>ram aparentados, unidos porlaços naturais, por afinida<strong>de</strong>s ou por vonta<strong>de</strong> expressa.


63DicasAs Nações Unidas lançaram a campanha “Igual a você” contra o estigmae o preconceito no Brasil.Disponíveis em: ou .Sessão <strong>de</strong> CinemaAssunto <strong>de</strong> MeninasDuração: 98 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2001O filme se passa em um colégio interno on<strong>de</strong> <strong>duas</strong> garotas se apaixonamuma pela outra, mas tudo muda quando a irmã <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las <strong>de</strong>scobre esserelacionamento.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDesejos proibidosDuração: 96 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2000São três histórias envolvendo casais lésbicos <strong>de</strong> gerações e épocasdiferentes.Milk – A voz da igualda<strong>de</strong>Duração: 128 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2008O filme é baseado na história real do político <strong>de</strong> São Francisco Harvey Milk,o primeiro gay assumido a ser eleito <strong>para</strong> um cargo público nos Estados Unidos,o que motivou uma forte reação <strong>de</strong> homofobia.O segredo <strong>de</strong> Brokeback MountainDuração: 134 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2005Conta a história <strong>de</strong> dois jovens que se conhecem e se apaixonam em 1963,enquanto trabalham juntos em um serviço <strong>de</strong> pastoreamento <strong>de</strong> ovelhas. Ofilme relata o relacionamento emocional, sexual e romântico que eles mantêmdurante 20 anos.


64TransaméricaDuração: 103 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2005Uma transexual que <strong>de</strong>seja fazer a cirurgia <strong>para</strong> mudança <strong>de</strong> sexo <strong>de</strong>scobreque tem um filho. A história trata do convívio entre os dois durante umaviagem.


65Módulo 3Direitos sexuais e direitos reprodutivosComeço <strong>de</strong> conversaA adolescência e a juventu<strong>de</strong> são períodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas e <strong>de</strong>safios,<strong>de</strong> vivências e expectativas sociais diversas, presentes e concretas. Etapasfundamentais do <strong>de</strong>senvolvimento humano. Nesse sentido, o governobrasileiro apoia o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> ações que possibilitemaos/às adolescentes e jovens constituir seus projetos <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong>senvolver ascondições <strong>para</strong> o exercício da autonomia.E, venhamos e convenhamos, não é possível fazer isso sem garantir queos direitos humanos sejam respeitados, não é?Seja rico ou pobre, homem ou mulher, a ida<strong>de</strong> que se tem, todas aspessoas têm direito a ter uma opinião própria, a ter acesso à educação eà saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> viver livre <strong>de</strong> violência e discriminação. Direito, também, <strong>de</strong>viver a sexualida<strong>de</strong> com prazer – sem culpa, vergonha, medo ou coerção,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do estado civil, ida<strong>de</strong> ou condição física – e <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir livre eresponsavelmente se querem ou não ter filhos, o número e o espaçamentoentre eles, incluindo a informação e os meios <strong>de</strong> fazê-lo.No que diz respeito à Educação, a Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases da EducaçãoNacional (Lei n.º 9.394, <strong>de</strong> 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1996), a educação <strong>para</strong> asexualida<strong>de</strong> é prevista como um dos temas transversais a serem incluídos nosParâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em todas as áreas do conhecimento– do ensino fundamental ao ensino médio. Para serem efetivas, as açõescorrespon<strong>de</strong>ntes a este tema transversal <strong>de</strong>vem ser realizadas <strong>de</strong>forma contínua e articulada com o projeto pedagógico <strong>de</strong> cada escola.É necessário, também, que esse projeto tenha como base os Direitos Humanos,on<strong>de</strong> os Direitos Sexuais e os Direitos Reprodutivos se incluem.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


66Direitos HumanosUm dos documentos básicos das Nações Unidas, a Declaração Universal dosDireitos Humanos é consi<strong>de</strong>rada como o i<strong>de</strong>al comum a ser atingido por todosos povos e todas as nações. Visa que cada pessoa e cada setor da socieda<strong>de</strong> seesforcem, pelo ensino e pela educação, no sentido <strong>de</strong> promover o respeito a essesdireitos e liberda<strong>de</strong>s e, por meio <strong>de</strong> medidas progressivas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m nacional einternacional, <strong>de</strong> assegurar o seu reconhecimento e a sua observância.Direitos SexuaisIncluem o direito <strong>de</strong> viver a sexualida<strong>de</strong> com prazer, sem culpa, vergonha,medo ou coerção, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do estado civil, ida<strong>de</strong> ou condição física.Todas as pessoas têm direito <strong>de</strong> viver suas fantasias, <strong>de</strong> optar por ser ou nãosexualmente ativa, <strong>de</strong> escolher a hora em que terá relações sexuais e as práticasque lhe agradam, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que haja consentimento <strong>de</strong> ambas as partes (<strong>de</strong>s<strong>de</strong>que adultas). Escolher o parceiro sem discriminação, e com autonomia <strong>para</strong>expressar sua orientação sexual, se assim o <strong>de</strong>sejar, também é um direito <strong>de</strong>todo ser humano.Direitos ReprodutivosRelacionam-se ao direito básico <strong>de</strong> todas as pessoas <strong>de</strong>cidirem livre eresponsavelmente se querem ou não ter filhos e sobre o número e o espaçamento<strong>de</strong> tê-los, incluindo a informação e os meios <strong>de</strong> fazê-lo. Inclui o direito individual<strong>de</strong> homens e mulheres em <strong>de</strong>cidir sobre se querem ou não ter filhos, emque momento <strong>de</strong> sua vida e quantos filhos <strong>de</strong>sejam ter e com quem, livres<strong>de</strong> discriminação, coerção ou violência e com acesso a serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>qualida<strong>de</strong>. A participação <strong>de</strong> homens e mulheres com iguais responsabilida<strong>de</strong>sna criação dos filhos também faz parte <strong>de</strong>sses direitos.Fonte: Trabalhando com Mulheres Jovens: Empo<strong>de</strong>ramento, Cidadania eSaú<strong>de</strong>.Disponível em: .Entretanto, não dá <strong>para</strong> a escola fazer isso sozinha. Nem precisa.A efetiva implantação <strong>de</strong>sses temas na perspectiva dos Direitos Sexuais edos Direitos Reprodutivos (DSDR) exige ações intersetoriais. Isto significa sernecessário estabelecer uma articulação entre os agentes das políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>e educação. E é esta a proposta do Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas (SPE),on<strong>de</strong> as <strong>HQ</strong>s SPE e este <strong>Guia</strong> se inserem.


67Criado em 2003, o SPE visa reduzir a vulnerabilida<strong>de</strong> dos adolescentese jovens às doenças sexualmente transmissíveis, à infecção pelo HIV e àgravi<strong>de</strong>z, por meio <strong>de</strong> ações educativas <strong>de</strong> prevenção e ampliação do acesso<strong>de</strong>ssa população aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e aos insumos <strong>de</strong> prevenção. Consi<strong>de</strong>ra,também, que estas ações <strong>de</strong> promoção à saú<strong>de</strong> só serão efetivas adotando-seuma perspectiva <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>, em que as questões <strong>de</strong> gênero, <strong>de</strong> raça/etnia e adiversida<strong>de</strong> sexual estejam presentes todo o tempo.E, seguramente, requer a inclusão <strong>de</strong> adolescentes e jovens na discussãodas políticas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação, respeitando e consi<strong>de</strong>rando seus olhares,opiniões e propostas. Ou seja, como parceiros.Direitos Sexuais e Direitos ReprodutivosUma vez reconhecendo os Direitos Sexuais e os Direitos Reprodutivos comodireitos humanos, inclusive <strong>de</strong> adolescentes e jovens, cabe ao po<strong>de</strong>r públicoo compromisso <strong>de</strong> fornecer as informações necessárias <strong>para</strong> que elas e elespossam fazer suas escolhas e conhecer seus direitos. Cabe também facilitaro acesso <strong>de</strong> adolescentes e jovens aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, ao preservativo e<strong>de</strong>mais métodos contraceptivos – a anticoncepção <strong>de</strong> emergência, inclusive – eà testagem <strong>para</strong> o HIV.Uma questão crucial que não po<strong>de</strong> ser esquecida: é preciso investir emações que incluam adolescentes e jovens do sexo masculino. No que diz respeitoà saú<strong>de</strong> sexual e à saú<strong>de</strong> reprodutiva, via <strong>de</strong> regra, a escola e a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>partem do princípio <strong>de</strong> que eles não se interessam por essas questões, umavez que a reprodução, o planejamento reprodutivo e o cuidado dos filhos sãoatribuições e responsabilida<strong>de</strong>s exclusivas das mulheres. Em relação aos direitossexuais, por outro lado, é incomum se pensar que um jovem heterossexual,obviamente, não tenha esse direito. Portanto, pouco se fala a respeito disso.Esse olhar acaba por limitar os adolescentes e jovens do sexo masculino noexercício pleno <strong>de</strong> seus direitos sexuais e direitos reprodutivos.A Constituição <strong>de</strong> 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)são marcos em relação à <strong>de</strong>fesa dos direitos das crianças e dos adolescentesna construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>mocrática. No entanto, no tocante àsquestões relacionadas à sexualida<strong>de</strong>, o ECA possui um caráter <strong>de</strong> proteção, nãochegando a afirmar explicitamente os direitos sexuais e direitos reprodutivos dosadolescentes, ainda que garanta o atendimento no serviço público <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Detodo modo, alguns <strong>de</strong> seus mecanismos criam pressupostos fundamentais <strong>para</strong>que os direitos sexuais e direitos reprodutivos sejam assegurados na assistênciaà saú<strong>de</strong>, a saber:<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


681. o reconhecimento <strong>de</strong> adolescentes como sujeitos <strong>de</strong> direitos implica agarantia da privacida<strong>de</strong>, na preservação do sigilo e no consentimentoinformado como direitos invioláveis na assistência à saú<strong>de</strong>;2. a garantia do direito ao respeito, como inviolabilida<strong>de</strong> da integrida<strong>de</strong>física, psíquica e moral <strong>de</strong>sses sujeitos, e preservação da imagem,i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, autonomia, dos valores, das i<strong>de</strong>ias e crenças, da opinião eexpressão, dos espaços e objetos pessoais;3. a afirmação da natureza tutelar do direito à saú<strong>de</strong>, isto é, sua <strong>de</strong>finiçãocomo um direito cuja garantia exclui qualquer outra norma que prejudiqueo bem tutelado, neste caso, a saú<strong>de</strong>. Isso implica a inviolabilida<strong>de</strong> daprestação <strong>de</strong> qualquer atendimento em saú<strong>de</strong> necessário, mesmo dianteda ausência <strong>de</strong> familiar ou responsável legal.Esta última condição mostra-se particularmente importante na garantiada assistência em saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva, como nos casos <strong>de</strong>violência doméstica. Dessa forma, a exigência <strong>de</strong> presença <strong>de</strong> responsável noacompanhamento do adolescente ao serviço que possa afastá-lo e comprometero exercício do direito à saú<strong>de</strong> e à liberda<strong>de</strong> (autonomia e confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>)representa uma violação <strong>de</strong> direito, do direito à vida saudável.No que diz respeito à educação, o ECA também não faz nenhuma afirmaçãosobre a educação <strong>para</strong> a sexualida<strong>de</strong>. No entanto, em seu Art. 53., afirma quea criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua pessoa, preparo <strong>para</strong> o exercício da cidadania equalificação <strong>para</strong> o trabalho, assegurando-se-lhes: I – igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições<strong>para</strong> o acesso e permanência na escola; II – direito <strong>de</strong> ser respeitado porseus educadores; III – direito <strong>de</strong> contestar critérios avaliativos, po<strong>de</strong>ndorecorrer às instâncias escolares superiores; IV – direito <strong>de</strong> organização eparticipação em entida<strong>de</strong>s estudantis; V – acesso à escola pública e gratuitapróxima <strong>de</strong> sua residência 17 .Para refletir!A Lei nº 6.202/75, que regulamentou o Decreto nº 1.044/1969, estabeleceque a “gestante estudante” tem direito a receber o conteúdo das matériasescolares em casa a partir do oitavo mês <strong>de</strong> gestação e durante os três mesesapós o parto, po<strong>de</strong>ndo este período, <strong>de</strong> acordo com indicação médica, serprolongado. A prestação dos exames escolares é garantida por “regime <strong>de</strong>17 Disponível em: . Acesso em: 20 fev. 2010.


69exercícios domiciliares” e seu aproveitamento escolar po<strong>de</strong>rá ser aferido pormeio <strong>de</strong> trabalhos feitos em casa. Este direito precisa ser conhecido, divulgadoe cumprido pelas instituições escolares brasileiras.A Prevenção como um DireitoPara muitas pessoas, pensar que adolescentes e jovens têm o direito auma vida sexual prazerosa e a escolher se querem ou não ter filhos ainda émotivo <strong>de</strong> muita discussão e <strong>de</strong> muita polêmica. Direito a acessar os serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>sacompanhados e <strong>de</strong> receber insumos <strong>para</strong> a prevenção, então, nemse discute. Ainda há algumas famílias, profissionais da educação e da saú<strong>de</strong>que se posicionam veemente contra a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>, por exemplo, as escolasdisponibilizarem o preservativo. “Vai estimular o início sexual precoce”, dizemalguns. “As famílias irão nos processar e a Igreja irá nos exorcizar”, dizemoutros.Por outro lado, apesar <strong>de</strong> não existir nenhuma lei ou norma oficial queproíba a disponibilização <strong>de</strong> preservativos nas escolas e em outros equipamentossociais e culturais, adolescentes e jovens acabam por não ter seus direitosassegurados.Sabemos muito bem que, <strong>para</strong> se prevenir das <strong>DST</strong>s e do HIV, o preservativoprecisa ser utilizado em todas as relações sexuais. As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,estruturadas <strong>para</strong> acolher essa população, po<strong>de</strong>m assumir essa tarefa comoparte do atendimento integral à sua saú<strong>de</strong>. Mas, o acesso aos insumos <strong>de</strong>prevenção (camisinhas masculinas, camisinhas femininas e gel lubrificante) nãocabe só à Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Uma vez que o uso do preservativo é um dos principais pilares da resposta àaids no Brasil e, até hoje, é o único meio disponível <strong>de</strong> prevenção com tecnologiacomprovada <strong>para</strong> a proteção tanto das mulheres quanto dos homens o acesso aeste insumo precisa ser garantido <strong>de</strong> forma regular nos locais frequentados poradolescentes e jovens. Incluem-se, aí, a escola e outros equipamentos sociaisexistentes na comunida<strong>de</strong>.Para a professora Vera Paiva e colaboradores 18 , por exemplo, “é precisoencarar a prevenção como um ‘direito’”. Isso significa, inclusive, colocar em práticamedidas que facilitem o acesso aos insumos <strong>de</strong> prevenção. Portanto, só é possívelfazer um trabalho sério em prevenção acreditando-se que os adolescentes e jovenssão sujeitos <strong>de</strong> direitos, inclusive, os sexuais e reprodutivos.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula18 PAIVA, 2006a.


70Testagem <strong>para</strong> o HIVExiste, ainda, uma gran<strong>de</strong> polêmica envolvendo a oferta <strong>de</strong> testes <strong>de</strong> aids<strong>para</strong> adolescentes. De acordo com nota técnica <strong>de</strong> esclarecimento do Ministérioda Saú<strong>de</strong> o estímulo ao diagnóstico precoce da infecção pelo HIV é umapriorida<strong>de</strong> na política nacional <strong>de</strong> enfrentamento da epi<strong>de</strong>mia do HIV/aids. Odiagnóstico precoce da doença está relacionado à melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida daspessoas que têm o vírus.Do mesmo modo, “o acesso ao exame anti-HIV é um direito <strong>de</strong> todos oscidadãos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> sua ida<strong>de</strong>. (...) Todas as iniciativas <strong>de</strong> promoçãoda testagem anti-HIV são apoiadas pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejamrespeitadas questões como: autonomia sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> fazer o teste, sigilo econfi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> sobre o resultado” 19 .O Conselho Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Medicina, por meio do Ofício CFM n.º 2.797/1998,em resposta à solicitação do Programa Nacional <strong>de</strong> <strong>DST</strong>s e <strong>Aids</strong> do Ministérioda Saú<strong>de</strong>, exarou parecer lastreado nos dispositivos do Estatuto da Criança edo Adolescente, do Código <strong>de</strong> Ética Médica, da Convenção Internacional dosDireitos da Criança e na realida<strong>de</strong> epi<strong>de</strong>miológica e sociopsicológica brasileira,recomendando que:• quando se tratar <strong>de</strong> criança (0 a 12 anos incompletos), a testagem eentrega dos exames anti-HIV só <strong>de</strong>ve ser realizada com a presença dos paisou responsáveis;• quando for adolescente (12 a 18 anos), após uma avaliação <strong>de</strong> suascondições <strong>de</strong> discernimento, fica restrita à sua vonta<strong>de</strong> a realização doexame, assim como a participação do resultado a outras pessoas.Recomenda-se, <strong>para</strong> as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estímulo testagem neste grupo etário,a adoção <strong>de</strong> medidas adicionais no sentido <strong>de</strong> garantir ao(à) adolescente, seHIV posivito, em especial, acesso a suporte social e psicológico. O envolvimentoda família é, obviamente, <strong>de</strong>sejável, mas está condicionado à <strong>de</strong>cisão dopróprio adolescente. A testagem anti-HIV compõe o conjunto <strong>de</strong> estratégias <strong>de</strong>prevenção do SPE.Fonte: Marco Legal: Saú<strong>de</strong>, um Direitos dos Adolescentes.Disponível em: .19 Disponível em: . Acesso em: 20 fev. 2010.


71Direitos iguais <strong>para</strong> todas e <strong>para</strong> todos?Mesmo que no parágrafo primeiro do art. 2° da Declaração Universal dosDireitos Humanos 20 se afirme que “todas as pessoas têm capacida<strong>de</strong> <strong>para</strong> gozaros direitos e as liberda<strong>de</strong>s estabelecidos nesta Declaração sem distinção <strong>de</strong>qualquer espécie, seja <strong>de</strong> raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou <strong>de</strong>outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualqueroutra condição”, existem situações em que <strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> afetamas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que adolescentes e jovens exerçam seus direitos sexuais eseus direitos reprodutivos.Distintas condições socioeconômicas e culturais, quanto à raça/cor, gênero,relações <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r entre gerações e as discriminações pela orientação sexual,afetam as diferentes dimensões da vida social <strong>de</strong> adolescentes e jovens enecessitam <strong>de</strong> um olhar mais acurado e uma atenção mais específica.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaGêneroAs questões <strong>de</strong> gênero permeiam, sobremaneira, as questões relacionadasà saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva. A responsabilização cultural e social dasmulheres pela reprodução e pelo cuidado reflete as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rnas relações, expondo-as a riscos <strong>de</strong> infecções sexualmente transmissíveise a diferentes formas <strong>de</strong> violência que afetam sua saú<strong>de</strong>. Por outro lado, osadolescentes e jovens do sexo masculino não têm sido atendidos em suasnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> relacionadas à sexualida<strong>de</strong> e à reprodução. Na escola,por exemplo, muitas vezes os adolescentes não são reconhecidos comocorresponsáveis pela contracepção nem com os cuidados com as criançasquando forem pais. Nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, por sua vez, sequer sãopercebidos como usuários do serviço já que o próprio espaço sugere que é umlugar <strong>para</strong> mulheres e crianças.Raça e etniaSegundo o IBGE, os negros representam quase meta<strong>de</strong> da populaçãoadolescente. Apesar <strong>de</strong>ssa expressivida<strong>de</strong> populacional, a produção <strong>de</strong>informações e estudos sobre a vida sexual e reprodutiva <strong>de</strong>sse segmentopopulacional ainda é pífia. Do mesmo modo, poucos são os estudos que dãoconta <strong>de</strong> abordar as especificida<strong>de</strong>s da saú<strong>de</strong> sexual e da saú<strong>de</strong> reprodutiva das20 Disponível em: . Acesso em: 20 fev. 2010.


72225 etnias indígenas 21 que habitam nosso país. De maneira geral, a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>com base na raça/etnia tem relação direta com a vulnerabilida<strong>de</strong> social a queestão expostas diferentes populações e, portanto, precisam ser mais enfatizadaspolíticas públicas referentes à saú<strong>de</strong> e à educação.Diversida<strong>de</strong> sexualMesmo com as diferentes ações construídas pela socieda<strong>de</strong> civil eorganizações governamentais nos últimos anos, a livre expressão da sexualida<strong>de</strong>tem sido negada como um direito humano à população LGBT. A homofobia, alesbofobia e a transfobia 22 têm-se revelado como formas <strong>de</strong> violação <strong>de</strong> direitosno cotidiano das escolas, dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e da comunida<strong>de</strong>. Nesse sentido,ainda são necessários muitos avanços <strong>para</strong> se garantir que os direitos sexuaise direitos reprodutivos sejam respeitados. Debates sobre o tema na escolasão fundamentais. Além disso, é indispensável realizar intervenções imediatasquando situações <strong>de</strong> violência contra essa população, e todas as outras,acontecem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seus muros.Adolescentes em situação <strong>de</strong> privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>Para o adolescente ou jovem que cumpre uma medida socioeducativaem privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, na maioria das vezes, existe uma negação total <strong>de</strong>seus direitos sexuais e direitos reprodutivos. Pouquíssimos são os centros <strong>de</strong>internação do país que garantem o exercício da sexualida<strong>de</strong> pelo jovem privado<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, como, por exemplo, a visita íntima. Mesmo nas poucas instituiçõeson<strong>de</strong> a visita íntima foi regulamentada, existem vários requisitos formais taiscomo: ida<strong>de</strong> mínima <strong>de</strong> 18 anos, reconhecimento <strong>de</strong> casamento ou união estável,autorização dos pais, autorização do juiz, caso a visitante seja menor <strong>de</strong> 18anos, bom comportamento do jovem. Normalmente, também é necessário umtempo mínimo <strong>de</strong> internação, suficiente <strong>para</strong> que a equipe técnica – psicólogo,assistente social e educador/a – possa observar a frequência das visitas docompanheiro.Nos lugares on<strong>de</strong> a política <strong>de</strong> visita íntima é implementada, somentejovens do sexo masculino recebem suas companheiras do sexo feminino.Assim, a política só é válida <strong>para</strong> homens heterossexuais e discrimina tanto as21 Disponível em: . Acesso em: 14 jan. 2009.22 Homofobia é um termo utilizado <strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificar o ódio, aversão, a discriminação e sobretudo a violênciaem relação aos homossexuais. Em sentido amplo, engloba gays, lésbicas, travestis e transexuais. Mastambém se utilizam as palavras lesbofobia em relação às mulheres homossexuais que fazem sexo comoutras mulheres e transfobia, <strong>para</strong> se referir à discriminação em relação aos transexuais e travestis.


73meninas quanto os homossexuais. Assim, nos poucos estados brasileiros on<strong>de</strong> épermitida a visita íntima, não se leva em conta o direito à igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> homense mulheres, assim como <strong>de</strong> heterossexuais e homossexuais, <strong>de</strong>srespeitando-seo princípio da diversida<strong>de</strong>.Além disso, não é possível implantar uma política pública <strong>de</strong> visita íntimasem oferecer educação sexual contínua aos jovens e garantir seu direito à saú<strong>de</strong>sexual e reprodutiva.Adolescentes e jovens com necessida<strong>de</strong>s especiaisAssegurar o direito à saú<strong>de</strong> e aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong>reprodutiva aos adolescentes e jovens com <strong>de</strong>ficiência física e mental exigerupturas com os mitos e as práticas institucionalizadas <strong>de</strong> não reconhecimento<strong>de</strong>sta população como sujeitos <strong>de</strong> direito que vivem ou <strong>de</strong>sejam exprimir e vivera sexualida<strong>de</strong> e a reprodução como etapa natural do seu ciclo <strong>de</strong> vida. Muitas sãoas crenças acerca da sexualida<strong>de</strong> das pessoas com <strong>de</strong>ficiência, seja ela física oupsíquica, como o mito <strong>de</strong> que jovens e adolescentes com <strong>de</strong>ficiência não tenhamou não possam ter relações afetivas e vida sexual ativa. Essas crenças reafirmamo isolamento social <strong>de</strong>sses jovens e inibem o direito <strong>de</strong> viver e expressar suasexualida<strong>de</strong>, inclusive como dimensão fundamental <strong>de</strong> uma vida saudável.As escolas também po<strong>de</strong>m dar uma contribuição estratégica na inclusãosocial dos estudantes com <strong>de</strong>ficiências, lembrando, sempre, que elas e elestêm as mesmas necessida<strong>de</strong>s que todas as outras pessoas, <strong>de</strong> amarem e seremamados, <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e <strong>de</strong> serem respeitados.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaExploração sexual <strong>de</strong> adolescentes e jovensUma cruel expressão da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social, racial e <strong>de</strong> gênero no Brasilé a exploração sexual <strong>de</strong> adolescentes e jovens no território brasileiro. Umadas mais graves violações dos direitos humanos <strong>de</strong> adolescentes e jovens quetem impactos diretos sobre a saú<strong>de</strong> sexual e a saú<strong>de</strong> reprodutiva. A relaçãoentre exploração sexual e gravi<strong>de</strong>z na adolescência tem sido comprovada emdiferentes contextos, assim como os impactos sobre a saú<strong>de</strong> e a vida sexual<strong>de</strong>sses adolescentes, inclusive psíquicos, e outros agravos a uma vida futura.A violência sexual, física e psicológica também necessita ser enfrentada emsuas diversas faces. Cabe à escola, prevenir, monitorar e intervir em toda equalquer manifestação <strong>de</strong> exploração que possa acontecer no contexto escolare, aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dar o aporte necessário no que se refere à prevenção,ao tratamento e à recuperação <strong>de</strong> agravos resultantes da exploração sexual


74<strong>de</strong> adolescentes e jovens <strong>de</strong> ambos os sexos. Em situações como esta, aarticulação da escola e das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> com os Conselhos Tutelares éimprescindível!Adolescentes e jovens vivendo com o HIV e a aidsA epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> aids e seus índices entre a juventu<strong>de</strong> e adolescênciabrasileira representa um crucial campo <strong>de</strong> intervenção da saú<strong>de</strong> sexual eda saú<strong>de</strong> reprodutiva, seja no plano da prevenção como no da assistência epromoção da saú<strong>de</strong>. Como qualquer outro adolescente ou jovem, eles e elastêm direitos sexuais e direitos reprodutivos, incluindo o <strong>de</strong> receber orientação<strong>de</strong>talhada sobre o sexo seguro, evitando se reinfectar com o vírus ou infectaro parceiro. Necessitam, também, receber informações claras e atualizadassobre seus direitos reprodutivos, que incluem a autonomia <strong>para</strong> <strong>de</strong>cidir sequerem ou não ter filhos, a assistência quando há dificulda<strong>de</strong> <strong>para</strong> engravidar,o acompanhamento da gestação e do parto e o acesso aos meios necessários<strong>para</strong> prevenir a transmissão vertical 23 .Empo<strong>de</strong>ramento e DireitosA IV Conferência Internacional <strong>de</strong> População e Desenvolvimento, realizadaem 1994 no Cairo, e a IV Conferência Mundial sobre a Mulher, no ano seguinte,em Beijing, foram marcos <strong>de</strong>cisivos <strong>para</strong> mudanças nos enfoques sobre asexualida<strong>de</strong> e a reprodução. Tanto que, a partir daí, ocorreram várias mudançasem termos do como se trabalhar com esses temas na escola. Mudanças, aliás,até nas nomenclaturas e conceitos, originando os termos “saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong>reprodutiva” e “direitos sexuais e direitos reprodutivos”.Outro termo que surgiu foi o empo<strong>de</strong>ramento. Inicialmente, voltado mais<strong>para</strong> as meninas e mulheres, atualmente é muito utilizado <strong>para</strong> se trabalharcom adolescentes e jovens, <strong>de</strong> ambos os sexos, com o intuito <strong>de</strong> afirmar seusdireitos <strong>para</strong> a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sobre seu próprio corpo, sua saú<strong>de</strong>, suasubjetivida<strong>de</strong>, sua sexualida<strong>de</strong>, seu tempo, seu trabalho, seus recursos. Por serum processo complexo e multifacetado que requer mudanças e suporte envolvetrês dimensões:Individual: reconhecimento dos po<strong>de</strong>res internos, ampliando-os evivenciando-os como recursos próprios.23 Transmissão vertical é a situação em que a criança é infectada pelo vírus da aids durante a gestação, oparto ou por meio da amamentação.


75Relações próximas: <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> negociar einfluenciar no tipo, forma e condições nas quais se dá a relação, assim como emtodas as suas dimensões.Dimensão coletiva: se refere à mobilização, participação e ao fortalecimento<strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> pessoas, principalmente aquelas que, por uma razão ou outra, sãodiscriminadas.Cabe reforçar que, <strong>para</strong> que haja <strong>de</strong> fato um empo<strong>de</strong>ramento é precisoque essas três dimensões interajam. Ou seja, não é possível reconhecer-se compo<strong>de</strong>res internos sem que se <strong>de</strong>senvolvam habilida<strong>de</strong>s sociais <strong>para</strong>, por exemplo,comunicar a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> usar o preservativo em uma relação, ou, ainda, se nãotiver o acesso ao insumo <strong>de</strong> prevenção.A partir daí é que as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste módulo serão abordadas. Ashistórias da Cris e do Fábio serão a base do trabalho com os adolescentes ejovens em sala <strong>de</strong> aula ou em outros espaços <strong>de</strong> aprendizagem. A gravi<strong>de</strong>zna adolescência, a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação com os pais em relação a suaorientação sexual e o conhecimento e reconhecimento dos direitos sexuaise dos direitos reprodutivos serão vitais <strong>para</strong> estimularmos o respeito e aaceitação da diferença no contexto escolar.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDicasA publicação Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos: uma Priorida<strong>de</strong> doGoverno, do Ministério da Saú<strong>de</strong>, apresenta entre suas propostas e diretrizesa atenção à saú<strong>de</strong> sexual e à saú<strong>de</strong> reprodutiva <strong>de</strong> adolescentes e jovens.Tal priorida<strong>de</strong> consolida-se por meio da articulação entre as diversas áreasque envolvem o tema e norteia a formulação e a implementação <strong>de</strong> açõesrelativas à saú<strong>de</strong> sexual e à saú<strong>de</strong> reprodutiva dos adolescentes e jovens <strong>de</strong>ambos os sexos.Disponível em: .O Marco Teórico e Referencial: Saú<strong>de</strong> Sexual e Saú<strong>de</strong> Reprodutiva <strong>de</strong>Adolescentes e Jovens, é um documento que agrega e discute os marcoslegais nacionais e internacionais sobre saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva,bem como a garantia <strong>de</strong> direitos. O marco fundamenta-se na produção doconhecimento sobre saú<strong>de</strong> e sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adolescentes e jovens existenteno Brasil e no exterior e nas experiências políticas <strong>de</strong> muitos sujeitos sociais,


76com uma expressiva participação juvenil, cujos esforços têm se voltado <strong>para</strong>a garantia dos direitos <strong>de</strong> adolescentes e jovens no país.Disponível em: .OficinasOs direitos sexuais e os direitos reprodutivos são trabalhados, nestemódulo, a partir <strong>de</strong> reflexões e análise <strong>de</strong> situações vivenciadas por alguns dospersonagens da <strong>HQ</strong> SPE n° 3. Sugerem-se algumas ativida<strong>de</strong>s que facilitema construção conjunta <strong>de</strong> conhecimento dos adolescentes e jovens sobre osseus direitos, bem como sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>sconstruírem situações <strong>de</strong><strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>ixam, meninas ou meninos, mais vulneráveis à infecçãopelo HIV e à aids ou à gravi<strong>de</strong>z.Bom trabalho!Oficina 1: Saú<strong>de</strong> Sexual e Saú<strong>de</strong> ReprodutivaObjetivosI<strong>de</strong>ntificar osconhecimentos e asnecessida<strong>de</strong>s queadolescentes e jovenstêm em relação àsua saú<strong>de</strong> sexual ereprodutiva.MateriaisnecessáriosTiras <strong>de</strong> papel, fitacrepeCanetas, trêscartões com ainscrição: homens,mulheres, ambos.Sli<strong>de</strong>s ou quadrocom os conceitos<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual esaú<strong>de</strong> reprodutiva.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Como os adolescentes ejovens do sexo masculinolidam com sua saú<strong>de</strong>sexual? Que cuidados têmque ter?• Como as adolescentes ejovens do sexo femininolidam com sua saú<strong>de</strong>sexual? Que cuidados têmque ter?• Quem costuma tomar ainiciativa em falar sobrecontracepção? O meninoou a menina?• Quem costuma tomar ainiciativa em falar sobreprevenção às <strong>DST</strong>s eao HIV? O menino ou amenina?TempoAproximadamenteuma hora


77Passo a passo• Rapidamente, peça que o aluno diga o que lhe vier à cabeça, sem censura,quando escuta o termo saú<strong>de</strong> sexual. Escreva no quadro ou flip chart asrespostas em forma <strong>de</strong> palavras-chave, do lado esquerdo.• Em seguida, faça o mesmo com a palavra saú<strong>de</strong> reprodutiva.• Leia o resultado <strong>de</strong> cada coluna em voz alta e, em seguida, explique empalavras simples o significado <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual e reprodutiva, a partir doquadro abaixo, com<strong>para</strong>ndo-o com o que os alunos respon<strong>de</strong>ram.Saú<strong>de</strong> sexual é ...... <strong>de</strong>sfrutar e expressar sua sexualida<strong>de</strong>,sem risco <strong>de</strong> doenças sexualmentetransmissíveis e gestações não<strong>de</strong>sejadas.... é ter relações sexuais só com quem<strong>de</strong>sejamos, com responsabilida<strong>de</strong>, semque nos obriguem a tê-las por meio <strong>de</strong>pressão ou violência.... ter informações sobre suasexualida<strong>de</strong> na escola e outros meios <strong>de</strong>informação e... ter uma vida sexual agradável esegura, baseada na autoestima e naigualda<strong>de</strong> entre os gêneros.... ter relações em que haja o respeitoentre as <strong>duas</strong> partes, sem qualquer tipo<strong>de</strong> discriminação e violência.... valorizar a vida, as relações pessoaise a expressão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria dapessoa.Saú<strong>de</strong> reprodutiva é...... o estado <strong>de</strong> completo bem-estarfísico, mental e social e não meramentea ausência <strong>de</strong> doenças ou enfermida<strong>de</strong>sem todos os aspectos relacionados aosistema reprodutivo, suas funções eprocessos.... ter uma vida sexual segura esatisfatória... ter capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reproduzir e <strong>de</strong>cidirlivremente se e quando querem terfilhos e o espaçamento entre eles.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula• Assegure-se <strong>de</strong> que os alunos enten<strong>de</strong>ram as <strong>de</strong>finições e distribua <strong>duas</strong>tiras <strong>de</strong> papel <strong>para</strong> cada um.• Solicite que escrevam, na primeira tira, em uma ou <strong>duas</strong> palavras, quetipo <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> os adolescentes e jovens têm em relação a sua saú<strong>de</strong>sexual. Peça que colem suas tiras na pare<strong>de</strong>.• Em seguida, peça que façam o mesmo, mas, agora, pensando nasnecessida<strong>de</strong>s que os adolescentes e jovens têm em relação à sua saú<strong>de</strong>reprodutiva.


78• Depois que todas as tiras forem coladas, pergunte <strong>de</strong> uma em uma seaquela necessida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong> ao sexo feminino, ao masculino ou aosdois. Separe-as em três colunas diferentes à medida que eles <strong>de</strong>terminemquem tem essa necessida<strong>de</strong>, como exemplificamos no quadro abaixo.Masculino Masculino + Feminino Feminino• Depois <strong>de</strong> alguns minutos, em conjunto com os alunos, leia as necessida<strong>de</strong>sapontadas e abra a discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre explicando que tanto os homens quanto as mulheres são igualmenteresponsáveis pela contracepção, pelo uso constante do preservativo emtodas as relações sexuais. Desta forma, é preciso que as ações voltadas<strong>para</strong> a saú<strong>de</strong> sexual e a saú<strong>de</strong> reprodutiva contemplem tanto as meninasquanto os meninos.I<strong>de</strong>ias principaisTrazer o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual <strong>para</strong> a sala <strong>de</strong> aula favorece a discussãosobre a proteção e a prevenção como um direito. Ao mesmo tempo, fortaleceadolescentes e jovens no exercício <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> ser ou nãosexualmente ativo, <strong>de</strong> ter práticas sexuais mais seguras e na regulação dafecundida<strong>de</strong> <strong>para</strong> evitar uma gestação.A saú<strong>de</strong> reprodutiva requer condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e nutrição,proteção contra a violência e redução dos riscos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong>condições ocupacionais e ambientais em todas as faixas etárias. Muito embora oconceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> reprodutiva se aplique tanto aos homens quanto às mulheres,seu impacto é maior no caso das mulheres, o que implica priorizar ações erecursos <strong>de</strong> modo a reduzir os riscos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que afetam especificamente asmulheres.Homens e mulheres têm o direito <strong>de</strong> ser informados e <strong>de</strong> ter acesso a métodoseficientes, seguros, permissíveis e aceitáveis <strong>de</strong> planejamento reprodutivo <strong>de</strong>sua escolha. Nos dias <strong>de</strong> hoje, entretanto, o preservativo – feminino e masculino– é consi<strong>de</strong>rado o método mais eficaz por evitar a gravi<strong>de</strong>z e a infecção pelas<strong>DST</strong>s e pelo HIV, o vírus da aids.


79Todas as pessoas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do sexo e orientação sexual, têm o direito àvivência e à expressão <strong>de</strong> sua sexualida<strong>de</strong>. O preconceito e a discriminação quesofrem as pessoas que têm uma orientação sexual diferente da heterossexualfaz com que muita gente ainda tenha dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer a sua sexualida<strong>de</strong>e afetivida<strong>de</strong> na socieda<strong>de</strong>. Existem diferentes formas <strong>de</strong> se relacionar e <strong>de</strong>se amar.Oficina 2: Nós temos DireitosMateriaisObjetivosnecessáriosConhecer os Papel e lápis/direitos humanos caneta, folhasenten<strong>de</strong>ndo-os gran<strong>de</strong>s, canetas,como instrumentos cola.<strong>para</strong> o exercício da Tiras com cadacidadania.um os DireitosSexuais e DireitosReprodutivos <strong>para</strong>cada grupo.Quadro ou sli<strong>de</strong>scom a <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> DireitosHumanos, DireitosSexuais e DireitosReprodutivos.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Quais são asresponsabilida<strong>de</strong>s da escolana garantia ao respeitoaos direitos sexuais edireitos reprodutivos <strong>de</strong>adolescentes e jovens(DSDR)?• Quais asresponsabilida<strong>de</strong>s dosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?• Quais asresponsabilida<strong>de</strong>s dos(as)adolescentes e jovens emrelação aos seus DSDR?• Os homossexuais e aslésbicas têm o direito <strong>de</strong> terfilhos(as)? E as pessoas quevivem com o HIV?• Como os(as) adolescentese jovens po<strong>de</strong>m contribuir<strong>para</strong> a divulgação dosDSDR no contexto escolar?E <strong>para</strong> a sensibilização <strong>de</strong>seus pares em relação àequida<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitos?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Inicie a oficina perguntando aos alunos(as) se já ouviram falar sobredireitos humanos. Se já, peça que relatem o que sabem a respeito, seja a<strong>de</strong>finição, seja alguns dos direitos inclusos no documento da ONU, <strong>de</strong> 1948.• Escreva, em forma <strong>de</strong> palavra-chave, as respostas à pergunta e apresentea <strong>de</strong>finição:


80Os direitos humanos são princípios fundamentais baseados em que todasas pessoas possuem dignida<strong>de</strong>, inerente à sua condição humana e que,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do sexo, raça, língua, nacionalida<strong>de</strong>, ida<strong>de</strong>, convicçõessociais, religiosas ou políticas, todos estão igualmente habilitados a gozar<strong>de</strong>sses direitos, todos são titulares <strong>de</strong> direitos humanos.• Explique, então, que da mesma forma que se criaram os conceitos sobresaú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva, também criou-se um conjunto <strong>de</strong> direitosindividuais e sociais que <strong>de</strong>vem interagir em busca do pleno exercício dasexualida<strong>de</strong> e reprodução humana.• Os direitos sexuais e os direitos reprodutivos se fundamentam no princípiobásico <strong>de</strong> equida<strong>de</strong>, justiça e liberda<strong>de</strong>. São consi<strong>de</strong>rados direitos humanos.Isto significa que todas as pessoas têm o direito a ter uma vida sexualprazerosa e protegida e escolher se querem ou não ter filhos.• Solicite que os alunos se subdividam em grupos <strong>de</strong> cinco ou seis pessoas edistribua <strong>duas</strong> folhas <strong>de</strong> papel, as tiras embaralhadas e a cola. Explique queas tiras se referem aos DSDR e que precisam ser organizadas se<strong>para</strong>ndo osdireitos sexuais dos direitos reprodutivos. Peça que, primeiramente, no altodas folhas, colem as tiras com os títulos e as <strong>de</strong>finições <strong>de</strong> direitos sexuaise direitos reprodutivos e, na sequência, separem os direitos <strong>de</strong> acordo como que acreditam ser os sexuais ou os reprodutivos.• Quando terminarem, apresente o quadro ou os sli<strong>de</strong>s com os DSDR e peçaque cada grupo observe quais foram os acertos e quais foram os erros.• Abra a discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre, enfatizando que todas as pessoas têm os mesmos direitos sexuaise direitos reprodutivos. Mesmo aquelas que vivem com o HIV e as que têmnecessida<strong>de</strong>s especiais também têm o direito ao prazer sexual e a ter ounão ter filhos.I<strong>de</strong>ias principais• Os direitos humanos são direitos fundamentais <strong>de</strong> todas as pessoas.São consi<strong>de</strong>rados fundamentais porque, sem eles, a pessoa não é capaz<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver e <strong>de</strong> participar plenamente da vida. O direito à vida, àalimentação, à saú<strong>de</strong>, à moradia, à educação, o direito ao afeto e à livreexpressão da sexualida<strong>de</strong> estão entre os direitos humanos fundamentais.


81• Os direitos sexuais e os direitos reprodutivos dizem respeito a muitosaspectos da vida: o po<strong>de</strong>r sobre o próprio corpo, a saú<strong>de</strong>, a liberda<strong>de</strong> <strong>para</strong>a vivência da sexualida<strong>de</strong>, a maternida<strong>de</strong> e a paternida<strong>de</strong>. Dizem respeito,antes <strong>de</strong> mais nada, aos acordos <strong>para</strong> a vida em socieda<strong>de</strong> e à cidadania.• Adolescentes e jovens têm o direito a obter informações sobre sua saú<strong>de</strong>sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva, bem como a acessar os meios e métodos queauxiliem a evitar uma gravi<strong>de</strong>z e a prevenir-se das doenças sexualmentetransmissíveis e do HIV/<strong>Aids</strong>, respeitando-se, inclusive, a sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong>escolha.• Por muito tempo, a contracepção foi vista como responsabilida<strong>de</strong> somenteda mulher. Não é mais assim, os homens <strong>de</strong>vem ser parceiros tanto nas<strong>de</strong>cisões sobre os métodos <strong>para</strong> evitar uma gravi<strong>de</strong>z quanto na prevençãoàs <strong>DST</strong>s e ao HIV/<strong>Aids</strong>.• É sempre melhor planejar antes e praticar sexo seguro, mas caso umarelação sexual <strong>de</strong>sprotegida aconteça, as pílulas <strong>de</strong> contracepção <strong>de</strong>emergência oferecem uma opção <strong>para</strong> se reduzir a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umagravi<strong>de</strong>z acontecer. A contracepção <strong>de</strong> emergência tem indicação reservadaa situações especiais ou <strong>de</strong> exceção, como por exemplo, em uma relaçãosexual sem uso <strong>de</strong> método contraceptivo, se o preservativo romper e emcaso <strong>de</strong> violência sexual.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaTirasDireitos reprodutivos – são os direitos básicos <strong>de</strong> todo casal e <strong>de</strong> toda pessoa escolhero número <strong>de</strong> filhos, o espaçamento entre um e outro; a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter filhos, <strong>de</strong>ter informação e meios <strong>de</strong> assim o fazer, gozando dos mais elevados padrões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>sexual e reprodutiva. Incluem os direitos:• De mulheres e homens, po<strong>de</strong>rem <strong>de</strong>cidir livre e conscientemente se querem ou nãoter filhos, em que momento <strong>de</strong> sua vida e quantos <strong>de</strong>sejam ter.• De tomar <strong>de</strong>cisões sobre a reprodução, livre <strong>de</strong> discriminação, coerção ou violência.• De homens e mulheres participarem com iguais responsabilida<strong>de</strong>s na criação dosfilhos.• De acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, durante todas as etapasda vida.• De adoção e tratamento da infertilida<strong>de</strong>.• De acesso aos meios, informações e tecnologias reprodutivas cientificamentetestadas e aceitas


82Direitos sexuais – são direitos humanos universais baseados na liberda<strong>de</strong> inerente,dignida<strong>de</strong> e igualda<strong>de</strong> <strong>para</strong> todos os seres humanos. Procuram garantir o direito <strong>de</strong>todas as pessoas <strong>de</strong>:• Viver a sexualida<strong>de</strong> sem medo, vergonha, culpa, falsas crenças e outros impedimentosà livre expressão dos <strong>de</strong>sejos.• Viver a sua sexualida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do estado civil, ida<strong>de</strong> ou condição física.• Escolher o parceiro sexual sem discriminações e com liberda<strong>de</strong> e autonomia <strong>para</strong>expressar sua orientação sexual.• Viver a sexualida<strong>de</strong> livre <strong>de</strong> violência, discriminação e coerção e com o respeito plenopela integrida<strong>de</strong> corporal do outro.• Praticar a sexualida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> penetração.• Insistir sobre a prática do sexo seguro <strong>para</strong> prevenir gravi<strong>de</strong>z não <strong>de</strong>sejada e asdoenças sexualmente transmissíveis, incluindo HIV e aidsDicasO livro Direitos Reprodutivos no Brasil, <strong>de</strong> autoria da advogada MiriamVentura, reúne, em linguagem acessível, a legislação brasileira relacionadaaos direitos sexuais e aos direitos reprodutivos.Disponível em: .O manual Anticoncepção <strong>de</strong> Emergência: perguntas e respostas <strong>para</strong>profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do Ministério da Saú<strong>de</strong>, respon<strong>de</strong> as questões maisfrequentes sobre essa forma <strong>de</strong> se evitar gravi<strong>de</strong>z.Disponível em: .A publicação Pessoa com Deficiência: Direitos Sexuais e Reprodutivosna Integralida<strong>de</strong> da Atenção reconhecendo o direito <strong>de</strong> qualquer pessoa auma vida sexual livre, segura e prazerosa, afirma que, no caso <strong>de</strong> pessoascom necessida<strong>de</strong>s especiais, o direito se sobrepõe à presença da <strong>de</strong>ficiência.Enfatiza, inclusive, que não existe distinção entre a sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoascom ou sem <strong>de</strong>ficiências. Todas são igualmente seres <strong>de</strong>sejantes e, portanto,sexuais.Disponível em: .


83Oficina 3: Histórias que acontecemObjetivosDiscutir umasituação <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>zna adolescênciae seus possíveis<strong>de</strong>sdobramentos navida <strong>de</strong> um jovem e<strong>de</strong> uma jovem.Materiaisnecessários<strong>HQ</strong> n°3 A vidacomo está e ascoisas como são.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Quais as opções que a Cristem agora que <strong>de</strong>scobriu queestá grávida?• De quem é a <strong>de</strong>cisão do quefazer da Cris ou do Fe?• O que é ser pai?• O que é ser mãe?• O que muda na vida <strong>de</strong> umamenina adolescente que temum filho?• O que muda na vida <strong>de</strong> ummenino que tem um filho naadolescência?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Divida o grupo em três subgrupos e distribua a <strong>HQ</strong>.• Solicite que leiam a história A vida como está e as coisas como são.• Conforme terminarem a leitura, peça a cada grupo <strong>para</strong> montar uma cenamostrando o que acontece após a ida da Cris e do Fe ao serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Informe que terão 30 minutos <strong>para</strong> compor a história e cinco minutos <strong>para</strong>apresentá-la.• Uma vez apresentadas as cenas, abra a discussão explorando assemelhanças e diferenças entre elas e os encaminhamentos que foramsugeridos <strong>para</strong> cada caso.• Aprofun<strong>de</strong> o <strong>de</strong>bate a partir das questões a serem respondidas.• Encerre pontuando que, da mesma forma que um casal tem que <strong>de</strong>cidirsobre ter ou não relações sexuais, também precisa conversar sobre formas<strong>de</strong> evitar uma gravi<strong>de</strong>z. Casais hetero e homossexuais também precisamcombinar o uso do preservativo <strong>para</strong> se prevenir das <strong>DST</strong>s e do HIV/<strong>Aids</strong>.I<strong>de</strong>ias principais 24• Des<strong>de</strong> que o mundo é mundo as mulheres engravidam na adolescência.Nossas bisavós, por exemplo, começavam a ter filhos aos 13 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.Assim, o termo gravi<strong>de</strong>z precoce existe não no sentido <strong>de</strong> risco físico, mas,24 Extraído e adaptado <strong>de</strong>: (HEILBORN, 2006; CAVASIN; ARRUDA, 1999).


84sim, <strong>de</strong> uma norma social que estabelece que, nos dias <strong>de</strong> hoje, existe umroteiro a ser seguido até uma gravi<strong>de</strong>z: estudar, se formar, trabalhar ...• Por outro lado, as atitu<strong>de</strong>s e os papéis claramente <strong>de</strong>signados a cada umdos gêneros, em nosso cenário cultural, tratam a gravi<strong>de</strong>z na adolescênciacomo uma questão exclusiva do universo feminino e a sexualida<strong>de</strong> comose acontecesse <strong>de</strong> forma “espontânea”. Assim, é pouco provável que umaprimeira relação sexual seja discutida ou pre<strong>para</strong>da.• Para se enten<strong>de</strong>r o fenômeno da gravi<strong>de</strong>z na adolescência, é precisoconsi<strong>de</strong>rar que ela ocorre <strong>de</strong>vido a uma série <strong>de</strong> fatores, tanto sociais como,também familiares e pessoais. Em muitos casos, está relacionada com afalta <strong>de</strong> informação e acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ou a discriminação queainda existe nas relações sociais vigentes, sobretudo em relação às meninaspobres e negras.• A gravi<strong>de</strong>z na adolescência é, ainda, um dos motivos <strong>para</strong> a evasãoescolar. Caberia, assim, uma reflexão sobre os projetos <strong>de</strong> vida que tantoas meninas quanto os meninos têm <strong>para</strong> si e, no caso <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z,garantir que elas e eles continuem seus estudos e continuem tecendo seusplanos <strong>de</strong> futuro, ajustando-os à vida a partir <strong>de</strong>ssa nova situação.• Do ponto <strong>de</strong> vista masculino, em nosso país, os adolescentes e osjovens do sexo masculino são pouco atendidos em suas necessida<strong>de</strong>srelativas à sexualida<strong>de</strong> e reprodução. Os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, muitas vezes,não estão pre<strong>para</strong>dos <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r a esse público. Da mesma forma, noque diz respeito à paternida<strong>de</strong>, os jovens pais, na maioria das vezes, sãovistos personagens com pouca presença e com parco po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.Poucos são os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong>m a população adolescentemasculina envolvendo-os no planejamento reprodutivo, no autocuidado enos cuidados com seus filhos.• A paternida<strong>de</strong> na adolescência ainda é um tema pouco explorado nasescolas e, quando é explorado, coloca o jovem pai, muitas vezes, comoirresponsável e inconsequente. Sem consi<strong>de</strong>rar, por exemplo, sua opinião,seus sentimentos e suas necessida<strong>de</strong>s. São poucas as ações na escola queenfatizam a responsabilida<strong>de</strong> dos meninos em relação à contracepção e aocuidado com as crianças.• Políticas centradas apenas na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> individual têmmenos sucesso do que aquelas que envolvem a compreensão sobre fatoresinstitucionais e macrossociais na construção da sexualida<strong>de</strong>. Cabe tanto àsescolas quanto aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> repensar suas posturas e promover aparticipação <strong>de</strong> adolescentes e jovens na busca pelos seus direitos.


85DicasO ví<strong>de</strong>o Estou Grávido! Com a voz o jovem pai apresenta a vivência dapaternida<strong>de</strong> entre rapazes cujas companheiras estão grávidas. Compõe-se <strong>de</strong>um conjunto <strong>de</strong> relatos <strong>de</strong> <strong>de</strong>z pais adolescentes e jovens resi<strong>de</strong>ntes em Recife,São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro. Destinado a trabalhos com homens e mulheresjovens, possibilita o <strong>de</strong>bate sobre o universo da gravi<strong>de</strong>z na adolescência naperspectiva do pai.Disponível em: Parte 1: .e Parte 2: .Oficina 4: O que você faria se ...<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaObjetivosDiscutir questõespolêmicas sobrea sexualida<strong>de</strong> e asaú<strong>de</strong> reprodutiva.MateriaisnecessáriosAparelho <strong>de</strong> som eum CD <strong>de</strong> músicaanimada, setebalões <strong>de</strong> ar, tiras<strong>de</strong> perguntasQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Adolescentes e jovenscostumam ter informaçõessobre os diferentes aspectos<strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong>reprodutiva?• As famílias costumam teressas informações?• Com quem conversam,quando têm uma dúvida?• Com quem não conversamquando têm uma dúvida? Porquê?• On<strong>de</strong> buscar maisinformações?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horasPasso a passo• Antes <strong>de</strong> iniciar a ativida<strong>de</strong> coloque <strong>de</strong> cinco a sete perguntas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>cada uma dos balões e encha-os <strong>de</strong> ar.• Solicite que os alunos se sentem no chão formando um único círculo.Depois, informe que vai colocar um CD e que vai passar, <strong>de</strong> mão em mão, umbalão com uma pergunta <strong>de</strong>ntro. Explique que essa pergunta diz respeitoa uma série <strong>de</strong> dúvidas que adolescentes e jovens costumam ter sobre suasaú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva.• Explique que, quando a música <strong>para</strong>r, a pessoa que ficou com o balão namão tem que estourá-lo, ler a pergunta e tentar respondê-la.• Se não souber, quem estiver à sua direita respon<strong>de</strong>. As outras pessoaspo<strong>de</strong>rão ajudar quando necessário.


86Sugestões <strong>de</strong> perguntas:1. O que você faria se um amigo seu <strong>de</strong> 18 anos dissesse que teve uma relaçãosexual com uma garota <strong>de</strong> 11 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiente auditiva?2. O que você faria se uma amiga sua contasse que estava grávida e que<strong>de</strong>cidiu que iria abortar ?3. O que você faria se um amigo seu <strong>de</strong> 13 anos dissesse que iria ao serviço<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> fazer um teste anti-HIV sem falar com o pai ou a mãe?4. O que você faria se uma amiga dissesse que gosta <strong>de</strong> meninas, mas quenão fala <strong>para</strong> ninguém <strong>de</strong> medo <strong>de</strong> ser expulsa da escola?5. O que você faria se um amigo dissesse que costuma bater na namoradae que ela gosta?6. O que você faria se uma amiga que vive com HIV dissesse que o maiorsonho da vida <strong>de</strong>la era ser mãe?7. O que você faria se visse na sua escola um grafite dizendo que asmulheres negras são mais fogosas que as brancas e, portanto, dão <strong>para</strong>todo mundo?• Uma vez respondidas as perguntas, peça que voltem a seus lugares eabra <strong>para</strong> discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre explicando que, nos dias <strong>de</strong> hoje, ainda existem diversas crençassobre a saú<strong>de</strong> sexual e a saú<strong>de</strong> reprodutiva. Muitas <strong>de</strong>ssas crençasadvêm do preconceito que existe em relação aos gêneros, raças/etnias,diversida<strong>de</strong>s sexuais, pessoas vivendo com HIV e aids e pessoas com<strong>de</strong>ficiência. Enfatize também que uma boa parte da população brasileira<strong>de</strong>sconhece algumas leis que protegem adolescentes e jovens e que,outras, conhecem estas leis, mas não as respeitam por questões moraisou religiosas. As leis existem <strong>para</strong> garantir os direitos das pessoas e, poresta razão, adolescentes e jovens necessitam conhecê-las <strong>para</strong> po<strong>de</strong>r seposicionar em situações em que haja discriminação e/ou preconceito.I<strong>de</strong>ias principais• No Brasil, <strong>de</strong> acordo com a lei nº 12.015 <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2009,consi<strong>de</strong>ra-se que um homem que mantém relações sexuais, mesmo queseja consensual, com uma menina com menos <strong>de</strong> 14 anos e com <strong>de</strong>ficiência


87comete um crime <strong>de</strong>nominado estupro <strong>de</strong> vulnerável. A pena <strong>de</strong> reclusão é<strong>de</strong> 8 (oito) a 15 (quinze) anos.Disponível em: .• O aborto está tipificado no Código Penal Brasileiro, datado <strong>de</strong> 1940, comoum tipo penal punível. O aborto legal no Brasil, só po<strong>de</strong> ser realizado emdois casos: quando a gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> estupro ou quando coloca em riscoa vida da mulher. Mesmo assim, muitas mulheres optam pela interrupçãoda gravi<strong>de</strong>z correndo o risco <strong>de</strong> sequelas sérias e, inclusive, morte <strong>de</strong>vido àscondições que a ilegalida<strong>de</strong> da prática impõe.Disponível em: .• O acesso ao exame anti-HIV é um direito <strong>de</strong> todos os cidadãos e cidadãsbrasileiros in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da ida<strong>de</strong>. Todas as iniciativas <strong>de</strong> promoção datestagem anti-HIV são apoiadas pelo Ministério da Saú<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejamrespeitadas questões como: autonomia sobre a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> fazer o teste,sigilo e confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> sobre o resultado. No âmbito mundial, o Comitê<strong>de</strong> Direitos da Criança da Convenção Internacional dos Direitos da Criança– da qual o Brasil é signatário – afirma que garantir direitos ao adolescente(menor <strong>de</strong> 18 anos), nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da anuência <strong>de</strong>seus responsáveis, vem se revelando como elemento indispensável <strong>para</strong> amelhoria da qualida<strong>de</strong> da prevenção, assistência e promoção <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong>.O envolvimento da família é, obviamente, <strong>de</strong>sejável, mas está condicionadoà <strong>de</strong>cisão do(a) próprio(a) adolescente.Disponível em: .• A Lei nº 11.340, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2006, mais conhecida com Lei Mariada Penha, em seu Art. 2 o estabelece que:<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaToda mulher, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> classe, raça, etnia, orientação sexual,renda, cultura, nível educacional, ida<strong>de</strong> e religião, goza dos direitosfundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas asoportunida<strong>de</strong>s e facilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> viver sem violência, preservar sua saú<strong>de</strong>física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social.Disponível em: .• Esta mesma lei criou mecanismos <strong>para</strong> coibir a violência doméstica efamiliar contra a mulher. De acordo com seu Art. 5 o “configura-se violênciadoméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada nogênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológicoe dano moral ou patrimonial”.Disponível em: .


88• Adolescentes e jovens vivendo com HIV e aids, como qualquer outroadolescente ou jovem, têm direitos sexuais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que consensuaise protegendo o parceiro. Do mesmo modo, os direitos reprodutivosdos adolescentes e jovens vivendo com HIV <strong>de</strong>vem ser reconhecidos eresponsavelmente atendidos. Devem receber informações sobre riscos <strong>de</strong>infecção, transmissão vertical (da mãe <strong>para</strong> o filho), método e eficácia <strong>de</strong>sua prevenção e o estado atual das técnicas <strong>de</strong> reprodução assistida, emtermos <strong>de</strong> resultados e <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> acesso.• O racismo, no Brasil, é consi<strong>de</strong>rado um crime inafiançável e imprescritível,sujeito à pena <strong>de</strong> reclusão, nos termos da Lei n o 7.716, <strong>de</strong> 5/1/89.Disponível em: .DicasSecretaria Especial <strong>de</strong> Políticas <strong>de</strong> Promoção da Igualda<strong>de</strong> Racial(Seppir)Tem como missão o estabelecimento <strong>de</strong> iniciativas contra as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>sraciais no País. Seus principais objetivos são:1. promover a igualda<strong>de</strong> e a proteção dos direitos <strong>de</strong> indivíduos e gruposraciais e étnicos afetados pela discriminação e <strong>de</strong>mais formas <strong>de</strong>intolerância, com ênfase na população negra;2. acompanhar e coor<strong>de</strong>nar políticas <strong>de</strong> diferentes ministérios e outrosórgãos do governo brasileiro <strong>para</strong> a promoção da igualda<strong>de</strong> racial;3. articular, promover e acompanhar a execução <strong>de</strong> diversos programas<strong>de</strong> cooperação com organismos públicos e privados, nacionais einternacionais;4. promover e acompanhar o cumprimento <strong>de</strong> acordos e convençõesinternacionais assinados pelo Brasil, que digam respeito à promoçãoda igualda<strong>de</strong> e combate à discriminação racial ou étnica;5. auxiliar o Ministério das Relações Exteriores nas políticas internacionais,no que se refere à aproximação <strong>de</strong> nações do continente africano.Disponível em: .


89Secretaria Especial <strong>de</strong> Políticas <strong>para</strong> as Mulheres (SEPM)A Secretaria Especial <strong>de</strong> Políticas <strong>para</strong> as Mulheres estabelece políticaspúblicas que contribuem <strong>para</strong> a melhoria da vida <strong>de</strong> todas as brasileirase que reafirmam o compromisso do Governo Fe<strong>de</strong>ral com as mulheres dopaís. Percorrendo uma trajetória transversal em todo o governo fe<strong>de</strong>ral, <strong>de</strong>modo a estabelecer parcerias com diversas instâncias governamentais, a SPMenfrenta as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e diferenças sociais, raciais, sexuais, étnicas e dasmulheres <strong>de</strong>ficientes.Disponível em: .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaSecretaria Especial <strong>de</strong> Direitos Humanos da Presidência daRepública (SEDH)Atua na articulação e implementação <strong>de</strong> Políticas Públicas voltadas <strong>para</strong>a proteção e promoção dos direitos humanos. As competências da SEDHincluem:1. prestar assessoria direta e imediata ao Presi<strong>de</strong>nte da República naformulação <strong>de</strong> políticas e diretrizes voltadas à promoção dos direitosda cidadania, da criança, do adolescente, do idoso e das minorias e à<strong>de</strong>fesa dos direitos das pessoas portadoras <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência e promoção<strong>de</strong> sua integração à vida comunitária;2. coor<strong>de</strong>nar a Política Nacional <strong>de</strong> Direitos Humanos, em conformida<strong>de</strong>com as diretrizes do Programa Nacional <strong>de</strong> Diretos Humanos (PNDH);3. articular iniciativas e apoiar projetos voltados <strong>para</strong> a proteção epromoção dos direitos humanos em âmbito nacional, tanto pororganismos governamentais, incluindo os po<strong>de</strong>res Executivo,Legislativo e Judiciário, como por organizações da socieda<strong>de</strong>; e4. exercer as funções <strong>de</strong> ouvidoria-geral da cidadania, da criança, doadolescente, da pessoa portadora <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência, do idoso e <strong>de</strong> outrosgrupos sociais vulneráveis.Disponível em: .


90Oficina 5: A história <strong>de</strong> FábioObjetivosInstrumentalizaros alunos noplanejamento <strong>de</strong>ações voltadas <strong>para</strong>sua participação emespaços sociais epolíticos.Materiaisnecessários<strong>HQ</strong> n°1 e n°3Quadro ou flip chartCanetasTiras com asperguntas <strong>para</strong>cada trioQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Que sugestões teríamosa dar <strong>para</strong> o Fábio e seusamigos <strong>para</strong>, no mínimo,diminuir a homofobia naescola?• Com quem mais o grupopo<strong>de</strong>ria contar tanto na escolacomo fora <strong>de</strong>la?• Quem seriam as pessoas e/ou instituições que dificultariaas ações do grupo? Por quê?• O que vocês apren<strong>de</strong>ramnessa ativida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>riamlevar <strong>para</strong> a própria vida?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horasPasso a passo• Recor<strong>de</strong> com os alunos que a primeira <strong>HQ</strong> n°1 se iniciava com o professorFilé contando uma situação vivenciada por um jovem, Fábio, que eradiscriminado por alguns alunos pelo fato <strong>de</strong> ser gay. Daí, o professor propõeum trabalho sobre a homossexualida<strong>de</strong> através da história e acabou por sertransferido.• Informe que, na segunda parte da <strong>HQ</strong> n°3, Vamos conversar?!, o Fábioreaparece com novas questões e necessida<strong>de</strong>s.• Solicite que formem trios e peça que leiam ou releiam a primeira parte da<strong>HQ</strong> n°1 – Perguntas e Respostas – e a segunda parte da <strong>HQ</strong> n°3 i<strong>de</strong>ntificandoinicialmente:1. O que aparece na história que po<strong>de</strong> fortalecer o Fábio na luta pelos seusdireitos sexuais?2. O que aparece na história que po<strong>de</strong> fragilizar o Fábio na luta pelos seusdireitos sexuais ?• Quando terminarem, divida o quadro em quatro colunas. Na primeira,escreva: Fortalezas e na terceira Fragilida<strong>de</strong>s. Solicite, então, que cada triorelate suas conclusões e coloque-as na coluna correspon<strong>de</strong>nte utilizandopalavras-chave.• Quando terminarem, peça que voltem aos trios e que respondam outras<strong>duas</strong> perguntas:


911. Pensando no Fábio e na diversida<strong>de</strong> sexual no Brasil, o que existe emtermos sociais e políticos que po<strong>de</strong>ria trazer maiores oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> <strong>para</strong> a comunida<strong>de</strong> LGBT (lésbicas, gays, bissexuais etransgêneros)?2. Pensando no Fábio e na diversida<strong>de</strong> no Brasil, quais seriam os obstáculossociais e políticos que po<strong>de</strong>riam dificultar que LGBT tivessem seus direitosrespeitados?• Escreva na coluna 2 a palavra Oportunida<strong>de</strong>s e na coluna 4 Obstáculos epeça que cada trio, novamente, relate as conclusões a que chegaram. Escrevaas conclusões, em forma <strong>de</strong> palavras-chave, nas colunas correspon<strong>de</strong>ntes.• Leia todas as conclusões e abra <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre, explicando que nesta ativida<strong>de</strong>, elas e eles apren<strong>de</strong>ram a utilizaruma ferramenta chamada FOFO ( Fortalezas, Oportunida<strong>de</strong>s, Fragilida<strong>de</strong>se Obstáculos), muito utilizada <strong>para</strong> se fazer um planejamento <strong>de</strong> uma<strong>de</strong>terminada ação em uma escola ou em um outro lugar. Explique que asfortalezas e fragilida<strong>de</strong>s dizem respeito a situações pessoais e do grupo <strong>de</strong>pertencimento (amigos, família, escola). Já as oportunida<strong>de</strong>s e os obstáculos,dizem respeito ao social, ou seja, as políticas contra ou a favor da homofobia,a posição <strong>de</strong> algumas instituições mais amplas como a igreja. Apresente ediscuta o conceito <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaI<strong>de</strong>ias principais• Quando se pensa em participação juvenil, é muito importante se ter claroque ela não acontece <strong>de</strong> um momento <strong>para</strong> outro nem <strong>de</strong> forma espontânea.Geralmente, surge a partir <strong>de</strong> um dado problema que atinge um <strong>de</strong>terminadogrupo. No caso da <strong>HQ</strong>, o dos homossexuais.• O empo<strong>de</strong>ramento é um processo por meio do qual pessoas que, pordiferentes razões, têm seus direitos violados, obtêm po<strong>de</strong>r e autorida<strong>de</strong><strong>para</strong>, por exemplo, superar e transformar as estruturas <strong>de</strong> discriminação<strong>de</strong> gênero e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social que vivenciam. Entretanto é preciso ficaratento <strong>para</strong> o tipo <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que esse conceito propõe. Não é po<strong>de</strong>r sobrenem o po<strong>de</strong>r contra, ou seja, o po<strong>de</strong>r em que uma pessoa domina a outra.• Em processos <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento busca-se superar essa noção limitadado po<strong>de</strong>r e ressaltar outras possibilida<strong>de</strong>s que tenham como base os direitosdas pessoas. Assim, surgem outros três tipos <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r.


921. Po<strong>de</strong>r <strong>para</strong>: é quando as pessoas se sentem como po<strong>de</strong>r <strong>para</strong> fazeralguma coisa, seja resolver seus problemas, compreen<strong>de</strong>r como se fazuma <strong>de</strong>terminada tarefa na escola ou apren<strong>de</strong>r uma nova habilida<strong>de</strong>.2. Po<strong>de</strong>r com: é quando os(as) adolescentes e jovens sentem-se fortalecidos,quando se organizam e se unem com seus pares a partir <strong>de</strong> um propósitocomum. Foi o que aconteceu, por exemplo, quando os alunos seorganizaram <strong>para</strong> fazer o jornal.3. Po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro: é a força que existe <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada pessoa. É a base daautoaceitação e do autorrespeito que se esten<strong>de</strong>, por sua vez, à aceitaçãoe ao respeito pelo outro como seu/sua igual.• Participar é, portanto, um processo <strong>de</strong> aprendizagem mútuo e estruturado.Os grêmios estudantis, as associações comunitárias, as organizações <strong>de</strong>jovens, são alguns dos espaços existentes <strong>para</strong> a busca da igualda<strong>de</strong> e daautonomia.DicasExistem várias organizações <strong>de</strong> jovens participando <strong>de</strong> ações voltadas<strong>para</strong> mudanças sociais e políticas. Destacamos <strong>duas</strong> <strong>de</strong>las.A Re<strong>de</strong> Sou <strong>de</strong> Atitu<strong>de</strong>, criada em 2003 pela ONG CIPÓ, é formada poruma turma que busca conhecer seus direitos <strong>para</strong> interferir e mudar suarealida<strong>de</strong>. Somos a Re<strong>de</strong> Sou <strong>de</strong> Atitu<strong>de</strong>, uma articulação nacional formadapor adolescentes e jovens <strong>de</strong> diversas regiões do país com o objetivo <strong>de</strong>monitorar as políticas públicas e influenciar o po<strong>de</strong>r público <strong>para</strong> a garantiados nossos direitos. Atuam em suas comunida<strong>de</strong>s, municípios e estados,analisando e relatando a realida<strong>de</strong> da infância e juventu<strong>de</strong> no Brasil.Saiba mais acessando: .A Revista Viração nasceu em março <strong>de</strong> 2003 com o objetivo <strong>de</strong> unirjovens e adolescentes <strong>de</strong> todo o Brasil em torno <strong>de</strong> princípios como a <strong>de</strong>fesados direitos humanos, a educação à paz, à solidarieda<strong>de</strong> entre os povos eà pluralida<strong>de</strong> étnica e racial. Mais que uma publicação, a revista possui umgran<strong>de</strong> diferencial: aqui, os jovens têm vez e voz. A galera po<strong>de</strong> opinar, darsugestões e colaborar fazendo reportagens, artigos e entrevistas. A Vira contaainda com o Conselho Editorial Jovem (o Virajovem), formado por jovens eadolescentes que se encontram uma vez por mês <strong>para</strong> avaliar as revistasimpressa e digital, propor pautas e discutir a realida<strong>de</strong> brasileira e mundial.Hoje existem Virajovens em cerca <strong>de</strong> 24 estados brasileiros .Saiba mais acessando: .


93Sessão <strong>de</strong> CinemaEra uma vez outra MariaDuração: 18 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2005Ví<strong>de</strong>o educativo que apresenta experiências comuns na vida <strong>de</strong> mulheresjovens e aborda assuntos como saú<strong>de</strong> sexual e reprodutiva, violência, gravi<strong>de</strong>z,maternida<strong>de</strong> e trabalho. Po<strong>de</strong> ser usado com mulheres e homens jovens ou comprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação que buscam novas formas <strong>para</strong> discutir asaú<strong>de</strong> e autonomia das mulheres jovens.Disponível em: .Minha Vida <strong>de</strong> JoãoDuração: 23 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2001Desenho animado, sem palavras, que conta a história <strong>de</strong> João, mostrando os<strong>de</strong>safios que ele enfrenta ao longo <strong>de</strong> seu processo <strong>de</strong> crescimento <strong>para</strong> tornarsehomem em nossa socieda<strong>de</strong>: o machismo, a violência familiar, a homofobia,as dúvidas em relação à sexualida<strong>de</strong>, a primeira experiência sexual, a gravi<strong>de</strong>zda namorada, uma doença sexualmente transmissível e a paternida<strong>de</strong>.Disponível em: .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaFilme 23 – JunoDuração: 96 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2007Conta a história <strong>de</strong> uma adolescente que engravida <strong>de</strong> seu vizinho e colega<strong>de</strong> escola. Eliminando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser mãe ou <strong>de</strong> apelar <strong>para</strong> um aborto, ajovem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> procurar um casal que queira adotar a criança quando ela nascer.


95Módulo 4Viver e conviver com o HIV e <strong>Aids</strong>Começo <strong>de</strong> conversaTodos nós apren<strong>de</strong>mos muito com o HIV e a aids. Só que ainda temosmuito que apren<strong>de</strong>r. Afinal, os conceitos e as práticas são dinâmicos e é preciso,sempre, reprocessar as informações e buscar por novos repertórios. E tudo isso,tendo como base o respeito aos Direitos Humanos.No que diz respeito à sexualida<strong>de</strong>, mesmo com todas as mudanças nasúltimas décadas, ainda existe muito tabu e muito preconceito. Porém umacoisa é certa: existe mais espaço <strong>para</strong> se externalizar as fantasias e os <strong>de</strong>sejos,propiciando maior visibilida<strong>de</strong> da diversida<strong>de</strong> nos diferentes contextos sociais,seja ela presencial ou virtual. Quando imaginaríamos que a diversida<strong>de</strong> sexualocupasse o espaço público como temos visto nas <strong>para</strong>das pela diversida<strong>de</strong>? Ouque o tema fosse discutido na escola a partir do olhar da igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> direitose do respeito à diferença?Juntando tudo isso, talvez, nosso maior aprendizado foi o <strong>de</strong> enfrentar aepi<strong>de</strong>mia consi<strong>de</strong>rando outros componentes além dos relacionados diretamentecom a infecção em si. Ou seja, <strong>para</strong> se reduzir as vulnerabilida<strong>de</strong>s da populaçãoao HIV e outras <strong>DST</strong>s, além dos aspectos biológicos, é preciso incorporar oscomponentes econômicos, socioculturais, raciais e étnicos que estruturamas <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais. E isso só é possível a partir do estabelecimento <strong>de</strong>parcerias intersetoriais e <strong>de</strong> um diálogo aberto entre os vários setores dogoverno e a socieda<strong>de</strong> civil, não é verda<strong>de</strong>?E ainda não apren<strong>de</strong>mos tudo. A cada dia nos <strong>de</strong><strong>para</strong>mos com novos <strong>de</strong>safiosque põem em xeque nossos valores e percepções. Um <strong>de</strong>les, diz respeito ao comoproce<strong>de</strong>r, na escola, em relação às pessoas que vivem com o HIV e a aids.Muitas vezes, por falta <strong>de</strong> conhecimentos sobre a doença, os mitos que aindapersistem sobre modos <strong>de</strong> transmissão do HIV e pelos medos que todos nós temosem relação à questões <strong>de</strong>sconhecidas sobre a vida e a morte, <strong>de</strong>ixamos até <strong>de</strong> pensarna possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que, mesmo não sabendo, já convivemos cotidianamente compessoas que vivem com o HIV e a <strong>Aids</strong>. E a negação <strong>de</strong>ssa realida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> trazer<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


96consequências muito sérias. Per<strong>de</strong>mos a oportunida<strong>de</strong>, por exemplo, <strong>de</strong> exercer asolidarieda<strong>de</strong> e a generosida<strong>de</strong> que reforçamos tanto em sala <strong>de</strong> aula como umimportante passo <strong>para</strong> o aprendizado do viver juntos em uma mesma socieda<strong>de</strong>.E, infelizmente, <strong>de</strong>sconhecemos até algumas leis que garantem que as pessoasvivendo com HIV e aids tenham seus direitos respeitados.O caso SheilaEm março 1992, a menina Sheila, <strong>de</strong> apenas cinco anos teve a matrícularecusada em uma escola privada <strong>de</strong> São Paulo por viver com HIV. A luta <strong>de</strong>seus pais <strong>para</strong> que ela frequentasse a escola foi acompanhada por todo o país,ganhando repercussão mundial.O “Caso Sheila”, como ficou conhecido, também <strong>de</strong>ve ser referenciado comoelemento que mobilizou o próprio sistema educacional diante da questão, jáque possibilitou a criação, em junho <strong>de</strong> 1992, da Portaria Interministerial SheilaCartopassi 796/92 – Ministérios da Saú<strong>de</strong> e da Educação, que inibe a discriminaçãono ambiente escolar, proibindo as exigências sorológicas injustificadas, a divulgação<strong>de</strong> diagnósticos e a existência <strong>de</strong> classes especiais ou escolas específicas <strong>para</strong>infectados pelo HIV. Possibilitou, também, a reflexão sobre os direitos humanosdas pessoas vivendo com HIV e aids em ambiente escolar.Veja bem, se no passado as ações que <strong>de</strong>senvolvíamos na escola eramvoltadas <strong>para</strong> a prevenção primária, ou seja, tinham como objetivo impedirque os alunos se infectassem pelo HIV, hoje a situação é outra. Seguramente,existem pessoas que fazem parte da comunida<strong>de</strong> escolar e vivem e convivemcom o HIV. E cabe a nós, educadores, a<strong>de</strong>quar nossas ações pensando, também,na prevenção secundária.A hora é <strong>de</strong> agregarmos novas informações nas ações preventivas que já<strong>de</strong>senvolvemos. Por exemplo, informar que o preservativo é necessário tambémnas relações sexuais entre <strong>duas</strong> pessoas que já vivem com o vírus. Sabe por quê?Porque elas po<strong>de</strong>m se reinfectar com um vírus diferente do seu, potencializando,assim, o <strong>de</strong>senvolvimento da infecção e o processo <strong>de</strong> adoecimento.Outro exemplo: ao abordarmos o tema da gravi<strong>de</strong>z na adolescência, enfatizara importância do pré-natal tanto <strong>para</strong> a menina quanto <strong>para</strong> o menino. Menino?Isso mesmo, existem várias iniciativas no país que reforçam a importância <strong>de</strong>os homens <strong>de</strong> todas as ida<strong>de</strong>s passarem por exames quando “grávidos”, tanto<strong>para</strong> a prevenção da transmissão do HIV da mãe <strong>para</strong> o feto quanto da sífiliscongênita. E, mesmo o teste sendo negativo, usar sempre a camisinha.


97No caso <strong>de</strong> a jovem ou <strong>de</strong> a mulher <strong>de</strong>scobrir no pré-natal que vive com ovírus, informar que ela terá acesso a medicamentos e a um acompanhamentoespecífico que diminuirá, em muito, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o bebê se infectar. E, valereforçar, não basta fazer o teste anti-HIV só no início da gravi<strong>de</strong>z. Ele tem queser repetido no último trimestre como garantia <strong>de</strong> que medidas serão tomadas<strong>para</strong> diminuir as chances <strong>de</strong> transmissão <strong>para</strong> o bebê durante a gestação, nahora do parto e na amamentação.Perceberam o tamanho da nossa responsabilida<strong>de</strong>?Então, neste módulo, aprofundaremos alguns aspectos que dificultama percepção <strong>de</strong> que a aids existe e que convivemos com ela. Também<strong>de</strong>sconstruiremos aquela i<strong>de</strong>ia auto<strong>de</strong>fensiva a que muitas vezes nos apegamos,seja pelo <strong>de</strong>sconhecimento das formas <strong>de</strong> contágio ou por medo da doença.A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que: não vai acontecer comigo... não vai acontecer com a minhafamília.... não vai acontecer na minha escola...<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDesconstrução do preconceito e do estigmaEm 1988, a escritora Susan Sontag escreveu um livro que foi <strong>de</strong>terminante<strong>para</strong> o entendimento da aids: <strong>Aids</strong> e suas Metáforas 25 . Neste ensaio, Sontagprocurava por respostas sobre o porquê <strong>de</strong> a aids ter adquirido o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>evocar imagens e interpretações que mobilizavam os temores mais irracionaisdos seres humanos.E não é preciso ir muito longe <strong>para</strong> perceber que, ainda nos dias <strong>de</strong> hoje, aaids é vista como um estigma 26 ligado à morte, seja ela física ou social. Como<strong>de</strong>corrência do HIV e da aids, uma pessoa po<strong>de</strong>rá morrer socialmente no seutrabalho, nas suas relações, no acesso aos seus direitos sociais básicos. Po<strong>de</strong>rá,também, experimentar a morte da dignida<strong>de</strong>, da liberda<strong>de</strong> e da esperança.No caso <strong>de</strong> adolescentes e jovens vivendo com HIV/<strong>Aids</strong>, essa equação serepete, apesar dos avanços no diagnóstico e no tratamento, ou seja,ainda persiste a i<strong>de</strong>ia da aids como morte, seja física ou dos projetos <strong>de</strong>futuro e felicida<strong>de</strong> .(...) Essa i<strong>de</strong>ia estigmatizante po<strong>de</strong> afastar o jovem e seuscuidadores do usufruto da sua vida pessoal e social, produzindo sofrimento25 SONTAG, 1989.26 No dicionário, a palavra estigma é <strong>de</strong>finida por marca, sinal, uma cicatriz que <strong>de</strong>ixa uma chaga. Já nocontexto social, o estigma é consi<strong>de</strong>rado um processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorização, produzindo e reforçando iniquida<strong>de</strong>ssociais já existentes, tais como aquelas relacionadas a raça, classe, gênero e orientações sexuais.


98físico e mental. Os portadores percebem, <strong>de</strong> forma antecipada e internalizada,situações on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser estigmatizados. Isso faz com que as pessoas mu<strong>de</strong>mdrasticamente suas vidas, encolhendo sua participação afetiva e social emsuas famílias e comunida<strong>de</strong>s 27 .Aliás, se revisitarmos a história da humanida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>scobriremos que emvárias épocas a doença e o estigma caminharam lado a lado. Os portadores dahanseníase – chamados no passado <strong>de</strong> leprosos –, por exemplo, eram afastadosdo convívio social morando em grutas como na Minas Gerais do século XVIII 28 ou“capturados” e obrigados a viver em leprosários. O que diferenciava o portadorda hanseníase das pessoas infectadas por outras doenças era o horror que amoléstia inspirava.Her<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> uma herança milenar <strong>de</strong> estigmatização e preconceito, a “lepra”tem perpetuado em nossos dias <strong>de</strong>terminados procedimentos que sealicerçaram durante a Ida<strong>de</strong> Média; isto malgrado todo o avanço da ciência,a <strong>de</strong>scoberta da cura e o esforço dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> a <strong>de</strong>smistificação<strong>de</strong> conceitos errôneos sobre a doença e o doente 29 .Um pouco <strong>de</strong> históriaAo longo da história da humanida<strong>de</strong>, são várias as situações em que adoença e o estigma caminharam lado a lado. Leia, abaixo, alguns exemplos.• Há mais <strong>de</strong> 3.000 anos, têm-se notícias <strong>de</strong> um terrível surto <strong>de</strong> varíola noEgito que matou uma gran<strong>de</strong> parte da população.• No século V a.C., durante a Guerra do Peloponeso, não foi sóa habilida<strong>de</strong> militar dos espartanos que <strong>de</strong>rrotou os atenienses.Os atenienses foram acometidos por uma terrível e misteriosadoença que ficou conhecida como a “gran<strong>de</strong> praga <strong>de</strong> Atenas”.Ainda no mundo antigo, a malária já era conhecida pelos romanos.Desconhecendo a relação entre a doença e a picada do mosquito Anopheles,acreditava-se que a malária seria contraída em regiões impregnadas <strong>de</strong>“ar ruim”. No período medieval, a população europeia foi acometida pelahanseníase. Os soldados cristãos que eram atingidos pela doença tinham27 AYRES, 2004.28 Segundo história narrada por imigrantes italianos, no século passado, um grupo <strong>de</strong> escravos acometidos<strong>de</strong> lepra isolaram-se numa gruta no alto <strong>de</strong> uma montanha, perto da fazenda do Campestre hojepertencente ao município <strong>de</strong> Bicas no estado <strong>de</strong> Minas Gerais.Disponível em: .29 Diário Oficial do Estado <strong>de</strong> São Paulo – Projeto <strong>de</strong> lei Nº 741, <strong>de</strong> 2006. Disponível em: .


99suas mãos beijadas em reconhecimento <strong>de</strong> seus feitos sagrados. As outraspessoas acometidas pela doença, tal qual no início da era cristã, eramtratados com repulsa e expulsas das cida<strong>de</strong>s.• No século XVI d.C, a varíola serviu, indiretamente, como elemento <strong>de</strong>dominação das populações nativas da América, uma vez que os colonizadoresespanhóis transmitiram a doença <strong>para</strong> a população asteca, praticamentedizimando-a.• No século XX, com as gran<strong>de</strong>s guerras, surgiu também uma epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>sífilis na Europa. Essa epi<strong>de</strong>mia passou a ser consi<strong>de</strong>rada como “doença doinimigo”. Para os franceses, a sífilis era o mal napolitano (dos italianos).E <strong>para</strong> os italianos, o mal dos franceses. Já os poloneses consi<strong>de</strong>ravam asífilis como “a doença dos alemães”; os russos tinham medo da “doençados poloneses”.Fontes: ; ; ; .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDeu <strong>para</strong> perceber a dificulda<strong>de</strong> que sempre existiu em lidar com<strong>de</strong>terminadas doenças? E como! É comum achar que a “culpa” é do outrogerando situações <strong>de</strong> preconceito e discriminação?Com a epi<strong>de</strong>mia da aids não foi diferente. Como os primeiros casosdivulgados atingiram alguns grupos específicos – homossexuais, hemofílicos,profissionais do sexo e usuários <strong>de</strong> drogas injetáveis –, foi a conta <strong>para</strong> se“acreditar” que essa doença, menos no caso dos hemofílicos, atingia pessoasque tinham “comportamentos moralmente con<strong>de</strong>náveis” ou, populaçõesimigrantes e pobres como os haitianos. Cunhou-se, lá pelo início da década<strong>de</strong> 1980, o termo “grupo <strong>de</strong> risco”. Essa i<strong>de</strong>ia foi um total <strong>de</strong>sserviço <strong>para</strong> ahumanida<strong>de</strong>. As pessoas que não se viam nesses grupos passaram a achar quenão tinham nada a ver com isso e não se preveniram. Além disso, a noção <strong>de</strong>grupos <strong>de</strong> risco estimulou o preconceito e a discriminação <strong>para</strong> com as pessoasque pertenciam a esses grupos.Em um segundo momento, quando heterossexuais e não usuários(as) <strong>de</strong>drogas injetáveis começaram a fazer parte das estatísticas, a crença era <strong>de</strong>que essas pessoas tinham comportamentos <strong>de</strong> risco, ou seja, faziam sexo comprofissionais do sexo ou se relacionavam sexualmente com várias pessoas. Aspesquisas mostraram que aqueles que tinham somente um parceiro também seinfectavam.


100Atualmente, mesmo estando mais do que provado que todas as pessoaspo<strong>de</strong>m se infectar pelo vírus caso não se protejam, ainda tem gente que acreditaque não tem nada a ver com isso. Vale enfatizar que o efeito do estigma ediscriminação na vida <strong>de</strong> adolescentes e jovens vivendo com o HIV e aids são asmaiores barreiras à prevenção <strong>de</strong> novas infecções e ao apoio a<strong>de</strong>quado às suasnecessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mandas por saú<strong>de</strong> e por uma vida digna.E, como todos sabemos,A escola não po<strong>de</strong> se omitir diante das singularida<strong>de</strong>s dos(as) alunos(as)vivendo com o HIV e a aids, que vivem em uma condição específica <strong>de</strong> vidaque, <strong>de</strong> certo modo, é comparável à vivida por outras crianças com diabetes,hepatites etc. [A escola] não po<strong>de</strong> se furtar ao <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> refletir sobre assituações <strong>de</strong>safiadoras do mundo, muito menos, se omitir diante daquelesque passaram a fazer parte do seu cotidiano como é o caso dos conflitostrazidos pela condição vivida pelos alunos com aids.[...] Esta é uma situaçãoque a escola precisa enfrentar, tratando-a seriamente. Aspectos como a falta<strong>de</strong> tolerância com a diferença, preconceito e discriminação são temas quemerecem ser abordados transversalmente na escola por estarem referidos apilares estruturantes da educação como o apren<strong>de</strong>r a ser e a conviver 30 .Cabe, então, à escola ficar atenta. A aids é uma realida<strong>de</strong> e, tão cedo, nãovai se chegar à cura ou a uma vacina. A partir daí, estabelecer estratégiascuidadosas pensando também naquelas pessoas que vivem com o HIV e a aidse que sequer supomos. E, na verda<strong>de</strong>, precisamos saber?É <strong>de</strong> lei!Não há obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> a comunida<strong>de</strong> escolar tomar conhecimentoda sorologia <strong>de</strong> seus alunos e alunas. A Portaria Interministerial nº 796, <strong>de</strong>29/05/1992, em seu Art. 1º, estabelece o direito <strong>de</strong> proteger a dignida<strong>de</strong> e osdireitos humanos das pessoas infectadas pelo vírus. Entretanto a revelaçãodo diagnóstico po<strong>de</strong> ser compartilhada com alguns membros da comunida<strong>de</strong>escolar se isso beneficiar a saú<strong>de</strong> e o rendimento escolar do adolescente e dojovem.Vivendo com o HIV e a aidsAntes <strong>de</strong> começar a falar sobre esse tema, vamos combinar uma coisa:adolescentes e jovens que vivem com HIV e aids são iguais a qualquer outro30 KROKOSCZ, 2005.


101adolescente ou jovem soronegativo <strong>para</strong> o vírus. Têm os mesmos <strong>de</strong>sejos,expectativas e o direito a ter uma vida digna e <strong>de</strong>spida <strong>de</strong> qualquer tipo<strong>de</strong> preconceito. Inclusive no que diz respeito a sua sexualida<strong>de</strong> e saú<strong>de</strong>reprodutiva.E é aí que a coisa complica. Se os profissionais da saú<strong>de</strong> e da educação, porexemplo, acreditarem que falar sobre sexualida<strong>de</strong> vai <strong>de</strong>spertar o <strong>de</strong>sejo e oinício precoce da vida sexual dos alunos, imagine como fica isso partindo-se doprincípio <strong>de</strong> que existam meninos e meninas vivendo com HIV e aids na escola?Essa constatação vai provocar muita discussão e muita ambiguida<strong>de</strong>.Aliás, não é só a sexualida<strong>de</strong> do(a) jovem que vive com HIV, mas também adas pessoas com necessida<strong>de</strong>s especiais e a dos adolescentes e jovens privados<strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, que são vistos como um “problema”. E dos gran<strong>de</strong>s!Vamos ser realistas, em primeiro lugar, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> qualquer coisa, osDireitos Sexuais e os Direitos Reprodutivos fazem parte dos Direitos Humanos.Um segundo ponto é que as pessoas vivendo com o HIV e aids nascerame foram criadas na mesma socieda<strong>de</strong> e na mesma cultura que uma pessoasoronegativa. Portanto, a construção das normas <strong>de</strong> gênero são as mesmas. Istosignifica que os meninos, por exemplo, são estimulados a ter vida sexual ativalogo cedo, e as meninas a, no futuro, serem mães. Não é porque uma pessoase infectou pelo HIV que, magicamente, ela vai <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter <strong>de</strong>sejos afetivos esexuais, não é mesmo?Assim, é preciso que a saú<strong>de</strong> e socieda<strong>de</strong> em geral, encarem esses fatoscom realismo e abertura, o que não é, em absoluto, incompatível com aresponsabilida<strong>de</strong> e compromisso com o controle médico e epi<strong>de</strong>miológico dainfecção pelo HIV. Sem banalizar a questão, sem <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za dasituação.A escola, por sua vez, precisa prever em seu projeto político-pedagógico– <strong>de</strong> forma contínua e sistemática – projetos voltados <strong>para</strong> a saú<strong>de</strong> e aprevenção, abordando aspectos relacionados ao viver e conviver com o HIV e aaids. Lembre-se <strong>de</strong> que o Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas (SPE) faz partedo Programa Saú<strong>de</strong> na Escola (PSE) e que isso significa, na prática, integrar asre<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação e o Sistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, visando entre outras coisaspromover a saú<strong>de</strong> e a prevenção, a partir do combate às diferentes expressões<strong>de</strong> violência, consumo <strong>de</strong> álcool, tabaco e outras drogas. Também tem comopressuposto a abordagem à educação sexual e reprodutiva permanentemente,ou seja, em todas as disciplinas, <strong>de</strong> forma transversal.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


102Para refletir!Construir uma parceria com a família é a melhor estratégia em termos<strong>de</strong> ação e prevenção em saú<strong>de</strong> ou educação. É eficiente, positivo, produtivo einclu<strong>de</strong>nte, ampliando as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se promoverem mudanças.Apren<strong>de</strong>ndo a viver juntosEm vários momentos neste <strong>Guia</strong> tratamos da importância <strong>de</strong> se trabalharintersetorialmente. Esse também é um aprendizado.Pensando na situação do professor Filé nas <strong>HQ</strong>s SPE, será que se antes <strong>de</strong> elefazer a proposta sobre a homossexualida<strong>de</strong> através da história, tivesse buscadopor alguns parceiros – intra e extramuros – ele teria sido tranferido <strong>para</strong> outraescola? Se, por exemplo, um profissional da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estivesse juntomostrando que o número <strong>de</strong> novos casos <strong>de</strong> infecção pelo HIV aumentou entreos jovens homossexuais, a comunida<strong>de</strong> escolar ficaria mais permeável a essaproposta?As experiências nas escolas que fazem parte do Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevençãonas Escolas mostram que sim. Nada como o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ações conjuntasentre os setores saú<strong>de</strong> e educação <strong>para</strong> se garantir ações e ativida<strong>de</strong>s voltadas<strong>para</strong> a promoção da saú<strong>de</strong> e o respeito à condição humana <strong>de</strong> todas as pessoasque fazem parte da comunida<strong>de</strong> escolar.Dicas <strong>de</strong> biossegurançaA gran<strong>de</strong> maioria das escolas se preocupa muito com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>transmissão do HIV nos aci<strong>de</strong>ntes que acontecem no dia a dia da instituição.Daí que é muito importante que os educadores, como toda a populaçãoaliás, conheçam e adotem medidas <strong>de</strong> biossegurança como as indicadasabaixo.• Ter sempre luvas – impermeáveis à água (látex ou vinil) – disponíveis<strong>para</strong> serem utilizadas rotineiramente nos cuidados prestados a ferimentos.As mãos <strong>de</strong>vem ser lavadas antes <strong>de</strong> calçar as luvas e após retirá-las. Issovale <strong>para</strong> todos alunos, sejam eles soropositivos ou não. É um aspecto docuidado universal <strong>para</strong> com toda e qualquer pessoa.• O contato direto com sangue e outros fluidos corporais oferece riscopotencial <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> doenças e exige precauções. Esses cuidadosse aplicam a todos os aci<strong>de</strong>ntes que acontecem em qualquer lugar e com


103qualquer pessoa. Não existe nenhum caso rigorosamente documentado<strong>de</strong> infecção pelo HIV em escola.• As normas <strong>de</strong> biossegurança se baseiam no princípio <strong>de</strong> que a prevenção<strong>de</strong>ve ser realizada <strong>de</strong> modo generalizado e não voltada somente <strong>para</strong>pessoas sabidamente infectadas.• Esses princípios recomendam o emprego <strong>de</strong> práticas seguras e <strong>de</strong>métodos <strong>de</strong> barreira <strong>para</strong> qualquer contato com sangue e líquidos oumateriais orgânicos. Na ausência <strong>de</strong> outros recursos, cobrir o ferimentocom toalha felpuda, até a chegada a local on<strong>de</strong> possa ser prestado melhoratendimento.• Na aula <strong>de</strong> educação física e outras situações em que possa ocorrersangramento, o aluno <strong>de</strong>ve <strong>para</strong>r <strong>de</strong> fazer a ativida<strong>de</strong> e ter seu ferimentolimpo com água e sabão e coberto por uma toalha, camisa, lenço ouqualquer material que evite contato direto das outras pessoas com osangue.• Em caso do contato das mucosas com o sangue, a limpeza <strong>de</strong>ve serfeita somente com solução fisiológica ou água corrente.Fonte: Extraído e adaptado <strong>de</strong> Manual <strong>de</strong> rotinas <strong>para</strong> assistência<strong>de</strong> adolescentes vivendo com HIV/<strong>Aids</strong>. Disponível em: .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaLembre-se, ainda, <strong>de</strong> que a escola é um espaço <strong>de</strong> referência e <strong>de</strong> confiançaprocurado pelas famílias e pela comunida<strong>de</strong> em seu entorno. Por esta razão,é preciso ter sempre uma lista atualizada dos tipos <strong>de</strong> serviços existentesna proximida<strong>de</strong> e quais <strong>de</strong>les oferecem insumos <strong>de</strong> prevenção e testes <strong>para</strong>o HIV. Ações intersetoriais possibilitam o repasse <strong>de</strong> informações sobre asespecificida<strong>de</strong>s dos tipos <strong>de</strong> serviços disponíveis na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> local, bemcomo possibilitam a divulgação <strong>de</strong> on<strong>de</strong> se ir conforme a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>que se tem. É bom a escola ter sempre à mão essas informações.Participação juvenilNo mundo todo, adolescentes e jovens vivendo com HIV e a aids se mobilizamna busca pelos seus direitos. No Brasil, a Re<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Adolescentes e JovensVivendo com HIV/<strong>Aids</strong> (RNAJVHA) se reúne sistematicamente estabelecendometas <strong>de</strong> ação <strong>para</strong> uma vida <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong>.


104Em 2009, por exemplo, durante o IV Encontro Nacional <strong>de</strong> Adolescentese Jovens Vivendo com HIV/<strong>Aids</strong> (ENAJVHA), escreveram um documento final 31on<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaram seus anseios <strong>de</strong> luta pela qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> cidadania noterritório nacional: <strong>de</strong>ixarem <strong>de</strong> ser tutelados pelos movimentos sociais e teremautonomia <strong>para</strong> fazer suas próprias escolhas; serem vistos como sujeitos <strong>de</strong>direitos e construtores <strong>de</strong> sua própria história; que o Estado cumpra o seu papel<strong>de</strong> proteger a vida e ser responsável <strong>de</strong> criar condições <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimentodas potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> adolescentes e jovens e do exercício <strong>de</strong> cidadania.Reconhecem também a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas públicas específicas <strong>para</strong>a juventu<strong>de</strong>, e em especial <strong>para</strong> os adolescentes jovens vivendo com HIV e quea priorida<strong>de</strong> é a construção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s em âmbito municipal e regional comoforma <strong>de</strong> fortalecimento da Re<strong>de</strong> em esfera nacional prevendo a organização ea realização <strong>de</strong> novos encontros tanto regionais como nacionais com vistas naconstrução <strong>de</strong> uma agenda política.Temos muito que apren<strong>de</strong>r com eles e elas.E com todos os jovens com <strong>de</strong>ficiências visíveis adquiridas na vida oupresentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento, i<strong>de</strong>m. Muitos apren<strong>de</strong>ram a lidar com o estigmase mobilizando e exigindo seus direitos e hoje participam cada vez maisativamente em ativida<strong>de</strong>s esportivas e no mercado <strong>de</strong> trabalho.Essas e outras populações mais vulneráveis a situações discriminatórias epreconceituosas – negros, mulheres, comunida<strong>de</strong> LGBT, adolescentes e jovensprivados <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> – sobrevivem às adversida<strong>de</strong>s, justamente quando têmum projeto <strong>de</strong> futuro e o colocam em prática no momento presente.Cabe assim, a todos nós profissionais, que lidamos com adolescentes ejovens, investir no fortalecimento dos adolescentes e jovens ampliando suasperspectivas <strong>de</strong> vida futura e sua participação em espaços sociais e políticos.TODOS NÓS, MESMO.Para refletir!A hepatite B é uma inflamação do fígado causada pelo vírus da HepatiteB (HBV). As formas <strong>de</strong> contágio são as mesmas que as do HIV/<strong>Aids</strong>, ou seja,relações sexuais <strong>de</strong>sprotegidas; uso <strong>de</strong> drogas com compartilhamento <strong>de</strong>seringas, agulhas ou outros equipamentos; transfusão <strong>de</strong> sangue e <strong>de</strong>rivadosinfectados; transmissão vertical (mãe/filho); aleitamento materno e aci<strong>de</strong>ntescom objetos perfurocortantes .31 Disponível na íntegra em: .


10A gran<strong>de</strong> diferença é que tem vacina!Disponível no SUS, a vacinação é aconselhada nas seguintes situações:1. crianças com menos <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, a partir do nascimento,preferencialmente nas primeiras doze horas após o parto;2. crianças e adolescentes entre um a 19 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>;3. doadores regulares <strong>de</strong> sangue, populações indígenas, pessoas queconvivem com portadores do vírus da hepa tite B, portadores <strong>de</strong> hepatiteC, usuários <strong>de</strong> hemodiálise, portadores <strong>de</strong> anemia falciforme, portado res<strong>de</strong> HIV (sintomáticos e assintomáticos), usuários <strong>de</strong> drogas injetáveis einaláveis, pessoas em privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, homens que fazem sexocom homens, profissionais do sexo, profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, coletadores<strong>de</strong> lixo hospi talar e domiciliar, bombeiros, policiais militares, civis erodoviários envolvidos em ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resgate.Fonte: A, B, C, D, E <strong>de</strong> hepatites <strong>para</strong> comunicadores.Disponível em: .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaAfinal, a busca e a realização <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> vida e felicida<strong>de</strong> dos jovensvivendo com HIV <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m também <strong>de</strong> uma ampla re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio social e <strong>de</strong>muito respeito. E a escola é um dos atores principais na construção <strong>de</strong>ssa re<strong>de</strong>.OficinasO tema <strong>de</strong>stas oficinas é o apren<strong>de</strong>r a viver juntos e a compartilharsentimentos e temores. Assim como os outros, partimos da perspectiva <strong>de</strong> queadolescentes e jovens vivendo com o HIV e a aids são sujeitos <strong>de</strong> direito e<strong>de</strong>vem ter as mesmas oportunida<strong>de</strong>s que qualquer outra pessoa.Iniciamos apresentando noções <strong>de</strong> preconceito, discriminação e estigmacomo forma <strong>de</strong> situar as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s existentes em nossa cultura esocieda<strong>de</strong>.Na sequência, a oficina proposta é sobre a revelação, ou não, do diagnósticopositivo <strong>para</strong> o HIV; aspectos da saú<strong>de</strong> sexual e da saú<strong>de</strong> reprodutiva <strong>de</strong>adolescentes e jovens, inclusive os vivendo com o vírus; a importância <strong>de</strong> sefazer o teste <strong>para</strong> o HIV como uma estratégia <strong>de</strong> prevenção; o pré-natal <strong>para</strong>os meninos e as meninas; e, finalmente, a construção <strong>de</strong> relações igualitárias apartir <strong>de</strong> todas as diferenças que existem em nosso contexto social.


106Reflexões e análises <strong>de</strong> situações vivenciadas pela Rafa e pelo Guga no<strong>HQ</strong> SPE n°4 e nas <strong>de</strong>mais <strong>HQ</strong>s estarão presentes no <strong>de</strong>correr das oficinasassociando, assim, as situações vivenciadas pelos personagens com a realida<strong>de</strong>dos alunos e alunas.Bom trabalho!Oficina 1: Vivendo e convivendo com a diferençaObjetivosI<strong>de</strong>ntificar asdiferençasque se tornam<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong>vidoa característicasfísicas, culturais ourelacionadas à saú<strong>de</strong>.MateriaisnecessáriosRevistas velhas quetenham imagens<strong>de</strong> adolescentes ejovens, tesouras,cola, folhas <strong>de</strong>papel gran<strong>de</strong>s.Cartaz ou sli<strong>de</strong>scom as <strong>de</strong>finições<strong>de</strong> preconceito,discriminação eestigma.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Na opinião <strong>de</strong> vocêsquais os adolescentese jovens que são maisvalorizados em nosso país?Por quê?• Quais são osadolescentes e jovensmais <strong>de</strong>svalorizadossocialmente? Por quê?• O que e quem <strong>de</strong>terminaessa valorização ou<strong>de</strong>svalorização? Como issose reflete no dia a dia daescola?• O que a escola po<strong>de</strong>riafazer <strong>para</strong> reforçar aigualda<strong>de</strong> entre todos osadolescentes e jovens?• Qual o papel dosadolescentes e jovensna mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>spreconceituosas,discriminatórias eestigmatizantes?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas.Passo a passo• Peça que os alunos formem quatro grupos, distribua diferentes revistas<strong>para</strong> cada um <strong>de</strong>les, colas e tesouras.• Solicite que observem as figuras da revista e que o grupo 1 e o grupo2 recortem todas as imagens <strong>de</strong> adolescentes e jovens do sexo femininoque encontrarem. Peça que os grupos 3 e 4 recortem todas as imagens <strong>de</strong>adolescentes e jovens do sexo masculino que encontrarem. Enfatize que,<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> recortadas as imagens <strong>de</strong> interesse, os grupos po<strong>de</strong>rão trocar oque sobrou das revistas uns com os outros.


107• Uma vez feitos os recortes, peça que respondam às seguintes questões:Quantas figuras/fotos existem <strong>de</strong> adolescentes e jovens brancos? O queestão fazendo?Quantas figuras existem <strong>de</strong> adolescentes e jovens negros? O que estãofazendo?Quantas figuras/fotos existem <strong>de</strong> adolescentes e jovens indígenas? O queestão fazendo?Quantas figuras/fotos existem <strong>de</strong> adolescentes e jovens asiáticos? O queestão fazendo?Quantas figuras/fotos existem <strong>de</strong> adolescentes e jovens com <strong>de</strong>ficiência?O que estão fazendo?Que adolescentes e jovens ficaram <strong>de</strong> fora <strong>de</strong>ssas revistas?• Uma vez feita a contagem, peça que os alunos reflitam sobre quaisas conclusões que se po<strong>de</strong>m tirar pelas fotos e o número <strong>de</strong> vezes queadolescentes e jovens com <strong>de</strong>terminadas características apareceram.• Distribua uma folha <strong>de</strong> papel gran<strong>de</strong> e peça que façam uma colagemrepresentando suas conclusões. Ao final, peça que cada grupo apresentesua construção e abra <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre afirmando que, da mesma forma que as revistas mostraram quealguns adolescentes e jovens são mais valorizados que outros, no dia adia, ocorrem situações <strong>de</strong> preconceito, discriminação e estigma. Apresenteo quadro com os conceitos.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPreconceito Discriminação EstigmaI<strong>de</strong>ia, opiniãoou sentimento<strong>de</strong>sfavorávelformado sem maiorconhecimento,pon<strong>de</strong>ração ou razão;intolerância.Tratamento pior ou injustodado a alguém por causa<strong>de</strong> características pessoais,preconceito, intolerância.Ato ou atitu<strong>de</strong> que quebrao princípio <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>,como distinção, exclusão,restrição ou preferência,motivado por raça,cor, sexo, ida<strong>de</strong>, credoreligioso, convicçõespolíticas entre outras.Marca, sinal, uma cicatrizque <strong>de</strong>ixa uma chaga. Já nocontexto social, é <strong>de</strong>finidacomo um processo <strong>de</strong><strong>de</strong>svalorização produzindoe reforçando iniquida<strong>de</strong>ssociais já existentes, taiscomo aquelas relacionadasa raça, classe, gênero eorientações sexuais.


108I<strong>de</strong>ias principaisNa socieda<strong>de</strong> brasileira, infelizmente, existem várias situações em queocorrem o preconceito, a discriminação e o estigma. Essas situações semanifestam em todas as ida<strong>de</strong>s e muitas vezes são usadas como formas <strong>de</strong><strong>de</strong>svalorizar, por exemplo, pessoas <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada raça/etnia ou quetenham uma orientação sexual diferente da heterossexual. Adolescentese jovens com necessida<strong>de</strong>s especiais, ou seja, aqueles que têm algumtipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência (auditiva, visual, física, mental), são frequentementeestigmatizados.Adultos e jovens, igualmente, passam por situações <strong>de</strong> preconceito,discriminação e estigma. Da mesma forma, também reproduzem essas situaçõesem relação àqueles que, comumente, são mais <strong>de</strong>svalorizados socialmente.Todas as pessoas têm anseios e dificulda<strong>de</strong>s comuns a todos os sereshumanos. Precisam, igualmente, <strong>de</strong>senvolver positivamente seu autoconceitoe sua estima e viver experiências afetivas geradoras <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong>reconhecer, no outro, a aprovação e o interesse afetivo-sexual. A existência dopreconceito, da discriminação e do estigma dificulta a realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos eplanos <strong>de</strong> futuro.Pessoas vivendo e convivendo com HIV e aids costumam ser vítimas<strong>de</strong> preconceito, discriminação e estigmatizadas. Viver livre do estigma e <strong>de</strong>qualquer tipo <strong>de</strong> discriminação é um direito humano básico e que <strong>de</strong>ve serrespeitado. A vivência com HIV/<strong>Aids</strong> não po<strong>de</strong> e não <strong>de</strong>ve ser motivo <strong>para</strong><strong>de</strong>srespeitar esse direito.DicasNo final <strong>de</strong> 2009, as agências da ONU lançaram uma campanha contra oestigma e o preconceito ainda existentes em relação a diferentes populações:gays, lésbicas, pessoas vivendo com HIV, população negra, profissionais dosexo, refugiados, transexuais e travestis e usuários/(as) <strong>de</strong> álcool e outrasdrogas. Da campanha Igual a Você, fazem parte <strong>de</strong>z filmes <strong>de</strong> 30 segundoscada um. Um <strong>de</strong>les, diz respeito à vida com HIV e aids.Disponível em: www.onu-brasil.org.br/agencias_unaids_vi<strong>de</strong>os.php.


109Oficina 2: SegredosObjetivosSensibilizar osadolescentes ejovens sobre asdiferentes causas econsequências <strong>de</strong> serevelar um segredo.TirasMateriaisnecessáriosQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Por que as pessoas têmsegredos?• Por que, mesmo umapessoa pedindo a outra queguar<strong>de</strong> um segredo, a escolainteira acaba sabendo?• E por que eu, sabendo<strong>de</strong> um segredo <strong>de</strong> outraspessoas, acabo contando?• É fácil ou é difícil guardarum segredo?• O que po<strong>de</strong> acontecerquando um segredo érevelado?• O que você acha queaconteceria na escolacaso se <strong>de</strong>scobrisse queum aluno vive com o HIVe aids? E se fosse umprofessor ou um funcionárioda escola?• A escola precisa saber seum aluno ou um funcionáriovive com o HIV e a aids?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Informe que nesta ativida<strong>de</strong> a proposta é falar sobre uma situação queacontece com quase todo mundo pelo menos uma vez na vida: ter umsegredo.• Explique que um segredo é <strong>de</strong>finido no dicionário como: “Aquilo quepoucos conhecem; o que há <strong>de</strong> mais escondido; o que se oculta à vista eao conhecimento; o que a ninguém <strong>de</strong>ve ser dito; que é secreto; o sentidooculto <strong>de</strong> algo” 32 .• Peça que formem grupos <strong>de</strong> quatro ou cinco pessoas e explique que cadagrupo receberá uma tira com um segredo <strong>de</strong> uma personagem fictícia.Caberá ao grupo montar uma cena apresentando a situação <strong>para</strong> os colegas,o processo como um <strong>de</strong>terminado segredo vaza, e o que po<strong>de</strong>ria acontecer32 Dicionário WEB. Disponível em: .


110na escola caso todo mundo ficasse sabendo daquele fato. Informe queterão 20 minutos <strong>para</strong> criarem a cena e cinco minutos (no máximo) <strong>para</strong>apresentá-la.• Após a apresentação dos grupos, abra <strong>para</strong> a discussão a partir dasquestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Terminado o <strong>de</strong>bate, peça que os grupos se reorganizem e solicite queagora <strong>de</strong>verão pensar na cena que apresentaram e discutir o que seriadiferente caso esse segredo ficasse só entre o grupo. Terão 15 minutos<strong>para</strong> isso.• Quando os grupos terminarem, abra a roda e peça que apresentem suasconclusões.• Encerre explicando que, nessa ativida<strong>de</strong>, o objetivo foi mostrar quecontar um segredo que se tem <strong>para</strong> outra pessoa implica uma relação <strong>de</strong>confiança e que, quando quebrada, po<strong>de</strong> trazer consequências <strong>para</strong> a vidada pessoa que ficou exposta. A pessoa que espalha um segredo, muitasvezes, o faz <strong>para</strong> mostrar que tem mais po<strong>de</strong>r que a outra já que <strong>de</strong>témuma informação que as outras pessoas não conhecem. Po<strong>de</strong> tambémser uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>svalorizar a outra e, consequentemente, reforçar opreconceito e a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> certo grupo em relação a outro.I<strong>de</strong>ias principaisMuitas vezes, as pessoas guardam segredos por medo <strong>de</strong> seremdiscriminadas ou sofrer algum tipo <strong>de</strong> punição. Alguns segredos, quandorevelados, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong> fato trazer tantos problemas que acabam fazendo comque adolescentes e jovens <strong>de</strong>ixem a escola.Outros, como <strong>de</strong>scobrir que um colega vive com o HIV, po<strong>de</strong>m gerar pânicojá que ainda gente que acredita que a transmissão do vírus po<strong>de</strong> acontecerpelo contato social. Po<strong>de</strong> ultrapassar os muros da escola <strong>de</strong> modo que oadolescente vivendo com o HIV seja estigmatizado, também, na comunida<strong>de</strong>.A escola, um local <strong>de</strong> aprendizado e <strong>de</strong> se fazer amigos, é também umespaço <strong>para</strong> se exercer a cidadania. Todos e todas têm o direito à educação.De acordo com a Constituição Fe<strong>de</strong>ral Brasileira, o ensino tem que ser dadocom igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições <strong>para</strong> acesso e permanência na escola, além <strong>de</strong>proibir qualquer forma <strong>de</strong> preconceito e discriminação.Também é proibidoexigir que qualquer adolescente ou jovem faça algum teste anti-HIV antes <strong>de</strong>ser matriculado.


111Os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> têm o compromisso ético <strong>de</strong> manter em segredo asinformações que recebe <strong>de</strong> seus pacientes. Mas existe uma exceção: quando opaciente está pondo em risco a vida <strong>de</strong> outra pessoa e, mesmo assim, se recusaa contar que vive com o HIV e a aids. No entanto, o médico só po<strong>de</strong>rá fazer isso,após ter alertado o paciente, por diversas vezes, sobre os riscos que seu parceirocorre fazendo sexo sem proteção.Todos nós somos curiosos e é assim que <strong>de</strong>scobrimos o mundo, as diferençase verda<strong>de</strong>s e mentiras do mundo externo e interno. É uma forma <strong>de</strong> fazermosparte <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado grupo e <strong>de</strong> ter parâmetros sobre o que é a<strong>de</strong>quado ounão segundo alguns parâmetros morais. No entanto é preciso se ter bem claroque, conforme o escritor e sociólogo Roland Barthes “a fofoca reduz o outro... eessa redução me é insuportável 33 ”. No caso <strong>de</strong> pessoas vivendo com o HIV e aaids, <strong>de</strong>ixam ser eles mesmos e viram o nome <strong>de</strong> uma doença.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaTirasA.N. tem um segredo: engravidou do namorado e fez um aborto.C.L. tem um segredo: foi pego roubando um carro em uma farra com amigose passou uns meses em uma situação <strong>de</strong> privação <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>.R.T. tem um segredo: é lésbica e está apaixonada por uma menina da escola.V.P. tem um segredo: vive com o HIV.O.A. tem um segredo: seu pai ven<strong>de</strong> drogas na comunida<strong>de</strong>.S.M. tem um segredo: apanhou <strong>de</strong> seu namorado e disse que caiu da escadaquando lhe perguntaram sobre as manchas roxas no corpo.DicasExistem algumas publicações interessantes sobre adolescentes e jovensvivendo com o HIV e a aids em livrarias. Algumas indicações:Depois daquela viagem – Valéria Polizzi, Editora ÁticaEnquanto estamos crescendo – Valéria Polizzi, Editora ÁticaOps! Apren<strong>de</strong>ndo a viver, com aids – Bernardo Dania, Editora AutênticaOutras publicações po<strong>de</strong>rão ser baixadas diretamente da Internet:Adolescentes, aids e sexualida<strong>de</strong>: um bicho <strong>de</strong> sete cabeças?Disponível em: .A história <strong>de</strong> Beto e Juju.Disponível em: .33 BARTHES, 2006.


112Oficina 3: RevelaçõesObjetivosDesmistificaralgumas crençasrelacionadas com oviver e conviver comHIV e aids.Reforçar que asolidarieda<strong>de</strong> é omelhor remédio <strong>para</strong>o preconceito.Materiaisnecessários<strong>HQ</strong> n° 4 – Ficar ounão ficar?Papel e lápis <strong>para</strong>todos.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• O que é ficar?• Como se sente ummenino quando se <strong>de</strong>scobreapaixonado?• Como se sente umamenina quando se <strong>de</strong>scobreapaixonada?• O que vocês acharamdas sugestões dadas peloprofessor Filé?• Vocês ficariam com ummenino ou uma menina quevive com o HIV? Por quê?• O que vocês fariam caso umamigo contasse que vive como vírus da aids?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas.Passo a passo• Peça que formem trios e distribua a <strong>HQ</strong> n° 4 – Ficar ou não ficar?.• Solicite que leiam a revista i<strong>de</strong>ntificando os sentimentos, as emoções e ostemores dos personagens no <strong>de</strong>correr da história.• Quando terminarem a leitura, peça que cada trio se junte com outro,formando um grupo <strong>de</strong> seis pessoas, e que comparem os sentimentos, asemoções e os temores.• Em seguida, distribua trechos <strong>de</strong> artigos com <strong>de</strong>poimentos <strong>de</strong> adolescentese jovens com HIV e peça que, a partir da história do Guga e da Rafa e dos<strong>de</strong>poimentos escrevam um texto <strong>de</strong>smistificando algumas i<strong>de</strong>ias sobre o HIVe aids e que acabam discriminando as pessoas que vivem com o vírus. Uma<strong>de</strong>las, é que se po<strong>de</strong> pegar o vírus no convívio sexual. Está cientificamenteprovado que não se pega o HIV dando um abraço, um selinho, trocandocarícias e em outros toques gostosos.• Outro mito é que uma pessoa com o vírus não po<strong>de</strong> ter relação sexualcom ninguém. Claro que po<strong>de</strong>. Só que vai ter que usar o preservativo domesmo modo que uma pessoa que não vive com o vírus.• Quando terminarem o texto, peça que um representante <strong>de</strong> cada grupovenha à frente ler o texto. Peça que todos escutem e que, só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>terminada as leituras, façam seus comentários.


113• Abra <strong>para</strong> a discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate e encerreafirmando que o preconceito e a discriminação às pessoas com o HIVtêm um pouco a ver com a falta <strong>de</strong> informação, mas, principalmentecom a imagem que a aids tinha no início da epi<strong>de</strong>mia – <strong>de</strong> que era umadoença mortal, que só atingia pessoas com muitos parceiros sexuais(principalmente os homossexuais e os profissionais do sexo) e os queusam drogas injetáveis. Mesmo nos dias <strong>de</strong> hoje, com toda a informaçãoque se dispõe sobre o HIV e a aids, ainda existem pessoas que se apegamà existência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> risco, ou seja, que a infecção só acontece com<strong>de</strong>terminadas pessoas.I<strong>de</strong>ias principais• O HIV po<strong>de</strong> infectar qualquer pessoa que faça sexo sem proteção ou quecompartilhe agulhas e seringas infectadas• A aids ainda não tem cura, tem tratamento. Uma pessoa que vive com oHIV e a aids po<strong>de</strong> ter uma vida produtiva e feliz como qualquer outra.• Muitos dos adolescentes e jovens com o HIV e a aids sofrem com opreconceito e a discriminação. Mas não só eles. Existem outros adolescentesjovens que também são discriminados: os homossexuais, as lésbicas, os quevivem em comunida<strong>de</strong>s mais pobres, os <strong>de</strong> negros, os que têm necessida<strong>de</strong>sespeciais. Para transformarmos o nosso país em um lugar mais justo <strong>para</strong>se viver, é fundamental que transformemos a nossa forma <strong>de</strong> olhar <strong>para</strong> ooutro. Todas as pessoas têm os mesmos direitos e ninguém é melhor queo outro.• A melhor forma <strong>de</strong> enfrentar a epi<strong>de</strong>mia do HIV e das outras <strong>DST</strong>s édivulgando continuamente informações sobre o assunto e <strong>de</strong>sconstruindoos preconceitos que ainda existem em nossa socieda<strong>de</strong>.• Nos dias <strong>de</strong> hoje, a testagem <strong>para</strong> o HIV é consi<strong>de</strong>rada uma forma <strong>de</strong>evitar novas infecções e proporcionar maior qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>para</strong> aquelesque vivem com o vírus e não sabem. A partir do momento que se tem odiagnóstico positivo <strong>para</strong> o HIV, a pessoa tem acesso a medicamentos e aum tratamento especializado. Além disso, recebem orientação acerca dosaspectos <strong>de</strong> sua sexualida<strong>de</strong> e os riscos <strong>de</strong> transmissão sexual aos seusparceiros. Qualquer adolescente maior <strong>de</strong> 12 anos po<strong>de</strong> fazer o teste nosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mesmo <strong>de</strong>sacompanhado <strong>de</strong> familiares. No entanto, aobuscar o resultado, o i<strong>de</strong>al é que vá com alguém <strong>de</strong> sua confiança.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


114• Crianças, adolescentes e jovens que se infectaram por transmissão vertical– <strong>de</strong> mãe <strong>para</strong> filho na gravi<strong>de</strong>z, na hora do parto ou na amamentação –,muitas vezes, <strong>de</strong>vido à relutância e/ou <strong>de</strong>spreparo da família e/ou da equipe<strong>para</strong> a revelação diagnóstica, não conhecem seu status sorológico. A nãorevelação do diagnóstico, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da forma <strong>de</strong> infecção, po<strong>de</strong> priválos<strong>de</strong> um atendimento mais a<strong>de</strong>quado às suas necessida<strong>de</strong>s.• Compartilhar, ou não, o seu diagnóstico com outras pessoas é uma<strong>de</strong>cisão que só cabe à pessoa que vive com o vírus. É ela que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> serevela o diagnóstico, quando e <strong>para</strong> quem.TrechosSandra mora em Recife e, aos 16 anos, ainda não sentiu necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>contar <strong>para</strong> a pessoa que namora que é soropositiva. “Acho que esse é umproblema que eu vou ter que enfrentar um dia, quando tiver mais convivênciacom alguém ou quando for morar junto. Aí vou ter que contar”.Moacir, 16 anos, <strong>de</strong> Salvador, já <strong>de</strong>cidiu: “Não conto <strong>para</strong> minha namorada.Não é por medo <strong>de</strong>la terminar, é medo <strong>de</strong> ela fazer fofoca”, diz ele, que ressalta:“Só transo <strong>de</strong> camisinha”.Diana, 14 anos, queria muito contar <strong>para</strong> o menino <strong>de</strong> quem gosta que ela ésoropositiva, porém... “Eu me preparei toda <strong>para</strong> contar, mas na hora congelei”,diz ela.Renata, 16 anos, tem uma dica: “É melhor ir sondando primeiro <strong>para</strong> ver areação. Fiz algumas perguntas <strong>para</strong> o meu namorado do tipo: ‘Você namorariauma garota com HIV?’ Quando por fim contei que eu era soropositiva, ele nãose importou”.Rosa tem 17 anos e mora em São Paulo e conta que: “tive um namoradoque não sabia que eu estava infectada pelo vírus HIV. Depois que a gente brigou,eu acabei contando. Ele fez um escândalo, disse que eu tinha que ter contadoantes. Parecia até que tinha ficado com nojo <strong>de</strong> mim. Eu nunca mais olhei nacara <strong>de</strong>le”.Fábio tem 20 anos e mora no Rio <strong>de</strong> Janeiro. Estou com o Cleiton há um anoe meio e só queria contar quando ele estivesse apaixonado. Porque, no começo<strong>de</strong> uma relação, as pessoas não se amam. Eu tinha medo que ele me <strong>de</strong>ixassese soubesse. Acabei contando como se eu tivesse <strong>de</strong>scoberto no dia. O Cleitonsumiu <strong>de</strong> casa e voltou <strong>duas</strong> horas <strong>de</strong>pois, com o meu nome tatuado no braço.Parei o colégio no penúltimo ano, mas quero estudar Jornalismo. Meu sonho é ir


11morar fora do Brasil, mas se eu não conseguir quero ter uma carreira <strong>de</strong> sucessoaqui mesmo.fonte: REVISTA Saber Viver Jovem, n. 1, 2010.Disponível em: .DicasA revista Saber Viver, lançada em outubro <strong>de</strong> 1999, foi criada no intuito<strong>de</strong> promover a saú<strong>de</strong> das pessoas infectadas pelo HIV. A partir <strong>de</strong> informaçõessobre alimentação, tratamento, direitos e <strong>de</strong>veres, entre outros temas, a revistadá subsídios à pessoa infectada pelo HIV/<strong>Aids</strong> <strong>para</strong> buscarem alternativas <strong>de</strong>melhora <strong>de</strong> sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Algumas <strong>de</strong> suas publicações especiaisforam direcionadas aos/às adolescentes e jovens com HIV e aids.Disponíveis em: .No caso <strong>de</strong> os jovens quiserem tirar dúvidas, o e-mail: jovem@saberviver.org.br<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


116Oficina 4: Saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva <strong>de</strong> adolescentes e jovens vivendocom HIV/<strong>Aids</strong>ObjetivosI<strong>de</strong>ntificar asdificulda<strong>de</strong>s econstrangimentosque adolescentese jovens, inclusiveos que vivem como HIV e aids, sãosubmetidos nosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>no que diz respeitoà Saú<strong>de</strong> Sexual e àSaú<strong>de</strong> Reprodutiva.MateriaisnecessáriosQuadro ou powerpoint com osconceitos <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Sexual e Saú<strong>de</strong>Reprodutiva;dois recortes<strong>de</strong> revistas coma figura <strong>de</strong>adolescentes oujovens do sexomasculino;dois recortes<strong>de</strong> revistas coma figura <strong>de</strong>adolescentes oujovens do sexofeminino;40 flechas amarelase 40 flechas azuis;40 flechas brancase 40 flechas ver<strong>de</strong>s.HIV.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• O que os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>oferecem às meninas? E aosmeninos?• Quais seriam a maioresdificulda<strong>de</strong>s que adolescentesencontram quando vãoàs Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>? Quais as maioresdificulda<strong>de</strong>s dos adolescentesque vivem com o HIVquando vão aos serviçosà busca <strong>de</strong> informaçõessobre sexualida<strong>de</strong> e saú<strong>de</strong>reprodutiva? E a dasmeninas?• Que outros fatores– biológicos, sociais, culturais,<strong>de</strong> gênero e políticos – fazemcom que adolescentes ejovens com HIV/<strong>Aids</strong> tenhammaior dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantirque seus direitos sexuais edireitos reprodutivos sejamrespeitados?• O que há <strong>de</strong> diferente emrelação aos que não vivemcom o vírus?• Quais são asconsequências <strong>de</strong>ssasdificulda<strong>de</strong>s na vida <strong>de</strong>ssesadolescentes e jovens quevivem com o HIV e a aids?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horasPasso a passo• Previamente, coloque <strong>duas</strong> figuras <strong>de</strong> adolescentes ou jovens do sexomasculino do lado esquerdo da sala e <strong>duas</strong> figuras <strong>de</strong> adolescentes oujovens do sexo feminino do lado direito da sala.• Inicie, retomando os conceitos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva comsuas próprias palavras.


117Saú<strong>de</strong> Sexual é a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mulheres e homens <strong>para</strong> <strong>de</strong>sfrutar eexpressar sua sexualida<strong>de</strong>, sem risco <strong>de</strong> doenças sexualmente transmissíveis,gestações não <strong>de</strong>sejadas, coerção, violência e discriminação. A saú<strong>de</strong> sexualvaloriza a vida, as relações pessoais e a expressão da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria. Ela éenriquecedora, inclui o prazer, e estimula a <strong>de</strong>terminação pessoal, a comunicaçãoe as relações.Saú<strong>de</strong> Reprodutiva é garantir que as pessoas possam ter uma vida sexualsegura e satisfatória, que tenham capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reproduzir e <strong>de</strong>cidir livrementese e quando querem ter filhos e o espaçamento entre eles. Esta última condiçãoimplica que homens e mulheres sejam informados e tenham acesso a métodoscontraceptivos seguros, eficazes, aceitáveis e economicamente acessíveis, <strong>de</strong>sua livre escolha.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula• Divida os participantes em quatro grupos e peça que dois <strong>de</strong>les seencaminhem <strong>para</strong> a pare<strong>de</strong> com as figuras masculinas. Os outros dois<strong>de</strong>verão se encaminhar <strong>para</strong> as figuras femininas.• Explique que essa ativida<strong>de</strong> irá <strong>de</strong>mandar muita reflexão sobre a atençãoque se dá nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> aos/às adolescentes e jovens. Assim, épreciso que todos prestem atenção às suas instruções que serão simultâneas<strong>para</strong> todos os grupos.• Distribua <strong>de</strong>z flechas azuis <strong>para</strong> cada grupo e peça que escrevam osfatores (pessoais, socioculturais e institucionais) que dificultam o acesso <strong>de</strong>um adolescente e jovem aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> quando busca informações etratamentos relacionados à sua sexualida<strong>de</strong> ou saú<strong>de</strong> reprodutiva. Peça quecolem as flechas em volta da figura com as pontas viradas <strong>para</strong> o centro.• Quando terminarem, distribua <strong>de</strong>z flechas amarelas <strong>para</strong> cada grupo epeça que, agora, escrevam quais seriam suas sugestões <strong>para</strong>, no mínimo,diminuir essas dificulda<strong>de</strong>s. Peça que colem as flechas em volta da figura,mas agora com as pontas voltadas <strong>para</strong> fora.• Proponha que o grupo se reúna e faça uma excursão pela sala <strong>para</strong>ndoem cada uma das figuras, e uma pessoa do grupo fará um breve relato dasdiscussões.• Feitos os relatos, peça que cada grupo volte <strong>para</strong> a sua construção, distribua<strong>de</strong>z flechas brancas e <strong>de</strong>z flechas ver<strong>de</strong>s <strong>para</strong> cada um dos grupos e peça queagora façam o mesmo exercício, mas pensando em adolescentes e jovensvivendo com o HIV. As flechas brancas (dificulda<strong>de</strong>s) e as ver<strong>de</strong>s (sugestões)<strong>de</strong>verão ser coladas ao lado das azuis e amarelas, na mesma direção.


118• Quando terminarem, repita a excursão e a apresentação dos resultados.Peça que formem um círculo e abra <strong>para</strong> a discussão a partir das perguntas<strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre, explicando que tanto os adolescentes e jovens soronegativos<strong>para</strong> o HIV quanto os soropositivos <strong>para</strong> o vírus têm os mesmos direitos,ou seja:Os direitos sexuais garantem...• que cada um viva e expresse livremente a sexualida<strong>de</strong> sem violência,discriminações e imposições e com respeito pleno pelo corpo do parceiro;• que se escolha o(a) parceiro(a) sexual;• que cada um expresse livremente sua orientação sexual: heterossexualida<strong>de</strong>,homossexualida<strong>de</strong>, bissexualida<strong>de</strong>, entre outras;• que se tenha relação sexual in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da reprodução;• que se faça sexo seguro <strong>para</strong> evitar gravi<strong>de</strong>z e se prevenir das <strong>DST</strong>s/HIV/<strong>Aids</strong>;• o acesso a serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que garantam privacida<strong>de</strong>, sigilo e atendimento<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, sem discriminação;• o acesso à informação e à educação sexual e reprodutiva.Os direitos reprodutivos garantem...• que cada um <strong>de</strong>cida, <strong>de</strong> forma livre e responsável, se quer ou não terfilhos, quantos <strong>de</strong>seja ter e em que momento <strong>de</strong> sua vida;• o acesso <strong>de</strong> todos a informações, meios, métodos e técnicas <strong>para</strong> ter ounão filhos;• que cada um exerça a sexualida<strong>de</strong> e a reprodução, sem sofrer nenhumtipo <strong>de</strong> discriminação, imposição ou violência.I<strong>de</strong>ias principaisRespeitar o exercício da sexualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adolescentes e jovens implica nãosó pensar na saú<strong>de</strong> física, mas, também, romper com os rótulos frequentementeatribuídos aos gêneros e a não discriminar meninos ou meninas em função


119<strong>de</strong> sua orientação sexual ou <strong>de</strong> seu status sorológico <strong>para</strong> o HIV. Todos osadolescentes e jovens precisam ter suas necessida<strong>de</strong>s específicas acolhidas erespondidas.O papel dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> é o <strong>de</strong> fornecer subsídios <strong>para</strong> sua vivênciaplena e segura da sexualida<strong>de</strong>, por meio da disponibilização <strong>de</strong> insumos, <strong>de</strong>informações, da promoção <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> discussão, <strong>de</strong> atendimentos norteadospela escuta e acolhimento das diferenças, <strong>de</strong> forma a promover o autocuidadoe a autonomia <strong>de</strong> adolescentes e jovens – inclusive àqueles que vivem comHIV e aids – em relação à sua vida sexual e reprodutiva. Nesse caso é preciso,ainda, esten<strong>de</strong>r esse trabalho às famílias e cuidadores. Só assim, será possívelgarantir o sucesso das ações junto aos adolescentes e jovens com HIV e aids.Cabe ao profissional da saú<strong>de</strong> discutir com adolescentes e jovens <strong>de</strong>ambos os sexos – soropositivos <strong>para</strong> o HIV ou não – as formas <strong>de</strong> se evitara gravi<strong>de</strong>z e quais seriam as possíveis repercussões <strong>de</strong> se ter um filho nessaetapa da vida.No entanto, vale reforçar, muitos adolescentes <strong>de</strong>sejam engravidar. E osmotivos são muitos: como forma <strong>de</strong> comprovar se seu corpo “funciona”; querersair da casa dos pais <strong>para</strong> cuidar dos(as) próprios filhos em vez dos irmãosou irmãs; como prova <strong>de</strong> virilida<strong>de</strong> etc. Em se pensando em adolescentes ejovens vivendo com HIV e aids, muitas vezes, uma gravi<strong>de</strong>z po<strong>de</strong> vir associada,também, à representação <strong>de</strong> vida e saú<strong>de</strong>.Ao engravidar, é muito importante que a adolescente ou a jovem façamos exames pré-natais, e que seu parceiro participe <strong>de</strong>sse processo. Este exame,costuma ser feito no primeiro trimestre da gravi<strong>de</strong>z e no último. Esse últimoexame é <strong>para</strong> garantir que ela não esteja mesmo infectada, pois, quando fez oprimeiro po<strong>de</strong>ria estar no período em que o vírus é in<strong>de</strong>tectável, ou po<strong>de</strong> terse infectado durante a gravi<strong>de</strong>z.Como forma <strong>de</strong> diminuir ainda mais a transmissão do HIV da mãe <strong>para</strong>o bebê e da sífilis congênita, alguns programas <strong>de</strong> <strong>DST</strong>s/<strong>Aids</strong> recomendamque os homens também façam exames preventivos durante a gravi<strong>de</strong>z dascompanheiras, <strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificar se são ou não portadores <strong>de</strong> alguma doençasexualmente transmissível ou do HIV.No caso <strong>de</strong> uma adolescente ou jovem grávida ter o resultado <strong>de</strong> seuteste positivo <strong>para</strong> o HIV durante o pré-natal existe uma série <strong>de</strong> cuidadosgarantidos pelas leis brasileiras que reduzem <strong>para</strong> níveis entre zero e 2% astaxas <strong>de</strong> transmissão da mãe <strong>para</strong> o bebê, conhecida também como transmissão<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


120vertical. Ou seja, a partir do diagnóstico positivo, a adolescente ou jovem passaa usar medicamentos antirretrovirais; o parto <strong>de</strong>verá ser por cesariana <strong>para</strong>diminuir o contato do bebê com sangue materno, e a amamentação no peitosubstituída pelo uso <strong>de</strong> uma fórmula láctea infantil, uma vez que o HIV tambémpo<strong>de</strong> ser transmitido pelo leite materno.Todo adolescente e jovem, com o HIV ou não, tem o direito a ter acessoa informações aos meios, métodos e técnicas <strong>para</strong> concepção e contracepção.Vale reforçar que, o preservativo – masculino e feminino – é o único método queevita uma gravi<strong>de</strong>z e a infecção pelo HIV e a aids. Deve, portanto, ter seu usoestimulado em todas as relações sexuais.Para aumentar a eficácia do método, alguns profissionais da saú<strong>de</strong>, sugeremo uso do preservativo combinado a outro método contraceptivo como a pílula,por exemplo. No caso <strong>de</strong> rompimento do preservativo, outra possibilida<strong>de</strong> éa contracepção <strong>de</strong> emergência, um medicamento a ser ingerido até 72 horas<strong>de</strong>pois da relação sexual. Só que, como o próprio nome diz, só <strong>de</strong>ve ser usadaem situações <strong>de</strong> emergência.DicasNo mundo todo o número <strong>de</strong> adolescentes e jovens infectados pelo HIVe a aids aumenta a cada ano. Principalmente entre as meninas e jovens gays.Assim, mais do que nunca, é preciso implementar ações tanto nas escolasquanto nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, contando-se também com outros parceirostanto do governo quanto da socieda<strong>de</strong> civil. Para se ter um panorama do quevem sendo feito nos serviços da re<strong>de</strong> SUS, orientações <strong>para</strong> a melhoria daqualida<strong>de</strong> da assistência prestada a adolescentes e jovens vivendo com HIV, oMinistério da Saú<strong>de</strong> lançou em 2006 o Manual <strong>de</strong> Rotinas <strong>para</strong> Assistência aAdolescentes Vivendo com HIV/<strong>Aids</strong>. Apesar <strong>de</strong> ser mais voltado <strong>para</strong> a saú<strong>de</strong>,dá várias dicas sobre como a escola <strong>de</strong>ve proce<strong>de</strong>r no caso <strong>de</strong> ter uma criançaou um(a) adolescente vivendo com o HIV e aids. Vale a pena conferir.Disponível em: .


121Oficina 5: O jornalObjetivosEngajar os alunos emações voltadas <strong>para</strong>o enfrentamentoàs situações<strong>de</strong> preconceito,discriminação eestigma no contextoescolar.Materiaisnecessários<strong>HQ</strong> n°5Papel e canetaFita crepeQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• O que cada um <strong>de</strong>nós po<strong>de</strong>ria fazer <strong>para</strong>diminuir o preconceito e adiscriminação que existeem relação às pessoas quevivem e que convivem com oHIV e a aids?• Quais materiaiscomunicacionais po<strong>de</strong>ríamos<strong>de</strong>senvolver <strong>para</strong> informartoda a comunida<strong>de</strong> escolarque uma pessoa vivendocom HIV e aids não oferecerisco <strong>para</strong> uma outra quenão tem o vírus?• Vocês re<strong>para</strong>ram que aRafa não foi entrevistada?Por que vocês acham queisso aconteceu?• A escola da turma da <strong>HQ</strong>se chama Paulo Freire. Vocêsjá ouviram falar <strong>de</strong>le? Oquê?TempoAproximadamentequatro horas.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Inicie a ativida<strong>de</strong> explicando que, agora, a conversa será sobre a produçãodo jornal Escola sem Preconceito. Peça que se recor<strong>de</strong>m do que já leram atéagora e que situações ocorreram entre os alunos da Escola Paulo Freire.• Escreva as situações lembradas e peça que formem trios <strong>para</strong> a leitura dojornal. Distribua a <strong>HQ</strong> n° 5 e peça que leiam as quatro últimas páginas emque a Rafa entrevista os jovens que partici<strong>para</strong>m da edição.• Quando terminarem a leitura, ainda em trios, peça que conversem sobreo que acharam do jornal, ou seja, se as perguntas foram a<strong>de</strong>quadas, seacham que os alunos que não partici<strong>para</strong>m gostaram <strong>de</strong> ler; se faltoualguma coisa etc.• Assim que os trios terminarem a discussão, abra <strong>para</strong> uma roda <strong>de</strong>conversa em que cada grupo apresente suas opiniões. Escreva-as no quadroassinalando com barrinhas as que apareceram mais <strong>de</strong> uma vez. Ao final, leiaas contribuições e pergunte se alguém gostaria <strong>de</strong> comentar os resultados.


122• Proponha, agora, que formem os mesmos grupos que fizeram na ativida<strong>de</strong>2 – Revelação, e que releiam o texto que fizeram. Depois <strong>de</strong> lido, peça queo refaçam a partir do que apren<strong>de</strong>ram sobre o viver e o conviver com o HIVe a aids e que pensem que o texto será lido por muitas pessoas. Portanto,<strong>de</strong>verão obe<strong>de</strong>cer a algumas regrinhas:1. linguagem simples;2. frases curtas;3. começar dando um panorama do que se vai falar no texto;4. repassar o que apren<strong>de</strong>u ao longo <strong>de</strong>sse módulo (e dos outros casoachem importante);5. propor algumas ações tendo como objetivo contribuir <strong>para</strong> a diminuiçãodas situações <strong>de</strong> preconceito que acontecem na escola.• Ao terminarem, peça que apresentem seus textos e que, ao final,comentem o que acharam do conteúdo e do formato do texto, ou seja, sedá <strong>para</strong> todo mundo enten<strong>de</strong>r, se as informações foram suficientes, se vaiser gostoso <strong>de</strong> ler.• Abra <strong>para</strong> a conversa a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate e explique que ai<strong>de</strong>ia é fazer um jornal mural com os textos, utilizando as colagens elaboradasna ativida<strong>de</strong> 1 – Vivendo e convivendo com a diferença. Encerre explicandoque um jornal é dinâmico, ou seja, enquanto ele estiver na pare<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ráser modificado pelo grupo que elaborou a proposta. Artigos <strong>de</strong> jornais erevistas po<strong>de</strong>rão ser agregados, bem como novos textos elaborados pelosalunos e educadores.• Encerre explicando que, nos dias <strong>de</strong> hoje, com a presença cada vez maiordos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa e da internet na casa das pessoas, épreciso “juntar” a educação com a comunicação. Isto significa construirnovas formas <strong>de</strong> comunicação que sejam mais abertas e criativas e que,tenham o papel <strong>de</strong> interferir nos contextos sociais em que se vive a partir <strong>de</strong>dados corretos e sempre com um enfoque no exercício da cidadania.I<strong>de</strong>ias principaisNas últimas décadas houve um rápido <strong>de</strong>senvolvimento das tecnologias <strong>de</strong>comunicação, multiplicando-se os canais disponíveis <strong>para</strong> se atingir os diferentespúblicos, sobretudo os adolescentes e os jovens.De cartazes e rádio à internet e telefones celulares, adolescentes e jovens,atualmente, estão constantemente expostos a uma vasta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


123informação e mensagens que po<strong>de</strong>m ter uma po<strong>de</strong>rosa influência (tanto positivaquanto negativa) sobre as situações <strong>de</strong> preconceito, discriminação e estigmaque acontecem no cotidiano da escola.Quando pensamos nas campanhas <strong>de</strong> TV e nos outdoors, por exemplo,geralmente, elas se concentram só em informar as pessoas sobre como se pegaou não se pega a aids, por exemplo. Ou, então, reproduzem algumas falas quenão têm correlação com a ciência. Isso acontece muito no campo da aids. Em umprograma <strong>de</strong> televisão em re<strong>de</strong> nacional, por exemplo, um rapaz afirmou quehomens heterossexuais não pegam o vírus com mulheres. Essa informação estáerrada, e ninguém a contestou, no momento em que ela foi transmitida, em re<strong>de</strong>nacional. Isso é muito perigoso.Quando se junta a educação com a comunicação, integrando as mensagenssociais a formas mais populares <strong>de</strong> comunicação esta po<strong>de</strong> ser uma po<strong>de</strong>rosaferramenta <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s.O primeiro passo seria a construção <strong>de</strong> meios comunicacionais <strong>de</strong> jovem<strong>para</strong> jovem, buscando-se, sempre, aqueles que eles e elas preferem utilizar e aque tenham acesso.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPaulo Freire (1921-1997) foi um educador pernambucano <strong>de</strong> renomeinternacional que, durante muitos anos, buscou por uma forma <strong>de</strong> ensino quefosse mais participativa, crítica e voltada <strong>para</strong> transformação do mundo emum local mais justo, inclusivo e solidário. Afirmava que, <strong>para</strong> se alcançar esseobjetivo, seria preciso que a teoria e a prática educativa vivessem em umdiálogo constante 34 .DicasNo site do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>s, <strong>Aids</strong> e Hepatites Virais você encontrainúmeras informações direcionadas ao público em geral sobre a legislaçãorelevante <strong>para</strong> pessoas que vivem com o HIV e aids. Banco com <strong>de</strong>núncias eviolações aos Direitos Humanos, Assessoria Jurídica e publicação diversas sãoalguns dos documentos que estão lá <strong>para</strong> consulta.Disponível em: .34 Disponível em: .


124Sessão <strong>de</strong> CinemaInfelizmente existem poucos filmes que tratam do tema <strong>de</strong> adolescentes ejovens vivendo com HIV e aids que tenham uma perspectiva mais otimista. Noentanto, vale dar uma olhada em algumas das sugestões apontadas abaixo semesquecer as observações feitas na primeira sessão <strong>de</strong> cinema <strong>de</strong>ste guia.Vale reforçar, no entanto, que é preciso contextualizar os filmes sugeridosem um dado momento histórico e em uma ativida<strong>de</strong> que permita uma discussãosobre a situação <strong>de</strong> adolescentes e jovens vivendo com o HIV/<strong>Aids</strong> em nossopaís em tempo presente.Pequenos Guerreiros – Nascidos com HIVDuração: 65 minutos.Ano <strong>de</strong> realização: 2003Documentário sobre crianças e adolescentes que convivem com a aids.O Dia em que Deus MorreuDuração: 70 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2003Retrato do violento sistema <strong>de</strong> escravidão que atinge centenas <strong>de</strong> garotasem Mumbai <strong>de</strong>ixando-as mais vulneráveis a infectar-se pelo HIV e a aids.Família <strong>de</strong> FélixDuração: 95 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2000O jovem Félix, filho <strong>de</strong> imigrantes árabes na França, integra a geração <strong>de</strong>pessoas que vivem com HIV e sobrevive com a ajuda dos coquetéis. Depois <strong>de</strong>per<strong>de</strong>r o emprego, parte numa viagem pelo interior do país atrás do pai.


12MóDULO 5Saú<strong>de</strong> e prevençãoComeço <strong>de</strong> conversaTodo mundo sabe o que é saú<strong>de</strong>, não é? É o que, então?Muitas vezes, a i<strong>de</strong>ia que se tem é que ser saudável é não ter doenças. Ea melhor forma <strong>de</strong> não adoecer seria investir na higiene corporal e no bemestarfísico. Tipo aquelas propagandas <strong>de</strong> televisão que sugerem que, <strong>para</strong> seter saú<strong>de</strong>, é preciso comer a margarina X e correr pela manhã usando o tênis Y,lembra?Mas, veja bem, saú<strong>de</strong> é muito mais do que isso. Pensemos o seguinte: nãosentimos dor alguma, nossa dieta é equilibrada, tomamos banho com saboneteantibactericida e, mesmo assim, não estamos felizes.No local em que trabalhamos somos discriminados pela cor da nossa peleou pela nossa orientação sexual. Adoramos chocolate, mas não comemosporque a moda diz que temos que ser magros e ter barriga tanquinho. Quandoandamos em algumas ruas da cida<strong>de</strong> ficamos tão tensos que, ao chegar emcasa, estamos tão estressados que fica difícil até socializar com as pessoas queestão à nossa volta.Pois bem. Tudo isso, e mais algumas coisas, também tem a ver com saú<strong>de</strong>como mostra esta <strong>de</strong>finição abaixo.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaA saú<strong>de</strong> é um conjunto <strong>de</strong> condições integrais e coletivas da existência,influenciado por inúmeros fatores <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m política, socioeconômica, cultural,ambiental e biológica. Há muito se sabe que saú<strong>de</strong> e doença, longe <strong>de</strong> seremfatalida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>stino, são processos históricos e sociais <strong>de</strong>terminados pelomodo como vive, se organiza e se reproduz cada socieda<strong>de</strong>. Em função disso,a saú<strong>de</strong>, como direito fundamental, só po<strong>de</strong> ser efetivada na observância <strong>de</strong>alguns princípios básicos tais como:• a não discriminação e a não violência;• a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientação sexual, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e expressão <strong>de</strong> gênero;


126• liberda<strong>de</strong> e autonomia <strong>de</strong> homens e mulheres sobre seu corpo, emqualquer fase da vida;• acesso às informações corretas e em linguagem a<strong>de</strong>quada, à educaçãoformal <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, à segurança alimentar e nutricional, a ambientesseguros e saudáveis, à habitação digna, a trabalho e emprego <strong>de</strong>centes, àsegurança e ao <strong>de</strong>senvolvimento em todas as dimensões.Fonte: Saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva das mulheres adultas, adolescentese jovens vivendo com HIV e <strong>Aids</strong>.Disponível em: E será esse o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que utilizaremos neste módulo. Nossaproposta é expandir nosso olhar <strong>para</strong> além dos comportamentos e práticasindividuais. É perceber que a falta <strong>de</strong> acesso a informações e aos serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> também nos <strong>de</strong>ixa mais vulnerável ao HIV e a outras <strong>DST</strong>s. Exemplificando,se pouco sabemos sobre nossos direitos sexuais e direitos reprodutivos; se aescola não disponibiliza preservativos <strong>para</strong> os estudantes, se o território em quevivemos é hostil, estaremos mais vulneráveis a agravos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que uma outrapessoa que vive em outros contextos.E nenhum lugar é melhor que a escola <strong>para</strong> ampliar esse olhar e compreen<strong>de</strong>rque a saú<strong>de</strong> está nos diferentes cenários em que as pessoas vivem, convivem ese relacionam.O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio: trazer a UBS <strong>para</strong> <strong>de</strong>ntro da escola e a escola<strong>para</strong> <strong>de</strong>ntro da UBS.Para muitas pessoas ainda é difícil aceitar que adolescentes e jovens sãosujeitos <strong>de</strong> direitos em relação a sua saú<strong>de</strong>, principalmente no que diz respeito asexualida<strong>de</strong> e a reprodução. Mais ainda, há profissionais, tanto da saú<strong>de</strong> quantoda educação, que acreditam que falar sobre sexo e prazer vai estimular o inícioprecoce da vida sexual, que disponibilizar camisinhas na escola vai ofen<strong>de</strong>r asfamílias e a igreja.Daí que, os primeiros passos <strong>para</strong> a intersetorialida<strong>de</strong>, ou seja, o trabalhoconjunto entre a saú<strong>de</strong> e da educação (além dos outros setores públicostambém) seriam os <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconstruir certas crenças e tabus; resgatar quais sãoas atribuições <strong>de</strong>sses profissionais e estabelecer ações voltadas não só <strong>para</strong> osalunos, mas também extramuros. Ou seja, expandir os horizontes.


127Só que isso vai exigir muita flexibilida<strong>de</strong>. Para começo <strong>de</strong> conversa, enxergaro outro como parceiro e não como inimigo. Sentar junto e, calmamente, reverplanejamentos e negociar ações conjuntas. Perceber que, se a educação e asaú<strong>de</strong> estiverem juntas, vai dar muito bem <strong>para</strong> dividir algumas tarefas e, assim,ninguém ficará sobrecarregado.Dicas <strong>para</strong> se trabalhar intersetorialmenteNão é possível estabelecer uma proposta intersetorial sem que uma áreaconheça a outra. Muito menos sem estabelecer alguns parâmetros conceituaise práticos. Assim, elencamos algumas i<strong>de</strong>ias <strong>para</strong> facilitar esse entendimentoe fortalecer essa parceria. Veja lá!• Uma boa análise do currículo escolar e da proposta pedagógica da escolapermite inserir alguns temas ligados à saú<strong>de</strong> e à prevenção. I<strong>de</strong>ntificadasas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> discutir esses temas, valeria a pena uma conversacom os(as) profissionais da saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> se pensar, conjuntamente, como éque os dois setores po<strong>de</strong>riam compor uma proposta conjunta.• Toda hora é hora <strong>de</strong> se promover os direitos sexuais e os direitosreprodutivos <strong>de</strong> adolescentes e jovens. Surgindo uma situação na TV ouum artigo <strong>de</strong> jornal em que esses direitos foram violados, tanto a saú<strong>de</strong>quanto a educação precisam se manifestar. Se, por exemplo, vira o maiorescândalo uma situação em que um adolescente é atendido no posto sema presença do pai ou da mãe, é hora <strong>de</strong> informar – aos alunos, às famílias,aos profissionais da educação e da saú<strong>de</strong>, à comunida<strong>de</strong> – que o Estatutoda Criança e do Adolescente legitima esse atendimento às pessoas quetenham entre 12 e 18 anos.• Muitas são as metodologias <strong>de</strong> trabalho que funcionam tanto nas escolasquanto nos postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Passar um filme <strong>de</strong> que os adolescentes ejovens gostam e abrir <strong>para</strong> uma discussão é uma ativida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> serfeita tanto em sala <strong>de</strong> aula quanto na sala <strong>de</strong> espera dos serviços. Mas,preste atenção, é preciso assistir ao filme antes <strong>para</strong> ver se é a<strong>de</strong>quado epensar em algumas perguntas-chave <strong>para</strong> iniciar o <strong>de</strong>bate. Só ligar o DVDnão é uma ativida<strong>de</strong> educativa.• Ativida<strong>de</strong>s conjuntas nos final <strong>de</strong> semana envolvendo diferentes áreas– educação, saú<strong>de</strong>, cultura, esportes, justiça, meio ambiente etc. – é umaboa forma <strong>de</strong> promover uma vida saudável e <strong>de</strong> engajar toda a comunida<strong>de</strong>em algumas causas políticas que façam sentido <strong>para</strong> aquelas pessoas. É um<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


12bom momento também <strong>para</strong> divulgar as ações previstas pelos diferentessetores ao longo do ano e en<strong>de</strong>reços úteis <strong>para</strong> o caso <strong>de</strong> se necessitaralgum tipo <strong>de</strong> apoio.• Lembrar que não falar sobre o álcool e outras drogas e/ou sobresexualida<strong>de</strong> não significa que a escola e a saú<strong>de</strong> não estão se posicionando.Muito pelo contrário. O silêncio torna esses temas um tabu, ou seja,não é <strong>para</strong> se falar nesse assunto. Portanto, per<strong>de</strong>-se a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>repassar informações importantes <strong>para</strong> a prevenção e <strong>de</strong>sconstruir crençasque <strong>de</strong>ixam as pessoas mais vulneráveis em relação à infecção pelo HIV,por exemplo. Melhor é abrir espaços <strong>para</strong> uma boa conversa e envolvertambém as famílias e a comunida<strong>de</strong> do entorno.• Lembrar que falar sobre saú<strong>de</strong> e prevenção é também falar sobreprazer e que sexualida<strong>de</strong> é diferente <strong>de</strong> vida sexual ativa. Ou seja, a vidaé muito mais ampla do que a preocupação com doenças ou métodoscontraceptivos.• Ninguém precisa falar como os adolescentes e jovens <strong>para</strong> ser aceitopor eles. O que importa mais, na verda<strong>de</strong>, é ter uma escuta qualificada erespon<strong>de</strong>r àquilo que foi <strong>de</strong>mandado. Sem enrolação, sem fazer terrorismo.Consi<strong>de</strong>re que existe sim uma diferença entre os profissionais da educaçãoe da saú<strong>de</strong> e os jovens. E é a partir <strong>de</strong>ssa diferença que se estabelece umarelação <strong>de</strong> confiança.• Se surgir uma questão <strong>de</strong> preconceito e/ou discriminação, intervenha nahora. Situações como esta po<strong>de</strong>m gerar outras mais violentas.• Na escola, seria importante um cartaz ou qualquer outro veículocomunicacional que explicasse os diferentes tipos <strong>de</strong> serviços existentesna saú<strong>de</strong>: pronto socorro, ambulatório, hospital, Centro <strong>de</strong> AtençãoPsicossocial a Usuários <strong>de</strong> Álcool e outras Drogas (CAPS AD) etc.• Nos serviços, seria importante perceber que os adolescentes e jovensque aparecem nas UBSs e que nem sempre são acolhidos e reconhecidoscomo tais. Vistos ora como crianças ora como adultos, acabam sendoatendidos somente a partir das questões pontuais sem que se abra espaço<strong>para</strong> suas outras necessida<strong>de</strong>s. Outra coisa relevante é preciso flexibilizaras agendas e garantir que a consulta ocorra à medida que eles e elascheguem ao posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Se a consulta for marcada <strong>para</strong> dali a ummês, ou se no momento da consulta for exigida a presença dos pais e/ouresponsável, a chance <strong>de</strong> ele ou ela retornar é remota.


129• O sigilo e a confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong> são uma questão ética que cabe tantoaos profissionais da saú<strong>de</strong> quanto da educação. Fofoca, perguntas<strong>de</strong>sconcertantes em público, indiretas sobre a saú<strong>de</strong> e o comportamento <strong>de</strong>adolescentes e jovens é também uma violação aos Direitos Humanos. E issovale <strong>para</strong> qualquer pessoa em qualquer faixa etária.• É preciso apren<strong>de</strong>r a lidar com a frustração e não se culpar. Mesmo comtodos os esforços que a escola e a saú<strong>de</strong>, que os profissionais da educaçãoe da saú<strong>de</strong> possam ter, surgirão casos <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z na adolescência e usodo álcool e outras drogas. Lembre-se <strong>de</strong> que a vulnerabilida<strong>de</strong> das pessoasestá relacionada com aspectos sociais, programáticos e individuais.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaEnfim, o sucesso da parceria entre a escola e a unida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>requer uma ampla negociação entre as partes e mudanças na forma comoessas <strong>duas</strong> instâncias operam. Dá trabalho, gera conflitos e exige muitaflexibilida<strong>de</strong>. Por outro lado, permite conhecer melhor a realida<strong>de</strong> do outrosetor, e estabelecer parcerias que po<strong>de</strong>m durar uma vida inteira. E, quem sabe,no final <strong>de</strong> uma ação sentir o mesmo orgulho que o professor Filé relatou nodia do evento na escola:Que este movimento, que renova meu entusiasmo possa servir <strong>de</strong> exemploe multiplicar este trabalho tão importante. Tudo o que peço, e <strong>de</strong>sejo, é queele inspire outros professores, alunos, pais e instituições, a multiplicaremestes esforços na geração <strong>de</strong> uma juventu<strong>de</strong> mais saudável ... mais ética emais comprometida com o futuro das pessoas e do planeta.Para refletir!Em muitos contextos, os homens jovens apenas procuram serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>em situações <strong>de</strong> emergência ou quando precisam <strong>de</strong> preservativos. Muitospreferem procurar ajuda e informação entre os pares e nas farmácias do que nosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> formais. Algumas pesquisas mostram que os homens jovensque vivem em comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> baixa renda são mais suscetíveis a usar remédioscaseiros ou medicamentos indicados pelos colegas e pares <strong>para</strong> tratar sintomassuspeitos <strong>de</strong> infecções sexualmente transmissíveis do que procurar serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> formais. Eles também resistem aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> porque acham queos postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>/UBS são lugares somente <strong>para</strong> mulheres e crianças e/ouporque acham que a equipe não será sensível às suas necessida<strong>de</strong>s.


130Essas impressões são muitas vezes reforçadas nas salas <strong>de</strong> espera e nosserviços que se direcionam principalmente a mulheres ou a homens idosos, ecuja equipe não está pre<strong>para</strong>da <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual ereprodutiva específicas dos homens jovens.Assim, é preciso tornar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais pre<strong>para</strong>dos e atraentes<strong>para</strong> essa parcela da população e, ao mesmo tempo, fazer uma busca ativa <strong>para</strong>incentivá-los a buscar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.E a prevenção nisso tudo?Po<strong>de</strong> parecer estranho que até agora não tenhamos abordado a questão doHIV e <strong>de</strong> outras <strong>DST</strong>s, não é?Na verda<strong>de</strong>, sabemos que existem vários materiais que trazem essasinformações. As publicações do SPE – <strong>Guia</strong> <strong>para</strong> a Formação <strong>de</strong> Profissionais<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> Educação e o <strong>Guia</strong> Adolescentes e Jovens <strong>para</strong> a Educação entrePares, por exemplo – abordam muito bem essas questões.No entanto, precisamos dar um <strong>de</strong>staque maior às hepatites virais, umainflamação no fígado causada por vírus. Só <strong>para</strong> dar uma i<strong>de</strong>ia, vale saber queo vírus da hepatite B (HBV) é muito resistente. Esse vírus po<strong>de</strong> sobreviver noambiente por cerca <strong>de</strong> sete dias. Ele resiste durante <strong>de</strong>z horas a 60 ºC, durantecinco minutos a 100 ºC, ao éter e ao álcool a 90% e po<strong>de</strong> permanecer vivo apósvários anos <strong>de</strong> congelamento. Ele é bem mais resistente que o HIV, percebeu?A boa notícia é que, <strong>para</strong> a hepatite B, existe vacina!Saiba + sobre a hepatite B e CHepatite B – O HBV, vírus que causa a hepatite B, é transmitido por meio <strong>de</strong>relações sexuais sem camisinha e do contato com sangue infectado. Na maioriadas pessoas infectada pelo HBV na ida<strong>de</strong> adulta, o organismo se encarrega <strong>de</strong>curar a doença em cerca <strong>de</strong> seis meses. Quando isso não ocorre, a infecção po<strong>de</strong>se tornar crônica (que po<strong>de</strong> levar à morte do paciente), gerando ao longo <strong>de</strong> 20anos doenças como insuficiência hepática e câncer do fígado. Tem vacina!Hepatite C – A transmissão da hepatite C acontece por meio do vírus C(HCV). Ela é transmitida através do contato com sangue infectado. Apesar <strong>de</strong> atransmissão sexual não ser consi<strong>de</strong>rada significativa, existem formas <strong>de</strong> contrairo HCV fazendo sexo sem camisinha, por causa dos sangramentos que po<strong>de</strong>mocorrer, principalmente, no sexo anal. Segundo o <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>s/<strong>Aids</strong> e


131Hepatites Virais do Ministério da Saú<strong>de</strong>, pessoas que tenham outras doenças <strong>de</strong>transmissão sexual, como o HIV, têm um risco maior <strong>de</strong> adquirir ou transmitiro vírus. Cerca <strong>de</strong> 80% das pessoas que se infectam com o vírus da hepatiteC não conseguem se curar da doença, como ocorre com a hepatite B. Essaspessoas <strong>de</strong>senvolvem inflamação constante no fígado , o que po<strong>de</strong> levar – emum período médio <strong>de</strong> 20 anos – à cirrose, insuficiência hepática e câncer dofígado. Como na maioria dos casos a doença não gera sintomas, quanto maiscedo o diagnóstico, melhor. Ao contrário da hepatite B, não há uma vacina capaz<strong>de</strong> prevenir a hepatite C.Hepatites B e C: Um grave problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicaA Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS) estima que 400 milhões <strong>de</strong> pessoasno mundo estejam infectadas pelo vírus da hepatite B, e 170 milhões, pelo vírusC. No Brasil, o Ministério da Saú<strong>de</strong> acredita que cerca <strong>de</strong> 14 milhões <strong>de</strong> pessoasjá tiveram contato com vírus da hepatite B. Atualmente a hepatite C é a principalcausa <strong>de</strong> doença crônica do fígado e a mais frequente indicação <strong>de</strong> transplantehepático.Fonte: Revista Saber Viver.Disponível em: .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaNossa preocupação neste módulo é, pois, i<strong>de</strong>ntificar quais são as situaçõesque acontecem na vida cotidiana dos adolescentes e jovens que fazem com quenão se cui<strong>de</strong>m e que “passem pelo maior aperto”, como disse o Capo na <strong>HQ</strong> n°2. São situações como esta que abordaremos aqui.Estimularemos, também, o diagnóstico precoce. Ou seja, quanto antes umadolescente ou um jovem souber se tem ou não o vírus da aids será melhor. Teráacesso a medicamentos e isso vai garantir uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e umcuidado maior consigo e com os outros.Para refletir!Quando um adolescente ou um jovem vai a um serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> buscar peloteste do HIV, tem todo um processo que começa com o aconselhamento pré epós-teste.


132O aconselhamento é um diálogo entre quem busca pelo teste e o(a)profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que visa estabelecer uma relação <strong>de</strong> confiança <strong>para</strong> que apessoa avalie seus próprios riscos, tome <strong>de</strong>cisões e encontre maneiras realistas<strong>de</strong> enfrentar suas dúvidas e questões relacionadas às <strong>DST</strong>s/HIV/<strong>Aids</strong>.Antes <strong>de</strong> fazer o teste, o profissional informa sobre o caráter confi<strong>de</strong>ncial esigiloso das informações que serão trocadas; fala um pouco sobre o significadodos possíveis resultados do teste e o impacto na vida <strong>de</strong> cada usuário; exploraqual o apoio emocional e social disponível (família, parceiros, amigos, trabalhoe outros): explora as situações <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> cada usuário e medidas <strong>de</strong> prevençãoespecíficas.No momento do pós-teste, este mesmo profissional reafirma o caráterconfi<strong>de</strong>ncial e o sigilo das informações.Diante <strong>de</strong> resultado negativo: reforça que um resultado negativo nãosignifica imunida<strong>de</strong>. A pessoa ou não está infectada ou po<strong>de</strong> estar infectadatão recentemente que não produziu anticorpos ainda <strong>para</strong> a <strong>de</strong>tecção pelo testee que, por essa razão, será necessário fazer uma retestagem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> algunsmeses.Diante <strong>de</strong> resultado positivo: facilita que a pessoa expresse seus sentimentosprestando o apoio emocional necessário; reforça que um resultado positivo nãosignifica morte, ressaltando que a infecção é tratável; enfatiza a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oresultado ser comunicado aos parceiros sexuais; contribuir <strong>para</strong> um plano viável<strong>de</strong> redução <strong>de</strong> riscos que leve em conta as questões <strong>de</strong> gênero, vulnerabilida<strong>de</strong>,planejamento familiar, diversida<strong>de</strong> sexual e uso <strong>de</strong> drogas; referenciar o usuário<strong>para</strong> os serviços <strong>de</strong> assistência necessários incluindo grupos comunitários <strong>de</strong>apoio, enfatizando a importância <strong>de</strong> acompanhamento médico, psicossocialperiódico, <strong>para</strong> a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida; agenda o retorno.Diante <strong>de</strong> resultado in<strong>de</strong>terminado: explica que um resultado in<strong>de</strong>terminadosignifica que <strong>de</strong>ve ser coletada uma nova amostra após 30 dias da emissão doresultado da primeira amostra; reforça a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se adotarem práticasseguras <strong>para</strong> a redução <strong>de</strong> riscos <strong>de</strong> infecção pelo HIV e por outras <strong>DST</strong>s.Fonte: Fique Sabendo!Disponível em: .Finalmente, vamos partir da noção <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>, ou seja,consi<strong>de</strong>raremos que as <strong>DST</strong>s e o HIV/<strong>Aids</strong> não acontecem na vida das pessoas sóporque eles tiveram comportamentos que criaram a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção,


133mas também que existem outros fatores, aumentam as chances <strong>de</strong> contrair uma<strong>de</strong>ssas doenças. O acesso que se tem, ou não, à informação, escola, serviços,programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> vida, por exemplo. Ou, ainda, a cultura emque se está inserido. Veja o caso do Marcão <strong>HQ</strong> n° 2, tão preocupado em sermacho que, na hora que <strong>de</strong>sconfia ter uma <strong>DST</strong>s pe<strong>de</strong> ajuda <strong>para</strong> o Guga em vez<strong>de</strong> ir direto <strong>para</strong> a Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>.Nos dias <strong>de</strong> hoje, gran<strong>de</strong> parte das ações voltadas <strong>para</strong> a prevenção partem<strong>de</strong>sses princípios que, aliás, são muito próximos do conceito <strong>de</strong> promoção dasaú<strong>de</strong> que abordamos anteriormente. Afinal, a prevenção ao HIV e às outras<strong>DST</strong>s tem que estar nos espaços em que a vida acontece.Cabe lembrar que a escola é um espaço <strong>de</strong> convivência e socialização emque diferentes pessoas passam uma boa parte do tempo juntas. Portanto, umespaço por excelência <strong>para</strong> a <strong>de</strong>sconstrução das iniquida<strong>de</strong>s – <strong>de</strong> gênero, <strong>de</strong>raça/etnia, <strong>de</strong> orientação sexual, <strong>de</strong> classe social etc. – que existem em nossacultura e, também, o local propício <strong>para</strong> se iniciar um processo emancipatório<strong>para</strong> que adolescentes e jovens encontrem seus próprios caminhos e tomem<strong>de</strong>cisões que favoreçam o estabelecimento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> futuro.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaÉ ou não é?A Portaria Interministerial n° 796, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1992 legitima e estimulaa implantação e a implementação <strong>de</strong> projetos voltados <strong>para</strong> a prevenção doHIV e <strong>de</strong> outras <strong>DST</strong>s em todo o território nacional. Esclarece também algumasdúvidas legais sobre testes compulsórios e a presença <strong>de</strong> alunos e/ou professoresvivendo com o HIV e a aids no contexto escolar.Portaria Interministerial n° 796, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1992Os Ministros <strong>de</strong> Estado da Educação e da Saú<strong>de</strong>, no uso das atribuiçõesque lhes confere o art. 87, parágrafo único, inciso IV da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, econsi<strong>de</strong>rando:• o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> proteger a dignida<strong>de</strong> e os direitos humanos das pessoasinfectadas pelo vírus da imuno<strong>de</strong>ficiência humana (HIV);• que tem ocorrido injustificadas restrições a esses direitos no País;• que não foi documentado nenhum caso <strong>de</strong> transmissão mediante contatoscasuais entre pessoas em ambiente familiar, social, <strong>de</strong> trabalho, escolar ouqualquer outro;• que a educação é um direito constitucional;


134• que a ampla informação sobre a infecção pelo HIV é uma estratégia<strong>para</strong> eliminar o preconceito contra portadores e doentes, e essa medida éessencial <strong>para</strong> controle da infecção;• e que a limitação ou violação <strong>de</strong> direitos constitucionais à saú<strong>de</strong>, àeducação e ao trabalho <strong>de</strong> pessoas infectadas pelo HIV não se justificam,resolvem:Art. 1° – Recomendar a observância das seguintes normas eprocedimentos:I – A realização <strong>de</strong> teste sorológico compulsório, prévio à admissão oumatrícula <strong>de</strong> aluno, e a exigência <strong>de</strong> testes <strong>para</strong> manutenção da matrícula <strong>de</strong>sua frequência nas re<strong>de</strong>s pública e privada <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> todos os níveis, sãoinjustificadas e não <strong>de</strong>vem ser exigidas.II – Da mesma forma não <strong>de</strong>vem ser exigidos testes sorológicos prévios àcontratação e manutenção do emprego <strong>de</strong> professores e funcionários, por parte<strong>de</strong> estabelecimentos <strong>de</strong> ensino.III – Os indivíduos sorologicamente positivos, sejam alunos, professores oufuncionários, não estão obrigados a informar sobre sua condição à direção, afuncionários ou a qualquer membro da comunida<strong>de</strong> escolar.IV – A divulgação <strong>de</strong> diagnóstico <strong>de</strong> infecção pelo HIV ou <strong>de</strong> aids <strong>de</strong> quetenha conhecimento qualquer pessoa da comunida<strong>de</strong> escolar, entre alunos,professores ou funcionários, não <strong>de</strong>ve ser feita.V – Não <strong>de</strong>ve ser permitida a existência <strong>de</strong> classes especiais ou <strong>de</strong> escolasespecíficas <strong>para</strong> infectados(as) pelo HIV.Art. 2° – Recomendar a implantação, on<strong>de</strong> não exista, e a manutenção eampliação, on<strong>de</strong> já se executa, <strong>de</strong> projeto educativo enfatizando os aspectos<strong>de</strong> transmissão e prevenção da infecção pelo HIV e aids, dirigido a professores,pais, alunos, funcionários e dirigentes das re<strong>de</strong>s oficial e privada <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong>todos os níveis, na forma do anexo.§ 1° – O projeto educativo <strong>de</strong> que trata o caput <strong>de</strong>ste artigo <strong>de</strong>verá ser<strong>de</strong>senvolvido em todos os estabelecimentos <strong>de</strong> ensino do País, em todos osníveis, com participação e apoio dos serviços que compõem o Sistema Único <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong>.§ 2° – Os conteúdos programáticos do projeto educativo <strong>de</strong>verão estarem consonância com as diretrizes do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Prevenção às DoençasSexualmente Transmissíveis, <strong>Aids</strong> e Hepatites Virais do Ministério da Saú<strong>de</strong>.§ 3° – Os resultados do projeto educativo serão avaliados pela Coor<strong>de</strong>naçãodo <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Prevenção às <strong>DST</strong>s/<strong>Aids</strong> e Hepatites Virais, e seus relatóriosencaminhados periodicamente aos Ministros da Educação e da Saú<strong>de</strong>.Fonte: .


135OficinasA saú<strong>de</strong> e a prevenção são trabalhadas neste módulo a partir da perspectivada promoção da saú<strong>de</strong>, ou seja, buscando tornar a escola e seu entornoambientes mais favoráveis <strong>para</strong> a saú<strong>de</strong>, fortalecendo a ação comunitária e aintersetorialida<strong>de</strong> e, principalmente, favorecendo o processo emancipatório <strong>de</strong>adolescentes e jovens em suas escolhas.Reflexões e análises <strong>de</strong> situações vivenciadas por alguns dos personagensda <strong>HQ</strong> SPE n° 2 e 5 estarão presentes no <strong>de</strong>correr das oficinas interligando,assim, as situações e os medos cotidianos com os saberes preventivos.Bom trabalho!<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaOficina 1: Eu quero é mais saú<strong>de</strong>!ObjetivosMateriaisnecessáriosQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bateTempoConceituar ostermos saú<strong>de</strong>e promoção dasaú<strong>de</strong> <strong>de</strong>spertandoos alunos <strong>para</strong> anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>cada um cuidar <strong>de</strong>si e buscar pelosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.Folhas <strong>de</strong> flip chartcortadas ao meioCanetasCartaz ou powerpoint com oconceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>e <strong>de</strong> promoção dasaú<strong>de</strong><strong>HQ</strong> n°1.• Que cuidados asadolescentes e as jovensprecisam ter com suaprópria saú<strong>de</strong>?• Que cuidados osadolescentes e os jovensprecisam ter com suaprópria saú<strong>de</strong>?• Como é uma UBS? Queserviços existem lá <strong>para</strong>os(as) adolescentes ejovens?• Como eles(as) se sentemquando vão até lá? Comosão recebidos?Aproximadamente<strong>duas</strong> horas.Passo a passo• Inicie solicitando alguns exemplos sobre o que vem a ser “saú<strong>de</strong>”. Escrevaosno quadro e, quando as contribuições se esgotarem, releia os exemplos epeça que, em grupos, construam um conceito do que é saú<strong>de</strong>.• Distribua as meias folhas <strong>de</strong> flip chart e canetas <strong>para</strong> os grupos e peçaque, ao final, escrevam esses conceitos na folha.• Quando terminarem, peça que cada grupo apresente seu conceito.


136• Em seguida, em conjunto com os alunos, compare os resultados explicandoque existem vários conceitos sobre o que é saú<strong>de</strong>. Apresente o conceito daOrganização Mundial da Saú<strong>de</strong>, uma agência das Nações Unidas, utilizandoum cartaz ou sli<strong>de</strong>s.O que é saú<strong>de</strong>?Saú<strong>de</strong> é o estado <strong>de</strong> completo bem-estar físico, mental e social e nãosimplesmente a ausência <strong>de</strong> doença ou enfermida<strong>de</strong>. Isto significa que:• saú<strong>de</strong> não significa ausência <strong>de</strong> doença;• saú<strong>de</strong> não se limita apenas ao corpo. Inclui também a mente, as emoções,as relações sociais, a coletivida<strong>de</strong>;• existe a necessida<strong>de</strong> do envolvimento <strong>de</strong> outros setores sociais e daprópria economia <strong>para</strong> que as pessoas possam <strong>de</strong> fato ter saú<strong>de</strong>;• saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos nós, além <strong>de</strong> ter um caráter individual, também envolveações das estruturas sociais, incluindo necessariamente a criação <strong>de</strong> políticaspúblicas específicas <strong>para</strong> essa área.Fonte: O que é saú<strong>de</strong>?Disponível em: .• Apresente, agora, o sli<strong>de</strong> ou o cartaz referente ao conceito <strong>de</strong> promoção dasaú<strong>de</strong>. Explique ainda que, ao longo do tempo, o conceito <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> passoupor vários caminhos, até se chegar ao que se chama, hoje, <strong>de</strong> promoção dasaú<strong>de</strong>.Promoção da saú<strong>de</strong>É o processo <strong>de</strong> capacitação da comunida<strong>de</strong> <strong>para</strong> atuar na melhoria dasua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e saú<strong>de</strong>, incluindo maior participação em seu controle.Para atingir um completo bem-estar físico, mental e social, os indivíduos egrupos <strong>de</strong>vem saber i<strong>de</strong>ntificar aspirações, satisfazer necessida<strong>de</strong>s e modificarfavoravelmente o meio ambiente. A saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver ser vista como um recurso <strong>para</strong>a vida e não como objetivo <strong>de</strong> viver. (Carta <strong>de</strong> Ottawa , 1986)Fonte: O que é saú<strong>de</strong>?Disponível em: .


137• Peça que comparem essas <strong>de</strong>finições com os conceitos que eles elaboraramvendo o que tem <strong>de</strong> semelhante e o que tem <strong>de</strong> diferente.• Explique que, quando se fala em promoção da saú<strong>de</strong>, a ênfase está nascondições sociais existentes <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> uma vida mais dignacomo condição <strong>para</strong> se ter saú<strong>de</strong>. Assim, a saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> estar em locaisespecíficos – unida<strong>de</strong>s básicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, hospitais, centros <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> etc.– passando <strong>para</strong>, praticamente, todos os lugares em que a vida acontececomo, por exemplo: nossa casa, nossa escola, o ar que respiramos, a águaque bebemos, os alimentos que ingerimos, o salário que recebemos, o quefazemos nas horas <strong>de</strong> lazer, e na liberda<strong>de</strong> que temos ou <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> ter.• Enfatize que, nestes termos, a saú<strong>de</strong> também resulta da responsabilida<strong>de</strong>que cada pessoa precisa ter consigo própria e que isso se chama autocuidado.Isto significa que <strong>para</strong> se ter saú<strong>de</strong>, um adolescente ou jovem precisa: saberse prevenir, evitar as situações que colocam a saú<strong>de</strong> em risco, prestar atençãoà alimentação e higiene, pensar na vida a longo prazo (e não apenas nesseinstante) estabelecendo um plano <strong>de</strong> futuro.• Explique, também que, no Brasil, a Constituição Fe<strong>de</strong>ral afirma que:<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaA saú<strong>de</strong> é um direito <strong>de</strong> todos e um <strong>de</strong>ver do Estado, garantido mediantepolíticas sociais e econômicas que visem à redução do risco <strong>de</strong> doença e <strong>de</strong>outros agravos, e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços <strong>para</strong> asua promoção, proteção e recuperação. ( Art. 196 e 198).• Informe que, agora que já se <strong>de</strong>finiu saú<strong>de</strong>, façam trios e leiam a segundaparte da <strong>HQ</strong> n°1 – Perguntas e Respostas – i<strong>de</strong>ntificando quais seriam assituações vividas pelo grupo que fortaleceriam a promoção da saú<strong>de</strong>. Porexemplo, aspectos da relação entre as pessoas, acesso a materiais sobreprevenção etc.• Quando terminarem, faça uma lista com todos os aspectos promotores dasaú<strong>de</strong> que i<strong>de</strong>ntificaram na <strong>HQ</strong>. Em seguida, abra <strong>para</strong> a discussão a partirdas questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre reforçando que tanto as meninas quanto os meninos necessitamcuidar da própria saú<strong>de</strong> e se prevenir. Muitas vezes, pela forma como algunsserviços estão estruturados, os adolescentes e jovens do sexo masculino<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> frequentar os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> por acharem que lá é um espaçosó <strong>de</strong> mulheres e <strong>de</strong> crianças. Isso faz com que eles só apareçam nos serviçosquando a situação está complicada. Reforce que, neste módulo, está previstauma visita a uma UBS com direito a um retorno <strong>para</strong> apresentar sugestões<strong>de</strong> como tornar o serviço mais amigável <strong>para</strong> os adolescentes e jovens <strong>de</strong>ambos os sexos.


138I<strong>de</strong>ias principais• Muitas vezes os adolescentes e jovens <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ir aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>por medo <strong>de</strong> serem julgados pelos profissionais ou por temerem que seusproblemas virem públicos, ou seja, todo mundo fique sabendo.• O Código <strong>de</strong> Ética Médica <strong>de</strong>termina expressamente o respeito àopinião do adolescente e o sigilo profissional, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que ela ou ele tenhacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> avaliar o problema e <strong>de</strong> conduzir-se por seus próprios meios<strong>para</strong> solucioná-lo.• Do mesmo modo, o Código <strong>de</strong> Ética do Profissional <strong>de</strong> Enfermagemestabelece como <strong>de</strong>ver: respeitar e reconhecer o direito do cliente <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidirsobre sua pessoa, seu tratamento e seu bem-estar; seu natural pudor eintimida<strong>de</strong>. Determina, ainda, que é preciso manter segredo sobre fatosigiloso <strong>de</strong> que tenha conhecimento em razão <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong> profissional,exceto nos casos previstos em lei.• Os Códigos <strong>de</strong> Ética do Assistente Social e do Psicólogo afirmam,respectivamente, que: a quebra do sigilo só é admissível quando se tratar<strong>de</strong> situações cuja gravida<strong>de</strong> possa, envolvendo ou não fato <strong>de</strong>lituoso,trazer prejuízo aos interesses do usuário, <strong>de</strong> terceiros e da coletivida<strong>de</strong>;a revelação será feita <strong>de</strong>ntro do estritamente necessário, quer em relaçãoao assunto revelado, quer ao grau e número <strong>de</strong> pessoas que <strong>de</strong>le <strong>de</strong>vamtomar conhecimento; o sigilo protegerá o atendimento em tudo aquilo queo psicólogo ouve, vê ou <strong>de</strong> que tem conhecimento como <strong>de</strong>corrência doexercício da ativida<strong>de</strong> profissional.• Conhecer seus direitos é o primeiro passo <strong>para</strong> adolescentes e jovensterem autonomia nos cuidados com sua própria saú<strong>de</strong>.• A Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> é um espaço <strong>de</strong> todos e todas. Muitos meninos<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> frequentar os serviços por acreditarem que o cuidado com a saú<strong>de</strong>é uma preocupação mais das meninas do que <strong>de</strong>les, pois se consi<strong>de</strong>rammais fortes. Isso é uma crença que, na verda<strong>de</strong>, os <strong>de</strong>ixa mais vulnerável aosdiferentes agravos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Qualquer sintoma (algo que se sente) ou sinal(algo que se vê <strong>de</strong> diferente no corpo) é motivo <strong>para</strong> procurar a UBS.DicasMuitas vezes, os educadores têm dúvidas sobre o tipo <strong>de</strong> atenção que se dánas UBS. Da mesma forma, <strong>de</strong>sconhece os códigos e leis que regem a saú<strong>de</strong>. Apublicação Prevenção das <strong>DST</strong>s/<strong>Aids</strong> em Adolescentes e Jovens, Brochuras <strong>de</strong>


139Referência <strong>para</strong> os Profissionais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, supre essa necessida<strong>de</strong>, fornecendosubsídios técnicos, conceituais e legais <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> açõesintersetoriais entre as áreas da educação e da saú<strong>de</strong>. Além disso, o conjunto<strong>de</strong> temas discutidos são praticamente os mesmos que os dos módulos quecompõem esse guia.Disponível em: .Oficina 2: Somos todos vulneráveisObjetivosEstimular areflexão sobre assituações na vida <strong>de</strong>mulheres e homensque os tornammais vulneráveisa problemasrelacionados a suasaú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong>reprodutiva.Conhecer asvulnerabilida<strong>de</strong>s:individual,institucional ouprogramática esocial.Materiaisnecessários<strong>HQ</strong> nº 2 – DS ... oquê?Papel e canetas.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Quando um(a) adolescenteou jovem <strong>de</strong>sconfia que temuma <strong>DST</strong>s?• É diferente <strong>para</strong> os meninose as meninas? Em quê?• Por que o Marcão pediu<strong>para</strong> o Guga dar uma olhadaem seu bilau em vez <strong>de</strong>procurar uma UBS?• Além do conhecimentosobre as <strong>DST</strong>s, o que mais épreciso se garantir <strong>para</strong> queadolescentes e jovens fiquemmenos vulneráveis a essasdoenças?• O que vocês acham dacampanha que existe <strong>para</strong> quetodo mundo faça o teste <strong>para</strong>saber se tem o HIV?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas <strong>para</strong>a primeira parteda ativida<strong>de</strong>(leitura, discussãoda <strong>HQ</strong> e dasvulnerabilida<strong>de</strong>s;<strong>de</strong>bate) e <strong>duas</strong>horas <strong>para</strong>apresentação dosfolhetos.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Solicite que formem trios e que leiam a segunda parte da <strong>HQ</strong> n°2 – DS ...O quê?• Quando terminarem, peça que se sentem em um círculo e que relatem oque acharam das atitu<strong>de</strong>s do Capo, Inaiê e Marcão frente à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>terem uma doença sexualmente transmissível.• Explique que, muitas vezes, a i<strong>de</strong>ia que se tem é que, <strong>para</strong> se prevenirdas <strong>DST</strong>s e do HIV, o vírus da aids, basta saber como se pega ou não essasdoenças. Só que, na vida real, não é bem assim. A própria <strong>HQ</strong> mostrou queé bem mais complicado.


140• Afirme que, realmente, existem atitu<strong>de</strong>s individuais diante <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadassituações que fazem com que algumas pessoas coloquem em risco suaprópria saú<strong>de</strong> e a do outro. Entretanto, existem outros fatores que <strong>de</strong>ixamas pessoas mais expostas a algumas situações <strong>de</strong> risco que nada têm a vercom o jeito que ela é. Por exemplo:• a forma com que um <strong>de</strong>terminado país está investindo na informaçãosobre a doença;• se existe verba disponível <strong>para</strong> esses programas;• se as mulheres têm os mesmos direitos e oportunida<strong>de</strong>s que oshomens;• se há investimento <strong>para</strong> enfrentar a violência contra a mulher e outrasformas <strong>de</strong> violação dos direitos fundamentais, tais como o racismo e ahomofobia;• se os jovens e adolescentes têm os seus direitos reconhecidos,incluindo os direitos sexuais e reprodutivos;• se há investimentos <strong>para</strong> enfrentar e prevenir a exploração sexual <strong>de</strong>crianças e adolescentes que vivem em situação <strong>de</strong> pobreza etc.• Explique que, o conjunto <strong>de</strong>stes aspectos – individuais, programáticos esociais – <strong>de</strong>ixam algumas pessoas com maior chance <strong>de</strong> se infectar peloHIV e outras <strong>DST</strong>s do que outras. E que, portanto, quando se pensa emprevenção do HIV e das outras <strong>DST</strong>s, é preciso estar ligado em todos essescomponentes.• Informe que, agora, eles têm um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio: criar um folhetoinformativo <strong>para</strong> adolescentes e jovens sobre prevenção do HIV e outras<strong>DST</strong>s, mas centrado no prazer. Por exemplo, falando do tanto que é gostosauma boa conversa; as diferentes manifestações <strong>de</strong> afeto e <strong>de</strong> carinho; ocuidado que tem que se ter consigo mesmo(a) e com o outro; acordar no diaseguinte sem ter medo <strong>de</strong> uma gravi<strong>de</strong>z ou <strong>de</strong> uma <strong>DST</strong> etc.• Divida os alunos em quatro grupos e sorteie dois <strong>para</strong> criar o folheto<strong>para</strong> os meninos. Os outros dois grupos elaborarão um folheto <strong>para</strong> asmeninas.• Uma vez terminadas as propostas, peça que as apresentem e que cadagrupo aju<strong>de</strong> o outro a melhorar o produto a partir <strong>de</strong> sugestões.• Abra <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate a partir das questões e encerre lembrando-os que,muitas vezes, quando se fala <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> se fala, na verda<strong>de</strong>, só em doençase que é preciso mudar isso. O prazer faz parte da vida das pessoas e é umdireito!


141I<strong>de</strong>ias principais• Existem várias doenças sexualmente transmissíveis. Mais importantedo que saber o nome <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las é reconhecer os sinais queaparecem nos órgãos sexuais feminino e masculino – coceira, vermelhidão,corrimento, bolhas, verrugas, feridas, ínguas – e/ou sintomas como febre,dor ou indisposição, que po<strong>de</strong>m significar que temos uma <strong>DST</strong>s. Em se<strong>de</strong>tectando um <strong>de</strong>sses sinais ou sintomas, o melhor a se fazer é procurarimediatamente um serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• No entanto, nem todas as infecções sexualmente transmissíveisapresentam sinais e sintomas. Por essa razão, quando uma pessoa <strong>de</strong>scobreque tem uma <strong>DST</strong>s, é importantíssimo que ela avise todas as pessoas comquem teve relações sexuais. Sejam elas orais, genitais ou anais.• A hepatite B, causada pelo HBV, não apresenta sintomas na maioria doscasos. É um vírus muito resistente, po<strong>de</strong>ndo sobreviver no ambiente porcerca <strong>de</strong> sete dias. Por essa razão, é preciso cuidados com materiais queperfuram e cortam como, por exemplo, alicates <strong>de</strong> cutícula, tesouras eagulhas utilizadas por outras pessoas. Tem vacina, e é muito importanteque adolescentes e jovens a tomem.• O HIV não apresenta sinais nem sintomas. Só é possível saber <strong>de</strong> suapresença no sangue por meio <strong>de</strong> um exame. Fazer o teste <strong>para</strong> o HIV éum instrumento muito importante <strong>para</strong> a prevenção, uma vez que, quantoantes uma pessoa souber que vive com o vírus terá acesso gratuito aotratamento e aos medicamentos necessários.• Usar o preservativo é fundamental. Mas, não é suficiente. Na prevençãodas <strong>DST</strong>s e do HIV/<strong>Aids</strong>, é necessário questionar os preconceitos ediscriminações que existem em nossa socieda<strong>de</strong> em relação aos gêneros,raças/etnias, orientação sexual e classe social. Esse tipo <strong>de</strong> violênciaimpe<strong>de</strong> muitas vezes que adolescentes se cui<strong>de</strong>m, uma vez que mina as<strong>de</strong>fesas e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar ajuda.• Todos nós estamos vulneráveis à infecção pelo HIV ou a uma <strong>DST</strong>s, senão adotarmos comportamentos <strong>de</strong> autocuidado e não buscarmos nossosdireitos.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


142Dicas<strong>Aids</strong>: o que pensam os jovensA partir das conclusões do Grupo Temático Jovem da UNAIDS, essapublicação traz o registro da percepção dos/das jovens na formulação e naexecução <strong>de</strong> políticas públicas em HIV e aids.Disponível em: .Manual <strong>de</strong> prevenção das <strong>DST</strong>s/HIV/<strong>Aids</strong> em comunida<strong>de</strong>s popularesApresenta uma metodologia do trabalho <strong>de</strong> prevenção em comunida<strong>de</strong>spopulares e reflexões sobre os principais temas relacionados à prevenção.Disponível em: .Oficina 3: Eu preciso fazer o teste <strong>de</strong> HIV?ObjetivosRefletir sobre aimportância darealização do teste<strong>de</strong> HIV, mesmo <strong>para</strong>quem tem parceirosfixos, e estimularo diálogo entreos parceiros, <strong>para</strong>realização do teste.MateriaisQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>batenecessáriosCartaz ou sli<strong>de</strong>s • O que costuma rolarcom as <strong>de</strong>finições em uma balada que po<strong>de</strong><strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong>ixar adolescentes mais<strong>de</strong> proteção. vulneráveis <strong>para</strong> infectar-sepelas <strong>DST</strong>s HIV/<strong>Aids</strong>?• Por que fazer o teste <strong>de</strong>HIV é importante?• O que é transmissãovertical?• Se o teste <strong>de</strong> um ouambos os parceiros <strong>de</strong>rpositivo, o que po<strong>de</strong> mudarno relacionamento <strong>de</strong>les?• Por que mesmo quemtem parceiro fixo, atémesmo casados, precisamse prevenir e fazer o teste<strong>para</strong> HIV?• Quando um adolescentevai fazer o teste precisalevar alguém da família?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas.


143Passo a passo• Inicie a ativida<strong>de</strong> retomando as várias situações que os personagensdas <strong>HQ</strong>ss vivenciaram em relação às <strong>DST</strong>s e o HIV. Lembre-os que, quandoalguns dos personagens <strong>de</strong>sconfiaram que estavam infectados, procuraramo serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> (Capo, Inaê) mesmo que constrangidos. E que outros(Marcão) precisaram do empurrão <strong>de</strong> um amigo <strong>para</strong> chegar até lá.• Recor<strong>de</strong>, também, as situações <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> que eles discutiramna ativida<strong>de</strong> passada, ou seja, que não basta uma pessoa ter todas asinformações sobre o vírus da aids e as outras <strong>DST</strong>s <strong>para</strong> se sentir protegido.Existem outros fatores que aumentam, sim, a vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adolescentese jovens. Por isso é preciso ter uma atitu<strong>de</strong> e comprometer-se com a própriasaú<strong>de</strong>, exigindo seus direitos e tendo autonomia.• Explique que, agora, a partir da leitura da <strong>HQ</strong> n°5, eles/as <strong>de</strong>verãolistar quais os fatores protetores que diminuem a vulnerabilida<strong>de</strong> dosprotagonistas das histórias. Em seguida, irão listar quais os fatores <strong>de</strong> riscoque po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>ixar aqueles(as) jovens mais vulneráveis <strong>para</strong> se infectarpelo HIV e outras <strong>DST</strong>s.• Apresente e explique os conceitos <strong>de</strong> fatores protetores e <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong>risco utilizando um cartaz ou um sli<strong>de</strong>.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaFatores protetoresSão aqueles que protegem o(a) adolescentee o(a) jovem <strong>de</strong> situações que possamagredi-lo(a) física, psíquica ou socialmente,<strong>de</strong>ixando-a menos vulnerável a infectar-sepor uma <strong>DST</strong> ou pelo HIV. Por exemplo:• conhecimento da existência da epi<strong>de</strong>miado HIV/<strong>Aids</strong>, formas <strong>de</strong> transmissão e <strong>de</strong>proteção;• percepção <strong>de</strong> que todos estamosvulneráveis ao HIV;• saber on<strong>de</strong> obter insumos <strong>de</strong> prevençãocomo camisinhas;• ter um projeto <strong>de</strong> futuro;• ter condições dignas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, educação,trabalho, alimentação, entre tantas outras.Fatores <strong>de</strong> riscoSão aqueles que aumentam a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> uma pessoa vivenciar situações quepossam agredi-la física, psíquica ousocialmente.Deixam-na mais vulnerável a infectar-sepor uma <strong>DST</strong> ou pelo HIV. Por exemplo:• acredita que o HIV é coisa <strong>de</strong>homossexual, profissionais do sexo eusuários <strong>de</strong> drogas;• vive em um contexto <strong>de</strong> violência e temmais medo disso do que <strong>de</strong> pegar uma<strong>DST</strong>/<strong>Aids</strong>;• só se preocupa com o aqui e o agora;• os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ficam muitodistantes e não tem condições <strong>de</strong> acessálos.• não tem dinheiro <strong>para</strong> comprar opreservativo;• tem receio <strong>de</strong> ir à UBS e ser ridicularizadopor quem vai atendê-lo;• tem medo <strong>de</strong> os colegas verem quetem camisinha no(a) bolso/bolsa e <strong>de</strong> sertachado <strong>de</strong> gay ou <strong>de</strong> galinha.


144• Peça que se reúnam em grupos, que leiam a <strong>HQ</strong> n° 5 e que i<strong>de</strong>ntifiquemquais os fatores <strong>de</strong> risco e <strong>de</strong> proteção que apareceram naquela Balada,ou em outra <strong>HQ</strong>, que <strong>de</strong>ixam aqueles/as jovens mais vulneráveis a umainfecção pelo HIV/<strong>Aids</strong>.• Conforme os grupos terminarem suas listas, solicite que escrevam umacarta <strong>para</strong> um dos(as) personagens da <strong>HQ</strong> n°5 falando da importância <strong>de</strong> sefazer o teste <strong>para</strong> o HIV.• Quando os grupos terminarem, peça que apresentem seus quadros e queleiam suas cartas. Abra <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate a partir das questões indicadas noquadro.• Encerre, reforçando que, nos dias <strong>de</strong> hoje, o HIV e a aids não têm maiso caráter <strong>de</strong> sentença <strong>de</strong> morte como no início da epi<strong>de</strong>mia. Muito pelocontrário. Existem leis no Brasil que protegem os direitos das pessoasvivendo com o HIV e a aids, e os medicamentos <strong>de</strong> nova geração permitemque essas pessoas tenham maior qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. No entanto essesmedicamentos trazem uma série <strong>de</strong> efeitos colaterais. Portanto, prevenirainda é a melhor coisa a se fazer.I<strong>de</strong>ias principais 35• O teste <strong>de</strong> aids é aconselhável <strong>para</strong> quem passou por uma situação<strong>de</strong> risco, como ter feito sexo <strong>de</strong>sprotegido. Após a infecção pelo HIV, osistema imunológico <strong>de</strong>mora cerca <strong>de</strong> um mês <strong>para</strong> produzir anticorpos emquantida<strong>de</strong> suficiente <strong>para</strong> serem <strong>de</strong>tectados pelo teste. É melhor fazer oexame após esse período.• O HIV po<strong>de</strong> ser transmitido: por relações sexuais <strong>de</strong>sprotegidas (semo uso do preservativo), anais, vaginais e orais; pelo compartilhamento <strong>de</strong>agulhas e seringas infectadas; <strong>de</strong> mãe <strong>para</strong> filho durante a gestação, o partoe a amamentação; por transfusão <strong>de</strong> sangue.• O HIV não é transmitido pelo beijo, toque, abraço, aperto <strong>de</strong> mão,compartilhamento <strong>de</strong> toalhas, talheres, pratos, suor ou lágrimas. Portanto,toda pessoa que vive com o HIV e a <strong>Aids</strong> po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve receber muito carinhoe atenção.• O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito por meio <strong>de</strong> testes, realizadosa partir da coleta <strong>de</strong> uma amostra <strong>de</strong> sangue. No Brasil, temos os exameslaboratoriais como o Elisa anti-HIV e os testes rápidos que <strong>de</strong>tectam osanticorpos contra o HIV em um tempo inferior a 30 minutos.35 Extraídas e adaptadas <strong>de</strong>: Fique sabendo. Disponível em: .


145• Quando uma adolescente ou uma mulher está grávida é inquestionávelque faça o pré-natal. Dentre os exames solicitados pelo ginecologistaestá o <strong>de</strong> HIV. Caso ela se <strong>de</strong>scubra infectada pelo vírus, começará a sertratada imediatamente, garantindo assim maior possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o bebênascer soronegativo <strong>para</strong> o HIV. Caso o teste dê negativo, vale lembrar, essemesmo teste precisará ser repetido no último trimestre da gravi<strong>de</strong>z, poisou ela po<strong>de</strong> ter se infectado <strong>de</strong>pois do primeiro teste ou estar em período<strong>de</strong> janela imunológica, quando a contagem do vírus não é suficiente <strong>para</strong><strong>de</strong>tectar sua presença no sangue. Em ambos os casos, utilizar sempre acamisinha durante a gravi<strong>de</strong>z é fundamental!DicasOs testes <strong>para</strong> <strong>de</strong>tectar o vírus HIV são realizados pelo Sistema Único<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (SUS) sigilosa e gratuitamente. Os laboratórios da re<strong>de</strong> particulartambém os realizam. Nos Centros <strong>de</strong> Testagem e Aconselhamento (CTA), quesão unida<strong>de</strong>s da re<strong>de</strong> pública, os exames po<strong>de</strong>m ser feitos inclusive <strong>de</strong> formaanônima. Antes <strong>de</strong> fazer o teste e <strong>de</strong> receber os resultados, as pessoas passampor um processo <strong>de</strong> aconselhamento.O teste convencional chama-se Elisa. É utilizado nas investigaçõesdiagnósticas, <strong>para</strong> <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos anti-HIV no organismo. Ele procurano sangue do indivíduo os anticorpos que o corpo <strong>de</strong>senvolve naturalmenteem resposta à infecção pelo HIV. O resultado <strong>de</strong>sse teste <strong>de</strong>mora algunsdias. Ocasionalmente, po<strong>de</strong> surgir um falso positivo (resultado positivo<strong>para</strong> o HIV, em uma pessoa não infectada pelo vírus). Por isso aconselhaseà pessoa repetir o Elisa e, em seguida, fazer o teste <strong>de</strong> Western Blot,que é mais sensível e <strong>de</strong>fine com mais precisão a presença <strong>de</strong> anticorposanti-HIV no sangue. No entanto, como é mais complicado e exige condiçõestécnicas mais avançadas, só é utilizado como confirmação do Elisa.Os testes rápidos são realizados a partir da coleta <strong>de</strong> uma gota <strong>de</strong> sangueda ponta do <strong>de</strong>do. O resultado tem a mesma confiabilida<strong>de</strong> dos examesconvencionais, e não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> repetição em laboratório. Essemétodo permite que, em apenas meia hora, o paciente faça o teste, conheçao resultado e receba o aconselhamento. Distribuído gratuitamente <strong>para</strong>serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da re<strong>de</strong> pública, é utilizado na maior parte das ações doFique Sabendo, principalmente pela agilida<strong>de</strong> e praticida<strong>de</strong>.Disponível em: .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


146Oficina 4: Visita à UBSObjetivosConhecer uma UBSe i<strong>de</strong>ntificar serviçose profissionais quepo<strong>de</strong>riam ajudar apromoção da saú<strong>de</strong>do jovem.MateriaisnecessáriosTiras <strong>de</strong> folhas <strong>de</strong>flip chart; 5 canetas<strong>de</strong> <strong>cores</strong> diferentes;fita crepe; cópias doroteiro <strong>de</strong> visita e<strong>de</strong> entrevista <strong>para</strong>todos.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Quem já esteve em umaUBS? O que achou doambiente? E do atendimento?• Que tipos <strong>de</strong> serviçosexistem <strong>para</strong> adolescentes ejovens? São diferentes dosque os adultos frequentam?• Que tipos <strong>de</strong> profissionaisexistem e que po<strong>de</strong>riam serprocurados pelos(as) jovens?• O que tem lá que interessaa uma adolescente ou umajovem?TempoAproximadamentequatro horasdivididas em doisperíodos:1. pre<strong>para</strong>ção doroteiro <strong>de</strong> visita eentrevista;2. visita ao serviçoe relatório.Passo a passo• Antes <strong>de</strong> propor a ativida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntificar uma UBS que se prontifique arealizar uma visita monitorada com os alunos e pessoas que concor<strong>de</strong>m emser entrevistadas por eles. Se sua escola faz parte do Projeto SPE, procure ogrupo gestor municipal <strong>para</strong> facilitar essa negociação.• Na sala <strong>de</strong> aula, explique que a proposta é sair um pouco da escola econhecer os serviços que existem em uma Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (UBS).• Explique que, antes da visita, porém, cada grupo <strong>de</strong>verá elaborar um roteiro<strong>de</strong> perguntas <strong>para</strong> os profissionais, centrados nas necessida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mandasda população adolescente e jovem. Por exemplo, se uma adolescente vempedir preservativo na UBS, quantos preservativos ele recebe? Por que essaquantida<strong>de</strong>?• Solicite que formem os grupos e que cada um <strong>de</strong>les elabore cincoperguntas.• Quando terminarem, repasse aos grupos cinco tiras <strong>de</strong> flip chart e umacaneta <strong>de</strong> cor diferente <strong>para</strong> cada um <strong>de</strong>les.• Cole as tiras e peça que façam um gran<strong>de</strong> círculo. Leia todas as propostase, em conjunto com os adolescentes e jovens, solicite que:1. i<strong>de</strong>ntifiquem as perguntas repetidas (retire-as da pare<strong>de</strong>);2. apontem quais as que precisam <strong>de</strong> esclarecimento (faça um X ao lado<strong>de</strong>las e, em seguida, peça que o grupo que tinha aquela cor <strong>de</strong> canetaesclareça as dúvidas);


1473. cada pessoa vá até as perguntas e faça uma bolinha nas cinco quelhes parece mais apropriadas <strong>para</strong> que, ao final da visita, tenhamum panorama do que os adolescentes e jovens po<strong>de</strong>m encontrar nosserviços (mantenha as que receberam votos na pare<strong>de</strong> e retire as quenão receberam nenhum voto);4. releiam as perguntas e que pensem em formas <strong>de</strong> organizá-las <strong>para</strong>facilitar a entrevista (auxilie-os a organizá-las logicamente, por exemplo,pelos setores que existem na UBS: assistência social/psicologia; pediatria;ginecologia etc.).• Quando escolherem as perguntas que serão feitas aos profissionais, peçaque as escrevam no ca<strong>de</strong>rno <strong>para</strong> a entrevista.• Em seguida, peça que cada grupo escolha um integrante <strong>para</strong> observaralguns aspectos específicos do serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> visitado.1. Como é a entrada da UBS? Tem alguém lá?2. Quem recepciona as pessoas que chegam lá?3. Quantas pessoas há na sala <strong>de</strong> espera? Quantos adolescentes oujovens?4. Tem cartazes na pare<strong>de</strong>? Quais?5. Tem horários específicos <strong>para</strong> o atendimento <strong>para</strong> adolescentes ejovens?• Abra <strong>para</strong> a discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre explicando que o projeto SPE busca trazer a UBS mais <strong>para</strong> pertoda escola e a escola <strong>para</strong> mais perto da UBS. Isso significa que, <strong>para</strong> sepromover a saú<strong>de</strong> e a prevenção, essas <strong>duas</strong> áreas têm que trabalhar juntase integradas. E, <strong>de</strong> preferência, engajar adolescentes e jovens em todas asativida<strong>de</strong>s que forem realizadas, a partir das necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>les e <strong>de</strong>las.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaI<strong>de</strong>ias principais• A Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (UBS) é uma estrutura física básica <strong>de</strong>atendimento aos(às) usuários(as) do SUS, on<strong>de</strong> a comunida<strong>de</strong> consegueresolver a maioria dos seus problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.• Estando bem organizada, a UBS consegue dar conta dos problemas<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais comuns da população. Cada Unida<strong>de</strong> é responsável pelasaú<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos os habitantes <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminado território da cida<strong>de</strong>.


148Todo planejamento das ações <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> da Unida<strong>de</strong> é voltado <strong>para</strong> estacomunida<strong>de</strong>, enten<strong>de</strong>ndo as situações socioeconômicas e priorizando aspopulações mais vulneráveis daquele território. Em todas as unida<strong>de</strong>s existeum coor<strong>de</strong>nador <strong>para</strong> tirar as dúvidas.• O Programa Saú<strong>de</strong> da Família e as Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> são osprimeiro locais que a população <strong>de</strong>ve procurar <strong>para</strong> receber atendimentomais rápido.• Existem vários programas disponíveis <strong>para</strong> adolescentes e jovens. Um<strong>de</strong>les é o Programa da Mulher. Uma adolescente com mais <strong>de</strong> 12 anos po<strong>de</strong>marcar uma consulta e ser atendida mesmo que esteja sozinha. Lá, po<strong>de</strong>ráfazer alguns exames <strong>de</strong> rotina como o papanicolau.• Para os meninos, infelizmente, ainda existem poucos serviços voltadosespecificamente <strong>para</strong> eles. No entanto vale a pena que, pelo menos umavez ao ano, marquem uma consulta e verifiquem se está tudo bem com asaú<strong>de</strong>.• Além <strong>de</strong>sses serviços, as UBS contam com apoio psicológico e <strong>de</strong>ntista.• Para ter acesso a eles, no entanto, é preciso provi<strong>de</strong>nciar alguns documentos,fazer um cartão do SUS e ter a carteira <strong>de</strong> vacinação em dia. Seria uma ótimai<strong>de</strong>ia que, os próprios adolescentes e jovens promovessem uma campanhana escola estimulando que todos e todas tivessem a carteirinha do SUS.DicasNo Portal Saú<strong>de</strong>, encontra-se uma série <strong>de</strong> informações voltadas <strong>para</strong> apromoção, proteção e recuperação da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens e adolescentes. Entre osdados disponíveis, <strong>de</strong>stacam-se aqueles sobre crescimento e <strong>de</strong>senvolvimento;saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva; e redução da mortalida<strong>de</strong> por violência eaci<strong>de</strong>ntes. Também estão disponíveis publicações e ações do Ministério daSaú<strong>de</strong>, com informações voltadas <strong>para</strong> este público, além <strong>de</strong> links <strong>de</strong> acessoa instituições parceiras.Disponível em: .


149Oficina 5: Serviços mais acolhedores <strong>para</strong> adolescentes e jovensObjetivosFavorecer a reflexãosobre como seriaum serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>mais acolhedoràs necessida<strong>de</strong>s e<strong>de</strong>mandas jovens,valorizando aparticipação dosadolescentes e jovensem ativida<strong>de</strong>s nasUBS.MateriaisnecessáriosEntrevistas eobservaçõeselaboradas.Papel e lápis.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Como seria um serviço maisacolhedor ou amigável <strong>para</strong>adolescentes e jovens?• Alguma coisa <strong>de</strong>veria serdiferente <strong>para</strong> o atendimentoàs meninas? E aos meninos?• O que vocês mudariam noaspecto da UBS?• O que vocês proporiamem relação aos horários <strong>de</strong>atendimento?• E no passo a passo (fluxo)<strong>para</strong> se pegar o preservativoou pegar camisinhas?• Como vocês acham que osprofissionais <strong>de</strong>veriam receberos adolescentes e os jovens? Ea consulta?• Como divulgar a UBS naescola ou na comunida<strong>de</strong>?TempoAproximadamentetrês horas. Duas<strong>para</strong> elaboraras sugestõese uma <strong>para</strong>apresentação <strong>para</strong>os profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> convidados.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Explique que existem grupos <strong>de</strong> adolescentes e jovens que <strong>de</strong>senvolvemalguns projetos em conjunto com as Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. Mesmo <strong>de</strong>ntro doSPE, existem jovens que <strong>de</strong>senvolvem trabalhos com seus pares tanto nasescolas quanto nas UBS.• Uma vez que os adolescentes e jovens já visitaram a UBS, entrevistaramalguns profissionais e observaram seu espaço físico, peça que os grupos sereúnam novamente <strong>para</strong>, a partir dos dados coletados, sugiram formas <strong>de</strong><strong>de</strong>ixar os serviços mais acolhedores <strong>para</strong> adolescentes e jovens.• Antes, porém, explique que, no nosso caso, um serviço mais acolhedor oumais amigável <strong>para</strong> adolescentes e jovens é entendido como um conjunto<strong>de</strong> ações integrais que busca garantir e respeitar os direitos sexuais eos direitos reprodutivos <strong>de</strong> adolescentes e jovens aten<strong>de</strong>ndo às suasnecessida<strong>de</strong>s. Assim, essas sugestões <strong>de</strong>verão ser relacionadas às questõesque foram tratadas, até agora, pelas <strong>HQ</strong>s, ou seja: <strong>DST</strong>s/<strong>Aids</strong>; gravi<strong>de</strong>z naadolescência, viver e conviver com o HIV e aids; gênero, raças/etnias ediversida<strong>de</strong> sexual.


150• Quando os grupos terminarem, peça que cada um apresente suas propostase aprofun<strong>de</strong> a conversa a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre, propondo que essas sugestões sejam sistematizadas e que, agora,convi<strong>de</strong>m os profissionais da UBS <strong>para</strong> conhecer a escola e apresentaremas sugestões elaboradas. Será, pois, uma forma <strong>de</strong> aproximar ainda mais aeducação da saú<strong>de</strong>, divulgar as novas informações por toda a comunida<strong>de</strong>e estimular a criação <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> comunicação direta entre a escola eo serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.I<strong>de</strong>ias principaisAlguns profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong>m adolescentes e jovens costumamafirmar que é sempre importante investigar a existência <strong>de</strong> sinais e sintomasclínicos, mas não se limitar a isso. Acreditam que é preciso, principalmente, ouviro modo como o adolescente avalia a sua saú<strong>de</strong> no momento atual, <strong>de</strong> quaisrecursos dispõe <strong>para</strong> cuidar <strong>de</strong> si e qual é a imagem que tem <strong>de</strong> si mesmo.Outra questão indispensável é perceber que a saú<strong>de</strong> do adolescente ouo adoecimento são produzidos em um <strong>de</strong>terminado contexto social, do qualfazem parte a escola, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lazer, as relações familiares, as relaçõescom namorados e amigos, a relação com o álcool, tabaco e outras drogas, aexposição ao preconceito e a outras formas <strong>de</strong> violência.Uma das dimensões que constitui o sentido <strong>para</strong> a vida é a perspectiva <strong>de</strong>futuro. Se consi<strong>de</strong>rarmos que a saú<strong>de</strong> não é a mera ausência <strong>de</strong> sintomas, masalgo muito mais amplo que se produz na relação da pessoa com ela mesma, comos outros e com os seus projetos <strong>para</strong> o futuro, torna-se necessário perceber aatenção à saú<strong>de</strong> a partir, também, <strong>de</strong>sses aspectos.No caso dos adolescentes e jovens do sexo masculino, muitas vezes, elesevitam os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> porque temem ser vistos como frágeis ou seremridicularizados pelos profissionais ou colegas. Assim, é preciso tornar os espaços<strong>de</strong> gênero mais equitativos, no caso, colocando imagens <strong>de</strong> homens jovensutilizando equipamentos <strong>de</strong> proteção como, por exemplo, um capacete ao andar<strong>de</strong> moto. É importante, também, <strong>de</strong>ixar à mostra materiais educativos voltados<strong>para</strong> homens.Os preservativos <strong>de</strong>vem estar à vista e à disposição dos adolescentes ejovens. Por exemplo, <strong>de</strong>ixá-los em um recipiente <strong>de</strong> vidro transparente e semtampa <strong>para</strong> que possam retirar o número <strong>de</strong> preservativos que quiserem sem terque pedir <strong>para</strong> ninguém.


151Na medida do possível, seria ótimo oferecer uma escala <strong>de</strong> serviços flexívelincluindo horários noturnos e fins <strong>de</strong> semana, <strong>para</strong> acolher adolescentes ejovens fora <strong>de</strong> seus horários <strong>de</strong> escola e/ou <strong>de</strong> trabalho.DicasO Ministério da Saú<strong>de</strong>, por meio da Área Técnica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> doAdolescente e do Jovem, elaborou <strong>duas</strong> publicações: Ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> doAdolescente e a Ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Adolescente. São dois instrumentosimportantes na garantia da cidadania <strong>para</strong> essa população, uma vez quereúnem informações sobre como evitar doenças, sobre mudanças no corpo,além <strong>de</strong> orientações sobre saú<strong>de</strong> sexual e saú<strong>de</strong> reprodutiva, saú<strong>de</strong> bucal ealimentação. Traz também informação sobre o ECA e o direito do adolescente<strong>de</strong> ser atendido(a) em toda a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que faz parte do SUS.Disponíveis em: .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaSessão <strong>de</strong> Cinema<strong>Aids</strong>, <strong>DST</strong>s, Redução <strong>de</strong> Danos, Transmissão Vertical, Testagem e A<strong>de</strong>são.O AIDS Media Center foi criado com o objetivo <strong>de</strong> compartilhar campanhas,relatos <strong>de</strong> reuniões, fotos, vi<strong>de</strong>oconferências e transmissões ao vivo realizadaspelo <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>s/<strong>Aids</strong> e Hepatites Virais do Ministério da Saú<strong>de</strong>.Disponível em: .Pan<strong>de</strong>mia: Enfrentando a <strong>Aids</strong>Ano: 2003Duração: 113 minutosA série em cinco capítulos explora a luta <strong>de</strong> pessoas contra a aids emcinco países distintos. Em Uganda, na África, on<strong>de</strong> há treze milhões <strong>de</strong> órfãos,o drama é das crianças James e Jessica. Portadores do HIV, o casal <strong>de</strong> indianosNagaraj e Bhanu espera seu primeiro filho. O Brasil comparece com o relato<strong>de</strong> esperança <strong>de</strong> Alex, que consegue gratuitamente do governo os remédioscaríssimos <strong>para</strong> seu tratamento.


152YesterdayAno: 2004Duração: 96 minutosNuma remota al<strong>de</strong>ia africana, Yesterday é diagnosticada com o vírus HIV.Apesar <strong>de</strong> a doença não ser mais uma surpresa entre seu povo, ela é vítima daignorância. Enfrenta duras reações tanto por parte do marido, que a infectou,como por parte dos moradores do vilarejo. Yesterday sonha em ficar saudávelaté ver sua pequena filha ir <strong>para</strong> a escola.


153Módulo 6Álcool e outras drogasComeço <strong>de</strong> conversaAntes <strong>de</strong> tudo, nem pensar que o trabalho sobre prevenção ao uso do álcoole outras drogas é uma tarefa que cabe somente à escola. As áreas da saú<strong>de</strong>,cultura, esportes, justiça e juventu<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outras, precisam estar juntas naimplantação e implementação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong>sse porte. Do mesmo modo, épreciso envolver a família e a comunida<strong>de</strong> nas ações <strong>de</strong>senvolvidas na escolacomprometendo-as na promoção <strong>de</strong> uma vida mais saudável.Mais uma coisa: nunca per<strong>de</strong>r a perspectiva <strong>de</strong> que o bom professor nãoimpõe aos alunos sua visão <strong>de</strong> mundo. Mas, como diria o professor Filé na <strong>HQ</strong> n°6, a escola <strong>de</strong>ve auxiliá-los a “apren<strong>de</strong>r a conhecer, apren<strong>de</strong>r a fazer, apren<strong>de</strong>ra conviver e apren<strong>de</strong>r a ser”.Esses quatro pilares, <strong>de</strong>finidos no Relatório da Comissão Internacional sobrea Educação no Século XXI 36 , afirmam que o maior objetivo da educação é “aconstrução, pelas pessoas, <strong>de</strong> competências e habilida<strong>de</strong>s que lhes permitamalcançar seu <strong>de</strong>senvolvimento pleno e integral”. O coor<strong>de</strong>nador do relatório,Jacques Delors, atribui, ainda, à educação “a difícil e contraditória missão <strong>de</strong>fornecer os mapas <strong>de</strong> um mundo complexo e constantemente agitado e, aomesmo tempo, ser a bússola que permita navegar através <strong>de</strong>le”.Pensando em um trabalho sobre o uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas, essaproposta é básica. É preciso mesmo ultrapassar aquela visão <strong>de</strong> educaçãosomente como uma via obrigatória <strong>para</strong> se obter resultados no futuro. A educaçãoé, antes <strong>de</strong> tudo, um processo que possibilita a autonomia e a formação <strong>de</strong>juízos <strong>de</strong> valor próprios. Só <strong>de</strong>ssa forma, po<strong>de</strong>rão <strong>de</strong>cidir por si mesmos e agir<strong>de</strong> forma mais protegida nas mais diferentes circunstâncias da vida.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula36 DELORS, 1999.


154Os 4 Pilares da EducaçãoApren<strong>de</strong>r a conhecer – significa <strong>de</strong>scobrir suas próprias ferramentas <strong>para</strong>enfrentar as mudanças velozes do mundo globalizado, pois o conhecimento quese aplica hoje, amanhã po<strong>de</strong> não mais se aplicar. É o apren<strong>de</strong>r a apren<strong>de</strong>r.Apren<strong>de</strong>r a fazer – está mais estreitamente ligada à questão da formaçãoprofissional: como ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos e,também, como adaptar a educação ao trabalho futuro quando não se po<strong>de</strong>prever qual será a sua evolução?Apren<strong>de</strong>r a conviver – constitui um dos maiores <strong>de</strong>safios da educação hoje<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um cenário mundial <strong>de</strong> violência. Implica conceber uma educaçãocapaz <strong>de</strong> evitar os conflitos, ou <strong>de</strong> resolvê-los <strong>de</strong> maneira pacífica, <strong>de</strong>senvolvendoo conhecimento <strong>de</strong> si, dos outros e <strong>de</strong> suas culturas.Apren<strong>de</strong>r a ser – objetiva a realização integral da pessoa humana em toda suadiversida<strong>de</strong> e complexida<strong>de</strong>.O <strong>de</strong>senvolvimento do ser humano, que se <strong>de</strong>senrola<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento até a morte, é um processo dialético que começa peloconhecimento <strong>de</strong> si mesmo <strong>para</strong> se abrir, em seguida, à relação com o outro.Apenas não basta investir na formação <strong>de</strong> alunos mais críticos e maisautônomos. Afinal, o álcool e as outras drogas estão presentes em diferentessituações sociais – baladas, comemorações, cultos religiosos, <strong>de</strong>ntre outros –,além <strong>de</strong> ser, <strong>para</strong> muitos, um referencial <strong>de</strong> passagem da adolescência <strong>para</strong> omundo adulto. Então, mais uma vez, reforçamos a importância <strong>de</strong> se trabalharintersetorialmente e perceber que a prevenção passa, também, pelas açõesculturais e esportivas, por exemplo. Assim, fique <strong>de</strong> olho nas propostas <strong>de</strong> outrossetores e aproveite todas essas oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> sugerir que a comunida<strong>de</strong>escolar participe.Neste módulo, a proposta é reenxergar o álcool e as outras drogas, apartir dos diferentes olhares que a própria socieda<strong>de</strong> nos impõe. Navegaremosabordando a presença do álcool e das outras drogas no <strong>de</strong>correr da históriada humanida<strong>de</strong>, passando pelas crenças que existem sobre estas substâncias,alternativas <strong>de</strong> abordagem e <strong>de</strong> intervenção utilizadas em nosso país e,finalmente, por discussões que estão na pauta do dia.Des<strong>de</strong> que o mundo é mundo...Revendo a história da humanida<strong>de</strong>, é fácil <strong>de</strong>scobrir que os seres humanossempre procuraram e utilizaram substâncias que modificassem o seu humor,suas sensações, seu grau <strong>de</strong> consciência, seu estado emocional e, ainda, a buscapelo sagrado.


1A diferença é que, nas culturas mais antigas, as bebidas fermentadas e asoutras drogas psicotrópicas tinham um lugar bem <strong>de</strong>finido. Veja alguns exemplosno quadro abaixo.Curiosida<strong>de</strong>s históricas• Registros arqueológicos revelam que os primeiros indícios <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong>álcool pelo ser humano datam <strong>de</strong> aproximadamente 6000 a.C.• O tabaco começou a ser usado por volta do ano 1000 a.C. por socieda<strong>de</strong>sindígenas estabelecidas na América Central.• O uso do ópio iniciou-se, no mínimo, há seis mil anos, no Oriente Médio.Os sumérios consi<strong>de</strong>ravam a papoula a planta da alegria.• Há 5.700 anos, os nativos norte-americanos usam o peiote – que contémmescalina, em suas cerimônias religiosas.• No Egito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 5.000 anos, as ervas medicinais são adicionadasao vinho <strong>para</strong> tratar muitas doenças. Jarras da época do Faraó AmenófisIII (por volta do ano 1350 a.C.) trazem inscrições indicando a ingestão <strong>de</strong>vinho misturado com coentro <strong>para</strong> tratar dores <strong>de</strong> estômago.• As populações indigenas da Amazônia usam, há mais <strong>de</strong> quatro mil anos,uma combinação <strong>de</strong> caapi e chacrona <strong>para</strong> a produção da ayahuasca 37usada em rituais religiosos.• Consi<strong>de</strong>rada uma planta divina pelos incas, as mais antigas folhas <strong>de</strong> cocaforam <strong>de</strong>scobertas na região do Peru em 2500 – 1800 a.C. A folha <strong>de</strong> cocaainda é usada por populações andinas <strong>para</strong> suportar os efeitos da altitu<strong>de</strong>em longas jornadas <strong>de</strong> trabalho.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaMais recentemente...• No Brasil, no começo do século XX, a cocaína era vendida livremente nasfarmácias. Era usada principalmente pelos <strong>de</strong>ntistas, <strong>para</strong> ser aplicada nolocal em caso <strong>de</strong> dor <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>vido ao seu efeito anestésico.37 A ayahuasca é uma bebida feita a partir <strong>de</strong> <strong>duas</strong> plantas alucinógenas (o cipó Banisteriopsis caapi – conhecidocomo jagube, mariri, e a folha Psychotria viridis – chacrona, rainha). Ela é ingerida no ritual doSanto Daime, no culto da União Vegetal e <strong>de</strong> várias outras religiões. Os rituais com uso da ayahuascaestão bastante difundidos no Brasil, e o uso <strong>de</strong>ssa substância na socieda<strong>de</strong> brasileira teve origem entreos índios da Amazônia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muitos séculos.


156• A década <strong>de</strong> 1920 foi marcada por uma forte crise econômica e um rigorosomoralismo nos Estados Unidos. Naquela época, a venda e o consumo doálcool foram proibidos em todo o país por meio da chamada Lei Seca. Houveuma diminuição no consumo <strong>de</strong> bebidas alcoólicas, especialmente entre aspessoas com menos recursos <strong>para</strong> comprar bebidas no mercado <strong>para</strong>lelo.Mas o principal resultado foi a criação <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vendaclan<strong>de</strong>stinos e o surgimento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rosas quadrilhas (como a <strong>de</strong> Al Capone),que enriqueceram com o comércio ilegal <strong>de</strong> bebidas alcoólicas.• Na década <strong>de</strong> 1950, no Brasil, a comercialização do lança-perfume eraliberada, e algumas pessoas usavam <strong>para</strong> brincar, esguichar, outras cheiravame se divertiam com seu efeito embriagante, especialmente no carnaval. Anosmais tar<strong>de</strong>, a venda <strong>de</strong>ssa substância foi proibida.• Por volta <strong>de</strong> 1960, grupos formados principalmente por jovens adotaramnovas atitu<strong>de</strong>s e comportamentos – entre eles o consumo <strong>de</strong> drogas, comomeio <strong>de</strong> expressar seus posicionamentos políticos e i<strong>de</strong>ológicos. Irreverentese <strong>de</strong>safiadores, esses(as) jovens <strong>de</strong>fendiam uma contracultura e a mudança<strong>de</strong> algumas regras <strong>de</strong> convivência social. Nessa situação, o uso <strong>de</strong> drogastinha um sentido <strong>de</strong> integração no grupo.• Nas décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970, o consumo <strong>de</strong> maconha pelos(as) jovensestava ligado a atitu<strong>de</strong>s políticas em <strong>de</strong>fesa do pacifismo e, particularmente,aos protestos contra a guerra do Vietnã. Assim, a partir dos anos 1960, o uso<strong>de</strong> drogas passou também a representar rebeldia, ser alternativo, diferente.• Na década <strong>de</strong> 1980, o uso da cocaína foi associado ao estilo <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>jovens profissionais urbanos bem-sucedidos e com alto po<strong>de</strong>r aquisitivo. Oconsumo <strong>de</strong> cocaína inalada era visto como provedor <strong>de</strong> energia, autoestimae ambição social, atributos essenciais <strong>para</strong> jovens que tinham como meta ter,até os 30 anos, um milhão <strong>de</strong> dólares em sua conta bancária.• Atualmente, algumas drogas são utilizadas como forma <strong>de</strong> pertencimentoa um <strong>de</strong>terminado grupo ou tribo. Por exemplo, muitos(as) frequentadores <strong>de</strong>aca<strong>de</strong>mias <strong>de</strong> ginástica tomam anabolizantes – uma droga produzida comhormônios esteroi<strong>de</strong>s naturais e sintéticos – <strong>para</strong> aumentar o volume dosmúsculos e a força física. Seu uso constante e em quantida<strong>de</strong>s excessivaspo<strong>de</strong> provocar vários efeitos colaterais: acne, impotência sexual, calvície,hipertensão arterial, esterilida<strong>de</strong>, insônia, dor <strong>de</strong> cabeça, aumento do colesterolmaléfico à saú<strong>de</strong>, problemas cardíacos, crescimento <strong>de</strong> pelos, engrossamentoda voz, distúrbios testiculares e menstruais, entre outrosFonte: CEBRID. Livreto informativo sobre drogas psicotrópicas: a busca pelocorpo <strong>de</strong>finido São Paulo: Cebrid, 2007.Disponível em: .


17Por estes e outros exemplos, já dá <strong>para</strong> perceber que, <strong>para</strong> se enten<strong>de</strong>r oque é a droga e o local que ela ocupa na vida das pessoas, não é nada simples.Muito pelo contrário!Ao longo da história, o uso <strong>de</strong>ssas substâncias era consi<strong>de</strong>rado legítimoe a<strong>de</strong>quado nos momentos <strong>de</strong> comemoração, nos rituais sagrados e na buscapela cura.Mesmo nos dias <strong>de</strong> hoje, se olharmos <strong>para</strong> alguns cultos religiososperceberemos que o álcool e o tabaco são partes integrantes <strong>de</strong>sses rituais. Namissa, o padre utiliza o vinho <strong>para</strong> lembrar do sangue <strong>de</strong> Cristo. No candomblé,a cachaça e o charuto também fazem parte <strong>de</strong> seus rituais. Então, não há comonegar que o uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas teve e, tem ainda, também umcaráter religioso.Da mesma forma, existem vários motivos e situações que levam uma pessoaa consumir o álcool e as outras drogas. Aspectos sociais e econômicos como o<strong>de</strong>semprego, a discriminação, a pobreza e as violências po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>cisivos navida <strong>de</strong> um usuário. Ao mesmo tempo, aspectos socioculturais como o glamourque existe em relação à droga; o barateamento e o grau <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> comque se consegue obtê-las; o contexto <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> em que vivem algunssegmentos populacionais, <strong>de</strong>ntre outros, também influenciam os padrões <strong>de</strong>consumo em cada época e lugar.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDrogaO termo tem origem na palavra drogg, proveniente do holandês antigo,que significa folha seca. Isso porque os medicamentos usados antigamenteeram feitos, principalmente, a partir da secagem <strong>de</strong> vegetais. São substânciasque causam mudanças na percepção e na forma <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> uma pessoa. Essasvariações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do tipo <strong>de</strong> substância consumida, da quantida<strong>de</strong> utilizada,das características pessoais <strong>de</strong> quem as ingere e até mesmo das expectativasque se tem sobre os seus efeitos. Na linguagem médica, o termo “droga” éusado como sinônimo <strong>de</strong> medicamento.Quando falamos em drogas psicotrópicas – aquelas que atuam no SistemaNervoso Central, alterando <strong>de</strong> alguma maneira o que sentimos, fazemos oupensamos – nos referimos a um grupo específico <strong>de</strong> substâncias que atuamem nosso cérebro e que alteram <strong>de</strong> alguma maneira o nosso humor, nossaspercepções, sensações e comportamentos.Fonte: CEBRID. Livreto informativo sobre drogas psicotrópicas: a buscapelo corpo <strong>de</strong>finido São Paulo: Cebrid,, 2007. Disponível em: .


158Assim, com relação ao álcool e às outras drogas, é fundamental percebêlascomo parte da natureza e da socieda<strong>de</strong> e não como estranhas a elas. Omotivo do uso, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo e a forma <strong>de</strong> sua utilização irão <strong>de</strong>finilascomo substância prejudicial ou não à saú<strong>de</strong>. Vale consi<strong>de</strong>rar que, muitas<strong>de</strong>las são, inclusive, necessárias e base <strong>de</strong> remédios importantes – a morfinano tratamento do câncer, por exemplo – não sendo possível e, muito menos<strong>de</strong>sejável, extingui-las.Para refletir!Se a proposta da escola é <strong>de</strong>senvolver ações relacionadas ao uso do álcoole <strong>de</strong> outras drogas e <strong>de</strong> promover a saú<strong>de</strong>, vai precisar respirar fundo e enten<strong>de</strong>rque não dá <strong>para</strong> generalizar os motivos que levam uma pessoa a usar o álcool eas outras drogas. Precisará sim, exercitar toda a sua flexibilida<strong>de</strong> e compreen<strong>de</strong>rque os contextos do uso <strong>de</strong> álcool e outras drogas, assim como os padrões <strong>de</strong>uso <strong>de</strong>ssas substâncias, mudaram muito ao longo da história e, ainda hoje, sãomuito diferentes <strong>de</strong> um lugar <strong>para</strong> outro. Então não adianta mesmo procurar poruma receita infalível. Ela não existe!Álcool, tabaco e....Neste módulo, daremos um <strong>de</strong>staque especial ao álcool. Isso porque, aocontrário do que se pensa, é a droga mais consumida por adultos e jovens noBrasil. Periodicamente, o Centro Brasileiro <strong>de</strong> Informações sobre Drogas (Cebrid) 38faz um estudo sobre o uso das diferentes drogas pelos estudantes brasileiros.E, o resultado é sempre o mesmo: a droga mais utilizada pelos adolescentes ejovens escolarizados é o álcool. O cigarro vem na sequência.Para conscientizar-seO narguilê, ou narguilhé, é um instrumento utilizado há séculos por diversasculturas <strong>para</strong> se fumar tabaco <strong>de</strong> forma coletiva e social. Não existem dadossobre seu consumo global, todavia, estudos recentes indicam aumento nessaprática entre adolescentes e jovens <strong>de</strong> boa parte do mundo.Existem algumas crenças sobre seu uso que po<strong>de</strong>m levar a situações <strong>de</strong>risco. Por exemplo, que é menos prejudicial à saú<strong>de</strong> que o cigarro, que não éusado só <strong>de</strong> vez em quando associado a reuniões <strong>de</strong> amigos ou <strong>de</strong> familiares emcafés, barzinhos ou mesmo em casa.38 Disponível em: .


19Só que o volume <strong>de</strong> fumaça inalada em uma sessão <strong>de</strong> narguilé, mais oumenos uma hora, é equivalente ao produzido por 100 ou mais cigarros.Outra crença é que, <strong>de</strong>vido ao funcionamento do aparelho, antes <strong>de</strong> se inalara fumaça, ela passa por um recipiente com água e que isso ajudaria a filtraras impurezas do fumo, tornando-o menos nocivo à saú<strong>de</strong>. Isso também não éverda<strong>de</strong>. Alguns estudos mostram que os constituintes carcinogênicos do tabaco– hidrocarbonetos e metais pesados –, assim como a nicotina e o monóxido <strong>de</strong>carbono, todos comprovadamente prejudiciais à saú<strong>de</strong>, encontram-se presentesna fumaça inalada no narguilé, alguns em quantida<strong>de</strong>s superiores cerca <strong>de</strong> 50vezes quando com<strong>para</strong>da à fumaça do cigarro.Relatos informais indicam que o uso do narguilé no Brasil é realizado,também, com outras substâncias além do tabaco, como a maconha e o álcool.Ainda são poucos os estudos com evidências científicas sobre o do uso donarquile <strong>de</strong>ssa forma.A preocupação dos especialistas é que, com a rápida disseminação eglamorização <strong>de</strong> seu uso entre jovens, não está sendo possível adotar medidaspreventivas como se gostaria. Mais uma questão a ser trabalhada na escola.Fonte: Boletim CEBRID n°60.Disponível em: .<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaO álcool e o tabaco são drogas lícitas, ou seja, po<strong>de</strong>m ser compradaslegalmente em bares e supermercados por pessoas com mais <strong>de</strong> 18 anos<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Porém, ainda são muitos os estabelecimentos que ven<strong>de</strong>m essassubstâncias <strong>para</strong> crianças e adolescentes. E não dá <strong>para</strong> consi<strong>de</strong>rar que é por<strong>de</strong>sconhecimento da lei. Todos os estabelecimentos comerciais que ven<strong>de</strong>messes produtos têm uma placa dizendo que é proibida a venda <strong>de</strong> bebidas ecigarros <strong>para</strong> menores <strong>de</strong> 18 anos.É <strong>de</strong> lei!O artigo 81, incisos II e III, e 243, ambos da Lei nº 8.069/90 afirmam que:• é proibida a venda à criança ou adolescente <strong>de</strong> bebidas alcoólicasconstituindo um crime, punido com <strong>de</strong>tenção <strong>de</strong> 02 (dois) a 04 (quatro)anos e multa,• é proibido ven<strong>de</strong>r, fornecer, ainda que gratuitamente, ministrar ou entregar,<strong>de</strong> qualquer forma, a criança ou adolescente, sem justa causa, produtoscujos componentes possam causar <strong>de</strong>pendência física ou psíquica.Fonte: Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L8069.htm


160Para finalizar, uma pergunta <strong>para</strong> reflexão: por que o comerciante que ven<strong>de</strong>álcool <strong>para</strong> um adolescente (menor <strong>de</strong> 18 anos) muitas vezes não é apenado,conforme previsto na legislação?...outras drogasExistem vários outros tipos <strong>de</strong> drogas: maconha, crack, cocaína, calmantes,ansiolíticos, êxtase (ou ecstasy), <strong>de</strong>ntre outras. Algumas são lícitas, ou seja,po<strong>de</strong>m ser compradas em farmácias (calmantes, ansiolíticos, remédios <strong>para</strong>emagrecer) ou em estabelecimentos comerciais (álcool e tabaco). Outras sãoilícitas, ou seja, são ilegais, e o comércio se dá <strong>de</strong> forma clan<strong>de</strong>stina. O que elastêm em comum é que causam mudanças na forma <strong>de</strong> sentir e compreen<strong>de</strong>r arealida<strong>de</strong>. De diferente é que os efeitos variam <strong>de</strong> acordo com suas característicasquímicas próprias e com as características da pessoa que a consome. Lembrandosempre que as características pessoais não são rígidas, ou seja, as pessoas têmemoções e, por conta disso, po<strong>de</strong>m ter reações diferentes à droga que consomem<strong>de</strong> acordo com situações que vivenciam em um <strong>de</strong>terminado no momento.Então, se uma pessoa teve uma experiência agradável quando consumiu uma<strong>de</strong>terminada droga em um <strong>de</strong>terminado lugar, isso não significa que, quando autilizar novamente, a experiência será igualmente boa.Tipos <strong>de</strong> drogasReforçando,Droga é o nome popular que se dá às substâncias psicotrópicas ou psicoativas, ouseja, aquelas que provocam alterações no funcionamento do Sistema NervosoCentral (SNC). Essa região cerebral é responsável por nossas percepções esensações, associadas a trocas químicas <strong>de</strong> substâncias (neurotransmissores)<strong>de</strong> uma célula (neurônio) <strong>para</strong> outra 39 .As substâncias psicotrópicas alteram a qualida<strong>de</strong> ou intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssastrocas químicas, agindo basicamente <strong>de</strong> três formas:1. diminuindo a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nosso cérebro, ou seja, <strong>de</strong>primindo seufuncionamento, o que significa dizer que a pessoa que faz uso <strong>de</strong>sse tipo<strong>de</strong> substância fica mais lenta, <strong>de</strong>sligada e <strong>de</strong>sinteressada;2. aumentando a ativida<strong>de</strong> do SNC, ou seja, estimulando seu funcionamento,provocando uma aceleração física e mental;39 ARAÚJO; CALAZANS, 2007.


1613. confundindo ou <strong>de</strong>sorientando o funcionamento cerebral, provocandodistorções e percepções da realida<strong>de</strong>.No quadro abaixo, algumas das drogas mais conhecidas estão classificadasa partir <strong>de</strong> seus efeitos. Vale, no entanto, observar que algumas <strong>de</strong>las – o álcoolpor exemplo – produzem inicialmente um efeito estimulante (quando se tomamos primeiros goles) passando, <strong>de</strong>pois, <strong>para</strong> <strong>de</strong>pressor.Divisão das drogas a partir dos seus efeitosDepressoras da Ativida<strong>de</strong>do SNCÁlcoolCalmantes ou sedativos(barbitúricos)Co<strong>de</strong>ína (analgésico,antitussígeno – xarope <strong>para</strong>tosse)Inalantes ou solventesOpiáceos ou narcóticos(morfina, heroína)Soníferos ou hipnóticosTranquilizantesAnsiolíticosEstimulantes do SNCAnfetaminas (bolinhas)Anorexígenos (remédios quediminuem a fome)Cafeína (café, chá,refrigerantes-cola)Cocaína (pó, crack, merla)Nicotina (tabaco)Perturbadoras do SNCDe origem natural (reinovegetal e reino funghi):Mescalina (cacto mexicano),THC (maconha)Psilocibina (<strong>de</strong> certoscogumelos) Lírio(trombeteira, zabumba ousaia-branca)De origem sintética:LSD-25ÊxtaseAnticolinérgicos (Artane,Bentyl)<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaAlgumas drogas, além <strong>de</strong> seus efeitos, provocam tolerância, <strong>de</strong>pendência esíndrome <strong>de</strong> abstinência.Enten<strong>de</strong>-se por tolerância, a situação em que o uso continuado faz com queseja preciso aumentar progressivamente a dose <strong>para</strong> conseguir o mesmo efeito.Isso acontece com alguns tipos <strong>de</strong> drogas como: álcool, anfetamínicos, cocaínae xaropes que contenham a co<strong>de</strong>ína em suas fórmulas.A <strong>de</strong>pendência, por sua vez, é um estado psíquico, e em alguns casos físico,no qual o organismo passa a requerer doses regulares <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminadadroga. A falta <strong>de</strong>ssa droga po<strong>de</strong> causar perturbações psíquicas e/ou físicas.A sensação <strong>de</strong> profundo mal-estar físico e psicológico – dores no corpo,irritabilida<strong>de</strong>, falta <strong>de</strong> sono, vazio, falta <strong>de</strong> concentração, <strong>de</strong>ntre outros – queacometem os usuários <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas drogas quando <strong>para</strong>m <strong>de</strong> tomar a drogaou diminuem bruscamente o seu consumo, chama-se síndrome <strong>de</strong> abstinência.Existem atualmente diversas formas <strong>de</strong> tratamento <strong>para</strong> esse conjunto <strong>de</strong>sintomas que caracteriza a síndrome, inclusive, a utilização <strong>de</strong> outras drogasque contribuem <strong>para</strong> diminuir as crises <strong>de</strong> abstinência.


162Para refletir!Essas situações não acontecem com todas as drogas psicotrópicas,nem mesmo com a maioria <strong>de</strong>las. Na realida<strong>de</strong>, muitas variáveis operamsimultaneamente <strong>para</strong> influenciar a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada pessoatornar-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, ou não.Padrões <strong>de</strong> usoO consumo <strong>de</strong> drogas lícitas, como álcool, tabaco e alguns medicamentosé muito comum e prejudicial à saú<strong>de</strong>, afetando a vida <strong>de</strong> quem as utiliza.Os especialistas diferenciam alguns padrões <strong>de</strong> uso a partir <strong>de</strong> graus <strong>de</strong>consumo.Experimental – a pessoa mantém um contato inicial com a substância,experimentando seus efeitos, verificando sua funcionalida<strong>de</strong> e, normalmente,ce<strong>de</strong>ndo à curiosida<strong>de</strong> pessoal ou à indicação ou imitação <strong>de</strong> outras pessoas,incluindo amigos(as) e parentes.Recreativo ou ocasional – a substância é utilizada em <strong>de</strong>terminadassituações, normalmente em festas ou rituais. Um exemplo, o champanhe éutilizado <strong>para</strong> brindar a felicida<strong>de</strong> dos noivos em um casamento; a caipirinha<strong>para</strong> abrir o apetite antes da feijoada.Habitual – é quando o uso da substância fica mais frequente, ou seja,começa a fazer parte da rotina. Por exemplo, tomar um relaxante muscular, oufumar um baseado toda noite antes <strong>de</strong> dormir <strong>para</strong> relaxar.Depen<strong>de</strong>nte – é quando o álcool ou as outras drogas assumem um papelprioritário na vida <strong>de</strong> quem os utiliza, <strong>de</strong> modo que os usuários necessitemconsumir a substância constantemente <strong>para</strong> sentirem-se bem ou evitar sensações<strong>de</strong> sofrimento. Por exemplo, um usuário <strong>de</strong> tabaco que, <strong>de</strong> hora em hora, temque <strong>para</strong>r o que está fazendo <strong>para</strong> fumar um cigarro. A <strong>de</strong>pendência traz consigoefeitos prejudiciais não só <strong>para</strong> a saú<strong>de</strong> física e mental do próprio usuário. Trazprejuízos, inclusive, nos relacionamentos sociais e no rendimento escolar.Para refletir!A maioria das pessoas que faz uso <strong>de</strong> substâncias psicotrópicas não é<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Permanecem em níveis <strong>de</strong> consumo que não trazem problemas<strong>para</strong> seus relacionamentos sociais; <strong>para</strong> sua saú<strong>de</strong> física e mental; se mantêmorientados pelas regras existentes na socieda<strong>de</strong> em que vivem.


163Entre os adolescentes e jovens, o consumo <strong>de</strong> drogas está associado a váriossignificados como <strong>de</strong>safio aos limites, experimentação <strong>de</strong> novas percepções,aceitação grupal, entre outros.Quaisquer que sejam os significados que o álcool e outras drogas tenhamna vida <strong>de</strong> adolescentes e jovens, é imperioso enten<strong>de</strong>r que a inclusão em um<strong>de</strong>terminado grupo e a busca por uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> estão sempre presentes.Se um dos objetivos da escola é educar <strong>para</strong> a saú<strong>de</strong>, é necessário incluirações voltadas <strong>para</strong> o autocuidado. Isso implica o reconhecimento do uso<strong>de</strong> álcool e outras drogas entre os alunos e na compreensão dos diferentespadrões <strong>de</strong> uso e efeitos específicos. A abordagem e estratégias <strong>de</strong>vem serna lógica da redução <strong>de</strong> riscos sociais e <strong>para</strong> a saú<strong>de</strong> e da não exclusão.Não é apropriado fechar os olhos às situações <strong>de</strong> uso ou não abordar aquestão na sua complexida<strong>de</strong>. O adolescente precisa sentir que a escolatem acolhimento <strong>para</strong> a questão, seja <strong>para</strong> o uso experimental, recreativo,habitual ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, tanto <strong>para</strong> as drogas lícitas como <strong>para</strong> as ilícitas. Porexemplo, oferecer orientação <strong>para</strong> diminuir o número <strong>de</strong> cigarros fumados pordia utilizando-se a<strong>de</strong>sivos ou chicletes <strong>de</strong> nicotina ou bebendo bastante águaquando se consome bebidas alcoólicas. A abstenção é uma meta, mas nemsempre alcançável. Por essa razão é preciso informar os alunos, sobre formas<strong>de</strong> minimizar os danos.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaA ação preventiva no contexto escolarAdotar uma perspectiva mais ampla <strong>para</strong> um programa voltado <strong>para</strong> aprevenção do uso do álcool e outras drogas é imprescindível. Mais uma vez,cabe reafirmar que não existe uma receita infalível <strong>para</strong> se prevenir o uso doálcool e <strong>de</strong> outras drogas, nem <strong>para</strong> fazer com que quem as utilize interrompa oseu uso <strong>para</strong> todo o sempre.O tema álcool e outras drogas precisam estar inseridos no currículo e noprojeto pedagógico da escola. Sabemos que é um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio, pois, além<strong>de</strong> polêmico, é um assunto complexo e muitos profissionais não se sentem àvonta<strong>de</strong> <strong>para</strong> abordá-lo. Se consi<strong>de</strong>rarmos como uma questão <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicae <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos – do usuário, da família, da comunida<strong>de</strong>, doseducadores, o enfrentamento <strong>de</strong> problemas relacionados ao uso se tornará bemmais fácil.


164Dicas pedagógicas• Estudar, pesquisar, participar <strong>de</strong> encontros e seminários é importante, masnão é suficiente. Vários aspectos são fundamentais. Por exemplo: planejarações permanentes a serem inseridas na rotina da escola envolvendoa direção, coor<strong>de</strong>nação pedagógica, professores, alunos, pais/mães eresponsáveis. E não se esqueça <strong>de</strong> avaliar os resultados envolvendo osalunos. Esse exercício vai facilitar a elaboração <strong>de</strong> outras ativida<strong>de</strong>s e,concomitantemente, será uma lição <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia.• A abordagem sobre o uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas exige açõespermanentes. Assim, também <strong>para</strong> não sobrecarregar um <strong>de</strong>terminadoprofessor, o i<strong>de</strong>al é que o tema seja tratado <strong>de</strong> forma transversal, ou seja, quetodas as disciplinas trabalhem com o tema a partir <strong>de</strong> suas especificida<strong>de</strong>s.O horário <strong>de</strong> trabalho pedagógico é um bom momento <strong>para</strong> combinar quemfaz o quê, e quando.• Propor um trabalho <strong>para</strong> os alunos fora dos muros da escola é bastanteinteressante. Por exemplo, fazer um mapeamento dos estabelecimentos queven<strong>de</strong>m bebidas alcoólicas e cigarros, posteriormente, visitar esses locais,reforçando que, pela lei, é proibido ven<strong>de</strong>r esses produtos <strong>para</strong> menores <strong>de</strong>18 anos. Um folheto ou um flyer po<strong>de</strong> ser elaborado e distribuído nessescomércios.• Estratégias mais participativas e diferentes costumam fazer mais sucesso<strong>para</strong> adolescentes e jovens do que uma palestra dada por um especialistaconvidado uma vez por ano. Abordagens voltadas <strong>para</strong> a promoção dasaú<strong>de</strong> e fincadas na construção <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> vida sensibilizam maisessa população do que aquelas que, simplesmente, repetem chavões dotipo diga não às drogas ou as drogas matam.• A abordagem do tema a partir da perspectiva <strong>de</strong> gênero é muito construtiva.Consultando dados estatísticos, é possível perceber que as adolescentese as jovens, pressionadas por um padrão <strong>de</strong> beleza centrado na magrezaabsoluta, estão mais sujeitas a sofrerem <strong>de</strong> distúrbios alimentares – bulimiae anorexia, por exemplo – e ao uso drogas como os anfetamínicos e osanorexígenos. Em relação aos adolescentes e homens jovens, na faixa etária<strong>de</strong> 15-29 anos, a cada ano ocorrem mais casos <strong>de</strong> morte em situações queenvolvem o uso excessivo do álcool, como aci<strong>de</strong>ntes e brigas. E não é sóisso. Alguns aspectos da nossa cultura reforçam uma contínua disputa<strong>de</strong> virilida<strong>de</strong>. São comuns, por exemplo, situações em que os meninosvalorizam publicamente sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>z garrafas <strong>de</strong> cerveja enão ficarem alcoolizados.


16• Desconstruir os mitos e as crenças que cercam o uso do álcool e <strong>de</strong>outras drogas é fundamental. Existe, por exemplo, a crença <strong>de</strong> que ouso <strong>de</strong> certas drogas, como a maconha, po<strong>de</strong> melhorar o <strong>de</strong>sempenhosexual. Não existe nenhuma pesquisa que prove que isso seja verda<strong>de</strong>.O fato é que o uso <strong>de</strong> álcool e outras drogas dificulta a negociação douso da camisinha, aumentando as chances <strong>de</strong> haver relações sexuais<strong>de</strong>sprotegidas, ampliando a exposição ao HIV e outras <strong>DST</strong>s e gravi<strong>de</strong>z.Além disso, estados alterados <strong>de</strong> consciência diminuem a sensação <strong>de</strong>risco e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> percebê-los. .• Muitas vezes, as informações repassadas sobre o tema são mais centradasno achismo e na moralida<strong>de</strong> do que na ciência. Todas as pessoas achamalguma coisa e têm sua própria concepção do que se po<strong>de</strong> ou não fazer.Só que, na escola, pela diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas que convivem no mesmoespaço, com suas histórias e suas condições <strong>de</strong> vida, não dá <strong>para</strong> repetiras palavras que fazem parte do senso comum. É importante oferecerinformações baseadas em pesquisas científicas <strong>de</strong>spindo-se <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>spreconceituosas ou repressoras.• Introduza o tema <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto mais amplo, <strong>de</strong> responsabilizaçãodos alunos pela sua própria vida, pela sua saú<strong>de</strong> e pelo mundo em quese vive. Abor<strong>de</strong> aspectos que fazem parte do dia a dia <strong>de</strong> adolescentes ejovens como, por exemplo, o cuidado com o ambiente; a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong>raças e culturas que existe em nosso país; que cooperar é mais prazerosoque competir etc.• Ao i<strong>de</strong>ntificar o uso <strong>de</strong> álcool e outras drogas no ambiente escolar,é preciso preservar a privacida<strong>de</strong>, estabelecer o diálogo com o jovem,avaliar as circunstâncias <strong>de</strong> sua vida. Não se po<strong>de</strong> partir <strong>de</strong> uma opçãoúnica como a expulsão ou a revelação <strong>para</strong> os pais, mães ou responsáveis.Ao contrário do que se pensa, muitas vezes, uma expulsão po<strong>de</strong> ser umaespécie <strong>de</strong> troféu, pois, além <strong>de</strong> o jovem ficar popular em toda a escola,ainda po<strong>de</strong> ser justamente o que ele <strong>de</strong>seja.• Finalmente, vale enfatizar que é preciso se pensar em ações concretas epermanentes que tenham como princípio a redução das vulnerabilida<strong>de</strong>sdos alunos, das pessoas que trabalham na escola e do entorno escolar.Afinal, o uso <strong>de</strong> álcool e outras drogas não é prerrogativa somente dajuventu<strong>de</strong>, certo?<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaAté algum tempo atrás, no que diz respeito ao álcool e outras drogas,convencionou-se que caberia às escolas fazer a prevenção primária, ou seja,


166antecipar-se à experimentação e prevenir o uso <strong>de</strong> qualquer substância quepu<strong>de</strong>sse alterar percepções e comportamentos. No entanto, nem sempre épossível antecipar-se à experimentação e evitar o uso. Pela nossa própria vidasabemos que, nos dias <strong>de</strong> hoje, a primeira experiência com o uso <strong>de</strong> qualquerdroga acontece cada vez mais cedo e é irreal ter-se como meta impedir que osalunos usem qualquer tipo <strong>de</strong> substância.Assim, cabe à direção da escola, em consonância com as diretrizes doMEC e das secretarias estaduais e municipais <strong>de</strong> educação, estabelecer algunsparâmetros direcionados <strong>para</strong> a prevenção e a atenção aos casos <strong>de</strong> usodo álcool e outras drogas que possam ocorrer na instituição e seu entorno.Funcionários, professores, Associação <strong>de</strong> Pais e Mestres, Grêmio Estudantil eoutros atores-chave <strong>de</strong>vem ser convidados <strong>para</strong> a apresentação e discussão<strong>de</strong>ssas diretrizes.Investir na formação dos profissionais da escola é uma necessida<strong>de</strong>. Noentanto eles têm que estar, também, motivados a <strong>de</strong>senvolver ações <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>uma linha participativa e proativa.Terrorismo e julgamento moral não contribuem<strong>para</strong> o sucesso das ações e a consequentemente <strong>para</strong> redução dos riscos sociaise à saú<strong>de</strong> dos adolescentes.O negócio das drogasNo mundo globalizado, as drogas se transformaram também em mercadoriasmuito lucrativas, produzidas <strong>para</strong> consumo em larga escala. Um verda<strong>de</strong>ironegócio!De acordo com estimativas do Relatório Mundial sobre Drogas 2009,divulgado em 24 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2010, a produção e o uso <strong>de</strong> drogas sintéticas(aquelas produzidas em laboratório) cresceram nos últimos anos nos países em<strong>de</strong>senvolvimento, transformando-se em negócio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong>.O conjunto das ramificações do narcotráfico (principalmente <strong>de</strong> heroína ecocaína) representa hoje, segundo estimativas internacionais, o terceiro volume<strong>de</strong> transações comerciais, ultrapassado apenas pelos negócios do petróleo e dosarmamentos, com montantes calculados em bilhões <strong>de</strong> dólares.Nos gran<strong>de</strong>s centros urbanos brasileiros, a comercialização ilegal <strong>de</strong> drogascomo a cocaína, o crack e a maconha afeta, com maior cruelda<strong>de</strong>, as populaçõesmais pobres, que habitam o entorno dos pontos <strong>de</strong> venda e convivem, inclusive,com a presença <strong>de</strong> armas <strong>de</strong> fogo.A exclusão <strong>de</strong> parcelas significativas da população adolescente e jovemdos equipamentos sociais, tais como a escola e os locais <strong>de</strong> lazer, somada às


167dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso a trabalho e renda, aumenta as chances <strong>de</strong> envolvimentoem ativida<strong>de</strong>s ligadas ao comércio <strong>de</strong> produtos ilegais, inclusive as drogas. Hoje,essa ativida<strong>de</strong> criminal representa uma fonte <strong>de</strong> renda e perspectiva <strong>de</strong> statussocial <strong>para</strong> vários adolescentes e jovens, expondo-os a situações <strong>de</strong> violênciafísica entre grupos rivais assim como à violência policial. A participação no tráfico<strong>de</strong> drogas ilícitas tem sido um fator indiscutível na diminuição da expectativa <strong>de</strong>vida dos jovens brasileiros.Não po<strong>de</strong>mos nos esquecer que a valorização da droga como negócio nãose restringe às substâncias ilícitas e vendidas clan<strong>de</strong>stinamente. As socieda<strong>de</strong>s<strong>de</strong> consumo se caracterizam pelo incentivo cotidiano ao uso crescente <strong>de</strong> todosos produtos que po<strong>de</strong>m ser tratados como mercadorias, incluindo, aí, os cigarrose as bebidas.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaCrime relacionado às drogasNo Brasil, o uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas é associado ao crime e àviolência. De fato, muitas vezes, estas situações estão relacionadas, mas nãopo<strong>de</strong>mos nos esquecer <strong>de</strong> que muitas pessoas praticam atos violentos sem ouso <strong>de</strong> qualquer substância psicoativa. Questões sociais e emocionais po<strong>de</strong>mlevar também a atitu<strong>de</strong>s agressivas e/ou violentas.A maioria dos países proíbe o cultivo, a produção, a posse, o uso, atroca, a venda, a distribuição, a importação e a exportação <strong>de</strong> drogas. Dadossobre <strong>de</strong>litos diretos estão mais imediatamente disponíveis, e eles po<strong>de</strong>m seragrupados em <strong>de</strong>litos relacionados ao consumo pessoal, e <strong>de</strong>litos mais sériosrelacionados ao tráfico. Estes dados são insofismáveis, pois refletem tanto aextensão da ativida<strong>de</strong> ilícita quanto a extensão do enfrentamento à droga.Fontes: (Fundação Roberto Marinho, 2003; UNODC, 2009).Escola e saú<strong>de</strong>, sempre juntas!O Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas tem como diretriz trabalhar otema “Álcool e outras Drogas” sob a óptica dos direitos humanos respeitandoas escolhas individuais e <strong>de</strong>senvolvendo ações com o intuito <strong>de</strong> minimizar asconsequências sociais e à saú<strong>de</strong>, relacionadas ao consumo <strong>de</strong> álcool e outrasdrogas. A abstinência po<strong>de</strong> ser uma recomendação, mas nunca uma exigência<strong>para</strong> abordar e aten<strong>de</strong>r as pessoas que usam essas substâncias.


168Outros autores, “em função da caracterização da socieda<strong>de</strong> contemporâneacomo uma socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> aumentam as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> riscos e situaçõescomplexas, preferem chamar essas ações <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> riscos sociais, <strong>para</strong>reforçar o contexto e o repertório em que essas ações se inserem” 40 .Seja qual for a nomenclatura utilizada, o melhor caminho é construir, emconjunto com os alunos, alternativas autênticas, livres e mais protegidas, quepossam ser traduzidas em práticas <strong>de</strong> cuidado. Enfim, as ativida<strong>de</strong>s práticas,participativas e continuadas são fundamentais <strong>para</strong> a educação em saú<strong>de</strong>. Aparceria com os setores da saú<strong>de</strong>, da cultura, do esporte e do lazer, i<strong>de</strong>m.E, lembrando, <strong>para</strong> que adolescentes e jovens frequentem os serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, é necessário tornar o ambiente mais acolhedor <strong>para</strong> esse público, sejameles(as) usuários(as) <strong>de</strong> álcool e outras drogas, ou não. Qualificar o acolhimentoda <strong>de</strong>manda espontânea é o primeiro passo <strong>para</strong> ganhar a confiança dosadolescentes e jovens nas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Outro passo igualmente exigívelé flexibilizar o horário <strong>de</strong> atendimento a essa população. O adolescente quechega ao serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> buscando por insumos ou resposta <strong>para</strong> suas dúvidasnecessita ser atendido naquele momento. Caso contrário, po<strong>de</strong> não voltar.A organização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s em grupo, <strong>de</strong> preferência coor<strong>de</strong>nadas poradolescentes e jovens, é outra medida que favorece a criação <strong>de</strong> vínculos como serviço. Oficinas, apresentação <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os <strong>para</strong> se <strong>de</strong>bater <strong>de</strong>pois, uma roda<strong>de</strong> conversa sobre gravi<strong>de</strong>z na adolescência do ponto <strong>de</strong> vista masculino, aviolência baseada em gênero são algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong>um grupo <strong>de</strong> jovens disponíveis e motivados <strong>para</strong> conversar com seus pares.Centros <strong>de</strong> Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS-AD)O CAPS-AD é um serviço especializado em saú<strong>de</strong> mental que aten<strong>de</strong> pessoascom problemas <strong>de</strong>correntes do uso ou abuso <strong>de</strong> álcool e outras drogas emdiferentes níveis <strong>de</strong> cuidado: intensivo (diariamente), semi-intensivo (<strong>de</strong> <strong>duas</strong> atrês vezes por semana) e não intensivo (até três vezes por mês).O CAPS-AD é um serviço ambulatorial territorializado, que integra a re<strong>de</strong><strong>de</strong> atenção em substituição à internação psiquiátrica e tem como princípioa reinserção social. Uma <strong>de</strong> suas atribuições é o acolhimento e a atençãoàs pessoas que fazem uso prejudicial <strong>de</strong> álcool e outras drogas, procurandopreservar e fortalecer os laços sociais do usuário em seu território. Nos CAPS-ADsão realizadas ações <strong>de</strong> assistência (medicação, terapias, oficinas terapêuticas,40 ADORNO, 2008.


169atenção familiar), <strong>de</strong> prevenção e capacitação <strong>de</strong> profissionais <strong>para</strong> lidar compessoas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.É fundamental ressaltar que o atendimento é prestado somente quandouma pessoa busca ajuda, já que não há internação ou qualquer procedimentorestritivo ou contrário à vonta<strong>de</strong> da pessoa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.Para participar é preciso telefonar ou ir até uma unida<strong>de</strong> do CAPS-AD eacompanhar uma reunião do grupo <strong>de</strong> acolhimento. Nesse primeiro contato, sãooferecidas informações sobre o funcionamento do serviço e o tipo <strong>de</strong> atendimentoprestado. Caso a pessoa <strong>de</strong>cida participar, passa por uma avaliação <strong>para</strong> queseja encaminhada ao tratamento mais a<strong>de</strong>quado (intensivo, semi-intensivo, ounão-intensivo).Os projetos <strong>de</strong>senvolvidos nesses serviços muitas vezes ultrapassam suaárea física, em busca <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> suporte social potencializadoras <strong>de</strong> suasações. Os CAPS-AD são serviços estratégicos <strong>para</strong> a articulação <strong>de</strong>ssas re<strong>de</strong>sassim como <strong>para</strong> a implantação da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental em seu território<strong>de</strong> atuação.Fonte: (ARAÚJO; CALAZANS, 2007).<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaA estratégia <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> riscos sociaisNão é possível enten<strong>de</strong>r o mundo contemporâneo sem se pensar em riscos.Os riscos existem e não há como evitá-los cem por cento. Do mesmo modo,também consi<strong>de</strong>ramos que não é possível acabar com o uso do álcool e outrasdrogas nem fazer com que todos os usuários se abstenham <strong>de</strong> utilizá-los.Em julho <strong>de</strong> 2005, entrou em vigor uma portaria do Ministério da Saú<strong>de</strong>(Portaria nº 1.028), regulamentando as ações <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> danos no âmbitodo SUS. A redução <strong>de</strong> danos é compreendida como estratégia <strong>de</strong> promoçãoda saú<strong>de</strong> e prevenção, que procura não excluir nenhum grupo ou indivíduodo sistema <strong>de</strong> atenção à saú<strong>de</strong>, contribuindo <strong>para</strong> prevenir a transmissão <strong>de</strong>doenças entre pessoas usuárias (esporádicas ou frequentes) <strong>de</strong> drogas lícitasou ilícitas. A troca <strong>de</strong> seringas <strong>para</strong> usuários <strong>de</strong> drogas injetáveis, por exemplo,não é concebida como ação isolada, pois integra um conjunto <strong>de</strong> medidas queinclui a informação, o aconselhamento, a atenção à saú<strong>de</strong> e o fortalecimento<strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio social. “E é essa a estratégia que propomos nesse módulo.Só que a chamaremos <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> riscos sociais, uma vez que possibilita


170uma reflexão <strong>para</strong> ampliar o repertório <strong>de</strong> vida e <strong>de</strong> apoio na complexa gestãoda vida pessoal no mundo contemporâneo” 41 .É <strong>de</strong> lei!A estratégia <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> danos é am<strong>para</strong>da pelo artigo 196 da ConstituiçãoFe<strong>de</strong>ral, como medida <strong>de</strong> intervenção preventiva, assistencial, <strong>de</strong> promoção dasaú<strong>de</strong> e dos direitos humanos que afirma: “A Saú<strong>de</strong> é direito <strong>de</strong> todos e <strong>de</strong>ver doEstado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem a reduçãodo risco <strong>de</strong> doença e outros agravos e ao acesso universal e igualitário a açõese serviços <strong>para</strong> promoção, proteção e recuperação”.As ações na escola voltadas <strong>para</strong> a promoção da saú<strong>de</strong> se aplicam a todosos adolescentes e jovens, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da experimentação prévia ou do usoatual <strong>de</strong> alguma substância psicoativa, sem qualquer forma <strong>de</strong> preconceitoe discriminação. Por esse caminho, cada adolescente ou jovem, ao longo doseu crescimento, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver competências <strong>para</strong> elaborar a sua própriaequação <strong>de</strong> vida saudável.As políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sarmamento, a distribuição <strong>de</strong> preservativos gratuitamente,o estímulo à ingestão <strong>de</strong> água em bares e casas noturnas são medidas <strong>de</strong> redução<strong>de</strong> riscos sociais. Conheça outras nos <strong>de</strong>staques a seguir.Dicas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> danos <strong>para</strong> usuários <strong>de</strong> qualquer tipo <strong>de</strong>droga• Não aceitar drogas <strong>de</strong>sconhecidas ou fornecidas por estranhos.• Comer antes <strong>de</strong> usar a droga e sempre beber muita água.• Procurar dormir sempre o suficiente.• Não compartilhar com outras pessoas qualquer tipo <strong>de</strong> instrumento usado<strong>para</strong> consumo <strong>de</strong> drogas.• Evitar combinar diferentes drogas.• Procurar fazer uso em companhia <strong>de</strong> alguém que esteja sóbrio.• Evitar uso em situações incompatíveis com os efeitos (dirigir, trabalhar,fazer esportes radicais, nadar).41 ADORNO, 2008.


171• Não se envolver em situações violentas durante ou após o uso.• Respeitar os direitos e limites alheios.• Procurar conhecer a legislação e os direitos das pessoas usuárias <strong>de</strong>drogas, <strong>para</strong> evitar situações <strong>de</strong> discriminação ou abuso <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r policial.Dicas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> danos <strong>para</strong> usuários <strong>de</strong> tabaco• Procurar fumar mo<strong>de</strong>radamente.• Reduzir o número <strong>de</strong> cigarros.• Evitar cigarros sem filtro.• Não usar cigarros <strong>de</strong> baixos teores que levam a um consumo maior ou atragadas mais profundas <strong>para</strong> obter a mesma satisfação.• Buscar outras fontes <strong>de</strong> nicotina: a<strong>de</strong>sivos e gomas <strong>de</strong> mascar.• Aumentar a ingestão <strong>de</strong> alimentos ricos em vitamina C.• Procurar controlar outros fatores <strong>de</strong> risco <strong>para</strong> infartos: obesida<strong>de</strong>, se<strong>de</strong>ntarismo,ansieda<strong>de</strong>.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDicas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> danos <strong>para</strong> usuários <strong>de</strong> bebidas alcoólicas• Lembrar que álcool também é droga.• Procurar bebidas com menor teor alcoólico.• Beber mo<strong>de</strong>rada e vagarosamente.• Consumir água ou líquidos não alcoólicos junto com as bebidas alcoólicas.• Evitar bebidas ou beber mo<strong>de</strong>radamente quando houver ingestão <strong>de</strong>medicamentos.Re<strong>de</strong> social <strong>de</strong> apoioA construção <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s sociais constitui uma estratégia importante <strong>para</strong>tratar a questão do uso <strong>de</strong> álcool e outras drogas. Essas re<strong>de</strong>s são organizadasnos espaços formais ou informais <strong>de</strong> relacionamento, <strong>para</strong> dar suporte àspessoas que usam drogas <strong>de</strong> forma prejudicial e/ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, assim como<strong>para</strong> seus familiares ou <strong>de</strong>mais membros da comunida<strong>de</strong> que se propõem a


172trocar i<strong>de</strong>ias e integrar iniciativas relacionadas a esse tema. Tendo por base uminteresse comum, a aproximação <strong>de</strong> pessoas com preocupações semelhantesfortalece e contextualiza o trabalho dos profissionais da educação e da saú<strong>de</strong>e favorece a circulação <strong>de</strong> informações e o acolhimento àqueles que estãomais fragilizados.Em relação ao uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas, ao mesmo tempo quesão necessários conhecimentos especializados, o trabalho comunitário <strong>de</strong>construção das re<strong>de</strong>s sociais revela a todas as pessoas envolvidas que oenfrentamento, a intervenção, o cuidado, são responsabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> todos oscidadãos e cidadãs. Assim, cada pessoa tem um papel a <strong>de</strong>sempenhar e umacompetência a oferecer <strong>para</strong> o objetivo comum que sustenta a re<strong>de</strong> social. Osaber popular junta-se ao saber técnico e ao saber político <strong>para</strong> construir umnovo saber compartilhado.A ação em re<strong>de</strong> representa uma nova forma <strong>de</strong> trabalhar, pois gera oquestionamento dos mo<strong>de</strong>los tradicionais <strong>de</strong> atuação profissional na educaçãoe na saú<strong>de</strong>, estimulando a rea<strong>de</strong>quação das práticas <strong>de</strong> comunicação e interaçãocom a comunida<strong>de</strong>. A principal característica <strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> atuação é integrarpessoas <strong>de</strong> diferentes formações e visões na busca <strong>de</strong> soluções <strong>para</strong> um problemacomum, ampliando as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> refletir e agir em conjunto.Mesmo que a escola fique em uma região em que exista tráfico <strong>de</strong> drogas,não po<strong>de</strong>mos nos esquecer, entretanto, <strong>de</strong> que a gran<strong>de</strong> maioria das pessoasque pertencem a essas comunida<strong>de</strong>s não utilizam drogas ilícitas, nem fazemparte dos comandos e milícias. Reuniões com a presença da escola, dasunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, das famílias e das associações comunitárias, por exemplo,facilitarão a busca <strong>de</strong> soluções coletivas e o enfrentamento <strong>de</strong> problemasdifíceis que não po<strong>de</strong>riam ser tratados isoladamente.Nessas situações, é preciso traçar objetivos realistas. Por exemplo, não épossível acabar com o tráfico, mas po<strong>de</strong> ser viável organizar projetos e eventosecológicos ou culturais no espaço escolar que po<strong>de</strong>rão ser apresentados àcomunida<strong>de</strong> gerando repercussões na vida social do território <strong>de</strong> influênciada comunida<strong>de</strong> escolar. Em qualquer caso, a maior vantagem <strong>de</strong> construire participar <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s sociais resi<strong>de</strong> justamente na superação do sentimento<strong>de</strong> isolamento e impotência diante <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> natureza social eeconômica relacionados ao tráfico e à violência. Encarar esses problemas<strong>de</strong> forma solidária po<strong>de</strong> gerar mudanças significativas na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidae trabalho das pessoas envolvidas em cada situação. Compreen<strong>de</strong>mos quetransformações mais profundas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rão também <strong>de</strong> mudanças estruturaisem nosso próprio país.


173Marcos referenciais <strong>para</strong> a atuação profissionalA abordagem dos profissionais da educação e da saú<strong>de</strong> com relação àsdrogas é distinta do enfoque <strong>de</strong> segurança pública. A atuação profissional nessessetores não diz respeito aos aspectos jurídicos ou policiais relacionados ao uso<strong>de</strong> drogas ilícitas, mas à promoção da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e saú<strong>de</strong> das pessoasque usam ou po<strong>de</strong>m vir a usar drogas legais ou ilegais.Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> MentalApós a III Conferência Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental, realizada em 2001, oMinistério da Saú<strong>de</strong> assumiu a prevenção, o tratamento e a reabilitação dos(as)usuários(as) <strong>de</strong> álcool e outras drogas como um problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública. ALei Fe<strong>de</strong>ral nº 10.216, <strong>de</strong> 6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2001, institui a Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Mental <strong>de</strong>finindo que a atenção à saú<strong>de</strong> da população usuária <strong>de</strong> álcool e outrasdrogas <strong>de</strong>ve ser contemplada na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção básica à saú<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong>atendimento nas Unida<strong>de</strong>s Básicas <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>. As cida<strong>de</strong>s com mais <strong>de</strong> 70 milhabitantes <strong>de</strong>vem contar com serviços <strong>de</strong> referência <strong>para</strong> o atendimento a essapopulação, os Centros <strong>de</strong> Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS-AD).<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPolítica Nacional Sobre DrogasEsta política é outro marco referencial estratégico <strong>para</strong> a atuação dos/daseducadores(as) profissionais da saú<strong>de</strong>. Ela reconhece as diferenças entre usuário,<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e traficante <strong>de</strong> drogas, indicando que <strong>de</strong>vem ser tratados <strong>de</strong> formadiferenciada. Afirma o direito a um tratamento igualitário, não discriminatórioe a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> toda pessoa com problemas <strong>de</strong>correntes do uso in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong>drogas. Prioriza à prevenção do uso in<strong>de</strong>vido <strong>de</strong> drogas e reconhece a redução<strong>de</strong> danos como medida <strong>de</strong> intervenção preventiva, assistencial, <strong>de</strong> promoçãoda saú<strong>de</strong> e dos direitos humanos. A prevenção é apontada como a intervençãomais eficaz e <strong>de</strong> menor custo <strong>para</strong> a socieda<strong>de</strong>.Fontes: Política Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental.Disponível em: http://portalsau<strong>de</strong>.gov.br/portal/sau<strong>de</strong>/area.cfm?id_area=925.Disponível em: .


174OficinasO uso do álcool e outras drogas são trabalhados, neste módulo, a partir daperspectiva <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> riscos sociais, ou seja, da caracterização da socieda<strong>de</strong>contemporânea como uma socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> riscos. As ações voltadas <strong>para</strong> a reduçãodas vulnerabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> adolescentes e jovens necessitam contemplar, também,o repertório <strong>de</strong>sse público e o contexto no qual se inserem.Reflexões e análises <strong>de</strong> situações vivenciadas por alguns dos personagensda <strong>HQ</strong> SPE n° 5 e n° 6 que po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>ixá-los mais vulneráveis em relação aouso do álcool e outras drogas foram sugeridas, além <strong>de</strong> oficinas <strong>para</strong> melhorcompreensão sobre estas substâncias e suas conexões com a questão <strong>de</strong> gênero,raça/etnia e orientação sexual.Bom trabalho!Oficina 1: Na baladaObjetivosConceituar o termodroga e discutiras diferentesmotivações <strong>para</strong> ouso do álcool e <strong>de</strong>outras drogas.MateriaisnecessáriosPapel e caneta <strong>para</strong>todosCartolina ou papelcraftCanetas coloridasQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Com quais expectativasos(as) adolescentes ou jovensvão <strong>para</strong> a balada?• Por que muitos adolescentese jovens afirmam que <strong>para</strong>uma balada ser legal é precisoter bebidas alcoólicas e/ououtras drogas? No que asdrogas po<strong>de</strong>riam ajudar amelhorar a qualida<strong>de</strong> dabalada?• Que tipos <strong>de</strong> sensação ouemoção eles buscam?• No caso do álcool, porexemplo, dá <strong>para</strong> saber qual ahora <strong>de</strong> <strong>para</strong>r <strong>de</strong> beber antes<strong>de</strong> passar mal ou falar/fazeralguma coisa e se arrepen<strong>de</strong>r<strong>de</strong>pois?• Como é que as pessoasacordam no dia seguinte<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>, por exemplo, terbebido e fumado muito? Oque se po<strong>de</strong>ria fazer <strong>para</strong>diminuir a ressaca do diaseguinte?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas.


175Passo a passo• Divida o grupo em quatro subgrupos e proponha que pensem em tudoo que <strong>de</strong>veria ter em uma balada <strong>para</strong> ela ser 10, ou seja, tudo <strong>de</strong> bom.Em seguida, peça que montem uma cena <strong>de</strong>, no máximo, cinco minutosmostrando as situações prazerosas que acontecem nesta situação.• Conforme os grupos vão apresentando, anote no quadro o que <strong>de</strong> bomaconteceu em cada uma das apresentações.• Peça que voltem a formar os mesmos grupo, e que cada grupo eleja umrepresentante <strong>para</strong> uma conversa sobre o <strong>de</strong>sdobramento da ativida<strong>de</strong>.Reúna-se com esses representantes em um canto da sala e informe que acena <strong>de</strong>verá ser repetida, mas que, agora, eles <strong>de</strong>verão repetir os papéisque faziam na balada, mas sob o efeito <strong>de</strong> alguma droga. Solicite queos representantes do grupo não informem aos outros que farão essepapel.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula• Quando terminarem o ensaio, peça que cada grupo reapresente a cenacom a alteração que fizeram. Conforme forem apresentando a segundamontagem, anote no quadro quais foram as situações que ocorreramquando o álcool ou outras drogas surgiram.• Ao final, peça que formem um círculo e inicie o <strong>de</strong>bate a partir dasanotações que foram coletadas e das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre explicando que droga é o nome popular que se dá às substânciaspsicotrópicas ou psicoativas, ou seja, aquelas que provocam alteraçõesno funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC), a região do cérebroresponsável por nossas percepções, sensações e comportamentos.Informe também que o álcool é a droga mais consumida por adolescentese jovens brasileiros. Além dos problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que po<strong>de</strong>m surgira partir do uso constante <strong>de</strong>ssa substância, o álcool está associado avárias situações <strong>de</strong> violência e aci<strong>de</strong>ntes. Tanto o álcool quanto as outrasdrogas, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar as pessoas menos cuidadosas consigo próprias e,portanto, com as outras pessoas também. Um exemplo é que, muitasvezes, uma pessoa que sempre utiliza a camisinha nas relações sexuais,<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> usá-la quando está sob o efeito <strong>de</strong> alguma droga.


176I<strong>de</strong>ias principais• O álcool e as outras drogas são substâncias que causam mudanças napercepção e na forma <strong>de</strong> agir <strong>de</strong> uma pessoa. Essas variações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dotipo <strong>de</strong> substância consumida, da quantida<strong>de</strong> utilizada, das característicaspessoais <strong>de</strong> quem as ingere e <strong>de</strong> como ela está naquele momento, e dasexpectativas que se tem sobre os seus efeitos. Os efeitos das drogas,portanto, não são sempre os mesmos. O álcool, que <strong>de</strong>ixou uma pessoaalegre e comunicativa em uma <strong>de</strong>terminada circunstância, po<strong>de</strong>rá provocaroutra sensação em outro momento, mesmo que a quantida<strong>de</strong> ingerida sejaa mesma provocando uma crise <strong>de</strong> choro incontrolável, por exemplo.• Historicamente, a humanida<strong>de</strong> sempre procurou por substâncias queproduzissem algum tipo <strong>de</strong> alteração no humor, em suas percepções, emsuas sensações. Essas substâncias, geralmente, eram utilizadas em festas,rituais ou na busca <strong>de</strong> cura. Havia então momentos específicos em queesse uso era consi<strong>de</strong>rado legítimo e a<strong>de</strong>quado. Alguns cultos religiososainda hoje utilizam, por exemplo, o álcool, o tabaco e alguns chás emseus rituais.• Não existe uma razão única que justifique o porquê <strong>de</strong> as pessoas usaremdrogas. Existem vários: curiosida<strong>de</strong>; esquecer problemas, frustrações ouinsatisfações; fugir do tédio; <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser tímido ou diminuir a insegurança;acreditar que certas drogas aumentam a criativida<strong>de</strong>, a sensibilida<strong>de</strong> e apotência sexual; busca do prazer; no caso dos homens jovens, correr riscoscomo forma <strong>de</strong> provar sua virilida<strong>de</strong>; no caso das mulheres, buscar por umcorpo magro como o das mo<strong>de</strong>los, <strong>de</strong>ntre outros.• Embora o uso <strong>de</strong> drogas seja muito divulgado nos meios <strong>de</strong> comunicação,na realida<strong>de</strong> a gran<strong>de</strong> maioria das pessoas não usa drogas nem lícitasnem ilícitas. Mesmo entre os que consomem álcool, a gran<strong>de</strong> maioria nãoé <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, nem costuma beber exageradamente.• Conhecer algumas formas <strong>de</strong> reduzir os perigos ao utilizar o álcool ououtras drogas na balada são medidas <strong>de</strong> mitigação <strong>de</strong> riscos sociais.


177Para conscientizar-seNo caso <strong>de</strong> um amigo passar mal por ter utilizado o álcool ou algumaoutra droga, não entre em pânico nem <strong>de</strong>ixe que o medo fale mais alto que suacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser solidário.Os profissionais da saú<strong>de</strong> recomendam:• telefonar <strong>para</strong> o SAMU ou <strong>para</strong> o resgate imediatamente;• não forçar a pessoa a tomar água ou café ou a vomitar;• se estiver consciente, fazê-la caminhar;• se estiver inconsciente, <strong>de</strong>itá-la <strong>de</strong> lado e colocar a cabeça também <strong>de</strong>lado. Essa posição protege a pessoa <strong>de</strong> se asfixiar com o próprio vômito,como aconteceu com o guitarrista Jimmy Hendrix.Tanto a pessoa que passou mal quanto quem telefonou e a acompanhou aoserviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estão protegidas <strong>de</strong> inquérito policial.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDicasA publicação Mídia e Drogas – O perfil do Uso e do Usuário na ImprensaBrasileira traz uma análise crítica interessante a respeito do enfoque dado poralguns jornais e revistas sobre o uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas. Vale a pena ler.Disponível em: .OfICINA 2: Efeitos e mitos sobre o álcool e outras drogasObjetivosInformar os tipos <strong>de</strong>drogas, os efeitosque provocam naspessoas e os mitosque existem emrelação ao uso doálcool e <strong>de</strong> outrasdrogas.MateriaisnecessáriosQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bateCartazes ou • Em sua opinião, qualapresentações em é a droga mais utilizadasli<strong>de</strong>s sobre os pelos adolescentes e jovensefeitos das drogas escolarizados? E pelasno SNC e divisão adolescentes?das drogas a partir • Os especialistas costumam<strong>de</strong> seus efeitos afirmar que uma pessoa que(quadros 1 e 2). ingere bebida alcoólica ficaTiras com perguntas mais vulnerável, ou seja,sobre verda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> tomar certose mentiras sobre cuidados com sua saú<strong>de</strong>,drogas.que tomariam caso nãoutilizassem o álcool. Quevulnerabilida<strong>de</strong>s são estas?Vocês concordam com essaafirmação?• O que essa ativida<strong>de</strong> lhetrouxe <strong>de</strong> novo?TempoAproximadamente<strong>duas</strong> horas.


178Passo a passo• Divida o quadro em três partes e escreva as palavras: <strong>de</strong>pressora,estimulante e perturbadora.• Peça que, primeiramente, os alunos digam o que lhes vem à cabeçaquando escutam a palavra <strong>de</strong>pressora. Escreva as contribuições no quadroem formato <strong>de</strong> palavras-chave. Faça o mesmo com as palavras estimulantee perturbadora.• Uma vez, elencadas e discutidas, apresente o cartaz ou os sli<strong>de</strong>sexplicando, inicialmente, que as drogas se classificam conforme o efeitoque produzem no cérebro e que esses efeitos das drogas são justamenteo que eles <strong>de</strong>finiram: <strong>de</strong>pressores, estimulantes e perturbadores. Explique,também, que esses efeitos atuam no Sistema Nervoso Central (SNC), quetem papel fundamental na coor<strong>de</strong>nação das principais funções do nossocorpo.• Explique que uma das maiores dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> se trabalhar com o temado álcool e outras drogas é que, muitas vezes, as pessoas não acreditamno que diz a ciência e, sim, em certos mitos como, por exemplo, se alguémtomar três colheres <strong>de</strong> azeite antes <strong>de</strong> beber, não vai passar mal <strong>de</strong>pois. Oque muitas vezes ocorre é que algumas pessoas vomitam o azeite ingerido,antes mesmo <strong>de</strong> beber.• Peça que formem grupos <strong>de</strong> quatro ou cinco integrantes e distribua <strong>duas</strong>tarjetas <strong>para</strong> cada grupo. Eles <strong>de</strong>verão ler as questões e respon<strong>de</strong>r se elassão verda<strong>de</strong>iras ou se é um mito, ou seja, alguém inventou e muita genteacreditou.• Caso exista a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materiais sobre drogas na sala ou nabiblioteca, peça que, na dúvida, consultem essas fontes.• Quando os grupos terminarem, peça que formem um círculo e que cadagrupo apresente suas questões e suas respostas.• Abra <strong>para</strong> a discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate e encerrereforçando que a ciência, a experiência <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> cada um são aliadas noentendimento sobre o uso <strong>de</strong> drogas e seus efeitos.I<strong>de</strong>ias principais• As drogas são classificadas a partir dos efeitos que causam no cérebro.Esses efeitos, entretanto, também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m dos fatores individuais <strong>de</strong>


179quem as consome. Estado emocional, psiquismo, momento do uso po<strong>de</strong>minterferir.• Vários são os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que acometem os homens jovens que<strong>de</strong>correm do uso <strong>de</strong> álcool e <strong>de</strong> outras drogas. Muitas vezes o contexto<strong>de</strong> vida <strong>de</strong> quem usa álcool e outras drogas está associado a situações<strong>de</strong> violência e <strong>de</strong> risco. Frequentemente essa forma <strong>de</strong> se comportar temligação com a construção do gênero masculino, ou seja, acredita-se queum homem <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> é aquele que corre risco, que não leva <strong>de</strong>saforo<strong>para</strong> casa e que é competitivo. O número <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, sobretudo osrelacionados aos meios <strong>de</strong> transporte, que ocorrem com homens jovensalcoolizados é, também, muito alto.• Entre as mulheres, a maior droga utilizada são medicamentos quepossuem substâncias que emagrecem. Porque existe uma pressão muitogran<strong>de</strong> <strong>para</strong> ser magra nos dias <strong>de</strong> hoje, muitas meninas utilizam essassubstâncias influenciadas pelos i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> beleza presentes na mídia. Ouso do tabaco e do álcool pelas meninas, muitas vezes, se dá mais pelo<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> fazer parte <strong>de</strong> um grupo ou por acreditar que, assim, po<strong>de</strong>rãoficar mais próximas dos meninos.• Além dos riscos que o uso do álcool e das outras drogas traz <strong>para</strong> asaú<strong>de</strong> – física e mental –, estar sob o efeito <strong>de</strong>ssas substâncias tambémfaz com que certos cuidados que se costumam tomar sejam esquecidos.• A escola e os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são espaços importantes <strong>para</strong> aaquisição <strong>de</strong> conhecimentos sobre o uso do álcool e outras drogas alémdo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que reforcem o autocuidado e aprevenção.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDicasO Centro Brasileiro <strong>de</strong> Informações sobre Drogas Psicotrópicas(Cebrid), disponibiliza em sua página da internet várias publicações cominformações sobre o álcool e outras drogas além <strong>de</strong> dados estatísticos sobrea sua utilização. O Livreto Informativo sobre Drogas Psicotrópicas traz, emlinguagem simples e acessível, uma <strong>de</strong>scrição pormenorizada <strong>de</strong> cada umadas drogas. I<strong>de</strong>al <strong>para</strong> ser utilizado na escola.Disponível em: .


180Tiras <strong>para</strong> os gruposO álcool não é uma droga. Verda<strong>de</strong> ou mito?A balada e outras ativida<strong>de</strong>s em grupo só são divertidas se todo mundo beber.Verda<strong>de</strong> ou mito?A maconha é uma droga leve que não causa prejuízos ao usuário. Verda<strong>de</strong>ou mito?O crack é uma droga só usada por gente pobre. Verda<strong>de</strong> ou mito?Sob o efeito da cocaína, as pessoas po<strong>de</strong>m realizar melhor as ativida<strong>de</strong>s e emmenor tempo. Verda<strong>de</strong> ou mito?O álcool melhora o <strong>de</strong>sempenho sexual. Verda<strong>de</strong> ou mito?O café aumenta o rendimento escolar, pois <strong>de</strong>ixa as pessoas mais ligadas esem sono. Verda<strong>de</strong> ou mito?Cachaça com mel e limão é um santo remédio <strong>para</strong> acabar com a gripe.Verda<strong>de</strong> ou mito?Os energéticos misturados com uísque garantem um melhor aproveitamentona balada. Verda<strong>de</strong> ou mito?RespostasO álcool não é uma droga. Verda<strong>de</strong> ou mito?Mito – O álcool é uma droga lícita, ou seja, é legal e vendida em váriosestabelecimentos comerciais.A balada e outras ativida<strong>de</strong>s em grupo só são divertidas se todo mundo bebermuito. Verda<strong>de</strong> ou mito?Mito – No início, o álcool dá um efeito <strong>de</strong> euforia, ou seja, a pessoa fica alegree animada. Depois <strong>de</strong> uns goles a mais, como o álcool é um <strong>de</strong>pressor do SNC,<strong>de</strong>ixa a pessoa mais mole e <strong>de</strong>sanimada. Isso sem contar com o mal-estar quepo<strong>de</strong> provocar enjoos ou vômitos.A maconha é uma droga leve que não causa prejuízos ao usuário. Verda<strong>de</strong>ou mito?Mito – Os riscos mais comuns do consumo <strong>de</strong> maconha são prejuízo daatenção e da memória, diminuição <strong>de</strong> reflexos, aumentando a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>aci<strong>de</strong>ntes. Algumas pessoas apresentam alucinações. Altas doses po<strong>de</strong>m provocaransieda<strong>de</strong> intensa, pânico e quadros psicóticos. Além disso, o uso frequente <strong>de</strong>


11Cannabis po<strong>de</strong> diminuir a motivação <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s do cotidiano e, a longo prazo,causar doenças pulmonares.O crack é uma droga usada por gente pobre. Verda<strong>de</strong> ou mito?Mito – O crack não tem classe social. É usado tanto por pessoas mais pobresquanto com mais po<strong>de</strong>r aquisitivo.Sob o efeito da cocaína, as pessoas po<strong>de</strong>m realizar melhor as ativida<strong>de</strong>s e emmenor tempo. Verda<strong>de</strong> ou mito?Mito – A cocaína é um estimulante do Sistema Nervoso Central permitindo,assim, a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s em um ritmo mais acelerado e, muitas vezes,confundido com um aumento <strong>de</strong> rendimento e <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s intelectuais. Ouseja, po<strong>de</strong> parecer que a pessoa esteja produzindo rapidamente coisas incríveis,mas, qualitativamente, não é isso que acontece.O álcool melhora o <strong>de</strong>sempenho sexual. Verda<strong>de</strong> ou mito?Mito – No caso do álcool, quando tomado em pequenas quantida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>ser consi<strong>de</strong>rado um <strong>de</strong>sinibidor, <strong>de</strong>ixando a pessoa mais solta e aumentandoo <strong>de</strong>sejo sexual. Só que, se tomado em maior quantida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> até provocar o<strong>de</strong>sejo, mas acaba com o <strong>de</strong>sempenho, pois inibirá a ereção, no caso masculino,e a lubrificação no caso feminino. Para ambos, aumenta a vulnerabilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> ainfecção pelo HIV e outras <strong>DST</strong>s, gravi<strong>de</strong>z, pois, sob o efeito <strong>de</strong> qualquer droga, aatenção das pessoas diminui e, muitas vezes não usam o preservativo.O café aumenta o rendimento escolar, pois <strong>de</strong>ixa as pessoas mais ligadas esem sono. Verda<strong>de</strong> ou mito?Mito – Tanto o café quanto o chocolate e os refrigerantes à base <strong>de</strong> colatêm cafeína em sua composição. Portanto, são estimulantes do Sistema NervosoCentral. Ao ingerir o líquido, o que se percebe, inicialmente, é uma espécie <strong>de</strong>revigoramento e diminuição do sono e da fadiga. No entanto, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dapessoa e da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> café ingerida, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar pequenos tremoresinvoluntários, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. E, seguramente,estes sintomas diminuem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção e afetam os estudos.Cachaça com mel e limão é um santo remédio <strong>para</strong> acabar com a gripe.Verda<strong>de</strong> ou mito?Mito – A gripe é causada pelo vírus Influenza e transmitida <strong>de</strong> uma pessoa<strong>para</strong> a outra por meio <strong>de</strong> gotículas <strong>de</strong> saliva ou secreções nasais. Os medicamentosque são comumente utilizados atenuam os sintomas como cansaço, indisposição,dores musculares, corrimento nasal e dor <strong>de</strong> garganta. O álcool, como é uma<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


182droga <strong>de</strong>pressora do SNC, po<strong>de</strong> provocar um relaxamento, mas não cura a gripe. Olimão e o mel são alimentos importantes <strong>para</strong> a dieta <strong>de</strong> qualquer pessoa. O limãotem vitamina C, e o mel é um energético natural.Os energéticos misturados com uísque garantem um melhor aproveitamentona balada. Verda<strong>de</strong> ou mito?Mito – As bebidas energéticas utilizam a cafeína em sua composição reduzindoa sensação <strong>de</strong> cansaço e sonolência. Quando misturadas com o álcool, diminuem apercepção do estado <strong>de</strong> embriaguez, ou seja, fazem com que a pessoa beba mais,ultrapassando seus limites e não i<strong>de</strong>ntificando a hora <strong>de</strong> <strong>para</strong>r. E isso significaque, além <strong>de</strong> outros problemas que possam ocorrer, a ressaca será gran<strong>de</strong> no diaseguinte.Oficina 3: Drogas: padrões <strong>de</strong> uso 42ObjetivosCompreen<strong>de</strong>r ospadrões <strong>de</strong> usodo álcool e outrasdrogas.Materiaisnecessários4 cartões <strong>de</strong> 5 cmx 5 cm <strong>para</strong> cadaparticipante;lápis ou caneta<strong>para</strong> todos(as);folha <strong>de</strong> papel ecola <strong>para</strong> cadagrupo, tiras comas 4 substâncias:chocolate, café,coca-cola e chiclete.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Os adolescentese jovens costumamconversar entre si sobreo álcool e outras drogas?O que se fala nessasconversas?• E com os adultos?Como é essa conversa?• Que fatores ousituações costumam<strong>de</strong>ixar adolescentes ejovens mais propensosa usar o álcool e outrasdrogas? Por quê?TempoUma horaPasso a passo• Forme quatro grupos e distribua uma folha <strong>de</strong> papel e um tubo <strong>de</strong> cola<strong>para</strong> cada um <strong>de</strong>les.• Em seguida, distribua quatro cartões <strong>para</strong> cada participante, solicitandoque cada um <strong>de</strong>senhe um mesmo símbolo nos quatro cartões (estrelinha,lua, um número etc).42 Adaptado <strong>de</strong>: (ECOS, 1999).


183• Explique que, <strong>para</strong> a ativida<strong>de</strong> dar certo será preciso muita concentraçãoe silêncio. O primeiro passo é escolher uma pessoa por grupo que ficaráresponsável por fazer a colagem.• Escolhida a pessoa, distribua um cartão dobrado com o nome <strong>de</strong> umadroga (café, coca-cola, chocolate e chiclete) com a qual cada grupoirá trabalhar. Esse cartão <strong>de</strong>verá passar <strong>de</strong> mão em mão e ser lidoindividualmente pelos integrantes do grupo. Essa informação é sigilosa<strong>para</strong> os outros grupos.• Uma vez entendida a dinâmica, explique que fará quatro perguntase que, quem respon<strong>de</strong>r sim <strong>de</strong>verá repassar um <strong>de</strong> seus cartões <strong>para</strong> oresponsável por colá-la no papel (o <strong>de</strong>ssa pessoa inclusive).• A primeira pergunta é: Você já experimentou essa substância pelo menosuma vez na vida?• Quem respon<strong>de</strong>u sim, <strong>de</strong>ve passar o cartão <strong>para</strong> o responsável quecolará os cartões utilizando a folha horizontalmente e <strong>de</strong> baixo <strong>para</strong> cima,conforme ilustrado a seguir.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula• Faça a segunda pergunta e peça que, no caso <strong>de</strong> a resposta ser positiva, osalunos repassem o cartão <strong>para</strong> o responsável. A pergunta é: Você usa essasubstância pelo menos uma vez a cada mês?• O responsável <strong>de</strong>verá, agora, colar os cartões na mesma folha, uma linhaacima.


184• Faça a terceira pergunta e peça que as respostas positivas sejam coladasna terceira linha acima: Você usa essa substância pelo menos uma vez porsemana?• A última pergunta é: Você usa essa substância todos os dias?


1• Quando todos os grupos terminarem, peça que cada um apresente osresultados da ativida<strong>de</strong>, mas sem contar que substância é. Explique que, naapresentação, <strong>de</strong>verão relatar quantas pessoas já experimentaram essassubstâncias, quantas usam pelo menos uma vez por mês, quantas uma vezpor semana e quem usa todos os dias. Quando terminar a apresentação,os outros grupos <strong>de</strong>verão adivinhar que substância era aquela.• Ao término das apresentações, ressalte que os produtos escolhidos <strong>para</strong>o exercício contêm algumas substâncias que são estimulantes: o cafée a coca-cola contêm cafeína, o chocolate e o chiclete têm açúcar, quetambém é um estimulante. O chiclete, por sua vez, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>radoum inibidor <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong>, pois é mastigado compulsivamente.• Explique que este raciocínio po<strong>de</strong> ser usado <strong>para</strong> se compreen<strong>de</strong>r ospadrões <strong>de</strong> uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas. Esses padrões costumamser divididos em quatro categorias: experimental, ocasional ou recreativo,habitual e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaBase da pirâmi<strong>de</strong> – Uso experimental, isto é, a substância é experimentadapor mera curiosida<strong>de</strong>, por pressão do grupo e/ou por busca <strong>de</strong> uma sensação<strong>de</strong> prazer.Segunda linha – Uso ocasional, ou seja, a substância é utilizada só emalgumas ocasiões como em uma balada ou em um show <strong>de</strong> música. Nessepadrão, o(a) usuário(a) não é mais um(a) experimentador(a), pois os efeitosda substância já são conhecidos.Terceira linha – Uso habitual, a substância é consumida com maiorfrequência, seja diariamente ou semanalmente. A maioria das pessoas quetêm esse padrão <strong>de</strong> consumo consegue, ainda, manter suas relações sociais eafetivas, assim como suas responsabilida<strong>de</strong>s sociais.Topo da pirâmi<strong>de</strong> – Dependência: a substância passa a ser o centro da vidada pessoa, pois quase todas as suas ações e pensamentos estão direcionados<strong>para</strong> conseguir aquela <strong>de</strong>terminada substância da forma mais rápida possível.A droga não está mais só relacionada ao prazer que proporciona, mas,fundamentalmente, ao <strong>de</strong>sprazer e à angústia que a falta da substânciacausa.


186• Abra <strong>para</strong> a discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate e encerreexplicando que conhecer os padrões <strong>de</strong> consumo do álcool e das outrasdrogas é <strong>de</strong>cisivo <strong>para</strong> superar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que todas as pessoas que utilizamessas substâncias são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes. Também facilita a compreensão <strong>de</strong>que o uso po<strong>de</strong> não resultar, necessariamente, na <strong>de</strong>pendência.I<strong>de</strong>ias principais• Uma pessoa começa a usar o álcool ou outras drogas <strong>de</strong>vido a diferentesfatores. Alguns se referem a características das pessoas. Outros ao meio emque vive ou, ainda, a condições estruturais e socioculturais mais amplas.Geralmente, quando ocorre uma situação arriscada, todos esses fatoresestão agindo <strong>de</strong> forma simultânea, por exemplo, quando um adolescenteé usuário <strong>de</strong> maconha, tem mais chance <strong>de</strong> contrair uma doença pulmonarque outro que não a utiliza. Mas não é só isso, esse uso po<strong>de</strong> ter outrasconsequências, tais como conflitos com os pais, perda <strong>de</strong> interesse naescola, culpa e ansieda<strong>de</strong>.• Aspectos sociais e econômicos como o <strong>de</strong>semprego, a discriminação,a pobreza e as violências po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>cisivos na vida <strong>de</strong> um usuário <strong>de</strong>álcool e outras drogas. Ao mesmo tempo, aspectos socioculturais como asmodas e o grau <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> com que se consegue acessar as diferentesdrogas (legais ou ilegais) também influenciam os padrões <strong>de</strong> consumo emcada época e lugar.• Meninos e homens jovens, muitas vezes, crescem com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> queum homem com H, precisa beber muito e não ficar tonto <strong>para</strong> provar suavirilida<strong>de</strong> aos seus pares. Normas sociais sobre o que é ser homem e o queé ser mulher precisam ser <strong>de</strong>sconstruídas, inclusive, <strong>para</strong> reduzir os riscossociais que elas acabam impingindo às pessoas.• O uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas existe em todas as classes sociais.O aumento da produção e o barateamento <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>las e as crençasque se tem sobre elas faz com que adolescentes e jovens as utilizem nabusca pelo prazer imediato, sem refletir sobre os riscos <strong>de</strong>correntes douso abusivo.


187DicasNa publicação Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas: <strong>Guia</strong> <strong>para</strong> a Formação<strong>de</strong> Profissionais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong> Educação, da página 108 até a 115, contémvárias sugestões <strong>de</strong> oficinas e textos <strong>para</strong> aprofundar o tema.Disponível em: .Oficina 4: Proibicionismo X Fatores <strong>de</strong> ProteçãoObjetivosAnalisar o conceito<strong>de</strong> redução <strong>de</strong>danos e realizarum exercício <strong>de</strong>aplicação <strong>de</strong>staestratégia nocotidiano.MateriaisnecessáriosCópia do artigo dojornalista GilbertoDimenstein <strong>para</strong>todos.Questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• Os jovens e as jovenscostumam ser pressionados ausar o álcool ou outras drogaspelos colegas e amigos? O queeles/as fazem nessa situação?Recusam ou aceitam?• Como um jovem po<strong>de</strong>riadizer a seus amigos quenão está a fim <strong>de</strong> beber ou<strong>de</strong> usar uma droga quandopressionado? E se fosse umajovem?• Se vocês <strong>de</strong>scobrissem queum amigo é usuário <strong>de</strong> drogas,o que vocês fariam?• Que argumentos vocêspo<strong>de</strong>riam usar <strong>para</strong> convencêlo(a)a se proteger mais ereduzir os riscos relativos àsaú<strong>de</strong> e nas relações sociais?TempoAproximadamentequatro horas,sendo quealguns passos daativida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>rãoser feitos emoutros espaços.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaPasso a passo• Inicie perguntando <strong>de</strong> quais campanhas e propagandas sobre as drogaslícitas e ilícitas que eles se recordam.• Faça uma linha no quadro se<strong>para</strong>ndo as lícitas das ilícitas, escrevendo-asno quadro em forma <strong>de</strong> palavras-chave.• Quando terminarem, leia cada uma das colunas perguntando quaisseriam as conclusões que se po<strong>de</strong>riam tirar a partir <strong>de</strong>ssas propagandas ecampanhas. Por exemplo, elas fazem com que as pessoas se <strong>de</strong>sinteressempela utilização das drogas lícitas? E das ilícitas?


188• Lembre-os que, geralmente, as propagandas <strong>de</strong> cerveja são, na gran<strong>de</strong>maioria das vezes, <strong>para</strong> homens e sempre associando o produto a uma“mulher bonita e gostosa”. As que dizem respeito às drogas ilícitas, porsua vez, costumam associar o seu uso a doenças, aci<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong>gradaçãoe impotência sexual.• Explique que existem muitos projetos sociais que têm por objetivo aprevenção do uso <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>ssas substâncias pelos adolescentes ejovens. Na maioria das vezes, elas utilizam mensagens como Diga nãoàs drogas ou Droga Mata! Essas campanhas, geralmente, partem doprincípio <strong>de</strong> que a única forma possível <strong>de</strong> se livrar do álcool e das outrasdrogas é a abstinência. Muitos estudiosos acreditam que essas estratégiassão irreais e não garantem que todas as pessoas que fazem uso <strong>de</strong>ssassubstâncias irão <strong>para</strong>r <strong>de</strong> usá-las imediatamente. Acreditam também queexistem outros fatores que fazem com que as pessoas utilizem o álcool eoutras drogas e que <strong>de</strong>vem ser levados em consi<strong>de</strong>ração quando se pensaem um projeto nesse sentido. Defen<strong>de</strong>m também que a melhor estratégiaseria a <strong>de</strong> reduzir os riscos sociais que a droga acarreta. Por exemplo,as campanhas como Se beber, não dirija. Se for dirigir, não beba! ou aproibição do uso do tabaco em locais fechados.• Informe que, nesta ativida<strong>de</strong>, será discutido um artigo do jornalistaGilberto Dimenstein – O barato sai caro –, publicado no jornal A Folha <strong>de</strong>São Paulo em 28 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2010 em que ele aborda uma série <strong>de</strong>questões atuais sobre o uso do álcool e outras drogas.• Peça que formem grupos e que leiam o artigo <strong>de</strong>stacando, principalmente,o que, na opinião do autor, po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>ixar os adolescentes e jovens menosvulneráveis ao uso do álcool e <strong>de</strong> outras drogas.• Quando terminarem a discussão, peça que formem um círculo e abra<strong>para</strong> uma roda <strong>de</strong> conversa a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre reforçando que existem diversas condições que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar osadolescentes e jovens mais protegidos em relação aos danos associados aouso <strong>de</strong> álcool e outras drogas, entre elas: uma família amorosa, acolhedora,existência <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio social, abertura <strong>de</strong> diálogo sobre o assuntonas escolas – com professores e em grupos <strong>de</strong> adolescentes e jovens –,maior igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero nas relações entre homens e mulheres, acessoa informações <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e a serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mais acolhedores <strong>para</strong>adolescentes e jovens.


189I<strong>de</strong>ias principais• De acordo com diferentes especialistas, nos dias <strong>de</strong> hoje existem <strong>duas</strong>concepções mais correntes diante do problema do uso e abuso dassubstâncias psicoativas: a proibicionista (diga não às drogas) e a redução<strong>de</strong> riscos sociais.• Na abordagem proibicionista, a maior concentração <strong>de</strong> esforços se dá naredução da oferta, ou seja, redução da disponibilida<strong>de</strong> dos produtos. Nocampo da redução <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, enfatiza-se a transmissão <strong>de</strong> informaçõespautadas pelo amedrontamento e apelo moral, utilizando técnicas quepo<strong>de</strong>riam ser resumidas à persuasão dos indivíduos <strong>para</strong> a abstinência,o slogan: “Diga não às drogas”. As ações <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> informaçõesseguem, em geral, o mo<strong>de</strong>lo educativo <strong>de</strong> aprendizado passivo. Muitasvezes nas escolas o trabalho que se <strong>de</strong>senvolve tem o formato <strong>de</strong> umapalestra dada por um especialista uma vez ao ano.• A redução <strong>de</strong> riscos sociais, por sua vez, é uma estratégia <strong>de</strong> promoçãoda saú<strong>de</strong> que procura não excluir nenhum grupo ou indivíduo, ou seja, visafornecer dicas <strong>de</strong> autocuidado, principalmente <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> doenças,<strong>para</strong> todos usuários <strong>de</strong> drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas, usadasesporádica ou frequentemente ou, ainda, que envolvam <strong>de</strong>pendência.• Nessa estratégia, acredita-se que ampliar os conhecimentos teóricos éimportante, mas não é suficiente. Vários aspectos são fundamentais como:criar uma harmonia <strong>de</strong> opiniões e abordagens que sejam permanentes einseridas no currículo sobre o álcool e outras drogas; que envolvam osalunos e as alunas, pais, mães e responsáveis, comunida<strong>de</strong> escolar (outrosfuncionários da escola) e entorno; e a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> estratégias atraentesque permitam o diálogo e a discussão <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias.• Outra dica relevante é investir na área <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> pormeio <strong>de</strong> orientações <strong>para</strong> uma alimentação balanceada, ativida<strong>de</strong>s nãoestressantes e uma vida sexual segura. Nessa proposta, a escola necessitaintroduzir a questão das drogas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto amplo visandoa responsabilização dos alunos em relação à sua vida, à sua saú<strong>de</strong> eabordando, também, questões como solidão, isolamento, i<strong>de</strong>al do corpo,mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> vida competitivo e imediatista, meio ambiente e outros temasque provocarão uma reflexão sobre os valores adotados pela socieda<strong>de</strong>em que vivemos.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


190O barato sai caroNo futuro, a discussão sobre as drogas será feita com base mais empesquisas científicas do que na emoçãoNa noite da quarta-feira passada, o ambiente era totalmente insuspeito<strong>de</strong> qualquer conivência com o uso da maconha. Muito pelo contrário: erauma palestra apoiada por empresários e realizada no auditório <strong>de</strong> um dosmais tradicionais colégios <strong>de</strong> São Paulo. O palestrante convidado tambémnão tinha absolutamente nada <strong>de</strong> alternativo: um cientista que fez da suavida o combate ao vício e que mostrou pesquisas divulgadas pela não menosinsuspeita editora da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Oxford. Mas, dali, ninguém saiu sempelo menos uma dúvida: se não causaria menos danos legalizar a maconha.Por coincidência, esse encontro <strong>de</strong> quarta-feira realizado no ColégioBan<strong>de</strong>irantes por Robin Room, um dos maiores especialistas do mundo em<strong>de</strong>pendência química, e patrocinado pelo Conselho Empresarial da AméricaLatina e pelo Instituto Fernand Brau<strong>de</strong>l, ocorreu no mesmo momento em quejovens anunciaram <strong>para</strong> este final <strong>de</strong> semana uma manifestação, em São Paulo,pela legalização da maconha. O ato foi proibido na sexta pela Justiça <strong>de</strong> SãoPaulo, em <strong>de</strong>cisão liminar. Só o fato <strong>de</strong> esses personagens estarem abertos ao<strong>de</strong>bate é um sinal <strong>de</strong> que esse tipo <strong>de</strong> assunto será tratado, no futuro, combase mais em pesquisas científicas do que em emoção.É algo que está muito longe <strong>de</strong> seduzir o brasileiro. Segundo o Datafolha,76% dos brasileiros querem a proibição das drogas – isso significa que,tirando um ou outro caso (Fernando Henrique Cardoso, por exemplo), oassunto vai ficar longe também da agenda dos políticos. Foram exibidastabelas resumindo o conhecimento científico disponível sobre os efeitos damaconha, com<strong>para</strong>ndo-a com cigarro, álcool e heroína. Com<strong>para</strong>ram-se itenscomo aci<strong>de</strong>ntes, violência, suicídio, morte por overdose, <strong>de</strong>pendência, cirrose,problemas do coração, câncer e doenças respiratórias. Ninguém disse que amaconha não traz perigos. Mas só que, nessa com<strong>para</strong>ção, oferece menosriscos do que o cigarro e, principalmente, o álcool. Daí sua conclusão, baseadaem mais uma bateria <strong>de</strong> números, <strong>de</strong> que criminalizar a maconha acarretamais danos do que benefícios.Causa mais incômodo o fato <strong>de</strong> jovens <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>rem o direito <strong>de</strong> expressaruma opinião sobre a maconha do que uma Paris Hilton mostrada como uma


191<strong>de</strong>vassa <strong>para</strong> ven<strong>de</strong>r cerveja. Como o leitor <strong>de</strong>sta coluna sabe, tenho restriçõesem relação ao uso <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s ou imagens que associem bebida a sucesso,esporte ou sexo. Imaginar, porém, que apenas restringir a publicida<strong>de</strong> funcionaé semelhante a apostar na Justiça e na polícia <strong>para</strong> diminuir a <strong>de</strong>pendênciaquímica. É o barato que sai caro.Minha experiência acompanhando projetos com jovens <strong>de</strong>ntro e fora doBrasil me ensinou que, em geral, quem tem apoio familiar e projeto <strong>de</strong> vida– ou seja, aposta que o futuro po<strong>de</strong> ser melhor do que é hoje – está maisvacinado contra o vício. Ou terá menos dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentá-lo. Os casos quetestemunhei <strong>de</strong> vitória contra a <strong>de</strong>pendência estavam acompanhados <strong>de</strong> umacombinação <strong>de</strong> remédios, terapia e encontro <strong>de</strong> alguma boa razão <strong>para</strong> viver.Em poucas palavras, os valores são uma espécie <strong>de</strong> vacina. No mesmo dia emque Robin Room mostrava suas frias tabelas, era divulgado, nos Estados Unidos,um relatório da ONU informando que o vício em medicamentos superou o uso<strong>de</strong> drogas como heroína, cocaína e ecstasy.Estamos falando aqui em tranquilizantes e inibidores <strong>de</strong> apetite. Uma dasexplicações <strong>para</strong> essa explosão <strong>de</strong> consumo: uma espécie <strong>de</strong> histeria <strong>para</strong> mantero corpo sempre magro – aliás, <strong>de</strong>sumanamente magro – e uma dificulda<strong>de</strong><strong>de</strong> lidar com as naturais frustrações e tristezas. E tome tarja preta, vendidaclan<strong>de</strong>stinamente.É um <strong>de</strong>bate muito complexo <strong>para</strong> ficar nas mãos apenas da polícia ou daJustiça. É, antes <strong>de</strong> mais nada, uma tarefa <strong>para</strong> os educadores, sejam eles pais,comunicadores ou professores. Fora disso, o barato sai caro, literalmente.Fonte: O barato sai caro. Artigo <strong>de</strong> Gilberto Dimenstein na Folha <strong>de</strong> SãoPaulo, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2010.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaDicasA publicação, Prevenção das <strong>DST</strong>s/<strong>Aids</strong> em adolescentes e jovens:brochuras <strong>de</strong> referência <strong>para</strong> os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, do Centro <strong>de</strong> Referênciae Treinamento <strong>DST</strong>s/<strong>Aids</strong> <strong>de</strong> São Paulo, em seu volume 8, discute uma série <strong>de</strong>questões relacionadas ao uso do álcool e outras drogas fundamentais <strong>para</strong> osprofissionais da educação.Disponível em:


192Oficina 5: O que me dá prazer?ObjetivosContribuir <strong>para</strong>que adolescentes ejovens participemdas ações do SPE nasescolas, unida<strong>de</strong>sbásicas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ena comunida<strong>de</strong>.Materiaisnecessários<strong>HQ</strong> n° 6Tiras com perguntasQuestões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate• O que é participaçãojuvenil?• Adolescentes e jovensquerem participar? Do quê?• Existem espaços<strong>de</strong> participação dosadolescentes e jovens emsua escola? Quais?• Existem espaços nosquais essa participação nãoocorre, mas que po<strong>de</strong>ria serincentivada? Quais? Como?• Como seria possívelenvolver os serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> nesta proposta?• O que essa parceriapo<strong>de</strong>ria trazer <strong>de</strong> bom<strong>para</strong> a escola, os alunos, aescola e a comunida<strong>de</strong> doentorno?• Que experiências aparticipação juvenil po<strong>de</strong>riatrazer <strong>para</strong> os alunos naconstrução <strong>de</strong> seu projeto<strong>de</strong> futuro?TempoAproximadamentetrês horaspo<strong>de</strong>ndo serdividida em <strong>duas</strong>partes.Passo a passo• Peça que os alunos formem trios e leiam a primeira parte da <strong>HQ</strong> n° 6,Cena <strong>de</strong> Cinema, prestando atenção em como se dão as relações entreos quatro amigos, ou seja, o que é bom, como superam as diferenças <strong>de</strong>opinião etc.• Quando terminarem a leitura, peça que cada um dos integrantes do gruporelate alguma situação que vivenciaram com seus amigos e que, além <strong>de</strong>agradável, trouxe algo <strong>de</strong> novo <strong>para</strong> sua vida. Por exemplo, <strong>de</strong>scobriu queseus amigos achavam você uma pessoa confiável ou que quando vocêestava com eles podia falar o que sentia sem medo <strong>de</strong> ser julgado.• Depois dos relatos, peça que escrevam um parágrafo sobre a importânciados amigos na construção <strong>de</strong> uma vida mais prazerosa e saudável.


193• Peça que formem um círculo e que apresentem suas conclusões. À medidaque as apresentações ocorrerem, escreva as conclusões no quadro em forma<strong>de</strong> palavras-chave.• Solicite que formem grupos <strong>de</strong> seis pessoas e que leiam a segunda parteda <strong>HQ</strong> n° 6, i<strong>de</strong>ntificando:1. O que mudou no cotidiano dos alunos que partici<strong>para</strong>m da organizaçãodo encontro <strong>de</strong> educação sexual?2. Quais as emoções que transpareceram na <strong>HQ</strong>?3. Qual a importância da participação dos alunos na reversão <strong>de</strong> umasituação como aquela vivida pelo professor Filé?4. O que aquela experiência <strong>de</strong> mobilização <strong>para</strong> a mudança trouxe <strong>para</strong> avida <strong>de</strong> cada um daqueles alunos?5. O que levarão <strong>de</strong>ssa experiência <strong>para</strong> seu futuro?• Ao terminarem, novamente peça que formem um círculo e apresentem suasconclusões. Abra <strong>para</strong> a discussão a partir das questões <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate.• Encerre, reforçando que participar significa “tomar parte <strong>de</strong>” e que,no Brasil, adolescentes e jovens sempre procuraram ocupar diferentesespaços reivindicando <strong>para</strong> si a participação como um direito. Na falta<strong>de</strong> acesso a espaços convencionais, ou mesmo na falta <strong>de</strong> interesse ou<strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> nos mo<strong>de</strong>los políticos, a juventu<strong>de</strong> cria seus própriosfóruns que vão dos grêmios estudantis a bandas <strong>de</strong> música, movimentossociais e culturais. É uma oportunida<strong>de</strong> privilegiada <strong>para</strong> o aprendizadodos direitos humanos; <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> vínculos pessoais e sociais,além <strong>de</strong> propiciar melhor conhecimento sobre si próprios e estabelecermetas viáveis <strong>para</strong> seu futuro.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaI<strong>de</strong>ias principais• A escola é um lugar privilegiado <strong>para</strong> o autoconhecimento e <strong>para</strong> aaceitação das diferenças, uma vez que agrupa adolescentes e jovens <strong>para</strong>uma convivência cotidiana e intensa, em que muitas relações <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>são construídas. As amiza<strong>de</strong>s feitas na escola, inclusive, costumam serreferências benéficas que se levam <strong>para</strong> toda uma vida.• A escola é também, um espaço <strong>de</strong> participação juvenil on<strong>de</strong> projetospo<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvidos em parceria, a partir da construção <strong>de</strong> uma boarelação entre os alunos, a direção, os professores, a equipe pedagógica, asfamílias e a comunida<strong>de</strong> em que ela está inserida.


194• O Grêmio Estudantil, por exemplo, é uma entida<strong>de</strong> criada e gerida pelosalunos, com o intuito <strong>de</strong> representar seus interesses, po<strong>de</strong>ndo tambémpromover ativida<strong>de</strong>s sociais, científicas e culturais. No Brasil, a existência<strong>de</strong> grêmios estudantis é assegurada pela Lei <strong>de</strong> Diretrizes e Bases daEducação (LDB) <strong>de</strong> 1996. A criação <strong>de</strong> um grêmio na escola é um direitodos alunos.• No caso do projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas, adolescentes e jovenspo<strong>de</strong>m atuar como educadores <strong>de</strong> pares, na gestão e na tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisõessobre como o SPE <strong>de</strong>verá ser conduzido na escola, na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> ouna comunida<strong>de</strong>.DicasO <strong>Guia</strong> Educação <strong>de</strong> Pares, do Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas, éformado por oito fascículos com sugestões <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, textos e dicas <strong>para</strong>que adolescentes e jovens possam organizar ativida<strong>de</strong>s e eventos sobre osdiferentes temas que compõem o SPE, a partir da perspectiva da participaçãojuvenil.Em breve estará disponível no site do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> <strong>DST</strong>s/AIDS eHepatites virais do Ministério da Saú<strong>de</strong> (www.aids.gov.br).Sessão <strong>de</strong> CinemaTrainspotting – Sem LimitesDuração: 94 minutosAno <strong>de</strong> realização: 1996Baseado na obra <strong>de</strong> Irvine Welsh, Trainspotting mostra a <strong>de</strong>pendência daheroína a partir do olhar <strong>de</strong> quatro amigos.Bicho <strong>de</strong> 7 cabeçasDuração: 1 hora e 20 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2000Retrata os conflitos familiares <strong>de</strong> um jovem que se envolve com maconha.A falta <strong>de</strong> diálogo é o ponto crítico das relações familiares. Baseado em fatosreais.


195Tropa <strong>de</strong> EliteDuração: 118 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2007A discussão é baseada a partir do livro Elite da Tropa, <strong>de</strong> André Batistae Rodrigo Pimentel em parceria com Luiz Eduardo Soares e conta o dia a diado grupo <strong>de</strong> policiais do Batalhão <strong>de</strong> Operações Especiais (Bope) do Rio <strong>de</strong>Janeiro.Meu Nome Não é JohnnyDuração: 92 minutosAno <strong>de</strong> realização: 2008Conta a história <strong>de</strong> João Guilherme Estrella, jovem <strong>de</strong> classe média daZona Sul do Rio que se torna o rei do tráfico <strong>de</strong> drogas nos anos 1980 e 1990.Investigado pela polícia e preso, tem seu nome e seu rosto exposto em jornaise revistas. Em vez <strong>de</strong> festas, passa a frequentar o banco dos réus, on<strong>de</strong> conta asua história e tramas.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


197Para finalizar...Final <strong>de</strong> conversaUfa!Chegamos ao fim do <strong>Guia</strong> <strong>HQ</strong> SPE, e agora é hora <strong>de</strong> se pensar em tudo o quefizemos e ... em todas as outras ativida<strong>de</strong>s que ainda po<strong>de</strong>remos <strong>de</strong>senvolver.Afinal, somos educadores e sabemos que os temas relacionados à promoçãoda saú<strong>de</strong> e a prevenção nunca se esgotam. Temos sempre que atualizar nossosconhecimentos, repassar estas informações <strong>para</strong> os alunos e a comunida<strong>de</strong> doentorno da escola, reforçar que a vida em socieda<strong>de</strong> requer algumas habilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> comunicação e negociação, e por aí vai.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aulaRecapitulando ...Nesta proposta apresentamos várias estratégias e recursos que po<strong>de</strong>rão serutilizados em ações <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> e prevenção no cotidiano da escola.E por cotidiano, enten<strong>de</strong>mos também as ativida<strong>de</strong>s nos finais <strong>de</strong> semana e emoutros espaços informais. Afinal, o aprendizado acontece todo o tempo e emtodos os lugares.Diferentes temas foram abordados e muitos produtos foram construídossempre em uma linguagem <strong>de</strong> jovem <strong>para</strong> jovem. Cartazes, folhetos, spots,jornais murais, cenas teatrais trouxeram novos repertórios e i<strong>de</strong>ias <strong>para</strong>disseminar as informações sobre os cuidados com a saú<strong>de</strong> sexual e a saú<strong>de</strong>reprodutiva; o enfrentamento ao preconceito e à discriminação relacionadosaos gêneros, raças/etnias e à diversida<strong>de</strong> sexual, a prevenção ao HIV e outrasdrogas; <strong>de</strong>smistificamos uma série <strong>de</strong> crenças que existe em relação ao álcoole às outras drogas; enfatizamos a importância da participação juvenil em todasas fases do processo da promoção da saú<strong>de</strong> e da prevenção.


198Mas isso foi só um começoSaímos a campo <strong>para</strong> conhecer o funcionamento <strong>de</strong> uma Unida<strong>de</strong> Básica <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> e, assim, favorecemos que os próprios adolescentes e jovens expressassemsuas opiniões e fizessem sugestões <strong>de</strong> como tornar o serviço mais acolhedor<strong>para</strong> eles e elas.E o melhor <strong>de</strong> tudo: apren<strong>de</strong>mos e trabalhamos com prazer.Outra coisa estimulante que aconteceu conosco: a partir <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong>trabalho comum <strong>de</strong>senvolvemos a proposta trabalhando interdisciplinarmente.Apren<strong>de</strong>mos a somar nossos esforços e a <strong>de</strong>senvolver ações permanentesmobilizando, assim, a direção, a coor<strong>de</strong>nação pedagógica, os <strong>de</strong>mais professores,os funcionários da escola e as famílias dos alunos.Nossa relação com a área da saú<strong>de</strong> mudou muito. Quem diria que trabalhar<strong>de</strong> forma intersetorial daria tão certo? Tanto que articulamos novas parceriascom setores da socieda<strong>de</strong> civil, com outros setores governamentais – cultura,justiça, ação social, esportes, <strong>de</strong>ntre outros – e com atores chave da própriacomunida<strong>de</strong> do entorno da escola.É certo que nem tudo foi tão simples nem perfeito como gostaríamos e que<strong>de</strong>u muito trabalho. Por isso mesmo é que temos uma nova proposta: que talcelebrarmos o final <strong>de</strong>ssa fase partindo <strong>para</strong> um gran finale como acontece naspeças teatrais e nas óperas?Então, <strong>para</strong> fechar, elencamos algumas sugestões <strong>para</strong> disseminar todos ossaberes adquiridos no trabalho com os materiais do Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevençãonas Escolas. Topam?Sugerimos ....Mostra Saú<strong>de</strong> e Educação – organizar uma exposição com todos osmateriais que foram elaborados pelos alunos no âmbito da proposta do <strong>Guia</strong><strong>HQ</strong> SPE e convidar o pessoal da saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> apresentar os diferentes tipos <strong>de</strong>atendimento e <strong>de</strong> recursos existentes na UBS, abrindo um dia da semana oufinal <strong>de</strong> semana <strong>para</strong> receber seus familiares e a comunida<strong>de</strong> escolar <strong>para</strong> estatroca <strong>de</strong> apresentações e trabalhos.Oficinas temáticas – os alunos que partici<strong>para</strong>m das ações po<strong>de</strong>m criar ouadaptar as oficinas em que foram utilizadas as <strong>HQ</strong>s <strong>para</strong> outros adolescentes ejovens tanto da própria escola como moradores(as) do entorno.Oficinas <strong>de</strong> comunicação – os alunos po<strong>de</strong>rão ensinar aos adolescentese jovens a criar cartazes, folhetos, spots, jornais murais etc. a partir <strong>de</strong> suas


199vivências em sala <strong>de</strong> aula. Essa ativida<strong>de</strong> permitirá <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novashabilida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>rão ser empregadas em outras situações da vida dosadolescentes e jovens.Oficinas <strong>de</strong> pulseirinhas – um educador ou um aluno que tenham habilida<strong>de</strong><strong>de</strong> fazer pulserinhas com linha po<strong>de</strong>m se responsabilizar por ensinar aos outrosessa técnica. Antes será preciso escolher <strong>duas</strong> <strong>cores</strong> <strong>de</strong> linha – uma representandoa saú<strong>de</strong>, e outra a educação – <strong>para</strong> representar a importância <strong>de</strong> essas <strong>duas</strong>áreas estarem juntas no enfrentamento ao preconceito e à discriminação, porexemplo. Seria uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar concretamente, via pulserinhas, oestreitamento nas relações entre a Escola e a UBS, entre a Educação e a Saú<strong>de</strong>Rodas <strong>de</strong> conversa – organizar um espaço <strong>de</strong> conversa informal propondoseum dos temas contemplados pelas <strong>HQ</strong>s. A coor<strong>de</strong>nação ficará a cargo <strong>de</strong> umaluno e po<strong>de</strong>rão participar um profissional da saú<strong>de</strong> e/ou da educação <strong>para</strong> tiraras dúvidas à medida que elas surjam.Jogo Desafio <strong>HQ</strong> SPE – disponibilizar equipamentos eletrônicos e CDs dojogo <strong>para</strong> utilização por adolescentes e jovens que não frequentam aquelaescola e que, portanto, não têm acesso a esse material. Um dos alunos po<strong>de</strong>ráse responsabilizar por ensinar as regras do jogo e tirar as dúvidas.Teatro – as cenas criadas <strong>para</strong> a oficina Na Balada e a técnica <strong>de</strong> se repetira cena com uma pessoa sob o efeito <strong>de</strong> uma substância psicoativa po<strong>de</strong>m serapresentadas <strong>para</strong> adolescentes e jovens que não partici<strong>para</strong>m da ativida<strong>de</strong>. Aofinal, po<strong>de</strong>-se abrir <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate contando com o apoio <strong>de</strong> um professor e ouprofissional da saú<strong>de</strong>.Intervenção na comunida<strong>de</strong> – a escola em conjunto com a saú<strong>de</strong> e outrosequipamentos sociais po<strong>de</strong> propor uma série <strong>de</strong> ações no bairro voltadas <strong>para</strong> apromoção da saú<strong>de</strong> e a prevenção. Uma pesquisa, um mutirão <strong>de</strong> trabalho <strong>para</strong>limpar uma praça, uma feira <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> são algumas i<strong>de</strong>ias. A exigência é divulgaro evento e convidar a população que vive nas cercanias da escola. É uma boaforma, também, <strong>de</strong> se repassarem informações sobre as <strong>DST</strong>s, HIV e hepatitesvirais. Po<strong>de</strong>-se fazer uma banquinha com materiais e <strong>para</strong> se tirar dúvidas. Nessecaso, é inquestionável que tenha alguém da saú<strong>de</strong> junto e, se possível, distribuirfolhetos, cartazes, preservativos etc.Gincana – mesmo associada à competição, po<strong>de</strong> ser organizada <strong>de</strong> forma aestimular a cooperação e a solidarieda<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> propostas que tenham umcaráter pedagógico. É fundamental, instituir uma comissão julgadora que conheçao assunto e, ao final, oferecer um prêmio que seja relacionado com o tema.<strong>HQ</strong> SPE Um guia <strong>para</strong> utilização em sala <strong>de</strong> aula


200Concursos – a escola, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e outros parceiros po<strong>de</strong>m proporum concurso <strong>de</strong> redação ou <strong>de</strong> histórias em quadrinhos no tema Saú<strong>de</strong> ePrevenção. Outras escolas da região po<strong>de</strong>rão participar também do concurso.É preciso, no entanto, um bom planejamento e escolher quais serão os critérios<strong>de</strong> premiação. Além dos prêmios, é necessário que os melhores produtos sejamdivulgados na escola, na UBS e na comunida<strong>de</strong>. Na premiação, vale a penaconvidar os(as) dirigentes, representantes das secretarias <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong>– municipal e estadual – e fixar painéis com os melhores produtos <strong>para</strong> todomundo ver e ler.DicasA UNESCO promove um concurso todos os anos chamado Prêmio Escola.As informações sobre esse prêmio estão disponíveis em: http://www.unesco.org/pt/brasiliaE <strong>para</strong> terminar...Queremos reforçar que o Projeto Saú<strong>de</strong> e Prevenção nas Escolas (SPE)privilegia a escola como espaço <strong>para</strong> a articulação das políticas voltadas <strong>para</strong>adolescentes e jovens, mediante a participação <strong>de</strong> adolescentes e jovens emtodo esse processo.Isso significa que é preciso buscar por metodologias em que os adolescentese jovens integrem todas as fases da ação que se preten<strong>de</strong> realizar, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> aelaboração, execução e a avaliação do caminho percorrido até a avaliaçãodos resultados alcançados. Por meio <strong>de</strong>ssa participação contribuem com o<strong>de</strong>senvolvimento pessoal <strong>de</strong> seus pares e também com o <strong>de</strong>senvolvimentodas comunida<strong>de</strong>s em que estão inseridos. Contribui, ainda, <strong>para</strong> a formação<strong>de</strong> pessoas mais autônomas e comprometidas socialmente, favorecendo aincorporação <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, igualda<strong>de</strong> e respeito.Juntas, as ações <strong>de</strong> educação e saú<strong>de</strong> constituem oportunida<strong>de</strong>sprivilegiadas <strong>para</strong> garantir aos adolescentes e jovens o aprendizado <strong>de</strong> seusdireitos e responsabilida<strong>de</strong>s como cidadãos e cidadãs, fortalecendo a aquisição<strong>de</strong> um autoconceito positivo, a formação <strong>de</strong> vínculos e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>suas potencialida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> novos projetos <strong>de</strong> vida.Finalmente, o apoio e o incentivo das escolas, das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, dosgovernos e das organizações internacionais e nacionais à participação juvenilse refletirão no futuro <strong>de</strong>terminando a ampliação <strong>de</strong>sses aprendizados ao longo<strong>de</strong> toda a sua vida.


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