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Dentes com Rizogênese Incompleta e Movimento ... - Dental Press

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Artigo Inédito<strong>Dentes</strong> <strong>com</strong> Rizogênese In<strong>com</strong>pleta e <strong>Movimento</strong>Ortodôntico: Bases BiológicasTeeth with In<strong>com</strong>plete Root Formation and Orthodontic Movement:Biological BasisAlbertoConsolaroResumoCom base no conhecimento da organização,estrutura e funcionamento dostecidos responsáveis pela formação radiculare fundamentados na literatura podeseafirmar que em movimentos de dentes<strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta um <strong>com</strong>primentoradicular menor pode até ocorrer,mas em função de uma maturação dostecidos embrionários da papila dentáriae folículo pericoronário por fechamento etérmino precoce do terço apical, mas nãoem função de reabsorção radicular.INTRODUÇÃOO objetivo deste trabalho está em revisara literatura e fundamentar biologicamenteas respostas a três perguntasfreqüentes entre os ortodontistas:- <strong>Dentes</strong> <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletaquando movimentados apresentam maioríndice e risco de reabsorção dentária?- <strong>Dentes</strong> <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletaquando movimentados podem apresentarraízes mais curtas?- <strong>Dentes</strong> <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletapodem ser movimentados ortodonticamente?Para responder estas perguntasdeve-se relembrar:- Conceitos pontuais da formação dodente em sua fase inicial;- A formação da raiz logo após <strong>com</strong>pletadaa formação da coroa;- A formação da raiz na altura doterços médio e apical;- A configuração espacial da papiladentária e tecidos vizinhos.OS GERMES DENTÁRIOS SÃO RES-PEITADOS PELA OSSIFICAÇÃO!A lâmina dentária advém do ectodermado revestimento da boca primitiva.Em forma de lâmina vertical, invade omesênquima subjacente que, em fasesmais tardias, dará origem ao osso da maxilae mandíbula <strong>com</strong>o revela a figura 1.A sua borda mais profunda revelará10 focos de proliferações celulares queassumem a forma de botões duplos distribuídosuniformemente ao longo dasfuturas cristas ósseas alveolares. Estesbotões darão origem aos germes dentáriosdecíduos e permanentes, exceto aosmolares permanentes.Imediatamente abaixo dos botões dentários,o mesênquima promoverá umaaglomeração e proliferação de célulasectomesenquimais para constituírem apapila dentária <strong>com</strong>o revelam as figuras1 e 2. O botão vai gradativamente assumindoa forma de campânula e seguePalavras-chave:Rizogênese in<strong>com</strong>pleta;<strong>Movimento</strong>dentário induzido;<strong>Movimento</strong> ortodôntico;Reabsorçãodentária.Alberto Consolaro*Maria Fernanda Martins-Ortiz**Tânia Regina Grão Velloso**** Professor Titular em Patologia - FOB-USP.** Pós-Graduanda em Odontologia, Área de Concentração em Ortodontia - FOB-USP.*** Pós-Graduanda em Odontologia, Área de Concentração em Patologia Bucal - FOB-USP.R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 2, p. 25-30, mar./abr. 2001 25


envolvendo ou “abraçando” a papiladentária tal qual um capuz <strong>com</strong>o está nafigura 3.O órgão do esmalte em forma decampânula e a papila dentária subjacenteapresentam-se circundados pela organizaçãoperiférica do ectomesênquima, delicadamentecapsular, denominando-sefolículo ou saco dentário. Esta forma deorganização objetiva dar origem aoperiodonto de sustentação: cemento, ligamentoperiodontal e osso alveolarfasciculado.O germe dentário têm 3 partes distintas:o órgão do esmalte, a papiladentária e o folículo dentário, <strong>com</strong>o estáevidenciado na figura 2. O germe dentáriopor apresentar um exuberante <strong>com</strong>ponenteepitelial ou órgão do esmalte temelevada concentração de Fator de CrescimentoEpidérmico ou Epitelial (EGF).Este mediador celular estimula váriosfenômenos, mas ao interagir <strong>com</strong> receptoresde células ósseas estimula aosteoclasia periférica.Após a lâmina dentária dar origemaos germes dentários ocorre sua fragmentaçãopor apoptose e simultaneamenteocorre a ossificação intramembranosada maxila e mandíbula. Neste processode ossificação há o “respeito” ou acircunscrição dos germes dentários, gerando-seas criptas ósseas, pois a presençasignificante de EGF impede a proximidadedo tecido ósseo <strong>com</strong> os elementosestruturais do germe dentário <strong>com</strong>ona figura 1 e 4A.FIGURA 1 - Corte frontal da parte médiada porção cefálica de um embrião no qualpode-se observar a cavidade bucal (CB)preenchida quase totalmente pela língua(L) e delimitada superiormente pelo palatosecundário (P) que a separa da cavidadenasal (CN). As setas pequenas estãoapontando os núcleos de ossificaçãoda mandíbula, inclusive <strong>com</strong> a cartilagemde Meckel (M). Nas quatro futuras cristasalveolares (*) observam-se a lâmina dentária(LD) e duas fases diferentes da odontogênese:botão (B), <strong>com</strong> concentraçãoperiférica de células ectomesenquimaispara dar origem à papila dentária, ecampânula (C) <strong>com</strong> órgão do esmalteem forma de sino envolvendo a maiorparte da papila dentária (PD).FIGURA 2 - Germe dentário e seus trêselementos constituintes: o órgão doesmalte (OE), a papila dentária (PD)e o folículo dentário (FD) circundandoe delimitando-o em relação ao tecidoósseo primário (TO) perifericamentelocalizado a constituir a futura criptadentária. O germe dentário ainda se<strong>com</strong>unica <strong>com</strong> o ectoderma (E) de revestimentoda boca primitiva via lâminadentária (LD).FIGURA 3 - Esquema demonstrativoda configuração espacial tridimensionaldo órgão do esmalte numa visãoinfero-superior considerando-o <strong>com</strong>oparte de um germe dentário inferior,tal qual no corte microscópico observadona figura 4. Observa-se a lojaonde se a<strong>com</strong>oda a porção coronáriada papila dentária (*) e a ligação doórgão do esmalte <strong>com</strong> o ectoderma(E) pela lâmina dentária ainda nãofragmentada (seta).O INÍCIO DA FORMAÇÃO DARAIZUma vez <strong>com</strong>pletada a formação dacoroa, a porção mais cervical do órgãodo esmalte ou alça cervical, a partir docolabamento de seus epitélios externo einterno, formam a bainha epitelial deHertwig <strong>com</strong>o se vê na figura 2. Queminduzia a formação da dentina coronáriaera o epitélio interno do órgão doesmalte; a indução à formação dadentina radicular será feita pela camadamais interna da bainha epitelial deHertwig que pode ser destacada na figura4B e 6.Após induzir o depósito das primeirasABFIGURA 4 - Na radiografia panorâmica destaca-se nas imagens das criptas ósseas ogerme dentário do segundo molar inferior <strong>com</strong> formação <strong>com</strong>pleta do esmalte (*).Da mesma forma, na peça cirúrgica em B, pode-se delinear a junção amelocementária(setas vazias) e uma discreta faixa de tecido radicular formado. A papila dentária(PD) está exuberante e ocupando o espaço mais apical e interno do germe dentário.Delicadamente, nota-se uma discreta faixa ressaltada pelo reflexo luminoso dafotografia correspondente à bainha epitelial de Hertwig (setas cheias)camadas da dentina radicular e antes dese fragmentar, a bainha epitelial deHertwig deposita uma fina camada deproteínas semelhantes ao esmalte de aproximadamente10 micrometros de espes-sura, também denominada cemento intermediárioou afibrilar. Estas proteínassão importantes na indução à diferenciaçãodos futuros cementoblastos e da cementogênesepor parte das célu-R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 2, p. 25-30, mar./abr. 2001 26


las do folículo dentário, as mais próximasda papila dentária.Os restos da fragmentação da bainhaepitelial de Hertwig dão origem aosrestos epiteliais de Malassez, estruturasimportantíssimas na manutenção doespaço periodontal pela presença freqüentede EGF no ligamento periodontal,evitando a anquilose alveolodentáriae subseqüente reabsorção dentária porsubstituição.MORFOLOGIA ESPACIAL DAPAPILA DENTÁRIAA papila dentária, independentementeda fase de formação da raiz dentária, tem aforma de um botão, uma verdadeira “esponja”esférica de tecido mole localizadana extremidade radicular em dentes <strong>com</strong>rizogênese in<strong>com</strong>pleta <strong>com</strong>o no dente dafigura 4 e 5.A papila dentária “encaixa” a suaporção mais coronária no <strong>com</strong>partimentopulpar delimitado pela dentina recémdepositada cujo término tem a forma debisel no qual se continua ou se “pendura”a porção mais apical da bainhaepitelial de Hertwig <strong>com</strong>o está demonstradona figura 5, 6 e 7. Desta forma, naporção lateral e externa da papila dentária,uma pequena faixa está “revestida”pela bainha epitelial de Hertwig <strong>com</strong>o nafigura 4.Na porção mais apical da papila dentáriaou externamente voltada para o folículodentário, sua superfície é regular tal qualnas figuras 4 e 5. O folículo dentário <strong>com</strong>ose nota nas figuras 6 e 7 está formado portecido ectomesenquimal pobre em fibras, ricoem matriz extracelular e ricamentevascularizado.A nutrição sangüínea da papila dentáriaadvém dos espaços ósseos vizinhos,um vaso sangüíneo principal chega àpapila dentária via folículo pericoronárioe será o responsável pelo suprimentosangüíneo da futura polpa dentária <strong>com</strong>oestá demonstrado na figura 7. Outra origemmuito importante de nutrição paraas células da papila dentária vem de suaampla interface <strong>com</strong> o folículo dentárioque através de vasos menores em grandenúmero e da embebição plasmática, suprem-naexuberantemente.FIGURA 5 - Papilas dentárias (*) em dente <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta e determinação datrifurcação radicular. Na radiografia periapical, o dente <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta destacasepelo amplo espaço apical ocupado pelo exuberante tecido embrionário da papila dentáriae folículo dentário (*). A papila dentária tem sua porção coronária delicadamente delineadapela dentina recém depositada em cujas bordas em forma de bisel se fixa a bainha epitelialde Hertwig (setas vazias). A linha radiopaca delineadora da papila dentária e do folículodentário na região apical se continua lateralmente <strong>com</strong>o cortical óssea alveolar (CA) e naregião do esmalte <strong>com</strong>o demarcadora dos limites do folículo pericoronário (FP).FIGURA 6 - Dente <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta <strong>com</strong> amplo espaço periapical preenchido portecido mole e circundado por osso alveolar (OA) em formação. Em B, o maior aumentoevidencia a polpa dentária (PD), o ligamento periodontal (LP), a dentina recém depositada(D), a bainha epitelial de Hertwig (setas), o folículo dentário (FD) e o osso alveolar (OA).FIGURA 7 - Em A e B observa-se dentesem estádios diferentes derizogênese, destacando-se o amploespaço apical (*) correspondente àpapila dentária e ao folículo dentário.Em C e D, destaca-se o ápice dentá-rio em formação <strong>com</strong> a papila dentária(PD) delineada pela bainha deHertwig (setas vazias) “pendurada”na dentina recém depositada (D) <strong>com</strong>forma de bisel e pelo folículo dentário(FD). Na vizinhança do ápice em formação,têm-se o osso alveolar (OA)apical em organização. Advindo doosso alveolar apical, nota-se um feixevascular principal (setas cheias)que nutre a papila e folículo dentário,além de numerosos outros vasos menorescoadjuvantes. Comparando-se<strong>com</strong> o ligamento periodontal lateral(LP), destaca-se o baixo grau de densidadede fibrosamento da papila edo folículo dentário.R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 2, p. 25-30, mar./abr. 2001 27


A FORMAÇÃO DO TERÇO API-CAL DA RAIZ DENTÁRIAA formação da raiz depende da papiladentária e sua atividade da relaçãomorfofuncional <strong>com</strong> a bainha de Hertwige <strong>com</strong> o folículo pericoronário. Este conjuntoformado por estas três estruturasresponsáveis pela formação da raiz tambémfoi denominado de “órgão formadorda raiz dentária” evidenciado nas figuras6 e 7.A raiz vai se formando e o denteirrompendo até atingir o plano oclusal econstatar seu antagonista. Quando o denteatinge o plano oclusal em geral aindaestá para formar o terço apical. A formaçãodo terço apical não se faz às custas doespaço obtido no alvéolo <strong>com</strong> o movimentoda erupção dentária e sim às custas dotecido ósseo apical localizado. Provavelmenteesta osteoclasia apical se faz pelaproliferação continuada da bainhaepitelial de Hertwig que ao aproximar-sedo osso apical, eleva a quantidade de EGF,estimulando-a.Estes fenômenos celulares e teciduaisenvolvidos na formação do terço apicalgeram forças intrínsecas e podem gerardeformações de citoesqueleto e modificaçãodos calibres vasculares. Soma-sea estes efeitos, uma provável aceleraçãoda apoptose na fase terminal da rizogênesena bainha epitelial de Hertwig. Osomatório destes fenômenos levaria aofechamento do ápice dentário pela diferenciaçãofinal dos tecidos embrionáriose determinação do <strong>com</strong>primento final dodente.RESPONDENDO ÀS PERGUNTASE REVENDO A LITERATURANesta revisão sobre o efeito da movimentaçãodentária induzida em dentes<strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta, procurou-seresgatar todos os artigos que tratassemdo assunto no idioma inglês, encontrando-sedois trabalhos: uma tesede ROSENBERG 2 defendida em 1972 eum artigo de pesquisa clínica e radiográficapublicado por HENDRIX et al. 1em 1994.FIGURA 8 - No terço apical dos dentes <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta o grandeespaço radiolúcido apical semi-esférico (*) representa a papila dentária contornadapelo folículo dentário, <strong>com</strong>o nos incisivos em A. Em B, <strong>com</strong>parativamente,os ápices <strong>com</strong>pletamente formados são contornados pelo espaço periodontal<strong>com</strong> 200 a 400 micrometros da espessura (setas). O ligamento periodontal tema forma de uma fina membrana de tecido conjuntivo fibroso, muito menos espessodo que o espaço da papila dentária e folículo dentário que juntos formamuma verdadeira “esponja” de tecido mole no ápice dentário em formação.<strong>Dentes</strong> <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletaquando movimentados ortodonticamenteapresentammaior índice ou risco de reabsorçãodentária?A reabsorção óssea no periodonto laterale apical durante o movimentodentário induzido por aparelhos ortodônticosdepende da pressão exercidasobre os vasos sanguíneos <strong>com</strong> diminuiçãodo seu calibre e redução do fluxosangüíneo, promovendo isquemia.Esta isquemia pode levar a áreas denecrose e hialinas <strong>com</strong> morte focal doscementoblastos, fenômenos envolvidosna iniciação das reabsorções dentárias.Também depende da <strong>com</strong>pressão celulare deformação do citoesqueleto, promovendoo estresse celular e conseqüenteliberação de mediadores locaisda osteoclasia.A papila dentária, espacialmente,representa um botão ou uma “esponja”de tecido mole <strong>com</strong>o explicamosnos tópicos anteriores (figs. 4 e 5). Suanutrição advém de um vaso principalde origem óssea, de vasos menores enumerosos do folículo dentário e tambémda rica matriz extracelular pobreem fibras dos tecidos vizinhos e embrionáriosembebendo-a <strong>com</strong> o líquidointersticial (fig. 7).As forças geradas na movimentaçãodentária induzida em dentes <strong>com</strong>rizogênese in<strong>com</strong>pleta, dificilmente promoverãocolabamento de vasos eisquemia na área. A papila dentária etecidos vizinhos são moles, ocupamuma grande área <strong>com</strong>o se nota nas radiografiasdas figuras 7 e 8, não sendo<strong>com</strong>primidos contra o osso apical localizadoà distância se <strong>com</strong>parado <strong>com</strong> oosso alveolar no ligamento periodontal<strong>com</strong>pletamente formado (figs. 6 e 7).Não haverá de ocorrer necrose e áreashialinas na região apical, muito menosmorte dos cementoblastos recém estabelecidos.Da mesma forma, estas forçasnão promoverão <strong>com</strong>pressão e deformaçãodo citoesqueleto significantesa ponto de gerar estresse celular eníveis elevados de mediadores locais deosteoclasia.Considerando a forma espacial de organizaçãodos tecidos apicais durante arizogênese in<strong>com</strong>pleta, a sua estruturação,a sua irrigação e relações <strong>com</strong> as áreas vizinhas,não há fundamentação biológicapara acreditar em um maior risco ou índicede reabsorção dentária quando os dentes<strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta forem movimentadosortodonticamente, se <strong>com</strong>parar-R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 2, p. 25-30, mar./abr. 2001 28


mos <strong>com</strong> dentes <strong>com</strong> raízes <strong>com</strong>pletamenteformadas <strong>com</strong>o na figura 8.Em sua tese de mestrado,ROSENBERG 2 observou que dentes humanos<strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta movimentadosortodonticamente apresentavam<strong>com</strong>primento ligeiramente maiorquando <strong>com</strong>parados <strong>com</strong> o grupo dedentes <strong>com</strong> raízes <strong>com</strong>pletamente formadas.O menor <strong>com</strong>primento observadonos dentes <strong>com</strong>pletamente formadose movimentados foi atribuído à reabsorçãodentária apical. ParaROSENBERG 2 a presença da papila dentáriaseria um fator de proteção contraa reabsorção dentária apical quando damovimentação dentária induzida. Osdados da tese de ROSENBERG 2 fundamentamclinicamente as explicações biológicasdescritas neste trabalho.<strong>Dentes</strong> <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletaquando movimentados podemapresentar raízes mais curtas?Na formação do terço apical, <strong>com</strong>ose descreveu no tópico anterior, o espaçonecessário se faz às custas do osso eisso levaria a uma discreta e continuada<strong>com</strong>pressão dos elementos vascularese celulares, induzindo a diferenciação ematuração mais rápida da papila dentáriae do folículo dentário, contribuindopara o término da formação radicular.Se considerarmos a forma espacial deorganização dos tecidos apicais durante arizogênese in<strong>com</strong>pleta, sua estruturação,sua irrigação e relações <strong>com</strong> as áreas vizinhas,para ocorrer o colabamento dos vasose a isquemia da papila dentária e dofolículo dentário, a força aplicada deve serintensa. Uma vez aplicadas, estas forçaslevariam ao encurtamento do dente, e aindaassim o risco de reabsorção dentáriaapical não estaria presente.Em seu trabalho descrito em 1994,HENDRIX et al. 1 <strong>com</strong>pararam grupos dedentes humanos, caninos e pré-molares,movimentados ortodonticamente, dividindo-osem: <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletae <strong>com</strong> raízes formadas. Observaramque nos dentes <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletahouve um encurtamento menor dasraízes quando <strong>com</strong>parados <strong>com</strong> os dentes<strong>com</strong> raízes <strong>com</strong>pletas. Atribuíram seusresultados a uma ação “protetora” dapapila dentária, levando ao fechamentoprecoce do ápice radicular, mas não fundamentoubiologicamente sua explicação.<strong>Dentes</strong> <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletapodem ser movimentados ortodonticamente?Sim, desde que as forças aplicadassejam de baixa ou média intensidade evisem obter movimentos dentários emtempo adequado. Nesta situação, é possívelque as alterações vasculares,teciduais e celulares não interfiram naformação do terço apical a ponto de alteraro <strong>com</strong>primento original do dentemovimentado, muito menos aumentaráo risco de reabsorção radicular, pelocontrário, diminuirá a possibilidade desua ocorrência. Quando forças foremaplicadas sobre dentes <strong>com</strong> rizogênesein<strong>com</strong>pleta pode até ocorrer um encurtamentoem relação ao que seria o <strong>com</strong>primentooriginal do dente, pois a reduçãodo suprimento sangüíneo pode levara uma maturação precoce da papilaem polpa dentária e do folículo dentárioapical em ligamento periodontal. O términoapical se fará mais precocemente.AS RAZÕES DA PSEUDOCON-TROVÉRSIA: RIZOGÊNESE IN-COMPLETA VERSUS MOVIMEN-TAÇÃO DENTÁRIAA inter-relação entre os assuntos envolvendomovimentação dentáriainduzida e reabsorções dentárias emdentes <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta foimuito pouco explorada na literatura. Osfreqüentes questionamentos advêm dafalta de integração interdisciplinar. A<strong>com</strong>preensão da odontogênese e maisespecificamente da rizogênese permitiria<strong>com</strong>preender biologicamente o <strong>com</strong>portamentode dentes <strong>com</strong> rizogênesein<strong>com</strong>pleta movimentados ortodonticamente.A valorização e aplicação clínicadeste conhecimento biológico são determinadaspelo desconhecimento desua importância por parte de quasetodos que estudam a odontogênese.Os fenômenos envolvidos na odontogênesee descritos no trabalho foramestabelecidos muitos anos atrás e sãoconsiderados de domínio público, poristo não se listou a grande quantidadede autores que abordam o assunto emartigos de revisão e livros textos.A interdisciplinaridade é essenciale fundamental para a integração do conhecimentohumano.CONCLUSÃOO conhecimento da organização, estruturae funcionamento dos tecidos responsáveispela formação radicular permitema <strong>com</strong>preensão de que forças ortodônticasnão promovem maior índiceou risco de reabsorção dentária em dentes<strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta. Com basenestes conhecimentos e fundamentadosna literatura pode se afirmar que em movimentosde dentes <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletapode até ocorrer <strong>com</strong>primentoradicular menor, mas em função deuma maturação dos tecidos embrionáriosda papila dentária e folículopericoronário por fechamento e términoprecoce do terço apical, mas não emfunção de reabsorção radicular.AbstractThe following study longs to answerthree very <strong>com</strong>mon questions amongorthodontists: Can teeth with in<strong>com</strong>pleteroot formation be orthodonticallymoved? If so, is there any further riskof apical resorption? Does themoviment shorten their roots?Based upon the literature, as wellas on the characteristics of anatomy,organization and function of the in<strong>com</strong>pleteapex it can be postulatedthat orthodontic moviment of in<strong>com</strong>pleteteeth may shorten their rootsdue to unsuitable forces that causepremature maturation of the apicaltissues but not due to root resorption.Key-words: In<strong>com</strong>plete root formation;Induced tooth movement; Orthodontictooth movement; Tooth resorption.R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 2, p. 25-30, mar./abr. 2001 29


REFERÊNCIASPela escassez da literatura pertinentee sua importância clínica, na listadas referências sobre o assunto <strong>com</strong>postapor dois trabalhos, além dos dadoshabituais para a recuperação dapublicação original, incluiu-se os seusresumos respectivos.1 - HENDRIX, C. C. et al. A radiograficstudy of posterior apical rootresorption in orthodontic patients. . AmJ Orthod Dentofacial Orthop, St.Louis, v. 105, no. 4, Apr. 1994.Resumo: Estudo radiográfico de reabsorçõesradiculares em dentes posterioresde pacientes submetidos a tratamentoortodôntico.No trabalho, <strong>com</strong>pararam-se doisgrupos de dentes. O primeiro ou grupoA foi constituído pelos caninos e prémolares<strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta eo segundo ou grupo B, formado pordentes <strong>com</strong> raízes <strong>com</strong>pletamente formadas.Em ambos os grupos os dentesforam submetidos a tratamento ortodônticopela técnica de Edgewise para<strong>com</strong>parar os índices de reabsorções radicularnos dentes posteriores. Avaliousesecundariamente outras variáveis<strong>com</strong>o gênero, tempo de tratamento,idade e terapia <strong>com</strong> e sem extração. Asmensurações foram tomadas ao inícioe ao final do tratamento por radiografiaspanorâmicas e as distorções devidamentecorrigidas conforme o preconizadopor Brouwers e Carels.Os dentes <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pletanão atingiram seu tamanho “normal”esperado ao final do tratamento,mas ainda assim apresentavam raízesmais longas do que os dentes do GrupoB também ao final do tratamento.O fenômeno foi explicado atribuindoseaos dentes <strong>com</strong> raízes in<strong>com</strong>pletasuma maior proteção, interrompendo oseu processo de desenvolvimento emvez de reabsorverem. Re<strong>com</strong>endou-seque os tratamentos ortodônticos sejaminiciados mais precocemente, quandoas raízes ainda apresentam-se in<strong>com</strong>pletas.Os dentes posteriores <strong>com</strong> raízestotalmente formadas desde o princípiodo tratamento apresentaram reabsorçõesradiculares independentemente dogênero, idade, terapia <strong>com</strong> ou sem extraçãoe da duração do tratamento.2 - ROSENBERG, M. N. An evaluation ofthe incidence and amount of apicalroot resorption and dilacerationoccurring in orthodontically treatedteeth having in<strong>com</strong>pletely formed rootsat the beginning of Begg treatment.Am J Orthod Dentofacial Orthop,St. Louis, v. 61, no. 5, p. 524-525,1972.Resumo: Avaliação da prevalência equantidade de reabsorção radiculare dilaceração ocasionadas pelotratamento ortodôntico em dentes<strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta ao iníciodo tratamento <strong>com</strong> a técnica de Begg.Determinou-se a prevalência equantidade de reabsorção radicular emdentes <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta emradiografias panorâmicas. Os pacientesforam submetidos ao tratamentoortodôntico <strong>com</strong> a técnica de Begg equatro extrações. Todos os pacientesforam tratados pelo mesmo operador esem história médica significante. Antesda análise estatística corrigiu-se asmedidas obtidas das radiografiaspanorâmicas para que representassemvalores normais sem distorções. Estacorreção procedeu-se <strong>com</strong> a radiografiados dentes antes da extração e<strong>com</strong>parando-as às medidas dasradiografias, determinando o grau dedistorção da imagem. As médias foramcalculadas pela quantidade de reabsorçãodentária ocorrida em cada grupo dedentes: caninos superiores, caninosinferiores, segundos pré-molaressuperiores, e pré-molares inferiores. Foiregistrado ainda se os dentes haviam ounão atingido o tamanho normal.Calculou-se a prevalência de dilaceraçãotanto antes quanto após o tratamento.O valor médio de reabsorção emcada um dos grupos estudados foiinsignificante, menor que 0.5mm.Apenas 6% dos dentes apresentaramreabsorção maior que 2mm. Aprevalência de reabsorção neste estudofoi de 37%. Os caninos apresentaramuma prevalência significantemente maiorque os pré-molares. A prevalência e aquantidade de reabsorção encontradasneste estudo não foi significantementediferente da quantidade observada emestudos <strong>com</strong> dentes <strong>com</strong> raízes<strong>com</strong>pletas. Presume-se que o grau deformação radicular não afetasignificantemente a prevalência oumagnitude da reabsorção radicular.Observou-se dilaceração da porçãoapical anterior ao tratamento em25% dos dentes estudados. Apenas8% dos dentes que apresentaram dilaceraçãoapós o tratamento nãoapresentavam antes do mesmo.Pode-se afirmar que estes 8% foramocasionados pelo tratamento. Ospré-molares apresentaram umaprevalência de dilaceração significantementemaior que os caninos.Constatou-se que os dentes <strong>com</strong>rizogênese in<strong>com</strong>pleta submetidos àmovimentação ortodôntica atingem oseu tamanho normal e o <strong>com</strong>primentoesperado. Não se observaram efeitosadversos e significantes que contraindiquema movimentação ortodônticaem dentes <strong>com</strong> rizogênese in<strong>com</strong>pleta.Na verdade, parece haver menosreabsorções radiculares nestes dentesdo que nos dentes <strong>com</strong> raízes<strong>com</strong>pletamente formadas.R <strong>Dental</strong> <strong>Press</strong> Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 6, n. 2, p. 25-30, mar./abr. 2001 30

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