12.07.2015 Views

Betalactamases de Espectro Ampliado (ESBL): um ... - NewsLab

Betalactamases de Espectro Ampliado (ESBL): um ... - NewsLab

Betalactamases de Espectro Ampliado (ESBL): um ... - NewsLab

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Artigo<strong>Betalactamases</strong> <strong>de</strong> <strong>Espectro</strong> <strong>Ampliado</strong> (<strong>ESBL</strong>):<strong>um</strong> Importante Mecanismo <strong>de</strong> ResistênciaBacteriana e sua Detecção no Laboratório ClínicoManuel Alves <strong>de</strong> Sousa Junior 1,2, Edvana dos Santos Ferreira 1 , Gildásio Carvalho da Conceição 2,31 - Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Salvador - UCSal2 - Laboratório <strong>de</strong> Análises Clínicas da Associação <strong>de</strong> Pais e Amigos dos Excepcionais <strong>de</strong> Salvador (APAE - SSA)3 - Hospital Universitário Professor Edgard Santos - UFBARes<strong>um</strong>oAs betalactamases formam <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> enzimas que são capazes <strong>de</strong> hidrolizar o anel betalactâmico <strong>de</strong> penicilinas,cefalosporinas e monobactâmicos (antibióticos betalactâmicos). Dentre as betalactamases, <strong>de</strong>stacam-se as betalactamases<strong>de</strong> espectro ampliado (Exten<strong>de</strong>d-Spectr<strong>um</strong> Betalactamase - <strong>ESBL</strong>). A produção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> é mediada por plasmí<strong>de</strong>os queconferem ampla resistência aos antimicrobianos que contém o anel betalactâmico em sua estrutura e agem neste anel betalactâmicorompendo-o e inativando assim, o antibiótico. Escherichia coli e Klebsiella pne<strong>um</strong>oniae são as espécies bacterianasmais com<strong>um</strong>ente encontradas produzindo <strong>ESBL</strong>, a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>stas enzimas já foi observada em diversas outras espécies <strong>de</strong>Enterobacteriaceae e Pseudomonadaceae. Pacientes com infecções por enterobactérias produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> não <strong>de</strong>vem sermedicados com antibióticos betalactâmicos, o que acarretaria em falha terapêutica e agravamento do quadro infeccioso. A<strong>de</strong>tecção presuntiva <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> não acarreta custos adicionais ao laboratório, visto que os antimicrobianos necessários para tal<strong>de</strong>tecção po<strong>de</strong>m compor o conjunto <strong>de</strong> discos utilizados na rotina laboratorial em antibiogramas. O trabalho do laboratório<strong>de</strong> microbiologia é imprescindível na <strong>de</strong>tecção das enterobactérias produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>. A <strong>de</strong>tecção precoce <strong>de</strong>stas bactériasmultirresistentes é <strong>de</strong> s<strong>um</strong>a importância para se instaurar o tratamento a<strong>de</strong>quado e as medidas <strong>de</strong> isolamento dos pacientes,necessárias para se evitar a disseminação <strong>de</strong>stes patógenos em surtos comunitários e nosocomiais.Palavras-chaves: <strong>ESBL</strong>, resistência bacteriana, betalactamasesIntroduçãoDiversos mecanismos emergentes<strong>de</strong> resistência aosantimicrobianos foram recentemente<strong>de</strong>scritos e alguns <strong>de</strong>lessão <strong>de</strong> difícil <strong>de</strong>tecção pelas metodologiaslaboratoriais <strong>de</strong> rotina.Embora exista <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong>varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> resistênciaaos antibióticos betalactâmicos,<strong>um</strong> dos mecanismosmais importantes é a produção<strong>de</strong> betalactamases, que são enzimascapazes <strong>de</strong> hidrolizar oanel betalactâmico <strong>de</strong> penicilinas,cefalosporinas e outros antimicrobianosrelacionados, tornando-osinativos. Entre estes<strong>de</strong>stacamos a produção <strong>de</strong> betalactamases<strong>de</strong> espectro ampliado(Exten<strong>de</strong>d-Spectr<strong>um</strong> Betalactamase= <strong>ESBL</strong>) principalmenteem alg<strong>um</strong>as espécies <strong>de</strong>bactérias Gram-negativas (1).A primeira referência à resistênciaantibiótica surgiu nos anos152<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


40 com as penicilinas, tendo ressurgidocom o advento dos novosantibióticos nos anos 50 e60. Atualmente, o mecanismo <strong>de</strong>resistência causa enormes problemasterapêuticos com implicações<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública (2). Asbetalactamases são produzidaspor bactérias Gram-positivas eGram-negativas. As bactériasGram-negativas apresentam <strong>um</strong>número extraordinário <strong>de</strong> betalactamases,sobretudo cromossômicase plasmidiais.Há evidências <strong>de</strong> que as enzimasque inativam os antibióticosbetalactâmicos eram produzidaspelas bactérias muito antes daintrodução e aperfeiçoamento<strong>de</strong>stes antibióticos no uso clínico.O uso amplo e, às vezes, indiscriminado<strong>de</strong>stes antimicrobianoscertamente auxiliou na disseminaçãoda resistência, masnão se po<strong>de</strong> responsabilizar a utilizaçãoclínica pelo aparecimentodas betalactamases (3).Em 1983 foram <strong>de</strong>tectados naAlemanha (Frankfurt) os primeirosisolados clínicos <strong>de</strong> Klebsiellapne<strong>um</strong>oniae e Escherichia coliresistentes às cefalosporinas <strong>de</strong>terceira geração. Des<strong>de</strong> então,têm sido <strong>de</strong>scritas em todo mundon<strong>um</strong>erosas enzimas dos tiposTEM e SHV com este fenótipo <strong>de</strong>resistência (4).Muitas bactérias apresentamtambém pequenas moléculas <strong>de</strong>DNA circular conhecidas comoplasmí<strong>de</strong>os, que são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesdo DNA cromossômico ecarregam genes que não são essenciaispara a vida. Possuem aproprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem transferidos<strong>de</strong> <strong>um</strong>a bactéria para outra(conjugação) levando característicasgenéticas até então inexistentesna célula receptora. Muitasvezes, os plasmí<strong>de</strong>os carregamgenes que conferem à bactériaresistência a antibióticos.Essa é <strong>um</strong>a característica genéticamuito importante para a bactéria,pois permite sua sobrevivênciamesmo na presença <strong>de</strong><strong>um</strong>a substância nociva (5).As <strong>ESBL</strong> hidrolizam as cefalosporinas(exceto as cefamicinas)e os monobactâmicos, nãohidrolizando, entretanto os carbapenêmicos.A ação hidrolítica<strong>de</strong>stas enzimas é bloqueadapelos inibidores <strong>de</strong> betalactamase(ácido clavulânico, sulbactame tazobactam).Um dos principais problemascausados por estas enzimas é <strong>de</strong>correntedo fato <strong>de</strong> sua produçãoser induzida durante a terapêuticaantimicrobiana. Dessa maneira,quando a amostra bacterianaé <strong>de</strong>tectada pelo laboratório <strong>de</strong>microbiologia, ela é aparentementesensível às cefalosporinas <strong>de</strong>terceira geração e penicilinas <strong>de</strong>amplo espectro, porém, duranteo tratamento po<strong>de</strong> ocorrer induçãoda produção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> enzimas e o pacientecomeçar a evoluir mal, ocorrendo"recidiva" da infecção. Uma novaamostra da bactéria é isolada eesta po<strong>de</strong>rá se mostrar resistentea <strong>um</strong> antimicrobiano (utilizadopara o tratamento) para o qual abactéria era inicialmente sensível,po<strong>de</strong>ndo até ser interpretadocomo erro laboratorial quando daavaliação da primeira amostra (6)Quando produzem estas enzimas,os organismos tornam-sealtamente efetivos pela inativação<strong>de</strong> diversos antibióticos betalactâmicos.Assim, os Clínicos<strong>de</strong>vem se familiarizar com o sig-<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004153


Figura 1 - Microfotografia eletrônica <strong>de</strong> duas Escherichia coli em processo<strong>de</strong> conjugaçãonificado clínico <strong>de</strong>stas enzimas e <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> em laboratórios <strong>de</strong> microbiologiaclínica, evi<strong>de</strong>nciar as pos-estratégias potenciais para procedimentoscom este crescente síveis falhas terapêuticas <strong>de</strong> diversosantimicrobianos em pacientesproblema (7).É <strong>de</strong> s<strong>um</strong>a importância avaliar com infecções por bactérias produtoras<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> e <strong>de</strong>monstrar quea freqüência <strong>de</strong> bactérias produtoras<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> para que se possa a sua <strong>de</strong>tecção po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve serestabelecer como rotina no laboratório<strong>de</strong> microbiologia clínica a tórios <strong>de</strong> microbiologia clínica.<strong>um</strong>a prática rotineira em labora-inclusão dos antibióticos nos testes<strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong> aos antimicrobianosque auxiliam em tal i<strong>de</strong>n-As bactérias possuem <strong>um</strong> úni-Genética Bacterianatificação como ceftriaxona, ceftazidima,cefotaxima, cefpodoxima, pelo citoplasma, composto <strong>de</strong> DNAco cromossomo circular, dispersoaztreonam, tobramicina, ciprofloxacinae os discos que possuem se totalida<strong>de</strong> das informações,(ca<strong>de</strong>ia dupla) que contém a qua-os inibidores associados como incluindo as indispensáveis à vidaamoxicilina/ácido clavulânico, sulbactam/ampicilinaou ticarcilina/ Os plasmí<strong>de</strong>os replicam-se in-da célula (8).ácido clavulânico. Esta seleção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do cromossomo,po<strong>de</strong> ajudar ao Clínico, evitando carregam genes que não são essenciaispara a vida das bactéri-ocorrência <strong>de</strong> falha terapêutica.Os objetivos <strong>de</strong>ste trabalho são as e po<strong>de</strong>m ser transferidos, <strong>de</strong>abordar a importância da <strong>de</strong>tecção vez em quando por conjugação,<strong>de</strong> <strong>um</strong>a bactéria para outra. Atransferência <strong>de</strong> fragmentos <strong>de</strong>DNA cromossômico e <strong>de</strong> plasmí<strong>de</strong>osé altamente disseminadanos procariotos, sendo <strong>um</strong>a dascausas da notável diversida<strong>de</strong>genética observada nas bactérias(3). O problema da resistênciase agrava, pois a transferência<strong>de</strong> plasmí<strong>de</strong>os ocorre entrecélulas bacterianas <strong>de</strong> <strong>um</strong>a mesmapopulação e entre as bactérias<strong>de</strong> diferentes gêneros (10).Muitas vezes carregam genes queconferem à bactéria resistênciaaos antibióticos, como por exemploo gene que codifica alg<strong>um</strong>a<strong>ESBL</strong> (5) (Figura 1).Uma conseqüência dos eventosgenéticos ligados à transferênciaplasmidial tem sido observadana rápida propagação <strong>de</strong> resistênciaa antibióticos transmitidapor plasmí<strong>de</strong>os em populaçõesbacterianas após uso indiscriminadodos antibióticos emambientes comunitários e hospitalares(11, 12).As bactérias po<strong>de</strong>m transferirmaterial genético <strong>de</strong> <strong>um</strong>a paraoutra por meio <strong>de</strong> quatro mecanismos:conjugação, transformação,transdução e transposição(13). A conjugação é <strong>um</strong> processo<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> genes querequer o contato célula-célula, diferindodos <strong>de</strong>mais processos;on<strong>de</strong> na transformação ocorrecaptação <strong>de</strong> DNA solúvel no meiopor células doadoras, na transduçãoocorre transferência gené-154<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004155


tica com auxílio dos bacteriófagose na transposição, os genessão transferidos <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong>amesma célula por intermédio dostransposons (DNA). Estes segmentospo<strong>de</strong>m "saltar" ou autotransferirem-se<strong>de</strong> <strong>um</strong>a molécula<strong>de</strong> DNA (plasmí<strong>de</strong>o, cromossomo)para outra (plasmí<strong>de</strong>o,cromossomo, fago) (9,10).AntimicrobianosSão produtos naturais <strong>de</strong> fungose bactérias ou sintéticos produzidosem laboratórios, capazes<strong>de</strong> impedir o crescimento <strong>de</strong> microorganismosou mesmo <strong>de</strong>struílos.Alg<strong>um</strong>as drogas antimicrobianassão bactericidas (matam microorganismos),enquanto outrassão bacteriostáticas (inibem a suamultiplicação). Em pacientes como sistema imune funcionando emcondições a<strong>de</strong>quadas, ambas asclasses <strong>de</strong> drogas são efetivas eagem como auxiliares ao sistemaeliminando a infecção. O principalobjetivo do uso <strong>de</strong> <strong>um</strong> antimicrobianoé o <strong>de</strong> prevenir ou tratar <strong>um</strong>ainfecção, diminuindo ou eliminandoos organismos patogênicos e sepossível, preservando os germesda microbiota normal.É improvável que <strong>um</strong> únicoagente quimioterápico possaapresentar todas as qualida<strong>de</strong>snecessárias para utilização notratamento eficaz <strong>de</strong> infecçõesmicrobianas. Portanto, po<strong>de</strong>m-sefazer comparações entre osagentes disponíveis para selecionaro mais apropriado para otratamento (9).A ação antimicrobiana é direcionadacontra alvos peculiaresnos microorganismos (estruturase/ou vias metabólicas), ausentesno organismo h<strong>um</strong>ano. Este efeitominimiza o efeito tóxico dasdrogas antimicrobianas para aespécie h<strong>um</strong>ana. Po<strong>de</strong> ser atravésda inibição da síntese <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>celular, inibição da membranacelular, inibição da síntese protéicaou através da inibição da síntese<strong>de</strong> ácidos nucléicos (13).Os antibióticos betalactâmicosconstituem <strong>um</strong>a gran<strong>de</strong> família <strong>de</strong>diferentes grupos <strong>de</strong> compostoscontendo <strong>um</strong> anel betalactâmicoem sua estrutura (12). As penicilinase cefalosporinas (betalactâmicos)afetam a síntese dos componentesdo pepti<strong>de</strong>oglicano inibindo<strong>um</strong>a etapa particular, emque ligações cruzadas são formadasentre as ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> pepti<strong>de</strong>oglicano,este fato permite <strong>um</strong>afalha na sustentabilida<strong>de</strong> da pare<strong>de</strong>celular (9). Os betalactâmicosagem ligando-se às proteínascarreadoras <strong>de</strong> penicilina na pare<strong>de</strong>celular bacteriana. A resistênciaa estes agentes geralmenteenvolve processos que interferemna atuação <strong>de</strong>stas proteínas.Figura 2 - Núcleo central dos antibióticos betalactâmicosResistência BacterianaA resistência a antimicrobianostem a<strong>um</strong>entado rapidamentenos últimos anos no Brasil e156<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004157


no mundo, gerando <strong>um</strong>a necessida<strong>de</strong>crescente do conhecimentodo perfil <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> dasbactérias que mais freqüentementecausam infecções e domodo <strong>de</strong> disseminação da resistência(15). Muitas bactériaspossuem resistência intrínseca avários grupos <strong>de</strong> antibióticos, porémo problema da resistênciaaos antimicrobianos é colocadoquando as bactérias sofrem mutações,originando formas resistentes(2).Os mecanismos genéticos quecodificam a resistência bacterianase exteriorizam por seis principaismecanismos bioquímicos<strong>de</strong> ação: inativação enzimática dadroga, alteração da permeabilida<strong>de</strong>bacteriana à droga, alteração<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> transporte nacélula, retirada ativa da droga domeio intracelular, alteração do receptorà droga e modificação dosistema metabólico ativo para adroga e síntese das vias metabólicasalternativas (13). Todosestes mecanismos citados po<strong>de</strong>mser reunidos em três grupos: inativaçãoenzimática, alteração dosítio <strong>de</strong> ação do antibiótico e alteraçãodo transporte do antibióticoatravés do invólucro bacteriano.Um quarto mecanismo, casoespecífico <strong>de</strong> resistência as sulfonamidase trimetropim, se relacionaà capacida<strong>de</strong> da célulabacteriana <strong>de</strong> evitar a rota metabólicainibida por estes antibióticos(16).A inibição ou inativação enzimáticaproduzida pelos microorganismosé provavelmente o principalmecanismo molecular <strong>de</strong> resistênciamicrobiana. Foi inicialmente<strong>de</strong>scrita por Abraham eChaim, em 1940, que <strong>de</strong>monstraramem extratos <strong>de</strong> Escherichiacoli <strong>um</strong>a enzima capaz <strong>de</strong> inativara ação da penicilina, provocandoa sua abertura por hidrólisee transformando o antibióticoem produto inativo. Com a introduçãodas cefalosporinas na década<strong>de</strong> 60, o termo cefalosporinasepassou a ser empregadopara <strong>de</strong>signar as enzimas que hidrolisavameste grupo <strong>de</strong> antibióticosbetalactâmicos (13).<strong>Betalactamases</strong>As betalactamases constituem<strong>um</strong> grupo heterogêneo <strong>de</strong> enzimascapazes <strong>de</strong> inativar as penicilinas,cefalosporinas e por vezes os monobactâmicos.Estas enzimas sãofreqüentemente produzidas porbactérias Gram-positivas e Gramnegativas,aeróbias e anaeróbias,e lizam o anel betalactâmico porhidroxilação irreversível da ligaçãoamida, com inativação do antibiótico.Embora o resultado final<strong>de</strong> sua ação seja o mesmo, a ativida<strong>de</strong>enzimática é variável <strong>de</strong>acordo com o tipo <strong>de</strong> betalactamaseproduzida e os diversossubstratos existentes. Existe <strong>um</strong>avariação em especificida<strong>de</strong> <strong>de</strong>substrato entre as betalactamases:alg<strong>um</strong>as hidroxilam preferencialmenteas penicilinas, outrastêm atração pelas cefalosporinase alg<strong>um</strong>as enzimas inativam ambasas classes <strong>de</strong> antibióticos. Emalguns patógenos, verifica-se aprodução <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong>betalactamases, on<strong>de</strong> diferentescepas po<strong>de</strong>m produzir diferentesenzimas, ou <strong>um</strong>a única cepa po<strong>de</strong>produzir mais <strong>de</strong> <strong>um</strong> tipo <strong>de</strong> enzima.Os betalactâmicos são liberadosem condições naturais pelosmicroorganismos produtores esão os resultados <strong>de</strong> <strong>um</strong> processoevolutivo e da pressão seletivaque favorecem os produtores<strong>de</strong> antibióticos. O uso amplo eindiscriminado <strong>de</strong>stes agentescertamente auxiliou na disseminaçãoda resistência, mas nãoprovocou o aparecimento <strong>de</strong>stasenzimas. (3).A produção <strong>de</strong>stas enzimas por<strong>de</strong>terminadas bactérias explica asua permanência em <strong>um</strong> foco infecciosoquando o antibiótico utilizadoé <strong>um</strong> betalactâmico. Alémdisso, po<strong>de</strong> interferir na sobrevivência<strong>de</strong> outros microorganismos,sensíveis ao antibiótico,quando o germe produtor faz parte<strong>de</strong> <strong>um</strong>a flora bacteriana mista.Po<strong>de</strong> ocorrer quando, em <strong>um</strong>aamigdalite tratada com penicilina,o Streptococcus do grupo A (sensívelao antibiótico) permaneceativo mesmo após o tratamento,<strong>de</strong>vido à produção <strong>de</strong> betalactamasespor bactérias que fazemparte da microbiota oral como es-158<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004159


tafilococos, moraxelas ou bactériasanaeróbias (13).Os inibidores <strong>de</strong> betalactamasessão compostos que se assemelhamo suficiente aos antibióticosbetalactâmicos para uniremseàs betalactamases, <strong>de</strong> formareversível ou irreversível, paraproteger os antibióticos da <strong>de</strong>struição.Não é surpreen<strong>de</strong>nte queestes compostos, que po<strong>de</strong>m realizaro mesmo funcionamento dosantibióticos betalactâmicos, tambémpossuam <strong>um</strong>a ativida<strong>de</strong> antibacterianalimitada por si mesmos.Os três inibidores <strong>de</strong> betalactamasesque têm sido aplicadosna medicina clínica são o ácidoclavulânico, o sulbactam e otazobactam. Possuem efeitos contrapenicilinas produzidas por Staphylococcuse têm eficácia variávelcontra as enzimas cromossômicasou plasmidiais das bactériasGram-negativas. O ácido clavulânicoe o tazobactam são superioresao sulbactam em ativida<strong>de</strong>contra as betalactamasestransmitidas por plasmí<strong>de</strong>os <strong>de</strong>microorganismos Gram-negativos,inibindo as <strong>ESBL</strong>. Alg<strong>um</strong>asenzimas <strong>de</strong> amplo espectro sãoresistentes à ativida<strong>de</strong> dos trêscompostos (17).Vários fatores <strong>de</strong>terminam aeficácia <strong>de</strong> combinações <strong>de</strong> inibidores,antibióticos, enzimas e cepasbacterianas específicas. Estesfatores incluem a magnitu<strong>de</strong>com que os antibióticos ou os inibidoresinduzem a ativida<strong>de</strong> dasbetalactamases, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>enzima produzida, e a eficácia doinibidor contra o tipo específico<strong>de</strong> betalactamase produzida. Entreas betalactamases <strong>de</strong> amploespectro, alg<strong>um</strong>as são bloqueadaspor diferentes inibidores eoutras não são afetadas pela suapresença (17).<strong>ESBL</strong> (Exten<strong>de</strong>d-Spectr<strong>um</strong>BetaLactamase)As <strong>ESBL</strong> constituem <strong>um</strong> grupo<strong>de</strong> enzimas <strong>de</strong>rivadas das betalactamasesclássicas TEM-1, TEM-2 e SHV-1 (6). Estas enzimas conferemresistência às cefalosporinas<strong>de</strong> amplo espectro, penicilinase monobactans (aztreonam),sendo que essas amostras permanecemsensíveis às cefamicinas ecarbapenêmicos. Outra característicafenotípica importante é queessas enzimas são sensíveis àação dos inibidores <strong>de</strong> betalactamases,como sulbactam, ácidoclavulânico e tazobactam. As enzimasforam <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong><strong>ESBL</strong> <strong>de</strong>vido ao fato da maioria<strong>de</strong>ssas enzimas serem codificadaspor genes localizados em plasmí<strong>de</strong>os,que geralmente carregamgenes <strong>de</strong> resistência a outros antimicrobianos,tais como aminoglicosí<strong>de</strong>os,trimetropim, sulfonamidas,tetraciclinas e cloranfenicol.As cepas produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>são geralmente multirresistentes.A produção <strong>de</strong> betalactamasesé o principal mecanismo <strong>de</strong> resistênciadas bactérias Gram-negativas.O grau <strong>de</strong> resistência irá<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enzimaproduzida, da habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssaenzima em hidrolisar o antimicrobianoem questão (potência) eda velocida<strong>de</strong> com que o betalactâmicopenetra pela membranaexterna da bactéria (permeabilida<strong>de</strong>da membrana).A superprodução <strong>de</strong> enzimasinduzíveis cromossômicas ouplasmidiais po<strong>de</strong> inativar antibióticoscomo o imipenem ou as cefalosporinas<strong>de</strong> terceira geraçãoque eram resistentes à <strong>de</strong>gradaçãopor quantida<strong>de</strong>s normais <strong>de</strong>enzimas. As <strong>ESBL</strong> inativam muitasdas cefalosporinas <strong>de</strong> terceirageração, enquanto que os carbapenêmicossão relativamenteresistentes a estas enzimas versáteis.As bactérias Gram-negativastêm estado suficientementecheias <strong>de</strong> recursos como a produção<strong>de</strong> betalactamases queinativam antibióticos em formaespecífica, como o imipenem, quesão resistentes à ação da maiorparte das outras enzimas (17).O primeiro relato <strong>de</strong> cepasprodutoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> ocorreu emFrankfurt, na Alemanha em1983, on<strong>de</strong> enzimas do tipo SHVforam isoladas <strong>de</strong> Klebsiellapne<strong>um</strong>oniae e Escherichia coli. Aanálise <strong>de</strong>stas cepas <strong>de</strong>monstrouposteriormente que a resistência<strong>de</strong>via-se à produção <strong>de</strong> <strong>um</strong>abetalactamase plasmidial transferível,<strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> SHV-1, sendo<strong>de</strong>nominada SHV-2. Des<strong>de</strong>160<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004161


então, têm sido <strong>de</strong>scritas emtodo mundo n<strong>um</strong>erosas enzimasdos tipos TEM e SHV com estefenótipo <strong>de</strong> resistência.Cepas <strong>de</strong> Klebsiella spp e Escherichiacoli são as bactériasmais comuns produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>,porém já foram <strong>de</strong>tectadas emdiversas espécies <strong>de</strong> Enterobacteriaceaee em Pseudomonas aeruginosa.Atualmente existemmais <strong>de</strong> 150 <strong>ESBL</strong> <strong>de</strong>scritas, dasquais mais <strong>de</strong> 90 são do tipo TEMe mais <strong>de</strong> 25 dos tipos SHV e OXA(14). As enterobactérias produtoras<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> têm sido isoladascom maior freqüência em amostrasproce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> pacienteshospitalizados, porém tambémpo<strong>de</strong>m ser encontradas emamostras <strong>de</strong> origem comunitária.Estes isolamentos po<strong>de</strong>m aparecer<strong>de</strong> forma esporádica, semrelação epi<strong>de</strong>miológica ou dar lugara surtos nosocomiais.O tubo digestivo atua comoreservatório potencial <strong>de</strong>stesmicroorganismos multirresistentes.Além disso, é o habitata<strong>de</strong>quado para que a resistênciase transmita a outras espéciesbacterianas (4).O aparecimento <strong>de</strong> surtos nosocomiais<strong>de</strong>vido a estes microorganismos<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto dascondições ambientais (elevadocons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> cefalosporinas <strong>de</strong> terceirageração, manipulação dospacientes, etc.) como das característicasespeciais do microorganismo(fatores <strong>de</strong> virulência, a<strong>de</strong>rência,etc). Além do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong>antibióticos <strong>de</strong> amplo espectro,outros fatores <strong>de</strong> risco são importantespara adquirir infecção/colonizaçãocomo a cateterizaçãoarterial e/ou urinária (6).É importante conhecer o mecanismo<strong>de</strong> resistência para queocorra a <strong>de</strong>terminação fenotípicae genotípica do microorganismo,para posterior relevância epi<strong>de</strong>miológicado surto. Além <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciarse é a mesma cepa que estácausando <strong>de</strong>terminado surto ou sesão cepas diferentes do mesmomicroorganismo.Detecção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>stas enzimas emisolados <strong>de</strong> E. coli e Klebsiella pnemoniaeé problemática <strong>de</strong>vido àvariabilida<strong>de</strong> fenotípica dos tiposenzimáticos, pois as expressõesguardam estreita correlação com osmecanismos <strong>de</strong> ação dos antibióticos.Alguns métodos têm sido propostos,baseados no fato da produção<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> ser afetada pelosinibidores <strong>de</strong> betalactamases, comoo método da fita E-teste (fita dupla),o método da dupla difusão emágar ou método <strong>de</strong> aproximação <strong>de</strong>disco, o método da adição <strong>de</strong> ácidoclavulânico ao disco <strong>de</strong> ceftazidimae o método automatizado.Apesar da aparente sensibilida<strong>de</strong>in vitro a vários antimicrobianos,pacientes com infecções porcepas produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> po<strong>de</strong>mnão respon<strong>de</strong>r à terapia com betalactâmicose monobactâmicos. Oscarbapenêmicos, imipenem e meropenem,são opções terapêuticasindicadas para o tratamento <strong>de</strong> infecçõespor cepas produtoras <strong>de</strong>ssasenzimas. Geralmente estasamostras exibem co-resistência àsquinolonas e aminoglicosí<strong>de</strong>os, portanto,o uso <strong>de</strong>stes agentes <strong>de</strong>veser baseado no antibiograma.Mutações na ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> aminoácidospo<strong>de</strong>m ser responsáveispela falha na <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>ssas enzimasporque alteram a capacida<strong>de</strong>ou a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidrólise<strong>de</strong> oximino-betalactâmicos. As<strong>ESBL</strong> <strong>de</strong>rivadas da enzima TEM ecom apenas <strong>um</strong>a substituição naca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> aminoácidos (TEM-7 ouTEM-12) apresentam baixo po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> hidrólise <strong>de</strong>ste grupo <strong>de</strong> antibióticos,po<strong>de</strong>ndo não ser <strong>de</strong>tectadasem testes laboratoriais.Outras, como aquelas <strong>de</strong>rivadasdas enzimas TEM-3, TEM-26,SHV-2 e SHV-4, exibem alto po<strong>de</strong>r<strong>de</strong> hidrólise <strong>de</strong> betalactâmicos.Por esta razão o betalactâmicoque será hidrolisado <strong>de</strong>maneira mais eficaz varia muito<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da enzima (6).Segundo o NCCLS, para as cepascom testes positivos para<strong>ESBL</strong> no laboratório <strong>de</strong> microbiologiaclínica, <strong>de</strong>vem ser reportadasno laudo como resistentesaos antibióticos betalactâmicos eàs combinações <strong>de</strong> betalactamasescom inibidores <strong>de</strong> betalactamases(mesmo que sensíveis invitro). Além disso, <strong>de</strong>ve seracrescentada <strong>um</strong>a observação re-162<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004163


latando que os testes laboratoriaissugerem a produção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>,para que se tomem as medidasepi<strong>de</strong>miológicas a<strong>de</strong>quadas e evitarque estas drogas sejam utilizadasno tratamento (Tabela 1).Os testes disponíveis para <strong>de</strong>tectarcepas produtoras <strong>de</strong>stasenzimas possuem limitações <strong>de</strong>vidoà possibilida<strong>de</strong> das já mencionadasmutações. Interpretaçõesa<strong>de</strong>quadas dos testes <strong>de</strong> susceptibilida<strong>de</strong>antimicrobiana são imprescindíveisna <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>stemecanismo <strong>de</strong> resistência (18).Discos <strong>de</strong> tobramicina e ciprofloxacina<strong>de</strong>vem ser incluídos nostestes <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, pois geralmenteas amostras bacterianas produtoras<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> também são resistentesa estes antibióticos (4).Tabela I - Teste para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> em Klebsiella pne<strong>um</strong>oniae, K. oxytoca e Escherichia coli segundo o NCCLSMétodo Teste <strong>de</strong> Triagem Teste ConfirmatórioMeio <strong>de</strong> Cultura ágar Mueller Hinton ágar Mueller HintonConcentração do disco<strong>de</strong> AntibióticoCefpodoxima 10µg ouCeftazidima 30µg ouAztreonam 30µg ouCefotaxima 30µg ouCeftriaxona 30µgO uso <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>um</strong> agenteantimicrobiano para a triagema<strong>um</strong>enta a sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecçãoCeftazidima 30µgCeftazidima/ác. clavulânico 30/10µgE cefotaxima 30µg cefotaxima/ác.clavulânico 30/10µgO teste confirmatório <strong>de</strong>verá serfeito com ambos antibióticos,sozinho e combinado com ác.clavulânicoInóculo econdições<strong>de</strong>incubaçãoDe acordo com as recomendações da padronização do teste <strong>de</strong> difusãoResultadosCefpodoxima ≤ 22mmCeftazidima ≤ 22mmAztreonam ≤ 27mmCefotaxima ≤ 27mmCeftriaxona ≤ 25mm= suspeita <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>Um a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> ≥ 5mm no diâmetropara qualquer agente antimicrobianotestado em combinação com o ácidoclavulânico comparado com oagente sozinho = produção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>Recomendações doControle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong>E.coli ATCC 25922K. pne<strong>um</strong>oniae ATCC 700603Cefpodoxima 9-16mmCeftazidima 10-18mmAztreonam 9-17mmCefotaxima 17-25mmCeftriaxona 16-24mmE. coli = <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> ≤ 2mm nohalo do antibiótico testado sozinhocomparado com a zona <strong>de</strong> inibiçãoquando combinado com ácidoclavulânicoK. pne<strong>um</strong>oniaeA<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> ≥ 5mm no halo daceftazidimaA<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> ≥ 3mm no halo dacefotaxima164<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


Figura 4Figura 3Método E-TesteO método E-teste utiliza <strong>um</strong>afita plástica que contém concentraçõescrescentes do agente emestudo n<strong>um</strong>a placa <strong>de</strong> Mueller Hintonsemeada com o inóculo bacterianopadronizado com a escala 0,5<strong>de</strong> MacFarland. Neste caso, em <strong>um</strong>dos lados da fita existe ceftazidima,e do outro ceftazidima associadaa <strong>um</strong>a concentração fixa <strong>de</strong>2µg/mL <strong>de</strong> ácido clavulânico. Abactéria será consi<strong>de</strong>rada produtora<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> quando a leitura apresentar<strong>um</strong>a diminuição <strong>de</strong> pelo menosduas diluições logarítmicas(quando a razão entre os dois breakpointsfor igual ou maior que 8)da ceftazidima/ácido clavulânicoem relação ao MIC (ConcentraçãoInibitória Mínima) da ceftazidima.O método se baseia no a<strong>um</strong>entoda sensibilida<strong>de</strong> em presença doácido clavulânico, como recomendao NCCLS para testes confirmatórios<strong>de</strong> presença <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>. Estatécnica é <strong>de</strong> fácil realização; entretanto,po<strong>de</strong> gerar resultadosconfusos se usada isoladamente,pois neste caso será testada somente<strong>um</strong>a droga (Figura 4).Método da dupla difusão ou métododa aproximação <strong>de</strong> discoA i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> amostras pro-Figura 5 - Presença <strong>de</strong> "ghost-zone"dutoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> po<strong>de</strong> ser feitamediante a sinergia <strong>de</strong> duplo disco.Realiza-se a difusão em ágarutilizando <strong>um</strong>a placa <strong>de</strong> ágar MuellerHinton inoculada com <strong>um</strong>a suspensãobacteriana ajustada com opadrão 0,5 da escala <strong>de</strong> MacFarland;logo após colocam-se os discoscom carga padronizada <strong>de</strong><strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004165


aztreonam e cefalosporinas <strong>de</strong> terceirageração como cefotaxima,ceftazidima, ceftriaxona; dispostosa <strong>um</strong>a distância <strong>de</strong> 20mm <strong>de</strong> discos<strong>de</strong> amoxicilina / ác. clavulânico.É consi<strong>de</strong>rada sinergia positiva(e, portanto, <strong>de</strong>tecta-se a produção<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>), quando se observa<strong>um</strong>a ampliação do halo <strong>de</strong> inibiçãoem alg<strong>um</strong>a das cefalosporinas oudo aztreonam ou o aparecimento<strong>de</strong> <strong>um</strong>a terceira zona irregular <strong>de</strong>inibição (conhecida como ghostzone)entre o disco composto e odisco <strong>de</strong> <strong>um</strong>a das drogas betalactâmicas.Esta técnica é <strong>de</strong> fácil realizaçãoe acessível a qualquer laboratório<strong>de</strong> microbiologia clínica.Este método é o mais utilizado narotina laboratorial pelo baixo custo,fácil acesso à metodologia e pelotempo <strong>de</strong> obtenção dos resultados.Para cepas isoladas que <strong>de</strong>monstramzonas <strong>de</strong> inibição gran<strong>de</strong>s, odisco <strong>de</strong>ve ser colocado a 30mm<strong>de</strong> distância e para cepas isoladascom zona <strong>de</strong> inibição menores, <strong>um</strong>adistância menor <strong>de</strong>ve ser utilizada(20mm). A <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>sta distânciaconstitui a maior dificulda<strong>de</strong>do método (Figuras 3 e 5).Método da adição do ácido clavulânicoao disco <strong>de</strong> ceftazidimaEste método baseia-se na comparaçãodo tamanho do halo formadoem torno dos discos <strong>de</strong> ceftazidima(30µg) com o halo do disco <strong>de</strong>ácido clavulânico/ceftazidima (10µg/30µg). Um a<strong>um</strong>ento maior ou iguala 5mm no halo <strong>de</strong> inibição do discocomposto em comparação com ohalo do disco sem ácido clavulânico,indica bactéria produtora <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>.Método automatizadoAlguns painéis <strong>de</strong> microdiluiçãoestão disponíveis, comercializadosprincipalmente para os sistemasMicroScan® (Da<strong>de</strong> Behring) e Vitek®(bioMériux). A análise fenotípicada bactéria por este métodoproporciona <strong>um</strong>a padronização erapi<strong>de</strong>z, o que garante boa consistêncianos resultados em <strong>de</strong>trimentoaos testes em discos, comresultados após 18-24 horas. Todavia,o método automatizado temalg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>svantagens quandocomparado com difusão em ágar,porque certas bactérias não crescemou o fazem pobremente após4-5 horas <strong>de</strong> incubação (Proteussp, Morganella sp, Provi<strong>de</strong>ncia sp,Yersinia sp e outras). Outro pontoseria a dificulda<strong>de</strong> em <strong>de</strong>tectar obaixo nível <strong>de</strong> expressão <strong>de</strong>stemecanismo <strong>de</strong> resistência. Algunscomplexos fenotípicos resultantes<strong>de</strong> combinações <strong>de</strong>stes mecanismossão pobremente diferenciadospelo método automatizado (18).Desvantagens na realização<strong>de</strong>stas técnicas• A hiperprodução <strong>de</strong> betalactamasecromossômica por Proteusvulgaris, Proteus penneri ou Citrobacterkoseri (que é <strong>um</strong>a cefuroximaseinibida pelo ácido clavulânico),po<strong>de</strong> resultar em <strong>um</strong>a ampliaçãodo halo com a cefuroxima,cefotaxima e ceftriaxona. A hiperprodução<strong>de</strong>sta enzima confereresistência a estas drogas, permanecendoa bactéria sensível à ceftazidimae ao aztreonam (6)• A hiperprodução <strong>de</strong> betalactamaseK-1 por K. oxytoca produzampliação do halo com a cefuroxima,ceftriaxona, aztreoname cefotaxima, mas nunca com aceftazidima. A hiperprodução <strong>de</strong>betalactamases confere resistênciaa estas drogas, mas não à ceftazidima.Portanto, para diferenciar<strong>um</strong>a cepa <strong>de</strong> K. oxytoca hiperprodutora<strong>de</strong> K-1 <strong>de</strong> <strong>um</strong>a produtora<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> <strong>de</strong>ve-se realizarsempre o método <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminaçãodo MIC da ceftazidima, observandose este valor se reduz napresença <strong>de</strong> ácido clavulânico (6)• A hiperprodução <strong>de</strong> SHV-1 porK. pne<strong>um</strong>oniae, causada pela presença<strong>de</strong> múltiplas cópias do plasmí<strong>de</strong>oque as codifica, tambémpo<strong>de</strong> ocasionar <strong>um</strong> fenótipo compátivelcom a produção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>.Nestes casos, há <strong>um</strong>a a<strong>um</strong>ento dosMICs da ceftazidima (4-8µg/mL) edo aztreonam (1-2µg/mL), afetandoescassamente os MICs da cefotaximae ceftriaxona (6)• A produção <strong>de</strong> L-2 por Stenotrophomonasmaltophila resultaem sinergia positiva com aztreonam<strong>de</strong>vido à ação hidrolítica <strong>de</strong>staenzima sobre o aztreonam, sendoinibida pelo ácido clavulânico.Portanto, não <strong>de</strong>vemos confundireste tipo <strong>de</strong> resistência com a provávelprodução <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> (6)166<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004167


Prevenção e tratamentoAs medidas básicas <strong>de</strong> prevençãodo aparecimento da resistênciabacteriana e disseminação <strong>de</strong>cepas resistentes consistem naadoção <strong>de</strong> medidas higiênicas, <strong>de</strong><strong>de</strong>sinfecção, no reforço das técnicasassépticas e no isolamento dosdoentes afetados (2).Para o controle <strong>de</strong> surtos ocasionadospor cepas produtoras <strong>de</strong><strong>ESBL</strong> têm sido aplicadas medidascomo a restrição do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong>cefalosporinas <strong>de</strong> terceira geração,isolamento dos pacientes colonizadose/ou infectados e educaçãodas pessoas que trabalhamdiretamente com os pacientesquanto ao cuidado com a manipulação<strong>de</strong>stes e a correta lavagemdas mãos (6). O problemado tratamento das infecções causadaspor cepas <strong>de</strong> bactérias queproduzem <strong>ESBL</strong> é universal e ocorreprincipalmente em hospitaisque utilizam <strong>de</strong> maneira indiscriminadaas cefalosporinas <strong>de</strong> amploespectro <strong>de</strong> ação.O tratamento <strong>de</strong> pacientes cominfecções causadas por cepas queproduzem <strong>ESBL</strong> fica limitado apoucos agentes <strong>de</strong> amplo espectro<strong>de</strong> ação, os quais po<strong>de</strong>rão tambémfalhar diante <strong>de</strong> microorganismosque produzem múltiplasbetalactamases, que associadasproduzem múltipla resistência.Somente alguns antibióticosbetalactâmicos conservam suaativida<strong>de</strong> frente às enterobactériasprodutoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>. Os carbapenêmicossão os antibióticosmais efetivos, estas drogas sãomuito resistentes à hidrólise poreste tipo <strong>de</strong> enzima. O uso <strong>de</strong>antibióticos carbapenêmicos <strong>de</strong>veriaser mo<strong>de</strong>rado, pois tem sido<strong>de</strong>scrito <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento da resistênciaa estas drogas.A duração da permanência nohospital (Enfermaria ou Unida<strong>de</strong><strong>de</strong> Tratamento Intensivo - UTI) é<strong>um</strong> fator primordial, porque,quanto maior a estadia, mais gravea doença, mais intensos os procedimentosinvasivos e a administração<strong>de</strong> antibióticos.É essencial que o laboratório<strong>de</strong> microbiologia clínica estejapreparado para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>stesmecanismos <strong>de</strong> resistênciaque têm surgido principalmenteem surtos nosocomiais.DiscussãoVários trabalhos <strong>de</strong> prevalência<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> relatam porcentagens <strong>de</strong>microorganismos produtores <strong>de</strong><strong>ESBL</strong> para todas as Enterobacteriaceaee alg<strong>um</strong>as Pseudomonadaceaeem diversas partes do mundo.As bactérias isoladas com maiorfreqüência na produção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>são cepas do gênero Klebsiella seguidaspor isolados <strong>de</strong> Escherichiacoli. Alguns autores apresentamporcentagens maiores <strong>de</strong> outrasenterobactérias do que em Klebsiellaspp, porém <strong>de</strong>vem ser casosisolados <strong>de</strong> surtos ou trabalhos emque o número <strong>de</strong> amostras foi pequeno,o que a<strong>um</strong>enta a porcentagemfinal, como Pagani et al queutilizaram apenas 70 cepas encontrando48% <strong>de</strong> Proteus mirabiliscomo produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> e Otk<strong>um</strong>et al, que encontraram 30% <strong>de</strong>cepas <strong>de</strong> Salmonella typhimuri<strong>um</strong>produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> total <strong>de</strong>75 cepas isoladas.O teste <strong>de</strong> aproximação <strong>de</strong> discosé o mais utilizado para realizara <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>, pois não acarretacustos adicionais ao laboratóriovisto que os antimicrobianosenvolvidos neste método po<strong>de</strong>m serincluídos no antibiograma rotineiropara microorganismos Gram-negativos.Assim, a <strong>de</strong>tecção por estemétodo po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser realizadaem qualquer laboratório <strong>de</strong> microbiologiaclínica mesmo não sendoem ambiente hospitalar, porém algunsaspectos <strong>de</strong>vem ser enfatizadosapesar da facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizaçãona rotina laboratorial. A <strong>de</strong>terminaçãoda distância entre osdiscos <strong>de</strong>ve ser feita <strong>de</strong> maneira apermitir a visualização do a<strong>um</strong>entoou distorção dos halos. Se a amostraformar halos gran<strong>de</strong>s, a distância<strong>de</strong>ve ser a<strong>um</strong>entada, entretantose os halos forem menores <strong>de</strong>vesediminuir a distância dos discospara visualizar o efeito da ghostzone,essa variação da distânciadificulta a realização do teste, pois<strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>quada para cadaamostra. O NCCLS recomenda adistância <strong>de</strong> 20mm centro-centro.A interpretação é altamente subjetiva,<strong>um</strong>a vez que o aparecimento168<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004169


<strong>de</strong> <strong>um</strong>a terceira zona <strong>de</strong> inibiçãonão po<strong>de</strong> ser quantificada.O método <strong>de</strong> E-teste e a análiseautomatizada requerem custos adicionaisao laboratório, sendo entãorealizados somente por laboratórios<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e centros <strong>de</strong>referência. O método <strong>de</strong> adição <strong>de</strong>ácido clavulânico ao disco <strong>de</strong> ceftazidimapo<strong>de</strong> ser realizado em qualquerlaboratório <strong>de</strong> microbiologia,porém acarreta custos adicionais,visto que este disco combinado nãoestá disponível pelo mercado paraa terapêutica e não é usualmenteutilizado pelos Clínicos.Palasubramaniam & Parasakthiem 2001 na Malásia compararamos três métodos <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificaçãopresuntiva <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> (excluindo ométodo automatizado) e concluíramque o método E-teste com fitadupla combinada mostrou-se maisefetivo em todas as amostras <strong>de</strong>Klebsiella pne<strong>um</strong>oniae resistentesà ceftazidima analisadas.Be<strong>de</strong>nic & Boras em 2001 naCroácia concluíram em seu trabalhosobre os métodos <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> que o método<strong>de</strong> dupla-difusão necessita <strong>de</strong><strong>um</strong>a padronização mais rigorosado inóculo com a escala <strong>de</strong>MacFarland do que os outrosmétodos manuais, o que <strong>de</strong>monstraa importância do inóculopara o antibiograma.Segundo Blatt em 2000, o surgimento<strong>de</strong> resistência bacterianaaos antimicrobianos é inevitável,pela conservação das espécies, maso controle na utilização dos mesmospo<strong>de</strong> limitar o aparecimento<strong>de</strong> cepas multirresistentes. Barbosaet al em 1998, concordam comesta afirmação dizendo que somentea utilização indiscriminada dosantibióticos não po<strong>de</strong> ser responsabilizadapelas resistências emergentes.Porém, Silva & Salvino em2000, dizem que <strong>um</strong> longo período<strong>de</strong> hospitalização e o uso abusivo<strong>de</strong> cefalosporinas <strong>de</strong> terceira geraçãosão fatores <strong>de</strong> risco primordiaispara a disseminação <strong>de</strong> surtospor bactérias produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>;o que <strong>de</strong>monstra a divergência <strong>de</strong>autores a respeito do uso indiscriminado<strong>de</strong> antibióticos como responsávelpela múltipla resistência.O papel do laboratório <strong>de</strong> microbiologiaclínica é <strong>de</strong> extremaimportância para o diagnóstico,visto que é a partir da análise doantibiograma que o Clínico <strong>de</strong>veprescrever o antimicrobiano aopaciente. Se o Clínico prescrever<strong>um</strong> antibiótico betalactâmico parao paciente portador <strong>de</strong> <strong>um</strong>a infecçãopor bactéria produtora <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>po<strong>de</strong>rá acarretar em falha terapêutica,seja por erro do laboratórioque po<strong>de</strong> não ter <strong>de</strong>tectado a produçãoda enzima ou por equívocodo Clínico ao indicar <strong>um</strong>a drogadotada <strong>de</strong> anel betalactâmico. Assim,o paciente não vai respon<strong>de</strong>rpositivamente ao tratamento epo<strong>de</strong> ocorrer agravamento da infecção,pois com a diminuição daflora bacteriana normal (que po<strong>de</strong>se <strong>de</strong>monstrar sensível ao betalactâmico),certamente ocorrerá <strong>um</strong>adiminuição da competitivida<strong>de</strong> coma flora normal a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do sítioanatômico da infecção.Como a produção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> po<strong>de</strong>ocorrer espontaneamente, há a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong>ssa produção se evi<strong>de</strong>nciarno <strong>de</strong>correr do tratamento. Então,o paciente que estaria respon<strong>de</strong>ndopositivamente à <strong>um</strong>a infecçãopor <strong>um</strong>a bactéria não produtora<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>, passa a <strong>de</strong>monstrar <strong>um</strong>agravamento do quadro infecciosoe ocorre recidiva da infecção. Umanova amostra do material clínicopo<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar a presença da produção<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>, o que po<strong>de</strong> ser interpretadocomo erro laboratorial.As drogas que a totalida<strong>de</strong>dos autores recomendam para otratamento das infecções porbactérias produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> sãoos carbapenêmicos (imipenem emeropenem), por estas drogasnão sofrerem hidrólise pela<strong>ESBL</strong>. No entanto, Kocazeybec &Arabaci em 2002 encontraram89,7% e 95,1% <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>in vitro para imipenem e meropenem,respectivamente, em185 cepas isoladas <strong>de</strong> enterobactérias.Para as espécies <strong>de</strong> Klebsiellaa sensibilida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>98,4% para imipenem e 100%para meropenem. Já em Pseudomonasaeruginosa a resistênciafoi <strong>de</strong> 21,6% para imipeneme 10,8% para meropenem, o que<strong>de</strong>monstra <strong>um</strong>a maior resistênciapara as cepas <strong>de</strong> Pseudomonasaeruginosa. Esta resistência170<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004171


vem ocorrendo <strong>de</strong>vido à produção<strong>de</strong> carbapenamases simultaneamenteà produção <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>.Assim, as drogas <strong>de</strong> escolha parao tratamento <strong>de</strong> bactérias produtoras<strong>de</strong> <strong>ESBL</strong> passam a ficarvulneráveis e a <strong>de</strong>monstrar <strong>um</strong>aresistência até então <strong>de</strong>sconhecidaaos carbapenêmicos. Estesdados alertam para a necessida<strong>de</strong>do uso racional dos antibióti-cos carbapenêmicos para prevenira aparição <strong>de</strong> novos microorganismosmultirresistentes.Como observado nas estatísticas,bactérias produtoras <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>vêm sendo isoladas <strong>de</strong> surtos nosocomiaisno mundo inteiro. Surtoscomunitários também têmocorrido e mesmo sendo com <strong>um</strong>afreqüência menor possuem importânciaepi<strong>de</strong>miológica.Correspondência para:Manuel Alves <strong>de</strong> Sousa JuniorAssociação <strong>de</strong> Pais e Amigos dosExcepcionais <strong>de</strong> Salvador - APAE SSACentro Médico e Laboratorial.Laboratório <strong>de</strong> Análises ClínicasSetor <strong>de</strong> MicrobiologiaRua Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, 545CEP: 41830-161. Salvador. BAE-mail: masjbiologo@bol.com.brReferências Bibliográficas1. Francisco W, Jea AHY. Resistência à β-Lactamases por Presença <strong>de</strong> <strong>ESBL</strong>. www.fleury.com.br/mednews/0301/mdcontfcb0302.htmAcesso em: 15/10/2002.2. Soares MA. Resistência Antibiótica. Pharmacia Brasileira, p. 59-62, Jan/Fev 2001.3. Barbosa HM, Torres BB, Furlaneto MC. Microbiologia Básica. Ed. Atheneu, São Paulo, 1998.4. Silva CHPM. Bacteriologia - Um texto ilustrado. Ed. Eventos, Teresópolis/RJ, 1999.5. Farah Solange Bento, DNA - Segredos & Mistérios. Ed. Sarvier, São Paulo, 1997.6. Silva CHPM, Salvino CR. Importância do Reconhecimento das Enterobactérias Hospitalares Produtoras<strong>de</strong> Beta-lactamases <strong>de</strong> <strong>Espectro</strong> Estendido (<strong>ESBL</strong>) e suas Implicações Terapêuticas. Newslab (41):104-112, 2000.7. Nathisuwan S, Burgess DS, Lewis JS. Exten<strong>de</strong>d-spectr<strong>um</strong> beta-lactamases: epi<strong>de</strong>miology, <strong>de</strong>tection andtreatment. Pharmacotherapy. 21(8): 920-8, 2001.8. Trabulsi LR, Toledo MRF. Microbiologia. Ed. Atheneu, 2ªed., São Paulo, 1996.9. Pelczar MJ, Chan ECS, Krieg NR, Edwards DD, Pelczar MF. Microbiologia - Conceitos e Aplicações. Ed.Makron Brooks do Brasil, 2ªed, vol. 1, São Paulo, 1996.10. Tortora GJ, Funke BR, Case CL. Microbiologia. Ed. Artes Médicas Sul, 6ªed, Porto Alegre, 2000.11. Brooks GF, Butel JS, Ornston LN, Jawetz E, Melnick JL, A<strong>de</strong>lberg EA. Microbiologia Médica. Ed.Guanabara Koogan, 20ºed., Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1998.12. Mims C, Playfair J, Wakelin D, Willians R, Roitt I. Microbiologia Médica. Ed. Manole Ltda, 2ªed, SãoPaulo, 2001.172<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004


<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004173


13. Tavares W. Manual <strong>de</strong> Antibióticos e Quimioterápicos Antiinfecciosos. Ed. Atheneu, 2ªed, São Paulo, 2001.14. Peloso PFD, Leite CCF, Torres (Filho) HM. Bactérias Produtoras <strong>de</strong> <strong>Betalactamases</strong> <strong>de</strong> <strong>Espectro</strong>ampliado (<strong>ESBL</strong>). Laboratório Richet. www.richet.com.br/microbiologiaclinica.html. Acessoem: 10/10/2002.15. Tosin I. Avaliação do modo <strong>de</strong> disseminação da resistência bacteriana a antibacterianos nos hospitaisbrasileiros. São Paulo; s. n; [137] p. ilus. Tab, 2001.16. Barros E, Bittencourt H, Caramori ML, Machado A. Antimicrobianos - Consulta Rápida. Ed. ArtesMédicas Sul. 2ªed. Porto Alegre, 2001.17. Koneman EW, Allen SD, Janda WM, Schreckenberger PC, Winn WC. Diagnóstico Microbiológico -texto y atlas color. Ed. Médica panamericana. 5ªed. Buenos Aires, 1999.18. Blatt JM. Mecanismo <strong>de</strong> Resistência e Detecção das betalactamases <strong>de</strong> espectro ampliado. Newslab, n.40, p. 86-97, 2000.19. Kocazeybek BS, Arabaci U. Use of E-tests with carbapenems for Gram-negative rods producing betalactamases.Int J Antimicrob Agents: 19(2): 159-62, 2002.20. Bell JM, Turnidge JD, Gales AC, Pfaeller MA, Jones RN. Prevalence of exten<strong>de</strong>d-spectr<strong>um</strong> betalactamase(<strong>ESBL</strong>) - producing clinical isola<strong>de</strong>s in the Asia-Pacific region and South Africa: regional resultsfrom SENTRY Antimicrobial Surveillance Program (1998-1999). Diagn Microbiol Infect Dis; 42(3): 193-8, 2002.21. Pagani L, Migliavacca R, Palecchi L, Matti C, Giacobone E, Amicosante G, Romero E, Rossolini GM.Emerging exten<strong>de</strong>d-spectr<strong>um</strong> betalactamase in Proteus mirabilis. J Clin Microbiol; 40(4): 1549-52, 2002.22. Otkun M, Er<strong>de</strong>m B, Akata F, Tatman-Otkun M, Gerceker D, Yagci S, Ozkan E. Antibiotic resistancepatterns and plasmid profiles of Salmonella typhimuri<strong>um</strong> isolates in Turkey. Eur J Clin Microbiol InfectDis; 20(3): 206-9, 2001.23. Palasubramaniam S, Parasakthi N. Comparison of three different methods for the presuntive <strong>de</strong>tectionof <strong>ESBL</strong> prodution in cefatzidime-resistant strains of Klebsiella pn<strong>um</strong>oniae. Malays J Pathol; 23(2):73-8, 2001.24. Be<strong>de</strong>nic B, Boras A. Effect of inocul<strong>um</strong> size on sensitivity and specificity of the doublé-disk synerg testfor the <strong>de</strong>tection of wi<strong>de</strong>-spectr<strong>um</strong> beta-lactamases. Lijec Vjesn; 123(11-12): 293-6, 2001.25. Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong> Microbiologia - SBM. MD Consultoria em Microbiologia.www.sau<strong>de</strong>total.com.br Acesso em: 10/11/2002.174<strong>NewsLab</strong> - edição 63 - 2004

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!