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RELATÓRIO FINAL - senale

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Alvitre poéticoAndréa Lima 13Deixará de ser segredo?Se transformará em coisa dita ao arcomo canto livre de passarinho nas suasrevoadas,ou nos seus diálogos com o sibilo do vento?Temos pressa!Quando poderemos amarsem cercas, medo, vergonha?Hoje falaremos sem culpa o teu nome: amor.Amor de muitos fios entrelaçados,fios que tecem amor de iguais, coloridos ediferentes.Hoje vamos chamá-lo pelo teu nome: lua,rua, sol, mulher, homem, poesia.Fazem-nos pensar que este amor nãopoderia ser líricopois é oprimido demais,questionado, encouraçado,preso em campos de concentração,amofinado em guetos.O que fez esse amor para ter um alarido de dor?O que fez esse amor para ser perseguido por decretos, por Leis tiranas?O que fez esse amor para ter tantos cantos incompletos,sorrisos amarelos, paixões sufocadas,vozes para sempre caladas ?Esse amor é tão belicoso assimpara ser acorrentado no muro da violência,em celas que o aprisionam?Por que tantos flagelos?Será esse amor indigno?Será esse amor um sentimento diminuto,vago, desimportante?Prendam esse amor quanto quiserem, montem seus tribunais,infamem-no,preparem suas fogueiras e seus insanos punhais.Mesmo sob o jugo da irracionalidade,envolto às brumas do preconceito,ainda, assim, amaremos,ainda, assim faremos poemas, Paradas,lembraremos de Safo, Lorca, Edson Néri.Amaremos “além do carnaval”,amaremos lá bem no meio da praça,com o coreto tocando em pleno domingo.Não haverá mais quadrados, quartos apertados, labirintos.De hoje em diante simplesmente amaremos,sem medo dos expurgos, dos olhares inquisidores,sem o hipócrita apelo do moralismo.Agora confessaremos em coro: o nosso amor é nosso bem,a nossa transgressão,o nosso modo de dizer não a qualquer forma de discriminação.Amor-arma, amor-voz, amor-amor, carbonário-amor,homem-homem, mulher-mulher.Amor, forma de sentimento incorrigível,imperativo, inexplicável, rebelde.Eis o amor: trincheira de resistência.Esse amor é a nossa paz, a nossa guerra diária,a nossa terra, nossa pequena-grande revolução,a nossa esperança por um tempode delicadezas e justiças compartilhadas.Hoje sussurraremos teu nome sem o aligeirar das horas,mas, também, queremos gritá-lo,“ousar dizer o nome”soletrá-lo...E o faremos para sempre audível, vivo, libertário.13Assistente Social. Doutoranda em Serviço Social pela UFPE. Co-fundadora do DIVAS/PE.49

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