Aquando das Comemorações do Quarto Centenário da Viagem de Vasco daGama à Índia, o rei D. Carlos tinha já realizado mais duas campanhasoceanográficas no ano de 1897, a primeira nos meses de maio a setembro ea segunda em novembro.O projeto de um edifício como o Aquário Vasco da Gama, no contextofestivo das Comemorações, aparecerá ao rei como uma forma de alojar oseu já vasto espólio e de o tornar público.No dia da sua inauguração, o Diário de Notícias publicou o seguinte:“Como estava anunciado, inaugurou-se hontem o aquário Vasco da Gamaem Algés, e a exposição oceanográfica de el-rei, instalada na sala do museudo aquário” 6 . A história do Aquário Vasco da Gama nunca mais deixará deestar associada à figura de D. Carlos.1.3 – A construção do edifícioO Aquário Vasco da Gama foi construído em terrenos cedidos peloMinistério das Obras Públicas, na Alameda de Algés, junto ao Dafundo.A sua edificação foi entregue, pela Comissão Executiva do Centenário, aoscredenciados empreiteiros franceses Charles Vieillard e Fernand Toused.Charles Vieillard tinha vindo para Portugal com o seu pai, Louis Vieillard,contratado para trabalhar no Aqueduto das Águas Livres. Fernand Tousedera seu cunhado, casado com sua irmã Adéle e, desde cedo, colaboraramem diversos projetos juntos, tais como a velha ponte da Figueira da Foz e,mais tarde, a Central Tejo, onde atualmente está instalado o Museu daEletricidade.Os construtores do Aquário6 Diário de Notícias - I série, 21 de maio de 18986
O AQUÁRIO <strong>VASCO</strong> <strong>DA</strong> <strong>GAMA</strong>Como fiscal da obra, foi nomeado o engenheiro António Teixeira Júdice.A orientação técnica ficou a cargo de uma outra figura importante, AlbertGirard. Nasceu em Nova Iorque, filho de uma família de origem belga, masveio para Portugal ainda criança.Licenciou-se em engenharia mas a sua principal paixão era a HistóriaNatural. A sua escolha para a orientação técnica do Aquário Vasco daGama prova, mais uma vez, a ligação do rei D. Carlos a este edifício.Desde logo a indicação do seu nome para fazer parte dos responsáveis pelaconstrução do Aquário Vasco da Gama não parece ter sido inocente, já quefoi feita pela <strong>Academia</strong> das Ciências, da qual o rei D. Carlos fazia parte.Terá sido desde muito cedo que se estabelece uma empatia entre AlbertGirard e o monarca, chegando mesmo a ser mestre dos seus filhos. Foinomeado membro da Comissão de Pescas e começou a trabalhar ao serviçodo rei. Tornou-se o seu conselheiro científico, acompanhava-o nas suasinvestigações no mar, estudava o material recolhido, organizava as coleçõese preparava os resultados para publicação. Acresce ainda a organização dasexposições do monarca, quer em Portugal como no estrangeiro. Mais tarde,tornar-se-á o curador das coleções reais, no Palácio das Necessidades.O edifício orçou em cerca de 60 contos de réis e a sua construção foirápida, não demorando mais de oito meses.Após a sua entrega à Comissão do Centenário, foi realizada a vistoria, acargo do engenheiro Belchior José Machado, mandatado pela Comissão eLuiz Strauss, representante dos empreiteiros.O edifício, segundo foi elogiado, fora construído com uma rapidezirrepreensível, correspondendo a tudo o que fora planeado.1. 4 – A inauguração do Aquário Vasco da GamaNo dia 20 de Maio de 1898, pela uma e meia da tarde, o rei D. Carlos chegaao Aquário Vasco da Gama. Esperavam-no altas individualidades,nacionais e estrangeiras, entre as quais, a rainha D. Maria Pia, o infante D.Afonso, Ministro da Marinha, membros do corpo diplomático,representantes da Comissão do centenário, O Coronel Duval Telles,Ministro da Bélgica e esposa, o Duque de Loulé, o Coronel Barruncho,adido da Bélgica, o conde de Paço de Arcos e família e o presidente evereadores da Câmara Municipal de Oeiras.Às duas e um quarto da tarde a família real retirou-se. O Aquário Vasco daGama e a exposição que albergava estavam oficialmente inaugurados.Da exposição que o rei ali organizou faziam parte 1000 espécies e 15000exemplares novos e por classificar. A decoração da sala era simples e7