que melhor poderia fazê-lo, quer pelas suas instalações, quer pelaproficiência técnica dos seus dirigentes, era o Aquário Vasco da Gama.” 19 .O Aquário recupera, finalmente, a coleção do rei D. Carlos, que tinhadesempenhado um papel tão importante na sua fundação. Desde há algunsanos que pretendia tal sucedesse, ainda que sem sucesso. Assim o afirmouo seu diretor, o Dr. Alfredo Magalhães Ramalho, como resposta aoGovernador Civil de Lisboa, na sequência do pedido de indemnização porparte da Comissão Administrativa do Concelho de Cascais pelos gastosfeitos com a manutenção, beneficiação e transporte da coleção: “(…)quando se resolveu, por volta de 1916 ou 1917 a transformação dovestíbulo do edifício do aquário e a construção dum novo andar nesta parte,com o fim de tornar possível a ampliação do espaço destinado á exposiçãofutura de tudo o que pudesse interessar ao progresso da oceanografia emPortugal, já se contava muito especialmente (dada a decadência que nessaépoca a Liga Naval revelava) com a transferência em futuro mais ou menospróximo da colecção de D. Carlos I que desde 1910 estava confiada á LigaNaval, pois se pensava que o aquário era a única instituição no pais quenesse tempo se especializava nos estudos oceanográficos, e portanto estavanaturalmente indicada para a receber, conservar, estudar e utilizar.” 20 .Estas melhorias tornam o Aquário cada vez mais atrativo o que aumentasignificativamente o número de visitantes, melhorando as condiçõesfinanceiras do Aquário.A 20 de maio de 1943, a propósito do seu 45º aniversário, o museu doAquário Vasco da Gama reabre ao público, já com um papel de divulgaçãocientífica e pedagógica.No entanto, tempos difíceis voltam a vislumbrar-se no horizonte, com achegada dos anos 40.Entre maio e agosto de 1940, o Aquário sofrerá um dos seus mais durosgolpes ao ser amputado em cerca de 1/3 das suas instalações, na sequênciada construção da Estrada Marginal Lisboa-Cascais, considerada na época anossa primeira estrada de turismo. Em pouco tempo, foi necessárioencontrar novos locais para os laboratórios, biblioteca e novos tanques decultura. Todos os dias surgiam novos problemas para resolver.Além disso, adaptado ao Mar do Norte, o navio Albacora revelar-se-á um“mar de problemas”, o que levará o diretor da Estação a decidir-se por doáloà junta central das Casas dos Pescadores, em janeiro de 1949. Estasituação criar-lhe-á um conflito com o presidente do Conselho de19 Liga Naval Portuguesa, Ofício de 15 de Março de 1935, Arquivo Geral da Marinha,Lisboa20 RAMALHO, Alfredo Mendes de Magalhães, Aquário Vasco da Gama - Estação deBiologia Marítima, 23 de Setembro de 1935, Arquivo Nacional da Marinha, Lisboa18
O AQUÁRIO <strong>VASCO</strong> <strong>DA</strong> <strong>GAMA</strong>Administração, M. José Possante. Além disso, marcará um período deestagnação nas investigações científicas, coincidente com a saída dePortugal do Conselho Internacional para o Estudo do Mar (CIEM).Maqueta representando o edifício antes do corte 21Os anos da década de 40 são dos piores para a instituição, voltando a fazerseperigar a sua existência.Debatendo-se com problemas e critérios diferentes de administração, faltade espaço e, cada vez mais, financeiros, decide-se a mudança da Estação deBiologia para um novo local, um edifício do Ministério da Marinha situadono Cais do Sodré. Para lá foram transferidos os gabinetes do diretor einvestigador da Estação, a biblioteca, arrecadações (rés -do-chão); noprimeiro andar, uma sala funcionava como gabinete fotográfico e duasdependências para os naturalistas.A ideia de que a junção entre o Aquário Vasco da Gama e a Estação deBiologia Marítima não tinha sido proveitosa ganhava cada vez mais peso.O presidente do Conselho de Administração, Manuel José Possante,referindo-se à diferença de interesses das duas instituições, escreveu no seurelatório de 1949 que “A Estação (…) tem um interesse imediato para oshomens de ciência, para os naturalistas. O Aquário interessa a toda a gente,novos e velhos, homens e mulheres. Com um pouco de iniciativa e espíritoempreendedor qualquer pessoa é capaz de levar o Aquário a brilhantes21 A maquete encontra-se no Aquário Vasco da Gama e foi recentemente restaurada por umaequipa dirigida pela Dra. Joana Campelo, em colaboração com o Instituto dos Museus eConservação19