Ainda em 1913, procurando incrementar as investigações científicas,regressam ao Yacht Amélia IV, rebatizado Aviso Cinco de Outubro, em1911, uma série de aparelhos destinados a investigações hidrográficas, quepertenciam ao Aquário.Entretanto, o contrato celebrado entre o Ministério da Marinha e aSociedade Portuguesa de Ciências Naturais estava a chegar ao fim. Estapretendia renová-lo mas com novas condições, tanto mais que atransformação do Aquário, numa Estação de Biologia Marítima, era cadavez mais uma certeza. Entendia que seria necessário que o Estado passassea fornecer subsídios à instituição e que a continuação da ligação àComissão de Pescarias só seria viável se a mesma custeasse os encargospois “os recursos próprios do Aquário mal chegavam para a suamanutenção como estabelecimento recreativo, menos ainda para custeio delaboratórios scientíficos” 16 . Além disso, não fazia sentido que, passando oAquário a ser uma Estação Biológica, continuasse a sua dependênciarelativamente ao Ministério da Marinha: “Estaria melhor no Ministério deInstrução, possivelmente ligada à Universidade, mantendo, embora, a suaautonomia”. 17Esta situação levantará uma querela entre a Sociedade e o Ministério daMarinha que não aceita ser desligado do Aquário. Este resolve não renovaro contrato à Sociedade e manda instalar no Aquário a Comissão Central dePescarias, entregando a administração ao presidente e secretário dessainstituição. Prepara ainda um projeto para o Aquário, dando continuidade àideia de instalação de uma Estação de Biologia, que seria administrada poruma comissão composta por dois delegados, um da Comissão de Pescarias,outro da Universidade de Lisboa. Para encarregado da Estação seriacontratado um naturalista. A Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais foiexcluída de qualquer ligação ao Aquário, só podendo utilizar as instalaçõespara eventuais estudos.Após várias negociações, a Sociedade Portuguesa de Ciências Naturaisconsegue finalmente, a 6 de maio de 1915, que lhe seja renovado o contratocom o Ministério da Marinha, por mais 5 anos. De acordo com este novocontrato, seria constituída uma Comissão Administrativa, presidida por umdelegado do Ministério da Marinha e composta por mais dois elementosnomeados pela referida Sociedade: um delegado da comissão e o diretor dafutura Estação de Biologia Marítima. A mesma seria responsável pelamanutenção e administração do Aquário, devendo prestar contas à DireçãoGeral da Marinha. Tomou posse a 31 de Maio de 1915 e Anthero de16 COSTA, A. Celestino da, Relatório do Aquário Vasco da Gama, apresentado à ComissãoOceanográfica, Lisboa, Livraria Ferin-Editora, 1918, p. 2517 Ibidem, p. 2514
O AQUÁRIO <strong>VASCO</strong> <strong>DA</strong> <strong>GAMA</strong>Seabra, diretor do Aquário até à data, demitiu-se, descontente com ascondições. Sucedeu-lhe o Dr. Carlos Furtado que, pouco tempo depois,pediria também a demissão.Dr. Celestino da CostaApós quase um ano sem diretor, tendo o presidente da ComissãoAdministrativa assumido essas funções, tomará posse o professor AugustoCelestino da Costa. O Aquário encontrava-se novamente em péssimascondições financeiras.Um subsídio atribuído pelo Ministério da Marinha permitiu melhorar umpouco a situação. Em 1917, verificou-se a construção de um andar sobre afachada principal do edifício, onde surgirá uma grande sala, o “SalãoNobre”.2.3 – Aquário Vasco da Gama – Estação de Biologia Marítima (1919-1950)A 10 de maio de 1919, a Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais verá oseu sonho concretizado com a criação da Estação de Biologia Marítima. ODecreto-lei 5.615 concedeu autonomia científica e administrativa aoAquário, passando este a chamar-se Aquário Vasco da Gama – Estação deBiologia Marítima. À sua frente passou a ter um Conselho de administraçãoconstituído por um delegado do Ministério da Marinha e dois naturalistas,sendo um o seu diretor, o professor Celestino da Costa e o outro o seuassistente, o Dr. Alfredo Magalhães Ramalho. Foi ainda criada uma15