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ARQUITETURA RURAL BRASILEIRA - Histeo.dec.ufms.br

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O ENGENHO COMO UNIDADE PRODUTORADe acordo com Antonil – jesuíta do inicio do séculoXVIII –, havia dois tipos de engenho: os engenhos reais,movidos á água, e os trapiches, que utilizavam traçãoanimal (cavalos e bois).O engenho era composto por casa-grande, senzala,casa do engenho e capela. A casa-grande era aresidência do senhor de engenho. A senzala era ahabitação dos escravos.As terras do engenho eram formadas por canaviais,pastagens e áreas dedicadas ao cultivo de alimentos.


Nos arraiais ou vilas, as igrejas e as casas da câmara sedestacam intencionalmente das casas ou residências, emborausando os mesmos materiais.Aqui estiveram desde os primeiros séculos grandesarquitetos. Vieram para construir fortificações mas estendemseus trabalhos a solares e igrejas - so<strong>br</strong>etudo na Bahia e emPernambuco.As construções rurais, no entanto, são quase sempre deautores desconhecidos, embora em muitos casos se encontremtrabalhos de talha apurada, como no Sítio do Padre Inácio, emCotia, bem perto da Capital de São Paulo. Colunas de belaperfilatura, beirais encachorrados de recorte apuradíssimo,denunciam a presença de caprichosos artistas.


A neoclássica é uma arquitetura intelectualizada porexcelência. Todos os seus efeitos estão condicionados ao usocorreto de elementos e detalhes arquitetônicos dentro de umsistema muito preciso de relações e proporções. Busca umaimpressão de harmonia e so<strong>br</strong>iedade através da modulação, doequilí<strong>br</strong>io e da simetria.Fazenda Santa Genoveva


O primeiro tipo de arquitetura rural é o herdado dosengenhos de açúcar do século XVIII. Em seu aspecto geral essascasas, com alpendres, capelas e puxados que se acoplam aovolume principal, expressam muito mais uma composiçãoacidental que uma intenção plástica determinada, conseqüênciade uma maneira de construir despretensiosa e primordialmenteprática. Sua estrutura é quase sempre de esteios de madeiraso<strong>br</strong>e baldrame de pedra, e as paredes, de taipa de sebe. Otelhado, de quatro águas, espalha-se so<strong>br</strong>e os anexos em abasque prolongam as águas principais, dando às fachadas lateraisum perfil característico.É a própria irregularidade do todo,muitas vezes sublinhada pela tentativa de ordenar a composiçãode alguns vaõs, que empresta a essas casas uma graça especial.Fazenda Aliança


O segundo tipo tem como sua única representante aqui aFazenda Pau d‘Alho, pioneira no cultivo do café. Caracteriza-se pelovolume compacto, coberto por grande telhado de quatro águas,pelo alpendre que rasga de ponta a ponta a fachada principal e pelamassa sólida de seu embasamento, um porão quase sem aberturasque se assenta pesadamente so<strong>br</strong>e o solo. Mesmo sem contar com aelegante colunata toscana que confere tanta no<strong>br</strong>eza aos alpendresde Colubandê, do Capão do Bispo e do Viegas, é grande asemelhança de Pau d'Alho com essas belas casas fluminenses,todas, aparentemente, do final do século XVIII.Fazenda Pau D'Alho


O terceiro tipo de casa rural é o do grande so<strong>br</strong>ado demuitas portas e janelas: o "casarão" antológico que vem sempre àmente quando se fala em fazendas de barões do café. Ele não é,no entanto exclusivo do universo rural, sendo, ao contrário, talvezo gênero de construção que mais comparece ao longo de nossahistória quando se trata de construir um grande prédio, tantourbano quanto rural, tanto civil quanto religioso - haja vista osconventos e mosteiros que provavelmente são o seu modelofundamental.Fazenda Monte Alegre


O quarto tipo são casas de um pavimento com um so<strong>br</strong>ado aocentro da fachada, ocupando uma área menor que a do térre. Nascidades, a popularidade do gênero, a partir de meados do séculoXVIII, é atestada não só pelos inúmeros prédios que ainda estão depé em todo o Brasil como pelas descrições e lustrações dos viajantesestrangeiros do século passado. Essa popularidade se explica talvezpelo perfil aristocrático que resulta da ênfase dada ao corpo central,cujo volume mais alto transforma os corpos mais baixos, mesmoquando rudimentares, em "alas" laterais. Ao virar casa de fazenda ecasa chácara, esse tipo de so<strong>br</strong>ado perde um andar e ganhageralmente uma varanda através da qual se faz o acesso ao jardim.Fazenda Rio Novo


Finalmente, o quinto tipo é o casarão de um só pavimento,ou de um pavimento so<strong>br</strong>e porão alto. Sua principal característica,fora a horizontalidade, é a existência, ao centro da fachadaprincipal, de uma escadaria de um ou dois lances levando a umpatamar geralmente coberto por um pequeno copiar. Em algunscasos essa cobertura assume as dimensões de um pórtico ouvaranda, muitas vezes apoiado em colunas de ferro.Fazenda Resgate


Outros exemplos:Casa dos OttoniCasa de João Pinheiro


Casa de Pedro LessaCasa do Barão de DiamantinaAtual Escola EstadualMinistro Edmundo Lins


So<strong>br</strong>ado da Prefeitura MunicipalCasa de Fundição do Ouro - Atual Casa de Caridade Santa Tereza


Capela São MiguelMatriz de Nossa Senhora da Conceição


Igreja de Nossa Senhora do CarmoIgreja do Senhor BomJesus do Matozinhos


Capela de Nossa Senhora do RosárioCapela de Santa Rita


Casa do General CarneiroSítio do Pica-Pau Amarelo


HISTÓRIA DA <strong>ARQUITETURA</strong>DE CAMPO GRANDEOs principais historiadores de Campo Grande, citam quea habitação construída pelos fundadores, a partir de 1872, eraconstituída de uma casa de taipa coberta de palha de bacuriexistente nas proximidades do Córrego Prosa e única matériaprimaexistente. O barro era oriundo das barrancas do CórregoBandeira e o bacuri vinha de diversos lugares, principalmente naregião do Ceroula e Anhanduizinho.A arquitetura dessas habitações pode ser comprovadacom o estudo do único edifício existente dessa época, a sede daFazenda Bálsamo, de Antônio Luís Pereira, filho do fundador,atualmente Museu José Antônio Pereira. A sede da antigafazenda fica distante 8 km do centro da cidade, numa área desete mil metros quadrados, com várias edificações, dentre elas,uma semelhante à casa rural mineira rústica, construída emtaipa de mão, coberta de telhas de barro. O conjuntoarquitetônico, tombado pelo patrimônio histórico, possui umacasa de seis cômodos, com 98 m² e, em separado, a casa domonjolo e cozinha caipira com 42 m², o local para guarda docarro de boi e a moenda.


Em 1889, Campo Grande possuía cerca de 12 casas de esteiocobertas de telha e outras 30 cobertas de palha, todas às margens dosCórregos Prosa e Segredo. De 1889 a 1910, a vila de Santo Antônio deCampo Grande, ainda vinha recebendo tropeiros e viajantes paranegócios com gado e teve seu desenvolvimento construtivo centradona utilização da técnica da taipa, seja pela falta de matérias-primas daconstrução, ou seja, pela ausência de mão-de-o<strong>br</strong>a especializada.Construída com a pequena riqueza dos migrantes mineiros e paulistas,a casa original de Campo Grande não é um casarão nem palacete masuma edificação rústica, rural, de taipa, com piso em barro socado eapiloado, instalação sanitária, quando havia, na parte externa, comoconvinha à cultura e às necessidades locais.O Tijolo de Barro Transforma a Edificação ResidencialDo período das construções de taipa não existe maisnenhuma edificação na área urbana central: todas foram demolidas,com o passar dos anos, seja pela precariedade do seu sistemaconstrutivo ou pelas condições de salu<strong>br</strong>idade e de higiene impostaspelo Código de Posturas de 1921, que o<strong>br</strong>igava a demolição deimóveis de taipa e sua substituição por outro de alvenaria de tijolos.Um registro importante daquela época é o so<strong>br</strong>ado construído peloportuguês Manuel Joaquim de Carvalho, em 1904, com doispavimentos, em taipa e assoalho de madeira, localizado ao lado daIgreja de Santo Antônio, na atual Rua do Padre.


Os primeiros ranchos assentados na primeira rua da vila – aRua Velha, “foram construídos com certo alinhamento, uns ao ladodos outros, tomando feição de rua. Ali também foram construídasas primeiras lojas comerciais da nova vila” segundo Paulo CoelhoMachado.Essas casas rústicas, de arquitetura vernacular, foramsendo demolidas com o passar dos anos, em função da substituiçãodo material pelo tijolo, que estava aparecendo na vila e em funçãodo novo traçado da cidade, com a Planta do Plano de Alinhamentode Ruas de 1909. A alvenaria de tijolos das olarias locais foi, poucoa pouco, ocupando o lugar da taipa e com isso a imagem dapaisagem urbana foi alterada. Amando de Oliveira, construtor edono de olaria, em 1911, fez a primeira casa totalmente dealvenaria, sem esteios, na Rua 26 de Agosto, onde ele residiu.Portas e janelas de madeira, telhados com duas, três ou quatroáguas, cobertos com telhas de barro, sem forro, com omadeiramento aparente, constituíam as nossas casas erguidas nosprimeiros anos do século XX.No final da década de 10, a cidade já apresentava sinais demodernidade construtiva, com o uso de alvenaria de tijolos, telhasde barro e pintura em cal.


A Força do So<strong>br</strong>ado na Arquitetura Residencial – 1932/1945As transformações na vida doméstica ocorridas com achegada da luz elétrica e com os novos aparelhos de uso,contribuíram para transformar, também, os espaços internos dacasa. Na área de serviço, a chegada do ferro elétrico, um dosprimeiros componentes, diminuiu seu tamanho; na cozinha, oliquidificador, o fogão elétrico e os refrigeradores, promoveramenormes transformações arquitetônica no interior dessesespaços.Uma das mais expressivas edificações nesse estilo,erguida em 1936, é o so<strong>br</strong>ado de Said Name, na Rua 14 de Julho,com sua varanda e frisos que verticalizam o edifício. Foi nessetempo que a habitação de Campo Grande passou a ser projetadapor profissionais arquitetos e engenheiros: Frederico Urlass,Amélio de Carvalho Baís, Joaquim Teodoro de Faria e OtávioMendonça de Vasconcelos, além de desenhistas e projetistas.


No início do século XX a taipa ainda era usada.Imagem da Avenida Afonso Pena, a principal da cidade atualmente, em 1903.A simples casa de alvenaria rústica na Rua 13 de maio


O so<strong>br</strong>ado eclético de Baís, de 1913:revitalizado em espaço cultural.Casa de Eduardo Machadona Rua XV de novem<strong>br</strong>o: descaracterizada


Casa de Ludovina Gomes: ecletismo em lote de esquinaLinhas geométricas do Art Déco, chegam à edificação residencial


As vilas militares e as casas de alvenaria erguidas por engenheirosO bungalow dominou um certo período nos anos 40


FIM

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