5.5. LábreaOs limites <strong>sul</strong> e oeste <strong>de</strong> Lábrea abrigam a maiorárea <strong>de</strong>smatada <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas. O acessopor estradas vicinais não oficiais que partem daBR-317, da BR-364, BR-319 e BR-230 potencializaa ramificação <strong>de</strong> atores e processos no <strong>de</strong>smatamento.Em situação parecida com a vila <strong>do</strong> km 180em Manicoré, o <strong>sul</strong> <strong>de</strong> Lábrea presencia um cenário<strong>de</strong> baixíssima presença <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, grilagem <strong>de</strong> terrae exploração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. A análise e o parecer <strong>de</strong>novos planos <strong>de</strong> manejo florestal foram bloquea<strong>do</strong>s apartir <strong>de</strong> 2008, reforçan<strong>do</strong> argumentos locais <strong>para</strong> acondução <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ilegais.40Os indígenas possuem certa organização e umainstituição, a ONG OPIAJBAM, que representa16 povos indígenas da região. A pouca informaçãosobre o contexto <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> carbono <strong>para</strong> aconservação florestal e redução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento,conduziu o IDESAM a fortalecer as bases locais notema <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+ em Terras Indígenas.Em parceria com a OPIAJBAM, a FundaçãoNacional <strong>do</strong> Índio (FUNAI), a Confe<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>sPovos Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB),o Instituto Internacional <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Brasil(IIEB) e o Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Ambientais daAmazônia (IPAM), o IDESAM organizou umseminário <strong>de</strong> esclarecimento e capacitação em ativida<strong>de</strong>ssustentáveis e REDD+ em terras indígenas.Como re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> da oficina ficou constata<strong>do</strong> que ocenário vulnerável ao <strong>de</strong>smatamento, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>as obras <strong>de</strong> infraestrutura da região, torna oportunoiniciativas <strong>para</strong> conter o <strong>de</strong>smatamento através<strong>de</strong> mecanismos que valorizem as terras indígenas.Ainda que o tema <strong>de</strong> REDD+ em TIs esteja emampla discussão no Brasil e seja objeto <strong>de</strong> possívelregulamentação, houve gran<strong>de</strong> interesse por parte<strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s e ficou aberta a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> aprofundamento <strong>de</strong> um possível projeto. Asações em Boca <strong>do</strong> Acre <strong>de</strong>vem continuar, e umamaior articulação da SDS, instituições e associaçõeslocais e ONGs que atuam na região <strong>de</strong>ve serbuscada <strong>para</strong> compreen<strong>de</strong>r melhor os <strong>de</strong>safios eoportunida<strong>de</strong>s que o município enfrenta.Ainda assim, foram encontradas oportunida<strong>de</strong>spotenciais com pequenos proprietários <strong>de</strong> terras noPA Monte, que se acelera<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> titulaçãodas terras, po<strong>de</strong>ria gerar uma iniciativa <strong>para</strong> o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+. Aindaque se tenha encontra<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>contato com os principais atores <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento,<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às ativida<strong>de</strong>s econômicas estarem muitorelacionadas a cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outros Esta<strong>do</strong>s comoAcre e Rondônia, foi concluí<strong>do</strong> que novas incursõespo<strong>de</strong>riam levar a um melhor entendimento daregião. Os próximos passos necessários <strong>de</strong>vem focarem compreen<strong>de</strong>r melhor o cenário <strong>de</strong> uso e posseda terra no município, seus atores e investimentos, epropor ativida<strong>de</strong>s que envolvam REDD+ na região,e principalmente focadas nos projetos <strong>de</strong> assentamentoPA Monte I e II e entorno.
6. Conclusões e RecomendaçõesAs condições <strong>de</strong> baixa governança, situação fundiária in<strong>de</strong>finida e pressão<strong>de</strong> ocupação da terra através <strong>de</strong> estradas não oficiais propiciam um cenárioi<strong>de</strong>al <strong>para</strong> o avanço <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento na região <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Amazonas. Mesmo comtaxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong>crescentes em regiões <strong>de</strong> fronteiras consolidadas,regiões como a área <strong>do</strong> <strong>estu<strong>do</strong></strong> apresentam dinâmicas próprias <strong>de</strong> uso da terra,que <strong>de</strong>vem contar com estratégias e ações diferenciadas <strong>para</strong> gerar impactospositivos <strong>para</strong> a manutenção da cobertura florestal e o <strong>de</strong>senvolvimento sustentávelregional.A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> carbono em jogo são consi<strong>de</strong>ráveis e, mesmocom ações pontuais <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controle, as ativida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong>strutivasda floresta continuam a ocorrer. Além disso, os riscos associa<strong>do</strong>s à<strong>de</strong>gradação da floresta por incêndios estão aumentan<strong>do</strong> mesmo em áreas on<strong>de</strong>ocorreu a redução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento, tornan<strong>do</strong> mais preocupante as questões<strong>de</strong> permanência <strong>de</strong>ssas florestas. A migração <strong>do</strong> setor ma<strong>de</strong>ireiro <strong>para</strong> o Sul<strong>do</strong> Amazonas também tem gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar novos focos <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento associa<strong>do</strong>s à abertura <strong>de</strong> estradas. As forças <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamentoestão inseridas no cenário econômico da globalização e a produtivida<strong>de</strong> e aespeculação <strong>de</strong> terras ainda tem um papel importante na conversão da floresta.O envolvimento <strong>de</strong> atores das bases, aumentan<strong>do</strong> a capacitação <strong>para</strong> ali<strong>de</strong>rança e autonomia na busca <strong>de</strong> direitos <strong>do</strong>s habitantes da floresta <strong>de</strong>ve serfortalecida. Assim, ações que se baseiam na lógica econômica e na especulação<strong>de</strong> terras tem mais chances <strong>de</strong> serem barradas pelos atores locais. O cenáriopolítico <strong>de</strong> REDD+ cada vez mais atesta que comunida<strong>de</strong>s tradicionais epovos indígenas <strong>de</strong>vem ter salvaguardas e exercer papel <strong>de</strong> protagonismo nasações e ser o alvo <strong>do</strong>s benefícios financeiros que visam à conservação dasflorestas e seus estoques <strong>de</strong> carbono e <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>.A implementação <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> REDD+ em escala subnacional (programas,projetos e ativida<strong>de</strong>s) <strong>de</strong>ve estar sempre atrelada a uma estrutura<strong>de</strong> monitoramento, relatoria e verificação <strong>de</strong> nível nacional. Para garantir atransparência e evitar dupla contabilida<strong>de</strong> entre reduções <strong>de</strong> emissões nacionaise subnacionais, se propõe a criação <strong>de</strong> Sistemas Nacionais <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong>REDD+. No Brasil, existe a proposta <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> lei 15 que aborda esseassunto e que contou com ampla participação da socieda<strong>de</strong>, e se aprova<strong>do</strong>,servirá <strong>de</strong> marco legal <strong>para</strong> mecanismos <strong>de</strong> REDD+ no Brasil.A crescente criação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+ indicam umcenário favorável <strong>para</strong> a conservação da floresta amazônica, <strong>de</strong>ntre os outrosbiomas brasileiros. O fortalecimento das capacida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r públicomunicipal e das organizações da socieda<strong>de</strong> civil <strong>para</strong> gerir os recursos naturaisao nível local é essencial e <strong>de</strong>ve ser busca<strong>do</strong>. O Governo <strong>do</strong> Amazonas estáempenha<strong>do</strong> nessa direção e um acompanhamento pela socieda<strong>de</strong> civil dasações e re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s é extremamente necessário <strong>para</strong> monitorar,moldar e indicar os caminhos a serem segui<strong>do</strong>s. Contu<strong>do</strong>, a ocupação<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada re<strong>sul</strong>tante da abertura <strong>de</strong> estradas fe<strong>de</strong>rais e não oficiais é umproblema potencializa<strong>do</strong> pela geopolítica local, que os municípios sozinhosnão tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar, e cuja solução passa necessariamente pelamaior interlocução com os governos estaduais e fe<strong>de</strong>rais.Nesse senti<strong>do</strong> a pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s, programas e projetos <strong>de</strong>REDD+ se torna essencial <strong>para</strong> essa região. Não só como forma <strong>de</strong> promover aconservação florestal, mas como função <strong>de</strong> implantar uma nova economia produtiva<strong>de</strong> base florestal. Tal cenário <strong>de</strong>ve ser reforça<strong>do</strong> por se tratar <strong>de</strong> áreasque <strong>de</strong>têm incomparável diversida<strong>de</strong> biológica e cultural, com seus habitantestradicionais marginaliza<strong>do</strong>s ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico basea<strong>do</strong>na produção agropecuária capitalizada.Foram i<strong>de</strong>ntificadas algumas oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> projetos <strong>de</strong> REDD+e conservação florestal e seus estoques <strong>de</strong> carbono, sen<strong>do</strong> no município<strong>de</strong> Apuí on<strong>de</strong> a configuração <strong>para</strong> esse fim se apresenta mais favorável. Osoutros municípios, salvo locais específicos, carecem <strong>de</strong> maior articulaçãolocal e regional <strong>para</strong> criar as bases necessárias. No entanto, muitas outrasregiões abordadas nesse <strong>estu<strong>do</strong></strong> como outras não abordadas continuam asofrer com a <strong>de</strong>struição da floresta, com a perda <strong>de</strong> hábitat <strong>de</strong> espécies ameaçadase endêmicas e <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> cultural que ainda restam nas florestas <strong>do</strong>Sul <strong>do</strong> Amazonas.15Projeto <strong>de</strong> Lei substitutivoao PL 5586/2009, disponívelem: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/791239.pdf41