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estudo de oportunidades para a região sul do amazonas

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vieram morar na zona urbana, embora tenhamproprieda<strong>de</strong> rural que po<strong>de</strong> ou não ser produtiva.Caracterização TerritorialEm teoria, a caracterização territorial emApuí chega a quase 100% <strong>do</strong> território, comaproximadamente 6% não <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>. Emborapareça que em Apuí não há problema, na verda<strong>de</strong>a situação fundiária é caótica, principalmentena área <strong>do</strong> PA Rio Juma, apresentan<strong>do</strong> apenas17,6% <strong>de</strong> terras tituladas, valor muito baixo secom<strong>para</strong><strong>do</strong> a outros assentamentos na Amazônia(Carrero 2009) Assim, a irresolução fundiáriacontribui <strong>para</strong> reduzir as opções <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>sprodutivas legais, como por exemplo, o manejof lorestal, e continua incentivar a expansão <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento associa<strong>do</strong> à pecuária e à especulação<strong>de</strong> terras nessa região que concentra a maioriada área <strong>de</strong>smatada <strong>do</strong> município. A maiorparte da área territorial <strong>do</strong> município pertence àUnião. As áreas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, cerca <strong>de</strong> 2,2 milhões<strong>de</strong> hectares, estão todas localizadas no extremo<strong>sul</strong> <strong>do</strong> Apuí, on<strong>de</strong> compõem o mosaico <strong>de</strong> UC<strong>do</strong> Apuí. Segun<strong>do</strong> o INCR A, o município nãotem perímetro urbano e toda a área ocupada pelase<strong>de</strong> municipal está localizada no PA Rio Juma.fundiária in<strong>de</strong>finida contribui <strong>para</strong> a especulação<strong>de</strong> terras e a <strong>de</strong>rrubada da floresta. O INCRA é oúnico órgão governamental fundiário presente emApuí, e possui um escritório na se<strong>de</strong> <strong>do</strong> municípiosubordina<strong>do</strong> à superintendência estadual <strong>do</strong> Amazonas.Durante os diagnósticos foi verifica<strong>do</strong> queexiste uma forte necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reestruturação nabase local, que carece <strong>de</strong> investimentos em estrutura,equipamentos e recursos humanos <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>ras fortes <strong>de</strong>mandas fundiárias <strong>do</strong> município.O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio atualmente é fazer com queas propostas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento territorial e regularizaçãofundiária sejam implementadas e mantidas.Nas regiões da Amazônia conhecidas como“fronteiras <strong>de</strong> expansão agrícola” (geralmentelocalizadas em pontos remotos e <strong>de</strong> difícil acessoon<strong>de</strong> existe pouca presença <strong>do</strong>s órgãos governamentais),a ocupação <strong>de</strong> terras se dá <strong>de</strong> forma<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada e à margem da lei. Em Apuí esseprocesso é bastante característico, e ainda que<strong>de</strong>ssa ocupação gran<strong>de</strong> porção ocorra <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>PA Rio Juma, o município passa por constanteprocesso <strong>de</strong> grilagem, venda e ocupação ilegal<strong>de</strong> terras por pessoas <strong>do</strong> Pará, Rondônia e MatoGrosso. Atualmente existe uma comissão criadapelo INCR A <strong>de</strong> Brasília, e executada em conjuntocom o Ministério <strong>de</strong> Desenvolvimento Agrário(MDA), especificamente <strong>de</strong>signada <strong>para</strong> avaliar,julgar e emitir pareceres <strong>para</strong> que o processo <strong>de</strong>regularização fundiária e <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> títulosseja concretiza<strong>do</strong> em Apuí.Uso da terraFigura 3.Localização geográfica ecaracterização territorial<strong>de</strong> ApuíAs Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação ocupam 63% daárea <strong>do</strong> município, sen<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 26% UC <strong>de</strong>proteção integral e 37% <strong>de</strong> uso sustentável (Tabela1). Apuí possui ainda cerca <strong>de</strong> 30% <strong>de</strong> suas terrassob Projetos <strong>de</strong> Assentamento da Reforma Agrária,sen<strong>do</strong> o PA Rio Juma o maior e mais populoso.É exatamente neste PA que ocorre a maioria <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento no município, e on<strong>de</strong> a situação7


8Cerca <strong>de</strong> 90% das terras em uso <strong>para</strong> produçãoagrícola em Apuí estão ocupadas compastagens (IDAM 2008a), e abrigam um rebanho<strong>de</strong> 137.000 cabeças <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> (CODESAV2009). Algumas proprieda<strong>de</strong>s praticam agriculturafamiliar (mão <strong>de</strong> obra realizada pelospróprios mora<strong>do</strong>res da proprieda<strong>de</strong>) ou quan<strong>do</strong>muito com troca <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> produtoresvizinhos <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s específicas. Dentre 83famílias, nenhuma <strong>de</strong>las utiliza insumos naspastagens e 31% <strong>de</strong>las trabalham <strong>para</strong> outrasfazendas na roça <strong>de</strong> pastos, construção <strong>de</strong> cercase <strong>de</strong>rrubada da floresta (Carrero 2009).O PA R io Juma ocupa uma faixa <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>40 km <strong>de</strong> cada la<strong>do</strong> da ro<strong>do</strong>via numa extensão<strong>de</strong> aproximadamente 110 km e possui cerca <strong>de</strong>115.000 hectares <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>s e que correspon<strong>de</strong>mcerca <strong>de</strong> 70% da área <strong>de</strong>smatada acumuladano município (Carrero 2009). O planejamento<strong>para</strong> o PA Rio Juma era a consolidação da ativida<strong>de</strong>agrícola e até o final da década <strong>de</strong> 1980era o maior assentamento produtor <strong>de</strong> grãos <strong>do</strong>esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas (INCR A 2006). Coinci<strong>de</strong>ntementecom a elevação da região a município, aprodução agrícola diminuiu drasticamente, tantopela <strong>de</strong>sestruturação da venda da produção e dascooperativas como pelo aban<strong>do</strong>no da ativida<strong>de</strong><strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> manutenção das estradas. Alémdisso, o projeto foi cria<strong>do</strong> em área <strong>de</strong> solos nãomuito produtivos com poucos incentivos e semorientação técnica, o que levou muitos produtoresfamiliares a aban<strong>do</strong>nar suas terras em busca<strong>de</strong> emprego ou terras em outras frentes <strong>de</strong> ocupaçãona Amazônia.Tabela 1. Categorias <strong>de</strong> uso fundiário no município <strong>de</strong> Apuí e suas respectivas áreas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limites municipais 7 .Categoria Nome Jurisdição Área (ha) % Área Municipal %FLOREST <strong>do</strong> Apui Estadual 180.5973,3%Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>FLOREST <strong>do</strong> Aripuanã Estadual 327.022 6,0%Conservação <strong>de</strong> Uso FLOREST <strong>do</strong> Sucunduri Estadual 480.468 8,9%SutentávelFLONA <strong>do</strong> Jatuarana* Fe<strong>de</strong>ral 583.983 36,9%10,8%RDS Aripuana Estadual 218.508 4,0%RDS Bararati Estadual 107.688 2,0%RESEx <strong>do</strong> Guariba Estadual 105.700 1,9%Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>PAREST <strong>do</strong> Sucunduri Estadual 787.64914,5%Conservação <strong>de</strong>26,2%PARNA <strong>do</strong> Juruena Fe<strong>de</strong>ral 631.800Proteção Integral11,6%Terras IndígenasTI Alto Sepatini** Fe<strong>de</strong>ral 26.0740,5%0,6%TI Rio Par<strong>do</strong>*** Fe<strong>de</strong>ral 9.009 0,2%Projetos <strong>de</strong>PA Acari Fe<strong>de</strong>ral 6.0320,1%13,9%Assentamento PA Rio Juma Fe<strong>de</strong>ral 749.820 13,8%Projetos <strong>de</strong>PAE Aripuanã-Guariba Fe<strong>de</strong>ral 793.57014,6%Assentamento Agro-16,1%PAE São Benedito Fe<strong>de</strong>ral 77.219Extrativistas1,4%Áreas não <strong>de</strong>stinadasTitularida<strong>de</strong>in<strong>de</strong>finida****338.680 6,2% 6,2%TOTAL 5.424.000 100% 100%* 54.875 hectares da FLONA Jatuarana estão sobrepostos com PA Rio Juma e PAE- Aripuanã Guariba.** Toda a T.I. Alto Sepatini se encontra sobreposta com o PAE Aripuanã-Guariba*** Toda a extensão da T.I. Rio Par<strong>do</strong> no município <strong>de</strong> Apuí está sobreposta à FLOREST <strong>do</strong> Aripuanã.**** Estas áreas não são caracterizadas em uma escala macro. Essas áreas po<strong>de</strong>m contem proprieda<strong>de</strong>s privadas, glebas estaduais oufe<strong>de</strong>rais ainda não <strong>de</strong>stinadas.7As áreas apresentadas nacaracterização territorial <strong>de</strong>ssee <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os outros municípiosforam obtidas <strong>do</strong>s cálculosrealiza<strong>do</strong>s em ambiente <strong>de</strong> SIG,utilizan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s espacializa<strong>do</strong>sem formato shapefiledisponibiliza<strong>do</strong>s pelo INCRA,FUNAI e MMA (UCs Fe<strong>de</strong>rais eEstaduais). Assim, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a escala<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, os valores <strong>de</strong> áreaaqui apresenta<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m diferirum pouco <strong>do</strong> que está publica<strong>do</strong>no Diário Oficial da União <strong>para</strong>cada tipo <strong>de</strong> área <strong>de</strong>finida.


Ad.1 Ad. 2 Ad. 3 Ad. 4Ad. 5 Ad. 6 Ad. 7 Ad. 821


Caracterização TerritorialAproximadamente 45% <strong>do</strong> território <strong>de</strong>Manicoré é constituí<strong>do</strong> por áreas <strong>de</strong>finidas,distribuídas em Terras Indígenas, Projetos <strong>de</strong>Assentamentos e Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ConservaçãoEstadual e Fe<strong>de</strong>ral. As áreas <strong>de</strong>smatadas e sobpressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento estão localizadas principalmentepróximas à se<strong>de</strong> <strong>do</strong> município e nasmargens da ro<strong>do</strong>via Transamazônica (ao Sul),on<strong>de</strong> está localizada a vila <strong>de</strong> Santo Antonio <strong>do</strong>Matupi, também chamada <strong>de</strong> “Vila <strong>do</strong> km 180”.No entanto, com a pavimentação da via <strong>de</strong> acesso<strong>para</strong> a BR 319 (AM 464), se espera uma provávelnova frente <strong>de</strong> ocupação e <strong>de</strong>smatamento naregião noroeste <strong>do</strong> município.Figura 7. LocalizaçãoGeográfica ecaracterização territorial<strong>de</strong> Manicoré.Segun<strong>do</strong> informações <strong>do</strong> Instituto <strong>de</strong> Terras eTributos <strong>de</strong> Manicoré (ITT), as terras <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio<strong>do</strong> município representam apenas 20 km <strong>do</strong>entorno da se<strong>de</strong> municipal, na margem direita <strong>do</strong>rio Ma<strong>de</strong>ira. As áreas <strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio fundiário daUnião correspon<strong>de</strong>m a 20.366 km². O <strong>do</strong>míniofundiário <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> totaliza 22.535 km².Uso da Terra12Manicoré apresenta o perfil típico <strong>de</strong> ummunicípio amazonense, com agricultura familiare extrativismo como base das ativida<strong>de</strong>s produtivas.Apresenta também uma porção <strong>de</strong> pecuáriamais característica das regiões <strong>de</strong> fronteira <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento (km 180). A agricultura <strong>de</strong>senvolvidano município <strong>de</strong> Manicoré está voltadatanto <strong>para</strong> a subsistência como <strong>para</strong> a comercialização.É praticada nas áreas <strong>de</strong> várzea e <strong>de</strong> terrafirme. As culturas pre<strong>do</strong>minantes na região sãoa mandioca, banana, melancia, milho e feijão(IBGE 2009).A cultura da mandioca constitui a principalativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida pelo pequeno produtorrural, realizada em mol<strong>de</strong>s rudimentares,pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cultivares e/ouvarieda<strong>de</strong>s plantadas <strong>de</strong> forma aleatória (IDA M


Categoria Nome Jurisdição Área(ha) %RDS <strong>do</strong> Rio Amapa Estadual 214.802Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>RDS Rio Ma<strong>de</strong>ira Estadual 41.823Conservação Uso11,6%Sustentável RESEx <strong>do</strong> Lago <strong>do</strong>Capanã Gran<strong>de</strong>*Estadual 304.114Tabela 3. Categorias <strong>de</strong> uso fundiário no município <strong>de</strong>Manicoré e suas respectivas áreas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limitesmunicipaisUnida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ConservaçãoProteçãoIntegralPAREST MatupiriSetor SulPARNA <strong>do</strong>s CamposAmazonicosEstadual 455.164Fe<strong>de</strong>ral 162.75412,8%TI Ariramba Fe<strong>de</strong>ral 10.363TI Lago Capanã Fe<strong>de</strong>ral 6.325TI Lago Jauari Fe<strong>de</strong>ral 12.028TI Pinatuba Fe<strong>de</strong>ral 29.550TI Rio Manicoré Fe<strong>de</strong>ral 19.484Terra IndígenaTI Sepoti Fe<strong>de</strong>ral 251.10616,8%TI TenharimMarmelosFe<strong>de</strong>ral 168.353TI TenharimMarmelos ( Gleba B)Fe<strong>de</strong>ral 260.066TI Torá Fe<strong>de</strong>ral 52.378Projeto <strong>de</strong>AssentamentoPA Matupi Fe<strong>de</strong>ral 35.387 0,7%PAE Matupiri Fe<strong>de</strong>ral 9.677Projeto <strong>de</strong>PAE Baetas Fe<strong>de</strong>ral 39.081Assentamento PAE Botos Fe<strong>de</strong>ral 1.085Agro-PAE Jenipapo Fe<strong>de</strong>ral 40.1214,5%ExtrativistaPAE Lago <strong>do</strong> Acará Fe<strong>de</strong>ral 119.550PAE Onças Fe<strong>de</strong>ral 9.462Áreas nãoTitularida<strong>de</strong><strong>de</strong>stinadasin<strong>de</strong>finida**2.595.006 53,7%Total 4.828.300 100%* O PAE Lago <strong>do</strong> Acará sobrepõe uma área <strong>de</strong> 9381 ha com a RESEx.** Estas áreas não são caracterizadas em uma escala macro. Essas áreas po<strong>de</strong>m contem proprieda-2008b). A maioria <strong>do</strong>s produtores realiza oplantio em áreas arrendadas e em menor escalaem áreas próprias. Manicoré é o maior produtor<strong>de</strong> melancia <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, cultivada principalmentenas áreas <strong>de</strong> várzea. Mandioca, melanciae banana aten<strong>de</strong>m ao merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r queestá concentra<strong>do</strong> nos centros urbanos <strong>de</strong> Manause Porto Velho. O extrativismo <strong>de</strong> castanha <strong>do</strong>Brasil e da borracha (em menor quantida<strong>de</strong>) ésignificativo, principalmente <strong>para</strong> ribeirinhosque utilizam ou vivem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> UC <strong>de</strong> Uso Sustentávele <strong>para</strong> as populações indígenas.O <strong>de</strong>smatamento <strong>para</strong> a abertura <strong>de</strong> pastagensvem crescen<strong>do</strong> paulatinamente nos últimos anos,principalmente na vila <strong>do</strong> km 180 ou Matupi,localizada ao <strong>sul</strong> <strong>do</strong> município às margens daro<strong>do</strong>via Transamazônica. Po<strong>de</strong>-se dizer que aVila <strong>do</strong> km 180 é um caso a parte <strong>de</strong> Manicoré econta com uma administração quase que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.Sua população é composta por mais<strong>de</strong> 5.000 habitantes, principalmente imigrantes<strong>de</strong> fora <strong>do</strong> Amazonas, que se assentaram no localapós a abertura da Transamazônica <strong>para</strong> extração<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e produção <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>. O rebanhoé composto por cerca <strong>de</strong> 50.000 cabeças, comcrescente participação <strong>do</strong> ga<strong>do</strong> misto girolândia,adquiri<strong>do</strong> fora <strong>do</strong> município (SDS 2009a).Também na região <strong>do</strong> km 180 a pressão <strong>de</strong>extração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira é intensa. Conta com 22 serrarias(I<strong>de</strong>sam, 2009), que aos poucos migraram<strong>de</strong> esta<strong>do</strong>s vizinhos <strong>de</strong> Rondônia e Mato Grosso,principalmente através da ro<strong>do</strong>via <strong>do</strong> Estanho.É nessa região que se <strong>de</strong>ve compreen<strong>de</strong>r melhorcomo as ativida<strong>de</strong>s agropecuárias e <strong>de</strong> exploraçãoflorestal ocorrem, e quais os atores e o nível <strong>de</strong>organização social presentes.<strong>de</strong>s privadas, glebas estaduais ou fe<strong>de</strong>rais ainda não <strong>de</strong>stinadas.13


2.4. Boca <strong>do</strong> AcreHistórico e LocalizaçãoEm 1890, é <strong>de</strong>smembra<strong>do</strong> <strong>de</strong> Lábrea o territórioque viria a formar o município <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong>Acre. O município originou-se na conf luência<strong>do</strong>s rios Acre e Purus e recebeu este nome porDecreto-Lei, em 1938. Como margeiam o rio,as áreas são constantemente inundadas e, oentão governa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> Coronel Valter <strong>de</strong>Andra<strong>de</strong>, optou por transferir a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> município<strong>para</strong> o Platô <strong>do</strong> Piquiá, sete quilômetrosdistante da se<strong>de</strong> antiga, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolveu umanova área urbana e <strong>para</strong> on<strong>de</strong> migraram todasas se<strong>de</strong>s <strong>de</strong> instituições governamentais e novasresidências <strong>do</strong> município (Portal <strong>do</strong> Purus 2010).O município localiza-se a su<strong>do</strong>este <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Amazonas (Figura 9), com sua se<strong>de</strong> distante1023 km em linha reta <strong>de</strong> Manaus e possui umaárea territorial <strong>de</strong> 22.349 km2 (IBGE 2009).Limita-se a oeste e norte com Pauini, a leste comLábrea e ao <strong>sul</strong> com o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre. O acessoao município po<strong>de</strong> ser pelo rio Purus ou Acre,ou pela BR-317 por terra, com distância <strong>de</strong> 205km <strong>de</strong> Rio Branco, sen<strong>do</strong> a parte <strong>do</strong> Acre asfaltadae a parte <strong>do</strong> Amazonas (104 km) ainda emterra batida. O trecho da BR-317 no Amazonasestá previsto <strong>para</strong> ser pavimenta<strong>do</strong> através <strong>do</strong>Programa <strong>de</strong> Aceleração <strong>do</strong> Crescimento (PAC).Este trecho <strong>de</strong> terra, no inverno, torna-se poucotrafegável complican<strong>do</strong> a vida <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>rese <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da estrada. O acesso fluvial,pelo sinuoso e entremea<strong>do</strong> rio Purus, conecta14Figura 8. DinâmicaPopulacional em Boca<strong>do</strong> Acre entre 1991 e2007; porcentagem entrepopulação urbana e ruralentre 1996 e 2007.Fonte: IBGE 2009


Boca <strong>do</strong> Acre aos municípios <strong>de</strong> Pauini, Lábrea,Canutãma, Tapauá e Beruri até conf luir comrio Solimões e conectar Manaus (2.439 km <strong>de</strong>distância fluvial).Com a abertura da BR-317 que conecta o municípioao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre, iniciou-se um forte processo<strong>de</strong> ocupação e migração <strong>de</strong> pecuaristas e agricultoresvin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>sul</strong> e su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil; os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong>produção tradicionais, como extrativismo e agricultura<strong>de</strong> subsistência se misturaram com as ativida<strong>de</strong>specuárias e agrícolas re<strong>sul</strong>tan<strong>do</strong> em crescimento econômicoe populacional no município, mas tambémem conflitos sociais e <strong>de</strong> terras com povos indígenase comunida<strong>de</strong>s tradicionais.Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mográficos mostram uma população<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30 mil habitantes com pouco crescimento,mas recente migração <strong>para</strong> a zona urbana.A população urbana cresceu 5% entre 1996 e 2007(Figura 8). A baixa taxa <strong>de</strong> crescimento populacionalnesse perío<strong>do</strong> po<strong>de</strong> estar associada às dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>acesso e <strong>de</strong>corrente migração <strong>de</strong> parte da populaçãoem busca <strong>de</strong> alternativa <strong>de</strong> trabalho nos principaiscentros urbanos, como Rio Branco e Porto Velho.categorias <strong>de</strong> área protegida ou mesmo em projetos<strong>de</strong> assentamento. Po<strong>de</strong>mos citar as comunida<strong>de</strong>sindígenas Goiaba (etnia Jamamadi), localizada<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> PA Monte, Cajueiro (etnia Apurinã) eMaracajú II no rio Purus <strong>de</strong>ntro da RESEX Arapixi.Caracterização TerritorialO município <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong> Acre possui uma áreatotal <strong>de</strong> 22.349 km2, <strong>de</strong>ntre os quais cerca <strong>de</strong>Figura 9.Localizaçãogeográfica ecaracterizaçãoterritorial <strong>de</strong>Boca <strong>do</strong> Acre32% são áreas protegidas, distribuídas em TerrasIndígenas e UC Fe<strong>de</strong>rais. Os conflitos sobrea regularização <strong>de</strong> terras ocorrem por to<strong>do</strong> omunicípio, sejam em áreas indígenas não <strong>de</strong>marcadasou nos projetos <strong>de</strong> assentamento, on<strong>de</strong> amaioria <strong>do</strong>s proprietários não possui <strong>do</strong>cumentaçãoque comprovem a titularida<strong>de</strong> da proprieda<strong>de</strong>.Duas terras indígenas da etnia Apurinã sãocortadas pela Ro<strong>do</strong>via BR -317 (TI Boca <strong>do</strong> Acree TI km 124).As populações indígenas são representadaspelas etnias Apurinã, Jamamadi, Zuruaha, Baniwa,Paumari, Deni, Juma, Katawixi, Katukina e Mamoai.Estas etnias estão distribuídas em territórios <strong>de</strong>marca<strong>do</strong>s,ainda não <strong>de</strong>marca<strong>do</strong>s ou até <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> outras15


Tabela 4. Categorias<strong>de</strong> uso fundiário nomunicípio <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong>Acre e suas respectivasáreas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s limitesmunicipaisCategoria Nome Jurisdição Área(ha) %Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação Uso Sustentável FLONA Mapia-Inauini Fe<strong>de</strong>ral 339,176 21.2%Terra IndígenaRESEx Arapixi Fe<strong>de</strong>ral 133,706TI Apurinã Km 124 BR-317 Fe<strong>de</strong>ral 8,924TI Boca <strong>do</strong> Acre Fe<strong>de</strong>ral 8,782TI Caiapucá Fe<strong>de</strong>ral 3,264TI Camicuã Fe<strong>de</strong>ral 58,106TI Igarapé Capanã Fe<strong>de</strong>ral 128,806TI Inauni, TeuniI Fe<strong>de</strong>ral 9,406TI Iquimera Fe<strong>de</strong>ral 4,066TI Jamamadi <strong>de</strong> Lour<strong>de</strong>s Fe<strong>de</strong>ral 3,266TI Jaminawá Col. SãoFranciscoFe<strong>de</strong>ral 3,264TI Monte, Primavera,Goiaba*Fe<strong>de</strong>ral 4,066TI Val<strong>para</strong>íso Fe<strong>de</strong>ral 4,068Projeto <strong>de</strong> Assentamento PA Monte Fe<strong>de</strong>ral 10,103 0.5%Projeto <strong>de</strong> Assentamento Agro-ExtrativistaPAE Antimary Fe<strong>de</strong>ral 21,810PAE Terruá Fe<strong>de</strong>ral 4,2421.2%Áreas não <strong>de</strong>stinadas Titularida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>finida** 1.491.111 66,6%Total 2.234.900 100%10.6%* 1.265 ha sobrepostos com o PA Monte** Estas áreas não são caracterizadas em uma escala macro. Essas áreas po<strong>de</strong>m contem proprieda<strong>de</strong>s privadas, glebas estaduais ou fe<strong>de</strong>rais ainda não <strong>de</strong>stinadas.16Uso da TerraA pecuária <strong>do</strong> município <strong>do</strong>mina o cenárioprodutivo e econômico e se sobrepõe às culturasagrícolas e ao extrativismo. Atualmente, Boca <strong>do</strong>Acre é o município consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como o maiorprodutor <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> <strong>de</strong> corte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas.Segun<strong>do</strong> o IDAM, o rebanho em 2008 totalizoumais <strong>de</strong> 81.000 cabeças. Contu<strong>do</strong>, o municípioé conecta<strong>do</strong> com áreas <strong>do</strong> município vizinho <strong>de</strong>Lábrea, principalmente no PA Monte e em estradassecundárias e fundiárias que abrigam mais <strong>de</strong>280.000 cabeças. Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>sta produção éabatida no frigorífico Frizam na cida<strong>de</strong> (abate cerca<strong>de</strong> 400 cabeças por dia) e <strong>de</strong>pois transportada emcaminhões refrigera<strong>do</strong>s <strong>para</strong> Porto Velho e <strong>de</strong> lá<strong>para</strong> o Sul <strong>do</strong> país e/ou Manaus 9 .O extrativismo vegetal representa fonte <strong>de</strong>renda <strong>para</strong> comunida<strong>de</strong>s ribeirinhas e habitantes<strong>de</strong> UC e TI, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>stacam a borracha, a castanha<strong>do</strong> Brasil e a ma<strong>de</strong>ira. No caso da castanha,a produção é <strong>de</strong>stinada pelo Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>para</strong> a merenda das escolas públicas. Existe tambémum convênio com o Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre <strong>para</strong> acomercialização. A agricultura <strong>de</strong>senvolvida nomunicípio está mais voltada <strong>para</strong> a subsistência e émais praticada em terra firme <strong>do</strong> que em áreas <strong>de</strong>várzea. As culturas pre<strong>do</strong>minantes na região são amandioca, banana, milho e arroz (IBGE 2009).9Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> on<strong>de</strong> o ga<strong>do</strong>é produzi<strong>do</strong>, o município <strong>de</strong>Boca <strong>do</strong> Acre possui menoscabeças que os municípios <strong>de</strong>Lábrea ou <strong>de</strong> Apuí.


2.5. LábreaHistórico e LocalizaçãoLocaliza<strong>do</strong> às margens <strong>do</strong> Rio Purus, o municípioiniciou sua história com a fundação <strong>de</strong> umamissão <strong>de</strong> índios em 1854, sob o nome <strong>de</strong> SãoLuís Gonzaga. Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1871 chega umagran<strong>de</strong> leva <strong>de</strong> maranhenses, sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong>Cel. Antônio Rodrigues Pereira Lábrea, instalan<strong>do</strong>-seàs margens <strong>do</strong> rio Purus, na terra firme<strong>de</strong> Amaciari, que passa a <strong>de</strong>nominar-se elevação<strong>de</strong> Lábrea. Em 1874 é cria<strong>do</strong> o distrito <strong>de</strong> paz<strong>de</strong> Lábrea, que em 1881 é eleva<strong>do</strong> à categoria <strong>de</strong>vila. Em 1894 Lábrea é elevada à categoria <strong>de</strong>cida<strong>de</strong> e município (Brasil Social 2010).Lábrea encontra-se na região su<strong>do</strong>este <strong>do</strong>Amazonas, limitan<strong>do</strong>-se a oeste com Boca <strong>do</strong>Acre e Pauini, a norte com Tapauá, a norte e lestecom Canutama e ao <strong>sul</strong> com os Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Rondôniae Acre. Sua se<strong>de</strong> está distante 783 km emlinha reta e 1926 km por via f luvial <strong>de</strong> Manaus(Rio Purus). O acesso terrestre se dá através daro<strong>do</strong>via BR-230 (Transamazônica) que terminaem Lábrea conectan<strong>do</strong>-se à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Humaitá etoda a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> estradas que liga ao <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Brasil,esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se até a região Nor<strong>de</strong>ste. Em época<strong>de</strong> chuvas, esse trecho da BR-230 se torna praticamenteintransponível, limitan<strong>do</strong> o transporte<strong>de</strong> pessoas e merca<strong>do</strong>rias. Para acessar o extremo<strong>sul</strong> <strong>do</strong> município, on<strong>de</strong> se localiza a gran<strong>de</strong> partedas áreas <strong>de</strong>smatadas, as vias <strong>de</strong> entrada são asestradas secundárias ou clan<strong>de</strong>stinas que partemFigura 10. DinâmicaPopulacional em Lábreaentre 1991 e 2007 (a);Porcentagem entrepopulação urbana e ruralentre 1996 e 2007(b).Fonte: IBGE 2008ada ro<strong>do</strong>via BR-364, que liga as capitais PortoVelho (RO) e Rio Branco (AC).Os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>mográficos indicam uma população<strong>de</strong> aproximadamente 37 mil habitantes (IBGE2009). No ano 2000, o IBGE informava queaproximadamente 70% da população residia emárea urbana. Em 2007, o percentual da populaçãoresidin<strong>do</strong> na área urbana caiu <strong>para</strong> cerca <strong>de</strong> 60%.Lábrea apresentou um aumento na taxa populacionalentre 1991 e 2007, talvez em função damigração <strong>de</strong> pessoas em busca <strong>de</strong> áreas rurais ou<strong>de</strong> alternativa <strong>de</strong> trabalho no município. As populaçõesindígenas são representadas pelas etniasKanamari, Kaxarari, Paumari, Zumaha, Banawá,Deni, Juma, Katawixi, Katukina e Mamoaí.Caracterização TerritorialO município <strong>de</strong> Lábrea possui uma áreatotal <strong>de</strong> 68.229 km², sen<strong>do</strong> que cerca <strong>de</strong> 76%tem or<strong>de</strong>namento territorial <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> (Tabela17


Categoria Nome Jurisdição Área(ha) %Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Conservação UsoRESEx <strong>do</strong> Medio Purus Fe<strong>de</strong>ral 604.209SustentávelRESEx Ituxi Fe<strong>de</strong>ral 776.94920,2%Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Conservação <strong>de</strong> Proteção FLONA <strong>do</strong> Iquiri Fe<strong>de</strong>ral 1.476.730IntegralPARNA Mapinguari Fe<strong>de</strong>ral 888.29934,7%TI Acimã Fe<strong>de</strong>ral 40.620TI Alto Sepatini Fe<strong>de</strong>ral 26.069TI Apurinã KM 124 BR-317 Fe<strong>de</strong>ral 33.364TI Apurinã <strong>do</strong> Igarapé Mucuim Fe<strong>de</strong>ral 72.848TI Banawa Fe<strong>de</strong>ral 1.722TI Boca <strong>do</strong> Acre Fe<strong>de</strong>ral 17.809TI Caititu Fe<strong>de</strong>ral 309.686TI Deni Fe<strong>de</strong>ral 74.117TI Hi-Merimã Fe<strong>de</strong>ral 81.487Terra IndígenaTI Jarawara, Jamamadi,18,8%Fe<strong>de</strong>ral 145.746KanamatiTI Jacareúba/Katauixi* Fe<strong>de</strong>ral 165.383TI Kaxarari Fe<strong>de</strong>ral 97.573TI Mamoriá Fe<strong>de</strong>ral 4.080TI Paumari <strong>do</strong> Lago Marahã Fe<strong>de</strong>ral 118.680TI Paumari <strong>do</strong> Rio Ituxi Fe<strong>de</strong>ral 7.569TI São Pedro <strong>do</strong> Sepatini Fe<strong>de</strong>ral 27.601TI Seruini / Mariene Fe<strong>de</strong>ral 97.770TI Tumiã Fe<strong>de</strong>ral 123.983PA Monte Fe<strong>de</strong>ral 114.394Projeto <strong>de</strong> AssentamentoPA Pacia Fe<strong>de</strong>ral 2.849 1,9%PA Umari Fe<strong>de</strong>ral 9.654Projeto <strong>de</strong> DesenvolvimentoSustentávelPDS Ge<strong>de</strong>ão Fe<strong>de</strong>ral 11.820 0,2%Áreas não <strong>de</strong>stinadasTitularida<strong>de</strong>in<strong>de</strong>finida**1.657.274 24,3%Total 5.165.626 75,7%Tabela 5. CategorizaçãoTerritorial no município<strong>de</strong> LábreaUso da TerraO município <strong>de</strong> Lábrea é que apresenta maiorárea <strong>de</strong>smatada no Amazonas: 315.100 ha. Nosarre<strong>do</strong>res da se<strong>de</strong> local, a agricultura é em suamaior parte voltada <strong>para</strong> subsistência. Os produtosque se sobressaem, como o feijão, bananae farinha <strong>de</strong> mandioca, são comercializa<strong>do</strong>s nosmerca<strong>do</strong>s locais e também abastecem outroscentros comerciais como Manaus e municípiospróximos (Canutama, Pauiní e Tapauá).A pecuária no município <strong>de</strong> Lábrea ocorrequase que totalmente nas bordas <strong>do</strong> município,nas fronteiras com Boca <strong>do</strong> Acre (A M),Acre e Rondônia – praticamente não manten<strong>do</strong>nenhuma relação econômica com a se<strong>de</strong> municipal.Os produtores <strong>de</strong>stas áreas são atendi<strong>do</strong>spelas instituições <strong>de</strong>stes “outros” municípiose acabam não soman<strong>do</strong> <strong>para</strong> o valor real <strong>do</strong>rebanho em Lábrea. Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> IBGE,o rebanho em 2006 totalizou mais <strong>de</strong> 280.000cabeças. FUNAI e IBA M A que aten<strong>de</strong>m ao <strong>sul</strong><strong>do</strong> Amazonas estão alocadas em R io Branco,enquanto que a CODESAV- IDAM, comissãoresponsável pela <strong>de</strong>fesa sanitária animal <strong>do</strong>Amazonas e responsável pela vacinação <strong>do</strong> <strong>sul</strong> <strong>de</strong>Lábrea, está alocada em um distrito na Ponta <strong>do</strong>Abunã, município <strong>de</strong> Porto Velho em Rondônia.* TI em planejamento (ainda em <strong>estu<strong>do</strong></strong>), está em sobreposição com o PARNA Mapinguari (146.518 ha), e com a RESEx <strong>do</strong> Ituxi (18.865 ha).** Estas áreas não são caracterizadas em uma escala macro. Essas áreas po<strong>de</strong>m contem proprieda<strong>de</strong>s privadas, glebas estaduais ou fe<strong>de</strong>raisainda não <strong>de</strong>stinadas.19


3. Dinâmica, vetores e agentes <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento20A dinâmica <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento no <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Amazonasvem aceleran<strong>do</strong> recentemente, colocan<strong>do</strong>quatro municípios <strong>de</strong>sse <strong>estu<strong>do</strong></strong> entre os cincocom maior área <strong>de</strong>smatada <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Os municípios<strong>de</strong> Boca <strong>do</strong> Acre e Lábrea ocupam 6% daárea total <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e apresentam 15% <strong>do</strong> total<strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento. Os três municípios restantesocupam 9% da área <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e respon<strong>de</strong>mpor 12% <strong>do</strong> total <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>. Com exceção <strong>de</strong>Apuí e Boca <strong>do</strong> Acre, os municípios <strong>de</strong> Lábrea,Manicoré e Novo Aripuanã embora tenham se<strong>de</strong>urbana à beira <strong>de</strong> um rio navegável, apresentamáreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento geralmente distantes dase<strong>de</strong> urbana com ro<strong>do</strong>vias e ocupação humanaon<strong>de</strong> não há presença <strong>do</strong>s órgãos governamentais.Assim, a fronteira <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento temavança<strong>do</strong> em áreas remotas, através <strong>de</strong> estradasque dão acesso às florestas mesmo sem ter contatocom as unida<strong>de</strong>s administrativas municipais.Pelas estradas chegaram agricultores,pecuaristas e ma<strong>de</strong>ireiros, geralmente vin<strong>do</strong>s <strong>de</strong>outras regiões <strong>do</strong> Brasil. Estes migrantes encontrampopulações <strong>de</strong> indígenas, seringueiros eribeirinhos que tem habita<strong>do</strong> a região há séculosou milênios.Ao contrário da gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s municípioscom alto <strong>de</strong>smatamento na Amazônia,on<strong>de</strong> os perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> colonização e ocupaçãointensa ocorreram na década <strong>de</strong> 1970 e 1980 comprogramas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> daditadura (e.g. PIN 1972; Mahar 1989), a regiãoSul <strong>do</strong> Amazonas po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada umanova fronteira <strong>de</strong> expansão <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento. O<strong>de</strong>staque é Lábrea, que é o único município <strong>do</strong>Amazonas que compõe a lista <strong>do</strong>s 36 municípiosFigura 12. Desmatamentoacumula<strong>do</strong> nosmunicípios <strong>do</strong> <strong>estu<strong>do</strong></strong>entre 2000 e 2009(INPE 2010).da Amazônia com maior <strong>de</strong>smatamento acumula<strong>do</strong>em 2008 (MM A, Arco Ver<strong>de</strong> 2009). Essemunicípio sofre intensa pressão <strong>de</strong> grilageme vem sen<strong>do</strong> palco <strong>de</strong> inúmeros conflitos porterras e <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> fiscalização <strong>do</strong> governofe<strong>de</strong>ral. Novo Aripuanã foi o quarto municípiocom maior <strong>de</strong>smatamento no mês <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong>


2008, soman<strong>do</strong> 480 hectares (Souza Jr. et al,2008), enquanto Apuí foi segun<strong>do</strong> mais <strong>de</strong>smata<strong>do</strong>na Amazônia legal em maio <strong>de</strong> 2010, com940 hectares (Hayashi et al. 2010).As taxas anuais <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento entre osmunicípios não variam uniformemente (Figura13), sugerin<strong>do</strong> que são locais que apresentamdinâmicas distintas, associadas às característicasbiofísicas e socioeconômicas locais. Os picos<strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento nos <strong>do</strong>is municípios <strong>do</strong> blocosu<strong>do</strong>este (Lábrea e Boca <strong>do</strong> Acre) aconteceramem 2003, enquanto que nos outros três municípios<strong>do</strong> bloco su<strong>de</strong>ste, na calha <strong>do</strong> rio Ma<strong>de</strong>ira, opico <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento aconteceu em 2005. Porsua vez, o pico <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento na Amazônialegal ocorreu em 2004.Em 2008 e 2009 Apuí li<strong>de</strong>rou o <strong>de</strong>smatamentono Esta<strong>do</strong>, e <strong>de</strong>veria ser razão <strong>para</strong> maiorpresença e iniciativa <strong>de</strong> ações <strong>do</strong>s governos.Atribuí<strong>do</strong> em parte ao aumento da globalizaçãodas forças <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento (Fearnsi<strong>de</strong>2005), essas taxas parecem estar associadas aocrescimento <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> internacional, especialmenteda carne bovina, após gran<strong>de</strong> parte<strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s amazônicos se tornarem zona livre<strong>de</strong> febre aftosa (Alencar et al. 2004, Kaimowitzet al. 2004, Nepstad et al. 2006) Boca <strong>do</strong> Acre,por on<strong>de</strong> sai também gran<strong>de</strong> parte da produçãobovina <strong>de</strong> Lábrea, é região livre <strong>de</strong> febre aftosa<strong>de</strong>s<strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2005 (MAPA 2010). Já os municípiosrestantes não são zonas livres <strong>de</strong> febre aftosae a carne bovina é comercializada pre<strong>do</strong>minantementeem Manaus.A pouca presença <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e a carência<strong>de</strong> regularização fundiária, com milhares <strong>de</strong>produtores em posse <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s nãotituladas, favorece um cenário <strong>de</strong> <strong>de</strong>struição daf loresta <strong>para</strong> a exploração <strong>de</strong> recursos naturaise a implantação <strong>de</strong> pastagens com tendência<strong>de</strong> expansão da fronteira em ambos os blocos.Abaixo são apresentadas as dinâmicas locais <strong>de</strong>ocupação humana, <strong>de</strong> expansão da agropecuáriae os conflitos existentes, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> se<strong>para</strong>damenteos <strong>do</strong>is blocos menciona<strong>do</strong>s acima.Figura 13. Desmatamentoanual nos cincomunicípios <strong>do</strong> <strong>estu<strong>do</strong></strong>entre 2001 e 2009(INPE 2010).21


3.1. Boca <strong>do</strong> Acre e LábreaEsses <strong>do</strong>is municípios estão na área que estásofren<strong>do</strong> intervenção da Iniciativa <strong>para</strong> a Integraçãoda Infraestrutura Regional Sul-Americana(IIRSA). A IIRSA, que surgiu em reunião <strong>de</strong>presi<strong>de</strong>ntes <strong>sul</strong>-americanos em agosto <strong>de</strong> 2000,prioriza a integração física através <strong>de</strong> projetos<strong>de</strong> transporte, energia e comunicação. A orientaçãobásica é facilitar a exportação <strong>de</strong> produtosprimários <strong>para</strong> portos <strong>do</strong> Atlântico, Pacífico eCaribe. A ro<strong>do</strong>via BR-317, que liga Boca <strong>do</strong> Acrea Rio Branco, as hidrelétricas <strong>do</strong> Rio Ma<strong>de</strong>iraem Rondônia e as hidrovias nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Acre,Amazonas e Rondônia são obras <strong>de</strong> infraestrutura<strong>de</strong>sta iniciativa. As hidroelétricas <strong>de</strong> SantoAntônio e Jirau têm o potencial <strong>de</strong> trazer cerca <strong>de</strong>100 mil pessoas <strong>para</strong> a região, que muitas vezesacabam por se estabelecer na região aumentan<strong>do</strong>a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>srelacionadas ao <strong>de</strong>smatamento (Fearnsi<strong>de</strong> e Graça2006).Nos municípios <strong>de</strong> Lábrea e Boca <strong>do</strong> Acre,as estradas vindas principalmente <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Acre e Rondônia são os principais vetores <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento (Figura 14). O território <strong>de</strong> Lábreaé corta<strong>do</strong> pela BR-230 (a leste <strong>do</strong> município) e oterritório <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong> Acre é corta<strong>do</strong> pela Ro<strong>do</strong>viaBR-317, que o conecta à capital acreana RioBranco. Suas se<strong>de</strong>s não aten<strong>de</strong>m as <strong>de</strong>mandas<strong>de</strong> fiscalização e or<strong>de</strong>namento fundiário que sãonecessárias, <strong>de</strong> forma que outros municípios,até mesmo <strong>de</strong> outros Esta<strong>do</strong>s, acabam por tentarcumprir este papel.Em Lábrea, a partir da BR-317 se dá o acessopor Boca <strong>do</strong> Acre (P.A. Monte I e II) e outros <strong>do</strong>isramais <strong>de</strong> nome não i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> (Ramal 1 e 2),e ao <strong>sul</strong> pelos distritos <strong>de</strong> Extrema, Nova Califórniae Vista Alegre <strong>do</strong> Abunã (município <strong>de</strong> PortoVelho). São os ramais Men<strong>de</strong>s-Junior, Boi ou <strong>do</strong>Baiano, Jequitibá, Prosam e Proterra que iniciamem Rondônia ou Canutama e a<strong>de</strong>ntram no <strong>sul</strong> <strong>de</strong>Lábrea (Figura 14). Estes ramais a<strong>de</strong>ntram tambémem UC como o Parna <strong>do</strong> Mapinguari e a Resex <strong>do</strong>Ituxi. Terras indígenas como TI Boca <strong>do</strong> Acre e TIApurinã Km 124 também apresentam <strong>de</strong>smatamento<strong>de</strong>ntro e ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> seus limites.Boca <strong>do</strong> Acre e Lábrea possuem seus centros<strong>de</strong> produção agropecuária e to<strong>do</strong> o comércio <strong>de</strong>produtos e merca<strong>do</strong>rias <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Acre e <strong>de</strong> Rondônia, bem como a pressão <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento. Inclusive, as gerências fe<strong>de</strong>raisque atuam nessas áreas como o IBAMA, ICM-Bio, FUNAI e Polícia Fe<strong>de</strong>ral também têm suasse<strong>de</strong>s nas capitais Rio Branco e/ou Porto Velho,incluin<strong>do</strong> até o Instituto <strong>de</strong> DesenvolvimentoAgropecuário <strong>do</strong> Amazonas (IDAM), com se<strong>de</strong> emPorto Velho, no distrito <strong>de</strong> Nova Califórnia.A baixa governança estadual nessas regiões évisivelmente mais grave que em cida<strong>de</strong>s mais próximasà capital amazonense Manaus. A dificulda<strong>de</strong>logística da região <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Amazonas e as consi<strong>de</strong>raçõesgeopolíticas re<strong>sul</strong>taram no <strong>de</strong>creto s/ no<strong>do</strong> STF, <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008, que transferiu 1.184km², abrangen<strong>do</strong> seis municípios e cerca <strong>de</strong> 10 milhabitantes <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas <strong>para</strong> o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>Acre.


No <strong>sul</strong> <strong>do</strong> município <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong> Acre na fronteira interestadual com oAcre, na região <strong>do</strong> Alto Purus próximo ao município <strong>de</strong> Sena Madureira-ACe nos rios Acre e Antimary próximo ao município <strong>de</strong> Rio Branco, ocorreum processo <strong>de</strong> ocupação, basea<strong>do</strong> na exploração <strong>do</strong>s recursos naturais e naapropriação privada <strong>de</strong> terras públicas que se estrutura <strong>de</strong> forma alheia àsmunicipalida<strong>de</strong>s locais. O mesmo acontece no <strong>sul</strong> <strong>de</strong> Lábrea. Ao percorrer osramais Men<strong>de</strong>s-Junior, Jequitibá e <strong>do</strong> Boi, foi diagnostica<strong>do</strong> que as ativida<strong>de</strong>sprodutivas e os agentes envolvi<strong>do</strong>s foram semelhantes. Geralmente sãofazendas <strong>de</strong> 5.000 até mais <strong>de</strong> 10.000 ha, com gran<strong>de</strong>s extensões <strong>de</strong> pastagense áreas <strong>de</strong>stinadas ao manejo florestal.No la<strong>do</strong> <strong>de</strong> Rondônia a Floresta <strong>de</strong> Rendimento Sustentável Rio Vermelhoé uma área protegida que <strong>de</strong>veria abrigar apenas o manejo florestal sustentável.Ao invés disso, intercaladas com as áreas <strong>de</strong> manejo ma<strong>de</strong>ireiro estãogran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> pastagens. Foi encontrada uma serraria no ramal Men<strong>de</strong>s-Júnior em Lábrea, fechada pelo Ibama. Contu<strong>do</strong>, a <strong>de</strong>manda por ma<strong>de</strong>ira éimpulsionada pela gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> serrarias na região da ponta <strong>do</strong>Abunã, chegan<strong>do</strong> a mais <strong>de</strong> 20 estabelecimentos. A exploração ma<strong>de</strong>ireira emRondônia parece ser maior e facilitada <strong>para</strong> ma<strong>de</strong>ireiros explorarem gran<strong>de</strong>sáreas – muitas <strong>de</strong>las localizadas nos municípios <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> Amazonas.Nessa região os agentes priva<strong>do</strong>s são gran<strong>de</strong>s empresários que vivem emPorto Velho ou Rio Branco que tem fazendas consolidadas com gran<strong>de</strong>s rebanhos,em terras griladas ou tituladas pelo INCRA. Segun<strong>do</strong> constata<strong>do</strong> emcampo, no ramal <strong>do</strong> Boi (Figura 14), a ocupação se iniciou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002 poruma pessoa conhecida como “Baiano”, que migrou da Bahia e abriu o ramal.Atualmente o rebanho <strong>de</strong> “Baiano” tem cerca <strong>de</strong> 7.000 cabeças em uma proprieda<strong>de</strong><strong>de</strong> 8.000 ha (Vitel 2009). Baiano foi assassina<strong>do</strong> por razões aindanão divulgadas, embora o conflito <strong>de</strong> terras e grilagem tenha si<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>como o gran<strong>de</strong> motivo.No ramal <strong>do</strong> Jequitibá, a grilagem <strong>de</strong> terras também ocorre intensamentee gera conflitos constantes por posse <strong>de</strong> terras. Até hoje pequenos agricultoressem-terra continuam a sofrer ameaças. Pequenos agricultores geralmenteocupam as porções finais <strong>de</strong>sse e <strong>de</strong> outros ramais, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>marcam uma área<strong>para</strong> tomar posse e iniciar a ativida<strong>de</strong> agrícola. Em um braço que parte <strong>do</strong>Figura 14. Sul <strong>de</strong> Lábrea e leste <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong> Acrefinal <strong>do</strong> Ramal Jequitibá, trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Movimento Camponês <strong>de</strong> Corumbiara(MCC) ocu<strong>para</strong>m uma área e criaram a Associação União <strong>do</strong>s ProdutoresRurais <strong>do</strong> Amazonas (AUPRA), que está em processo <strong>de</strong> ser transformadaem um Projeto <strong>de</strong> Assentamento Sustentável pelo INCRA. Por conta <strong>de</strong>ssesconflitos, grileiros da região assassinaram o lí<strong>de</strong>r da AUPRA, Franciscoda Silva, em 2008 (Amazonas em Tempo 2008). Conforme verifica<strong>do</strong> em23


24campo, o me<strong>do</strong> e a tensão <strong>de</strong> novos conflitos aindaestão presentes.Já nos ramais Prosam e Proterra, a ocupação vemsen<strong>do</strong> feita por pequenos agricultores que ocupamterras após o Projeto <strong>de</strong> Assentamento Joana D’Arc,em Rondônia, com ativida<strong>de</strong> pecuária extensiva<strong>de</strong> baixa produtivida<strong>de</strong> (Vitel 2009). Nos <strong>do</strong>isramais <strong>de</strong> nome não i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> (Ramal 1 e 2) quepartem da BR-317, em Boca <strong>do</strong> Acre a<strong>de</strong>ntran<strong>do</strong>no leste <strong>de</strong> Lábrea, a ocupação já é antiga. Emborahajam pequenos produtores estabeleci<strong>do</strong>s ali háanos, também existem gran<strong>de</strong>s empresários quevivem em Rio Branco que injetam capital na expansão<strong>de</strong> pastagens.Nessa região, a pressão e o conflito <strong>de</strong> terras sãogran<strong>de</strong>s e além das áreas fundiárias e o PA Monte,envolvem também duas Terras Indígenas: a TIApurinã <strong>do</strong> km 124 e a TI Boca <strong>do</strong> Acre. Segun<strong>do</strong>relato <strong>do</strong>s próprios indígenas, as TI estão sofren<strong>do</strong>pressões <strong>de</strong> fazen<strong>de</strong>iros e outros que entram pelasfundiárias <strong>para</strong> caçar e extrair outros recursos naturais.Na TI Boca <strong>do</strong> Acre há invasões <strong>de</strong> terras realizadaspor fazen<strong>de</strong>iros, próximos ao rio e também nadivisa da porção nor<strong>de</strong>ste, em média 30 km a lesteda ro<strong>do</strong>via. Em outras localida<strong>de</strong>s, no norte <strong>do</strong>município <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong> Acre, existem outras comunida<strong>de</strong>sindígenas que vivem em terras ainda não<strong>de</strong>marcadas e que há décadas pe<strong>de</strong>m <strong>de</strong>marcaçãojunto à FUNAI. A pressão e a ocupação por fazen<strong>de</strong>irossão marcantes, e houve um evento recente <strong>de</strong>distribuição <strong>de</strong> Licenças <strong>de</strong> Ocupação pelo ITEAMque tem reforça<strong>do</strong> a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes fazen<strong>de</strong>iros empressionar as comunida<strong>de</strong>s indígenas.Esquem a <strong>de</strong> aluguel <strong>de</strong> pastagense parcer ias na pecuár ia no Sul <strong>do</strong> A m azonasA baixa governança e falta <strong>de</strong> legalida<strong>de</strong> fundiária no <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Amazonas dão abertura <strong>para</strong> a ocorrência <strong>de</strong> arranjos produtivosda pecuária entre posseiros ou ‘<strong>do</strong>nos <strong>de</strong> terra’ e pecuaristas que re<strong>sul</strong>tam na grilagem e ocupação <strong>de</strong> terras <strong>para</strong> o<strong>de</strong>smatamento. Durante os diagnósticos <strong>de</strong> campo foram i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong>s no mínimo três <strong>de</strong>stes arranjos.1. Compr a <strong>de</strong> posse da terr aNeste arranjo um pecuarista capitaliza<strong>do</strong> compra o direito <strong>de</strong> uso da terra <strong>do</strong> posseiro ou assenta<strong>do</strong>, mas não transfere a<strong>do</strong>cumentação <strong>para</strong> seu nome, formalizan<strong>do</strong> o arranjo por contrato <strong>de</strong> compra e venda (“<strong>de</strong> gaveta”) ou por outro <strong>do</strong>cumento.Dessa maneira, to<strong>do</strong> o ônus em relação à proprieda<strong>de</strong> cai sobre o antigo posseiro ou ocupante, que serve <strong>de</strong> ”laranja” <strong>para</strong> opecuarista que aumenta o seu rebanho e obtém lucros maiores, já que não tem custos <strong>para</strong> regularizar questões pertinentes àlegislação ambiental (<strong>de</strong>marcação <strong>de</strong> Reserva Legal e APP) e fundiária (compra da terra e pagamento <strong>de</strong> impostos territoriaisrurais). Esse esquema vem acontecen<strong>do</strong> na região <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong> Acre e Lábrea, sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s PA Monte I e II e arre<strong>do</strong>res,on<strong>de</strong> posseiros e assenta<strong>do</strong>s recebem multas altíssimas referentes à <strong>de</strong>rrubada da floresta e queimadas.2. Aluguel <strong>de</strong> pastagensNeste esquema, o posseiro ou proprietário aluga o seu pasto <strong>para</strong> um médio ou gran<strong>de</strong> pecuarista, que paga mensalmentepelo aluguel da pastagem ou, com mais freqüência, paga mensalmente pelo número <strong>de</strong> cabeças <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> a pastagem.Os preços em 2008 variaram <strong>de</strong> 4 a 8 reais/cabeça por mês e ocorrem em to<strong>do</strong>s os municípios <strong>de</strong>ste <strong>estu<strong>do</strong></strong>, <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong> Acre aApuí. Além <strong>de</strong> posseiros e pequenos agricultores, esse esquema também foi verifica<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> terras indígenas na região daBR-317, que divi<strong>de</strong> os municípios <strong>de</strong> Boca <strong>do</strong> Acre e Lábrea.3. Sistemas <strong>de</strong> MeaçãoConheci<strong>do</strong> como ”meia” ou “ameia”, nesse esquema o pecuarista fornece um número <strong>de</strong> cabeças <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> ao <strong>do</strong>no da pastagem.Este último fica encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> manejar o rebanho e pagar to<strong>do</strong>s os custos <strong>de</strong> manutenção como sal, vacinas, e roça da pastagem.Ao completar o ciclo reprodutivo, o produtor <strong>de</strong>ve entregar parte <strong>do</strong>s indivíduos nasci<strong>do</strong>s ao pecuarista durante cerca <strong>de</strong> 2 a 5anos. Geralmente são repassa<strong>do</strong>s os novilhos machos que o pecuarista usa <strong>para</strong> a engorda. Foram reporta<strong>do</strong>s esquemas <strong>de</strong> meiaon<strong>de</strong> se repassa <strong>de</strong> 30% (em Boca <strong>do</strong> Acre) até 70% (em Apuí) <strong>do</strong>s novilhos nasci<strong>do</strong>s ao pecuarista que forneceu o rebanho.Esquemas como os cita<strong>do</strong>s acima contribuem <strong>para</strong> a expansão da pecuária em média e gran<strong>de</strong> escala, mesmo que os pecuaristasnão tenham gran<strong>de</strong>s posses <strong>de</strong> terra em seu nome. Esse fato é favorável <strong>para</strong> os gran<strong>de</strong>s pecuaristas (e empresários), já que setorna extremamente difícil se implementar políticas <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controle ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>sincentivo econômico, bem como a cobrança<strong>de</strong> impostos ou o estabelecimento <strong>de</strong> bloqueios ou sanções tarifárias. Em resumo, esquemas assim aumentam o lucro <strong>de</strong>ssespecuaristas e dificultam ainda mais a governança florestal nas regiões <strong>de</strong> fronteira da Amazônia.


3.2. Apuí, Novo Aripuanã e ManicoréEste bloco <strong>de</strong> municípios se localiza na calha<strong>do</strong> Rio Ma<strong>de</strong>ira, su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Amazonas. O <strong>de</strong>smatamentoe seus agentes estão mais concentra<strong>do</strong>sao longo da ro<strong>do</strong>via Transamazônica (BR-230)e em menor grau próximos às se<strong>de</strong>s urbanas. Ase<strong>de</strong> <strong>de</strong> Novo Aripuanã conecta-se à <strong>de</strong> Apuíatravés da AM-174, trecho ocupa<strong>do</strong> por fazendase pelo PA Acari, contíguo ao PA R io Juma(Apuí). Essa estrada não pavimentada atravessatambém a R DS <strong>do</strong> Juma. Existe também umaestrada não oficial, conhecida como Estrada<strong>do</strong> Estanho, que conecta o município <strong>de</strong> Colniza-MTà BR-230 em Manicoré (Figura 15).A migração <strong>de</strong> pessoas que habitavam Rondônia<strong>para</strong> a vila <strong>do</strong> km 180 e Apuí é bastanteexpressiva (Fearnsi<strong>de</strong> 2008, Carrero 2009,Carrero e Fearnsi<strong>de</strong> no prelo). Essas famílias, emconjunto com os imigrantes das regiões su<strong>de</strong>stee <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Brasil a partir da década <strong>de</strong> 1980, são osprincipais agentes <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento – volta<strong>do</strong>sprincipalmente <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong> pecuária. Adistância que a vila <strong>do</strong> km 180 apresenta emrelação à se<strong>de</strong> <strong>de</strong> Manicoré contribui fortemente<strong>para</strong> a expansão <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ilegais e conf litosfundiários. Pelo menos <strong>do</strong>is ramais que partemda Transamazônica no PA Matupi a<strong>de</strong>ntram nasTI Tenharim Marmelos e Sepoti.O movimento migratório <strong>de</strong> empresasma<strong>de</strong>ireiras vindas <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Rondônia eMato Grosso exerce uma função importante <strong>de</strong>abertura e manutenção <strong>de</strong> estradas não oficiais,bem como contribui <strong>para</strong> a economia local nostrês municípios. Elas estão concentradas no PAMatupi (km 180) em Manicoré (22 serrarias)e em Apuí (nove serrarias). Em 2008, NovoAripuanã apresentava cinco serrarias próximas àsua se<strong>de</strong> urbana a norte da R DS <strong>do</strong> Juma. Os PAMatupi, Juma e Acari e seu entorno concentrama maior parte <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento acumula<strong>do</strong> <strong>do</strong>strês municípios juntos.Em Novo Aripuanã, a grilagem <strong>de</strong> terras e<strong>de</strong>rrubada da f loresta na região <strong>do</strong> R io Acari, aleste da RDS <strong>do</strong> Juma, continua a passos largos.Áreas <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 4000 ha são <strong>de</strong>rrubadasanualmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2008. Essa região é <strong>de</strong> difícilacesso, e <strong>de</strong>ve serFigura 15. Bloco <strong>de</strong>municípios <strong>do</strong> Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong>Amazonas: Apuí, NovoAripuanã e Manicoré25


26A baixa governança também contribui <strong>para</strong> agrilagem <strong>de</strong> terras em regiões isoladas e <strong>de</strong> fronteiracom outros esta<strong>do</strong>s, principalmente com oMato Grosso. Existe um processo <strong>de</strong> grilagemaltamente capitaliza<strong>do</strong> e organiza<strong>do</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>mosaico <strong>de</strong> UC <strong>de</strong> Apuí. A partir <strong>do</strong> município<strong>de</strong> Colniza (MT), existe a tentativa <strong>de</strong> <strong>de</strong>marcaçãoe ocupação por funcionários <strong>de</strong> empresários,médicos e advoga<strong>do</strong>s que vivem em Cuiabá ouem cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> <strong>sul</strong> e su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil (RepórteresOnline 2010). Existem também agentes queinvestem gran<strong>de</strong>s quantias <strong>de</strong> capital em abertura<strong>de</strong> pastagens em gran<strong>de</strong>s áreas.É sabi<strong>do</strong> que os pecuaristas não pagam pelasterras públicas das quais se apossam ou ‘grilam’,e ainda exploram a ma<strong>de</strong>ira sem remunerar ogoverno e, assim, acumulam capital gratuitamente<strong>para</strong> investir na pecuária (Razera 2005,Barreto et al 2008). Assim, a pecuária como meio<strong>para</strong> a especulação <strong>de</strong> terras contribui <strong>para</strong> oavanço <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento <strong>para</strong> essas regiões maisisoladas. Em Apuí, a rentabilida<strong>de</strong> da pecuáriaé bastante questionável (Razera 2005), e foiconstata<strong>do</strong> que cerca <strong>de</strong> 30% <strong>do</strong>s produtores executama ativida<strong>de</strong> com propósitos especulativosvisto que não obtêm renda da mesma (Carrero eFearnsi<strong>de</strong> no prelo).Ainda que em muitos municípios da Amazôniabrasileira as taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento tenhamcaí<strong>do</strong> nos últimos anos,em Apuí o <strong>de</strong>smatamentocontinua constante. – principalmente com amigração das ocupações <strong>para</strong> as bordas da florestaque se situam distantes da se<strong>de</strong> municipal,on<strong>de</strong> foram abertas áreas consi<strong>de</strong>ráveis <strong>de</strong> florestasentre 2009 e 2010. Essas áreas foram reportadascomo sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> ocupantes recém chega<strong>do</strong>s,que po<strong>de</strong>m ser pequenos agricultores sem-terramas também <strong>de</strong> pecuaristas capitaliza<strong>do</strong>s queenviam dinheiro e mantêm trabalha<strong>do</strong>res nasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubada e estabelecimento <strong>de</strong>pastagens. O INCR A tem pouco conhecimentoda origem <strong>de</strong>ssas pessoas, o que po<strong>de</strong> configurara ativida<strong>de</strong> como grilagem <strong>de</strong> terras <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>PA Rio Juma.O preço da arroba <strong>do</strong> boi em Apuí, a exemplo<strong>do</strong> resto <strong>do</strong> Brasil, subiu consi<strong>de</strong>ravelmente emmea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 2010. Houve uma baixa na oferta <strong>de</strong>carne bovina na região, e mesmo empresas <strong>de</strong>Ron<strong>do</strong>nia passaram a comprar ga<strong>do</strong> em Apuí.O valor da arroba no município aumentou<strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 60 reais <strong>para</strong> 80 reais em agosto<strong>de</strong> 2010, e a previsão é <strong>de</strong> que aumente aindamais. Antes haviam três compra<strong>do</strong>res locais emApuí, que compram e transportam o ga<strong>do</strong> vivo<strong>para</strong> frigoríficos em Manaus. Com a entrada <strong>de</strong>uma empresa <strong>de</strong> Rondônia, on<strong>de</strong> a arroba estácustan<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> 100 reais, o espera<strong>do</strong> é queo preço em Apuí aumente consi<strong>de</strong>ravelmente.Assim, esse fato parece estimular os produtoresrurais a <strong>de</strong>smatar novas áreas <strong>para</strong> expandir oseu rebanho. Provavelmente, as taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamentoem Apuí continuarão no mesmo ritmoou po<strong>de</strong>m aumentar com esses novos cenários.Por outro la<strong>do</strong>, a gestão municipal atual commandato até 2012, incorporou a proposta <strong>de</strong>implantar programas e práticas ambientais <strong>para</strong>o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Apuí, visan<strong>do</strong> o estabelecimento<strong>de</strong> um Plano Local <strong>de</strong> DesenvolvimentoSustentável. A prefeitura assinou em novembro<strong>de</strong> 2008 um acor<strong>do</strong> <strong>de</strong> comprometimento como governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>para</strong> combater o <strong>de</strong>smatamento,o que incluía um plano municipal <strong>de</strong>combate e controle <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento.O <strong>de</strong>smatamento na Amazônia brasileiraocorre a uma taxa média <strong>de</strong> 0,4% ou 17.911 km2por ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1977 (INPE 2010), indican<strong>do</strong> tendência<strong>de</strong> queda nos últimos anos. A essa quedafoi estima<strong>do</strong> que 44% da redução foi atribuída aefeitos negativos sobre a economia agropecuária,37% <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> novas áreas protegidas(Soares-Filho et al 2010), e cerca <strong>de</strong> 18% a causasque po<strong>de</strong>riam ser atribuídas às campanhas <strong>de</strong>coman<strong>do</strong> e controle pelo governo fe<strong>de</strong>ral 10 .A área <strong>de</strong>smatada em 2008 diminuiu 53% emrelação a 2004. Apesar <strong>de</strong>ssa redução, é difícilgarantir seguramente que o <strong>de</strong>smatamento estásob controle, principalmente porque está cadavez mais associa<strong>do</strong> à economia global <strong>de</strong> commoditiescomo a carne e a soja (Nepstad et al2006). As ações <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controle são maisconcentradas nos esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Pará, Mato Grossoe Rondônia, enquanto no <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Amazonas sãoraras. Para os municípios <strong>de</strong>ste <strong>estu<strong>do</strong></strong> o <strong>de</strong>smatamentoforte se iniciou em mea<strong>do</strong>s da década<strong>de</strong> 1990. Com o avanço da fronteira associada àmelhoria <strong>de</strong> infra-estrutura, a tendência é <strong>de</strong> queele continue no mesmo ritmo se consi<strong>de</strong>radasa dinâmica <strong>do</strong>s agentes envolvi<strong>do</strong>s apresentadaacima e a gran<strong>de</strong> extensão <strong>de</strong> terras f lorestadasainda disponíveis.


4. Estu<strong>do</strong>s Quantitativos <strong>de</strong> Linha <strong>de</strong> Base e MonitoramentoO <strong>de</strong>smatamento na Amazônia brasileira ocorre a uma taxa média <strong>de</strong>0,4% ou 17.911 km2 por ano <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1977 (INPE 2010), indican<strong>do</strong> tendência<strong>de</strong> queda nos últimos anos. A essa queda foi estima<strong>do</strong> que 44% da reduçãofoi atribuída a efeitos negativos sobre a economia agropecuária, 37% <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>a criação <strong>de</strong> novas áreas protegidas (Soares-Filho et al 2010), e cerca <strong>de</strong>18% a causas que po<strong>de</strong>riam ser atribuídas às campanhas <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controlepelo governo fe<strong>de</strong>ral 10 . A área <strong>de</strong>smatada em 2008 diminuiu 53% emrelação a 2004. Apesar <strong>de</strong>ssa redução, é difícil garantir seguramente que o<strong>de</strong>smatamento está sob controle, principalmente porque está cada vez maisassocia<strong>do</strong> à economia global <strong>de</strong> commodities como a carne e a soja (Nepsta<strong>de</strong>t al 2006). As ações <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controle são mais concentradas nosesta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Pará, Mato Grosso e Rondônia, enquanto no <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Amazonassão raras. Para os municípios <strong>de</strong>ste <strong>estu<strong>do</strong></strong> o <strong>de</strong>smatamento forte se iniciouem mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> 1990. Com o avanço da fronteira associada àmelhoria <strong>de</strong> infra-estrutura, a tendência é <strong>de</strong> que ele continue no mesmoritmo se consi<strong>de</strong>radas a dinâmica <strong>do</strong>s agentes envolvi<strong>do</strong>s apresentadaacima e a gran<strong>de</strong> extensão <strong>de</strong> terras florestadas ainda disponíveis.4.1. Tipologias da vegetaçãoclasses <strong>de</strong> vegetação (Figura 16) Estas classes foram obtidas seguin<strong>do</strong>as regras <strong>para</strong> agrupamento <strong>de</strong> classes <strong>do</strong> bioma Amazônia (MCT 2006,apêndice 3.1.1). Abaixo são apresentadas as supra-classes, <strong>de</strong>screven<strong>do</strong> assuper-classes que foram utilizadas como base <strong>para</strong> a obtenção <strong>do</strong>s valoresmédios <strong>do</strong>s estoques <strong>de</strong> carbono.Floresta Ombrófila Densa (D): Caracteriza-se por apresentar <strong>do</strong>sselfecha<strong>do</strong>, compacto, com altura entre 25 e 35 m, <strong>do</strong> qual po<strong>de</strong>m sobressairárvores emergentes atingin<strong>do</strong> até 40 m (RADAMBRASIL 1978). Aheterogeneida<strong>de</strong> florística da floresta <strong>de</strong>nsa contrasta com sua homogeneida<strong>de</strong>fisionômica, que é alterada apenas em função <strong>do</strong> posicionamentotopográfico e das gran<strong>de</strong>s variações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m litológica e climática (emescala regional): caracterizadas pelas formações Aluvial (Da), <strong>de</strong> TerrasBaixas (Db) , e Submontana (Ds).Floresta Ombrófila Aberta (A): Formação caracterizada fisionomicamentepela presença <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s árvores espaçadas, possibilitan<strong>do</strong>a penetração <strong>de</strong> luz até os estratos inferiores, permite o aparecimento <strong>de</strong>palmeiras, cipoal, cocal ou bambuzal, nestes espaços abertos.10Ações como o Plano <strong>de</strong>Proteção e Controle <strong>do</strong>Desmatamento na Amazônica–PPCDAM (2004), Programascomo o Detecção <strong>do</strong> Desmatamentoem Tempo Real naAmazônia Brasileira - DETER<strong>do</strong> INPE, e inúmeras operaçõesda polícia fe<strong>de</strong>ral contraativida<strong>de</strong>s ilegais no setorma<strong>de</strong>ireiro e agropecuário<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004 po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radasas ações <strong>de</strong> coman<strong>do</strong>e controle mais efetivas nesseperío<strong>do</strong>.As tipologias f lorestais foram obtidas através <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s espaciais <strong>do</strong>mapa <strong>de</strong> vegetação gera<strong>do</strong>s pelo Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística(IBGE) em conjunto com o Sistema <strong>de</strong> Vigilância da Amazônia(SIVAM). Esses da<strong>do</strong>s, originalmente obti<strong>do</strong>s com o projeto RADAM-BRASIL, foram agrupa<strong>do</strong>s por Veloso et al. (1991). O mapa <strong>de</strong> vegetaçãofoi calibra<strong>do</strong> e re-ajusta<strong>do</strong> utilizan<strong>do</strong> imagens <strong>de</strong> satélites, especialmenteLandsat, e bibliografias recentes complementadas por pesquisas <strong>de</strong> campo<strong>para</strong> calibrar os tipos f lorestais. Este mapa está apresenta<strong>do</strong> na escala1:250.000 (IBGE 2008).Os tipos f lorestais pertencentes aos cinco municípios <strong>de</strong>ste <strong>estu<strong>do</strong></strong>foram extraí<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mapa <strong>de</strong> vegetação IBGE-SIVAM <strong>para</strong> compor asNeste tipo também se caracteriza pelas formações Aluvial (Aa), <strong>de</strong> TerrasBaixas (Ab), e Submontana (As).Campinarana: As campinaranas abrigam uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambientes.Esta tipologia geralmente é caracterizada pela <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> alta <strong>de</strong> árvoresfinas com altura média <strong>de</strong> 8-10 m, porém as condições <strong>de</strong> drenagem <strong>do</strong> soloimprimem variações à fisionomia <strong>de</strong>ssa vegetação, originan<strong>do</strong> um gradientevegetacional caracteriza<strong>do</strong> por diferenças na composição florística, na altura<strong>do</strong> <strong>do</strong>ssel e na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> caules. Há campinaranas localizadas em áreasmuito úmidas, próximos ao ecótono com a campina gramíneo-lenhosa (Lgs), ecampinaranas em áreas melhor drenadas (Lbp), próximas a floresta sobre areiabranca (Silveira 2003).27


Savana (S): A ocorrência <strong>de</strong> savana nointerior da floresta tropical se dá em áreas <strong>de</strong>relevo pediplana<strong>do</strong>, com solos empobreci<strong>do</strong>spela intensa lixiviação, e em áreas <strong>de</strong> afloramentosresiduais arenítico-quartizíticos, comsolos rasos mineralmente pobres e com baixaretenção hídrica (R A DA MBR ASIL 1978).Na vegetação <strong>de</strong> savana, o relevo apresenta-seplano e suavemente ondula<strong>do</strong>, com pequenas<strong>de</strong>pressões que conservam a umida<strong>de</strong> no solopor maior tempo, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong> então um padrão<strong>de</strong> diferenciação no porte da Savana: gramíneo-lenhosa (Sg) nas áreas com maior impedimentona drenagem; Parque (Sp) e Arborizada (Sa)nas áreas mal drenadas; e Savana Florestada(Sf) nos contatos Savana/Floresta.Á r eas <strong>de</strong> for m ações pioneir as <strong>de</strong>influência fluvial/lacustre (Pa): Sãoformações em processo <strong>de</strong> sucessão, instaladasem ambientes <strong>de</strong> solos azonais, que se encontramao longo <strong>do</strong>s rios e em locais <strong>de</strong>primi<strong>do</strong>s<strong>do</strong>s interflúvios tabulares <strong>do</strong> Terciário. Suapresença está associada à ocorrência <strong>de</strong> solosHidromórficos e Areias Quatzosas (R ADAM-BR ASIL 1978), e apresenta-se com estágiosherbáceos (Pah) e arbustivos (Paa) na região <strong>de</strong><strong>estu<strong>do</strong></strong>.Sem Informação (S/i): As áreas classificadascomo sem informação são referentes a paisagensantropizadas até o ano 2000, geralmenteáreas <strong>de</strong>smatadas sob diferentes usos da terra.Foi consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> que estas áreas têm o estoque<strong>de</strong> carbono <strong>do</strong> complexo <strong>de</strong> vegetação substituin<strong>do</strong>a vegetação original <strong>de</strong>smatada.Figura 16. Classes <strong>de</strong>fitofisionomias ou tipos<strong>de</strong> vegetação encontradasnos 5 municípios <strong>de</strong>sse<strong>estu<strong>do</strong></strong>28


4.2. Estoques <strong>de</strong> carbono na vegetaçãoA partir <strong>do</strong>s grupos e super-classes foi possívelobter valores diretos <strong>para</strong> o estoque <strong>de</strong> biomassae <strong>de</strong> carbono acima <strong>do</strong> solo <strong>para</strong> as fitofisionomias.Os valores foram retira<strong>do</strong>s diretamente<strong>do</strong> Primeiro Inventário Brasileiro <strong>de</strong> EmissõesAntrópicas <strong>de</strong> Gases <strong>de</strong> Efeito Estufa (MCT2006), a partir das fitofisionomias das folhas <strong>do</strong>RADAMBRASIL.Utilizou-se as folhas <strong>do</strong>s <strong>estu<strong>do</strong></strong>s <strong>do</strong> RADAM-BRASIL n. 7, 12, 16 e 17 <strong>para</strong> obter os valores <strong>de</strong>carbono estoca<strong>do</strong> em cada fitofisionomia, queestão listadas no apêndice 3.1.2 (Densida<strong>de</strong> <strong>de</strong>carbono no Bioma Amazônia por mapa e classeagrupada <strong>de</strong> vegetação (MCT 2006)). Assim,quan<strong>do</strong> o valor aparecia em uma <strong>de</strong>ssas folhas,foi computa<strong>do</strong>, e <strong>de</strong>pois se extraiu a média entreeles <strong>para</strong> gerar os valores utiliza<strong>do</strong>s nos cálculos<strong>do</strong> estoque <strong>de</strong> carbono na vegetação <strong>do</strong>s cincomunicípios (Tabela 6). O estoque <strong>de</strong> carbono daárea antropizada (sem informação) foi retira<strong>do</strong> <strong>de</strong>Fearnsi<strong>de</strong> (1996), assumin<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> a vegetaçãoem equilíbrio substituin<strong>do</strong> o <strong>de</strong>smatamento naAmazônia. Essa vegetação é composta por ummosaico <strong>de</strong> pastagens produtivas e <strong>de</strong>gradadas,culturas agrícolas, áreas <strong>de</strong>gradadas e vegetaçãosecundária em regeneração a partir <strong>de</strong> pastagens e<strong>de</strong> cultivos agrícolas.As estimativas <strong>de</strong> estoques <strong>de</strong> carbono emcada tipo ou fitofisionomia utilizaram a equaçãoalométrica em Higuchi et al. (1998) <strong>para</strong> aAmazônia Central, que calcula a biomassa <strong>de</strong>fuste das árvores <strong>do</strong> Projeto R A DA MBR ASIL,conforme abaixo:5cm < DBH ≥ 20 cm = ln(massa fresca) =-1.754 + 2.665 × ln(diâmetro)DBH > 20 cm = ln(massa fresca) =-0.151 + 2.17 × ln(diâmetro)4.3. Cenário linha <strong>de</strong> base <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamentoPara analisar um possível cenário futuro <strong>para</strong> oscinco municípios <strong>do</strong> <strong>estu<strong>do</strong></strong>, utilizamos o cenárioque mo<strong>de</strong>lou o <strong>de</strong>smatamento futuro na Amazônia,Simamazonia I 11 (Soares-Filho et al 2006),seguin<strong>do</strong> o cenário ‘mesmo <strong>de</strong> sempre’ (‘businessas usual’). Assim, foram utiliza<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s espaciaisda área <strong>de</strong>smatada projetada pelo SimamazoniaI <strong>de</strong> 2002, 2008, 2010, 2015, 2020, 2025, 2030,2035, 2040, 2045 e 2050. Os anos <strong>de</strong> 2002 e 2008foram utiliza<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a análise com<strong>para</strong>tiva entre o<strong>de</strong>smatamento projeta<strong>do</strong> e o <strong>de</strong>smatamento observa<strong>do</strong>obti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PRODES. Os mapasprojeta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ano 2010 em diante foram intersecta<strong>do</strong>scom o mapa <strong>de</strong> vegetação da Amazônia <strong>para</strong>se estimar o estoque <strong>de</strong> carbono que seria perdi<strong>do</strong>a partir <strong>de</strong> cada tipo vegetacional. A figura 17 apresentao avanço espacializa<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento noscinco municípios <strong>de</strong> 2010 até 2050.Tabela 6. Superclasses <strong>de</strong> fitofisionomias e estoques <strong>de</strong> carbono respectivos segun<strong>do</strong> as folhas <strong>do</strong> ProjetoRADAMBRASIL em MCT (2006).Superclasse Fitofisionomia Sigla tC/haFloresta Ombrófila Aberta Aluvial Aa 128,9Floresta Ombrófila Aberta Terras Baixas Ab 108,1Floresta Ombrófila Aberta Submontana As 106,7Floresta Ombrófila Densa Aluvial Da 127,2Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas Db 136,6Floresta Ombrófila Densa Submontana Ds 118,2Formação Pioneira com influência fluvial/lacustre Pa 115,8Savana Arborizada Sa 15,4Savana Florestada S 28,7Savana Gramíneo-lenhosa Sg 119,6Contato Savana/Floresta Ombrófila - ecótono SO 66,8*Savana Parque Sp 124,4Campinarana L 134,5*Sem Informação - área antropizada S/i 12,8**11Este cenário foi publica<strong>do</strong>no periódico Nature, e ére<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> <strong>de</strong> um trabalhoconjunto entre o Instituto <strong>de</strong>Pesquisa Ambiental da Amazônia(IPAM), The Woods HoleResearch Center (WHRC) ea Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>Minas Gerais (UFMG). Ascamadas <strong>de</strong> informação <strong>para</strong>cada ano foram baixadas napágina da web <strong>do</strong> Centro <strong>de</strong>Sensoriamento Remoto daUFMG: http://www.csr.ufmg.br/simamazonia/*Valor não encontra<strong>do</strong> emnenhuma das quatro folhas,obti<strong>do</strong> <strong>de</strong> folhas próximas.**Valor obti<strong>do</strong> da vegetaçãoem equilíbrio substituin<strong>do</strong> o<strong>de</strong>smatamento (Fearnsi<strong>de</strong>1996).29


Figura 17. Cenário Simamazonia I na região <strong>sul</strong> <strong>do</strong>Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas nos anos 2010, 2015, 2020, 2025,2030, 2035, 2040, 2045 e 2050 (<strong>de</strong>smatamento emvermelho).30


Figura 18. Cenário<strong>de</strong> projeção <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento nocenário BAU segun<strong>do</strong> oSimamazonia I (Soares-Filho et al. 2006).Segun<strong>do</strong> o mo<strong>de</strong>lo, o <strong>de</strong>smatamento começa a acelerar a partir <strong>de</strong> 2025,principalmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao efeito que as estradas planejadas a serem pavimentadasou construídas provocariam na dinâmica regional ao longo <strong>do</strong> tempo.Essas estradas seriam principalmente a Ro<strong>do</strong>via BR-319 (Porto-Velho/Manaus), a trechos a Ro<strong>do</strong>via BR-317 e a Ro<strong>do</strong>via Interoceânica (Soares-Filhoet al. 2006, supplementary Material). Se consi<strong>de</strong>rarmos a área <strong>de</strong>smatadaabsoluta, Apuí supera o município <strong>de</strong> Lábrea próximo <strong>de</strong> 2040, atingin<strong>do</strong>cerca <strong>de</strong> 3.850.000 ha, com Lábrea, Manicoré e Novo Aripuanã com área <strong>de</strong>smatadapouco maior que 3.000.000 ha em 2050. Em Boca <strong>do</strong> Acre, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> asua área total ser relativamente menor que <strong>do</strong>s outros municípios, a projeçãoda área <strong>de</strong>smatada ficou próxima <strong>de</strong> 1.500.000 ha.O cenário BAU (‘bussiness as usual’) <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo Simamazonia I consi<strong>de</strong>raque o <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> áreas protegidas não po<strong>de</strong>ria ultrapassar 40%.Contu<strong>do</strong>, como a base <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s na mo<strong>de</strong>lagem foi <strong>de</strong> 2002, partedas Áreas Protegidas não tinham si<strong>do</strong> criadas ainda e sofreram <strong>de</strong>smatamentomaior sem serem consi<strong>de</strong>radas como tal. Um caso é a RDS <strong>do</strong> Juma, em NovoAripuanã, criada em 2006, que segun<strong>do</strong> o mo<strong>de</strong>lo teria cerca <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> suaárea <strong>de</strong>smatada (IDESAM et al 2008). Se o mesmo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> projeção fosseexecuta<strong>do</strong> com essas áreas protegidas criadas recentemente em Lábrea e nomosaico <strong>de</strong> UC <strong>do</strong> Apuí, provavelmente alocaria menor área <strong>de</strong>smatada <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> seus limites, ten<strong>do</strong> que alocá-las em áreas fora <strong>de</strong>ssas. Soares-Filho et al(2010) estimam o efeito <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> 37% da taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento da Amazôniarelaciona<strong>do</strong> à criação <strong>de</strong> novas UC a partir <strong>de</strong> 2002.Para avaliar se a projeção se assemelha à realida<strong>de</strong> observada até 2008,foi realizada uma com<strong>para</strong>ção com os da<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s pelo SimamazoniaI. Os mapas gera<strong>do</strong>s <strong>para</strong> os anos 2002 e 2008 foram com<strong>para</strong><strong>do</strong>s comda<strong>do</strong>s oficiais atualiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Projeto <strong>de</strong> Estimativa <strong>do</strong> Desf lorestamentoBruto da Amazônia (PRODES), monitoramento da Floresta Amazônica31


Tabela 7. Valores consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a área <strong>de</strong>smatadaacumulada no mo<strong>de</strong>lo Simamazonia e nos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>PRODES municipal <strong>para</strong> os anos 2002 e 2008 e suastaxas anuaisSimamazonia (ha) PRODES (ha) Taxa (%/ ano) Taxa (ha/ano)2002 2008 2002 2008 Simamazonia Pro<strong>de</strong>s Simamazonia Pro<strong>de</strong>sApuí 98.394 119.307 102.270 159.489 20% 26% 3.486 9.537Boca <strong>do</strong> Acre 101.116 144.181 131.210 180.330 24% 23% 7.177 8.187Lábrea 137.957 191.606 162.700 294.449 23% 30% 8.942 21.958Manicoré 95.773 119.789 104.260 142.628 21% 23% 4.003 6.395Novo Aripuanã 41.911 56.147 54.870 83.175 22% 25% 2.373 4.71732Brasileira por Satélite. Para com<strong>para</strong>r a estimativa<strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo com o <strong>de</strong>smatamento observa<strong>do</strong>,a área <strong>de</strong>smatada <strong>de</strong> 2002 foi subtraída da área<strong>de</strong>smatada <strong>de</strong> 2008 em cada uma das estimativas(Simamazonia I e PRODES), e dividida pelonúmero <strong>de</strong> anos. As taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento anuaissimuladas e a observadas são apresentadas natabela 7.Embora os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> entrada da área <strong>de</strong>smatadaacumulada <strong>de</strong> 2002 no Simamazonia I sejammenores que os da<strong>do</strong>s atualiza<strong>do</strong>s <strong>do</strong> PRODES,as taxas anuais observadas neste último forammaiores que as taxas mo<strong>de</strong>ladas pelo primeiroem quatro <strong>do</strong>s cinco municípios. A taxa anual <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento <strong>do</strong> PRODES foi superior que a <strong>do</strong>Simamazonia aproximadamente 6.000 ha (6%)em Apuí e 13.000 ha (7%) em Lábrea. Os re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong>sindicam que o mo<strong>de</strong>lo, basea<strong>do</strong> em taxas<strong>de</strong> 1999-2001, projetou uma taxa menor que aárea <strong>de</strong>smatada observada entre 2002 e 2008.Esses da<strong>do</strong>s confirmam o aceleramento da dinâmica<strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento no <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Amazonas emrelação às tendências históricas, indican<strong>do</strong> umafronteira <strong>de</strong> expansão agropecuária, conformeobserva<strong>do</strong> por Laurance (2000), Saywer (2001) eFearnsi<strong>de</strong> e Graça (2006).4.4. Mudança líquida <strong>do</strong>s estoques <strong>de</strong>carbono na linha <strong>de</strong> baseA mudança líquida nos estoques <strong>de</strong> carbonona vegetação <strong>do</strong>s cinco municípios (Tabela 8Tabela 8. Potenciaisemissões <strong>de</strong> toneladas<strong>de</strong> CO2 acumuladasnos municípiosconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o cenárioBAU <strong>de</strong> projeção <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento (Soares-Filho et al. 2006).e Figura 19) foi calculada através da soma <strong>do</strong>sestoques atuais <strong>de</strong> cada tipo <strong>de</strong> vegetação oufitofisionomia que seria perdida com o <strong>de</strong>smatamentoe subtraída por um estoque <strong>de</strong> carbonoda vegetação que ocuparia a área. Essa vegetaçãosubstituin<strong>do</strong> a f loresta foi consi<strong>de</strong>rada como ummosaico que incluiria pastagens produtivas, pastagens<strong>de</strong>gradadas, agricultura e vegetação emregeneração, obtida em Fearnsi<strong>de</strong> (1996).Ano Apuí Boca <strong>do</strong> Acre Lábrea Manicoré Novo Aripuanã2010 38.843.711 53.395.109 107.072.288 48.433.704 30.866.7922015 68.024.874 93.295.745 176.003.773 77.196.259 59.072.3612020 118.235.202 162.560.261 290.185.105 152.508.366 111.293.5362025 184.941.169 237.582.462 430.491.254 295.264.577 211.335.9792030 401.966.749 320.338.214 596.710.387 440.330.086 373.791.2352035 687.835.416 391.348.817 798.778.631 635.262.819 567.909.1852040 969.159.711 453.782.282 1.033.164.178 854.876.742 815.384.4302045 1.240.661.501 506.876.389 1.248.170.720 1.134.301.145 1.090.748.0622050 1.515.451.202 542.036.311 1.346.122.062 1.412.714.674 1.371.710.919


5. Oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+ no Sul <strong>do</strong> AmazonasO contexto atual das políticas e iniciativas <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+ gera um cenário <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>se <strong>de</strong>safios. O contexto <strong>do</strong>s avançosno cenário internacional e brasileiro <strong>de</strong> R EDD+tem se modifica<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Copenhague. Emboraa implementação <strong>de</strong> projetos ainda seja umaótima oportunida<strong>de</strong> <strong>para</strong> trazer recursos <strong>para</strong>a conservação f lorestal, a discussão sobre umsistema nacional liga<strong>do</strong> a sistemas estaduais, querecompense também os estoques <strong>de</strong> carbono florestal(sem linha <strong>de</strong> base) abriria também novaspossibilida<strong>de</strong>s iniciativas <strong>de</strong> REDD+ na região.Nos cinco municípios <strong>do</strong> <strong>estu<strong>do</strong></strong>, a pressão <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento é real e evi<strong>de</strong>nte, e oferece oportunida<strong>de</strong>s<strong>para</strong> a implementação <strong>de</strong> projetos eativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> R EDD+. Contu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> se tratada posse legal da terra, e fator prepon<strong>de</strong>rante<strong>para</strong> a implementação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> R EDD+,gran<strong>de</strong> parte das terras privadas se encontramem não conformida<strong>de</strong>. A lei fe<strong>de</strong>ral 11.952 <strong>de</strong>2009 (antiga MP 458) 12 traz esperanças <strong>para</strong>a aceleração <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> titulação <strong>de</strong> terras,o que po<strong>de</strong>ria melhorar o cenário <strong>para</strong> taisiniciativas. No entanto, ao mesmo tempo, essalei também dá margem <strong>para</strong> a titulação <strong>de</strong> terrasocupadas in<strong>de</strong>vidamente, que po<strong>de</strong> favoreceratores <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento. Em várias das regiõesanalisadas neste <strong>estu<strong>do</strong></strong>, é possível afirmarque a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> umprojeto ou ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> R EDD+ é drasticamentereduzida <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong> titularida<strong>de</strong> legal daterra. Além <strong>de</strong> resolver a questão <strong>de</strong> titulação dasproprieda<strong>de</strong>s, uma articulação maior é necessária<strong>para</strong> unir os atores <strong>para</strong> iniciar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>REDD+ na maioria <strong>de</strong>sses municípios.Abaixo segue um relato das possibilida<strong>de</strong>s e<strong>de</strong>safios <strong>de</strong> cada município <strong>para</strong> a implementação<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, programas e projetos (oportunida<strong>de</strong>s)<strong>de</strong> REDD+.Figura 19. Emissões<strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong>CO2 acumuladasnos municípiosconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o cenárioBAU <strong>de</strong> projeção <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento (Soares-Filho et al. 2006)12Disponível em : http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11952.htm33


345.1. ApuíApuí é <strong>de</strong>finitivamente o município com aoportunida<strong>de</strong> mais interessante e avançada <strong>para</strong>a implementação <strong>de</strong> REDD+ no <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Amazonas.O arcabouço político está avança<strong>do</strong>, contan<strong>do</strong>com o apoio da Prefeitura e da SecretariaMunicipal <strong>do</strong> Meio Ambiente, incluin<strong>do</strong> ainda oenvolvimento <strong>de</strong> alguns sindicatos e outras instituições.Durante 2009, com o apoio e articulação<strong>do</strong> IDESA M, a Prefeitura participou <strong>de</strong> eventosnacionais e internacionais relevantes <strong>para</strong> inspirare direcionar suas políticas ambientais, com<strong>de</strong>staque <strong>para</strong> o XIV Encontro <strong>do</strong> Katoomba(Cuiabá) e a UNFCCC/COP 15 (Copenhagen).No município, os primeiros passos foramda<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> várias campanhas <strong>de</strong> sensibilizaçãoambiental <strong>do</strong>s cidadãos, salientan<strong>do</strong> a importânciae a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não produzir queimadase <strong>de</strong> reduzir o consumo <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> energiaelétrica. Dentre outras iniciativas, o município jáintroduziu uma campanha <strong>de</strong> coleta e reciclagem<strong>de</strong> papel, instalou lâmpadas ecológicas em todaa área urbana, trocou os telha<strong>do</strong>s das escolas queagora usam iluminação solar, reduzin<strong>do</strong> consumo<strong>de</strong> energia. Em 2010 foram inicia<strong>do</strong>s <strong>estu<strong>do</strong></strong>s <strong>para</strong>trocar a matriz energética <strong>de</strong> óleo diesel <strong>para</strong> umamatriz que queime biomassa renovável (resíduos<strong>do</strong> manejo florestal) ou biodiesel. A meta é queaté o fim <strong>de</strong> 2011 se tenha construí<strong>do</strong> as bases<strong>para</strong> o Programa Apuí Sustentável, <strong>de</strong> forma aviabilizar sua implementação até 2012. Adicionalmente,está previsto <strong>para</strong> 2011 o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> REDD+ <strong>para</strong> o mosaico <strong>de</strong> UC<strong>do</strong> Apuí, com o potencial <strong>de</strong> barrar o <strong>de</strong>smatamentoe <strong>de</strong>senvolver ativida<strong>de</strong>s produtivas sustentáveis<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssas UC.Gran<strong>de</strong> parte da população local é compostapor imigrantes <strong>do</strong> <strong>sul</strong> viven<strong>do</strong> no município hádécadas ou que migraram <strong>de</strong> outras regiões <strong>para</strong>se estabelecerem <strong>de</strong>finitivamente em Apuí. A falta<strong>de</strong> alternativas nessa fronteira levou muitos <strong>de</strong>lesa estarem dispostos a tentar novas possibilida<strong>de</strong>s<strong>para</strong> a geração <strong>de</strong> renda. Embora a pecuária continueem expansão, a rentabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> emApuí (apresentada no quadro abaixo) se apresentaabaixo das estimativas <strong>para</strong> a Amazônia, a qual ése estima ter taxa interna <strong>de</strong> retorno entre 3 e 15%(Schnei<strong>de</strong>r et al. 2000, Arima et al. 2005).Mais da meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s produtores rurais <strong>de</strong>Apuí se mudaram na década <strong>de</strong> 1980 e 1990.Esses mora<strong>do</strong>res, ao contrário <strong>do</strong>s recentes,não <strong>de</strong>monstram gran<strong>de</strong> interesse em expandirsua ocupação e <strong>de</strong>smatar novas áreas. Muitos<strong>de</strong>les já possuem terras suficientes em que já seconstruíram benfeitorias, mas também produzirampassivos ambientais. O interesse <strong>de</strong>ssesmora<strong>do</strong>res é a regularização fundiária e muitos<strong>de</strong>les estão dispostos a regularizar ambientalmentesuas proprieda<strong>de</strong>s. Diferentemente <strong>do</strong>observa<strong>do</strong> em outras regiões como Boca <strong>do</strong>Acre, Lábrea e o km 180, os mora<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Apuíapresentam o perfil <strong>para</strong> aceitar propostas comoo Projeto Apuí Mais Ver<strong>de</strong> (apresenta<strong>do</strong> aola<strong>do</strong>).


Rentabilida<strong>de</strong> da pecuária em ApuíRazera (2005) <strong>de</strong>screve oito cenários <strong>para</strong> a rentabilida<strong>de</strong>pecuária em Apuí, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> pequenas,médias e gran<strong>de</strong>s proprieda<strong>de</strong>s e diferentes porcentagens<strong>de</strong> valorização no preço da terra, com ou sema venda da ma<strong>de</strong>ira. Os re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> autor, que emalguns casos apresenta rentabilida<strong>de</strong> negativa, foramapresenta<strong>do</strong>s e contesta<strong>do</strong>s pelos pecuaristas <strong>do</strong>município em 2007. No mesmo ano, o autor retornouao município <strong>para</strong> apresentar os da<strong>do</strong>s e realizar umaoficina participativa em forma <strong>de</strong> painel reproduzi<strong>do</strong>num projetor, passo a passo, apresentan<strong>do</strong> os conceitoseconômicos utiliza<strong>do</strong>s <strong>para</strong> analisar consensualmentea rentabilida<strong>de</strong> da pecuária no município. Coma presença <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 30 representantes <strong>do</strong> sindicatopecuarista local (cerca <strong>de</strong> 80% <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s pecuaristas<strong>do</strong> município), o primeiro passo foi obter os valoresmédios <strong>para</strong> uma proprieda<strong>de</strong> rural no município.Foi consi<strong>de</strong>rada uma proprieda<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 500 ha,inserin<strong>do</strong> o preço da terra (com taxa <strong>de</strong> aumento<strong>de</strong> 10% ao ano) e sem a venda <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira 13 , on<strong>de</strong> aárea <strong>de</strong> reserva legal estipulada pelos pecuaristas foi<strong>de</strong> 20% (100 ha). A taxa média <strong>para</strong> o aumento <strong>do</strong>preço da arroba foi <strong>de</strong> 8%, embora o preço pago pelaarroba fosse baixo (2004 = R$ 45,00/@; 2007 = R$40,00/@). A taxa média anual <strong>de</strong> aumento <strong>do</strong>s custosestimada pelos pecuaristas foi <strong>de</strong> 5%, e a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontoem 8,8% 14 .A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no Painel <strong>para</strong> aproprieda<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 500 hectares, a rentabilida<strong>de</strong>anual <strong>do</strong> pecuarista que investe na aquisição <strong>de</strong> umaárea, consolidação da fazenda e posterior venda, numperío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 07 anos, é <strong>de</strong> R$ 30.650,00, o que re<strong>sul</strong>taem um retorno mensal <strong>de</strong> R$ 2.554,16. Esse valorrepresenta um Valor Presente Líqui<strong>do</strong> (VPL) <strong>de</strong> R$61por hectare/ano e uma taxa interna <strong>de</strong> retorno <strong>de</strong> 1%.A análise econômica foi feita a partir <strong>de</strong> umaproprieda<strong>de</strong> média irregular, sem autorizações <strong>de</strong><strong>de</strong>smate e queima, e com uma área <strong>de</strong> reserva legalmuito menor <strong>do</strong> que a área exigida pela legislação(80%). Isso faz com que alguns riscos e custosexistentes, como <strong>de</strong> uma multa por crime ambientalaplicada pelo IBAMA que acontece na região, tenhamque ser internaliza<strong>do</strong>s na análise. A <strong>de</strong>finição da área<strong>de</strong> reserva legal é fator fundamental <strong>para</strong> a <strong>de</strong>finiçãoda rentabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> à medida que refletediretamente a área produtiva da proprieda<strong>de</strong>. Parase enten<strong>de</strong>r melhor o papel da área <strong>de</strong> reserva legalna rentabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> foi feita uma análise davariação <strong>do</strong> VPL/ha em função da variação da área <strong>de</strong>reserva legal, com base no painel construí<strong>do</strong>.Alteran<strong>do</strong> a área sob pastagem fica evi<strong>de</strong>nte que aativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pecuária no Apuí só se mantém rentávelem função <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> ilegalida<strong>de</strong> ambiental e<strong>de</strong>scumprimento da Reserva Legal. Quan<strong>do</strong> se faz ocálculo da rentabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> com 40% <strong>de</strong> área<strong>de</strong> reserva legal, meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> que é exigi<strong>do</strong> na legislação,já é observa<strong>do</strong> prejuízo, com um VPL/ha <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong>R$ -40 (Cenamo e Carrero, aceito). Isso <strong>de</strong>monstraa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alternativas <strong>de</strong> financiamento queauxiliem os pecuaristas a se a<strong>de</strong>quarem aos limites <strong>de</strong>áreas preservadas exigi<strong>do</strong>s pela legislação. Por si sóesses produtores não aten<strong>de</strong>rão aos 80% <strong>de</strong> reservalegal <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s no Código Florestal, já que teriamprejuízo. O cenário <strong>de</strong> referência, sem nenhum projeto<strong>de</strong> apoio econômico à recuperação, é a manutençãodas proprieda<strong>de</strong>s irregulares.Fonte: Cenamo e Carrero, aceito.13Embora o preço <strong>de</strong> compra da terra esteja acorda<strong>do</strong> em R$ 50,00/ha, os pecuaristas citaram queproprietários mais antigos ocu<strong>para</strong>m suas áreas sem custo algum. Os pecuaristas não ven<strong>de</strong>m ama<strong>de</strong>ira proveniente das áreas <strong>de</strong>smatadas, pois não possuem autorização <strong>de</strong> <strong>de</strong>smate não haven<strong>do</strong>interesse das ma<strong>de</strong>ireiras pela compra da ma<strong>de</strong>ira, que acaba sen<strong>do</strong> queimada.14Percentual cobra<strong>do</strong> pelos bancos <strong>para</strong> empréstimos aos pecuaristas <strong>de</strong> Apuí.35


36A estratégia <strong>de</strong> distintos agentes locais configura um cenário com apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar impactos positivos <strong>para</strong> a implementação <strong>de</strong> umaativida<strong>de</strong> econômica alinhada com a redução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento. A articulaçãolocal realizada pelo IDESAM <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2007 permitiu que fosse inicia<strong>do</strong>o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo que utiliza o REDD+ como base <strong>para</strong> amudança <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s produtivas promotoras <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>saliadas à conservação florestal.O fruto <strong>de</strong>sse trabalho conduziu ao lançamento <strong>do</strong> Projeto Apuí MaisVer<strong>de</strong> em 2009, com o objetivo <strong>de</strong> estruturar um plano <strong>de</strong> ação <strong>para</strong> o reflorestamentodas áreas ripárias com espécies nativas, incluin<strong>do</strong> a redução <strong>do</strong><strong>de</strong>smatamento e o pagamento por serviços ambientais atrela<strong>do</strong>s a REDD+.Um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios e fator condicionante da “baixa a<strong>de</strong>são” <strong>de</strong>produtores ao PAMV é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ter a comprovação da titularida<strong>de</strong>da terra <strong>para</strong> ingressar no projeto. Com a ajuda <strong>do</strong> MDA, o INCRA está<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um re-cadastro da situação fundiária das proprieda<strong>de</strong>s emApuí com o objetivo <strong>de</strong> aumentar a área <strong>de</strong> terras tituladas no município, queé bem menor se com<strong>para</strong>da a outros projetos <strong>de</strong> assentamento na Amazônia(Carrero e Fearnsi<strong>de</strong>, no prelo).Junto com o fortalecimento da ca<strong>de</strong>ia produtiva florestal, a intensificaçãoda pecuária é uma ativida<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> contribuir relevantemente <strong>para</strong> aredução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento. Lotação com média <strong>de</strong> 0,6 cabeças <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> porhectare reflete o fácil acesso às terras, a baixa fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo e a falta <strong>de</strong>a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> manejo das pastagens. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> sua a localização geográfica,os custos <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> insumos e produtos afetam diretamente narentabilida<strong>de</strong> econômica da produção agropecuária (Razera 2005).Para isso acontecer, a capacitação <strong>de</strong> associações <strong>de</strong> produtores rurais setorna indispensável. Além <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> empo<strong>de</strong>ramento <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res sociaispromovida pelo IDESAM em Apuí, também a própria SEMMA-Apuí, o IIEB,o CECLIMA/AM e o WWF-Brasil contribuem <strong>para</strong> o fortalecimento das baseslocais em prol <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento social e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> base florestal naregião. A ausência <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong> regulamentação e fiscalização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>uso da terra no município ainda é um gargalo <strong>para</strong> a governança local, que <strong>de</strong>veser supera<strong>do</strong> nos anos seguintes. O IBAMA atestou que alocará uma equipeem Apuí <strong>para</strong> permanecer <strong>de</strong> março a novembro <strong>de</strong> 2011 e coibir as ações <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento e queimadas.Apuí se configura como uma região <strong>para</strong> testar ações alternativas <strong>para</strong>a estruturação <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável, que incluiriareflorestamento com espécies nativas e intensificação da pecuária associa<strong>do</strong>saos componentes <strong>de</strong> REDD+ e PSA. Com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mais proprietáriosestarem aptos a participar <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s, parcerias com a prefeitura,através da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente (SEMMA-Apuí), com oMinistério <strong>de</strong> Desenvolvimento Agrário (MDA) e com instituições e produtoreslocais, aumentam as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> implementação <strong>de</strong> umprojeto nesses mol<strong>de</strong>s.5.2. Novo AripuanãEm Novo Aripuanã, gran<strong>de</strong> parte das áreas potenciais <strong>para</strong> REDD+ sobpressão <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento foi incluída no projeto <strong>de</strong> RED <strong>do</strong> Juma, sobinfluência da ro<strong>do</strong>via estadual AM-174. O I<strong>de</strong>sam coor<strong>de</strong>nou tecnicamenteo Documento <strong>de</strong> Concepção <strong>do</strong> Projeto da RDS <strong>do</strong> Juma, e consi<strong>de</strong>rou útilacompanhar a influência <strong>de</strong>sse projeto em relação à percepção e ao comportamento<strong>do</strong>s atores afeta<strong>do</strong>s indiretamente sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças dasativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso da terra.A ativida<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ireira tem indícios <strong>de</strong> ter diminuí<strong>do</strong> após a implementação<strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> RED <strong>do</strong> Juma, embora não existem <strong>do</strong>cumentos que possamcomprovar esses indícios. Com exceção <strong>de</strong> áreas griladas isoladas às margens<strong>do</strong> rio Acari, o <strong>de</strong>smatamento e atores concentra<strong>do</strong>s no PA Acari <strong>de</strong>vem serconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s em esquemas e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+ em conjunto com asativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Apuí. A maioria <strong>do</strong>s atores nessa região habita, comercializa oucompra em Apuí. Eles po<strong>de</strong>m ser incluí<strong>do</strong>s a partir das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sse últimomunicípio. Em resumo, neste primeiro diagnóstico não foram i<strong>de</strong>ntificadasoportunida<strong>de</strong>s muito relevantes <strong>para</strong> a implementação <strong>de</strong> novas ativida<strong>de</strong>s eprojetos <strong>de</strong> REDD+ no município. Contu<strong>do</strong>, existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maiorarticulação com os produtores <strong>do</strong> PA Acari, que tem o perfil <strong>para</strong> <strong>de</strong>senvolverativida<strong>de</strong>s produtivas como sistemas agroflorestais e silvipastoris.


5.3 ManicoréO município tem <strong>do</strong>is núcleos populacionais comdinâmicas bem distintas <strong>de</strong> uso da terra. De um la<strong>do</strong>,apresenta oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ias produtivas sustentáveis próximas a sua se<strong>de</strong>, àbeira <strong>do</strong> Rio Ma<strong>de</strong>ira e seus afluentes. Pequenos proprietáriosrealizan<strong>do</strong> a agricultura, a coleta <strong>de</strong> castanha<strong>do</strong> Brasil e a extração <strong>de</strong> óleos e resinas representamum potencial no município. Com forte li<strong>de</strong>rança<strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong>s Seringueiros (CNS), ascomunida<strong>de</strong>s extrativistas e ribeirinhas têm representaçãopolítica e vêm se estruturan<strong>do</strong> <strong>para</strong> a produçãoem cooperativas. Esse contexto conduziu o IDESAM,em parceria com o CNS, a organizar um grupo <strong>de</strong>trabalho <strong>para</strong> o microzoneamento e avaliação <strong>do</strong>scustos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s das ativida<strong>de</strong>s produtivaslocais, como forma <strong>de</strong> obter informações locais sobreas os gargalos nos sistemas produtivos <strong>para</strong> a melhoriana geração <strong>de</strong> renda (Quadro 3).Embora ainda não <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>, um mecanismo <strong>de</strong>REDD+ que inclua a conservação florestal associadaao fortalecimento das ca<strong>de</strong>ias produtivaslocais agregan<strong>do</strong> valor aos produtos agro-florestaispo<strong>de</strong>ria funcionar <strong>para</strong> conduzir a um processo<strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong>ssas ca<strong>de</strong>ias e reduzir a pressãosobre essa área florestal. Adicionalmente, oprojeto <strong>de</strong> REDD+ <strong>para</strong> a RDS <strong>do</strong> Rio Ma<strong>de</strong>ira estáprevisto <strong>para</strong> ser <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em 2011, e tambémpo<strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento sustentávelda sua região <strong>de</strong> entorno.Na região <strong>do</strong> km 180, ao <strong>sul</strong> <strong>do</strong> município, abaixíssima governança, sem presença <strong>do</strong>s órgãosgovernamentais <strong>de</strong> todas as escalas, favorece o envolvimentoda população em ativida<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>sconformida<strong>de</strong>com a legislação como a exploração <strong>de</strong>ma<strong>de</strong>ira e a grilagem <strong>de</strong> terras. Esse cenário <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>noimpôs barreiras <strong>para</strong> o estabelecimento <strong>de</strong> umdiálogo real com os atores locais. Embora tenha si<strong>do</strong>feito contato com gran<strong>de</strong> parte das li<strong>de</strong>ranças locaissobre as possibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+,a relativa falta <strong>de</strong> organização entre os produtorese a pouca receptivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mesmos <strong>para</strong> diálogosProjeto Apuí Mais Ver<strong>de</strong>O I<strong>de</strong>sam formou uma parceria com o governo <strong>de</strong> Apuí, o terceiro município com maior área <strong>de</strong>smatada no Amazonas, <strong>para</strong> trabalhar em uma solução<strong>para</strong> reduzir o <strong>de</strong>smatamento e promover o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável em nível local, que po<strong>de</strong>ria ser replica<strong>do</strong> em outras regiões da Amazônia.O PAMV preten<strong>de</strong> oferecer uma alternativa <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong> renda legal, sustentável e <strong>de</strong> longo prazo, atrelada a benefícios sociais e compromissos ambientais<strong>para</strong> engajar produtores rurais interessa<strong>do</strong>s em realizar a regularização ambiental <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s. O cadastro <strong>de</strong> produtores é voluntário e temcomo premissa a garantia <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> da terra e outras condicionantes.O projeto prevê o reflorestamento <strong>de</strong> 1.500 hectares <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong>gradadas até 2015 e espera evitar o <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3.800 hectares até 2035(mediante <strong>estu<strong>do</strong></strong> <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> base estabeleci<strong>do</strong> <strong>para</strong> o projeto <strong>de</strong> REDD+). As ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reflorestamento irão promover o seqüestro <strong>de</strong> aproximadamente600 mil toneladas <strong>de</strong> CO2, enquanto que as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+ irão conter a emissão <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 1,9 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> CO2. A estratégia <strong>de</strong> captação<strong>de</strong> recursos está estruturada <strong>de</strong> forma a utilizar tais reduções <strong>de</strong> emissões (créditos <strong>de</strong> carbono) <strong>para</strong> financiar as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> projeto.Atualmente já estão cadastradas cerca <strong>de</strong> 70 famílias, que somam pouco mais <strong>de</strong> 1.200 hectares <strong>para</strong> o reflorestamento. O IDESAM concluiu em julho<strong>de</strong> 2010 um banco <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s sobre essas proprieda<strong>de</strong>s e suas respectivas áreas a serem reflorestadas e está inician<strong>do</strong> a estruturação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong><strong>de</strong> sementes e <strong>de</strong> uma estratégia <strong>para</strong> a produção <strong>de</strong> mudas. Associações, sindicatos e cooperativas locais estão engaja<strong>do</strong>s no processo. Estão sen<strong>do</strong> tambéminicia<strong>do</strong>s em parceria com a EMBRAPA-Manaus, experimentos <strong>de</strong> recuperação e manejo rotacional <strong>de</strong> pastagens <strong>para</strong> a intensificação e aumento <strong>de</strong>rentabilida<strong>de</strong> da ativida<strong>de</strong> pecuária, com o objetivo <strong>de</strong> consolidar novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> produção e reduzir a pressão por <strong>de</strong>smatamentos no município.O número <strong>de</strong> participantes <strong>do</strong> PAMV foi bastante limita<strong>do</strong> por conta das in<strong>de</strong>finições fundiárias já citadas anteriormente. Devi<strong>do</strong> à forte procura einteresse constata<strong>do</strong>s na fase <strong>de</strong> divulgação <strong>do</strong> projeto, espera-se que a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> outros produtores aumentará, amplifican<strong>do</strong> os efeitos <strong>do</strong> projeto <strong>para</strong>atingir a meta <strong>de</strong> envolver praticamente todas as proprieda<strong>de</strong>s rurais <strong>do</strong> município.37


38mais profun<strong>do</strong>s impossibilitou o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> alguma iniciativa mais concreta. Essa região <strong>de</strong>veser priorizada em novas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fiscalização,articulação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s produtivas,já que representa a maioria da área <strong>de</strong>smatadaacumulada <strong>do</strong> município.5.4. Boca <strong>do</strong> AcreÉ um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is únicos municípios amazonenseslivre <strong>de</strong> febre aftosa. A BR-317 cruza duas TerrasIndígenas além <strong>de</strong> margear os Projetos <strong>de</strong> AssentamentoMonte I e II. A situação fundiária na área ezona <strong>de</strong> entorno <strong>do</strong>s assentamentos é caótica, e apressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento sobre as TI associada aessa ativida<strong>de</strong> é intensa, com invasões e esquemas<strong>de</strong> arrendamento e aluguel <strong>de</strong> pastagens.Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as TI <strong>de</strong>marcadas Boca <strong>do</strong> Acree Apurinã <strong>do</strong> km 45 da BR-317, com a pecuáriaextremamente direcionada ao merca<strong>do</strong> (aumentan<strong>do</strong>o custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>REDD+), e a in<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> titularida<strong>de</strong> da terra epouco contato com os agentes, foi difícil encontrarboas oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> um projeto <strong>de</strong>monstrativo<strong>de</strong> REDD+ em áreas privadas, mesmo com arepresentação bem atuante <strong>de</strong> pequenos produtores.Em 2008, a SDS li<strong>de</strong>rou uma iniciativa chamadaBoca <strong>do</strong> Acre Legal, on<strong>de</strong> estabeleceu umaagenda positiva <strong>para</strong> unir 100 gran<strong>de</strong>s pecuaristase firmar pacto <strong>de</strong> cessar o <strong>de</strong>smatamento em suasproprieda<strong>de</strong>s rurais e fomentar ativida<strong>de</strong>s produtivassustentáveis. Essa é uma iniciativa que <strong>de</strong>ve sercontinuada <strong>para</strong> se obter informações necessárias<strong>para</strong> a criação e estruturação <strong>de</strong> um programa ouativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> REDD+ no município.Microzonea mento Econômico eEcológico <strong>de</strong> M anicor é (Micro ZEE)A oficina <strong>de</strong> microzoneamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s econômicas foi realizada na Universida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><strong>do</strong> Amazonas (UEA) em Manicoré. A oficina contou com a parceira e articulação <strong>do</strong> escritório local<strong>do</strong> Conselho Nacional <strong>do</strong>s Seringueiros (CNS), o apoio da UEA e reuniu um total <strong>de</strong> 20 li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong>associações <strong>de</strong> produtores locais nos diversos setores e regiões da zona rural <strong>de</strong> Manicoré. O microzoneamento<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s econômicas mapeou a produção em 49 comunida<strong>de</strong>s nas várzeas <strong>do</strong> R ioMa<strong>de</strong>ira e <strong>de</strong> lagos principais (i.e. Capanã e Baieta) além das regiões <strong>de</strong> terra firme <strong>do</strong>s rios Atiningae Manicoré.Embora a maioria pesque <strong>para</strong> subsistência, apenas uma comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terra firme tem a pescacomo ativida<strong>de</strong> econômica. Comunida<strong>de</strong>slocalizadas em terra firmetêm como ativida<strong>de</strong> a produção <strong>de</strong>farinha e a extração <strong>de</strong> castanha eborracha, enquanto que comunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> várzea têm uma ativida<strong>de</strong><strong>de</strong> agricultura diversificada com<strong>de</strong>staque <strong>para</strong> a mandioca <strong>para</strong> produzirfarinha, a banana, a melanciae o cacau. A fertilização naturalatravés <strong>do</strong>s pulsos <strong>de</strong> inundaçãoda várzea e a maior trafegabilida<strong>de</strong>favorecem a produtivida<strong>de</strong> e comercializaçãoagrícola. A sazonalida<strong>de</strong>das ativida<strong>de</strong>s é importante <strong>para</strong>os comunitários optarem por uma<strong>de</strong>terminada ativida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>trimento a outra. A extração <strong>de</strong> castanha e borracha é um bom exemplo,a primeira acontece entre <strong>de</strong>zembro e abril, enquanto que a segunda entre junho e <strong>de</strong>zembro. Já nasáreas <strong>de</strong> várzea, o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> preparo e plantio acontece sempre logo após o nível d’água baixar, quepo<strong>de</strong> variar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da localida<strong>de</strong>.


A análise da rentabilida<strong>de</strong> das ativida<strong>de</strong>s econômicas mais relevantesfoi realizada seguin<strong>do</strong> os ciclos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> cada cultura. Os cálculosforam basea<strong>do</strong>s em um hectare, excetuan<strong>do</strong>-se a coleta <strong>de</strong> castanha ea extração da borracha. Foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os diferentes esquemas <strong>de</strong>plantio e tratos culturais, produtivida<strong>de</strong>, preços da mão <strong>de</strong> obra e valor<strong>de</strong> venda <strong>do</strong> produto, que variaram <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as localida<strong>de</strong>s (Várzea,Terra Firme, cida<strong>de</strong> e interior), geralmente re<strong>sul</strong>tan<strong>do</strong> em quatro valores<strong>de</strong> rentabilida<strong>de</strong> <strong>para</strong> cada ativida<strong>de</strong>. Cada produto representa um ciclosazonal que po<strong>de</strong> variar em média entre seis meses e um ano. É importantese compreen<strong>de</strong>r a rentabilida<strong>de</strong> e a dinâmica <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>sten<strong>do</strong> em vista o custo <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> que as mesmas apresentam frenteàs ativida<strong>de</strong>s produtoras <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento (pecuária e agricultura <strong>de</strong> largaescala), as quais se aproveitam <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> pobreza <strong>para</strong> se estabelecer.Sen<strong>do</strong> assim, programas e projetos <strong>de</strong> PSA <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>senha<strong>do</strong>s <strong>de</strong> formaa viabilizar e valorizar essas ativida<strong>de</strong>s tradicionais que se aliam ao uso econservação da floresta.A ativida<strong>de</strong> mais rentável se mostrou a produção <strong>de</strong> melancia, seguida dabanana e cacau. A produtivida<strong>de</strong> da melancia na várzea é mais que o <strong>do</strong>bro<strong>do</strong> que a plantada em terra firme, e cai pela meta<strong>de</strong> quan<strong>do</strong> se planta emáreas já cultivadas. A banana é a segunda mais rentável. A produção da farinha<strong>de</strong> mandioca, <strong>do</strong> plantio ao beneficiamento, re<strong>sul</strong>tou em rentabilida<strong>de</strong>negativa, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os altos custos <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra envolvi<strong>do</strong>s no beneficiamento.Contu<strong>do</strong>, se realizada com mão <strong>de</strong> obra familiar ren<strong>de</strong> entre 2e 3 mil reais por hectare por ciclo produtivo. Por po<strong>de</strong>r ser armazenada eter merca<strong>do</strong> garanti<strong>do</strong>, a farinha <strong>de</strong> mandioca é produzida por cerca <strong>de</strong> 50%das comunida<strong>de</strong>s mapeadas, principalmente aquelas localizadas nas áreas<strong>de</strong> terra firme <strong>do</strong> Rio Manicoré e Atininga, e exerce um papel fundamentalna segurança alimentar <strong>de</strong>ssas famílias.39


5.5. LábreaOs limites <strong>sul</strong> e oeste <strong>de</strong> Lábrea abrigam a maiorárea <strong>de</strong>smatada <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Amazonas. O acessopor estradas vicinais não oficiais que partem daBR-317, da BR-364, BR-319 e BR-230 potencializaa ramificação <strong>de</strong> atores e processos no <strong>de</strong>smatamento.Em situação parecida com a vila <strong>do</strong> km 180em Manicoré, o <strong>sul</strong> <strong>de</strong> Lábrea presencia um cenário<strong>de</strong> baixíssima presença <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, grilagem <strong>de</strong> terrae exploração <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. A análise e o parecer <strong>de</strong>novos planos <strong>de</strong> manejo florestal foram bloquea<strong>do</strong>s apartir <strong>de</strong> 2008, reforçan<strong>do</strong> argumentos locais <strong>para</strong> acondução <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s ilegais.40Os indígenas possuem certa organização e umainstituição, a ONG OPIAJBAM, que representa16 povos indígenas da região. A pouca informaçãosobre o contexto <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>s <strong>de</strong> carbono <strong>para</strong> aconservação florestal e redução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento,conduziu o IDESAM a fortalecer as bases locais notema <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+ em Terras Indígenas.Em parceria com a OPIAJBAM, a FundaçãoNacional <strong>do</strong> Índio (FUNAI), a Confe<strong>de</strong>ração <strong>do</strong>sPovos Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB),o Instituto Internacional <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Brasil(IIEB) e o Instituto <strong>de</strong> Pesquisas Ambientais daAmazônia (IPAM), o IDESAM organizou umseminário <strong>de</strong> esclarecimento e capacitação em ativida<strong>de</strong>ssustentáveis e REDD+ em terras indígenas.Como re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong> da oficina ficou constata<strong>do</strong> que ocenário vulnerável ao <strong>de</strong>smatamento, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>as obras <strong>de</strong> infraestrutura da região, torna oportunoiniciativas <strong>para</strong> conter o <strong>de</strong>smatamento através<strong>de</strong> mecanismos que valorizem as terras indígenas.Ainda que o tema <strong>de</strong> REDD+ em TIs esteja emampla discussão no Brasil e seja objeto <strong>de</strong> possívelregulamentação, houve gran<strong>de</strong> interesse por parte<strong>do</strong>s atores envolvi<strong>do</strong>s e ficou aberta a possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> aprofundamento <strong>de</strong> um possível projeto. Asações em Boca <strong>do</strong> Acre <strong>de</strong>vem continuar, e umamaior articulação da SDS, instituições e associaçõeslocais e ONGs que atuam na região <strong>de</strong>ve serbuscada <strong>para</strong> compreen<strong>de</strong>r melhor os <strong>de</strong>safios eoportunida<strong>de</strong>s que o município enfrenta.Ainda assim, foram encontradas oportunida<strong>de</strong>spotenciais com pequenos proprietários <strong>de</strong> terras noPA Monte, que se acelera<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> titulaçãodas terras, po<strong>de</strong>ria gerar uma iniciativa <strong>para</strong> o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+. Aindaque se tenha encontra<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong>contato com os principais atores <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento,<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às ativida<strong>de</strong>s econômicas estarem muitorelacionadas a cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outros Esta<strong>do</strong>s comoAcre e Rondônia, foi concluí<strong>do</strong> que novas incursõespo<strong>de</strong>riam levar a um melhor entendimento daregião. Os próximos passos necessários <strong>de</strong>vem focarem compreen<strong>de</strong>r melhor o cenário <strong>de</strong> uso e posseda terra no município, seus atores e investimentos, epropor ativida<strong>de</strong>s que envolvam REDD+ na região,e principalmente focadas nos projetos <strong>de</strong> assentamentoPA Monte I e II e entorno.


6. Conclusões e RecomendaçõesAs condições <strong>de</strong> baixa governança, situação fundiária in<strong>de</strong>finida e pressão<strong>de</strong> ocupação da terra através <strong>de</strong> estradas não oficiais propiciam um cenárioi<strong>de</strong>al <strong>para</strong> o avanço <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento na região <strong>sul</strong> <strong>do</strong> Amazonas. Mesmo comtaxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>smatamento <strong>de</strong>crescentes em regiões <strong>de</strong> fronteiras consolidadas,regiões como a área <strong>do</strong> <strong>estu<strong>do</strong></strong> apresentam dinâmicas próprias <strong>de</strong> uso da terra,que <strong>de</strong>vem contar com estratégias e ações diferenciadas <strong>para</strong> gerar impactospositivos <strong>para</strong> a manutenção da cobertura florestal e o <strong>de</strong>senvolvimento sustentávelregional.A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> carbono em jogo são consi<strong>de</strong>ráveis e, mesmocom ações pontuais <strong>de</strong> coman<strong>do</strong> e controle, as ativida<strong>de</strong>s produtivas <strong>de</strong>strutivasda floresta continuam a ocorrer. Além disso, os riscos associa<strong>do</strong>s à<strong>de</strong>gradação da floresta por incêndios estão aumentan<strong>do</strong> mesmo em áreas on<strong>de</strong>ocorreu a redução <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamento, tornan<strong>do</strong> mais preocupante as questões<strong>de</strong> permanência <strong>de</strong>ssas florestas. A migração <strong>do</strong> setor ma<strong>de</strong>ireiro <strong>para</strong> o Sul<strong>do</strong> Amazonas também tem gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar novos focos <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamento associa<strong>do</strong>s à abertura <strong>de</strong> estradas. As forças <strong>do</strong> <strong>de</strong>smatamentoestão inseridas no cenário econômico da globalização e a produtivida<strong>de</strong> e aespeculação <strong>de</strong> terras ainda tem um papel importante na conversão da floresta.O envolvimento <strong>de</strong> atores das bases, aumentan<strong>do</strong> a capacitação <strong>para</strong> ali<strong>de</strong>rança e autonomia na busca <strong>de</strong> direitos <strong>do</strong>s habitantes da floresta <strong>de</strong>ve serfortalecida. Assim, ações que se baseiam na lógica econômica e na especulação<strong>de</strong> terras tem mais chances <strong>de</strong> serem barradas pelos atores locais. O cenáriopolítico <strong>de</strong> REDD+ cada vez mais atesta que comunida<strong>de</strong>s tradicionais epovos indígenas <strong>de</strong>vem ter salvaguardas e exercer papel <strong>de</strong> protagonismo nasações e ser o alvo <strong>do</strong>s benefícios financeiros que visam à conservação dasflorestas e seus estoques <strong>de</strong> carbono e <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>.A implementação <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> REDD+ em escala subnacional (programas,projetos e ativida<strong>de</strong>s) <strong>de</strong>ve estar sempre atrelada a uma estrutura<strong>de</strong> monitoramento, relatoria e verificação <strong>de</strong> nível nacional. Para garantir atransparência e evitar dupla contabilida<strong>de</strong> entre reduções <strong>de</strong> emissões nacionaise subnacionais, se propõe a criação <strong>de</strong> Sistemas Nacionais <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong>REDD+. No Brasil, existe a proposta <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> lei 15 que aborda esseassunto e que contou com ampla participação da socieda<strong>de</strong>, e se aprova<strong>do</strong>,servirá <strong>de</strong> marco legal <strong>para</strong> mecanismos <strong>de</strong> REDD+ no Brasil.A crescente criação <strong>de</strong> fun<strong>do</strong>s <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> REDD+ indicam umcenário favorável <strong>para</strong> a conservação da floresta amazônica, <strong>de</strong>ntre os outrosbiomas brasileiros. O fortalecimento das capacida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r públicomunicipal e das organizações da socieda<strong>de</strong> civil <strong>para</strong> gerir os recursos naturaisao nível local é essencial e <strong>de</strong>ve ser busca<strong>do</strong>. O Governo <strong>do</strong> Amazonas estáempenha<strong>do</strong> nessa direção e um acompanhamento pela socieda<strong>de</strong> civil dasações e re<strong>sul</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s é extremamente necessário <strong>para</strong> monitorar,moldar e indicar os caminhos a serem segui<strong>do</strong>s. Contu<strong>do</strong>, a ocupação<strong>de</strong>sor<strong>de</strong>nada re<strong>sul</strong>tante da abertura <strong>de</strong> estradas fe<strong>de</strong>rais e não oficiais é umproblema potencializa<strong>do</strong> pela geopolítica local, que os municípios sozinhosnão tem capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enfrentar, e cuja solução passa necessariamente pelamaior interlocução com os governos estaduais e fe<strong>de</strong>rais.Nesse senti<strong>do</strong> a pre<strong>para</strong>ção <strong>para</strong> ativida<strong>de</strong>s, programas e projetos <strong>de</strong>REDD+ se torna essencial <strong>para</strong> essa região. Não só como forma <strong>de</strong> promover aconservação florestal, mas como função <strong>de</strong> implantar uma nova economia produtiva<strong>de</strong> base florestal. Tal cenário <strong>de</strong>ve ser reforça<strong>do</strong> por se tratar <strong>de</strong> áreasque <strong>de</strong>têm incomparável diversida<strong>de</strong> biológica e cultural, com seus habitantestradicionais marginaliza<strong>do</strong>s ao processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico basea<strong>do</strong>na produção agropecuária capitalizada.Foram i<strong>de</strong>ntificadas algumas oportunida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> projetos <strong>de</strong> REDD+e conservação florestal e seus estoques <strong>de</strong> carbono, sen<strong>do</strong> no município<strong>de</strong> Apuí on<strong>de</strong> a configuração <strong>para</strong> esse fim se apresenta mais favorável. Osoutros municípios, salvo locais específicos, carecem <strong>de</strong> maior articulaçãolocal e regional <strong>para</strong> criar as bases necessárias. No entanto, muitas outrasregiões abordadas nesse <strong>estu<strong>do</strong></strong> como outras não abordadas continuam asofrer com a <strong>de</strong>struição da floresta, com a perda <strong>de</strong> hábitat <strong>de</strong> espécies ameaçadase endêmicas e <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> cultural que ainda restam nas florestas <strong>do</strong>Sul <strong>do</strong> Amazonas.15Projeto <strong>de</strong> Lei substitutivoao PL 5586/2009, disponívelem: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/791239.pdf41


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