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hepatite auto-imune - Sociedade Brasileira de Hepatologia

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4títulos (> 1/80) estão associados ao diagnóstico <strong>de</strong> HAI e apresentamespecificida<strong>de</strong> para a actina filamentosa, que é o principal componentedos microfilamentos. A pesquisa do anticorpo antimicrofilamentos(AMF), também <strong>de</strong>nominado anticorpo antiactina, é realizada emcultura <strong>de</strong> fibroblastos, apresentando menor sensibilida<strong>de</strong> e maiorespecificida<strong>de</strong> que a pesquisa do SMA 6,7 .O ALKM-1 é o marcadormais importante da HAI-2, presente em cerca <strong>de</strong> 90% dos casos. Émarcador <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10% dos casos <strong>de</strong> HAI. O anti-LC1 é o segundomarcador da HAI-2 em aproximadamente 30-40% em associaçãoou raramente como marcador isolado (10% dos casos <strong>de</strong> HAI-2),sendo raro em pacientes acima dos 40 anos 6,7 . Pacientes com HAI-2 são mais jovens ao diagnóstico, apresentam maiores níveis <strong>de</strong>aminotransferases e bilirrubinas, menores níveis <strong>de</strong> gamaglobulinasquando comparados àqueles com HAI-1. O quadro clínico é maisgrave, com maior frequência <strong>de</strong> <strong>hepatite</strong> fulminante e progressãomais rápida para cirrose hepática. Contudo, não há diferenças naindicação do tratamento, na medicação utilizada ou na resposta aotratamento 3,4,6,7 .O AMA é o marcador clássico da cirrose biliar primária (CBP). Deacordo com os critérios do IGAIH, a sua positivida<strong>de</strong> acarreta perda<strong>de</strong> quatro pontos no escore, para melhor diferenciação entre aqueladoença e a HAI 8 . Entretanto, a positivida<strong>de</strong> do AMA po<strong>de</strong> ocorrer empacientes com quadro clínico, bioquímico e histológico <strong>de</strong> <strong>hepatite</strong> ecom resposta terapêutica idêntica às formas clássicas <strong>de</strong> HAI; caracterizando,para alguns, forma variante da HAI 3,4,6,7 .No HC-FMUSP,78,4% dos casos foram classificados como HAI-1, 7,1% como HAI-2,8,9% não apresentaram marcadores e 5,6% apresentavam o AMAcomo marcador da doença 2 .Em relação aos achados histológicos, embora não sejam patognomônicos,alguns aspectos são característicos da HAI; entre eles, a<strong>hepatite</strong> <strong>de</strong> interface com presença <strong>de</strong> infiltrado linfoplasmocitário– com predomínio <strong>de</strong> plasmócitos – que agri<strong>de</strong> a placa limitante einva<strong>de</strong> o parênquima hepático, bem como a presença <strong>de</strong> rosetashepatocitárias. Casos mais graves, com falência hepática, apresentammaior grau <strong>de</strong> <strong>hepatite</strong> <strong>de</strong> interface, <strong>de</strong>sarranjo lobular, necrosehepatocitária, necrose submaciça e menos fibrose que os casos <strong>de</strong>evolução arrastada. O achado <strong>de</strong> fibrose é quase universal 7,8 .A cirrose hepática está presente em frequência variável na apresentaçãoda doença; em geral, mais <strong>de</strong> 30% dos pacientes têm cirrose na biópsiainicial e em crianças esse número po<strong>de</strong> atingir 50% 9,10 . Nos estudos internacionais,a frequência <strong>de</strong> cirrose hepática na biópsia inicial variou <strong>de</strong>acordo com a população estudada, por influências genéticas na forma<strong>de</strong> apresentação e evolução da doença e certamente pela forma emque foi <strong>de</strong>terminada. Os pacientes japoneses apresentam as menorestaxas <strong>de</strong> CH, ao redor <strong>de</strong> oito a 10%, provavelmente por diferenças napredisposição genética da doença (HLA DR4) 9,10 .No HC-FMUSP, o estudo histológico inicial estava disponível em80,6% dos pacientes; a cirrose hepática foi diagnosticada em 45,1%dos casos, mais frequentemente naqueles com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início dadoença mais precoce. A frequência <strong>de</strong> cirrose hepática por biópsia foisubestimada, pois alguns pacientes sem cirrose hepática na biópsiainicial ou sem biópsia apresentavam sinais indiretos <strong>de</strong> hipertensãoportal (exame físico, EDA ou ultrassonografia), aumentando aporcentagem <strong>de</strong> cirrose hepática ao diagnóstico para 62,3% dacasuística 2 . Estudos prévios já <strong>de</strong>monstraram maior agressivida<strong>de</strong>da doença relacionada à positivida<strong>de</strong> do HLA DR13 nos pacientescom HAI-1, tanto nos pacientes brasileiros quanto argentinos, quandocomparados a populações com HLA DR13 negativo, o que po<strong>de</strong> tercontribuído para o achado <strong>de</strong> maior porcentagem <strong>de</strong> cirrose hepáticaem nossa casuística 5,11-13 .Suscetibilida<strong>de</strong> genéticaA suscetibilida<strong>de</strong> genética para HAI-1 está associada aos HLAs DR3e DR4 em pacientes caucasianos e orientais 9,10 . Na América do Sul(Brasil, Argentina e Venezuela), entretanto, a suscetibilida<strong>de</strong> está relacionadaprimariamente ao HLA DR13, com importância do HLADR4 apenas em argentinos 12,13 . No Brasil, em particular, essa suscetibilida<strong>de</strong>está relacionada apenas aos pacientes com reativida<strong>de</strong>para o anticorpo antimicrofilamentos, não sendo observada relaçãocom o ANA 12 . O HLA DR3 só tem importância nos pacientes comHAI-1 negativos para o HLA DR13. Já a suscetibilida<strong>de</strong> genética daHAI-2 está relacionada ao HLA DR7 e ao DR3 nos pacientes comDR7 negativos 12 .DiagnósticoA HAI não apresenta características patognomônicas e não tem marcadorescom sensibilida<strong>de</strong> e especificida<strong>de</strong> suficientes para <strong>de</strong>finir oseu diagnóstico isoladamente. Apesar da positivida<strong>de</strong> dos <strong>auto</strong>anticorposser importante para o diagnóstico e classificação da doença,ela po<strong>de</strong> estar presente em outras doenças hepáticas, infecciosase reumatológicas, e ausente em até 10% dos casos. Assim sendo,o diagnóstico <strong>de</strong>finitivo é feito mediante a combinação <strong>de</strong> achadosclínicos, laboratoriais e histológicos, com exclusão <strong>de</strong> outras causas<strong>de</strong> doença hepática.Para uniformizar e melhor <strong>de</strong>finir o diagnóstico da doença, o IGAIHestabeleceu um sistema <strong>de</strong> escore diagnóstico que permitiu caracterizara HAI como provável ou <strong>de</strong>finitiva (tabela 2) 8 . O pacienteapresenta diagnóstico <strong>de</strong>finitivo quando pontua mais do que 15 noperíodo pré-tratamento e mais do que 17 após avaliação da respostaao tratamento. É importante mencionar que o uso <strong>de</strong> algumasdrogas po<strong>de</strong> provocar lesão hepática mimetizando HAI e, nessescasos, o paciente recebe pontuação negativa no escore. Algumas<strong>de</strong>ssas drogas são alfametildopa, nitrofurantoína, propiltiouracil eatorvastatina. Esse escore apresenta sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 97-100% eespecificida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 60%, porém é falho para diagnosticar as formashíbridas (HAI + CEP e HAI + CBP).Em 2008, Hennes et al. sugeriram novo sistema <strong>de</strong> escore simplificado,utilizando somente quatro variáveis in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: histologia,<strong>auto</strong>anticorpos, níveis <strong>de</strong> IgG e exclusão <strong>de</strong> <strong>hepatite</strong> viral (tabela 3),sendo o diagnóstico provável quando a soma for 6 e <strong>de</strong>finitivo ≥ 7,com 81% <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> e 99% <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>. Entretanto, esseescore ainda não foi validado em estudos prospectivos 14 .TRATAMENTOA HAI não tratada apresenta mau prognóstico, com taxas <strong>de</strong> sobrevidaem cinco e 10 anos <strong>de</strong> 50% e 10%, respectivamente 15 . Até40% dos pacientes com doença grave não tratada evoluem paraóbito <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> seis meses do diagnóstico e há evolução para cirrosehepática em ao menos 40% dos sobreviventes 7 . A sobrevida dospacientes responsivos ao tratamento é semelhante à da populaçãonormal e exce<strong>de</strong> 80% em 20 anos 7,15,16 .De acordo com as recomendações da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Americana parao Estudo das Doenças Hepáticas (AASLD), as indicações absolutaspara tratamento são níveis <strong>de</strong> AST maiores ou iguais a 10 vezes ovalor normal, aumento maior ou igual a cinco vezes das aminotransferasesassociados ao nível <strong>de</strong> gamaglobulinas maior que duas vezes ovalor normal ou achados histológicos <strong>de</strong> necrose em ponte ou necrosemultiacinar 7 . A tendência atual é tratar a maioria dos pacientes,pesando-se os riscos e os benefícios advindos da imunossupressãoem longo prazo. O tratamento <strong>de</strong>ve ser questionado nos casos <strong>de</strong> cirrosehepática <strong>de</strong>scompensada sem ativida<strong>de</strong> inflamatória importantee em pacientes em lista <strong>de</strong> transplante, pelo risco <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> porcausa infecciosa associada à imunossupressão 7,15-17 .O tratamento convencional consiste <strong>de</strong> prednisona (PD) em monoterapia,na dose <strong>de</strong> 60mg/d, ou na dose <strong>de</strong> 30mg/d associada àazatioprina (AZA) 1-2mg/kg/d, ambos com taxas semelhantes <strong>de</strong>resposta. A opção por esses tratamentos é baseada em estudoscontrolados realizados há três décadas, que indicaram o efeito benéficodo corticoi<strong>de</strong> no tratamento da HAI, aumentando a sobrevida,

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