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Documentos IAC 103 - Governo do Estado de São Paulo

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1. INTRODUÇÃOTo<strong>do</strong>s têm interesse pelo passa<strong>do</strong> mais <strong>do</strong> que se julga e, embora no momento atual se vivaem um ambiente <strong>de</strong> muitas inovações, estamos sempre em busca das novas tecnologias e <strong>de</strong> suasatualizações. Assim mesmo, manter o passa<strong>do</strong> vivo é uma gratificante oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecerfatos, até então alheios ao conhecimento, que foram importantes na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> caminhos e nacriação <strong>de</strong> novas experiências culturais.Foi assim, nas <strong>de</strong>scobertas mais antigas, que discretamente remontam as tradiçõesin<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das culturas <strong>do</strong>s povos orientais e oci<strong>de</strong>ntais. Com o passar <strong>do</strong>s tempos e o<strong>de</strong>senvolvimento da cultura escrita, essas tradições foram transformadas em textos, e a maioria <strong>de</strong>ssesmanuscritos foi traduzida para o latim, uma vez que, o repositório <strong>do</strong> conhecimento sobre religião,ciências e arte, naquela época, ocorria geralmente <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s mosteiros cristãos.As superstições, os mitos, os costumes e o conhecimento das plantas em seu ambientegeográfico foram <strong>do</strong>cumenta<strong>do</strong>s, começan<strong>do</strong> a se expandir, quan<strong>do</strong> aumentaram as trocas queampliaram o horizonte <strong>do</strong> conhecimento; as plantas sempre estiveram entre os inúmeros produtosintimamente liga<strong>do</strong>s à vida humana, suprin<strong>do</strong> as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimento, remédios, abrigo e vestuário(CORRÊA, 1926).A partir <strong>do</strong> século XV, a intensificação <strong>do</strong> comércio marítimo <strong>de</strong> especiarias e o <strong>de</strong>scobrimento<strong>de</strong> novas terras fizeram com que se expandissem, cada vez mais, entre Oci<strong>de</strong>nte e o Oriente a troca<strong>de</strong> conhecimentos, <strong>de</strong> costumes e práticas <strong>de</strong> cultivos <strong>de</strong> plantas entre os diferentes povos.Os primeiros coloniza<strong>do</strong>res logo <strong>de</strong>scobriram que muitas plantas que eles conheciam nãoeram encontradas nas novas terras, assim, <strong>de</strong>senvolveu-se o negócio <strong>de</strong> importação <strong>de</strong> plantas daEuropa, Ásia e África. Essa imigração <strong>de</strong> plantas, inicialmente foi tímida, mas com o passar <strong>do</strong> tempo,a observação <strong>de</strong> que muitas <strong>de</strong>ssas plantas exóticas naturalizaram nas novas terras, fez com que osnegócios expandissem bilateralmente, incluin<strong>do</strong> as plantas <strong>de</strong>scobertas nas colônias. Dessa forma,ativaram-se os negócios <strong>de</strong> comercialização <strong>de</strong> plantas, que promoveram a formação <strong>do</strong>s primeirosherbários, das primeiras coleções <strong>de</strong> plantas, marcan<strong>do</strong> o início na Europa <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s <strong>de</strong> botânica(CORRÊA, 1926).A cana-<strong>de</strong>-açúcar fez parte ativa <strong>de</strong>sse comércio na época das gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scobertas. Comose sabe, o centro <strong>de</strong> origem da cana é a região das ilhas <strong>do</strong> arquipélago da Polinésia; assim, ahistória <strong>do</strong> Brasil não possui registros oficiais das introduções realizadas até a década <strong>de</strong> 1530.Mesmo assim, há fortes indícios <strong>de</strong> que a cana tenha si<strong>do</strong> introduzida aqui poucos anos após o<strong>de</strong>scobrimento e contribuiu como fator <strong>de</strong> sobrevivência e objeto <strong>de</strong> troca pelos seus primeiroscoloniza<strong>do</strong>res até o início das capitanias. A comprovação <strong>de</strong> que esse fato ocorreu está nos hábitostradicionais <strong>do</strong>s viajantes e aventureiros que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos remotos, faziam negócios, através <strong>de</strong>troca <strong>de</strong> sementes e mudas <strong>de</strong> plantas para estabelecer as primeiras relações e os cultivos <strong>de</strong> plantasem locais <strong>de</strong> interesse comercial (FIGUEIREDO, 2008).Tal atitu<strong>de</strong> foi, no passa<strong>do</strong>, uma das mais importantes contribuições para a disseminação e<strong>do</strong>mesticação <strong>de</strong> plantas exóticas em novas terras. A<strong>de</strong>mais, na época <strong>do</strong> <strong>de</strong>scobrimento da América,o fato que <strong>de</strong>ve ter contribuí<strong>do</strong> para que a cultura da cana-<strong>de</strong>-açúcar fizesse parte <strong>do</strong> grupo <strong>de</strong>plantas a serem levadas nas embarcações, era que essa cultura já estava estabelecida na Ilha daMa<strong>de</strong>ira. Este local era ponto estratégico <strong>de</strong> parada <strong>de</strong> todas as embarcações vindas da Europa com<strong>de</strong>stino à América ou África, on<strong>de</strong> se cultivava a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>nominada Mirin ou Creola, híbri<strong>do</strong>natural entre Saccharum officinarum e Saccharum barberi, a única conhecida na Europa e Américasaté o século XVIII (COSTA, 1958; DEER, 1928).<strong>Documentos</strong>, <strong>IAC</strong>, Campinas, <strong>103</strong>, 20113

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