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O ABRIGO COMO POSSIBILIDADE - AMAVI

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Embora as Mesas de Trabalho tenham revelado a criatividade e a força dos profissionais, o peso do trabalho que realizamtambém muitas vezes se fazia sentir. Os casos das crianças são complexos e o trabalho, de vinte e quatro horas deenvolvimento, pode ser exaustivo. A ausência ou a precariedade de condições necessárias – infra-estrutura básica atéformação e suporte técnico específico para os profissionais – prejudica o desenvolvimento de um trabalho que é altamentecomplexo e requer qualificação.Em relação ao trabalho com as famílias os educadores se percebem ainda iniciantes. Percebem as atitudes de superioridade quetêm para com esta população e a necessidade de se reverem, no que diz respeito ao tratamento que dispensam a elas.Percebem que ainda têm muito que trabalhar em relação à sua própria postura para que possam acolher a família, embora játenham feito um grande progresso nesta direção.Nesse processo vivido pelos profissionais, com as Mesas de Trabalho, um “salto” fundamental foi conquistado: a percepção doreal potencial dos abrigos, assim como dos educadores que vêm, paulatinamente, desenvolvendo os processos de reflexão nosespaços de interlocução. Nem semi-deus, nem “mal-necessário”, o abrigo é um espaço potencial para o desenvolvimento dacriança e do adolescente, enquanto estes lá estiverem.A “consciência de si” desenvolvida pelos profissionais dos abrigos e a oportunidade de serem protagonistas podem favorecerque proporcionem as mesmas condições à sua população. Uma programação cuidadosa e repleta de ações, de escolhas, depossibilidades de expressão e percepção própria, está sendo criada nos abrigos, pelos profissionais, para aqueles que estão sobsua responsabilidade. Não é uma programação fácil, ao contrário, é complexa e repleta de desafios, como é qualquer processoeducacional, principalmente para um grupo de risco. Abrir-se para escutar o que as crianças têm a dizer, assim como suasfamílias, significa abrir espaço para mais um entrar na roda e dizer coisas que nem sempre são fáceis de assimilar. A forma de oabrigo construir seu trabalho inclui a luta pela sua autonomia e pela sua atuação político-pedagógica.O novo “desenho” dos abrigos está em processo de construção. Este processo implica, essencialmente, abrir espaços de escutae interlocução – intra e extra-muros – com todos os setores da sociedade envolvidos na preservação dos direitos da criança/adolescente no que tange às questões sob responsabilidade do abrigo. Significa compartilhar e refletir, para enfrentar asdificuldades e tomar decisões conjuntas.“Aprender significa reconstruir criticamente a realidade que nos cerca, do ponto de vistado sujeito capaz de história própria.A assistência pode ser feita de forma a reproduzira subalternidade, reproduzindo o sistema de dominação vigente. Assim, torna-secoisa pobre para pobre. A assistência precisa levar o assistido a libertar-se da ajuda,constituindo-se sujeito autônomo, e não objeto vicário e subserviente.”Pedro Demo25

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