71que não contam com o apoio de seus familiares pelo fato destes residirem em outraslocalidades, por afastamento devi<strong>do</strong> a casamento e por perda de um familiar:[...] porque aqui eu só tenho uma irmã que mora mais perto, o resto <strong>do</strong>pessoal da minha família mora to<strong>do</strong>s longe, porque até eu recorrer a eles láem Santa Catarina, então tem que ter alguém mais próximo de mim que meajude. (U6)[...] antigamente eu tinha esse meu irmão que morreu, trabalhava <strong>do</strong> outrola<strong>do</strong> da rua, esse quan<strong>do</strong> eu tinha alguma dificuldade eu conversavabastante com ele. (U24)[...] agora eu pago uma pessoa para me ajudar e para me fazer as coisas,quan<strong>do</strong> a minha filha estava solteira era ela que me fazia tu<strong>do</strong>. (U22)Apesar de a família ser a principal referência para o acolhimento de seusmem<strong>br</strong>os, em algumas situações, não dispõe da estrutura necessária para arcarcom to<strong>do</strong>s os cuida<strong>do</strong>s, neste caso é preciso recorrer a outros mem<strong>br</strong>os da redecomo no caso de U6 e U22 (SILVA et al., 2002; CONTIERO et al., 2009).Esses acha<strong>do</strong>s também foram encontra<strong>do</strong>s no estu<strong>do</strong> de Fachinelo eMarcon (2009) que mencionam que a distância geográfica entre os familiares éconsiderada um fator interveniente na constituição da rede social de hipertensos,motivo relaciona<strong>do</strong> ao movimento migratório <strong>do</strong>s mem<strong>br</strong>os da família para outrascidades, causan<strong>do</strong> afastamento e consequente perda <strong>do</strong> contato entre os irmãosconsanguíneos.Este fato é justifica<strong>do</strong> por Sluzki (1997) que afirma que a conformação darede social familiar ganha relevância na sociedade atual na qual, muitas pessoasvivem sozinhas, muitos casais decidem não ter filhos, ou os filhos adultos moramlonge; um número grande de famílias muda com frequência seu local de residência,dificultan<strong>do</strong> o estabelecimento de laços sociais que resultam na diminuição deatividades com a família extensa. Como se observa no relato de U6 que diz nãocontar com apoio de seus familiares, pois estes não residem próximos e por issorecorre a outras pessoas de convívio diário, no entanto em nenhum momentoexplicita que isto possa afetar no cuida<strong>do</strong> com sua enfermidade.Embora neste estu<strong>do</strong> os usuários não mencionem que a falta familiarespróximos possa afetar no seu bem-estar, Boutin-Foster (2005) alegam que pacientesque não dispõem de suporte social adequa<strong>do</strong> apresentam maior dificuldade paraaderir a comportamentos que promovam a saúde e o bem-estar (atividade física
72regular, alimentação adequada e cessação <strong>do</strong> hábito de fumar), tenden<strong>do</strong> à piora desuas condições físicas.Costa e Nogueira (2008) complementam esta afirmação ao destacarem ovalor que os mem<strong>br</strong>os familiares têm para a qualidade de vida <strong>do</strong>s indivíduoshipertensos, principalmente no que se refere à participação em atividades decuida<strong>do</strong> e acompanhamento ao tratamento, visto que a presença da rede de suportesocial encoraja e facilita a participação ativa <strong>do</strong>s sujeitos nas atividades necessáriaspara o controle da hipertensão.Ten<strong>do</strong> em vista que as <strong>do</strong>enças crônicas necessitam de modificações dehábitos por toda a vida, é necessário que os familiares e as pessoas de convíviopróximo estejam envolvi<strong>do</strong>s para incentivar o <strong>do</strong>ente crônico a conviver melhor coma sua enfermidade (ANDRADE et al., 2009). Deste mo<strong>do</strong>, Marcon et al., (2005)complementam que na ocorrência de enfermidades crônicas, as pessoas deconvivência diária necessitam se reorganizar e adaptar suas vidas, pois os papéis efunções devem ser exerci<strong>do</strong>s de forma a ajudar o indivíduo a gerenciar seutratamento.Entretanto, prestar assistência a adultos não é uma tarefa fácil, pois ocuida<strong>do</strong>r necessita superar possíveis resistências apresentadas pelo enfermo,relacionadas aos valores e às crenças que vão se estruturan<strong>do</strong> em seu cotidiano(SARAIVA et al., 2007). Esse fato foi observa<strong>do</strong> neste estu<strong>do</strong>, em que os usuáriosafirmam serem capazes de fazer tu<strong>do</strong> sozinhos demonstran<strong>do</strong> certa autonomia eindependência no cuida<strong>do</strong> com sua enfermidade:Porque eu me cui<strong>do</strong> eu mesmo, porque sou eu que quero ter mais saúde,porque sou eu que cozinho então eu que faço, eu que tenho que diminuir agordura, o sal, faço para to<strong>do</strong>s. (U5)Eu não sou muito de pedir ajuda, procuro eu mesmo resolver, procuro nãofalar para ninguém. Eu procuro resolver sozinha. (U17)[...] porque sou eu mesmo que em casa cozinho, eu saio fazer compras,para saber o que a gente tem que comer ou não, sempre sou eu, não temuma pessoa assim que fica me lem<strong>br</strong>an<strong>do</strong> de tomar o remédio, aquilo paramim é rotina, eu levanto já tenho a minha garrafinha de água, eu já tomomeu remédio, para mim não precisa ninguém. (U20)Com ninguém, quan<strong>do</strong> eu estou com problema na minha vida eu mesmotenho que resolver, a gente mesmo que complica a vida, então tem queresolver sozinho. (U27)
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