69só eu mesmo […] o cuida<strong>do</strong> que você tem consigo mesmo de caminhada,na alimentação eu faço sozinho, porque eu moro sozinho. (U23)Os usuários relatam falta <strong>do</strong> envolvimento principalmente de seus familiaresno acompanhamento da hipertensão e de outros problemas de saúde, isto ficaevidente nos relatos de U7 e U23 e pode ter reflexos na adesão ao tratamento, poissegun<strong>do</strong> Lopes et al., (2008), no caso da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) osucesso <strong>do</strong> tratamento depende de mudanças no estilo de vida, acresci<strong>do</strong> de fatoresexternos como uma rede social familiar atuan<strong>do</strong> como um importante agente desuporte para o cuida<strong>do</strong>. No entanto, quan<strong>do</strong> o envolvimento da rede familiar éausente no cuida<strong>do</strong> com a hipertensão arterial, pode ocasionar uma desestruturaçãono plano de tratamento (COSTA; NOGUEIRA, 2008).Silva e Acker (2007) afirmam que família é considerada a primeira e maisimportante unidade de saúde para seus mem<strong>br</strong>os, por possuir característicasespeciais de proximidade e de convivência, o que favorece as condições paraacompanhar o processo saúde/<strong>do</strong>ença. Todavia, é importante destacar como járeferi<strong>do</strong> na categoria anterior que U7 é divorciada e reside com sua mãe, a qualexerce a função de cuida<strong>do</strong>ra, mesmo possuin<strong>do</strong> três irmãos que residem no mesmobairro, não pode contar com o apoio destes.Em relação ao relato de U23 que faz referência a morar sozinho por serdivorcia<strong>do</strong>, Ramos (2002) pontua que em termos de esta<strong>do</strong> civil, as pessoascasadas têm melhor saúde que as divorcia<strong>do</strong>s e viúvas, a razão para este padrãopode estar no fato de que pessoas não-casadas não disponibilizam de cônjugespara cuidá-las e/ou controlá-las em casa. Garcia et al. (2007) complementam que aausência de parentes, especificamente os mais próximos tais como o cônjuge ou osfilhos, está associada com complicações das <strong>do</strong>enças e mortalidade entre aspessoas.Segun<strong>do</strong> Rodrigues e Seidl (2008), superar eventos estressantes, como oadvento de uma <strong>do</strong>ença crônica, é especialmente difícil quan<strong>do</strong> o indivíduo se senteisola<strong>do</strong> socialmente. Assim, o suporte social adequa<strong>do</strong> pode diminuir o risco deagravamento de tais <strong>do</strong>enças e promover comportamentos adequa<strong>do</strong>s para o seumanejo e cuida<strong>do</strong>.A adesão ao tratamento da hipertensão arterial é facilitada na presença deapoio familiar e social, pois a ocorrência de uma <strong>do</strong>ença crônica pode levar a
70modificações no comportamento da família, que acarreta mudanças em to<strong>do</strong>contexto familiar ou em alguns de seus mem<strong>br</strong>os, deven<strong>do</strong> este grupo estar incluí<strong>do</strong>nas ações de tratamento e acompanhamento <strong>do</strong>s hipertensos. No entanto, algunsparticipantes preferem seguir sozinho seu tratamento e não interferir na rotina defamiliares e amigos:Mas é difícil também, porque às vezes ela [amiga] tem os problemas delapara resolver. (U2)Não procuro levar para um ou outro, para a minha mãe e meu pai, nãoprocuro levar problemas para eles, então eu mesmo procuro resolver. (U4)Aqui em casa é difícil contar com alguém, eu faço tu<strong>do</strong> sozinha. Tem meusfilhos, se eles estão em casa disponíveis sempre me atendem, mas eu nãovou tirar eles <strong>do</strong> serviço deles para me atender. (U16)[...] para te falar bem a verdade com ninguém. Assim, a gente vai seviran<strong>do</strong>, porque os filhos têm a vida deles, têm que trabalhar, os meninostambém têm a vida deles. (U18)Com a atual situação econômica e social em que as exigências deso<strong>br</strong>evivência são urgentes, os filhos, esposas, enfim, to<strong>do</strong>s os mem<strong>br</strong>os da famíliaingressam no merca<strong>do</strong> de trabalho, e com isso ficam impossibilita<strong>do</strong>s de dar atençãoàs necessidades de seus mem<strong>br</strong>os <strong>do</strong>entes (MAZZA; LEFÉVRE, 2004). Estasituação pode refletir so<strong>br</strong>e as relações entre os mem<strong>br</strong>os da família, como seobserva no relato de U16 e U18 que convive com os filhos próximos, todavia nãoquer interferir na rotina de trabalho e prefere seguir sozinho o tratamento.Ressalta-se que embora U16 sinta-se sozinho em outras situações refereque recebe auxilio financeiro da filha e aconselhamentos de amigos, porém nãorecebe apoio para realizar o cuida<strong>do</strong> com a hipertensão.O êxito no tratamento da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) depende demudanças no estilo de vida, acresci<strong>do</strong> de fatores externos como uma rede socialatuan<strong>do</strong> como um importante agente de suporte para o cuida<strong>do</strong> (LOPES et al., 2008;FAÉ et al., 2006) Este fato não ocorre com U2 , U16 e U18 que demonstram a faltade disponibilidade <strong>do</strong>s seus familiares.Em outras situações, a distância geográfica entre os mem<strong>br</strong>os da rede afetaa facilidade de acesso aos integrantes, e, portanto, compromete tanto asensibilidade da rede às variações <strong>do</strong> indivíduo, quanto a eficácia e velocidade deresposta em situações de crise (SLUZKI, 1997). Alguns <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s afirmam
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