23envolvimento entre as pessoas; frequência <strong>do</strong>s contatos, quanto maior a distância,maior a necessidade de manutenção; história da relação, há quanto tempo seconhecem. Essas variáveis são interdependentes entre si e a estabilidade econfiabilidade <strong>do</strong> vínculo resultam da combinação desses atributos.Para tanto, o poder da rede está na riqueza de suas conexões e <strong>do</strong>svínculos estabeleci<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> existe a colaboração entre seus mem<strong>br</strong>os,reconhecen<strong>do</strong> o outro como um sujeito de opiniões, porta<strong>do</strong>r de um conhecimento,com capacidade de interação (FEUERWERKER; SOUSA, 2000).No caso <strong>do</strong>s porta<strong>do</strong>res de <strong>do</strong>enças crônicas, o vínculo estabeleci<strong>do</strong> com oserviço de saúde e a participação em trabalhos de grupos favorecem a interaçãocom outras pessoas, visto que as atividades em grupo possibilitam conhecer asexperiências pessoais <strong>do</strong>s seus mem<strong>br</strong>os, e a ação de identificarem-se com osproblemas <strong>do</strong>s demais, pode auxiliar na recuperação da saúde (SLUZKI, 1997).Existem evidências que uma rede social estável, ativa e confiável protege aspessoas contra <strong>do</strong>enças, afeta a eficiência no atendimento <strong>do</strong>s serviços de saúde,acelera os processos de cura, aumenta a so<strong>br</strong>evida, enfim, é gera<strong>do</strong>ra de saúde. Emcontrapartida, a presença de uma <strong>do</strong>ença – especialmente as enfermidades crônicas– debilita e reduz a capacidade de interação social <strong>do</strong>s indivíduos, por sentirem-seincapazes de ajudar os outros, o que os levam a se isolar <strong>do</strong>s seus contatos,causan<strong>do</strong>, assim, impacto negativo na rede social (SLUZKI, 1997).Contu<strong>do</strong>, a po<strong>br</strong>eza de relações sociais constitui fator de risco à saúdecomparável a outros que são comprovadamente nocivos, como fumo, pressãoarterial elevada, obesidade e a ausência de atividade física, as quais acarretamimplicações clínicas para saúde individual e coletiva (ANDRADE; VAISTMAN, 2002).Vários estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s evidenciam os benefícios da rede de apoio socialpara a saúde das pessoas. A fim de enriquecer este trabalho serão listadas nasequência algumas destas pesquisas.O estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Nunes (2009) <strong>do</strong>cumenta os benefícios físicos epsicológicos <strong>do</strong> apoio social aos porta<strong>do</strong>res de <strong>do</strong>ença crônica (diabetes) e mostracomo os sujeitos que disponibilizam deste, se ajustam melhor psicologicamente aacontecimentos indutores de estresse; recuperam-se mais rapidamente deenfermidades com diagnósticos recentes e reduzem o risco de mortalidade por<strong>do</strong>enças específicas como o caso da diabetes. Relata ainda que os diabéticos quese beneficiam de maior apoio social, usufruem de melhor qualidade de vida.
24O estu<strong>do</strong> de Lever e Martinez (2007) refere que pessoas com alto nível deapoio social apresentam adequada autoestima, autoconfiança, e tambémdesenvolvem estratégias mais adaptativas para lidar com situações adversas.Em um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com porta<strong>do</strong>res de diabetes melitus, Silva et al.(2003) relatam que a rede de apoio social tem por finalidade aliviar o estresse emsituação de crise, e assim inibir o desenvolvimento de <strong>do</strong>enças e, no caso daenfermidade já instalada, tem um papel de suporte positivo para a recuperação. Osresulta<strong>do</strong>s reforçam a ideia da existência de efeitos positivos diretos entre o apoiosocial e a saúde, caracteriza<strong>do</strong>s pela diminuição <strong>do</strong>s níveis glicêmicos, e efeitospositivos indiretos associa<strong>do</strong>s ao estresse psicológico induzi<strong>do</strong> pela <strong>do</strong>ença, comredução <strong>do</strong> risco de depressão.Também foi encontra<strong>do</strong> no estu<strong>do</strong> de Cassel 4 (1976, apud Lacerda, 2002) aconstatação de que as relações sociais ajudam os sujeitos a terem maior controledas situações estressantes e enfrentarem melhor as adversidades da vida. Apresença de alguma forma de apoio social anularia os efeitos deletérios <strong>do</strong> estresseno organismo, além de aumentar a imunidade corporal e a resistência orgânica,reduzin<strong>do</strong> o a<strong>do</strong>ecimento físico e psicológico.No estu<strong>do</strong> de Andrade et al. (2005) realiza<strong>do</strong> com mulheres em relação àrealização <strong>do</strong> autoexame de mamas os autores investigaram a associação entre afrequência da realização com o apoio social recebi<strong>do</strong>. Concluíram que em todas asdimensões de apoio social (material, emocional, afetivo, de informação e interaçãosocial positiva), a chance de praticar o autoexame foi aproximadamente duas vezesmaior entre aquelas que recebiam alguma forma de apoio, sugerin<strong>do</strong> que este podecontribuir positivamente para as práticas de autocuida<strong>do</strong> à saúde.Martire e Schulz (2007) em um estu<strong>do</strong> com porta<strong>do</strong>res de <strong>do</strong>enças crônicasdemonstraram que intervenções médicas realizadas com a participação <strong>do</strong>sfamiliares próximos possuem consequências favoráveis ao bem-estar físico eemocional. Os autores concluíram que o suporte social forneci<strong>do</strong> pelos familiarespossibilita que os <strong>do</strong>entes crônicos vivam de forma mais independente e autônomapossível. Portanto, a inclusão de um mem<strong>br</strong>o da família na atenção ao porta<strong>do</strong>r de<strong>do</strong>ença crônica tem potencial para aumentar os efeitos das orientações realizadas etambém beneficiar a família.4 CASSEL, J. The contribution of the social environment to host resistance. American Journal ofMedicine, v.104, p.107-123, 1976.
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