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Folha de Sala - Culturgest

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Filmes legendados em inglês,excepto O Enforcamento que serálegendado em português.Terça-feira 1218h30 O Enterro do Sol (Taiyo no hakaba)<strong>de</strong> Nagisa Oshima, 1960, 16mm, 1h2721h30 Noite <strong>de</strong> Nevoeiro no Japão(Nihon no yonu tokiri) <strong>de</strong> NagisaOshima, 1960, 16mm, 1h47Quarta-feira 1318h30 Sobre as Canções BrejeirasJaponesas (Nihon shunka ko) <strong>de</strong> NagisaOshima, 1967, 16mm, 1h4321h30 As Termas <strong>de</strong> Akitsu (AkitsuOnsen) <strong>de</strong> Yoshishige Yoshida, 1962,35mm, 1h52Quinta-feira 1418h30 A Mulher-Insecto (Nipponkonchuki) <strong>de</strong> Shohei Imamura, 1963,35mm, 2h0321h30 Intenção <strong>de</strong> Matar / DesejoProfano (Akai Satsui) <strong>de</strong> ShoheiImamura, 1964, 35mm, 2h30Sexta-feira 1518h30 Go, Go, Second Time Virgin(Yuke yuke nidome no shojo) <strong>de</strong> KôjiWakamatsu, 1969, 1h0521h30 O Funeral das Rosas (Bara noSoretsu) <strong>de</strong> Toshio Matsumoto, 1969,16mm, 1h45Sábado 1615h30 A Porta da Carne (Nikutai no mon)<strong>de</strong> Seijun Suzuki, 1964, 35mm, 1h3018h30 Elegia da Luta (Kenka erejii) <strong>de</strong>Seijun Suzuki, 1966, 35mm, 1h2621h30 O Vagabundo <strong>de</strong> Tóquio (Tokyonagaremono) <strong>de</strong> Seijun Suzuki, 1966,16mm, 1h23Domingo 1715h30 Duplo Suicídio em Amijima (Shinjuten no Amijima) <strong>de</strong> Masahiro Shinoda,1969, 16mm, 1h4518h30 O Enforcamento (Koshikei)<strong>de</strong> Nagisa Oshima, 1968, 35mm, 1h5721h30 Eros mais Massacre (Erosu PurasuGyakusatu) <strong>de</strong> Yoshishige Yoshida, 1969,35mm, 2h47Ter 12 Maio · 18h30O Enterro do SolO Enterro do Sol (Taiyo no hakaba)De Nagisa OshimaJapão, 1960, 1h27Realizador Nagisa Oshima Argumento ToshirôIshido e Nagisa Oshima Produção TomioIkeda Música Riichiro Manabe Director <strong>de</strong>Fotografia Takashi Kawamata Montagem KeiichiUraoka Direcção Artística Koji Uno Som ShujuroKurita Com Masahiko Tsugawa, KayokoHonoo, Isao Sasaki, Fumio Watanabe,Kamatari Fujiwara, Tanie Kitabayashi,Junzaburo BanEsta é uma história <strong>de</strong> violência queaborda a <strong>de</strong>linquência juvenil nas ruasmais marginais <strong>de</strong> um bairro <strong>de</strong> lata <strong>de</strong>Tóquio. O grupo vai diminuindo <strong>de</strong>vidoa suicídios, assassínios, guerrilha entregangues e aci<strong>de</strong>ntes ocorridos aquandodo seu envolvimento em fogo posto etiroteios. Atormentados por problemas<strong>de</strong> álcool e droga, os membros do grupoentram numa viagem sem retorno <strong>de</strong>esquecimento, <strong>de</strong> <strong>de</strong>sespero e <strong>de</strong> mortecerta. O filme tenta, no princípio, terqualquer coisa <strong>de</strong> parecido com umaposição moral, antes <strong>de</strong> os <strong>de</strong>linquentesiniciarem uma inevitável espiral<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte.http://movies.nytimes.com/movie/131422/Taiyo-No-Hakaba/overview?scp=1&sq=Taiyo%20no%20Hakaba&st=cseTer 12 Maio · 21h30Noite <strong>de</strong> Nevoeiro no Japão(Nihon no yonu tokiri)De Nagisa OshimaJapão, 1960, 1h47Realizador Nagisa Oshima Argumento ToshirôIshido e Nagisa Oshima Música RiichiroManabe Director <strong>de</strong> Fotografia Takashi KawamataMontagem Keiichi Uraoka Direcção <strong>de</strong> Arte Koji UnoCom Miyuki Kuwano, Fumio Watanabe,Hiroshi Akutagawa, Shinko Ujiie, AkikoKoyama, Kei Sato, Rokko TouraConsi<strong>de</strong>rado o mais pessoal dos trêsfilmes <strong>de</strong> 1960 <strong>de</strong> Nagisa Oshima, Noite<strong>de</strong> Nevoeiro no Japão centra-se emtorno <strong>de</strong> uma reunião <strong>de</strong> antigos estudantesactivistas que protestaram contraa assinatura do Tratado <strong>de</strong> SegurançaEUA – Japão. Optando por abandonaro passado, os antigos contestatários reuniram-separa o casamento <strong>de</strong> um amigo4 5


Nagisa OshimaNasceu em 1932 em Kioto. O seu pai era<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> samurais, pintor amadore poeta. Morreu quando Oshima tinhaseis anos. Com a mãe e irmãos foi viverpara casa dos avós maternos.Em 1950 matriculou-se na tradicionalFaculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Quioto, on<strong>de</strong> se integrou num grupo <strong>de</strong>teatro como actor e encenador e participounas lutas estudantis da época.Acabado o curso, em 1954, foi um dosmais <strong>de</strong> 2000 candidatos, para cincovagas <strong>de</strong> assistentes <strong>de</strong> realização naprodutora Shochiku. Shochiku era umdos cinco gran<strong>de</strong>s estúdios que dominavama indústria cinematográfica japonesada época. Os outros eram Nikkatsu,Toho, Toei e Shin-Toho, que em 1957 seagruparam na Associação Japonesa <strong>de</strong>Produtores <strong>de</strong> Filmes.Oshima foi admitido. Cinco anos<strong>de</strong>pois, em 1959, realizava o seu primeirofilme Ai to kibo no machi (O Bairrodo Amor e da Esperança). Entretanto,fundara, com companheiros seus, asrevistas Sete Pessoas e Argumentos emque jovens assistentes <strong>de</strong> realizaçãopublicavam os guiões <strong>de</strong> filmes que iamescrevendo. Ao mesmo tempo, criaramuma revista, Crítica <strong>de</strong> Cinema, <strong>de</strong> queOshima era o editor principal, em queos jovens cineastas, ou aspirantes acineastas, publicavam os seus trabalhoscríticos e teóricos.Os dois filmes que abrem este ciclo,Taiyo no habaka (O Enterro do Sol) eNihon no yonu tokiri (Noite <strong>de</strong> Nevoeirono Japão), ambos <strong>de</strong> 1960, foramproduzidos pela Shochiku. O segundo<strong>de</strong>stes filmes, em que critica a esquerdatradicional e os movimentos estudantis,<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo um novo radicalismo,foi, porém, retirado da circulação pelaprodutora, uma semana <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terestreado, no seguimento do assassinato<strong>de</strong> um lí<strong>de</strong>r político socialista.Oshima rompe com a Shochiku eforma a sua própria produtora in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,Sozosha, para quem realizouos dois outros filmes apresentadosneste ciclo: Nihon shunka ko (Sobre asCanções Brejeiras Japonesas) e Koshikei(O Enforcamento), a sua primeira obra aser largamente difundida no Oci<strong>de</strong>nte.Nos anos 1970 realizou filmes produzidosfora do seu país que tiveram gran<strong>de</strong>repercussão no mundo oci<strong>de</strong>ntal, comoO Império dos Sentidos (1976), reveladoe montado na Europa e nunca exibido nasua versão integral no Japão, ou Impérioda Paixão (1978). Em 1983, realizou maisuma produção estrangeira, Feliz Natal,Mr. Lawrence.Ao longo da sua carreira, Oshima,um dos mais importantes cineastas da“Nova Vaga” do cinema japonês dosanos 1960, realizou numerosos documentários,participou em programas <strong>de</strong>televisão, <strong>de</strong>senvolveu intensa activida<strong>de</strong>crítica e teórica.Yoshishige YoshidaNasceu em 1933 em Fukui, cida<strong>de</strong>bombar<strong>de</strong>ada durante a Segunda GuerraMundial. Estudou literatura francesana Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tóquio, acabouo curso e ingressou, um ano <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> Oshima, nos estúdios Shochiku,também como assistente <strong>de</strong> realização.Tal como Oshima, ia escrevendo15


guiões <strong>de</strong> filmes e críticas, publicadosnas revistas Sete Pessoas, Argumentose Crítica <strong>de</strong> Cinema . Se Oshima foi oprimeiro dos jovens realizadores a quema produtora <strong>de</strong>u oportunida<strong>de</strong> pararealizar um filme, Yoshida foi o segundo.Roku<strong>de</strong>nashi (O Inútil, 1960) foi a suaprimeira obra. Akitsu Onsen (As Termas<strong>de</strong> Akitsu), projectado neste ciclo, foio seu quarto filme para a Shochiku, eteve bastante sucesso. Em 1964, <strong>de</strong>poisda produtora ter retirado <strong>de</strong> circulaçãoos últimos filmes que lhe produziu,Yoshida abandona o estúdio e formoua sua própria companhia in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,Gendai Eiga Shai (Socieda<strong>de</strong> doCinema Contemporâneo) com a actrizMariko Okada, uma das jovens estrelasfemininas da Shochiku, com quem casa eque participa em vários dos seus filmes.Realizou, entre 1965 e 1973, seis obrasque foram distribuídas pelos gran<strong>de</strong>sestúdios japoneses, entre os quais ErosuPurasu Gyakusatsu (Eros mais Massacre),que também se po<strong>de</strong> ver neste ciclo.Em 1973, partiu para o México, on<strong>de</strong>permaneceu cinco anos a preparar umnovo guião, projecto que, todavia, nuncaseria concretizado. Volta a filmar em1986, realizando Ningen No Yakusoku(Promessa), apresentado no Festival<strong>de</strong> Cannes. Entre 1990 e 1995 viveuem França, on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>dicou ao teatro,ao documentário e encenou MadameButterfly para a Ópera <strong>de</strong> Lyon. Entre1995 e 2004 realizou três filmes.Shohei ImamuraNasceu em 1926 em Tóquio, numafamília da classe média alta. O seu paiera médico. Dois dos seus irmãos forammobilizados durante a 2ª Gran<strong>de</strong> Guerrae um <strong>de</strong>les morreu. No imediato pós-‐guerra, num Japão <strong>de</strong>vastado, Imamuravendia bebidas e tabaco no mercadonegro e convivia com ladrões, vigaristas,prostitutas. O universo predominantenos seus filmes é constituído pelasclasses mais pobres e marginalizadas dasocieda<strong>de</strong> japonesa.Na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Waseda estudouHistória Oci<strong>de</strong>ntal, mas sobretudo<strong>de</strong>dicou-se ao teatro, escrevendo peçase dirigindo-as e interpretando-as comcolegas, alguns dos quais vieram a seractores nos seus filmes, e <strong>de</strong>senvolvendoactivida<strong>de</strong>s políticas.Acabada a licenciatura, entrou para aShochiku em 1953 on<strong>de</strong> começou por serassistente <strong>de</strong> Ozu. Mas os métodos domestre e o cinema que fazia não eramdo agrado <strong>de</strong> Imamura, que preferiatrabalhar com um outro realizador, YuzoKawashima, pouco conhecido fora doJapão, cujas obras giravam em torno dasclasses mais baixas da pirâmi<strong>de</strong> socialjaponesa.Em 1954 foi trabalhar para a Nikkatsu.De 1958 são os seus três primeirosfilmes, seguidos <strong>de</strong> mais três entre 1959e 1962. Nippon Konchuki (A Mulher-‐Insecto), que recebeu o prémio<strong>de</strong> melhor actriz (Sachiko Hidari)no Festival <strong>de</strong> Berlim, e Akai Satsui(Intenção <strong>de</strong> Matar / Desejo Profano),ambos exibidos neste ciclo, foramos últimos filmes que realizou para aNikkatsu e que firmaram o seu prestígiocomo um realizador com uma personalida<strong>de</strong>única e uma das figuras <strong>de</strong> proa da“Nova Vaga” do cinema japonês.Em 1965 forma a sua própria produtora,em parte suportada financeiramentepela Nikkatsu, realizando trêsfilmes, o último dos quais, O Desejoprofundo dos Deuses ou Kurageijima:Contos <strong>de</strong> uma Ilha do Sul (títulos porque é conhecido no Oci<strong>de</strong>nte), foi um<strong>de</strong>sastre financeiro. Durante a primeiraparte dos anos 1970 Imamura <strong>de</strong>dicou-‐se ao documentário voltando à ficçãoem 1979, com o filme A Minha Vingança,que foi um sucesso comercial e <strong>de</strong>crítica.Em 1983 ganhou a sua primeira Palma<strong>de</strong> Ouro em Cannes com A Balada <strong>de</strong>Narayama, baseado num romance <strong>de</strong>Shichiro Fukazawa, sobre uma al<strong>de</strong>ia emque os velhos são <strong>de</strong>ixados no alto <strong>de</strong>uma montanha para aí morrerem. Voltoua ganhar a Palma <strong>de</strong> Ouro em 1997 comA Enguia. Foi o único realizador japonêsa receber por duas vezes tal prémio.O seu último trabalho como cineastafoi uma participação, com mais 11 realizadores<strong>de</strong> diferentes países, no filmecolectivo 11’09’01 – 11 Perspectivas, sobreos acontecimentos <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> Setembro<strong>de</strong> 2001.Imamura morreu em Maio <strong>de</strong> 2006vítima <strong>de</strong> cancro. É o único cineastarepresentado neste ciclo que não já nãoestá entre nós.Kôji WakamatsuNasceu em 1936 em Wakuya. Trabalhoucomo operário na construção civil antes<strong>de</strong> entrar no estúdio Nikkatsu, em 1963,on<strong>de</strong> iniciou uma longa e prolíferacarreira no cinema, como realizador eprodutor. Entre 1963 e 1965 realizou 20filmes para a produtora. Cedo se começoua interessar pelos pinku eiga ou pinkfilms, filmes eróticos <strong>de</strong> baixo orçamentocaracterísticos do Japão. Os pink filmsnão eram distribuídos fora do Japão.Mas Wakamatsu levou o seu filme Kabeno naka no higemoto (com os títulosem inglês <strong>de</strong> Affairs Within the Walls ouSecrets Behind the Walls) ao Festival <strong>de</strong>Berlim quando ainda estava a ser examinadopela Eirin (agência japonesa queclassifica os filmes para menores e paraadultos, impedindo a exibição pública senão são certificados). O filme teve umarecepção entusiástica no Festival, masa produtora Nikkatsu receou retaliaçõesdo governo e difundiu-o discretamenteno Japão.Wakamatsu rompeu com o estúdio,formou a sua própria produtora e realizoufilmes <strong>de</strong> muito baixo orçamento.O seu primeiro filme in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte foirealizado em 1966. Em 1969, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>ter filmado mais 11 produções, realizaYuke yuke nidome no shojo (Go, Go,Second Time Virgin), que po<strong>de</strong>mos verneste ciclo, filmado no telhado da suaprodutora, que já foi consi<strong>de</strong>rado umdos filmes “mais cruelmente belos docinema japonês”.Wakamatsu é muito mais do queum realizador <strong>de</strong> pink films, que vive àmargem dos mercados. É um cineastaradical, político e extremamente16 17


inovador. É também conhecido por terdado oportunida<strong>de</strong> a muitos jovensrealizadores <strong>de</strong> entrarem na indústriacinematográfica.Toshio Matsumototais e filmes para a televisão, ao mesmotempo que tinha uma activida<strong>de</strong> comocrítico, na revista Crítica <strong>de</strong> Cinema paraon<strong>de</strong> escrevia esta geração <strong>de</strong> cineastasda “Nova Vaga” dos 1960, e comoteórico, reflectindo, por exemplo, sobrea tendência para contrapor os génerosdocumental e ficção ou sobre a triplarelação entre o artista, o mundo real e ocinema.A sua primeira longa-metragem <strong>de</strong>ficção, Bara no Soretsu (O Funeral dasRosas), que se po<strong>de</strong> ver neste ciclo, étalvez a sua obra mais célebre. Segundoafirmou numa entrevista (cuja traduçãoinglesa se po<strong>de</strong> ler em http://wwwgreylodge.org/gpc/?p=701) oseu propósito criativo “era perturbar oesquema perceptivo <strong>de</strong> um mundo dualque divi<strong>de</strong> factos e ficção, homens emulheres, objectivo e subjectivo, mentale físico, sincerida<strong>de</strong> e simulação, tragédiae comédia”.Matsumoto realizou só mais trêslongas-metragens <strong>de</strong> ficção, <strong>de</strong>dicando-‐se sobretudo a curtos filmes experimentais,instalações e obras que integramdiversos media. Publicou vários livros <strong>de</strong>fotografia e <strong>de</strong> arte, numerosos ensaios,e ensina na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Arte eDesign <strong>de</strong> Quioto.Seijun SuzukiSeitaro Suzuki, <strong>de</strong> seu nome verda<strong>de</strong>iro(só em 1958 passou a adoptar SeijunSuzuki), nasceu em Tóquio em 1923.Com 20 anos, ainda estudante, foi mobilizadopela marinha imperial japonesa,combatendo em Taiwan e nas Filipinasaté 1946. De volta ao Japão, retomouNasceu em 1932 em Nagoya e formou-sena Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tóquio. Gostava <strong>de</strong>ter estudado pintura, mas por pressãodos pais, que achavam que comopintor não po<strong>de</strong>ria ganhar a sua vida,matriculou-se em Medicina. Sem os paissaberem, mudou <strong>de</strong> curso, foi estudarTeoria <strong>de</strong> Arte e História e, como autodidacta,pintura. Durante os estudostomou contacto com o movimento <strong>de</strong>vanguarda do cinema europeu dos anos1920. Embora não pu<strong>de</strong>sse ver essesfilmes no Japão, foi apren<strong>de</strong>ndo naleitura <strong>de</strong> livros e artigos estrangeiros.Ao mesmo tempo sempre que podia iaao cinema, vendo centenas <strong>de</strong> filmes,japoneses e estrangeiros, que passavamnas salas. O Neo-realismo italiano,o experimentalismo da vanguarda e odocumentário foram os seus pontos<strong>de</strong> partida. Desejando fazer o seusfilmes, enquanto estudava na Faculda<strong>de</strong>arranjou um part-time numa pequenaprodutora e durante um ano tomoucontacto com todas a fases <strong>de</strong> produção<strong>de</strong> um filme. Em 1955 realizou o seu primeirofilme. Um filme publicitário, <strong>de</strong> 10minutos, com música concreta compostapor Toru Takemitsu (na altura um <strong>de</strong>sconhecido).Nas palavras <strong>de</strong> Matsumoto,“um filme relativamente avant-gar<strong>de</strong>”,que foi muito apreciado por uma parteda comunida<strong>de</strong> artística. Continuou afazer documentários, filmes experimenosseus estudos na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>Hirosaki e foi recusado no exame <strong>de</strong>admissão à Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tóquio,on<strong>de</strong> pretendia estudar comércio.Voltou-se então para o cinema, e <strong>de</strong>pois<strong>de</strong> breves estudos (seis meses) na aca<strong>de</strong>mia<strong>de</strong> cinema <strong>de</strong> Kamakura, entroucomo assistente <strong>de</strong> realização no estúdioShochiku em 1948 on<strong>de</strong> trabalhou comvários realizadores. Em 1954 os estúdiosNikkatsu reabriram as suas portas,<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter cessado toda a produção<strong>de</strong> filmes em consequência da guerrae recrutaram Suzuki, pagando-lhe umor<strong>de</strong>nado substancialmente superior doque o que recebia na Shochiku. Em 1956realizou o seu primeiro filme. Durante osdoze anos que trabalhou para a Nikkatsurealizou perto <strong>de</strong> 40 filmes <strong>de</strong> série B,entre os quais os três que po<strong>de</strong>rão servistos neste ciclo. Naquele tempo assalas <strong>de</strong> cinema japonesas projectavamdois filmes por sessão, o primeiro dosquais <strong>de</strong> série B. Eram filmes <strong>de</strong> baixoorçamento, com muito pouco tempo <strong>de</strong>preparação, rodagem e pós-produção,em que os realizadores tinham queobe<strong>de</strong>cer a estritas condições impostaspela produtora. Os géneros mais comunseram filmes <strong>de</strong> gangsters, sobre a Máfiajaponesa, chamados Yakusa, e os pinkfilms. A princípio Suzuki era consi<strong>de</strong>radopelos seus patrões como um realizadorrentável. Mas a pouco e pouco ia transmitindoaos seus filmes um estilo cadavez mais pessoal, progressivamentemarcado “por um humor absurdo, umarealização surrealista e experimentaçõesvisuais <strong>de</strong>sconcertantes” (in Wikipédia)que lhe valeram a admiração e o apoio<strong>de</strong> um público <strong>de</strong> cinéfilos e <strong>de</strong> realizadorescomo Oshima. O Vagabundo<strong>de</strong> Tóquio, projectado neste ciclo, é umdos expoentes <strong>de</strong>ssa sua fase. O filmeque realizou a seguir, Koroshi no rankin(A Marca do Assassino, 1967) iniciou aruptura com a Nikkatsu.Os dirigentes do estúdio enten<strong>de</strong>ramque o filme era incompreensível e <strong>de</strong>spediram-no.Suzuki processou a produtora,teve apoio público <strong>de</strong> estudantes, cinéfilose realizadores. Acabou por receberuma in<strong>de</strong>mnização, mas ficou na listanegra dos estúdios, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> filmardurante <strong>de</strong>z anos. Para sobreviver, publicoulivros <strong>de</strong> ensaios, dirigiu filmes paratelevisão, séries e filmes publicitários eparticipou como actor em vários filmes.Recomeçou a realizar em 1977. Entreesse ano e 2005, realizou nove filmes.O seu reconhecimento internacional sóocorreu <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma retrospectiva,em 1988, no Festival <strong>de</strong> Edimburgo e <strong>de</strong>outra, em 1991, no Festival <strong>de</strong> Roterdão.Masahiro ShinodaNasceu em 1931, em Gifu, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>uma família <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s proprietários comlonga herança cultural e literária, masque, após a Segunda Guerra Mundial,ficou em precária situação económica.Estudou na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Wasedacom os melhores especialistas em teatrotradicional japonês. Em 1953, após ofalecimento <strong>de</strong> sua mãe, foi obrigado a<strong>de</strong>ixar os estudos e entrou nos estúdiosShochiku como assistente <strong>de</strong> realização.Fez o seu primeiro filme em 1960, uminsucesso comercial. A sua segundaobra, do mesmo ano, Kawaiata mizuumi(Juventu<strong>de</strong> em Fúria) foi já um sucesso.Shinju tem no Amijima (Duplo Suicídioem Amijima), projectado neste ciclo,18 19


foi o 15.º filme que realizou. Baseadonuma peça <strong>de</strong> teatro <strong>de</strong> marionetas doséculo XVIII, com banda sonora <strong>de</strong> ToruTakemitsu, que também colaborou noargumento, é consi<strong>de</strong>rado como umadas suas obras-primas. Quando rompeucom os estúdios Shochiku, formou asua própria produtora in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,Hyogen-sha, realizando uma gran<strong>de</strong>varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> películas.Embora fazendo parte da “NovaVaga” do cinema japonês dos anos 1960,tomou posições menos críticas em relaçãoaos cineastas que os prece<strong>de</strong>ram, oseu cinema nunca rejeitou a estética dosfilmes <strong>de</strong> Ozu ou <strong>de</strong> Mizoguchi <strong>de</strong> quemera, aliás, um admirador.A sua filmografia conta com mais<strong>de</strong> 30 títulos – <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> realizar em2003 – e escreveu argumentos paramuitos outros. Casou com a actrizShima Iwasata que participou em muitosdos seus filmes. Em Duplo Suicídio emAmijima ela representa dois papéis, o damulher e o da cortesã do personagemmasculino principal.20


Próximo espectáculoPaul BleySolo© Renaud VezinJazz Ter 19 MaioGran<strong>de</strong> Auditório · 21h30 · Dur. 1h00 · M12Paul Bley nasceu em Montreal, Canadá,em 1932. Muito novo estudou músicaclássica com vários professores. Aos5 anos dava recitais <strong>de</strong> violino, aos 7começou a estudar piano. Durante ajuventu<strong>de</strong> tocou na sua cida<strong>de</strong> natal emvários grupos <strong>de</strong> jazz, alguns dos quaisdirigiu. Em 1950, com 18 anos, foi paraNova Iorque – passando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então aviver nos Estados Unidos – estudar naJulliard School e começou a apresentar-‐se com músicos como Charlie Parker,Sonny Rollins, Ben Webster e outros.Durante a sua longa carreira Paul Bleyterá sido, a seguir a Miles Davis, omúsico <strong>de</strong> jazz que trabalhou com maisartistas <strong>de</strong> primeiro plano com opçõesmusicais muito variadas. A sua discografia,com cerca <strong>de</strong> 100 títulos, é dissotestemunho. Para além dos já citados,nomes como Charles Mingus, LesterYoung, Chet Baker, Steve Swallow, GaryPeacock, John Scofield, Gary Burton, PatMetheney, Paul Motion, Billy Hart, JohnSurman, Lee Konitz, Bill Evans, CecilTaylor, Ornette Coleman, Charlie Ha<strong>de</strong>n,fazem parte da extensa lista <strong>de</strong> jazzmencom quem tocou e gravou.Bley esteve ligado à vanguarda dojazz dos anos <strong>de</strong> 1960, sendo um dosseus elementos mais activos. Foi igualmenteprecursor na utilização do sintetizador,tendo dado o primeiro concertoda história com esse instrumento em1969 no Philarmonic Hall <strong>de</strong> Nova Iorque.Em meados da década <strong>de</strong> 1970, com aartista <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o Carol Goss, iniciou umacolaboração pioneira entre músicos <strong>de</strong>jazz e artistas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o.O seu primeiro disco <strong>de</strong> piano solo foigravado em 1972 para a editora ECM.Paul Bley apresenta-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> hámuitos anos, em concertos por todo omundo, a solo ou com formações muitodiversas, tocando composições suas,standards, ou lançando-se em solosespontâneos, improvisados no momento.Os portadores <strong>de</strong> bilhete para o espectáculotêm acesso ao parque <strong>de</strong> estacionamento da Caixa Geral <strong>de</strong> Depósitos.


Conselho <strong>de</strong> AdministraçãoPresi<strong>de</strong>nteAntónio MaldonadoGonelhaAdministradoresMiguel Lobo AntunesMargarida FerrazAssessoresDançaGil MendoTeatroFrancisco FrazãoArte ContemporâneaMiguel Wandschnei<strong>de</strong>rServiço EducativoRaquel Ribeiro dos SantosPietra FragaCarmo RoloDirecção <strong>de</strong> ProduçãoMargarida MotaProdução e SecretariadoPatrícia BlázquezMariana Cardoso<strong>de</strong> LemosJorge EpifânioExposiçõesCoor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> ProduçãoMário ValenteProdução e MontagemAntónio Sequeira LopesProduçãoPaula Tavares dos SantosMontagemFernando Teixeira<strong>Culturgest</strong> PortoSusana SameiroComunicaçãoFilipe <strong>Folha</strong><strong>de</strong>la MoreiraFilipa Ferro estagiáriaPatrícia Paixão estagiáriaPublicaçõesMarta CardosoRosário Sousa MachadoActivida<strong>de</strong>s ComerciaisCatarina CarmonaServiços Administrativos e FinanceirosCristina RibeiroPaulo SilvaDirecção TécnicaEugénio SenaDirecção <strong>de</strong> Cena e LuzesHorácio Fernan<strong>de</strong>sAssistente <strong>de</strong> direcção cenotécnicaJosé Manuel RodriguesAudiovisuaisAmérico Firminocoor<strong>de</strong>nadorPaulo Abranteschefe <strong>de</strong> áudioTiago BernardoIluminação <strong>de</strong> CenaFernando Ricardo chefeNuno AlvesMaquinaria <strong>de</strong> CenaJosé Luís Pereira chefeAlcino FerreiraTécnico AuxiliarÁlvaro CoelhoFrente <strong>de</strong> CasaRute SousaBilheteiraManuela FialhoEdgar Andra<strong>de</strong>RecepçãoTeresa FigueiredoSofia Fernan<strong>de</strong>sAuxiliar AdministrativoNuno CunhaColecção <strong>de</strong> Arteda Caixa Geral <strong>de</strong> DepósitosIsabel Corte-RealValter ManhosoEdifício Se<strong>de</strong> da CGDRua Arco do Cego, 1000-300 Lisboa, Piso 1Tel: 21 790 51 55 · Fax: 21 848 39 03culturgest@cgd.pt · www.culturgest.pt<strong>Culturgest</strong>, uma casa do mundoUm especial agra<strong>de</strong>cimentoà Japan Foundation

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