Prof. Luiz Brandão - IAG - A Escola de Negócios da PUC-Rio

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Índice1 – Conceito <strong>de</strong> Valor 1Valoração <strong>de</strong> Ativos 32 – Previsão Financeira 5Introdução 5Aplicações 6Previsão Financeira 7Comentários Finais 9Giro do Ativo 11Índices Financeiros 123 – Decisões <strong>de</strong> Investimento <strong>de</strong> Capital 14Objetivos 15Introdução 15Princípios básicos para aplicação <strong>de</strong> capital 16Método do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Descontado 17Opções Reais 24Exercícios: 274 – Fluxo <strong>de</strong> Caixa <strong>de</strong> Projetos 30Introdução 31Fluxo <strong>de</strong> Caixa Incremental 33Exercícios 415 – Custo <strong>de</strong> Capital 44Custo <strong>de</strong> Capital <strong>de</strong> Terceiros 45Custo <strong>de</strong> Capital Próprio 45Custo Médio Pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> Capital (WACC) 50Custo Marginal <strong>de</strong> Capital 51Custo <strong>de</strong> Capital no Brasil 51Custo <strong>de</strong> Capital: Um Exemplo Didático 53Exercícios 55


External Metal LouvresLouvre Selection Gui<strong>de</strong>TypeUseStan<strong>da</strong>rd (nondrainable) louvres.Horizontal bla<strong>de</strong>Use in sheltered areas and wherewater entry will not <strong>da</strong>mage thebuilding fabric.Also used for screen walling (withblanking plates fitted) and plantroomscreens.75P (drainable) louvresHorizontal bla<strong>de</strong>Provi<strong>de</strong>s improved water protectionover stan<strong>da</strong>rd louvres. Use in moreexposed areas and where increasedprotection from wind driven rain isrequired.SLH-S Storm louvreHorizontal bla<strong>de</strong>A superior <strong>de</strong>sign providing a very highlevel of water protection unmatched byother single bank systems.SLH Storm louvreHorizontal bla<strong>de</strong>Sight proofFor use in any location whererestricted wind driven rain penetrationis required.SLV and SLV-SStorm louvresVertical bla<strong>de</strong> sightproofTop of the range performance louvresfor use where ‘dry room’ conditionsare required. Unmatched by anycompetitive <strong>de</strong>sign, offering superbaerodynamic and water rejectionproperties.SLH-S/SLH-SSLH-S/SLV-SHorizontal bla<strong>de</strong>Double bankProbably the best horizontal louvresavailable of their kind. Combiningexcellent water rejection with goo<strong>da</strong>erodynamics. Use in locations wherewater entry must be the minimumpossible.75 Polycarbonatebla<strong>de</strong>For areas where increased <strong>da</strong>ylightcombined with ventilation are required;eg. stairs, corridor areas etc.SlimtypeA simple ‘glaze’ in louvre, suitable foruse in sheltered situations.TrickleA simple ‘glaze’ in louvre, suitable foruse in sheltered situations which limitsthe passage of air.4 www.naco.co.uk


1 – Conceito <strong>de</strong> ValorEm meados <strong>de</strong> 1995, a Inpacel S.A., estava comsérios problemas <strong>de</strong> caixa após anos sucessivos <strong>de</strong>prejuízos. A Inpacel era uma empresa <strong>de</strong> papel ecelulose pertencente ao Grupo Bamerindus, um conglomeradoformado por 36 empresas com interesses que iam <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a agricultura e previdência priva<strong>da</strong>até seguros, e cujo carro chefe era o então Banco Bamerindus.Cria<strong>da</strong> em 1992, em 1995 a empresa tinha 1.300 empregados, uma produção <strong>de</strong> 140.000 tonela<strong>da</strong>s<strong>de</strong> papel anuais, faturamento <strong>de</strong> $150 milhões <strong>de</strong> dólares, e um prejuízo <strong>de</strong> $43.5 milhões. A dívi<strong>da</strong><strong>da</strong> empresa beirava os $720 milhões, quase to<strong>da</strong> <strong>de</strong> curto prazo. Uma análise do problema levouà conclusão <strong>de</strong> que a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa só seria possível através <strong>da</strong> economia <strong>de</strong> escala<strong>de</strong>corrente <strong>da</strong> duplicação <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção, o que significaria um investimento adicional<strong>de</strong> $700 milhões <strong>de</strong> dólares. No rastro <strong>da</strong> quebra do Banco Econômico e do Banco Nacional, essanoticia contribuiu para <strong>da</strong>r credibili<strong>da</strong><strong>de</strong> aos boatos <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s financeiras que estavam afligindoo Banco Bamerindus, que teve que se <strong>de</strong>sfazer <strong>de</strong> ativos como a sua participação acionária<strong>de</strong> $250 milhões na Companhia Si<strong>de</strong>rúrgica Nacional (CSN), outra <strong>de</strong> $40 milhões na Usiminas emais $25 milhões na Refripar, para resolver os problemas imediatos <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z <strong>da</strong> empresa.O investimento feito na Inpacel com certeza não teve o resultado esperado pelo Bamerindus. Obviamente,uma informação tão relevante quanto à escala necessária para garantir a sua rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>veria ter sido consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> antes <strong>de</strong> se iniciar o projeto, e não <strong>de</strong>pois. Sem conseguir resolveros seus problemas <strong>de</strong> liqui<strong>de</strong>z, o Grupo Bamerindus acabou sofrendo uma intervenção do BancoCentral e o banco foi eventualmente comprado pelo HSBC.IntroduçãoO estudo <strong>de</strong> finanças é o estudo <strong>da</strong>s inter-relações entre dinheiro, tempo e risco. Em finanças corporativas,essa combinação é analisa<strong>da</strong> pelo gerente financeiro com o intuito <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r ao objetivobásico <strong>da</strong> empresa, que é o <strong>de</strong> aumentar o seu valor para os seus acionistas. Para isso, ele precisacompreen<strong>de</strong>r como os ativos reais e financeiros <strong>de</strong> uma empresa são avaliados, precisa saberli<strong>da</strong>r com risco e incerteza, e principalmente, saber atingir seus objetivos através <strong>da</strong>s pessoas queirão auxiliá-lo nessa tarefa. As empresas fazem projetos <strong>de</strong> investimentos com o objetivo <strong>de</strong> obterum retorno que cubra todos os custos incorridos, inclusive o custo do capital empregado, visandocom isso aumentar o valor <strong>da</strong> empresa. Infelizmente, isso nem sempre acontece, como foi o caso<strong>da</strong> Inpacel. No entanto, a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento é a principal <strong>de</strong>cisão financeira na empresa, e amais relevante para a criação <strong>de</strong> valor.O objetivo primordial <strong>de</strong> uma empresa é o <strong>de</strong> aumentar o seu valor para os seus acionistas, pois seos acionistas não obtiverem o retorno esperado pelo capital investido na empresa, irão preferiraplicar este capital em outros negócios mais rentáveis. Da mesma forma, se a empresa não remuneraros credores <strong>de</strong> acordo com as condições pactua<strong>da</strong>s, ela não conseguirá obter mais recursospara os seus novos projetos e a empresa correrá o risco <strong>de</strong> ficar insolvente. Note que nos referi-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 1


jornais ou revistas especializa<strong>da</strong>s. É o caso <strong>de</strong> automóveis e veículos em geral, terrenos urbanos, eoutros. Por outro lado, se uma empresa quiser investir numa expansão rápi<strong>da</strong> <strong>de</strong> sua produçãocomprando uma fábrica <strong>de</strong> televisores que esteja à ven<strong>da</strong>, a <strong>de</strong>terminação do valor <strong>de</strong>sse ativo émais complica<strong>da</strong>, pois não é todo dia que se vêm fábricas <strong>de</strong> TV à ven<strong>da</strong> nos anúncios classificados.Como então <strong>de</strong>terminar o valor <strong>de</strong>sse ativo? A maneira mais simples seria ver qual o seu valorpatrimonial, que representa a diferença entre o valor contábil dos bens <strong>da</strong> empresa e as suas dívi<strong>da</strong>s.Uma outra maneira seria tomar o valor <strong>de</strong> custo dos bens <strong>da</strong> empresa, ou seja, o total já investidona empresa, que representa quanto custou para estabelecê-la como ela é hoje, no momento <strong>da</strong>ven<strong>da</strong>. Muito <strong>da</strong> oposição às privatização feitas pelo governo brasileiro na última déca<strong>da</strong> tem sebaseado neste conceito, uma vez que os valores <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong>stas empresas muitas vezes foram menoresdo que o total nelas investido. Essa diferença ocorre porque o governo, através do BNDES,utilizou para suas análises o método fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado, que reflete a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> umprojeto ou uma empresa gerar lucros, ou fluxos <strong>de</strong> caixa futuros. Quanto maior essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>,maior o valor <strong>da</strong> empresa. E os lucros por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fatores como mercado,produto, concorrência, tecnologia, estratégia, oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, etc., e não apenas do investimentojá realizado.Relevância dos Fluxos <strong>de</strong> CaixaNa ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, sabemos hoje que esse é o melhor método <strong>de</strong> avaliação, e que um ativo, seja ele umamáquina ou uma empresa, vale pela sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar caixa e fazer dinheiro, e não pelosnúmeros que estão no seu balanço ou pelo que foi investido anteriormente nela. Esse conceitocomeçou a tomar forma há mais <strong>de</strong> dois séculos atrás, quando as primeiras bancas <strong>de</strong> comércioinstala<strong>da</strong>s na Piazza San Marco, em Veneza, começaram a ser vendi<strong>da</strong>s. Notava-se que duas bancasidênticas, mas instala<strong>da</strong>s em locais diferentes <strong>da</strong> praça, obtinham valores bem diferenciados nahora <strong>da</strong> ven<strong>da</strong>. Isso era porque o fator <strong>de</strong>terminante do preço era o tamanho <strong>da</strong> clientela proporcionadopelo ponto, e não o custo <strong>de</strong> suas instalações.Po<strong>de</strong>mos observar também as vantagens <strong>de</strong>sse método na prática. Imagine que você estivesse analisandoa possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> comprar uma mina <strong>de</strong> ouro. Qual <strong>da</strong>s alternativas abaixo você adotariapara <strong>de</strong>finir o maior valor que você estaria disposto a pagar por esse ativo?• O valor patrimonial contábil <strong>da</strong> mina.• Quanto já foi investido na mina no passado.• Quanto custaria hoje para construir as instalações lá existentes.• Quanto <strong>de</strong> ouro ain<strong>da</strong> será possível extrair <strong>de</strong>ssa mina no futuro.Provavelmente você adotaria a última opção, pois é realmente a única que é relevante para a sua<strong>de</strong>cisão. O retorno futuro é o que interessa, e por isso, o método utilizado para avaliação <strong>de</strong> ativosé o Método do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Descontado, que consiste em se projetar a sua geração <strong>de</strong> caixa aolongo <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> útil, <strong>de</strong>terminar uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto apropria<strong>da</strong>, e calcular o seu valor presente.O valor <strong>de</strong> um ativo é então o valor presente do seu fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado, e para calculálocorretamente, torna-se necessário que façamos previsões e projetemos esses fluxos <strong>de</strong> caixafuturos.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 4


também <strong>de</strong>spencou, efetivamente impedindo que a Euro Disney ven<strong>de</strong>sse os hotéis como previsto,e ain<strong>da</strong> obrigando-a a arcar com os prejuízos <strong>de</strong> sua operação. Embora fosse comum na época <strong>da</strong>concepção do projeto nos anos 80, o alto nível <strong>de</strong> alavancagem <strong>da</strong> Euro Disney se revelou <strong>de</strong>sastrosoquando as taxas <strong>de</strong> juros reais chegaram ao dobro do previsto, representando uma saí<strong>da</strong> <strong>de</strong>caixa <strong>de</strong> $288 milhões por ano. Ao contrário do planejado, os primeiros lucros só apareceram em1995.Durante as negociações com a Disney para se tentar chegar a uma solução que evitasse o fechamentodo parque, os credores encomen<strong>da</strong>ram uma auditoria nas finanças <strong>da</strong> empresa, com o seguintecomentário: “Ninguém duvi<strong>da</strong> <strong>da</strong> honesti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>les. É só que as projeções e estimativas <strong>da</strong>Disney tem estado muito distantes <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong>.”AplicaçõesA previsão financeira tem aplicação tanto para avaliação <strong>de</strong> ativos e análise <strong>de</strong> projetos quantopara o planejamento financeiro <strong>de</strong> uma empresa.A valoração <strong>de</strong> ativos para efeito <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> investimento tem como base a projeçãodos fluxos <strong>de</strong> caixa futuros gerados ao longo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> útil do projeto. As técnicas utiliza<strong>da</strong>s paraprojetar esses fluxos futuros são as mesmas utiliza<strong>da</strong>s na previsão financeira para projeção <strong>da</strong>s<strong>de</strong>monstrações contábeis. A valoração <strong>de</strong> ativos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do retorno que esses ativos po<strong>de</strong>m proporcionar,tornando-se necessário, portanto, adotarmos premissas e fazermos projeções sobre asperspectivas futuras <strong>de</strong>sses retornos se quisermos chegar a uma avaliação correta do seu valor.Empresas bem administra<strong>da</strong>s geralmente baseiam o seu planejamento operacional em projeções<strong>da</strong>s suas <strong>de</strong>monstrações financeiras. O processo <strong>de</strong> planejamento começa estabelecendo premissasque vão abranger o período <strong>da</strong> projeção, como as ven<strong>da</strong>s para os próximos anos, margens operacionaisespera<strong>da</strong>s, ciclos <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, <strong>de</strong> estoques e prazos <strong>de</strong> pagamento a fornecedores, além <strong>da</strong>spremissas macroeconômicas que afetam a empresa. A seguir, <strong>de</strong>termina-se qual o nível <strong>de</strong> ativosnecessários para se atingir essa meta <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>-se como esses ativos serão financiados.Com esses <strong>da</strong>dos, po<strong>de</strong>-se projetar as <strong>de</strong>monstrações contábeis preliminares e computar os índicesfinanceiros resultantes.Uma vez <strong>de</strong> posse <strong>da</strong>s projeções e dos índices preliminares, po<strong>de</strong>mos agora analisar esses resultadospara ver se eles estão <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>da</strong>s nossas expectativas. Se não estiverem, analisamosentão o que po<strong>de</strong>ríamos mu<strong>da</strong>r nos planos operacionais para produzir resultados melhores,ou como certificarmo-nos que po<strong>de</strong>remos atingir os objetivos propostos. A influência <strong>de</strong> fatoresmacroeconômicos externos nos resultados previstos <strong>de</strong>ve ser analisa<strong>da</strong> consi<strong>de</strong>rando-se planosalternativos para ca<strong>da</strong> cenário projetado, e tentando i<strong>de</strong>ntificar possíveis conflitos entre as premissas<strong>da</strong> empresa e as do mercado. Um exemplo disso seria uma premissa <strong>de</strong> crescimento agressivo<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um cenário econômico recessivo. Há motivos reais que justifiquem um crescimento<strong>da</strong> empresa nessas circunstâncias, como um novo produto ou serviço, um avanço tecnológicoou uma redução <strong>de</strong> preço final? Ou foi apenas um erro <strong>de</strong> estimativa?Sabemos que uma <strong>da</strong>s fases mais difíceis no ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> empresa é a fase <strong>de</strong> crescimento rápido.Imaginamos que o crescimento <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s seria sempre <strong>de</strong>sejável, mas existem inúmeras histó-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 6


ias <strong>de</strong> empresas que falharam porque foram incapazes <strong>de</strong> planejar e administrar o seu própriocrescimento.A maior dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> é que à medi<strong>da</strong> que a empresa cresce, a sua necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos para financiara expansão dos negócios supera a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar os fundos necessários para issoatravés <strong>da</strong>s suas operações. Defrontado com a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> expandir, mas com geração interna<strong>de</strong> recursos insuficiente, essas empresas recorrem ao endivi<strong>da</strong>mento, e, freqüentemente, terminamsem condições <strong>de</strong> arcar com os custos financeiros envolvidos nessa opção. A quebra ocorre porquea empresa tentou crescer mais rapi<strong>da</strong>mente do que sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar os recursos necessáriospara tal.As dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> e os perigos <strong>de</strong> um crescimento acelerado po<strong>de</strong>m ser minimizados por um planejamentofinanceiro que projete as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento que a empresa terá no futuro, euma política gerencial que mantenha a taxa <strong>de</strong> crescimento em níveis compatíveis com a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> empresa <strong>de</strong> financiá-lo. Esse planejamento é feito através <strong>da</strong>s projeções <strong>da</strong>s <strong>de</strong>monstraçõesfinanceiras <strong>da</strong> empresa, e a partir <strong>de</strong>sses, elabora-se a projeção do fluxo <strong>de</strong> caixa. Essas previsõessão utiliza<strong>da</strong>s em to<strong>da</strong>s as áreas funcionais <strong>da</strong> empresa para as mais diversas finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como porexemplo:• Marketing: Previsões <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por produtos, por área geográfica, por categoria<strong>de</strong> consumidor são necessárias para o planejamento <strong>de</strong> campanha <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s eoutros esforços promocionais.• Produção: A previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s por produto <strong>de</strong> uma empresa permite o planejamentoe programação <strong>da</strong> produção e dos estoques.• Recursos Humanos: A previsão <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra necessária, <strong>de</strong>índices <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> rotativi<strong>da</strong><strong>de</strong> permitem planejar novas admissões eprogramas <strong>de</strong> treinamento.• Finanças: Previsões <strong>de</strong> índices <strong>de</strong> inflação, <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> juros, <strong>de</strong> correção monetária,<strong>de</strong> taxa cambial, <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa para tesouraria e analise <strong>de</strong> investimentos,projeções <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrativos financeiros, são as ferramentas que possibilitam oplanejamento financeiro <strong>de</strong> uma empresa.As técnicas para a previsão po<strong>de</strong>m ser quantitativas, quando se baseiam na aplicação <strong>de</strong> métodosmatemáticos ou análises estatísticas sobre <strong>da</strong>dos já existentes, ou po<strong>de</strong>m ser qualitativas, quando<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> métodos que se baseiam mais na experiência e opinião subjetiva <strong>de</strong> especialistas dosetor do que em <strong>da</strong>dos históricos.Previsão FinanceiraA previsão financeira é o primeiro passo para a realização do planejamento financeiro <strong>da</strong> empresa.Uma <strong>de</strong> seus principais aspectos é a projeção <strong>de</strong> balanços, que nos permite simular e estu<strong>da</strong>r diversasalternativas <strong>de</strong> políticas e estratégias empresariais, examinando to<strong>da</strong>s as suas conseqüências apriori <strong>da</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. A projeção <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrações financeiras <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer sempre oroteiro indicado a seguir:ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 7


viável aos olhos dos clientes, e, hoje em dia, os “clones” inclusive dominam o mercadoque a própria IBM criou.d. Projeção <strong>da</strong> Demonstração <strong>de</strong> ResultadosPartindo-se <strong>da</strong>s projeções <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, estabelecem-se os valores para os <strong>de</strong>mais itens.Nos casos mais simples, utiliza-se a premissa <strong>de</strong> que todos os custos <strong>da</strong>s empresacrescem na mesma proporção que as ven<strong>da</strong>s. A projeção <strong>da</strong> <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> resultadosvai nos informar qual é a geração interna <strong>de</strong> recursos para fazer frente ao crescimentoprojetado.e. Projeção <strong>de</strong> BalançoSe as ven<strong>da</strong>s vão aumentar, aumentarão também os ativos, a não ser que a empresaesteja atualmente operando com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> ociosa. Ao mesmo tempo, aumentarátambém o passivo, pois o aumento do ativo precisa ser financiado <strong>de</strong> alguma forma.A geração espontânea <strong>de</strong> fundos provem <strong>de</strong> aumentos nas contas <strong>de</strong> passivo circulante<strong>de</strong> contas a pagar, e provisões. As contas <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> terceiros - empréstimos<strong>de</strong> curto e longo prazo, capital, aumentarão <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> fonte <strong>de</strong> financiamentoestabelecido nas premissas, e conforme as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> recursos para financiaro aumento dos ativos.f. Análise <strong>da</strong>s projeçõesAs <strong>de</strong>monstrações obti<strong>da</strong>s até aqui são apenas a primeira etapa do processo. Cabeagora analisar os resultados obtidos para saber se os objetivos financeiros <strong>da</strong> empresaforam alcançados. A análise <strong>de</strong> índices auxilia em muito o aperfeiçoamento do planofinanceiro, pois po<strong>de</strong> apontar pontos fracos no <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> empresa quandocomparado com a média dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong>s empresas do mesmo setor.A empresa po<strong>de</strong>, por exemplo, notar que o seu giro <strong>de</strong> estoque está abaixo do <strong>de</strong>sejado,e tomar medi<strong>da</strong>s para tentar corrigir isso no próximo período, como um controle<strong>de</strong> estoque mais rigoroso. A liqui<strong>de</strong>z <strong>da</strong> empresa po<strong>de</strong> ter ficado abaixo do <strong>de</strong>sejável,o endivi<strong>da</strong>mento muito alto. Analisando as suas operações, po<strong>de</strong>-se tentarmelhorar esses pontos e então refazer as projeções com outras premissas. Note quenão basta apenas <strong>de</strong>cretar que as premissas serão diferentes <strong>da</strong>qui para frente. É preciso<strong>de</strong>finir <strong>de</strong> que forma a empresa preten<strong>de</strong> atingir essas melhorias operacionais,seja por redução <strong>de</strong> custos, seja por aumento <strong>de</strong> eficiência ou outro, que, se bem sucedi<strong>da</strong>s,vão culminar numa mu<strong>da</strong>nça nos seus índices <strong>de</strong> performance.Comentários FinaisHá que se fazer uma distinção entre as projeções feitas para um produto existente, num mercadoconhecido e com tecnologia já comprova<strong>da</strong>, e previsões <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, mercado, aceitação, uso ecrescimento futuro quando se trata <strong>de</strong> novos produtos, mercados ou tecnologias inovadoras.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 9


No segundo caso, o contrário do primeiro, não existe um histórico passado para orientar as projeçõesfuturas, nem séries temporais para servir <strong>de</strong> base e referência para as novas projeções. O dimensionamentodo mercado se torna mais difícil na medi<strong>da</strong> em que a própria aceitação e até o usodo serviço ou produto é incerta, e ain<strong>da</strong>, a aplicação <strong>de</strong> uma nova tecnologia po<strong>de</strong> ser muito diferentedo esperado. Assim sendo, conclui-se que às vezes é muito difícil quantificar exatamentequal será o benefício financeiro futuro <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> investimento nesses casos. Ocorre que aempresa começa com um projeto e <strong>de</strong>pois vê que o mercado quer uma outra coisa, e vai se a<strong>da</strong>ptando.Os inventores <strong>da</strong> tecnologia <strong>de</strong> gravação <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o em fitas magnéticas, a empresa americanaAMPEX, imaginaram que o seu mercado comercial estaria limitado às estações <strong>de</strong> televisão. Aolançar a sua primeira máquina copiadora, a 914, a Xerox visava competir com o papel carbono quese utilizava ao <strong>da</strong>tilografar documentos. O mercado mostrou que a gran<strong>de</strong> e real vantagem <strong>da</strong> máquinaera permitir a cópia <strong>de</strong> documentos já prontos, coisa que ninguém tinha pensado porque nãohavia solução para isso. Matsushita e Sony implementaram milhares <strong>de</strong> pequenos melhoramentosno <strong>de</strong>sign e na fabricação do VCR que eventualmente abriu o mercado doméstico para o produto.A própria IBM em 1949 estimava que o mercado total <strong>de</strong> computadores seria algo entre <strong>de</strong>z equinze máquinas. O fato <strong>de</strong> que essas primeiras máquinas funcionavam com milhares <strong>de</strong> válvulas eque os semicondutores ain<strong>da</strong> não haviam sido inventados, provavelmente limitava a imaginação <strong>de</strong>todos para outros usos do computador.Além disso, a rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> evolução está se acelerando, fazendo com que novas tecnologias impensáveispassem a ser viáveis, e encurtando o ciclo <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s tecnologias atuais. No início <strong>da</strong> déca<strong>da</strong><strong>de</strong> 70, as previsões para o mercado <strong>de</strong> satélites <strong>de</strong> comunicação se mostravam promissoras, masse reduziram drasticamente a partir <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 80 com a introdução dos cabos <strong>de</strong> fibra ótica. Afibra ótica, por sua vez, per<strong>de</strong>u a primazia no diagnóstico médico, à medi<strong>da</strong> que novas tecnologias<strong>de</strong> imageamento como ressonância magnética, foram sendo <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s. Esses exemplos ilustramo fato <strong>de</strong> que uma <strong>da</strong>s maiores incertezas que afetam as novas tecnologias, é a invenção <strong>de</strong>uma ain<strong>da</strong> mais nova.2020 anosQuanto tempo ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>ssas invençõeslevou para atingir o primeiro milhão<strong>de</strong> usuários no mundo151010 anos8 anos55 anos3 anos0TV preto ebrancoTV a coresVi<strong>de</strong>o CasseteComputadorPessoalTelefoneCelularADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 10


Giro do AtivoO giro do ativo é um importante indicador <strong>da</strong> relação entre os crescimento <strong>da</strong> empresa e sua necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> capital. A boa estratégia financeira recomen<strong>da</strong> que se tente aumentaras ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong> empresa, ao mesmo tempo que se minimiza a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ativos para gerar essasven<strong>da</strong>s, pois qualquer aumento <strong>de</strong> ativo tem que ser financiado com capital <strong>da</strong> empresa, seja próprioou <strong>de</strong> terceiros, e isto tem um custo.A relação básica entre ven<strong>da</strong>s e ativos é <strong>da</strong>do pelo giro do ativo, que é influenciado pelos seguintesfatores:1. Setor industrialCa<strong>da</strong> setor industrial tem suas próprias características: aqueles que, pela sua próprianatureza, são mais intensivos em capital como transportes, energia, comunicações, eoutros, obviamente terão um giro <strong>de</strong> ativo, ou uma relação ven<strong>da</strong>s/ativos mais baixodo que um outro setor que seja menos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> capital, como comercio em geral,por exemplo.2. Nível <strong>de</strong> ocupação <strong>da</strong> empresaO nível <strong>de</strong> ocupação tem um impacto importante uma vez que a empresa po<strong>de</strong>ria, emprincípio, aumentar as suas ven<strong>da</strong>s até atingir 100% <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, sem necessitarinvestimentos adicionais em ativo permanente. Assim, as suas ven<strong>da</strong>s aumentariamem proporção muito maio do que seus ativos, aumentando o seu giro.Na prática, antes <strong>da</strong> empresa chegar à utilização total <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> operacional,ela já estará investindo na expansão dos negócios. No primeiro semestre <strong>de</strong> 1995 noBrasil, embalado pelo sucesso do Plano Real, as empresas chegaram a um índice <strong>de</strong>ocupação médio <strong>de</strong> 86%, um patamar só alcançado nove anos antes em 1986, no augedo Plano Cruzado, e o segundo nível mais alto <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1973 que foi <strong>de</strong> 90%, naépoca do milagre econômico. Pesquisa realiza<strong>da</strong> entre essas 1.440 empresas indicouque 88% <strong>de</strong>las tinham planos <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> capital em an<strong>da</strong>mento.Assim, observa-se que, em média, as empresas não esperam que sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>produção se esgote para iniciar seus projetos <strong>de</strong> investimento - na prática, elas trabalhamsempre com alguma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> ociosa para po<strong>de</strong>r suprir picos <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>.Algumas empresa, no entanto, adotam estratégia <strong>de</strong> trabalhar o mais próximo possível<strong>da</strong> sua ocupação máxima <strong>de</strong> forma a otimizar a sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva. Se porum lado, isso po<strong>de</strong> permitir uma maior rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, por outro lado expõe a empresaao risco <strong>de</strong> não po<strong>de</strong>r suprir o seu mercado, caso a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> real venha a ser significativamentediferente <strong>da</strong>s previsões originais <strong>da</strong> empresa. No período seguinte à implantaçãodo Plano Real, a estabilização <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> acarretou um aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong>em quase todos os setores.A General Motors do Brasil, que sempre adotou uma política <strong>de</strong> maximizar o seu nível<strong>de</strong> ocupação e trabalhando muito perto <strong>da</strong> sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> total, se viu impossibi-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 11


lita<strong>da</strong> <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r à enorme <strong>de</strong>man<strong>da</strong> pelo seu carro popular, o Corsa, e a conseqüenteper<strong>da</strong> <strong>de</strong> mercado para a FIAT, que tinha uma significativa fatia <strong>da</strong> sua produção<strong>de</strong>dica<strong>da</strong> a exportação, e que com a retração do mercado na Europa, po<strong>de</strong> redirecionaresses produtos para o mercado interno.O grau <strong>de</strong> ociosi<strong>da</strong><strong>de</strong> com que uma empresa <strong>de</strong>ve trabalhar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá obviamente <strong>da</strong>variabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> futura: quanto mais previsível, menos margem <strong>de</strong> erro, eisso permite à empresa trabalhar com menos folga. I<strong>de</strong>m, ao contrário.3. Produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresaUm aumento <strong>de</strong> produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> permite à empresa aumentar as ven<strong>da</strong>s mais rapi<strong>da</strong>mentedo que os ativos, minimizando as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> capital. Isso po<strong>de</strong> ser obtidoatravés <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> equipamentos mais mo<strong>de</strong>rnos, tecnologias inovadoras oumu<strong>da</strong>nças no processo <strong>de</strong> fabricação. Nos últimos anos tem-se observado gran<strong>de</strong>sprogresso nesta área, à medi<strong>da</strong> que as empresas são obriga<strong>da</strong>s a competir globalmentee usar <strong>de</strong> todos os meios para aumentar a sua eficiência para se manterem competitivos.Índices FinanceirosÍndice Descrição FórmulaLiqui<strong>de</strong>z Corrente:Liqui<strong>de</strong>z Seca:Giro <strong>de</strong> C/R:Mostra a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa <strong>de</strong> sal<strong>da</strong>ros seus compromissos <strong>de</strong> curto prazo.Quanto maior, melhor.Se o estoque não valesse na<strong>da</strong>, a empresaain<strong>da</strong> po<strong>de</strong>ria pagar seus compromissos <strong>de</strong>curto prazo? É um índice mais seguro <strong>da</strong>solvência do que a liqui<strong>de</strong>z corrente.Quanto tempo a empresa leva em médiapara receber o produto <strong>de</strong> suas ven<strong>da</strong>s?Indica a liqui<strong>de</strong>z do Contas a Receber.Ativo Circulante_______________________________Passivo CirculanteAtivo Circ. - Estoques_____________________________________Passivo CirculanteVen<strong>da</strong>s______________________________Contas a ReceberGiro <strong>de</strong> Estoque: Com que rapi<strong>de</strong>z o estoque é vendido aolongo do ano? Em geral, quanto maiormelhor, mas <strong>de</strong>ve ser analisado também emrelação ao histórico <strong>da</strong> empresa e <strong>da</strong>s outrasdo ramo.Custo do Mat Vendido____________________________________Estoque MédioCapital <strong>de</strong> GiroLíquido:Indicação sumária <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa<strong>de</strong> sal<strong>da</strong>r seus compromissos <strong>de</strong> curtoprazo.Ativo Circ. - Passivo Circ.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 12


Endivi<strong>da</strong>mento:Que proporção dos recursos totais <strong>da</strong> empresaforam emprestados por terceiros?Passivo Cir+ Longo Prazo__________________________________________Ativo TotalMargem: Mostra a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> bruta dos produtosvendidos.Ven<strong>da</strong>s - Custo Mat Vend._________________________________________Ven<strong>da</strong>sRentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>Ven<strong>da</strong>s:Retorno do Investimento:Retorno do Ativo:Giro do Ativo:Mostra a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> líqui<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s<strong>da</strong> empresa.Mostra a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do investimento queos acionistas fizeram na empresa.Mostra a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do ativo <strong>da</strong> empresa.Indica a eficiência com que está sendo utilizadoo ativo <strong>da</strong> empresa.Lucro Líquido______________________Ven<strong>da</strong>sLucro Líquido_____________________________Patrimônio LíquidoLucro Líquido_______________________Ativo TotalVen<strong>da</strong>s____________________Ativo TotalPo<strong>de</strong>mos também fazer projeções a partir <strong>de</strong> índices selecionados partindo-se, por exemplo, dosgiros, como segue:Giro C / R =Giro C / P =Ven<strong>da</strong>s_________________ C / R =C / RCompras_________________ C / P =C / PVen<strong>da</strong>s_________________Giro C / RCompras_________________Giro C / PCMV_________________Giro Estoque = Estoque =EstoqueCMV_________________Giro EstoqueDevemos lembrar também, que os giros correspon<strong>de</strong>m a um ano <strong>de</strong> 360 dias; portanto, para convertergiros em dias, basta utilizar a fórmula: Dias = 360 / GiroADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 13


é dominado pela Boeing e pela Airbus Industries, um consórcio <strong>de</strong> empresas européias.Objetivos• Enten<strong>de</strong>r como as empresas po<strong>de</strong>m criar valor através <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong>capital.• Apren<strong>de</strong>r a formular, analisar e tomar <strong>de</strong>cisões sobre projetos <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> capital.• Compreen<strong>de</strong>r qual é a função <strong>da</strong> empresa e do gerente financeiro, e como a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>investimento afeta o <strong>de</strong>sempenho <strong>da</strong> empresa.• Estruturar problemas simples <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa e calcular o seu valor presente.IntroduçãoA análise correta <strong>da</strong>s perspectivas <strong>de</strong> rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> futura <strong>de</strong> um projeto é fun<strong>da</strong>mental paraque os acionistas possam ter expectativas <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> valor e que os credores recebama remuneração pactua<strong>da</strong> contratualmente. No entanto, pela própria natureza <strong>da</strong>s projeçõesfinanceiras que envolvem incerteza acerca dos reais valores que irão prevalecer no futuro,mesmo uma análise rigorosa executa<strong>da</strong> <strong>de</strong>ntro dos padrões recomen<strong>da</strong>dos está sujeita ariscos. Mas esta é a natureza <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões financeiras na empresa, <strong>de</strong> que os acionistas ecredores estão cientes quando tomaram a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> financiar os seus projetos, e a remuneração<strong>de</strong>stes agentes reflete uma compensação por estes riscos assumidos, como veremosnos próximos temas quando abor<strong>da</strong>rmos o tópico <strong>de</strong> Custo <strong>de</strong> Capital <strong>da</strong> empresa.Além dos métodos contábeis, os métodos para avaliação <strong>de</strong> ativos e empresas po<strong>de</strong>m seragrupados em três mo<strong>de</strong>los básicos: o método do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Descontado (FCD), jávisto anteriormente, que correlaciona o valor <strong>de</strong> um ativo com o valor presente do fluxo<strong>de</strong> caixa futuro que se espera <strong>de</strong>le, os métodos <strong>de</strong> avaliação comparativa ou <strong>de</strong> múltiplos,on<strong>de</strong> se estima o valor <strong>de</strong> um ativo comparando-o com o valor <strong>de</strong> outros ativos semelhantes,e o método <strong>de</strong> opções reais, on<strong>de</strong> se usa mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> opções para medir ovalor <strong>de</strong> um ativo que possua características <strong>de</strong> opções. Um exemplo disso é uma empresaque tenha patentes ou produtos prontos mas não utilizados, enquanto ela espera o melhormomento para lançá-lo no mercado. Essa opção <strong>de</strong> lançar o produto tem certamente umvalor, mas este não é capturado pelo método do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado, nem pela avaliaçãocomparativa. Dessa forma, este mo<strong>de</strong>lo leva em conta o fato <strong>de</strong> que <strong>de</strong>cisões gerenciaispo<strong>de</strong>m ser altera<strong>da</strong>s no futuro, à medi<strong>da</strong> que maiores informações sobre o investimentose tornam disponíveis.Entre estes, o método do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado e o método <strong>de</strong> múltiplos são os doismais utilizados na prática. O método <strong>de</strong> múltiplos se propõe a valorar um ativo comparandoo seu valor ao <strong>de</strong> outros ativos semelhantes, muitas vezes utilizando uma variável comumcomo volume <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, lucros, geração <strong>de</strong> caixa ou outra qualquer. Este é o métodoutilizado por corretores <strong>de</strong> imóveis, por exemplo, quando avaliam o preço <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong>imóvel comparando-o a outros imóveis similares negociados recentemente na mesma vizinhança.É comum também se avaliar empresas utilizando parâmetros baseados em lucroADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 15


por ação ou volume <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> outras empresas do mesmo setor. O principal método,no entanto, e o que iremos adotar neste curso, é o método do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado,pois este é o método fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> finanças sobre o qual todos os outros métodos se baseiam,inclusive os métodos <strong>de</strong> avaliação relativa.Princípios básicos para aplicação <strong>de</strong> capitalA necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se adotar critérios específicos para se escolher quais projetos <strong>de</strong> investimento<strong>de</strong>vem ser selecionados vem do fato <strong>de</strong> que os recursos <strong>de</strong> capital que uma empresadispõe são sempre limitados e, portanto, a empresa não po<strong>de</strong>rá aproveitar to<strong>da</strong>s as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> investimento que estão disponíveis para ela. Dessa forma, é necessário adotarcritérios que permitam escolher, <strong>de</strong>ntre as muitas alternativas existentes, aquelas que maximizemo valor <strong>da</strong> empresa para os seus acionistas, e rejeitar as <strong>de</strong>mais. Essa análisequantitativa, que veremos a seguir, tem como base os seguintes princípios qualitativos:1. Determinar as alternativas viáveisO primeiro passo é <strong>de</strong>finir quais as alternativas políticas, técnicas e economicamente viáveisque serão analisa<strong>da</strong>s. Não há <strong>de</strong>cisão a tomar a não ser que haja dois ou mais cursos<strong>de</strong> ação possíveis. Po<strong>de</strong>m ocorrer também erros <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão se alguma alternativa viávelnão é leva<strong>da</strong> em conta, se não há recursos para se investir na alternativa escolhi<strong>da</strong>, ou ela éinviável <strong>de</strong>vido a consi<strong>de</strong>rações tecnológicas ou ambientais.2. Converter os resultados <strong>da</strong>s alternativas para um <strong>de</strong>nominador comumPara po<strong>de</strong>rmos comparar corretamente alternativas distintas, é necessário quantificar osseus resultados expressos em homem/hora, reais, redução <strong>de</strong> prazo, e transformá-los emum mesmo <strong>de</strong>nominador, geralmente um valor monetário.3. Somente as diferenças entre as alternativas são relevantesAs conseqüências futuras que são comuns a to<strong>da</strong>s as alternativas em questão, não precisamser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s na análise, pois sua inclusão po<strong>de</strong> resultar somente no fato <strong>de</strong> to<strong>da</strong>sas alternativas estarem igualmente afeta<strong>da</strong>s. Isso equivaleria a somar ou subtrair o mesmonúmero em ambos os lados <strong>de</strong> uma equação; a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> não se altera. Como conseqüênciadireta <strong>de</strong>sse princípio, <strong>de</strong>duz-se que os custos passados, comuns a to<strong>da</strong>s as alternativas,não são relevantes para a escolha <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las. Nesse caso, um custo passado é <strong>de</strong>finidocomo uma <strong>de</strong>spesa (ou receita) que já ocorreu antes <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão atual. Como ele influiigualmente em to<strong>da</strong>s as alternativas em análise, essa informação não é relevante para a <strong>de</strong>cisãoa ser toma<strong>da</strong>, e po<strong>de</strong>, portanto, ser ignora<strong>da</strong>.4. O valor do dinheiro no tempo <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado sempreUtilizar sempre fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado e o custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> dos recursos a sereminvestidos.5. Decisões separáveis <strong>de</strong>vem ser toma<strong>da</strong>s isola<strong>da</strong>menteSepare as <strong>de</strong>cisões, sempre que uma <strong>de</strong>cisão possa ser toma<strong>da</strong> isola<strong>da</strong>mente <strong>de</strong> outra, visandofacilitar a análise e organizar o raciocínio. Isso se aplica especialmente às <strong>de</strong>cisõesADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 16


<strong>de</strong> investimento e <strong>de</strong> financiamento, que exceto em alguns casos particulares, po<strong>de</strong>m serconsi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s isola<strong>da</strong>mente.6. Consi<strong>de</strong>rar a incerteza associa<strong>da</strong> às previsõesTo<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> capital baseiam-se em estimativas do futuro. Comoessas estimativas são previsões <strong>de</strong> eventos ain<strong>da</strong> por ocorrer, é possível - e até mesmo,provável - que os resultados reais difiram dos previstos inicialmente. O futuro é incerto, equalquer análise que falhe em levar isso em consi<strong>de</strong>ração está fa<strong>da</strong><strong>da</strong> ao erro. Por outrolado, não se <strong>de</strong>ve inferir que qualquer previsão seja inváli<strong>da</strong> ou inútil <strong>de</strong>vido à incerteza associa<strong>da</strong>aos <strong>da</strong>dos. Consi<strong>de</strong>re a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s previsões não ocorrerem conforme o esperadoe analise as conseqüências <strong>de</strong>sse fato em relação à <strong>de</strong>cisão a ser toma<strong>da</strong>.7. Levar em conta também os efeitos não monetários do projetoProjetos po<strong>de</strong>m apresentar vantagens reais, mas intangíveis, e por isso difíceis <strong>de</strong> quantificarcomo conforto, conveniência, quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, imagem, etc. Mesmo que não haja vantagenseconômicas imediatas, po<strong>de</strong>m haver vantagens estratégicas inegáveis que façam com que oprojeto seja atraente mesmo com VPL negativo, como a criação <strong>de</strong> novas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> negócio, penetração em novos mercados, etc. Em todo caso, quaisquer vantagens intangíveis<strong>de</strong>vem ser claramente relaciona<strong>da</strong>s para que o responsável pela análise possa ter<strong>da</strong>dos para balizar a sua <strong>de</strong>cisão final.Método do Fluxo <strong>de</strong> Caixa DescontadoComo analisar um projeto <strong>de</strong> investimento utilizando o método do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado?A regra é simples:1. Projete o fluxo <strong>de</strong> caixa a ser gerado pelo projeto ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a sua vi<strong>da</strong> econômica.2. Determine uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto, que <strong>de</strong>ve refletir o valor temporal do dinheiro, ocusto <strong>de</strong> capital e o risco do projeto.3. Usando a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> anteriormente, calcule o valor presente<strong>de</strong>ste fluxo <strong>de</strong> caixa, ou seja, o valor hoje que seja equivalente a esta série <strong>de</strong> fluxos<strong>de</strong> caixa. A este valor <strong>da</strong>mos o nome <strong>de</strong> Valor Presente do projeto.4. Calcule valor líquido a ser recebido pela empresa por este projeto, <strong>de</strong>duzindo o investimentoinicial necessário para a sua implantação. Este valor é o Valor PresenteLíquido (VPL) do projeto.5. Dado que o objetivo <strong>da</strong> empresa é criar valor, o critério <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão será investirsempre que o VPL for positivo. Isso significa que o valor do projeto é maior doque o seu custo.A taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto é <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> basicamente pelo custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> do capital quea empresa preten<strong>de</strong> investir no projeto. Suponha uma empresa que possui uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> investir em um projeto. Por simplici<strong>da</strong><strong>de</strong>, vamos supor que esta empresa não temdivi<strong>da</strong>s nem credores, e, portanto, a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> do seu capital é forma<strong>da</strong> pelos recursos dosseus acionistas. Como po<strong>de</strong>mos ver na Figura 2, a empresa sempre tem a alternativa <strong>de</strong>ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 17


distribuir este capital para os acionistas e <strong>de</strong>ixar que eles mesmos invistam estes recursosno mercado financeiro em ativos <strong>de</strong> risco semelhante.ProjetosEmpresaAcionistasMercadoFinanceiroEmpresainvesteEmpresadistribuiDivi<strong>de</strong>ndosAcionistaInvesteFigura 2Custo <strong>de</strong> Oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> CapitalOs acionistas apenas concor<strong>da</strong>rão em <strong>de</strong>ixar o seu capital com a empresa se eles tiverem aexpectativa <strong>de</strong> receber através do projeto um retorno igual ou superior ao que eles po<strong>de</strong>riamestar recebendo no mercado financeiro. Se a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> espera<strong>da</strong> do projeto for menordo que a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> que o acionista po<strong>de</strong> obter investindo diretamente, o acionistanão precisa <strong>da</strong> empresa, pois po<strong>de</strong>m obter os seus ganhos investindo diretamente no mercado.Nesse caso, a empresa estaria otimizando o retorno dos seus acionistas se distribuísseesse capital como divi<strong>de</strong>ndos e <strong>de</strong>ixasse os acionistas procurarem as suas próprias oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> investimento. Obviamente, a própria existência <strong>da</strong> empresa só tem sentido seno longo prazo ela consegue criar oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimentos em projetos que tenhamum retorno maior do que os seus acionistas conseguem obter por si mesmo.Valor Presente Líquido (VPL)O critério <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento adota<strong>da</strong> anteriormente é conhecido como o critériodo Valor Presente Líquido, ou critério do VPL. Embora existam outros critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão,este é o mais indicado por diversos motivos, entre os quais:• Reconhece o valor do dinheiro no tempo;• Não é afetado por técnicas contábeis;• Reflete o aumento <strong>de</strong> riqueza para o acionista;• VPL's po<strong>de</strong>m ser somados;• Depen<strong>de</strong> somente dos fluxos <strong>de</strong> caixa e do custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Taxa Interna <strong>de</strong> RetornoPara a maioria dos projetos on<strong>de</strong> a empresa investe um capital inicial e imediato para a suaimplantação em troca <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> caixa futuros, o valor do VPL diminui àmedi<strong>da</strong> que aumentamos a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong>stes fluxos, po<strong>de</strong>ndo inclusive chegar a ficarnegativo se a taxa for suficientemente alta. Na Figura 3 po<strong>de</strong>mos ver a variação doVPL em função <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto para um projeto que requer um investimento <strong>de</strong>$100.000 e que gera um fluxo <strong>de</strong> caixa anual <strong>de</strong> $35,000 durante cinco anos.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 18


100.000VPL x Taxa <strong>de</strong> Desconto80.00060.000VPL40.00020.00000% 10% 20% 30% 40%-20.000-40.000Taxa <strong>de</strong> DescontoFigura 3VPL em função <strong>da</strong> Taxa <strong>de</strong> Desconto.A Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno (TIR) <strong>de</strong> um projeto é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto quefaz com que o VPL seja zero. Se a TIR for maior do que o custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> do capitalem consi<strong>de</strong>ração, o projeto terá um VPL positivo, caso contrário, o VPL será negativo.A TIR, portanto, representa o maior custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> que um projeto po<strong>de</strong> suportar.O critério <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão é que aceitamos um projeto somente se sua TIR for maiorque o seu custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital. Enquanto que o critério do VPL nos forneceum valor monetário que representa a criação <strong>de</strong> valor que ocorrerá com a implantação doprojeto, a TIR fornece uma taxa, que po<strong>de</strong> ser interpreta<strong>da</strong> como a taxa <strong>de</strong> retorno espera<strong>da</strong>do projeto. O cálculo <strong>da</strong> TIR é feito por tentativas e exige o uso <strong>de</strong> calculadoras financeirasou <strong>de</strong> planilhas eletrônicas, uma vez que não existe fórmula que fornece o seuvalor exato.Este critério é amplamente utilizado na prática, sendo que mais <strong>de</strong> 75% dos altos executivos<strong>da</strong>s empresas afirmam que o usam para avaliar e tomar <strong>de</strong>cisões sobre projetos <strong>de</strong> investimento,<strong>de</strong> acordo com uma pesquisa realiza<strong>da</strong> em 1999. Mas são necessários algunscui<strong>da</strong>dos para a sua correta utilização em alguns casos, pois existem algumas situações especificasem que ela conflita com o critério do VPL. Os principais casos são:1. Comparação <strong>de</strong> projetos: Entre um conjunto <strong>de</strong> projetos, aquele que tem a mais altaTIR não necessariamente tem o maior VPL. Dessa forma, <strong>de</strong>ve-se ter cui<strong>da</strong>do com ouso do TIR para classificação projetos <strong>de</strong> acordo com a sua rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> ou para escolhaentre projetos mutuamente exclusivos, especialmente quando há gran<strong>de</strong>s diferenças<strong>de</strong> escala <strong>de</strong> investimento ou <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa.Exemplo: Dois projetos mutuamente exclusivos estão em análise. O projeto A exige uminvestimento <strong>de</strong> $100 e gera um fluxo <strong>de</strong> caixa único <strong>de</strong> $140 ao final do primeiro ano. Oprojeto B, por sua vez, exige um investimento inicial <strong>de</strong> $300 e gera um fluxo <strong>de</strong> $390.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 19


Em qual dos dois projetos <strong>de</strong>verá a empresa investir? Consi<strong>de</strong>re um custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>15% a.a.0 1 TIR VPLA 40% 21,74(100) 1400 1 TIR VPLB 30% 39,13(300) 390O projeto A apresenta uma TIR mais alta, mas o projeto B é melhor, pois é o que apresentao maior VPL.2. Projetos com mais <strong>de</strong> uma alternância <strong>de</strong> sinal do fluxo <strong>de</strong> caixa: Devido a esta característica,esse tipo <strong>de</strong> projeto, que é típico <strong>de</strong> projetos do mercado imobiliário, po<strong>de</strong>apresentar diversas Taxas Internas <strong>de</strong> Retorno, ou mesmo não apresentar nenhuma. Essastaxas múltiplas, embora matematicamente corretas, não tem significado financeiro relevantepara o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento. A Figura 4 mostra um projeto queapresenta três taxas internas <strong>de</strong> retorno distintas: 2.1%, 14,4% e 29,0%. Nesses casos,este critério não <strong>de</strong>ve ser utilizado por não ser confiável.25,000VPL x Taxa <strong>de</strong> Desconto20,00015,00010,000VPL5,0000,0000% 10% 20% 30% 40%-5,000-10,000-15,000-20,000Taxa <strong>de</strong> DescontoFigura 4Um caso <strong>de</strong> Múltiplas TIR3. Projetos <strong>de</strong> longo prazo: Em projetos longos, po<strong>de</strong> haver diversos custos <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> capital. Como a TIR é uma só para todo o projeto, não fica claro contra qualcusto <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-se compará-la. É questionável que uma taxa fixa para todosos períodos seja representativa <strong>de</strong> um fluxo <strong>de</strong> caixa avaliado por diferentes custos <strong>de</strong> o-portuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.O motivo <strong>de</strong>sta discrepância <strong>de</strong>corre <strong>da</strong> premissa <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> reinvestimento embuti<strong>da</strong> nocritério <strong>da</strong> TIR. Ao contrário do VPL, a TIR assume que os fluxos <strong>de</strong> caixa gerados du-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 20


ante a vi<strong>da</strong> útil do projeto serão reinvestido à taxa <strong>da</strong> TIR, o que é incorreto. Este problemase agrava com os projetos <strong>de</strong> longo prazo, e mais freqüentemente quando a diferençaentre o custo <strong>de</strong> capital do projeto e a TIR for gran<strong>de</strong>, levando a uma superestimaçãodo real retorno do projeto. Devido a essas premissas, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, o critério <strong>da</strong> TIR só dá oreal retorno do projeto quando não existem fluxos <strong>de</strong> caixa intermediários, mas apenas umfluxo <strong>de</strong> caixa único a receber ao final do projeto. O uso indiscriminado <strong>da</strong> TIR paraqualquer situação po<strong>de</strong> levar a empresa a tomar <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento não ótimas.Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno Modifica<strong>da</strong>O método <strong>da</strong> TIR pressupõe que a empresa dispõe <strong>de</strong> outros projetos igualmente rentáveisem que po<strong>de</strong>rá investir os fluxos <strong>de</strong> caixa intermediários gerados pelo projeto corrente.Ao fazer isso, a TIR credita ao projeto corrente os benefícios <strong>de</strong>stes outros projetos. Masna prática, nenhum projeto futuro será analisado com taxa maior do que o custo <strong>de</strong> capital<strong>da</strong> empresa, portanto a taxa correta <strong>de</strong> reinvestimento é o próprio custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa,o que faz com que a premissa básica <strong>da</strong> TIR seja incorreta. Em contraste, o critériodo VPL consi<strong>de</strong>ra que o projeto conseguirá obter apenas um retorno igual ao seu custo <strong>de</strong>oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital, o que po<strong>de</strong> ser obtido, por exemplo, simplesmente distribuindodivi<strong>de</strong>ndos e/ou amortizando dívi<strong>da</strong>s.Para solucionar este problema, existe o critério <strong>da</strong> Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno Modifica<strong>da</strong>(TIRM), que evita esses problemas. Nele, os fluxos negativos são trazidos a valor presente,enquanto que os fluxos positivos são levados a valor futuro no último período do fluxo.Com os valores concentrados no instante zero e no período final, o cálculo <strong>da</strong> taxa internase torna fácil e direto. Observe que muitas vezes, para levar os fluxos positivos para o seuvalor futuro no período final, é mais fácil concentrá-los todos no instante zero, para <strong>de</strong>poisprojetá-lo para o instante final.Ex.: Calcule a TIR e a TIR modifica<strong>da</strong> para o seguinte fluxo <strong>de</strong> caixa. Adote uma taxa <strong>de</strong><strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> 14%:0 1 2 3 4 TIR VPL21.86% 6.619(40.000) 16.000 16.000 16.000 16.000VP (14%) Entra<strong>da</strong>s = 46.619,40VF (14%) Entra<strong>da</strong>s = 78.738,30VP(14%) Saí<strong>da</strong>s = (40.000)Fluxo final:0 1 2 3 4 TIRM18.45%(40.000) 78.738O retorno efetivo <strong>de</strong>ste projeto será <strong>de</strong> 18.45%, e não 21.86% como indicado inicialmentepela TIR.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 21


PaybackO período <strong>de</strong> Payback é o tempo necessário para que os fluxos <strong>de</strong> caixa positivos cubramos investimentos realizados no projeto, e é normalmente expresso em anos. É calculadousando os fluxos <strong>de</strong> caixa nominais. Quando é utilizado o valor presente dos fluxos <strong>de</strong> caixa,este critério é chamado <strong>de</strong> Payback Descontado. A empresa <strong>de</strong>fine previamente umprazo máximo para que o projeto reponha o custo dos investimentos necessários, sendoque este prazo é chamado <strong>de</strong> período <strong>de</strong> corte. A <strong>de</strong>cisão é toma<strong>da</strong> comparando-se o Paybackdo projeto com o período <strong>de</strong> corte adotado pela empresa, sendo aceitos todos aquelesque apresentarem um Payback menor do que o período <strong>de</strong> corte. Este critério era omais utilizado antes <strong>da</strong> introdução do VPL, mas caiu em <strong>de</strong>suso <strong>de</strong>vido às inúmeras <strong>de</strong>svantagensque ele apresenta em comparação com o VPL:• O Payback ignora todos os fluxos <strong>de</strong> caixa posteriores ao período <strong>de</strong> corte.• O uso <strong>de</strong> um mesmo período <strong>de</strong> corte po<strong>de</strong> levar uma empresa a aceitar muitos projetos<strong>de</strong> curto prazo, mas que não maximizam sua riqueza.• A <strong>da</strong>ta <strong>de</strong> corte reflete interesses <strong>de</strong> curto prazo e não o aumento <strong>de</strong> riqueza do a-cionista.A principal vantagem do Payback é que ele é um método simples e fácil <strong>de</strong> calcular. Alémdisso, dá uma indicação rudimentar do risco do projeto. A conseqüência do uso <strong>de</strong>ste critério,no entanto, po<strong>de</strong> ser um alto grau <strong>de</strong> investimento no curto prazo e a não maximizaçãodo valor para o acionista.Índice <strong>de</strong> Lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>É calculado dividindo-se o valor presente dos fluxos <strong>de</strong> caixa gerados por um projeto peloValor Presente <strong>da</strong>s saí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> caixa. Se o resultado for maior que um, o projeto <strong>de</strong>verá seraceito, pois isso significa que o valor presente <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s é maior do que o <strong>da</strong>s saí<strong>da</strong>s <strong>de</strong>caixa e o projeto criará valor. Este critério po<strong>de</strong> indicar alternativas conflitantes com oVPL, em casos <strong>de</strong> projetos mutuamente exclusivos. O critério também apresenta problemasquando se trata <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> diferentes. A fórmula do índice <strong>de</strong> lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong>é:VP(Entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Caixa)IL =VP(Saí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Caixa)Fluxo <strong>de</strong> Caixa e Lucro ContábilPara muitos, po<strong>de</strong> parecer estranho que usemos o fluxo <strong>de</strong> caixa gerado pelo projeto comobase para os métodos e critérios apresentados, quando o enfoque puramente contábil étodo concentrado no lucro. O motivo disso é que o objetivo primordial <strong>da</strong> empresa que é acriação <strong>de</strong> valor está melhor correlaciona<strong>da</strong> com o fluxo <strong>de</strong> caixa do que com o lucro contábil.Po<strong>de</strong>mos ver isso mais claramente no exemplo a seguir, on<strong>de</strong> dois projetos geram lucrosidênticos, mas fluxos <strong>de</strong> caixa distintos. Ambos operam no mesmo ramo <strong>de</strong> negócio,tem vi<strong>da</strong> útil estima<strong>da</strong> em seis anos, tem as mesmas ven<strong>da</strong>s, custos e rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, e con-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 22


seqüentemente, os mesmos lucros. A única diferença entre os dois é que no projeto A, osequipamentos utilizados no processo <strong>de</strong> produção custam $600.000 e tem uma vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong>três anos. Já no projeto B, os equipamentos utilizados têm que ser substituído anualmentea um custo <strong>de</strong> $200.000. Consi<strong>de</strong>re que o custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> ambos projetos é <strong>de</strong> 10%.Qual projeto tem maior valor? Intuitivamente o projeto B parece mais interessante, poisutiliza menos capital que o projeto A para obter o mesmo resultado. A Figura 5 mostra oDRE e o Fluxo <strong>de</strong> Caixa estimado do projeto A, e po<strong>de</strong>mos calcular o VPL <strong>de</strong>ste projeto<strong>de</strong>scontando este fluxo <strong>de</strong> caixa a taxa <strong>de</strong> 10% para obter um valor <strong>de</strong> $ $325.124.R$ 1.000 DREProjeto A 0 1 2 3 4 5 6Ven<strong>da</strong>s 1.000 1.050 1.100 1.200 1.300 1.450Despesas à vista (700) (745) (790) (880) (970) (1.105)Depreciação (200) (200) (200) (200) (200) (200)LAIR 100 105 110 120 130 145Fluxo <strong>de</strong> CaixaR$ 1.000Projeto A 0 1 2 3 4 5 6LAIR 100 105 110 120 130 145Depreciação 200 200 200 200 200 200Invest <strong>de</strong> Capital (600) 0 0 (600) 0 0Fluxo <strong>de</strong> Caixa (600) 300 305 (290) 320 330 345Figura 5 - Projeto AA Figura 6 mostra as mesmas <strong>de</strong>monstrações, agora aplica<strong>da</strong>s ao projeto B. Po<strong>de</strong>mos observarque os lucros gerados por ambos os projetos é idêntico, o que necessariamente noslevaria a concluir que ambos têm o mesmo valor no caso <strong>de</strong> usarmos algum método contábil.Mas a análise do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado indica que o valor <strong>de</strong>ste projeto é <strong>de</strong>$417.755, e, portanto, superior ao do projeto A, o que confirma a nossa intuição inicial.DREProjeto B 0 1 2 3 4 5 6Ven<strong>da</strong>s 1.000 1.050 1.100 1.200 1.300 1.450Despesas à vista (700) (745) (790) (880) (970) (1.105)Depreciação (200) (200) (200) (200) (200) (200)LAIR 100 105 110 120 130 145Fluxo <strong>de</strong> CaixaProjeto B 0 1 2 3 4 5 6LAIR 100 105 110 120 130 145Depreciação 200 200 200 200 200 200Invest <strong>de</strong> Capital (200) (200) (200) (200) (200) (200)Fluxo <strong>de</strong> Caixa (200) 100 105 110 120 130 345Figura 6 - Projeto BADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 23


O projeto A vale menos que o projeto B porque a empresa investe capital mais cedo, oque acarreta um custo maior, sem que se obtenha nenhuma vantagem por isso, pois os níveis<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s e lucros não se alteram. Nesse caso, uma visão meramente contábil ignoraesses custos <strong>de</strong> capital, que só são computa<strong>da</strong>s no método do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado.Opções ReaisO método do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado parte <strong>da</strong> premissa que um projeto será executadoimediatamente ou nunca. No entanto, muitos projetos apresentam flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s que os gerentesutilizam para efetuar mu<strong>da</strong>nças e alterações nas operações do projeto que afetam osfluxos <strong>de</strong> caixa subseqüentes, ou até mesmo a sua vi<strong>da</strong> útil espera<strong>da</strong>. Essas modificaçõesno projeto são realiza<strong>da</strong>s à medi<strong>da</strong> que novas informações se tornam disponíveis e incertezasse resolvem e po<strong>de</strong>m levar o gerente a adiar, expandir, suspen<strong>de</strong>r, reduzir ou até interromperum projeto caso se torne necessário e o projeto tenha suficiente flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong> paraisso. Como representam opções sobre ativos reais, essas flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s do projeto passarama ser conheci<strong>da</strong>s como opções reais.As implicações para a valoração <strong>de</strong> projetos é que um projeto po<strong>de</strong> ter um valor maior doque o valor <strong>de</strong>terminado pelo método do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado quando existe flexibili<strong>da</strong><strong>de</strong>gerencial e incerteza a respeito dos fluxos futuros. Nesse caso, a regra <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãodo método do FCD precisa ser modifica<strong>da</strong> para incluir o valor <strong>da</strong>s opções reais do projeto.Aregra <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão tradicional do FCD é:• Regra <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão do Método do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Descontado:VPL > 0 ouVP entra<strong>da</strong>s > VP custos <strong>de</strong> investimentoNo caso <strong>de</strong> opções reais, temos dois casos distintos. O caso mais comum é quando a opçãopassa a existir apenas se o projeto for executado. Uma opção <strong>de</strong> expandir ou <strong>de</strong> abandonarum projeto, por exemplo, somente po<strong>de</strong> ser exerci<strong>da</strong> se o projeto já estiver em an<strong>da</strong>mento.Nesse caso, a regra será:• Regra <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> um projeto com Opção <strong>de</strong> Expandir, Abandonar, etcVP entra<strong>da</strong>s + Valor <strong>da</strong> Opção > VP custos <strong>de</strong> investimento.Por outro lado, uma opção po<strong>de</strong> existir mesmo sem o projeto. Um exemplo disso é umaempresa que tem uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> lançar um novo produto agora ou em alguma <strong>da</strong>tafutura. Esta oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> existe in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> empresa efetivamente lançar o produtoou não. Ao escolher lançar o produto agora, a empresa per<strong>de</strong> a opção <strong>de</strong> adiar este investimentopor mais um período. Neste caso, a regra será:• Regra <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> um projeto com Opção <strong>de</strong> Adiar:VP entra<strong>da</strong>s > VP custos <strong>de</strong> investimento + Valor <strong>da</strong> OpçãoADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 24


zam uma combinação <strong>de</strong> métodos simples, principalmente o Payback, com outros mais sofisticados,indicando que fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado é utilizado para complementar, e nãosubstituir, os métodos tradicionais.A utilização em larga escala do Payback, apesar <strong>da</strong>s suas <strong>de</strong>svantagens, está relaciona<strong>da</strong>ao fato <strong>de</strong> ser um método tradicional e por ser <strong>de</strong> simples entendimento e aplicação. Para<strong>de</strong>cisões freqüentes e <strong>de</strong> pequena monta, toma<strong>da</strong>s em escalões menores <strong>da</strong> empresa, o métodoé atraente porque é simples <strong>de</strong> aplicar. À medi<strong>da</strong> que as <strong>de</strong>cisões crescem em importânciae valor, porém, esse método ten<strong>de</strong> a ser abandonado em favor do VPL.A utilização <strong>de</strong> métodos menos sofisticados <strong>de</strong> análise cresce em ambientes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> incertezae risco, pois se os fluxos futuros do projeto nesses casos são difíceis <strong>de</strong> estimarcom precisão, não há vantagem em utilizar métodos sofisticados em fluxos <strong>de</strong> caixa inexatos.Um exemplo disso é a indústria do cinema, on<strong>de</strong> é extremamente difícil estimar os retornosque um filme po<strong>de</strong>rá vir a <strong>da</strong>r, e também na avaliação <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> inovação tecnológica<strong>de</strong>vido ao altíssimo risco e incerteza sobre as projeções futuras. Muitos <strong>de</strong>stesprojetos apresentam a maior parte do seu valor associado a opções reais, impossíveis <strong>de</strong>serem valora<strong>da</strong>s pelo método do FCD, como a opção <strong>de</strong> lançar um segundo filme <strong>de</strong>rivadose o primeiro for um sucesso, ou a opção <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> uma empresa criadora <strong>de</strong> umatecnologia <strong>de</strong> ponta, cujo prognostico futuro é impossível <strong>de</strong> se prever. Para esses casos, avaloração só po<strong>de</strong> ser feita através <strong>de</strong> métodos <strong>de</strong> valoração <strong>de</strong> opções.A prática nos mostra também que os métodos <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado são mais utilizadosem indústrias on<strong>de</strong> as projeções <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa são mais confiáveis e quando osvalores envolvidos são mais relevantes. Em ambientes <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> incerteza que fazem comque a <strong>de</strong>terminação dos fluxos futuros fique comprometi<strong>da</strong>, esses métodos são menos ú-teis, e portanto, menos utilizados.Por outro lado, quando viáveis, as projeções <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa po<strong>de</strong>m ser trabalhosas ecomplica<strong>da</strong>s <strong>de</strong> fazer, portanto, é importante evitar <strong>de</strong>sperdiçá-las com métodos <strong>de</strong> avaliaçãoinferiores. A utilização <strong>de</strong> outros métodos que não esse, se necessária, <strong>de</strong>ve ser realiza<strong>da</strong>com gran<strong>de</strong> cautela, sempre consi<strong>de</strong>rando as limitações <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um, e avaliando a relaçãocusto/beneficio do método escolhido. Métodos como os <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontadosão muito mais trabalhosos e <strong>de</strong> aplicação mais difícil que os métodos simples como oPayback, mas às vezes é melhor utilizar um método simples para <strong>de</strong>cisões não críticas <strong>da</strong>empresa do que não utilizar método algum.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 26


Exercícios:1) Um projeto gera fluxos <strong>de</strong> caixa anuais <strong>de</strong> $700 ao longo <strong>de</strong> cinco anos e requer um investimento<strong>de</strong> $ 2.200 para ser implantado. Se a taxa <strong>de</strong> retorno exigi<strong>da</strong> é <strong>de</strong> 15%, este projeto <strong>de</strong>veser executado? E se taxa for <strong>de</strong> 20%?2) A empresa Belafonte S.A analisa um projeto <strong>de</strong> investimento que terá a duração <strong>de</strong> dois anos eque apresenta o seguinte fluxo <strong>de</strong> caixa:0 1 2(4.000) 2.000 4.000a) Determine o VPL <strong>de</strong>ste projeto, consi<strong>de</strong>rando uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> 10%. Qual <strong>de</strong>ve sera <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong> empresa com relação a este projeto neste caso?b) Determine o VPL do projeto para taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto entre 0% e 80%.Taxa Desc VPL Taxa Desc VPL0% 40%10% 50%20% 60%30% 70%c) Trace o gráfico <strong>da</strong> curva VPL x Taxa <strong>de</strong> Descontod) I<strong>de</strong>ntifique a Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno <strong>de</strong>sse projeto. Qual é o critério <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>da</strong> empresapara este projeto consi<strong>de</strong>rando o critério <strong>da</strong> TIR?ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 27


3) O gerente <strong>da</strong> VJC Produções Artísticas está analisando a proposta <strong>de</strong> lançamento do disco <strong>de</strong>um novo artista <strong>de</strong> música tecno-cool-metal. Ele sabe que o lançamento <strong>de</strong> um disco requer umgran<strong>de</strong> investimento inicial em promoção e marketing, e que essa mo<strong>da</strong> <strong>de</strong> música tecno-coolmetal<strong>de</strong>ve durar 5 anos somente (felizmente). O fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>ste projeto está apresentadoabaixo. Consi<strong>de</strong>rando que os acionistas <strong>da</strong> VJC esperam receber um retorno <strong>de</strong> 15% no seu investimentona empresa, calcule o VPL, a Taxa Interna <strong>de</strong> Retorno (TIR). Deve o gerente investirneste projeto?0 1 2 3 4 5(6.500) 1.800 2.300 3.200 1.000 3.5004) D. Terezinha se aposentou e está analisando uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investir parte <strong>da</strong>s suas economiasnuma sala comercial no centro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> que está sendo vendi<strong>da</strong> por $60.000. O corretorlhe informa que salas naquele en<strong>de</strong>reço po<strong>de</strong>m ser aluga<strong>da</strong>s por 1% do valor do imóvel, ouseja, $600 mensais, menos custos <strong>de</strong> $1200 por ano. Ao final <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, o corretor estimaque o imóvel possa ser vendido por $90.000. Se D. Terezinha preten<strong>de</strong> obter um retorno mínimo<strong>de</strong> 10% neste investimento, que recomen<strong>da</strong>ção você lhe faria com relação a esta oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>?5) A MultiMoney S.A. está analisando um investimento na compra <strong>de</strong> um novo equipamento quecusta $500.000. A <strong>de</strong>preciação será feita em cinco anos com valor residual zero ao fim do período,e o equipamento proporcionará uma receita operacional líqui<strong>da</strong> anual <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>$140.000 durante 5 anos. Consi<strong>de</strong>rando que a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto utiliza<strong>da</strong> pela MultiMoney é <strong>de</strong>10% a.a., e que <strong>de</strong>vido a incentivos fiscais ela não paga imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, calcule:a) O fluxo <strong>de</strong> caixa do projetob) VPLc) TIR6) Para uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> obra pública há a alternativa <strong>de</strong> se adotar um encanamento <strong>de</strong> 20cm ou30cm. O encanamento <strong>de</strong> 20cm tem um custo inicial <strong>de</strong> $45.000 e o custo anual <strong>de</strong> bombeamentoé estimado em $10.000. O encanamento <strong>de</strong> 30cm tem um custo inicial <strong>de</strong> $80.000 e umcusto anual <strong>de</strong> bombeamento <strong>de</strong> $7.000. O serviço <strong>de</strong> tal equipamento será utilizado por 20 a-nos; nenhum valor residual é esperado para ambos os tipos ao final <strong>de</strong>sse período. Consi<strong>de</strong>randouma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> 10% a.a., qual encanamento <strong>de</strong>ve ser utilizado?7) Para os dois projetos mutuamente exclusivos abaixo, calcule o VPL e a TIR, adotando-se umataxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> 10%. Como você explica a discrepância observa<strong>da</strong> nos resultados obtidospelos dois métodos? Calcule também a TIR Modifica<strong>da</strong>, assumindo uma taxa <strong>de</strong> reinvestimento<strong>de</strong> 10% a.a.0 1 2 3 4A)(24.000) 10.000 10.000 10.000 10.000B)0 1 2 3 4(24.000) 0 5.000 10.000 33.000ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 28


8) Riata Tecidos está em gran<strong>de</strong> fase <strong>de</strong> crescimento e analisa a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investir numaexpansão <strong>da</strong>s suas operações. Duas alternativas estão disponíveis para a empresa. A primeiraseria fazer uma extensão e melhoramentos nas suas atuais instalações, sendo que a outra implicaem construir uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> totalmente nova no norte do estado. O fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma<strong>de</strong>stas alternativas está apresentado a seguir.A)B)0 1 2 3 4(1.000) 600 500 400 2000 1 2 3 4(1.100) 0 0 500 2.000a) Utilize o critério do VPL e <strong>de</strong>termine o valor <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> projeto e a <strong>de</strong>cisão que a empresa<strong>de</strong>ve tomar, consi<strong>de</strong>rando um custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> 12% a.a.b) Qual é a <strong>de</strong>cisão recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo critério <strong>da</strong> TIR?c) Se o custo <strong>de</strong> capital for <strong>de</strong> 22%? Qual a <strong>de</strong>cisão agora?d) Mostre o gráfico do VPL <strong>de</strong> ambos os projetos consi<strong>de</strong>rando taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong> 0 a40%.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 29


4 – Fluxo <strong>de</strong> Caixa <strong>de</strong> ProjetosFoi em 1881 que o professor italiano Carlo Lorenzini escreveu o conto <strong>de</strong> fa<strong>da</strong> <strong>de</strong> Pinocchio,mas a história só se popularizou em 1940, quando Walt Disney investiu $2.6 milhões<strong>de</strong> dólares, uma fabulosa quantia para a época, para criar o seu segundo <strong>de</strong>senho animado<strong>de</strong> longa metragem. Pinocchio se tornou um dos seus filmes <strong>de</strong> maior sucesso, obtendo para a empresa<strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> dólares nos diversos relançamentos realizados nas quatro déca<strong>da</strong>sseguintes, além <strong>da</strong> receita <strong>de</strong> merchandising do personagem. 4Em 1984, quando Michael Eisner e Frank Wells assumiram a direção <strong>da</strong> Disney após uma <strong>de</strong>sgastantebatalha pelo seu controle acionário, Pinocchio era um dos muitos tesouros guar<strong>da</strong>dos a setechaves na se<strong>de</strong> <strong>da</strong> empresa em Burbank, Califórnia, junto com Branca <strong>de</strong> Neve, Cin<strong>de</strong>rella e umadúzia <strong>de</strong> outros clássicos. Walt Disney, temendo que o excesso <strong>de</strong> exposição <strong>de</strong>sgastasse a imageme reduzisse a eficácia dos seus personagens, dosava a exibição dos seus clássicos a contagotas,e após a sua morte em 1966, os seus sucessores acharam por bem continuar seguindo essaestratégia. Durante a disputa pela compra <strong>da</strong> empresa, um dos grupos interessados estimou o valor<strong>de</strong>ssa biblioteca em $400 milhões <strong>de</strong> dólares.Nessa época, a maioria dos estúdios <strong>de</strong> Hollywood estava lançando seus velhos filmes em ví<strong>de</strong>ocassete, obtendo com isso uma receita adicional <strong>de</strong> $1.5 bilhões <strong>de</strong> dólares por ano. A nova equipe<strong>da</strong> Disney precisava gerar caixa urgentemente para melhorar a imagem <strong>da</strong> empresa, <strong>de</strong>sgasta<strong>da</strong> poranos <strong>de</strong> má administração e pela batalha pelo seu controle acionário. Eisner e Wells sabiam tambémque o lançamento <strong>da</strong> biblioteca Disney em ví<strong>de</strong>o cassete representava lucros imediatos, poisos custos <strong>de</strong> produção dos filmes já haviam sido incorridos e contabilizados há muitas déca<strong>da</strong>satrás. Por outro lado, partilhavam <strong>da</strong> mesma preocupação <strong>de</strong> Walt Disney e se perguntavam seassim não estariam matando a galinha dos ovos <strong>de</strong> ouro que esses filmes representavam para aempresa.Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1984, Pinocchio foi lançado pela sexta vez nos cinemas, arreca<strong>da</strong>ndo $26 milhões<strong>de</strong> dólares. Como a maioria dos filmes é lança<strong>da</strong> em ví<strong>de</strong>o seis meses após serem vistos nocinema, Eisner sabia que não tinha muito tempo para tomar uma <strong>de</strong>cisão, caso quisesse aproveitaro investimento já feito na campanha <strong>de</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong> para o relançamento do filme.Reunidos na se<strong>de</strong> <strong>da</strong> Disney, o diretor financeiro apresentou algumas projeções sobre as ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ví<strong>de</strong>o cassetes <strong>de</strong> Pinocchio, e que indicavam que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s premissas, as ven<strong>da</strong>spo<strong>de</strong>riam alcançar 7.5 milhões <strong>de</strong> cópias, gerando $100 milhões <strong>de</strong> dólares <strong>de</strong> receita adicional nospróximos dois anos. Por outro lado, ele ressaltou que essa <strong>de</strong>cisão conflitava com os relançamentosdo filme em cinema, e que po<strong>de</strong>ria arruinar esse rentável negócio. Esse era o ponto crucial doproblema, pois os relançamentos eram um negócio extremamente rentável para a Disney. A dúvi<strong>da</strong>era se a empresa não estaría colocando tudo isso a per<strong>de</strong>r se começasse a colocar os seus clássicos4 Grover, Ron: “The Disney Touch: How a <strong>da</strong>ring management team revived an entertainment empire”,Richard D. Irwin, Inc,1991.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 30


em ví<strong>de</strong>o cassete. Frank Wells, no entanto, argumentava que os clássicos eram alguns dos ativosmais valiosos que a empresa possuía, mas se não os usasse, <strong>de</strong> que valiam?Os executivos <strong>da</strong> Disney sabiam que os números eram confusos. Estimava-se que a continuar coma política atual, os quatro próximos lançamentos <strong>de</strong> Pinocchio no cinema po<strong>de</strong>riam gerar $75 milhões<strong>de</strong> dólares líquidos para a empresa nos próximos 28 anos. Ao observar, no entanto, que ovalor presente <strong>de</strong>ssa estratégia era menos <strong>de</strong> $25 milhões, comparado com os quase $100 milhõesdo lançamento em ví<strong>de</strong>o, a proposta <strong>de</strong> lançar o filme em ví<strong>de</strong>o foi finalmente vencedora.IntroduçãoO método mais recomen<strong>da</strong>do para a valoração <strong>de</strong> ativos é o fluxo <strong>de</strong> caixa futuro gerado peloprojeto ao longo <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> útil, conforme foi feito pela Disney para calcular o valor <strong>de</strong> Pinocchio,<strong>de</strong>scontado a uma taxa apropria<strong>da</strong>. Veremos nesse tema quais os critérios que <strong>de</strong>vem se adotadosna elaboração <strong>de</strong>sse fluxo <strong>de</strong> caixa, a sua importância e as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> se fazer projeçõesfuturas.No caso do Pinocchio, o ví<strong>de</strong>o foi lançado em 1985 com resultados medíocres, tendo sido vendi<strong>da</strong>sapenas 300.000 cópias, bem abaixo <strong>da</strong>s estimativas, o que acabou por gerar apenas $9 milhõespara a Disney ao invés dos $100 milhões previstos. Foi só em 1988, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> várias tentativas quea Disney chegou à marca prevista <strong>de</strong> 7.5 milhões <strong>de</strong> cópias e $100 milhões <strong>de</strong> dólares <strong>de</strong> receitacom o lançamento <strong>de</strong> Cin<strong>de</strong>rella. E em conseqüência <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir no projeto <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>ocom Pinocchio, a Disney acabou por se tornar a maior empresa <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os do mundo, atingindoquase um terço do mercado mundial em 1993. A premissa dos executivos <strong>da</strong> Disney <strong>de</strong> que lançamentosem cinema e ví<strong>de</strong>o eram projetos mutuamente exclusivos, revelou-se também infun<strong>da</strong><strong>da</strong>.Em 1992 Pinocchio foi relançado no cinema arreca<strong>da</strong>ndo $40 milhões, e ain<strong>da</strong> ven<strong>de</strong>u mais 12milhões <strong>de</strong> cópias em ví<strong>de</strong>o.Como po<strong>de</strong>mos observar pelo exemplo acima, a projeção dos fluxos <strong>de</strong> caixa que ocorrerão durantea vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong> um projeto é uma <strong>da</strong>s tarefas mais difíceis na análise <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> capital.Essas projeções geralmente envolvem inúmeras variáveis, e, em empresas maiores, muitos indivíduose diversos <strong>de</strong>partamentos distintos. As projeções <strong>de</strong> preço e quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s geralmentesão forneci<strong>da</strong>s pelo setor <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>da</strong> empresa, baseado no conhecimento <strong>da</strong> elastici<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>preço, dos efeitos <strong>da</strong> publici<strong>da</strong><strong>de</strong> e propagan<strong>da</strong>, do ambiente macroeconômico, <strong>da</strong> reação espera<strong>da</strong>dos competidores e dos padrões <strong>de</strong> compra dos consumidores. Da mesma forma, os investimentos<strong>de</strong> capital associados a um novo produto são geralmente fornecidos pelos setores técnicos comoengenharia e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produto, enquanto que os custos operacionais são estimadospelos contadores, engenheiros <strong>de</strong> produção, recursos humanos, compradores e outros.Estimativas <strong>de</strong> receita e <strong>de</strong>spesa em projetos novos e inéditos apresentam uma dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> maior<strong>de</strong>vido à falta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos históricos em que se basear e <strong>de</strong> se saber como o mercado vai reagir comrelação ao novo produto. São inúmeros os exemplos <strong>de</strong> empresas que registraram gran<strong>de</strong>s insucessosporque não conseguiram prever corretamente a receptivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do mercado aos seus produtos,ou subestimaram falhas que se mostram fatais para o seu sucesso. Em 1998, após <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento e seis bilhões <strong>de</strong> dólares <strong>de</strong> investimento, a Iridium S.A, um consorcio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>sempresas internacionais, lançou no mercado o primeiro telefone celular via satélite do mundo. Noentanto, as expectativas <strong>de</strong> ven<strong>de</strong>r cinco milhões <strong>de</strong> linhas se evaporaram quando após um anoADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 31


apenas 15.000 haviam sido comercializa<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vido a combinação <strong>de</strong> alto preço e baixo <strong>de</strong>sempenho,e a empresa eventualmente faliu e encerrou as suas operações.As dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s que existem para se fazer previsões corretas só é comparável à sua importânciapara a <strong>de</strong>cisão do investimento. As incertezas inerentes aos acontecimentos futuros representam asfontes <strong>de</strong> riscos <strong>de</strong> um projeto, <strong>da</strong>do que é impossível prever o futuro com a precisão necessária.Mas, utilizando as ferramentas existentes <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> risco po<strong>de</strong>mos verificar os limites e magnitu<strong>de</strong>sdos riscos envolvidos e, até mesmo, em alguns casos, tomar medi<strong>da</strong>s para minimizar esterisco.Antes <strong>de</strong> continuarmos, no entanto, é importante tecer algumas consi<strong>de</strong>rações sobre a forma comoos fluxos <strong>de</strong> caixa são representados numa análise. Para analisar um fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>raros fluxos no momento exato em que eles ocorrem para o seu valor presente reflita corretamenteo tempo <strong>de</strong>corrido entre a <strong>da</strong>ta corrente e a <strong>da</strong>ta em que este fluxo ocorre. No entanto, namaioria dos casos, os fluxos <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong> um projeto geralmente são distribuídos continuamente aolongo <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado período, seja um mês, um semestre ou um ano. Infelizmente, a matemáticautiliza<strong>da</strong> para <strong>de</strong>terminar o valor <strong>de</strong> fluxos contínuos é bem mais complexa do que aquela necessáriapara fluxos discretos. Devido a questões práticas, também não é aconselhável utilizar umfluxo discreto para um período muito curto, como um fluxo diário, por exemplo, pois a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> se fazer projeções diárias durante um período <strong>de</strong> muitos anos não compensa a maior precisãoque se obtém <strong>de</strong>sta forma. Assim, visando simplificar o processo <strong>de</strong> utilização dos métodos e critérios<strong>de</strong> análise, evitamos utilizar fluxos <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>masia<strong>da</strong>mente <strong>de</strong>talhados e assumimos que osfluxos que ocorrem durante um <strong>de</strong>terminado período concentram-se sempre no instante final <strong>de</strong>sseperíodo, conforme ilustrado na Figura 7.Figura 7Representação dos Fluxos <strong>de</strong> CaixaOs investimentos iniciais são consi<strong>de</strong>rados como ocorrendo no instante zero, e todos os <strong>de</strong>maisfluxos ao final do seu período correspon<strong>de</strong>nte. Essa simplificação obviamente introduz um pequenoerro na análise, pois consi<strong>de</strong>ra que os fluxos ocorrem mais tar<strong>de</strong> do que a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>, e isto fazcom que os VPLs computados sejam um pouco menores que <strong>de</strong>veria, na maioria dos casos. Esseerro, no entanto, é pequeno e não compromete os resultados <strong>da</strong> análise, especialmente se levarmosem conta as vantagens que essa simplificação traz para os cálculos.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 32


Sabemos que o método recomen<strong>da</strong>do para a avaliação <strong>de</strong> projetos é o valor presente do fluxo <strong>de</strong>caixa gerado ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a sua vi<strong>da</strong> útil. Projeções <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa e projeções <strong>de</strong> lucrocontábil são coisas bem distintas e <strong>de</strong>vemos saber diferenciar os dois para evitarmos alguns erroscomuns na análise <strong>de</strong> projetos. Além disso, veremos que apenas os fluxos <strong>de</strong> caixa incrementaissão relevantes para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> aceitar ou rejeitar um projeto.Fluxo <strong>de</strong> Caixa IncrementalA parte mais importante <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> um projeto é como estimar corretamente os fluxos <strong>de</strong> caixafuturos que este projeto irá gerar, que envolvem tanto os investimentos necessários para a implementaçãodo projeto quanto os fluxos líquidos produzidos durante a sua vi<strong>da</strong> útil. Por outro lado,projetar os fluxos <strong>de</strong> caixa apenas não é o suficiente. Para o fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong>vemosconsi<strong>de</strong>rar apenas os fluxos incrementais. Esses fluxos representam as mu<strong>da</strong>nças que ocorrem nofluxo <strong>da</strong> empresa em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> aceitar o projeto. O que nos interessa, portanto, éa diferença entre os fluxos <strong>de</strong> caixa <strong>da</strong> empresa com o projeto, e os fluxos que ocorreriam caso se<strong>de</strong>cidisse não aceitar o projeto.Exemplo. A Aprilla S.A. tem uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investir num projeto que elevará as suas receitas<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s anuais para $14.000 e o seu lucro para $2800. Para montar o fluxo <strong>de</strong> caixa anual<strong>de</strong>ste projeto, ela preparou os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Figura 8 on<strong>de</strong> relaciona o valor <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos itens <strong>da</strong>sua <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> resultados. Po<strong>de</strong>mos observar na coluna 1 que o fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>da</strong> empresa jáconsi<strong>de</strong>rando o projeto é <strong>de</strong> $4.800, mas a contribuição que o projeto em si traz para o fluxo <strong>de</strong>caixa <strong>da</strong> empresa é <strong>de</strong> apenas $1.700 por ano, conforme mostrado na coluna 3. Este é o valor que<strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar em nossa análise, ou seja, o fluxo incremental gerado pelo projeto, que é adiferença entre o fluxo total <strong>da</strong> empresa com e sem o projeto.E m p r e s aProjetoCom Projeto Sem Projeto Fluxo IncrementalVen<strong>da</strong>s 14.000 10.000 4.000Despesas à vista (8.000) (6.000) (2.000)Depreciação (2.000) (1.000) (1.000)LAIR 4.000 3.000 1.000IR (1.200) (900) (300)Lucro Operacional 2.800 2.100 700+ Depreciação 2.000 1.000 1.000Fluxo <strong>de</strong> Caixa 4.800 3.100 1.700Figura 8Além disso, o fluxo <strong>de</strong>ve ser líquido <strong>de</strong> todos os impostos que venham a incidir sobre ele. O uso<strong>de</strong> fluxos incrementais é simples, mas <strong>de</strong>vemos tomar alguns cui<strong>da</strong>dos para a sua correta <strong>de</strong>terminação.Da mesma forma, não se encontra maiores problemas ao se traduzir <strong>da</strong>dos contábeis emfluxo <strong>de</strong> caixa, contanto que se esteja alerta para consi<strong>de</strong>rar apenas os itens que representam efetivamenteentra<strong>da</strong>s e saí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> caixa incrementais, à medi<strong>da</strong> que elas efetivamente ocorrem. Veremosa seguir como evitar esses problemas em algumas situações específicas.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 33


Fluxo <strong>de</strong> Caixa e Lucro ContábilA contabili<strong>da</strong><strong>de</strong> financeira ten<strong>de</strong> a enfocar o lucro como medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho. O lucro, por suavez, é baseado nos princípios contábeis <strong>de</strong> receita e <strong>de</strong>spesa, levando-se em conta o regime <strong>de</strong>competência. Isso significa que receitas a receber e <strong>de</strong>spesas a pagar são computa<strong>da</strong>s para o cálculodo lucro, embora ain<strong>da</strong> não tenham sido recebi<strong>da</strong>s ou pagas efetivamente. Além disso, as <strong>de</strong>spesas<strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação, que não representam saí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> caixa, são abati<strong>da</strong>s do lucro operacional.Lucros contábeis são utilizados para uma série <strong>de</strong> finali<strong>da</strong><strong>de</strong>s importantes, mas a análise <strong>de</strong> projetos<strong>de</strong> investimento não é uma <strong>de</strong>las. Em finanças corporativas o enfoque é sobre o fluxo <strong>de</strong> caixa.Ao utilizarmos informações contábeis para estimarmos fluxo <strong>de</strong> caixa, temos que ajustar no tempoas receitas e <strong>de</strong>spesas que representam recebimentos ou <strong>de</strong>sembolsos futuros, e <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a-quelas que não afetam o fluxo <strong>de</strong> caixa, como a <strong>de</strong>preciação, alguns tipos <strong>de</strong> custos indiretos eoutros. Para o processo <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong> capital, utilizaremos semprevalores <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa projetados.A diferença entre lucro contábil e fluxo <strong>de</strong> caixa po<strong>de</strong> ser ilustrado no exemplo a seguir <strong>da</strong> Fábrica<strong>de</strong> Brinquedos Cometa (FBC). A FBC está planejando abrir uma nova fábrica ao final <strong>de</strong> 2005, eprevê que as ven<strong>da</strong>s e os custos, exceto <strong>de</strong>preciação, permanecerão constantes durante a vi<strong>da</strong> útil<strong>de</strong> 5 anos do projeto. A empresa utiliza uma <strong>de</strong>preciação acelera<strong>da</strong>, começando em $30.000 eterminando em $10.000 ao fim do período.Fábrica <strong>de</strong> Brinquedos CometaLUCRO CONTÁBIL 2006 2007 2008 2009 2010Ven<strong>da</strong>s 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000Despesas 50.000 50.000 50.000 50.000 50.000Depreciação 30.000 25.000 20.000 15.000 10.000LAIR 20.000 25.000 30.000 35.000 40.000Impostos (40%) 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000Lucro Líquido 12.000 15.000 18.000 21.000 24.000FLUXO DE CAIXA 2006 2007 2008 2009 2010Ven<strong>da</strong>s 100.000 100.000 100.000 100.000 100.000Despesas 50.000 50.000 50.000 50.000 50.000Depreciação 0 0 0 0 0Fluxo Operacional 50.000 50.000 50.000 50.000 50.000Impostos (40%) 8.000 10.000 12.000 14.000 16.000Fluxo <strong>de</strong> Caixa 42.000 40.000 38.000 36.000 34.000Po<strong>de</strong>mos observar que no primeiro ano, o lucro contábil é <strong>de</strong> $12.000, mas o fluxo <strong>de</strong> caixa líquido,que são os recursos que estão disponíveis para a FBC, são $42.000, o que representa umadiferença <strong>de</strong> $30.000. Esse valor é justamente o valor <strong>da</strong> <strong>de</strong>preciação nesse período. Além dosvalores <strong>de</strong> lucro e fluxo <strong>de</strong> caixa ser diferentes, à medi<strong>da</strong> que os anos passam o lucro aumenta echega a dobrar <strong>de</strong> valor <strong>de</strong>vido à que<strong>da</strong> do valor <strong>da</strong> <strong>de</strong>preciação anual, enquanto que o fluxo <strong>de</strong>ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 34


caixa caminha em sentido contrário, reduzindo o seu valor anual <strong>de</strong> $42.000 para $32.000 nessemesmo período.DepreciaçãoA <strong>de</strong>preciação é um lançamento contábil que representa o custo alocado a um ativo durante um<strong>de</strong>terminado período. Suponha que uma empresa adquira uma frota <strong>de</strong> caminhões por $500.000,pagos à vista. Como os caminhões têm uma vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong> 5 anos, em termos contábeis a empresaestá impedi<strong>da</strong> <strong>de</strong> lançar o valor total como uma <strong>de</strong>spesa naquele ano, e só po<strong>de</strong>rá reconhecer 20%<strong>de</strong>ste custo anualmente durante cinco anos a titulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação, até completar os 100%. Comoa totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos $500.000 foi paga à vista, não haverá mais nenhuma saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> caixa referente aessa aquisição nos próximos cinco anos, mas existirá a <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação. A <strong>de</strong>spesa <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciaçãotem o efeito <strong>de</strong> reduzir a tributação, mas ela não representa <strong>de</strong>sembolso <strong>de</strong> caixa, assim,quando se apura o fluxo <strong>de</strong> caixa líquido a partir <strong>de</strong> um Demonstrativo <strong>de</strong> Resultados projetado, a<strong>de</strong>preciação <strong>de</strong>ve ser soma<strong>da</strong> <strong>de</strong> volta ao lucro líquido, pois ela entra somente para o cálculo doimposto. Na Figura 9 po<strong>de</strong>mos ver o DRE projetado <strong>de</strong> um projeto on<strong>de</strong> o fluxo <strong>de</strong> caixa é <strong>de</strong>terminadoa partir do lucro do exercício. Neste exemplo, supõe-se que to<strong>da</strong>s as receitas e <strong>de</strong>spesasforam recebi<strong>da</strong>s à vista. Se esse não foi o caso, mais ajustes são necessários para a<strong>de</strong>quá-las àépoca do seu efetivo <strong>de</strong>sembolso.Demonstrativo <strong>de</strong> ResultadosReceita 3,500Custo dos Produtos Vendidos (1,500)Lucro Bruto 2,000Outras <strong>de</strong>spesas operacionais (1,300)Lucro Operacional 700Depreciação (300)Lucro Operacional 400IR (40%) (160)Lucro Líquido 240+ Depreciação 300Fluxo <strong>de</strong> Caixa Líquido 540Figura 9Determinação do Fluxo <strong>de</strong> CaixaCustos passadosCustos (ou receitas) que já foram incorridos no passado não são afetados pela <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> aceitarou rejeitar um projeto futuro, e, portanto, não são relevantes para a análise e como tal <strong>de</strong>vem serexcluídos <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração, uma vez que não são custos incrementais. Isso não significa que essescustos passados não tenham produzido resultados ou informações relevantes na sua época, apenasque não tem lugar na análise do projeto atual. A contratação <strong>de</strong> uma pesquisa <strong>de</strong> mercado porexemplo, ou <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> viabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, tem por finali<strong>da</strong><strong>de</strong> levantar <strong>da</strong>dos importantes <strong>de</strong> merca-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 35


do e <strong>de</strong> custo necessários para uma <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento. Embora haja uma ligação clara e diretaentre esse estudo e o projeto <strong>de</strong> investimento, ele representa uma <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento anterior,on<strong>de</strong> o custo do estudo certamente foi avaliado na época à luz dos benefícios que adviriam<strong>da</strong>s informações que ele coletou. Mas a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investir ou não no projeto não terá nenhumimpacto sobre este custo: implementando-se ou não o projeto este custo irá sempre existir.Na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70, o governo fe<strong>de</strong>ral iniciou um ambicioso programa <strong>de</strong> investimento no aumento<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> energia do país, baseado principalmente na construção <strong>de</strong> uma série<strong>de</strong> usinas nucleares. A construção <strong>de</strong> Angra I teve início em 1972, sendo que, <strong>de</strong>vido a uma série<strong>de</strong> atrasos, a usina só entrou em operação comercial em 1985. O projeto <strong>da</strong> usina <strong>de</strong> Angra IIcom o dobro <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Angra I, foi iniciado em 1976 com um orçamento <strong>de</strong> $1.3 bilhões<strong>de</strong> dólares e previsão <strong>de</strong> inauguração para 1983. Após investir $2.9 bilhões <strong>de</strong> dólares e com ausina 70% pronta, o projeto foi abandonado por falta <strong>de</strong> recursos. Uma déca<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois, impulsionadopelo aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> por energia verificado após a implantação do Plano Real em1994, houve um intenso <strong>de</strong>bate sobre se era melhor investir mais $1.3 bilhões <strong>de</strong> dólares para terminarAngra II ou construir uma usina hidrelétrica nova com a mesma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>.Os críticos <strong>da</strong> usina alegavam que <strong>de</strong>vido aos altos valores já investidos, o custo <strong>da</strong> energia <strong>de</strong>Angra II seria <strong>de</strong> $120 por MWh, enquanto que o custo <strong>de</strong> uma usina hidrelétrica era <strong>de</strong> apenas$38/MWh. Defen<strong>de</strong>ndo a opção pela usina, um ministro do governo alegou que era necessárioterminar o projeto, pois os $2.9 bilhões já investidos na obra não podiam ser <strong>de</strong>ixados para trás.Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, ambos os lados estavam errados nesta questão, uma vez que estavam enfocando osseus argumentos em custos passados. Os técnicos <strong>de</strong> Furnas, empresa responsável pelas usinas naépoca, alegavam que o custo marginal <strong>de</strong> Angra II seria <strong>de</strong> $35,8/MWh, menos do que o <strong>da</strong> usinahidrelétrica, e, portanto, concluíram corretamente que o melhor era investir no término do projetooriginal <strong>de</strong> Angra II. A construção foi retoma<strong>da</strong> e a usina finalmente entrou em operação em julho<strong>de</strong> 2000.Custos <strong>de</strong> Oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>Custos <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> são custos que embora não representem saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> caixa efetiva, representamuma saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> caixa potencial, e portanto, <strong>de</strong>vem ser levados em conta na análise. Por exemplo,uma empresa po<strong>de</strong> possuir um ativo que po<strong>de</strong>ria ser vendido, alugado ou mesmo utilizado poralgum outro setor <strong>da</strong> empresa ou fora <strong>de</strong>la. Se esse ativo é utilizado por um novo projeto, as receitasque po<strong>de</strong>riam ser gera<strong>da</strong>s por este ativo nas suas outras alternativas <strong>de</strong> uso são perdi<strong>da</strong>s. Essasoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s perdi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> receita po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s como um custo, e são porisso chama<strong>da</strong>s <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>, porque ao aceitar o projeto, a empresa abre mão <strong>da</strong>oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar esse ativo para outros fins e <strong>de</strong> receber os fluxos <strong>de</strong> caixa correspon<strong>de</strong>ntes.Por exemplo, consi<strong>de</strong>re o caso do Sr. Monteiro, um feliz proprietário <strong>de</strong> um negócio que lheren<strong>de</strong> mensalmente a quantia <strong>de</strong> $7.000 mensais. O Sr. Monteiro se orgulha <strong>de</strong> não ter que pagaraluguel pois a loja comercial on<strong>de</strong> está instalado o seu negócio, em um ponto valorizado do centro<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, é própria, tendo sido compra<strong>da</strong> com muito sacrifício anos antes. Por outro lado, umaloja vizinha a sua foi aluga<strong>da</strong> recentemente por $10.000. O Sr. Monteiro tem motivos para estarfeliz? Certamente não, pois está abrindo mão <strong>de</strong> uma receita <strong>de</strong> $10.000 em troca <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>$7.000, ou seja, está per<strong>de</strong>ndo $3.000 mensais.Suponha que a Metal<strong>Rio</strong> Metalúrgica Lt<strong>da</strong>. esteja consi<strong>de</strong>rando um projeto <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> maisADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 36


uma fábrica <strong>de</strong> estruturas metálicas. A empresa possui um terreno apropriado para isso, fruto <strong>de</strong>um investimento <strong>de</strong> $2 milhões realizados há <strong>de</strong>z anos atrás para um projeto que acabou não seconcretizando. Como vimos anteriormente, este custo <strong>de</strong> $2 milhões é um custo passado, portanto,irrelevante para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento atualmente em consi<strong>de</strong>ração. Por outro lado, casonão seja utilizado para o projeto <strong>de</strong> expansão, esse terreno po<strong>de</strong>ria ser vendido hoje por $3.5 milhões.Dessa forma, se o novo projeto for utilizar essa proprie<strong>da</strong><strong>de</strong>, este custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong>ve ser alocado a ele. No <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, existe um posto <strong>de</strong> gasolina na praia <strong>de</strong> Ipanema, naAv. Vieira Souto, num dos en<strong>de</strong>reços mais sofisticados <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. É muito provável que o custo<strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste terreno seja várias vezes superior à rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do negócio lá instalado, eo dono do posto po<strong>de</strong>ria ganhar muito mais transformando o uso do local para um imóvel <strong>de</strong> apartamentos.Ocorre, no entanto, que o posto é <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> própria distribuidora <strong>de</strong> combustívelque, além dos lucros provenientes do movimento do posto, obtém outros benefícios como adivulgação <strong>da</strong> sua marca neste local, e que justifica a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste uso.Efeitos ColateraisProjetos <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> capital po<strong>de</strong>m ter efeitos colaterais sobre outras partes <strong>da</strong> empresanão liga<strong>da</strong>s diretamente ao projeto. Uma companhia aérea que esteja analisando o projeto <strong>de</strong> implantação<strong>de</strong> uma nova linha entre Belo Horizonte e <strong>Rio</strong> <strong>de</strong> Janeiro, num horário que tenha umaconexão conveniente com os seus vôos para o exterior, <strong>de</strong>ve alocar ao projeto quaisquer benefíciosadvindos do aumento <strong>de</strong> procura para seus vôos internacionais por parte <strong>de</strong> seus passageiros<strong>de</strong> Belo Horizonte, que <strong>de</strong> outra forma, não utilizariam os serviços <strong>da</strong> empresa. Da mesma forma,um projeto <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> uma loja <strong>de</strong> conveniência num posto <strong>de</strong> gasolina <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rarnão apenas o fluxo proveniente <strong>da</strong> receita <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> dos produtos na loja, como também o incremento<strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s nas bombas <strong>de</strong> gasolina <strong>de</strong>corrente dos novos clientes que serão atraídos ao postopela loja.Essa contribuição nem sempre é positiva, e nesse caso ocorre o que chamamos <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong>canibalização <strong>de</strong> produtos, on<strong>de</strong> um novo produto afeta negativamente as ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> um produtoexistente. Uma empresa brasileira exportadora que esteja analisando montar uma fábrica na Argentina<strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar a per<strong>da</strong> <strong>de</strong> receita <strong>de</strong> exportação para aquele país que o projeto acarretará.Nesse caso, é preciso analisar se os benefícios do novo investimento compensam as eventuais per<strong>da</strong>sque ele acarreta para a firma. Por outro lado, proteger produtos obsoletos através <strong>da</strong> estratégia<strong>de</strong> não lançar produtos novos po<strong>de</strong> levar a empresa a ficar <strong>de</strong>fasa<strong>da</strong> e per<strong>de</strong>r mercado para osseus concorrentes. A HP tornou-se lí<strong>de</strong>r do mercado <strong>de</strong> impressoras a jato <strong>de</strong> tinta adotando apolítica <strong>de</strong> <strong>da</strong>r total liber<strong>da</strong><strong>de</strong> à sua divisão <strong>de</strong> impressoras para competir com to<strong>da</strong>s as outras impressorasno mercado, inclusive <strong>de</strong> outras divisões <strong>da</strong> HP, adotando a idéia <strong>de</strong> que é melhor vocêmesmo canibalizar os seus produtos do que o seu concorrente fazê-lo. A IBM tolheu <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s asformas a expansão e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>da</strong> sua divisão <strong>de</strong> microcomputadores PC para evitar queos clientes <strong>da</strong> sua divisão altamente lucrativa <strong>de</strong> computadores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte migrassem paraessa nova tecnologia, on<strong>de</strong> as margens eram muito menores. O esforço foi em vão, pois essa estratégiaequivoca<strong>da</strong> permitiu que outras empresas como Compaq e Dell tomassem pé no mercado ese tornassem forças dominantes neste mercado, alem <strong>de</strong> levar a IBM a passar por sérias dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>sno inicio <strong>da</strong> déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90.Uma outra conseqüência <strong>de</strong>sse tratamento dos efeitos colaterais, é que no âmbito <strong>de</strong> um projetofaz sentido se calcular o imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> sobre um prejuízo. Se a empresa patrocinadora do pro-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 37


jeto é rentável e paga os impostos, um prejuízo no projeto representa um abatimento no imposto<strong>de</strong> ren<strong>da</strong> global <strong>da</strong> empresa, ou seja, um incremento negativo, que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado como umbenefício marginal do novo projeto.Investimento em Capital <strong>de</strong> GiroOs investimentos <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> um projeto são utilizados para financiar a aquisição <strong>de</strong> quaisquerativos necessários para a plena implantação do projeto, sejam eles Ativo Permanente ou AtivoCirculante. Esse <strong>de</strong>talhe muitas vezes é esquecido, e apenas os investimentos <strong>de</strong> capital (investimentosem ativo permanente) são orçados para um projeto. O problema é que os investimentospo<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ravelmente maiores do que apenas os <strong>de</strong>sembolsos para aquisição <strong>de</strong> ativos fixos(equipamento, maquinário, instalações, imóveis, etc.) e um projeto <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> capitaltambém tem uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento também em ativo circulante. O aumento do Capital<strong>de</strong> Giro (Caixa + Estoques + Contas a Receber - Contas a Pagar) também faz parte do investimentonecessário, mas muito freqüentemente essas necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s adicionais <strong>de</strong> investimento são esqueci<strong>da</strong>s.Se um projeto leva um certo número <strong>de</strong> anos para atingir plena capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>, é provável quehaverá necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s adicionais <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> giro nos anos iniciais, especialmente para novos produtoson<strong>de</strong> a empresa talvez tenha que oferecer facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> crédito e pagamento para atraircompradores (aumento do Contas a Receber). A <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento significa que a empresautiliza capital fixo e capital <strong>de</strong> giro durante to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> útil do projeto, ao fim do qual o capital fixoretorna em forma <strong>de</strong> valor residual ou <strong>de</strong> sucata, geralmente um menor valor do que o investimentoinicial, e integralmente no caso <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> giro.Exemplo: A Sorelco Lt<strong>da</strong>. planeja um investimento no projeto <strong>de</strong> um novo produto que terá umavi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong> quatro anos. Estima-se que as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> giro cresçam à medi<strong>da</strong> que oprojeto se <strong>de</strong>senvolve e <strong>de</strong>cresçam ao final. Este crescimento ocorrerá <strong>de</strong>vido ao aumento no níveldos estoques <strong>de</strong> matéria prima, ao prazo <strong>de</strong> pagamento concedido aos clientes e as necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> caixa para a operação do dia a dia do projeto. Essas projeções estão apresenta<strong>da</strong>s na Figura 10.Por outro lado, a Sorelco também se beneficia do prazo <strong>de</strong> pagamento que lhe é concedido pelosseus fornecedores, e a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> liqui<strong>da</strong> <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> giro é obti<strong>da</strong> pelo saldo do Ativo Circulante– Contas a Pagar. A variação do capital <strong>de</strong> giro, que representa a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento éa diferença entre o saldo <strong>de</strong> dois períodos consecutivos.Sorelco Lt<strong>da</strong>.0 1 2 3 4Caixa 0 2.000 2.400 3.000 0Contas a Receber 0 7.500 10.000 12.500 0Estoques 0 3.750 5.000 6.250 0Ativo Circulante 0 13.250 17.400 21.750 0Contas a Pagar 0 4.500 6.000 7.500 0Capital <strong>de</strong> Giro Liquido 0 8.750 11.400 14.250 0Variação do Capital <strong>de</strong> Giro (8.750) (2.650) (2.850) 14.250Figura 10Sorelco Lt<strong>da</strong>: Cálculo do Investimento em Capital <strong>de</strong> GiroADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 38


Uma vez <strong>de</strong>terminado os valores do investimento necessários em capital <strong>de</strong> giro, a empresa estimouque o investimento em ativo fixo, ou seja, no imóvel e maquinário <strong>da</strong> nova linha <strong>de</strong> produção,seja <strong>de</strong> $80.000, e os <strong>de</strong>mais valores <strong>da</strong>s projeções conforme mostrado na Figura 11. Somamos aofluxo operacional do projeto os investimentos necessários em ativo fixo e ativo circulante paraobter o fluxo <strong>de</strong> caixa a ser gerado pelo projeto ao longo <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> útil. Deve a empresa investirneste projeto? Se assumirmos que o custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa é <strong>de</strong> 15% a.a., o VPL do projetoé <strong>de</strong> $32.175 e a TIR é 32.3%. Por ambos os critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão a empresa <strong>de</strong>ve investir nestaoportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Custos IndiretosApenas custos fixos indiretos incrementais <strong>de</strong>vem ser incluídos na análise. Na maioria <strong>da</strong>s empresas,todos os custos, inclusive os custos fixos indiretos, são alocados a centros <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> acordocom critérios pré-estabelecidos. Qualquer investimento em novos processos ou máquinas atraipara si uma parcela <strong>de</strong>sses custos indiretos. Embora isso possa ser apropriado para fins <strong>de</strong> contabili<strong>da</strong><strong>de</strong>,apenas os custos fixos incrementais, isto é, diretamente causados pelo projeto, <strong>de</strong>vem serincluídos para fins <strong>de</strong> análise do investimento. Se um custo é classificado como custo direto, indireto,fixo ou variável é irrelevante para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento. O único critério relevante para ainclusão <strong>de</strong> um custo que represente uma saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> caixa é que ele seja incremental.Sorelco Lt<strong>da</strong>.0 1 2 3 4Receita 100.000 120.000 150.000 150.000Despesas (60.000) (72.000) (90.000) (90.000)Depreciação (20.000) (20.000) (20.000) (20.000)Lucro Operacional 20.000 28.000 40.000 40.000IR (30%) (6.000) (8.400) (12.000) (12.000)Lucro Após IR 14.000 19.600 28.000 28.000Depreciação 20.000 20.000 20.000 20.000Fluxo Operacional 34.000 39.600 48.000 48.000Invest.em Ativo Circulante (8.750) (2.650) (2.850) 14.250Investimento em Ativo Fixo (80.000)Fluxo <strong>de</strong> Caixa (80.000) 25.250 36.950 45.150 62.250Figura 11Sorelco Lt<strong>da</strong>: Projeção do Fluxo <strong>de</strong> Caixa do ProjetoDespesas FinanceirasInvestimentos <strong>de</strong> capital precisam ser financiados <strong>de</strong> uma forma ou outra. Às vezes isso é feitoatravés <strong>de</strong> empréstimo bancário, que requer uma série <strong>de</strong> saí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> caixa para pagamento <strong>de</strong> juros,outras vezes são aportes realizados pelos acionistas em troca <strong>de</strong> um divi<strong>de</strong>ndo futuro esperado.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 39


Como po<strong>de</strong>mos tratar essas saí<strong>da</strong>s <strong>de</strong> caixa no fluxo relevante do projeto?A resposta para essa pergunta é que estes custos <strong>de</strong>vem ser ignorados na elaboração do fluxo <strong>de</strong>caixa, pois essas <strong>de</strong>spesas são relaciona<strong>da</strong>s com a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> financiamento, e não com a <strong>de</strong> investimento.Se consi<strong>de</strong>rássemos essas <strong>de</strong>spesas no fluxo <strong>de</strong> caixa do projeto, estaríamos computandoduas vezes esses valores, acarretando um VPL muito menor do que o ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iro, pois a taxa <strong>de</strong><strong>de</strong>sconto utiliza<strong>da</strong> para <strong>de</strong>terminar o valor presente líquido já reflete o custo <strong>de</strong> capital do projeto,que representa exatamente o custo dos juros e dos pagamentos <strong>de</strong>vidos aos acionistas. No caso doprojeto ser realizado apenas com recursos próprios, o mesmo raciocínio se aplica - os recursospróprios que ele está utilizando na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> é o dinheiro investido pelos acionistas na empresa, eque <strong>de</strong>ve ser remunerado a taxas <strong>de</strong> mercado, como vimos no tema anterior. Isso tudo já é levadoem conta na taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto. O efeito disso é que po<strong>de</strong>mos ignorar a forma pela qual o projeto éfinanciado, se com recursos próprios ou <strong>de</strong> terceiros, pois o tratamento será o mesmo em qualquerdos casos – o que precisamos ter é tão somente a taxa <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa.InflaçãoA inflação afeta a análise <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> duas maneiras. Primeiro, nos valores lançados no fluxo<strong>de</strong> caixa, e segundo, na taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto utiliza<strong>da</strong>. No primeiro caso, po<strong>de</strong>mos aplicar um índice<strong>de</strong> reajuste apropriado nos itens <strong>de</strong> caixa (IGP, IGP-M, IPC, USD, Índices setoriais, etc.). Umproblema com essa alternativa é que a adoção <strong>de</strong> um índice único para reajustar todos os itenspo<strong>de</strong> não refletir a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos fatos. Salários, aluguéis, serviços públicos, matéria prima, combustíveissão reajustados <strong>de</strong> modo diversos entre si. Por outro lado, não é recomendável utilizaruma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> índices muito gran<strong>de</strong> pois a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> resultante <strong>de</strong> se ter que projetar ca<strong>da</strong>item e mais todos os índices po<strong>de</strong> acabar induzindo a erros maiores do que aqueles que se queremevitar.A influência <strong>da</strong> inflação na taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto se faz quando utilizamos taxas <strong>de</strong> juros nominais. Se ataxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto está cota<strong>da</strong> em valores nominais, isto é, incluindo a inflação prevista no período,o fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>verá refletir o mesmo in<strong>de</strong>xador. Se a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto estiver cota<strong>da</strong> em termosreais, então o fluxo <strong>de</strong> caixa também <strong>de</strong>verá adotar o mesmo critério. Em resumo, fluxos <strong>de</strong>caixa nominais <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>scontados a taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto nominal, e fluxos <strong>de</strong> caixa reais <strong>de</strong>vemser <strong>de</strong>scontados utilizando-se taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto reais.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 40


Exercícios1) A ABC S/A é uma empresa diversifica<strong>da</strong> e rentável, que está consi<strong>de</strong>rando investir num projeto<strong>de</strong> expansão <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Calcule o fluxo <strong>de</strong> caixa relevante para o projeto abaixo, e digase a empresa <strong>de</strong>ve ou não realizar esse investimento, consi<strong>de</strong>rando uma taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto <strong>de</strong>20%, e que o pagamento ou recebimento <strong>de</strong> Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> ocorre no mesmo ano em que éincorrido.Item Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6 Ano 7Receitas 1.000 5.000 15.000 20.000 20.000 14.000 10.000Despesa à vista (2.000) (3.000) (8.000) (9.500) (9.500) (7.000) (5.000)Depreciação (500) (1500) (1.500) (1.500) (1.500) (1.500) (1.500)L.A.I.R.I.R. (35%)Lucro LíquidoDepreciação∆ Cap Giro (400) (600) (1.000) (1.200) (400) 0 800 2800Investim Capital (3.500) (6.000) 0 0 0 0 0 0Receita <strong>de</strong>Ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> Ativo0 0 0 0 0 0 0 2.000Fluxo LíquidoTaxa <strong>de</strong> Desconto = 20.0%VPL =TIR =2) A Novastar é uma empresa que obteve uma concessão do governo para uma prover serviços<strong>de</strong> Internet via satélite, está agora à ven<strong>da</strong> por $8.200.000. Os divi<strong>de</strong>ndos líquidos após taxas eimpostos que a firma espera pagar aos seus proprietários no futuro é <strong>de</strong> $1.400.000 por anopelos próximos 20 anos <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong> útil, após os quais a sua concessão termina. Consi<strong>de</strong>randoque o custo <strong>de</strong> capital para esta firma seja 10% ao ano, qual é o VPL <strong>de</strong>sta operação <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>se leva<strong>da</strong> a cabo pelos valores mencionados acima? Você investiria nesse projeto?4) A Companhia Galáctica está analisando um investimento <strong>de</strong> $24.000 em novos foguetes <strong>de</strong>ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 41


transporte e estações orbitais, o que acarretaria um aumento <strong>da</strong> sua receita operacional <strong>de</strong>$10.000 no primeiro ano <strong>de</strong> operação, $16.000 no segundo e $20.000 no terceiro. Do quartoano em diante, estima-se que as ven<strong>da</strong>s aumentariam 10% ao ano.A vi<strong>da</strong> útil efetiva <strong>de</strong>sses equipamentos, e também para efeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação, é <strong>de</strong> 6 anos, sendoque após esse período ele po<strong>de</strong>rá ser vendido como sucata por $8,000, embora sujeito a tributação.Os custos operacionais são <strong>de</strong> $8,000 no ano 1, $10,000 no ano 2 e crescem 10% aoano <strong>da</strong>í em diante. Consi<strong>de</strong>rando que a Cia Galáctica paga 35% <strong>de</strong> Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> sobre oseu lucro, calcule o fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>sse projeto, a TIR e o VPL a taxa <strong>de</strong> 10% a.a. Consi<strong>de</strong>reque a empresa é rentável e que, além <strong>de</strong>ste projeto, possui diversos outro projetos atualmenteem an<strong>da</strong>mento.Item Ano 0 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5 Ano 6Investimento (24.000)Ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> Ativo 8.000Receita 10.000- Despesa (8.000)- Depreciação= LAIR- I.R.(35%)= Lucro Liquido+ Depreciação= Fluxo (24.000)5) Você é um dos sócios <strong>da</strong> empresa Cela<strong>da</strong>r Lt<strong>da</strong>. Os gerentes <strong>da</strong> empresa solicitaram uma reuniãocom os sócios para <strong>de</strong>cidir sobre uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento em um novo projeto.Caso o projeto seja implementado, o investimento inicial <strong>de</strong> $120.000 para as novas instalaçõese os $25.000 <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> giro <strong>de</strong>verão ser totalmente financiado através <strong>de</strong> novos aportes<strong>de</strong> capital dos sócios. O projeto em questão terá uma via útil <strong>de</strong> quatro anos, receitas brutas<strong>de</strong> $70.000 no primeiro ano e <strong>de</strong> $200.000 em ca<strong>da</strong> um dos <strong>de</strong>mais anos, e alíquota total<strong>de</strong> imposto <strong>de</strong> 25%. Os custos representam 65% <strong>da</strong> receita bruta e a <strong>de</strong>preciação é constantedurante esse período. Como sócio <strong>da</strong> empresa, você tem uma expectativa <strong>de</strong> retorno mínimo<strong>de</strong> 20% a.a. em qualquer projeto <strong>da</strong> empresa. Você aportaria o seu dinheiro para que a empresapu<strong>de</strong>sse investir neste projeto? I<strong>de</strong>ntifique o VPL e a TIR <strong>de</strong>ste projeto. Note que o investimentoem capital <strong>de</strong> giro retorna para a empresa ao final <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> útil do projeto.6) Você está analisando um projeto que terá uma duração total <strong>de</strong> 7 anos. O investimento inicialADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 42


necessário é <strong>de</strong> $800.000, sendo que no quarto ano será necessário um investimento adicional<strong>de</strong> $1.500.000 para uma expansão projeta<strong>da</strong>. A <strong>de</strong>preciação estima<strong>da</strong> será <strong>de</strong> 100.000 anuais,aumentando para 200.000 a partir do ano 4, inclusive. A receita incremental líqui<strong>da</strong> a ser gera<strong>da</strong>por este projeto é <strong>de</strong> $500.000 por ano, antes <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar a <strong>de</strong>preciação, aumentando para$1.000.000 do ano 4 em diante. Consi<strong>de</strong>rando que o custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa é <strong>de</strong> 15%a.a., e que a alíquota <strong>de</strong> imposto é <strong>de</strong> 30%, qual é o VPL e a TIR <strong>de</strong>sse projeto? Deve a empresainvestir nele? 55 Usando a HP 12c, o cálculo <strong>da</strong> TIR dá "Erro 3". Para achar a TIR neste caso, digite o custo <strong>de</strong> capital na tecla "i", e<strong>de</strong>pois RCL g R/S.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 43


5 – Custo <strong>de</strong> CapitalExistem três maneiras para a empresa criar valor para os seus acionistas. Uma <strong>de</strong>las é tomandomelhores <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento, on<strong>de</strong> o valor presente liquido dos projetos que a empresa implementarepresentam o incremento <strong>de</strong> valor <strong>da</strong> empresa. A outra é estabelecendo uma política <strong>de</strong>reinvestimento ótima, o que implica em reinvestir os lucros <strong>da</strong> empresa sempre que as oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>de</strong> investimento tenham um retorno esperado maior do que o custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa. Aterceira, é reduzir o seu custo <strong>de</strong> capital adotando a composição correta <strong>de</strong> capital próprio e <strong>de</strong>terceiros. Neste tema, trataremos do problema do custo <strong>de</strong> capital, a sua <strong>de</strong>terminação e como eleafeta o valor <strong>da</strong> empresa. Veremos como o custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa é afetado pela sua estrutura<strong>de</strong> capital, e também como diferentes retornos po<strong>de</strong>m ser exigidos conforme os diferentes graus<strong>de</strong> risco dos projetos.Nos temas anteriores, vimos como a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento requer que os fluxos esperados doprojeto sejam <strong>de</strong>scontados ao custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa. O custo capital <strong>de</strong> uma empresa é umfator <strong>de</strong> produção assim como mão <strong>de</strong> obra e materiais, e como tal, também tem um custo. Além<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental importância para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento, a <strong>de</strong>terminação do custo <strong>de</strong>capital <strong>de</strong> uma empresa também é importante para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> arren<strong>da</strong>r ou comprar bens, para a<strong>de</strong>finição <strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong> capital, e para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> tarifas em monopólios legais, comoenergia, telefone, gás, água, etc. Uma vez que nos monopólios não há mercado competitivo para<strong>de</strong>terminar seus preços, as tarifas são calcula<strong>da</strong>s <strong>de</strong> modo a permitir as essas empresas uma remuneração<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> sobre o seu custo <strong>de</strong> capital.Consi<strong>de</strong>ra-se também que o ativo permanente, <strong>de</strong> longo prazo, <strong>de</strong> uma empresa é financiado comrecursos também <strong>de</strong> longo prazo, e que o endivi<strong>da</strong>mento retratado no passivo circulante seja utilizadoapenas para financiar o ativo circulante. Assim, para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> investimento, e, portanto,para a <strong>de</strong>terminação do seu custo <strong>de</strong> capital, apenas as fontes <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> longo prazo sãorelevantes.Uma empresa po<strong>de</strong>ria ser financia<strong>da</strong> apenas com capital próprio. Nesse caso, o seu custo <strong>de</strong> capitalseria a taxa <strong>de</strong> retorno exigi<strong>da</strong> pelos acionistas. A maioria <strong>da</strong>s empresas, no entanto, obtém boaparte dos seus recursos <strong>de</strong> terceiros.Os motivos para isso são diversos, mas um dos principais é o fato <strong>de</strong> que o custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>terceiros geralmente é menor do que o custo do capital próprio. Os acionistas assumem um riscomuito maior do que os credores, uma vez que o seu capital investido é <strong>de</strong> um prazo muito maior, eno caso <strong>de</strong> liqui<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> empresa, os <strong>de</strong>mais credores têm priori<strong>da</strong><strong>de</strong> no recebimento. Assim, érazoável supor que o mercado remunere os acionistas a uma taxa maior do que os credores, paracompensá-los pelo maior risco assumido. Ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>ssas fontes <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> longo prazotem um custo diferenciado, e assim, para essas empresas, o custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>ve refletir então ocusto médio pon<strong>de</strong>rado dos custos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> componente <strong>da</strong> sua estrutura <strong>de</strong> capital, e não apenas odo seu custo <strong>de</strong> capital próprio. Os principais componentes <strong>da</strong> estrutura <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa sãoas seguintes:ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 44


TipoEndivi<strong>da</strong>mentoLucros retidosSímboloK T , KdKsCusto <strong>de</strong> Capital <strong>de</strong> TerceirosOs juros pagos nos empréstimos que a empresa toma são <strong>de</strong>dutíveis para efeito <strong>da</strong> tributação<strong>da</strong> empresa, ao contrário dos outros tipos <strong>de</strong> financiamento. Dessa forma, o custo realdo empréstimo é menor do que o custo aparente, pois o governo paga parte <strong>de</strong>sse empréstimona forma <strong>de</strong> redução do imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> a pagar <strong>da</strong> empresa. Se uma empresa tomaum empréstimo à taxa <strong>de</strong> 20 % e sua alíquota <strong>de</strong> I.R. total é <strong>de</strong> 35%, o custo real <strong>de</strong>sseempréstimo é <strong>de</strong>:(1 - 0.35) x 20% = 13 %.Assim, o custo real <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito pela seguinte fórmula:K d = K T (1-IR)on<strong>de</strong> K T é a taxa <strong>de</strong> juros do endivi<strong>da</strong>mento, e IR é a alíquota do Imposto <strong>de</strong> Ren<strong>da</strong> aplicável.É claro que empresas que estão com prejuízo não pagam imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong>, e portanto,também não po<strong>de</strong>m usufruir os benefícios <strong>de</strong>scritos acima. Para essas empresas, aredução no custo <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento é zero.Observe que para efeito <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimento, apenas o custo marginal <strong>de</strong> capitalque é relevante, pois os novos projetos serão financiados com o capital mais recente. A taxapaga nos financiamentos já existentes são custos passados, e portanto, irrelevantes paraesse efeito. Assim, o custo <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento a que nos referimos é o custo dos novos endivi<strong>da</strong>mentos<strong>da</strong> empresa, e são esses os que serão utilizados para o cálculo do custo médio<strong>de</strong> capital.Custo <strong>de</strong> Capital PróprioCusto <strong>de</strong> Lucros RetidosO custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> lucros retidos é calculado com base no conceito <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.Consi<strong>de</strong>rando que a empresa precisa remunerar os seus acionistas pelo dinheironela investido, ela <strong>de</strong>ve aceitar apenas projetos que, no mínimo, cubram o seu custo <strong>de</strong> capital.Os lucros retidos, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, são recursos que pertencem aos acionistas, mas quenão foram distribuídos para eles pela empresa. Veremos a seguir dois métodos distintospara calcular custo <strong>de</strong> lucros retidos:ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 45


Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos (Gordon - Shapiro)O preço e os retorno esperado <strong>de</strong> uma ação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> em ultima analise dos divi<strong>de</strong>ndos esperadosque essa ação vai gerar no futuro. Consi<strong>de</strong>rando P 0 como o valor atual <strong>da</strong> ação,D 1 o valor do próximo divi<strong>de</strong>ndo, a ser pago ao final do ano 1, D 2 o valor do divi<strong>de</strong>ndo aser pagão ao final do ano 2, e D n o valor do divi<strong>de</strong>ndo a ser pago ao final do n-esimo período,po<strong>de</strong>mos representar o valor <strong>da</strong> ação pela seguinte equação:PD DD(1 ) (1 ) (1 )1 2n0= + + ..... +1 2+ KS + KS + KSnSe consi<strong>de</strong>rarmos que a empresa tem vi<strong>da</strong> infinita e que não existe crescimento dos divi<strong>de</strong>ndos,então D 1 = D 2 = ..=D n e a expressão se torna uma perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>:PD110= , e conseqüentemente, KS=KSP0DSe divi<strong>de</strong>ndo tem crescimento constante (g), po<strong>de</strong> ser mostrado que a fórmula será:D1K s= + gP0Através <strong>de</strong>sta fórmula, vemos que os investidores esperam receber uma taxa <strong>de</strong> distribuição<strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos D 1 /P 0 , além <strong>de</strong> um ganho <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> g por cento para um retorno total<strong>de</strong> K s . Embora seja relativamente fácil <strong>de</strong>terminar qual é a taxa <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos<strong>da</strong> empresa, a taxa <strong>de</strong> crescimento g é mais difícil. Se a empresa tem um histórico<strong>de</strong> crescimento relativamente constante, e a expectativa seja <strong>de</strong> continuação <strong>da</strong>s tendênciaspassa<strong>da</strong>s, é razoável estimar o g com base na sua performance passa<strong>da</strong>. Se isso não forver<strong>da</strong><strong>de</strong>, então o g <strong>de</strong>ve ser estimado <strong>de</strong> uma outra forma qualquer. Analistas <strong>de</strong> mercadoe corretoras fazem suas próprias projeções <strong>de</strong> crescimento para essas empresas, baseandonuma análise financeira cui<strong>da</strong>dosa e uma larga experiência no mercado.Infelizmente não existe uma maneira quantitativa precisa que nos forneça um valor exatopara o custo <strong>de</strong> capital próprio <strong>da</strong> empresa - nesses casos, a experiência e o bom sensocontinuam sendo a ferramenta mais importante <strong>de</strong> que um executivo financeiro po<strong>de</strong> dispor.Capital Asset Pricing Method (CAPM)Um estudo sobre o retorno obtido por ativos financeiros negociados na bolsa <strong>de</strong> NovaYork (NYSE) durante um período <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> cinqüenta anos, apresentou os seguintes <strong>da</strong>dos:66 R.G. Ibbotoson and R.A. Sinquefield, "Stocks, Bonds, Bills and Inflation: 1986 Yearbook, Chicago, 1986.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 46


CarteiraTaxa <strong>de</strong> Retornoanual (nominal)Taxa <strong>de</strong> Retornoanual (real)Prêmio <strong>de</strong>RiscoAções <strong>de</strong> empresas 7 12.0 8.8 8.4Obrigações <strong>de</strong> empresas 5.1 2.1 1.7Obrig. do Tesouro Americano 3.5 0.4 0Para esse estudo foram utilizados valores médios no período <strong>de</strong> 1926 a 1985, <strong>de</strong> modo aeliminar as gran<strong>de</strong>s variações que se observam no mercado acionário no curto prazo. Ca<strong>da</strong>uma <strong>de</strong>ssas carteiras oferece um grau <strong>de</strong> risco diferente. Não há na<strong>da</strong> mais seguro do queuma obrigação do tesouro americano, pois o mercado consi<strong>de</strong>ra que não há risco do tesouroamericano não honrar suas obrigações. Esse investimento é consi<strong>de</strong>rado então um investimento<strong>de</strong> risco zero (r f ). Ao optar por obrigações <strong>de</strong> empresas ao invés do Governoamericano, o investidor está aceitando assumir o risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>fault, e ao optar por ações<strong>de</strong>ssas empresas, ele assume também o risco <strong>da</strong> empresa como um todo.Po<strong>de</strong>mos observar que os retornos obtidos são proporcionais ao risco: quanto maior o risco,maior o retorno. A carteira <strong>de</strong> ações do S&P 500, é conhecido como o risco do mercado(r m ), pois ele engloba to<strong>da</strong>s as principais ações negocia<strong>da</strong>s. Essas ações pagam umprêmio <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> 8.4% a.a. acima <strong>da</strong>s obrigações do tesouro. Se quisermos saber entãoqual é o retorno do mercado, basta somarmos o prêmio <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> 8.4% ao retorno <strong>da</strong> taxalivre <strong>de</strong> risco. Se esta taxa (r f ) for <strong>de</strong> 4.2% a.a. nominais, o retorno do mercado (r m )será:r m = 8.4% + 4.2% = 12.6%.A premissa básica que adotamos aqui é que há um prêmio <strong>de</strong> risco padrão para o mercado,<strong>de</strong> modo que prêmios <strong>de</strong> risco futuros po<strong>de</strong>m ser medidos pela média dos prêmios <strong>de</strong> riscopassados. Sabemos então agora como estimar o retorno <strong>de</strong> ativos <strong>de</strong> risco zero, observandoo que o mercado está pagando por papéis sem risco, e também o retorno sobre ativos<strong>de</strong> risco igual ao risco <strong>de</strong> mercado. Mas como <strong>de</strong>terminar o retorno <strong>de</strong> ativos que não seencaixam e uma <strong>de</strong>ssas duas alternativas?Uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> mercado: Beta (ß)Analisar o risco <strong>de</strong> uma ação significa medir qual a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa ação em relação àsflutuações do mercado. Essa sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> é <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> beta (ß) <strong>da</strong> ação. A ação A representa<strong>da</strong>no gráfico a seguir varia 2% ca<strong>da</strong> vez que o retorno do mercado varia 1%. A suasensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> em relação ao mercado é <strong>de</strong> duas vezes: o seu beta portanto é 2.0. Isso significaque o seu risco é duas vezes maior que o risco do mercado. Quando o mercado sobe,ela ganho o dobro, mas quanto <strong>de</strong>sce também per<strong>de</strong> o dobro.7 Stan<strong>da</strong>rd and Poor's Composite In<strong>de</strong>x (S&P 500) - um índice que representa um portfolio <strong>da</strong>s ações <strong>de</strong> 500 gran<strong>de</strong>sempresas. O conceito é semelhante ao do Índice Bovespa, ou o IBV.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 47


A: Ação <strong>de</strong> alto riscoRetorno<strong>da</strong> ação20%10%Retorno do mercadoO caso <strong>da</strong> ação B é justamente o contrário. Ela varia menos que o mercado, exatamentemeta<strong>de</strong> nesse caso. O seu beta é <strong>de</strong> 0.5. Ela sobe menos quando o mercado sobe, mastambém cai menos quando ele cai. É uma ação <strong>de</strong> risco menor do que o mercado.B: Ação <strong>de</strong> baixo riscoRetorno<strong>da</strong> ação5%10% Retorno do mercadoÉ possível calcularmos betas <strong>de</strong> empresas a partir <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> performance <strong>de</strong> suas açõesnegocia<strong>da</strong>s no mercado. Sabemos que o beta <strong>de</strong> um título do governo é zero porque o seuretorno é fixo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do mercado. O beta do mercado é 1.0 por <strong>de</strong>finição, pois é amédia dos riscos <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as empresas. Sabemos também que o retorno do mercado é8.4% acima <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> risco zero, que é a taxa <strong>de</strong> um titulo do governo americano. Masqual é a taxa <strong>de</strong> retorno espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma empresa? O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> precificação <strong>de</strong> ativos(CAPM) <strong>de</strong>senvolvido por Sharpe 8 explica que o retorno <strong>de</strong> um investimento é diretamenteproporcional ao seu beta, e que todos os investimentos se encontram na linha <strong>de</strong> mercado,no gráfico a seguir:8 SHARPE, W.F., "Capital Asset Prices: A Theory of Market Equilibrium Un<strong>de</strong>r Conditions of Risk", 1964.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 48


Retorno esperadodo investimentoLinha <strong>de</strong> mercado12.6%r m8.4%Carteira <strong>de</strong> Mercado4.2%rf0Taxa livre <strong>de</strong> risco0.51.02.0betaO retorno esperado então será:Ks = r f + beta (r m - r f )Calculando o retorno <strong>da</strong> ação <strong>de</strong> uma empresa que possua um beta <strong>de</strong> 1.38 e supondo umataxa livre <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> 4.2%, temos:Ks = 0.042 + 1.38 x (0.084) = 0.158Ks = 15.8 %Calculando o retorno <strong>da</strong> ação <strong>de</strong> uma empresa <strong>de</strong> baixo risco, com Beta <strong>de</strong> 0.54:Ks = 0.042 + 0.54 x (0.084) = 0.087Ks = 8.7 %Esse é o retorno que o mercado espera <strong>de</strong>ssas empresas, portanto, o custo <strong>de</strong> capital paraprojetos <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong>ssas empresas <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> 15.7% para a primeira e <strong>de</strong> 8.7% paraa segun<strong>da</strong>. Na prática a escolha <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto é um pouco mais complicado doque isso, pois ao se endivi<strong>da</strong>r a empresa altera o seu risco, e os seus projetos <strong>de</strong> investimentopo<strong>de</strong>m ter risco diferente do risco <strong>da</strong> empresa. Além disso, o custo <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mentoé menor do que o custo <strong>de</strong> capital próprio.Esse método baseia-se na estimativa do coeficiente Beta como indicador do risco <strong>da</strong> ação<strong>da</strong> empresa. A metodologia adota<strong>da</strong> é a seguinte:1) Estimar a taxa <strong>de</strong> risco zero (r f )2) Estimar o Beta <strong>da</strong> ação (ß)3) Estimar o risco do mercado (r m )4) Substituir os valores acima na fórmula:Ks= r + βf( r − r )mfADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 49


Consi<strong>de</strong>remos o caso <strong>de</strong> duas empresas, on<strong>de</strong> uma tem um beta <strong>de</strong> 0.8 e outra, que atuaem um setor <strong>de</strong> maior risco, um beta <strong>de</strong> 1.5. Se r f = 8% e r m = 12%, temos:Empresa A: K s = 8% + 4% (0.8) = 11.2%Empresa B: K s = 8% + 4% (1.5) = 14.0%Embora a aplicação <strong>da</strong>s fórmulas acima seja aparentemente simples, na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> utilização do método é a <strong>de</strong> estimar corretamente a taxa <strong>de</strong> risco zero (r f ), o riscodo mercado (r m ) e o ß <strong>da</strong> empresa que os investidores esperam que haja no futuro, umavez que todos esses valores são baseados na performance passa<strong>da</strong>. Não há nenhuma garantia<strong>de</strong> que continuarão válidos no futuro. Assim o método do CAPM fica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo fun<strong>da</strong>mentalmente<strong>de</strong> boas estimativas <strong>de</strong>sses índices.Comentário final:To<strong>da</strong> a teoria do CAPM e Betas se baseia em <strong>da</strong>dos coletados sobre situações ocorri<strong>da</strong>sno passado, embora a sua aplicação seja para projetos futuros. Dessa forma, o cálculo dosBetas nos indica quão volátil uma ação tem sido no passado, mas po<strong>de</strong>m ocorrer significativasalterações no risco <strong>da</strong> empresa no futuro que po<strong>de</strong>m levar o seu Beta futuro, que é oque realmente interessa aos investidores, a ser bem diferente do seu beta passado. Na prática,essas estimativas <strong>de</strong> beta futuros estão muito sujeitas a erros.Custo Médio Pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> Capital (WACC)Como vimos anteriormente, o custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa será a média pon<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> do custo<strong>de</strong> todos os tipos <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> que ela dispõe. Devemos ter em mente que paraempresas que não tem suas ações negocia<strong>da</strong>s em bolsa e empresas menores, a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> se conseguir <strong>da</strong>dos confiáveis para a <strong>de</strong>terminação do seu custo <strong>de</strong> capital é muitogran<strong>de</strong>, assim como a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto para projetos com diferente taxas<strong>de</strong> risco, tornando difícil saber qual a real margem <strong>de</strong> erro com que se está trabalhando.Os pesos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> que a empresa dispõe po<strong>de</strong>m ser computadosatravés dos valores contábeis, conforme lançado no balanço <strong>da</strong> empresa, ou pelo seu valorreal <strong>de</strong> mercado, caso se tenha motivo para concluir que os valores contábeis não refletema<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>mente a reali<strong>da</strong><strong>de</strong>. O custo médio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital também é conhecidocomo WACC (Weighted Average Cost of Capital)AtivoCapital <strong>de</strong>Terceiros (Kd)Lucros Retidos(Ks)Pesos Custos WACC40% Kd=10% 0.04060% X Ks=16% = 0.096100% 0.13613.6%ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 50


Custo Marginal <strong>de</strong> CapitalA taxa que a empresa pagou no passado pelo capital <strong>de</strong> terceiros e próprio são custos passados,e portanto, irrelevantes para a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> novos investimentos. Assim, para as <strong>de</strong>cisões<strong>de</strong> investimento do capital, o custo <strong>de</strong> capital que nos interessa é o custo marginal <strong>de</strong>capital, isto é, o custo do novo endivi<strong>da</strong>mento e do novo capital próprio.Digamos que o custo médio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> uma empresa seja 10%, e que sua estrutura<strong>de</strong> capital, isto é, a proporção <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> tipo <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> longo prazo queela utiliza, não será altera<strong>da</strong>. Po<strong>de</strong>rá essa empresa levantar uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> ilimita<strong>da</strong> <strong>de</strong>ssecapital, sem que isso afete o seu custo? A resposta é não, pois à medi<strong>da</strong> que a empresa vaicaptando valores ca<strong>da</strong> vez maiores <strong>de</strong> capital, o custo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>ssas parcelas ten<strong>de</strong> acrescer, e com isso, cresce também o seu custo médio <strong>de</strong> capital.Os recursos disponíveis para novos investimentos a ca<strong>da</strong> ano provêm <strong>da</strong> parcela dos lucros<strong>da</strong> empresa que não são distribuídos como divi<strong>de</strong>ndos. Acrescenta-se a isso a parcela <strong>de</strong>capital <strong>de</strong> terceiros necessária para que não se altere a estrutura <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa.Note que os lucros acumulados, retidos <strong>de</strong> exercícios passados, já estão investidos em ativosque estão sendo utilizados nas operações <strong>da</strong> companhia, e não estão disponíveis.À medi<strong>da</strong> que a empresa continua captando mais capital, o custo <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um dos seuscomponentes ten<strong>de</strong> a subir também, inclusive o custo <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento. Com isso, novamentehá um aumento no custo <strong>de</strong> capital, que ocorrerá to<strong>da</strong> vez que ocorrer um aumentoem um dos seus componentes. Enquanto a empresa dispuser <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimentocom taxas acima do seu custo marginal <strong>de</strong> capital, a empresa irá captar os recursosnecessários para executá-los. No momento em que os retornos dos projetos em análisepassarem a ser menores do que seu custo marginal <strong>de</strong> capital, não haverá justificativa parase investir nesse projeto, nem motivo para se captarem mais recursos.Custo <strong>de</strong> Capital no BrasilA prática <strong>da</strong> <strong>de</strong>terminação do custo <strong>de</strong> capital varia conforme o país <strong>de</strong>vido aos diferentesníveis <strong>de</strong> risco que ca<strong>da</strong> país apresenta. A medi<strong>da</strong> do Beta é uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong> risco relativa,em que o risco <strong>da</strong> empresa é medido comparando-o com o risco <strong>da</strong> média <strong>da</strong>s empresas nomercado on<strong>de</strong> ela atua. Se para uma empresa americana o mercado <strong>de</strong> referência é o S&P500 ou a NASDAQ, no Brasil os betas <strong>de</strong> empresa são <strong>de</strong>terminados com referência aoíndice BOVESPA, a bolsa <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> São Paulo. Por outro lado, a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> taxalivre <strong>de</strong> risco é mais complexa no nosso caso, pois <strong>de</strong>vido a maior fragili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> economiabrasileira em relação à americana, a volatili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong> juros básica <strong>da</strong> economia<strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pelo Banco Central é muito maior. Em 1997, por exemplo, chegou a42% ao ano. Mais recentemente, tem se situado entre 16% e 20%, ain<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s mais altasdo mundo. Mesmo consi<strong>de</strong>rando-se que a economia brasileira apresenta um risco maiordo que a americana, essas taxas são excessivas. Por este motivo, a taxa SELIC não po<strong>de</strong>ser utiliza<strong>da</strong> como referencia para a taxa <strong>de</strong> juros livre <strong>de</strong> risco, pois é uma taxa <strong>de</strong> curtoprazo. Na falta <strong>de</strong> uma referência <strong>de</strong> mercado, o próprio BNDES, por exemplo, criouADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 51


uma taxa especifica para in<strong>de</strong>xar os seus contratos <strong>de</strong> financiamento, <strong>de</strong>nomina<strong>da</strong> Taxa <strong>de</strong>Juros <strong>de</strong> Longo Prazo (TJLP), que muitas vezes é utiliza<strong>da</strong> com taxa livre <strong>de</strong> risco.Uma outra maneira <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a taxa livre <strong>de</strong> risco no Brasil é adicionar o “Risco Brasil”à taxa <strong>de</strong> risco do mercado americano. Um exemplo disso é apresentado a seguir paraefeito <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação do custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> uma empresa do setor elétrico.A <strong>de</strong>terminação do custo <strong>de</strong> capital em monopólios concedidos pelo Estado é <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mentalimportância, pois o custo <strong>de</strong> capital é o fator <strong>de</strong>terminante para o estabelecimento<strong>da</strong> tarifa a ser cobra<strong>da</strong> pela empresa e a remuneração do acionista, uma vez que, por seremmonopólios, não existe um mercado competitivo on<strong>de</strong> o preço dos serviços encontre o seuequilíbrio natural. Este é o caso <strong>da</strong>s empresas do setor elétrico, on<strong>de</strong> parte-se do pressuposto<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve ser <strong>da</strong><strong>da</strong> ao concessionário a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> obter uma receita que reflitacustos operacionais eficientes e uma remuneração a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> sobre os seus investimentos.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 52


Custo <strong>de</strong> Capital: Um Exemplo Didático 9Donald resolveu abrir uma fábrica <strong>de</strong> sorvete e, não tendo nenhum recurso disponível, <strong>de</strong>cidiupedir ao Tio Patinhas que colocasse seu capital no negócio, do qual ele, Donald, seria o gerenteexecutivo. Tio Patinhas achou interessante a idéia e <strong>de</strong>cidiu investir 100 mil patacas. No entanto,exigiu um lucro <strong>de</strong> 15 mil patacas no final do ano, ou seja, que o seu capital empregado na sorveteriaren<strong>de</strong>sse 15% em 12 meses. Caso contrário arranjaria uma outra aplicação para aquele dinheiro.Risco e retornoTio Patinhas agiu <strong>de</strong>ssa maneira porque sabe que o negócio <strong>de</strong> Donald tem um certo risco,ou seja, o lucro <strong>da</strong> sorveteria tem um <strong>de</strong>terminado grau <strong>de</strong> incerteza, po<strong>de</strong>ndo mesmo virarprejuízo. Tio Patinhas está retirando as 100 mil patacas <strong>da</strong> Ca<strong>de</strong>rneta <strong>de</strong> Poupança, queren<strong>de</strong> seguramente 6% ao ano, porque é garanti<strong>da</strong> pelo governo <strong>de</strong> Patópolis. Ele achaque, para transferir o seu dinheiro para uma aplicação <strong>de</strong> maior risco, <strong>de</strong>ve receber umaremuneração maior para seu capital, ou, dito <strong>de</strong> outra forma, um prêmio (no caso 9%) pelorisco que correrá.Donald aceitou as condições <strong>de</strong> Tio Patinhas porque, ao fazer uma análise <strong>de</strong> seu projeto,incluindo uma análise <strong>de</strong> risco, estimou um lucro <strong>de</strong> 18 mil patacas ao final do ano, ou18% sobre o capital empregado. Ele ficou tranquilo porque o retorno <strong>de</strong> seu negócio <strong>de</strong>veriaficar acima do custo do capital empregado na ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, que é, como vimos, <strong>de</strong> 15%ao ano. Ao fim <strong>de</strong> 12 meses, o lucro <strong>da</strong> sorveteria foi <strong>de</strong> 15 mil patacas, ou 15%. Muitoembora Donald tenha errado um pouco em suas previsões, Tio Patinhas ficou satisfeito,pois obteve o retorno que esperava para seu capital.Empréstimos e riscoDonald, entusiasmado com as perspectivas do negócio - a população <strong>de</strong> Patópolis vinhacrescendo a taxas eleva<strong>da</strong>s - <strong>de</strong>cidiu ampliá-lo. Procurou novamente o Tio Patinhas paraconseguir mais capital, mas este não só negou o pedido, como também não quis nem reinvestiras 15 mil patacas que ganhou no primeiro ano. A propósito, se ele fosse reinvestiro lucro no negócio, exigiria a mesma rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 15%, pois o raciocínio para este novoaporte seria idêntico ao <strong>de</strong> quando fez a aplicação inicial.Donald, então, <strong>de</strong>cidiu recorrer ao Banco <strong>de</strong> Patópolis, on<strong>de</strong> conseguiu um empréstimo<strong>de</strong> 100 mil patacas, a juros <strong>de</strong> 12% ao ano. O banco exigiu, portanto, uma taxa <strong>de</strong> remuneraçãomenor que a do Tio Patinhas. Isso aconteceu não porque o Banco fosse menosesperto que o Tio Patinhas, mas porque os juros e a amortização do empréstimo são umaobrigação contratual para Donald, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do lucro que ele obtiver com o negócio.Assim, o risco <strong>de</strong> não receber o dinheiro <strong>de</strong> volta é menor para o Banco do para oTio Patinhas. A um risco menor está associado um retorno também menor.9 Fonte: Cemig, “Resenha Econômica”, ano 7 - março/95, nº 25, Antônio SávioADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 53


Tio Patinhas, ao saber <strong>da</strong> operação <strong>de</strong> empréstimo feita por Donald, chamou seu sobrinhopara uma conversa séria e disse, como o risco do negócio havia aumentado, queria agoraum retorno maior, <strong>de</strong> 18 mil patacas, ou 18% sobre o capital empregado. Isso porque olucro <strong>da</strong> sorveteria estava ameaçado com o fato <strong>da</strong> amortização e dos juros terem <strong>de</strong> serpagos com a receita do empreendimento, antes <strong>de</strong>le receber o seu próprio rendimento. TioPatinhas acha que o retorno sobre o capital tem que ser proporcional ao risco, e este agoraé ain<strong>da</strong> maior, <strong>de</strong>vido ao endivi<strong>da</strong>mento <strong>da</strong> sorveteria.Retorno e valor <strong>da</strong> empresaA sorveteria <strong>de</strong> Donald tem agora 200 mil patacas investi<strong>da</strong>s e a obrigação <strong>de</strong> gerar um retornomínimo <strong>de</strong> 18% para as 100 mil patacas do Tio Patinhas (portanto, 18 mil) e um retornomínimo <strong>de</strong> 12% para as 100 mil patacas do Banco (ou 12 mil). Donald então precisagerar, no mínimo, 30 mil patacas antes <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas financeiras, o que equivale a 15% docapital total empregado em seu negócio.Donald observou que o custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> sorveteria continuou sendo <strong>de</strong> 15% - o aumento<strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>, <strong>de</strong> custo mais reduzido, foi compensado por um aumento no custo do capitalpróprio. Isso porque o custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> uma empresa é função quase que exclusivamentedo risco do negócio em que ela atua e não <strong>da</strong> forma como suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s são financia<strong>da</strong>s.Donald sabe agora que qualquer expansão que quiser fazer em seu negócio <strong>de</strong>ve sercui<strong>da</strong>dosamente analisa<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma a garantir que os novos recursos empregados tenhamsempre um retorno igual ou superior a seu custo <strong>de</strong> capital, <strong>de</strong> 15%.Qualquer projeto que ren<strong>da</strong> menos que o custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa reduzirá o seu valor(e o patrimônio dos investidores). Se, por exemplo, a sorveteria passar a gerar, com freqüência,12% <strong>de</strong> retorno (ou 24 mil), quando o esperado pelos investidores é 15% (ou 30mil), seu valor <strong>de</strong> mercado se reduzirá <strong>de</strong> 200 mil patacas para 160 mil, quando então 24mil serão 15% do capital empregado. Tio Patinhas ven<strong>de</strong>rá sua meta<strong>de</strong> no negócio comprejuízo (por 80 mil) e nunca mais colocará no empreendimento <strong>de</strong> Donald.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 54


ExercíciosMétodo <strong>de</strong> Gordon1) Os lucros, os divi<strong>de</strong>ndos e o preço <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong> Taviolini S.A. tem uma expectativa <strong>de</strong> crescimento<strong>de</strong> 7% a.a. para os próximos anos. As ações ordinárias <strong>da</strong> Taviolini estão cota<strong>da</strong>s atualmentea $23 por ação, o seu último divi<strong>de</strong>ndo foi <strong>de</strong> $2.00, e a empresa irá pagar divi<strong>de</strong>ndos<strong>de</strong> $2.14 no final <strong>de</strong>ste ano. Calcule o seu custo <strong>de</strong> lucros retidos:a. Utilizando o método do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado (fórmula <strong>de</strong> Gordon).b. Utilizando o método do CAPM, consi<strong>de</strong>rando que o Beta <strong>da</strong> empresa é 1.6, a taxa <strong>de</strong>risco zero é 9%, e o retorno do mercado é <strong>de</strong> 13%.2) O último divi<strong>de</strong>ndo pago <strong>da</strong> Companhia Cor<strong>de</strong>iro foi <strong>de</strong> $3.00, a sua taxa <strong>de</strong> crescimento temsido <strong>de</strong> 6%, e o preço atual <strong>da</strong> sua ação ordinária é <strong>de</strong> $36. Uma nova emissão <strong>de</strong> açõesordinárias ren<strong>de</strong>ria $32.4 líquidos para a empresa. O custo bruto <strong>de</strong> financiamento com capital<strong>de</strong> terceiros atualmente é <strong>de</strong> 12%, a sua alíquota <strong>de</strong> IR é <strong>de</strong> 30%. Consi<strong>de</strong>rando que aempresa tem uma estrutura <strong>de</strong> capital consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> i<strong>de</strong>al com 40% <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento,pergunta-se:a) Qual o custo <strong>de</strong> capital próprio?b) Qual é o custo <strong>de</strong> colocação <strong>da</strong>s ações <strong>da</strong> empresa, em valor e em percentagem?c) Qual é o custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> novas ações ordinárias?d) Qual o custo líquido do capital <strong>de</strong> terceiros?e) A companhia Cor<strong>de</strong>iro está analisando um novo projeto <strong>de</strong> investimento. Qual o customédio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital (WACC) a ser utilizado neste projeto, consi<strong>de</strong>rando asseguintes hipóteses:• A empresa tem lucros retidos suficientes para investir no projeto.• A empresa não tem lucro retido algum para investir no projeto.3) A tabela abaixo fornece informações <strong>de</strong> lucro por ação dos últimos 10 anos para a companhiaBartolac S.A.. As 6.24 milhões <strong>de</strong> ações ordinárias <strong>da</strong> empresa tem um valor atual <strong>de</strong> mercado<strong>de</strong> $65 ca<strong>da</strong>, e o divi<strong>de</strong>ndo esperado ao final <strong>de</strong> 2006 é <strong>de</strong> 55% do Lucro por ação <strong>de</strong> 2005.Consi<strong>de</strong>re que a expectativa dos investidores é <strong>de</strong> que o crescimento passado se repita no futuro.Ano LPA Ano LPA1996 3.90 2001 5.731997 4.21 2002 6.191998 4.55 2003 6.681999 4.91 2004 7.222000 5.31 2005 7.80A taxa <strong>de</strong> juros do último empréstimo tomado pela empresa foi <strong>de</strong> 9%, e a sua alíquota <strong>de</strong> imposto<strong>de</strong> ren<strong>da</strong> é <strong>de</strong> 40%. A sua estrutura <strong>de</strong> capital, que se presume ser a i<strong>de</strong>al, é a seguinte:ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 55


Empréstimos <strong>de</strong> Longo Prazo 104.000.000Capital próprio 156.000.000Total 260.000.000a. Calcule o custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> terceiros e do capital próprio, presumindo-se que to<strong>da</strong>s asadições ao capital próprio vem <strong>de</strong> lucros retidos. Utilize a fórmula Ks = D 1 /P 0 + g.b. Calcule o custo médio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> Bartolac, a partir <strong>da</strong>s mesmas premissasacima.Resp: Kd = 5.4%, Ks = 14.6%, b. CMPC = 10.92%Custo <strong>de</strong> Capital Acionário4) Um imóvel está à ven<strong>da</strong> por $100.000. Os aluguéis líquidos que po<strong>de</strong>m ser recebidos nofuturo são <strong>de</strong> $12.000 para ca<strong>da</strong> um dos próximos 4 anos. Após recebermos os 4 alugueis (umao final <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ano), no final do quarto ano ven<strong>de</strong>mos o imóvel por $125.000. Consi<strong>de</strong>re quea taxa livre <strong>de</strong> risco é 6% ao ano e que a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno do mercado seja 12% aoano. Assuma que o risco relativo Beta (β) a<strong>de</strong>quado ao risco do investimento no imóvel é0.80. Qual <strong>de</strong>ve ser a taxa <strong>de</strong> retorno anual a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> ao risco <strong>de</strong>ste imóvel? Qual é o valor<strong>de</strong>ste imóvel? Qual é o VPL <strong>de</strong>ste investimento?5) Um laboratório estu<strong>da</strong> a compra <strong>de</strong> uma máquina <strong>de</strong> análises clínicas complexas que custa$200.000. A máquina é capaz <strong>de</strong> realizar 1500 análises por ano, a um preço para o paciente <strong>de</strong>$320 e um custo para o laboratório <strong>de</strong> $230 ca<strong>da</strong>. Estima-se que a máquina trabalhe a 70% <strong>da</strong>sua capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> anual e que a sua vi<strong>da</strong> útil seja <strong>de</strong> 5 anos, sendo que não existem custos fixosnem impostos. Consi<strong>de</strong>rando que a taxa livre <strong>de</strong> risco é <strong>de</strong> 8% ao ano, que a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong>retorno do mercado é <strong>de</strong> 14% ao ano, e que o risco relativo Beta (β) a<strong>de</strong>quado ao risco <strong>de</strong>steinvestimento seja <strong>de</strong> 1,90, qual é a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto apropria<strong>da</strong> para este investimento? Qual éo valor operacional <strong>de</strong>sta máquina? Qual é o VPL e a TIR <strong>de</strong>ste projeto? Representefinanceiramente os fluxos <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>sta máquina.WACC6) Uma empresa tem dívi<strong>da</strong>s no valor <strong>de</strong> $1.200.000, o valor do investimento dos sócios na empresa é<strong>de</strong> $1.800.000. Consi<strong>de</strong>rando que o custo líquido (Kd) dos juros é 9% por ano e a taxa <strong>de</strong>remuneração dos sócios (Ks) é <strong>de</strong> 14%, calcule o custo médio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital (WACC) <strong>da</strong>firma.7) A empresa Avalon tem 1.000 ações emiti<strong>da</strong>s no valor <strong>de</strong> $2,00 ca<strong>da</strong> ação. As dívi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> empresamontam a $3.000 sobre a qual paga uma taxa <strong>de</strong> juros <strong>de</strong> 12% ao ano. A taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong>divi<strong>de</strong>ndos para os sócios é 20% ao ano. Consi<strong>de</strong>re que não existe IR. Qual é o WACC <strong>da</strong>empresa?ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 56


WACC c/IR8) Uma firma levanta recursos juntos aos bancos comerciais pagando uma taxa <strong>de</strong> juros 15% ao ano.A dívi<strong>da</strong> <strong>de</strong>sta firma é <strong>de</strong> $90.000. O capital <strong>de</strong> sócios investido na firma também é $90.000. A taxa<strong>de</strong> retorno apropria<strong>da</strong> para os sócios consi<strong>de</strong>rando o risco <strong>da</strong> empresa é <strong>de</strong> 20% ao ano, e aalíquota <strong>de</strong> IR é <strong>de</strong> 35%. Qual é o custo médio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital (WACC) <strong>de</strong>sta firma? Estafirma tem uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investir em um projeto que apresenta uma TIR <strong>de</strong> 12%. Qual é asua recomen<strong>da</strong>ção?Resp: 14.88%, não.9) Suponha que uma firma tem um débito total <strong>de</strong> $2.000.000 e possua 100.000 ações autoriza<strong>da</strong>s eemiti<strong>da</strong>s no mercado, valendo $30 por ação. A taxa <strong>de</strong> juros para o empréstimo é <strong>de</strong> 10% ao ano, oretorno esperado do investidor (acionista) é <strong>de</strong> 15%, e a alíquota <strong>de</strong> IR é <strong>de</strong> 20%. Qual é o WACC<strong>de</strong>sta firma? Se a empresa possui oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento com TIR <strong>de</strong> 14% <strong>de</strong>ve investirnestes projetos?10) A Deodoro S.A. tem um endivi<strong>da</strong>mento geral <strong>de</strong> 40%, que lhe custa atualmente 16% a.a.,brutos. A alíquota <strong>de</strong> Imposto <strong>da</strong> empresa é <strong>de</strong> 30%. O risco para os acionistas <strong>da</strong> empresa,medido pelo seu Beta, é <strong>de</strong> 1,8. Sabendo que um investidor que queira investir em títulos <strong>de</strong>ren<strong>da</strong> fixa garanti<strong>da</strong>s pelo governo fe<strong>de</strong>ral receberá 9% a.a. <strong>de</strong> retorno, e que o retorno médiodo Bovespa nos últimos anos tem sido <strong>de</strong> 15% a.a., respon<strong>da</strong>:a) Qual o custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> terceiros, líquido para a empresa?b) Qual o custo do seu capital acionário?c) Qual o custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa? (WACC)11) O governo preten<strong>de</strong> licitar uma concessão <strong>de</strong> um serviço público por <strong>de</strong>z anos a um preçomínimo <strong>de</strong> 5 milhões. Você estima que essa concessão po<strong>de</strong>ria ren<strong>de</strong>r um faturamento bruto<strong>de</strong> $3.7 milhões por ano, teria custos operacionais <strong>de</strong> $1,4 milhões e <strong>de</strong>preciação <strong>de</strong> 0,30milhões. Após o período <strong>da</strong> concessão, o direito <strong>de</strong> exploração e todos os ativos <strong>da</strong> empresapassam para o estado. Consi<strong>de</strong>re que a taxa livre <strong>de</strong> risco é <strong>de</strong> 7% ao ano e que a taxaespera<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno do mercado seja 16% ao ano. Assuma que o beta <strong>de</strong>sta concessão é <strong>de</strong>2.2, que o custo bruto do endivi<strong>da</strong>mento é <strong>de</strong> 12%, e que o empreendimento teria umendivi<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> 50%. A alíquota <strong>de</strong> IR é <strong>de</strong> 35%. Qual o custo médio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital(WACC) <strong>de</strong>ste negócio? Qual o valor <strong>de</strong>sta concessão? Qual o valor máximo que vocêpo<strong>de</strong>ria oferecer nesta licitação?Resp: 17.3%, VP = 7.37 milhões12) Uma empresa que produz um fluxo <strong>de</strong> caixa líquido <strong>de</strong> $100.000 ao ano em regime <strong>de</strong>perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong> está à ven<strong>da</strong>. A empresa tem um endivi<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> 30% a um custo médio <strong>de</strong>13% a.a., e a alíquota <strong>de</strong> IR é <strong>de</strong> 40%. Consi<strong>de</strong>re que a taxa livre <strong>de</strong> risco é <strong>de</strong> 5% ao ano eque a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno do mercado seja <strong>de</strong> 17% a.a. Se o Beta for <strong>de</strong> 1,5, qual é a taxa<strong>de</strong> retorno anual a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> ao risco <strong>de</strong>sta empresa? Qual é o valor <strong>de</strong>sta empresa?ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 57


13) Um grupo <strong>de</strong> investidores analisa a compra <strong>de</strong> um negócio na área <strong>de</strong> telecomunicações. Ofluxo <strong>de</strong> caixa atual <strong>da</strong> empresa é <strong>de</strong> $8 milhões, que se estima que irá crescer 5% ao ano nofuturo. Consi<strong>de</strong>re que a taxa livre <strong>de</strong> risco é <strong>de</strong> 5% ao ano, a taxa espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> retorno domercado <strong>de</strong> capitais é <strong>de</strong> 15% a.a., o beta do negócio é <strong>de</strong> 2.5, o custo bruto doendivi<strong>da</strong>mento é <strong>de</strong> 10%, e que o endivi<strong>da</strong>mento é <strong>de</strong> 40%. A alíquota <strong>de</strong> IR é <strong>de</strong> 30%. Qual ocusto médio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital (WACC) <strong>de</strong>ste negócio? Qual é o seu valor?14) Cytryx S.A., uma importante empresa <strong>de</strong> tecnologia <strong>da</strong> Monrovia, tem um endivi<strong>da</strong>mentogeral <strong>de</strong> 30%, a um custo 18% a.a., brutos, e um Beta <strong>de</strong> 1,6. Os títulos <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> fixa dogoverno <strong>da</strong> Monrovia, que são consi<strong>de</strong>rados sem risco, pagam 8% a.a. <strong>de</strong> retorno, e o retornomédio <strong>da</strong> bolsa <strong>de</strong> Catalana, capital <strong>da</strong> Monrovia, tem sido <strong>de</strong> 15% a.a. nos últimos anos.Respon<strong>da</strong>:a) Qual o custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> terceiros, líquido para a empresa, se a alíquota <strong>de</strong> Imposto <strong>da</strong>Cytryx for <strong>de</strong> 40%.?b) Qual o custo do seu capital acionário?c) Qual o custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa? (WACC)Resp: Kd = 10.8%, Ks= 19.2%, WACC = 16.68%ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 58


6 – Análise <strong>de</strong> Risco"Com freqüência, o pensamento <strong>de</strong> que o <strong>de</strong>sastreé impossível, leva a um <strong>de</strong>sastre impensável".Efeito TitanicEm 2005 o governo brasileiro <strong>de</strong>finiucomo uma <strong>da</strong>s suas obras prioritárias aconstrução <strong>da</strong> rodovia BR-163, notrecho que liga Cuiabá a Santarém num total <strong>de</strong>cerca <strong>de</strong> 1600km. Uma vez pronta, além <strong>de</strong>servir <strong>de</strong> um importante eixo <strong>de</strong> ligação Norte-Sul, esta estra<strong>da</strong> facilitaria o escoamento <strong>da</strong>safra <strong>de</strong> soja do centro-oeste do país e impulsionariao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta importante região.Devido à falta <strong>de</strong> recursos do Tesouro Nacionalpara uma obra <strong>de</strong>sta envergadura, o governopretendia transferir os encargos <strong>da</strong> construçãoe operação <strong>da</strong> rodovia para a iniciativapriva<strong>da</strong>, em troca do direito <strong>da</strong> concessionária<strong>de</strong> cobrar pedágio por um período <strong>de</strong> 25 anos. Para analisar esta oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento, osinvestidores em potencial precisavam estimar, entre outros, os custos <strong>de</strong> construção, <strong>de</strong> operaçãoe manutenção, a tarifa <strong>de</strong> pedágio e o tráfego anual esperado ao longo <strong>de</strong> todo o período <strong>da</strong> concessãopara efeito <strong>de</strong> cálculo <strong>da</strong> receita futura e <strong>da</strong> rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do projeto. No entanto, a falta <strong>de</strong><strong>da</strong>dos históricos confiáveis e as incertezas a respeito <strong>da</strong>s projeções futuras faziam com que o riscodo empreendimento fosse consi<strong>de</strong>rável, o que levou os investidores privados a solicitar que o governofe<strong>de</strong>ral assumisse parte <strong>de</strong>ste risco. Para analisar essa proposta, o governo teria que fazeruma análise <strong>de</strong> risco do projeto para <strong>de</strong>terminar como estes riscos po<strong>de</strong>riam ser repartidos entre aspartes interessa<strong>da</strong>s.Objetivos• Enten<strong>de</strong>r quais os fatores que geram projetos com VPL positivo e como i<strong>de</strong>ntificar se o projetoapresenta os requisitos necessários para gerar o retorno projetado.• Saber avaliar os efeitos do risco e incerteza no retorno <strong>de</strong>sses projetos• Familiarizar o aluno com as principais ferramentas <strong>de</strong> análise e avaliação <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> projetos.IntroduçãoA estimativa dos fluxos <strong>de</strong> caixa futuros é a etapa mais crítica, e também a parte mais difícil<strong>de</strong> todo o processo <strong>de</strong> análise. Para a gran<strong>de</strong> maioria dos projetos, os fluxos <strong>de</strong> caixa<strong>de</strong>vem projetados muitos anos à frente e em ambiente <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> incerteza. Mesmo que umADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 59


projeto tenha sido elaborado com todos os cui<strong>da</strong>dos e seguindo todos os preceitos recomen<strong>da</strong>dos,existe sempre a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer erros na estimativa dos fluxos <strong>de</strong> caixafuturo. Diversos estudos mostram que em geral, os gerentes ten<strong>de</strong>m a ser excessivamenteotimistas com relação ao projeto em análise, subestimando custos e superestimando as receitasque o projeto po<strong>de</strong> vir a gerar no futuro. Por esse motivo, não é suficiente saber queum projeto apresenta VPL positivo, precisamos ir um pouco mais fundo e <strong>de</strong>terminar osmotivos pelo qual isso ocorre.Como po<strong>de</strong> o gerente financeiro saber se as projeções <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> caixa do seu projeto estãocorretas? Como po<strong>de</strong> ele se assegurar <strong>de</strong> que o VPL positivo que seu projeto apresentareflete um projeto realmente lucrativo, e que não é apenas fruto <strong>de</strong> uma projeção excessivamenteotimista?Num mercado perfeito, as forças competitivas do mercado equilibram os preços fazendocom que no longo prazo to<strong>da</strong>s as empresas (e seus projetos) apresentem VPL zero. Seuma indústria é rentável, as empresas que estão nela irão se expandir e as empresas que estãofora irão entrar nesse mercado, aumentando a oferta e causando uma redução <strong>de</strong> preço.Enquanto a indústria for rentável, esse processo vai continuar <strong>de</strong>primindo os preçosca<strong>da</strong> vez mais, até que essa indústria <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser rentável. Nesse ponto, ela atinge o seuequilíbrio, e to<strong>da</strong>s as empresas do setor apresentam VPL zero. Existem vários exemplosdisso, como a evolução do mercado <strong>de</strong> microcomputadores tipo PC, que veio <strong>de</strong> um mercadopulverizado com altos preços e mais <strong>de</strong> 500 fabricantes em 1990 para uma situaçãoatual <strong>de</strong> baixos preços e fabricação concentra<strong>da</strong> em algumas poucas gran<strong>de</strong>s empresas.Mais recentemente, temos o exemplo do mercado <strong>de</strong> telefonia, on<strong>de</strong> empresas extremamentelucrativas na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 90 viram as suas margens <strong>de</strong> lucro <strong>de</strong>saparecerem <strong>de</strong>vido aoexcesso <strong>de</strong> oferta no mercado.Dentro <strong>de</strong>ssa ótica, todos os projetos <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong>veriam apresentar VPL zero. Deon<strong>de</strong> vem então a rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s empresas? Uma empresa ágil po<strong>de</strong> sair na frente e conseguirganhos temporários enquanto o mercado não atinge o seu equilíbrio <strong>de</strong> longo prazo,ou então, ela po<strong>de</strong> possuir alguma vantagem que lhe diferencie <strong>da</strong>s outras empresas, e quelhe permitirá usufruir retornos positivos durante períodos mais longos, ou até que seusconcorrentes se igualem a ela. Essa vantagem po<strong>de</strong> ser um produto ou serviço <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong>superior, uma tecnologia mais avança<strong>da</strong>, uma patente, um monopólio, uma marca conheci<strong>da</strong>,um custo <strong>de</strong> produção mais baixo, um produto original, ou outros. Esse fator <strong>de</strong>diferenciação <strong>da</strong> empresa em relação aos seus concorrentes é o que chamamos <strong>de</strong> vantagemcompetitiva <strong>da</strong> empresa, e é o que possibilita a existência <strong>de</strong> projetos com VPL positivo.Um projeto com VPL zero é aquele que cobre seu custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Um projetocom VPL maior do que zero é aquele que oferece uma vantagem competitiva para a empresa,através do qual ela cria algo que é percebido como <strong>de</strong> valor para os seus clientes eretém os lucros <strong>de</strong>correntes disso. Um dos problemas principais <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong>investimento é saber se o projeto em questão, através <strong>de</strong> alguma vantagem competitiva,gera realmente esse valor para os clientes, e o quanto disso a empresa consegue reter parasi.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 60


Intel e o chip <strong>de</strong> memóriaEm 1974 a Intel <strong>de</strong>senvolveu e lançou no mercado a primeira memória semicondutora<strong>de</strong> estado sólido para computadores, que veio <strong>de</strong>pois a ser conhecidocomo o “chip <strong>de</strong> memória” e tornou-se a pioneira e principal empresa <strong>de</strong>stemercado auferindo gran<strong>de</strong> crescimento e lucros nos anos que se seguiram. Dezanos <strong>de</strong>pois, no entanto, surgiram diversas outras empresas, principalmentejaponesas, que após dominar a tecnologia necessária, passaram a inun<strong>da</strong>r omercado com produtos melhores e mais baratos. Impossibilita<strong>da</strong> <strong>de</strong> competirem com os japoneses, a Intel viu sua situação se <strong>de</strong>teriorar até que ela foi força<strong>da</strong>a abandonar <strong>de</strong> vez esse mercado. A empresa havia perdido a sua vantagemcompetitiva na fabricação <strong>de</strong> chips <strong>de</strong> memória, e em conseqüência, essesprojetos <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ter VPL positivo.Sem alternativa, a Intel passou a se <strong>de</strong>dicar apenas aos chips <strong>de</strong> CPU, maiscomplexos, mas que representava um mercado muito menor na época. Com oadvento dos microcomputadores tipo PC, esse mercado cresceu, e com maciçosinvestimentos <strong>de</strong> capital ela estabeleceu uma posição <strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança nessanova tecnologia, tornando-se a maior empresa do setor. Essa posição, no entanto,não é garanti<strong>da</strong>, e o riscos para a Intel são significativos. Para se mantersempre um passo à frente dos seus concorrentes ela precisa continuar investindobilhões <strong>de</strong> dólares em pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos, poissabe que seus projetos só terão VPL positivo enquanto ela mantiver a sua vantagemtecnológica sobre os seus concorrentes.Essas situações surgem quando a empresa tem uma vantagem competitiva em relação aosseus concorrentes, seja em tecnologia, capital, eficiência, marca, renome, controle do mercadoatravés <strong>de</strong> monopólio, oligopólio, reserva, etc, ou está numa indústria que tem umaestrutura favorável, conforme veremos a seguir. Nesses casos, um projeto po<strong>de</strong> apresentarVPL positivo, pois ele cria valor para os clientes. A etapa crítica nesse processo então éi<strong>de</strong>ntificar claramente qual é a vantagem competitiva que proporcionou ao projeto umVPL positivo; se nenhum for encontrado então é provável que existam erros nas suas projeçõesdo fluxo <strong>de</strong> caixa ou algum viés no processo <strong>de</strong> previsão que levaram a empresa a-creditar que isso vá ocorrer.A i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>sses fatores é importante para nos certificarmos <strong>de</strong> que o projeto em a-nálise tem méritos próprios que o levaram a apresentar VPL positivo. A ausência <strong>de</strong> umaexplicação racional para isso indica que, provavelmente, ocorreram erros nas projeções <strong>de</strong>fluxo <strong>de</strong> caixa, e que esse VPL positivo é incorreto e o projeto não <strong>de</strong>ve ser executado.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 61


Análise <strong>de</strong> RiscoVimos que a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong> um projeto às vezes diverge <strong>da</strong>s previsões realiza<strong>da</strong>s,po<strong>de</strong>ndo acarretar conseqüências <strong>da</strong>nosas para a empresa. Esse potencial para a-presentar resultados diferentes do esperado é o risco do projeto. As empresas obviamentetêm interesse em avaliar os riscos <strong>de</strong> um projeto antes e não <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> investir nele, pois<strong>de</strong>ssa forma po<strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir a priori se os possíveis retornos que o projeto proporcionará justificame compensam os eventuais prejuízos que ele po<strong>de</strong>rá trazer para a empresa.O risco é um componente imutável <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> empresarial tal qual impostos e acionistas. Cabeà empresa, no entanto, <strong>de</strong>cidir quais os riscos que quer assumir, e quais prefere evitar.Para tanto, ela precisa <strong>de</strong> uma metodologia para <strong>de</strong>scobrir e avaliar os riscos inerentes aosseus projetos <strong>de</strong> investimento, para então po<strong>de</strong>r tomar uma <strong>de</strong>cisão consciente. Nesse caso,a empresa po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>cidir assumir ou não os riscos <strong>de</strong> investir no projeto. Com isso,preten<strong>de</strong>-se evitar que uma vez <strong>de</strong>cidi<strong>da</strong> a aceitação <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado projeto, a empresaseja surpreendi<strong>da</strong> durante a sua execução com problemas graves e inesperados quenunca haviam sido objeto <strong>de</strong> análise anterior, e que se conhecidos, teriam influído na <strong>de</strong>cisão<strong>de</strong> investir no projeto. Assumir riscos, sem saber que se está fazendo isso, é o caminhomais rápido para o <strong>de</strong>sastre.Mesmo consi<strong>de</strong>rando que o gerente <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> um projeto tenha todos os <strong>da</strong>dos <strong>de</strong> fluxo<strong>de</strong> caixa e taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto à mão, ain<strong>da</strong> assim é necessário que ele enten<strong>da</strong> por quaismotivos o projeto po<strong>de</strong>ria falhar. Uma vez <strong>de</strong> posse <strong>de</strong>ssas informações, ele po<strong>de</strong> avaliarse o custo para reduzir essas incertezas se justifica. Talvez <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r mais recursos empesquisa <strong>de</strong> mercado permitisse <strong>de</strong>finir melhor a aceitação <strong>de</strong> um novo produto pelos consumidores,ou uma <strong>de</strong>spesa maior em pesquisas geológicas e sísmicas preliminares reduzisseas incertezas que cercam um projeto <strong>de</strong> perfuração <strong>de</strong> um poço <strong>de</strong> petróleo.A i<strong>de</strong>ntificação dos riscos e incertezas que o projeto apresenta permite analisar alternativase maneiras <strong>de</strong> li<strong>da</strong>r com eles, ou mesmo <strong>de</strong>cidir <strong>de</strong>sistir do projeto casos esses riscos sejammuito altos. Uma vez i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s as incertezas, po<strong>de</strong>-se tentar avaliar seus efeitos noprojeto, e <strong>da</strong>í <strong>de</strong>cidir se vale a pena resolvê-los ou não.A avaliação <strong>de</strong> risco implica em enten<strong>de</strong>r a essência do projeto, ao contrário <strong>de</strong> apenasmanipular os seus números. É necessário sempre se perguntar o que po<strong>de</strong> <strong>da</strong>r errado, equais seriam as conseqüências disso.Análise <strong>de</strong> DecisõesTomar <strong>de</strong>cisões significa optar entre diversas alternativas. A maneira como tomamos <strong>de</strong>cisões<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong>s circunstâncias em que ela ocorre e <strong>da</strong> nossa própria experiência, mas e-las po<strong>de</strong>m ser dividi<strong>da</strong>s em três tipos: <strong>de</strong>cisões programa<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>cisões instintivas e <strong>de</strong>cisõestoma<strong>da</strong>s através <strong>da</strong> análise formal.As <strong>de</strong>cisões programa<strong>da</strong>s são utiliza<strong>da</strong>s largamente em situações simples em que há muitarepetição e poucas alternativas a consi<strong>de</strong>rar. Situações rotineiras como, por exemplo, <strong>de</strong>-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 62


cidir que caminho tomar para se ir do trabalho para casa geralmente não são analisa<strong>da</strong>sconscientemente, pois são feitas <strong>de</strong> um modo automático, ou programado. Com o tempo,a experiência permite ao indivíduo criar “regras” eficientes e eficazes para resolver problemasrotineiros, sem ter que se <strong>da</strong>r ao trabalho <strong>de</strong> todo um processo <strong>de</strong>cisório associado.Esse tipo <strong>de</strong> problema se presta inclusive ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> regras e <strong>de</strong>cisões programáveisem computador para aplicação automática. Muitos processos <strong>de</strong> fabricação industrialtêm sido automatizados através <strong>da</strong> programação em computador <strong>da</strong> “experiência”dos mestres e engenheiros responsáveis, assim como um computador po<strong>de</strong>ria ser programadopara <strong>de</strong>cidir a melhor rota para levá-lo para casa.A <strong>de</strong>cisão instintiva é aquela em que <strong>de</strong>cidimos automaticamente, mesmo não dispondo <strong>de</strong>uma experiência prévia basea<strong>da</strong> na repetição <strong>da</strong> mesma <strong>de</strong>cisão. A <strong>de</strong>cisão aqui é basea<strong>da</strong>no conjunto <strong>de</strong> to<strong>da</strong> a experiência do indivíduo, sendo algumas mais relevantes do que outras.Existem várias situações em que tomamos <strong>de</strong>cisões instintivas. Uma <strong>de</strong>las é quando aurgência <strong>de</strong> tempo não permite utilizarmos outro método, como, por exemplo, quando umpe<strong>de</strong>stre atravessa a rua à frente do seu carro, e você precisa <strong>de</strong>cidir se <strong>de</strong>svia para a direita,para a esquer<strong>da</strong> ou se freia. Outro exemplo é o do gerente que tenha que tomar <strong>de</strong>cisõesimediatas na mesa durante uma sessão <strong>de</strong> negociações. A extensão <strong>da</strong> utilizado <strong>de</strong><strong>de</strong>cisões instintivas <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto <strong>da</strong> situação e do problema quanto do indivíduo que tomaa <strong>de</strong>cisão, sendo que alguns gerentes possuem um estilo gerencial em que preferem baseara maioria <strong>da</strong>s suas <strong>de</strong>cisões no seu instinto.A outra alternativa para a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões que não é nem automática nem totalmenteinstintiva, é através <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> análise formal. De alguma forma os prós e contras <strong>de</strong>ca<strong>da</strong> alternativa são investigados e analisados, e ouvem-se a opinião <strong>de</strong> “peritos” no problemae suas recomen<strong>da</strong>ções são pon<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s. Mo<strong>de</strong>los dos problemas são construídos eanalisados. Recorre-se à análise formal em situações <strong>de</strong> problemas não estruturados, caracteriza<strong>da</strong>spelo seu ineditismo, pela sua complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e pela gran<strong>de</strong> variação entre resultadospossíveis. Ao contrário dos problemas repetitivos que po<strong>de</strong>m ser resolvidos através<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões programa<strong>da</strong>s, existem situações únicas ou situações que ocorrem tão raramente,que não existem procedimentos ou regras pré-<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s que nos permitam li<strong>da</strong>rcom eles <strong>de</strong> uma forma automática. Mesmo assim, e embora não sejam freqüentes, essas<strong>de</strong>cisões são muitas vezes cruciais para o sucesso <strong>de</strong> uma empresa e, portanto, essa <strong>de</strong>cisãonão po<strong>de</strong> ser subestima<strong>da</strong>. O que diferencia a utilização <strong>da</strong> análise formal nessas <strong>de</strong>cisõesdos métodos programados ou instintivos, é o esforço consciente e metódico direcionadoà <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão apropria<strong>da</strong>.A análise <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> investimento se enquadra neste último caso. Através <strong>de</strong>la po<strong>de</strong>-seesclarecer e simplificar <strong>de</strong>cisões que têm um impacto significativo na empresa, mesmo quesejam esporádicas, se tivermos em mente tanto os benefícios em potencial como as limitaçõesdo método. O conceito básico utilizado na análise formal <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões éo <strong>de</strong> <strong>de</strong>smembrar <strong>de</strong>cisões complexas em uma série <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões mais simples. Esse processoé útil mesmo quando a análise formal não é utiliza<strong>da</strong>, pois a habili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> formular econceptualizar problemas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão auxilia em muito a coleta e a interpretação dos <strong>da</strong>dos.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 63


Tomando <strong>de</strong>cisões quando há incertezaO processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão implica coletar as informações necessárias, analisar as suas conseqüênciase escolher a melhor alternativa. Quando o problema apresenta incertezas, no entanto,ca<strong>da</strong> etapa <strong>de</strong>sse processo fica mais complexa. Quantas informação precisamos paraanalisar o problema? Que tipo <strong>de</strong> informação será necessária? Quais conseqüências são relevantes?Como <strong>de</strong>terminar as conseqüências quando há incerteza quanto aos eventos futuros?O que é a “melhor” alternativa quando existe incerteza? Como avaliar se a <strong>de</strong>cisãotoma<strong>da</strong> foi boa ou não?Uma maneira óbvia para se analisar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão é a <strong>de</strong> olhar para o resultadoque ela gerou, pois afinal estamos interessados nos resultados, e não nas <strong>de</strong>cisões. Oproblema é que existindo incerteza nas previsões, mesmo a “melhor” <strong>de</strong>cisão po<strong>de</strong> levar aresultados negativos. A incerteza, por <strong>de</strong>finição, exclui a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se po<strong>de</strong>r garantireste ou aquele resultado, pois se o resultado po<strong>de</strong> ser garantido, então não há incerteza.Essa característica <strong>da</strong>s <strong>de</strong>cisões toma<strong>da</strong>s sob incerteza significa que a análise dos resultadosapenas não é suficiente para se avaliar a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão. A separação entreboas <strong>de</strong>cisões e bons resultados é importante quando estamos li<strong>da</strong>ndo com <strong>de</strong>cisões sobincerteza, pois coloca o foco do problema no processo <strong>de</strong>cisório. Dessa forma po<strong>de</strong>mos<strong>de</strong>compor os problemas em blocos simples, avaliar o risco envolvido, avaliar o custo/beneficio<strong>de</strong> se tentar reduzir incertezas através <strong>da</strong> coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos adicionais, e avaliara quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> análise e <strong>da</strong> <strong>de</strong>cisão.Métodos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> projetosOs riscos <strong>de</strong> um projeto provem <strong>da</strong>s incertezas a respeito <strong>da</strong>s suas variáveis básicas. As incertezas,por sua vez, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> dois tipos: incertezas <strong>de</strong> mercado e incertezas priva<strong>da</strong>s.Incertezas <strong>de</strong> mercado são aquelas que são correlaciona<strong>da</strong>s com o mercado, e incertezapriva<strong>da</strong>, ou técnica, é uma incerteza que não é correlaciona<strong>da</strong> com o mercado.Suponha que a Petrobrás esteja analisando um projeto <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> petróleo. O risco<strong>de</strong> se obter um poço seco, ou com produção abaixo do esperado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> exclusivamente<strong>de</strong> condições geológicas do subsolo que não tem correlação alguma com o mercado financeiro.Já o preço pelo qual a empresa po<strong>de</strong>rá ven<strong>de</strong>r o petróleo no futuro, ao longo <strong>de</strong> to<strong>da</strong>a vi<strong>da</strong> útil do projeto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> essencialmente do preço pelo qual o petróleo estará sendonegociado no mercado na <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> ven<strong>da</strong>. O risco do preço do petróleo ser diferente doesperado po<strong>de</strong> ser eliminado através <strong>de</strong> operações no mercado <strong>de</strong> futuros em todo ou emparte, caso a empresa conclua que este risco seja excessivo para o projeto em questão. Poroutro lado, por não ser correlacionado com o mercado, o risco privado tem Beta igual azero, e teoricamente não contribui para o aumento <strong>de</strong> risco do projeto, uma vez que é umrisco que po<strong>de</strong> ser totalmente eliminado através <strong>da</strong> diversificação.A seguir veremos alguns métodos muito utilizados para <strong>de</strong>terminar os riscos envolvidosem um projeto <strong>de</strong> investimento: Análise <strong>de</strong> cenário, análise <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e árvores <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 64


Análise <strong>de</strong> CenáriosAnálise <strong>de</strong> cenários é uma técnica que foi inicialmente <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong> pela Força Aérea americananos anos 50 para aju<strong>da</strong>r a <strong>de</strong>senvolver estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa contra possíveis ataquesnucleares <strong>da</strong> União Soviética, e foi posteriormente aprimora<strong>da</strong> pela Shell, a primeira empresaa utilizar essa metodologia, na déca<strong>da</strong> seguinte.O método <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> cenário rejeita a idéia <strong>de</strong> se tentar adivinhar o futuro - ele obriga oanalista a abrir seus horizontes, ampliar a sua visão e pensar em 3 ou 4 futuros totalmentedistintos. O objetivo principal é o <strong>de</strong> minimizar surpresas <strong>de</strong>sagradáveis, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong> seguintelógica: em épocas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s incertezas, evitar gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sastres é mais eficaz do quetentar acertar na mosca com uma única estratégia. Uma vez <strong>de</strong>finidos todos os cenáriosimagináveis, a tarefa passa a ser a <strong>de</strong> achar uma estratégia que funciona <strong>de</strong> maneira pelomenos aceitável em todos eles.O método começa a partir <strong>de</strong> um caso base, que utiliza os valores esperados do projeto emanálise. A seguir, o analista tenta supor o que aconteceria se uma outra reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que nãoa espera<strong>da</strong> ocorrer no futuro. Essa reali<strong>da</strong><strong>de</strong> alternativa po<strong>de</strong> ser uma redução <strong>da</strong> taxa <strong>de</strong>crescimento do mercado, um aumento <strong>de</strong> preço <strong>de</strong> insumos ou produtos, o advento <strong>de</strong>uma nova tecnologia com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> impactar o projeto, etc. Ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>stes cenáriosirá gerar um fluxo <strong>de</strong> caixa alternativo, que resultarão em diferentes VPLs para os diferentescenários. Os cenários mais otimistas muito provavelmente levarão o projeto a apresentarVPL positivo, e para os mais pessimistas ocorrerá justamente o contrário. Se umaquanti<strong>da</strong><strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dos cenários gerar VPLs negativos, o grau <strong>de</strong> risco do projeto seráconsi<strong>de</strong>rado alto. Na Figura 12 po<strong>de</strong>mos observar uma análise <strong>de</strong> cenário <strong>de</strong> um projetoon<strong>de</strong> a única fonte <strong>de</strong> incerteza é a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos vendidos a ca<strong>da</strong> ano. Ca<strong>da</strong> umdos cenários <strong>de</strong>termina um fluxo <strong>de</strong> caixa e o VPL correspon<strong>de</strong>nte. Uma conclusão possívelpara esta análise é que o risco do projeto parece ser pequeno em relação ao seu potencial<strong>de</strong> retorno.CenáriosPessimista Caso Base OtimistaQuant Vendi<strong>da</strong> 8.000 12.000 20.000Fluxo <strong>de</strong> Caixa 35.000 50.000 80.000VPL (15.000) 85.000 140.000Figura 12Análise <strong>de</strong> CenárioO numero <strong>de</strong> cenários a serem realizados <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> magnitu<strong>de</strong> do projeto e <strong>da</strong> avaliaçãodos riscos envolvidos. No mínimo <strong>de</strong>vem ser feitos dois cenários, um otimista e outro pessimista,que junto com o cenário base nos fornece três VPLs. O mais recomen<strong>da</strong>do é fazermais dois cenários intermediários para se ter um total <strong>de</strong> cinco cenários. Existe um numeroilimitado <strong>de</strong> cenários que se po<strong>de</strong>ria realizar, mas um excesso <strong>de</strong> cenários também nãocontribui para o melhor entendimento dos riscos do projeto.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 65


Análise <strong>de</strong> Sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong>Um projeto tem muitas variáveis que afetam o seu resultado, mas algumas tem um impactomais do que outras. A análise <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> nos dá uma indicação <strong>da</strong> importância <strong>de</strong> ca<strong>da</strong>uma <strong>da</strong>s variáveis do projeto na <strong>de</strong>terminação do VPL, e quanto o VPL se altera emresposta a uma mu<strong>da</strong>nça no valor <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> variável. Da mesma forma que com a análise <strong>de</strong>cenário, a análise <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> começa com um caso base que irá servir <strong>de</strong> referenciapara todos os outros casos. Uma característica importante <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> cenários, e que adiferencia <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> cenários, é que esta análise é feito com uma variável <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> vez,enquanto que as outras se mantém fixas no seu valor base.Geralmente estabelecemos um grau <strong>de</strong> variação <strong>da</strong> variável em questão como, por exemplo,uma variação <strong>de</strong> ± 30% em relação ao caso base. Outra maneira é <strong>de</strong> estabelecer umvalor otimista e pessimista para essa mesma variável. O valor presente líquido do projeto écalculado consi<strong>de</strong>rando esses valores extremos <strong>da</strong> variável, ao mesmo tempo em que to<strong>da</strong>sas <strong>de</strong>mais variáveis se mantêm congela<strong>da</strong>s no seu valor base. A análise indicará quais asvariáveis que mais afetam o VPL <strong>de</strong> um projeto, aju<strong>da</strong>ndo na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> se investir ou nãotempo e dinheiro para resolver algumas incertezas antes <strong>de</strong> iniciar o projeto.Exemplo: No caso do mesmo projeto do exemplo anterior, consi<strong>de</strong>ramos agora que existemtrês fontes <strong>de</strong> incerteza que afetam o fluxo <strong>de</strong> caixa: Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> vendi<strong>da</strong>, preço <strong>de</strong>ven<strong>da</strong> e custo <strong>de</strong> capital. Os limites superiores e inferiores <strong>de</strong>stas variáveis representam asestimativas otimistas e pessimistas <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las, conforme po<strong>de</strong>mos observar naFigura 13VariáveisPessimista Caso Base OtimistaQuant Vendi<strong>da</strong> 8.000 12.000 20.000Preço <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong> 20 30 40Custo <strong>de</strong> Capital 18% 15% 10%Figura 13Variáveis do ProjetoAnalisando-se novamente o projeto, agora com os valores <strong>da</strong> Figura 13 ara ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>svariáveis enquanto mantemos as <strong>de</strong>mais fixas nos seus valores <strong>de</strong> caso base, obtemos osseguinte valores <strong>de</strong> VPL. (Figura 14)VPLPessimista Caso Base OtimistaQuant Vendi<strong>da</strong> (15.000) 85.000 140.000Preço <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong> (124.000) 85.000 235.000Custo <strong>de</strong> Capital 81.000 85.000 88.000Figura 14ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 66


Po<strong>de</strong>mos concluir para este projeto que a variável Preço <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong> é uma variável críticaque acrescenta um alto grau <strong>de</strong> risco para o projeto, enquanto que a variável Custo <strong>de</strong> Capitaltem pouco efeito sobre os seus resultados. A variável Quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> Vendi<strong>da</strong> apresentaum risco médio, como já havíamos visto anteriormente na análise <strong>de</strong> cenário. Isso indicaque talvez seja proveitoso investir recursos adicionais numa tentativa <strong>de</strong> melhorar as estimativas<strong>de</strong> preço <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>, ou estu<strong>da</strong>r uma outra maneira <strong>de</strong> mitigar o impacto <strong>de</strong>sta variávelsobre o projeto.Uma <strong>da</strong>s <strong>de</strong>svantagens <strong>de</strong>sse método é a ambigüi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos <strong>da</strong>dos (otimista, pessimista),que são apenas termos vagos, com significados diferentes para ca<strong>da</strong> pessoa. Outra <strong>de</strong>svantagemé que a análise <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ra as variáveis do projeto como in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntesentre si, o que normalmente não é o caso.Árvores <strong>de</strong> DecisãoDiagramas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ou árvores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão são representações gráficas <strong>da</strong>s relações entrevárias alternativas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão e seus possíveis resultados. As árvores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão permitemo exame <strong>da</strong>s diversas alternativas <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão e seus efeitos. São atribuí<strong>da</strong>s probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>sàs conseqüências <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão. As árvores têm a vantagem <strong>de</strong> representarem graficamenteessas interações <strong>de</strong> uma maneira simples e intuitiva. Elas <strong>de</strong>vem ser manti<strong>da</strong>ssimples, pois elas se <strong>de</strong>sdobram facilmente, ficando complexas e <strong>de</strong> difícil manejo. Nos a-nos recentes, diversas ferramentas computacionais foram <strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>s com o objetivo <strong>de</strong>facilitar e automatizar o processo <strong>de</strong> construção e análise <strong>de</strong> árvores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, facilitandoconsi<strong>de</strong>ravelmente o seu manejo e permitindo a construção <strong>de</strong> árvores extremamentecomplexas.As árvores <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão têm uma convenção simples, on<strong>de</strong> as <strong>de</strong>cisões e incertezas do projetosão representa<strong>da</strong>s por nós na árvore, com os galhos representando as alternativas escolhi<strong>da</strong>sou o resultado <strong>da</strong> resolução <strong>da</strong> incerteza. Os nós são representados por um quadradoou circulo, conforme seja uma <strong>de</strong>cisão ou uma incerteza, conforme ilustrado na Figura15.DecisãoIncertezaFigura 15Um exemplo <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão é a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> uma empresa que analisa uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento.Suponha que ela tem as alternativas <strong>de</strong> investir no projeto, usar esses recursospara adquirir outra empresa que tenha um projeto semelhante, <strong>de</strong>sistir <strong>da</strong> expansão e distribuiros recursos para os acionistas através <strong>de</strong> uma distribuição <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos, ou recomprarações <strong>da</strong> empresa negocia<strong>da</strong>s no mercado. A representação <strong>de</strong>stas alternativas está i-lustra<strong>da</strong> na Figura 16. Note o uso do nó quadrado para representar que esta é uma <strong>de</strong>cisãoque a empresa po<strong>de</strong> tomar por si só.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 67


DecisãoInvestir no ProjetoComprar outra EmpresaDistribuir Divi<strong>de</strong>ndosRecomprar ações <strong>da</strong> EmpresaFigura 16Exemplo <strong>de</strong> uma DecisãoAs incertezas <strong>de</strong> um projeto são representa<strong>da</strong>s por um circulo. Um exemplo disso é o resultado<strong>de</strong> se jogar um <strong>da</strong>do, que po<strong>de</strong> ser qualquer valor discreto entre um e seis, conformeilustrado na Figura 17. Observe o uso do círculo para representar uma incerteza sobrecujo resultado não temos nenhuma influência.IncertezaUmDoisTrêsQuatroCIncoSeisFigura 17Exemplo <strong>de</strong> Incerteza: Jogar um <strong>da</strong>do (discreto)No exemplo anterior, os resultados <strong>da</strong> incerteza era um conjunto discreto <strong>de</strong> valores. Umconjunto contínuo <strong>de</strong> valores, como a temperatura media <strong>de</strong> um dia <strong>de</strong> verão po<strong>de</strong> tambémser representa<strong>da</strong> conforme mostra a Figura 18. Diversos programas especializados <strong>de</strong> arvores<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões atualmente oferecem uma gama <strong>de</strong> distribuições continuas que po<strong>de</strong>mser utiliza<strong>da</strong>s para representar praticamente to<strong>da</strong>s as distribuições <strong>de</strong> incerteza que possamocorrer em um projeto.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 68


t = 42ºt = 15ºFigura 18Temperatura no Verão (contínuo)A resolução <strong>de</strong> uma árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão se dá do final para o inicio. As incertezas são resolvi<strong>da</strong>sutilizando-se os valores esperados <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma. Por exemplo, suponha que a empresaDel <strong>Rio</strong> S.A. esteja analisando um projeto que apresenta 70% <strong>de</strong> chances <strong>de</strong> sucesso, econseqüentemente, 30% <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fracasso. Não sabemos qual será o resultadodo seu projeto, mas po<strong>de</strong>mos calcular o valor equivalente <strong>de</strong>ssa incerteza, fazendo a médiapon<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> dos VPLs resultantes. A árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão teria a forma mostra<strong>da</strong> na Figura 19:DecisãoSim0.70ResultadoSucesso$1.0000.30Fracasso-$1.200NãoFigura 19O VPL esperado do projeto é $340 (0,70 x $1.000 + 0,30 x ($1.200) = $700 - $360 =$340). Qualquer numero <strong>de</strong> incertezas po<strong>de</strong>m ser representa<strong>da</strong>s através <strong>de</strong> uma árvore <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão e resolvi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> maneira mostra<strong>da</strong> aqui.Exemplo: Rialto Investimentos quer <strong>de</strong>cidir se ela <strong>de</strong>ve investir em um dos dois projetos<strong>de</strong> risco que está analisando ou em nenhum <strong>de</strong>les. O VPL do projeto A é incerto, com umaprobabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> 0.25 <strong>de</strong> ser $0.5 milhões negativos, 0.50 <strong>de</strong> ser 0.1 milhão e 0.25 <strong>de</strong> ser$1 milhão. O projeto B tem VPL esperado <strong>de</strong> - $1 milhão, + $1 milhão e $3 milhões, comprobabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 0.35, 0.60 e 0.05 respectivamente. Qual a sua recomen<strong>da</strong>ção para a Rialto?ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 69


0,25-500.000Projeto A0,50100.0000,251.000.000DecisãoProjeto B0.350.60-1.000.0001.000.0000.053.000.000Nenhum0Figura 20Árvore <strong>de</strong> Decisão <strong>da</strong> RialtoO valor esperado do Projeto A é <strong>de</strong> $175.000 e do Projeto B é $400.000. Dessa forma, amelhor alternativa é investir no Projeto B. Observe, no entanto, que o Projeto B é mais arriscadodo que o Projeto A, pois intuitivamente po<strong>de</strong>mos observar que apresenta um <strong>de</strong>sviopadrão maior, o que equivale dizer que os seus resultados estão mais espalhados entresi.Simulação <strong>de</strong> Monte CarloA Análise <strong>de</strong> Cenário permite, na prática, apenas um número limitado <strong>de</strong> alternativas. Asimulação <strong>de</strong> Monte Carlo é uma ferramenta que possibilita consi<strong>de</strong>rar uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> alternativas possíveis, e fornece uma distribuição estatística do VPL doprojeto. Esse método foi <strong>de</strong>senvolvido nos anos 60 com o advento do computador, quepela primeira vez permitiu que os trabalhosos cálculos necessários fossem automatizados.Mais recentemente, com a disseminação do uso <strong>de</strong> computadores tipo PC, foram <strong>de</strong>senvolvidosprogramas especializados que facilitam em muito a tarefa <strong>de</strong> montagem do problemae implantação <strong>de</strong>ste método.Uma simulação <strong>de</strong> Monte Carlo requer os seguintes passos:1. Inicialmente cria-se um mo<strong>de</strong>lo matemático dos fluxos <strong>de</strong> caixa e do VPL do projeto.Essa etapa é geralmente feita numa planilha eletrônica.2. A seguir i<strong>de</strong>ntificamos quais as fontes <strong>de</strong> incertezas do projeto e estabelecemosuma distribuição <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> para ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>las. Os tipos <strong>de</strong> distribuição eos seus parâmetros po<strong>de</strong>m ser obtidos <strong>de</strong> series históricas, ou <strong>de</strong> preferência <strong>de</strong> informações<strong>de</strong> mercado futuro quando se tratar <strong>de</strong> ativos negociados como preços<strong>de</strong> comodities ou contratos <strong>de</strong> taxas <strong>de</strong> juros. Além disso, po<strong>de</strong>m ser feitas estimativasbasea<strong>da</strong>s na experiência do analista.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 70


3. O software coleta uma amostra aleatória <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s variáveis a partir <strong>da</strong>s distribuiçõesespecifica<strong>da</strong>s. Esses valores são então usa<strong>da</strong>s como entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>dospara a <strong>de</strong>terminação do VPL do projeto.4. A etapa anterior é repeti<strong>da</strong> milhares <strong>de</strong> vezes, ca<strong>da</strong> vez obtendo um VPL diferente,resultando em uma distribuição <strong>de</strong> VPLs para este projeto.Caso exista alguma correlação entre as variáveis do projeto, ela po<strong>de</strong> também ser especifica<strong>da</strong><strong>de</strong>ntro do mo<strong>de</strong>lo. O problema com este método é que a <strong>de</strong>terminação <strong>da</strong>s distribuições<strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e as correlações não é uma tarefa fácil.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 71


Exercícios:1) MotoChoque S.A. Indústria <strong>de</strong> MotocicletasA MotoChoque S.A. Indústria <strong>de</strong> Motocicletas, uma <strong>da</strong>s mais rentáveis empresas do seuramo, i<strong>de</strong>ntificou um novo mercado potencial para motocicletas elétricas, e está planejandoum investimento consi<strong>de</strong>rável nesse setor, pois acredita que po<strong>de</strong>rão vir a ser a gran<strong>de</strong>sensação em matéria <strong>de</strong> transporte urbano não poluente. Devido à sua gran<strong>de</strong> experiênciaem análise <strong>de</strong> projetos, a empresa lhe pediu para estu<strong>da</strong>r a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> financeira <strong>de</strong>sse investimentoe apresentar suas recomen<strong>da</strong>ções na próxima reunião <strong>da</strong> Diretoria.O setor <strong>de</strong> marketing estima que a MotoChoque S/A <strong>de</strong>verá dominar 10% <strong>de</strong> um mercadototal estimado em um milhão <strong>de</strong> uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s por ano, a um preço <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> <strong>de</strong> $3,750 pormotocicleta. O pessoal <strong>da</strong> engenharia informa que o custo fixo anual <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>veráficar em torno <strong>de</strong> $30 milhões, e o custo variável está estimado em $3,000 por motocicleta,e que a construção <strong>da</strong> nova fábrica implicará num investimento imediato <strong>de</strong> $150 milhões.Através do contador você fica sabendo que essa fábrica po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>precia<strong>da</strong> em 10 anos,e que a alíquota do imposto <strong>de</strong> ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> empresa é 50%. Como você já trabalha há algumtempo com a MotoChoque você sabe que a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconto utiliza<strong>da</strong> pela empresa paraprojetos com esse nível <strong>de</strong> risco é <strong>de</strong> 10% ao ano, e que o horizonte econômico do projetoé <strong>de</strong> 10 anos, já que após esse prazo a MotoChoque S.A. vai abandonar a fábrica, mu<strong>da</strong>r<strong>de</strong> ramo e passar a se <strong>de</strong>dicar integralmente a criação <strong>de</strong> camarões em Rondônia.De posse <strong>de</strong>sses <strong>da</strong>dos os seus auxiliares prepararam as projeções preliminares do fluxo <strong>de</strong>caixa apresenta<strong>da</strong>s a seguir:Ven<strong>da</strong>s anuais (Unid) = Mercado anual * Fatia do mercadoReceita anual = Ven<strong>da</strong>s anuais (unid) * Preço unitárioTaxa <strong>de</strong> Desconto = 10%(x $1.000) Ano 0 Ano 1 a 10Investimento (150.000)Receita 375.000Custo variável (300.000)Custo fixo (30.000)Depreciação (15.000)L.A.I.R. 30.000I.R. (15.000)Lucro Líquido 15.000+ Deprec 15.000Fluxo Líquido (150.000) 30.000ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 72


Após analisar essas informações, você <strong>de</strong>scobre que há uma série <strong>de</strong> incertezas em relaçãoa esse projeto. Existem dúvi<strong>da</strong>s a respeito <strong>da</strong>s estimativas <strong>de</strong> mercado e do preço <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>por se tratar <strong>de</strong> um produto novo para o qual ain<strong>da</strong> não há um mercado. Ao voltar ao setor<strong>de</strong> Engenharia você verifica que ain<strong>da</strong> não foi <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> a tecnologia que será emprega<strong>da</strong>na produção <strong>da</strong>s motocicletas, e por isso as estimativas <strong>de</strong> custo ain<strong>da</strong> são grosseiras.Você <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> então fazer uma análise <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e pe<strong>de</strong> a ca<strong>da</strong> setor que complementeas estimativas <strong>da</strong><strong>da</strong>s inicialmente com uma hipótese pessimista e outra otimista. Os <strong>da</strong>dosfornecidos estão tabulados na Tabela I.Tabela IVariável Pessimista Normal OtimistaMercado 900.000 1.000.000 1.100.000Fatia mercado 4 % 10 % 16 %Preço $3.500 $3.750 $3.800Custo variável $3.600 $3.000 $2.750Custo fixo (milhões) $40 M $30 M $20 Ma) Os economistas <strong>da</strong> MotoChoque acreditam que os preços do petróleo aumentarão, eque isso levará o país para uma recessão. Nesse caso, o tamanho do mercado diminuiriapara 800.000 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, mas, em compensação, os altos preços do petróleo tornarãomais populares os veículos elétricos <strong>da</strong> MotoChoque, aumentando a sua participaçãono mercado para 13%. Nesse cenário, o preço e o custo variável unitário são, respectivamente,$4.313 e $3.450, e os custos fixos passam para $34.5 milhões. Qual o VPLdo projeto nesse novo cenário?b) Faça uma análise <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> do projeto <strong>da</strong> MotoChoque,. utilizando as variáveis<strong>da</strong> tabela I. Quais <strong>de</strong>vem merecer mais a sua atenção?c) Dado que existem gran<strong>de</strong>s incertezas em relação às principais variáveis do projeto, aDiretoria <strong>da</strong> empresa lhe pe<strong>de</strong> para fazer uma análise <strong>de</strong> risco usando um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>simulação. Usando os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> tabela I, você estima que as variáveis mercado e fatia<strong>de</strong> mercado tem uma distribuição <strong>de</strong> probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> triangular, custo variável tem distribuiçãonormal com <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> $300, e os custos fixos tem distribuição uniformena faixa apresenta<strong>da</strong> na tabela. Assuma que os preços possíveis são apenas 3500, 2600,3750, 3900, e suas respectivas probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s são 0.10, 0.30, 0.40, 0.20. Qual o VPLesperado e o seu <strong>de</strong>svio padrão? Qual é a probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste projeto per<strong>de</strong>r dinheiro?2) Companhia ABC (I)A Companhia ABC é uma pequena empresa fornecedora <strong>de</strong> dispositivos eletrônicos, fabricandopartes e sistemas especializados para outras empresas que as usam nos seus produtos.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 73


Em fins <strong>de</strong> agosto, o dono <strong>da</strong> empresa foi contatado por um cliente para saber se estariainteressado em fornecer 100 uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> um produto novo a um preço <strong>de</strong> $1,000 ca<strong>da</strong>. Ocusto unitário <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra é estimado em $50 e o custo unitário <strong>de</strong> material em $450.Para a caixa do produto, há duas hipóteses: comprá-las fora a $300 ca<strong>da</strong>, ou comprar omol<strong>de</strong> e fabricá-las na própria empresa por $50 ca<strong>da</strong> uma. O mol<strong>de</strong> custaria $17,500, epo<strong>de</strong>ria ser utilizado novamente caso a ABC <strong>de</strong>cidisse fabricar mais <strong>de</strong>sse produto no futuro.Questões: 1) Elabore a árvore <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>sse projeto.2) O que a ABC <strong>de</strong>ve fazer ?Companhia ABC (II)A Companhia ABC está <strong>de</strong>cidindo se <strong>de</strong>ve aceitar o contrato <strong>de</strong> fabricação dos 100 produtosque lhe foi oferecido. A análise inicial indica que <strong>de</strong>ve comprar o mol<strong>de</strong> para fabricar acaixa, mas há a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ABC não conseguir produzir uma caixa <strong>de</strong> boa quali<strong>da</strong><strong>de</strong>com esse mol<strong>de</strong>, e então ter que comprar as caixas mesmo já tendo investido os $17,500.De qualquer forma, caso a ABC se <strong>de</strong>ci<strong>da</strong> por utilizar o mol<strong>de</strong> para fabricar as caixas, <strong>de</strong>veráencomendá-lo logo que assinar o contrato com o cliente, <strong>de</strong>vido ao seu prazo <strong>de</strong> entrega.O engenheiro chefe <strong>da</strong> empresa está confiante que não haverá problemas, pois a empresajá trabalhou com esse tipo <strong>de</strong> mol<strong>de</strong> no passado sem qualquer contratempo. No entanto,só ao fazer as primeiras amostras é que se po<strong>de</strong>rá ter certeza que estão boas. O custo <strong>de</strong>fazer as amostrar po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sprezado.Companhia ABC (III)Um pouco antes do dono <strong>da</strong> ABC ligar para o cliente com a sua <strong>de</strong>cisão sobre o contrato,ele recebeu um telefonema do cliente informando que o pedido talvez fosse só <strong>de</strong> 50 emvez dos 100 originais. Em todo caso, ele só po<strong>de</strong>ria confirmar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> duassemanas, mas precisava <strong>de</strong> uma posição <strong>da</strong> ABC quanto a aceitar a encomen<strong>da</strong> ou não em24 horas. A ABC sabia que o seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> barganha era pequeno, pois havia várias outraspequenas empresas interessa<strong>da</strong>s nesse contrato, e, portanto, tinha que aceitar as condiçõesimpostas pelo cliente. Sabia também que caso aceitasse o contrato, teria que adquirir omol<strong>de</strong> imediatamente, antes <strong>de</strong> saber a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> que iria fabricar. Além disso, havia orisco do mol<strong>de</strong> não funcionar. Embora não gostasse <strong>de</strong>ssa nova situação, o dono <strong>da</strong> ABCain<strong>da</strong> achava que po<strong>de</strong>ria fazer um bom negócio com esse contrato.Companhia ABC (IV)Consi<strong>de</strong>re que as probabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s incertezas <strong>de</strong>ste projetosão <strong>de</strong> 50%. Qual é a <strong>de</strong>cisão ótima <strong>da</strong> ABC neste caso?ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 74


7 - Calculando o Valor <strong>da</strong> EmpresaUm Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Valoração <strong>de</strong> EmpresaVimos anteriormente que po<strong>de</strong>mos calcular o valor <strong>de</strong> um ativo ou um projeto <strong>de</strong> investimentoestimando o seu fluxo <strong>de</strong> caixa futuro, e trazendo esses valores para a <strong>da</strong>ta presente <strong>de</strong>scontandoosao seu custo marginal <strong>de</strong> capital. Esses fluxos, por sua vez, servem <strong>de</strong> base para os retornos queos acionistas obtém dos divi<strong>de</strong>ndos e ganhos <strong>de</strong> capital.Analisaremos agora um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> avaliação <strong>da</strong> empresa como um todo, baseado no mesmo conceitoutilizado para avaliar um ativo qualquer, isto é, o método do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado. Estemo<strong>de</strong>lo equipara o valor <strong>da</strong> empresa ao valor <strong>da</strong>s suas operações.Valor <strong>da</strong> Empresa = Valor <strong>da</strong>s Operações <strong>da</strong> Empresa= V.P. Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre <strong>da</strong> EmpresaO valor <strong>da</strong> empresa então é o valor presente do fluxo <strong>de</strong> caixa gerado pelas suas operações, líquido<strong>de</strong> quaisquer reinvestimentos na empresa, que é o fluxo <strong>de</strong> caixa livre <strong>da</strong>s operações. AlgumasDefinições:NOPAT = Lucro Operacional Líquido - ImpostosO Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre é o NOPAT mais a <strong>de</strong>preciação, menos novos investimentos na empresa.FCL = NOPAT + Depreciação - Novos InvestimentosFCL = NOPAT - [Novos Investimentos - Depreciação]FCL = NOPAT - Investimento LíquidoVamos calcular, por exemplo, o valor <strong>da</strong> empresa Katayma Lt<strong>da</strong>, cria<strong>da</strong> em 1999 exclusivamentepara executar um projeto com uma vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong> 10 anos. A sua empresa controladora estu<strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> alienar a Katayama antes <strong>de</strong>sse período, e quer calcular o seu valor para efeito <strong>de</strong>negociação com um possível comprador. A projeção do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre <strong>da</strong> empresa estáapresenta<strong>da</strong> abaixo. O custo médio <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa é <strong>de</strong> 10% a.a..ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 75


2003 2004 2005 2006 2007 2009 2009NOPAT 330 385 440 495 550 605+ Depreciação 40 50 65 70 80 85- Investimentos (70) (85) (105) (115) (130) (140)FCL EmpresaValor <strong>da</strong> empresaValor <strong>da</strong>s operações <strong>da</strong> empresaO valor <strong>da</strong> empresa como um todo é o valor <strong>da</strong>s operações <strong>da</strong> empresa, que são as projeções dosfluxos <strong>de</strong> caixa futuros que estão disponíveis para se efetuar os pagamentos <strong>de</strong>vidos aos credores,e distribuição aos acionistas, isto é, livres <strong>de</strong> quaisquer necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> reinvestimentos na empresa.Uma vez <strong>de</strong>terminados esses fluxos livres provenientes <strong>da</strong>s operações <strong>da</strong> empresa, ou Fluxo <strong>de</strong>Caixa Livre <strong>da</strong> Empresa, eles são então <strong>de</strong>scontados a valor presente pelo custo <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa,que é o seu custo médio pon<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> capital e reflete o custo <strong>de</strong> oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> pon<strong>de</strong>rado<strong>de</strong> capital <strong>de</strong> todos os provedores <strong>de</strong> capital <strong>da</strong> empresa, que é o WACC.Caso a empresa possua também ativos não operacionais, o valor <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong>stes ativos <strong>de</strong>ve sersomado ao valor <strong>da</strong> empresa, assim como <strong>de</strong>vem ser também <strong>de</strong>duzidos o valor <strong>de</strong> quaisquer passivosnão operacionais, uma vez que esses ativos ou passivos não contribuíram para o fluxo <strong>da</strong>soperações, mas mesmo assim apresentam um valor <strong>de</strong> mercado.Valor <strong>da</strong> Empresa = Valor presente do FCL + Ativos não operacionaisAtivos não OperacionaisSão investimentos que não contribuem para as operações <strong>da</strong> empresa, e que <strong>de</strong>vem ser avaliadospelo seu valor <strong>de</strong> mercado e somados ao valor do negócio. Esses ativos po<strong>de</strong>m ser tanto <strong>de</strong> curtoprazo como <strong>de</strong> longo prazo, a saber:Ativo Circulante não OperacionalSão os ativos circulantes como excessos <strong>de</strong> saldos <strong>de</strong> caixa temporários ou sazonais quenão necessários para as operações <strong>da</strong> empresa. No final <strong>de</strong> 1994 por exemplo, após umano <strong>de</strong> resultados excepcionais, a Chrysler Corporation chegou a acumular um saldo <strong>de</strong>caixa <strong>de</strong> $8 bilhões <strong>de</strong> dólares, enquanto <strong>de</strong>cidia se alocava esses recursos a novos investimentosou se o distribuía aos seus acionistas. De uma forma geral, quaisquer saldos <strong>de</strong>caixa superiores a 0,5 a 2% <strong>da</strong> receita, são consi<strong>de</strong>rados excessos <strong>de</strong> caixa.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 76


Ativo Permanente Não OperacionalSão ativos <strong>de</strong> longo prazo que não geram fluxos operacionais para a empresa, mas que,apesar disso, apresentam um valor <strong>de</strong> mercado. Como não estão representados no FCL <strong>da</strong>empresa, <strong>de</strong>vem ser somados explicitamente para a <strong>de</strong>terminação do valor <strong>da</strong> empresa.Por exemplo, a Fundição Laranjeiras tem um excesso <strong>de</strong> caixa, que foi investido em títulosnegociáveis e outras aplicações <strong>de</strong> curto prazo, e um imóvel resi<strong>de</strong>ncial em Búzios, que éutilizado exclusivamente para o lazer do seu presi<strong>de</strong>nte. Esses ativos não contribuem parao fluxo operacional <strong>da</strong> Fundição Laranjeiras, portanto o valor <strong>da</strong>s operações não refletenem o valor do imóvel, nem o valor <strong>de</strong>ste excesso <strong>de</strong> caixa, que apesar disso, tem um valor<strong>de</strong> mercado. Assim, o valor <strong>da</strong> empresa calculado através apenas do seu fluxo <strong>de</strong> caixa, nareali<strong>da</strong><strong>de</strong> é menor do que o valor real <strong>da</strong> empresa, pois não estaria consi<strong>de</strong>rando o valor<strong>de</strong>stes dois ativos. Esses ativos não são necessários para a geração dos fluxos <strong>de</strong> caixa <strong>da</strong>empresa, mas mesmo assim possuem um valor <strong>de</strong> mercado e <strong>de</strong>vem ser somados ao valor<strong>da</strong> empresa calculado pelo fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>scontado.Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre <strong>da</strong> EmpresaO Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre <strong>da</strong> empresa, ou FCL, é o fluxo gerado pelas operações <strong>da</strong> empresa, e queestá disponível para todos os seus fornecedores <strong>de</strong> capital, seja próprio ou <strong>de</strong> terceiros. Ele representaa diferença entre as entra<strong>da</strong>s operacionais <strong>de</strong> caixa e as suas saí<strong>da</strong>s, e é composta do lucrooperacional após os impostos, mais a <strong>de</strong>preciação, menos quaisquer investimentos feitos em ativosque sejam necessários para a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s operações <strong>da</strong> empresa, <strong>de</strong> acordo com a estratégiaempresarial <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>. Isso inclui investimento em capital <strong>de</strong> giro, em ativo permanente, equaisquer outros investimentos em ativos. Note que o FCL não leva em conta qualquer fluxo <strong>de</strong>corrente<strong>da</strong> remuneração do capital, como juros e divi<strong>de</strong>ndos.Fluxo <strong>de</strong> caixa livre = Lucro Operacional após IR (NOPAT) - InvestimentoslíquidosVejamos o exemplo <strong>da</strong> Boreal Lt<strong>da</strong>, uma pequena empresa que apresenta os seguintes <strong>da</strong>dos eestimativas para os próximos cinco anos <strong>de</strong> operação, após o que ela irá cessar as suas operações.O seu custo <strong>de</strong> capital está estimado em 15% a.a. Qual será o fluxo <strong>de</strong> caixa livre <strong>da</strong> empresa e oseu valor?Ven<strong>da</strong>s em 2004 10.000Crescimento Ven<strong>da</strong>s 10%Margem Operacional 15% Ven<strong>da</strong>sI.R. 35% Lucro OperacionalInvestim Líquido em Ativo Perm. 15% Aumento <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>sInvestim Líquido em Capital Giro 20% Aumento <strong>de</strong> Ven<strong>da</strong>sADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 77


2004 2005 2006 2007 2008 2009Ven<strong>da</strong>s 10.000 11.000 12.100Lucro Operacional 1.650IR (578)NOPAT 1.073Invest Líq. Ativo Perm (150)Invest Líq. Capital Giro (200)FCL Empresa 723VPL (15%)Note que o investimento incremental em ativos é a diferença entre os novos investimentos e as<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> <strong>de</strong>preciação verifica<strong>da</strong>s no ano. Quando se está analisando a sua própria empresa, ovalor dos investimentos futuros geralmente já é conhecido, uma vez que as empresas <strong>de</strong> um modogeral planejam estes investimentos com bastante antecedência. Nesses casos, estes <strong>da</strong>dos po<strong>de</strong>mser incorporados diretamente no cálculo do valor <strong>da</strong> empresa. No entanto, quando se trata <strong>de</strong> avaliaroutra empresa, os seus planos <strong>de</strong> investimento futuro não são <strong>de</strong> conhecimento público, e apenas<strong>da</strong>dos históricos estão disponíveis. Nesse caso, po<strong>de</strong>-se fazer uma estimativa futura para estaempresa calculando-se a taxa <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> capital verifica<strong>da</strong> no passado e projetando-a parao futuro.Para tanto, pegue o total dos investimentos realizados nos últimos cinco anos ou <strong>de</strong>z menos a <strong>de</strong>preciaçãoe divi<strong>da</strong> esse total pelo aumento <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s verificado no mesmo período. A a<strong>de</strong>quaçãodo uso <strong>de</strong>sses valores passados para as projeções futuras vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> com que aempresa consegue aumentar a sua produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou preços em relação ao aumento dos custos dosnovos investimentos.Valor para os Credores e Valor para os AcionistasO fato <strong>de</strong> que po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>terminar o valor <strong>de</strong> uma empresa através do fluxo <strong>de</strong> caixa <strong>da</strong>s suasoperações, não quer dizer que este é o valor que <strong>de</strong>ve ser pago por um eventual comprador e futuroacionista <strong>da</strong> empresa. Ocorre que o fluxo <strong>da</strong>s operações não vão exclusivamente para o bolsodo acionistas <strong>da</strong> empresa, uma vez que há outros grupos que <strong>de</strong>tém priori<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre o recebimento<strong>de</strong>sses fluxos. Esses grupos são os credores <strong>da</strong> empresa, que são os fornecedores <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>terceiros <strong>da</strong> empresa. Assim, temos que o valor <strong>da</strong> empresa é igual à soma do valor do fluxo pertencenteaos seus credores e do fluxo pertencente aos acionistas.Valor <strong>da</strong> Empresa = Valor p/ os Credores + Valor para os AcionistasADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 78


Valor para os CredoresO valor <strong>da</strong> empresa para os credores é igual ao valor <strong>da</strong> sua dívi<strong>da</strong>. O valor <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> <strong>da</strong>empresa, ou seja, o seu passivo, é o valor presente dos fluxos <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong>vidos aos credores,<strong>de</strong>sconta<strong>da</strong> a uma taxa que reflita o grau <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>stes fluxos. Essa taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontoé o custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> terceiros <strong>da</strong> empresa, e <strong>de</strong>ve ser igual à taxa <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mentos<strong>de</strong> risco semelhante. Em termos práticos, na maioria <strong>da</strong>s vezes precisamos calcularapenas o valor total <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> <strong>da</strong> empresa na <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> sua avaliação, uma vez que eventuaisempréstimos que a empresa venha a contrair no futuro terão valor presente líquidoigual a zero, já que o valor presente <strong>da</strong>s entra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> caixa dos empréstimos será igual aovalor presente <strong>da</strong>s amortizações mais juros, quando <strong>de</strong>scontados ao custo do endivi<strong>da</strong>mento.Assim temos:Valor <strong>da</strong> Empresa = Dívi<strong>da</strong> + Valor para os AcionistasValor <strong>da</strong> Empresa para os AcionistasO valor <strong>da</strong> empresa para os seus acionistas é igual ao valor <strong>da</strong>s suas operações, menos ovalor <strong>da</strong> sua dívi<strong>da</strong>, uma vez que os credores tem priori<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre os acionistas no recebimentodos fluxos gerados pela empresa. Assim, a equação acima po<strong>de</strong> ser apresenta<strong>da</strong>também <strong>da</strong> seguinte forma:Valor para os Acionistas = Valor <strong>da</strong> Empresa - Dívi<strong>da</strong>Para se <strong>de</strong>terminar o valor <strong>da</strong> empresa para o acionista, é necessário então calcular o valor<strong>da</strong> empresa como um todo, que é o valor <strong>da</strong>s suas operações e subtrair o valor <strong>de</strong> mercado<strong>da</strong>s suas dívi<strong>da</strong>s, que correspon<strong>de</strong> ao seu passivo.No exemplo que vimos anteriormente <strong>da</strong> Katayma Lt<strong>da</strong>, se a empresa apresenta também$270.000 investidos em ativos não operacionais e um passivo <strong>de</strong> $600.000, qual seria oseu valor para os acionistas?.2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009NOPAT 330 385 440 495 550 605- Invest Incremental (30) (35) (40) (45) (50) (55)FCL Empresa 300 350 400 450 500 550Valor <strong>da</strong> empresa 1.791+ Ativo não Operac- Valor <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>= Valor p/ o acionistaADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 79


Horizonte <strong>de</strong> ProjeçãoAo contrário <strong>de</strong> ativos reais, e até mesmo projetos <strong>de</strong> investimento que na maioria <strong>da</strong>s vezes temvi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> e limita<strong>da</strong>, uma empresa, em princípio, po<strong>de</strong> ter vi<strong>da</strong> infinita. Como estimar entãoos fluxos <strong>de</strong> caixa futuros <strong>de</strong> uma empresa que tenha vi<strong>da</strong> útil ilimita<strong>da</strong>? Como incluir todos osfluxos <strong>de</strong> caixa futuros nos cálculos do seu valor? Se consi<strong>de</strong>rarmos que os fluxos muito distantesten<strong>de</strong>m a ter valor presente próximo <strong>de</strong> zero, uma <strong>da</strong>s alternativas possíveis seria <strong>de</strong> elaborar ofluxo <strong>de</strong> caixa com pelo menos 100 períodos e <strong>de</strong>sprezar os <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>vido à sua irrisória contribuiçãopara o valor total <strong>da</strong> empresa. Mas restaria ain<strong>da</strong>, no entanto, o problema <strong>de</strong> como se fazerprojeções 100 anos à frente.Ex: Calcule o valor <strong>da</strong> empresa, consi<strong>de</strong>rando um custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> 10% a.a. e um FCL <strong>de</strong> $100por ano, constante, que tenha:a) Vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong> 10 anos.b) Vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong> 30 anos.c) Vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong> 100 anos.d) Vi<strong>da</strong> útil in<strong>de</strong>termina<strong>da</strong>Uma outra alternativa é separar o valor do negócio em dois períodos <strong>de</strong> tempo distintos: o primeiro,abrangendo o horizonte viável <strong>de</strong> projeção dos fluxos <strong>da</strong> empresa, <strong>de</strong>ntro do qual se estimapossível fazer projeções confiáveis, e um valor residual, que representa o valor presente dos fluxosque ocorrerão após esse período, que é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> horizonte <strong>de</strong> projeção,Para o período até o horizonte <strong>de</strong> projeção, calcula-se o valor presente normalmente. Para o períodopós horizonte, calcula-se o valor presente <strong>de</strong> todos os fluxos futuros, projetando-se o valor doprimeiro período pós horizonte para o infinito, como uma perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>. A esse valor dá-se o nome<strong>de</strong> valor residual, ou valor continuado.Valor = V.P. fluxo até o horizonte + V.P. perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong> pós horizonteV.P. perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong> pós horizonte = Valor ResidualValor = V.P. fluxo até o horizonte + Valor ResidualA vantagem <strong>de</strong>ste método é que po<strong>de</strong>mos utilizar formulas simplifica<strong>da</strong>s para estimar os fluxospós horizonte, sem precisar projetá-los em <strong>de</strong>talhe por longos períodos.Ex: No caso <strong>da</strong> empresa Boreal visto anteriormente, se a empresa tiver vi<strong>da</strong> in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong> qual seria ovalor residual <strong>da</strong> empresa a partir do ano 2010, consi<strong>de</strong>rando que o seu crescimento será zero a-pós os cinco anos? Qual seria o novo valor total <strong>da</strong> empresa?Dado que o valor <strong>da</strong> empresa é a soma dos valores dos fluxos pré e pós horizonte <strong>de</strong> projeção, emteoria não importa qual é precisamente este divisor: o que não for incluído no fluxo pré horizonteserá incluído no período posterior, <strong>de</strong> modo que o valor total <strong>da</strong> empresa não se alterará. Na práti-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 80


ca, no entanto, a <strong>de</strong>terminação do período <strong>de</strong> projeção explícita dos fluxos importa por dois motivos:♦♦Primeiro porque, como vimos anteriormente, muitas vezes adota-se a premissa <strong>de</strong> que aempresa obterá retornos acima do seu custo <strong>de</strong> capital no período pré horizonte, e igualao seu custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>pois disso. Assim, um horizonte maior ou menor irá afetar ocálculo do valor <strong>da</strong> empresa.Segundo, porque os métodos <strong>de</strong> cálculo do valor residual partem <strong>da</strong> premissa que apóso horizonte <strong>de</strong> projeção, a empresa passa a apresentar margens operacionais constantes,obtém retorno constante tanto sobre o capital já investido quanto sobre novos investimentos<strong>de</strong> capital, e que reinveste a mesma proporção dos seu fluxo operacional aca<strong>da</strong> ano.Dessa forma, o horizonte <strong>de</strong> projeção <strong>de</strong>ve ser tal que permita à empresa atingir um estado<strong>de</strong> equilíbrio ao fim do período <strong>de</strong> projeção. Assim, esse período <strong>de</strong>ve ser o mais longoperíodo em que se possa fazer projeções confiáveis, e nunca menos do que cinco anos àfrente.Valor ResidualO cálculo do valor residual se baseia na premissa <strong>de</strong> que o horizonte <strong>de</strong> projeção foi suficientementelongo a ponto <strong>de</strong> permitir que os seguintes fatos ocorram:♦♦♦A empresa obtém margem <strong>de</strong> lucro constante, bem como um retorno sobre capitalinvestido também constanteE empresa cresce a uma taxa constante e investe sempre a mesma proporção doseu NOPAT a ca<strong>da</strong> ano.A empresa obtém retorno constante em todos os seus novos investimentos.Para muitas empresas, o valor residual representa a maior parte do seu valor, já que apenasuma pequena parcela do seu valor po<strong>de</strong> ser atribuído ao fluxo <strong>de</strong> caixa até o seu horizonte<strong>de</strong> projeção. Uma empresa que tenha como estratégia aumentar sua participação no mercadoe melhorar sua posição estratégica, provavelmente estará aumentando também as suas<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s, e investindo em expansão <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>e capital <strong>de</strong> giro. Embora essa estratégia crie valor para a empresa, o seu fluxo <strong>de</strong>caixa será pequeno no curto prazo, e a maior parte do seu valor estará no seu valor residual.Por outro lado, uma empresa que tenha como objetivo maximizar os seus ganhos <strong>de</strong>curto prazo, po<strong>de</strong>rá melhorar o seu fluxo <strong>de</strong> caixa no curto prazo porque estará reduzindoos investimentos <strong>da</strong> empresa. Nesses casos, o valor residual <strong>da</strong> empresa será pequeno. Opeso do valor residual no valor total <strong>da</strong> empresa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> então tanto <strong>da</strong> estratégia que aempresa adota, como do setor em que ela atua.Assim, po<strong>de</strong>mos perceber que o valor residual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá significativamente <strong>da</strong> estratégia e<strong>da</strong>s premissas adota<strong>da</strong>s para a empresa. Estratégias que criam valor são aquelas que conseguemproduzir retornos maiores que o custo do capital empregado para obter esses retornos.Na prática, a tarefa não é assim tão fácil. Muitas empresas atuam em setores extremamentecompetitivos ou <strong>de</strong> comodities, e muito provavelmente retornarão apenas oADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 81


seu custo <strong>de</strong> capital. Mesmo as que conseguem obter ganhos significativos por atuar emindústrias novas e <strong>de</strong> alto crescimento, acabarão atraindo outros competidores ansiosospor disputar esses altos ganhos, o que acabará forçando os retornos para baixo através <strong>de</strong>excesso <strong>de</strong> oferta e guerras <strong>de</strong> preço. A empresa crescerá em valor apenas se conseguirobter retornos acima do seu custo <strong>de</strong> capital. Na perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>, pelos motivos vistos acima,isto é muito difícil.Exercícios:1) Tiscali S.A. é uma empresa que <strong>de</strong>tém uma tecnologia proprietária que lhe permite obter umfluxo <strong>de</strong> caixa livre (FLCE) <strong>de</strong> 5 milhões anuais, e que cresce a uma taxa <strong>de</strong> 10% a.a. Ela estimaque seus concorrentes levarão <strong>de</strong> 5 a 8 anos para <strong>de</strong>senvolver uma tecnologia semelhante, eque após a entra<strong>da</strong> dos concorrentes, ela conseguirá manter os seus atuais clientes, mas nãoconseguirá atrair novos, e portanto, o seu crescimento a partir <strong>da</strong>í será zero. Se o custo <strong>de</strong> capital<strong>da</strong> empresa for <strong>de</strong> 20%, qual o valor atual <strong>da</strong> Tiscali?Resp: 32.348,33 (5anos), 36.403,72 (8anos)2) Uma empresa que tem um FCL <strong>de</strong> $200 anuais, WACC <strong>de</strong> 10% e cresce a uma taxa anual <strong>de</strong>5% ao ano em perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>, já a partir do ano 2. Qual o seu valor?Resp: 4.0003) Consi<strong>de</strong>re uma empresa com fluxo <strong>de</strong> $500 no ano 1, e que apresenta um crescimento <strong>de</strong> 5%a.a. até o período 4, zero após esse período em perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong> e um WACC <strong>de</strong> 12%. Qual o seuvalor?Ano 0 1 2 3 4 5 6FCL Empresa: 500Resp: 4.690,554) Calcule valor <strong>da</strong> empresa para acionista, consi<strong>de</strong>rando que ela tem um endivi-<strong>da</strong>mento <strong>de</strong>$1.800, um WACC <strong>de</strong> 10%, e não tem crescimento a partir do ano 5.Ano 0 1 2 3 4 5FCL Empresa: 1.000 1.000 2.000 2.300 2.600Custo médio <strong>de</strong> Capital: 10%Endivi<strong>da</strong>mento: 1.800Resp: 20.767,445) Calcular valor total <strong>da</strong> empresa, consi<strong>de</strong>rando que o WACC é <strong>de</strong> 15%, e o NOPAT, a <strong>de</strong>preciaçãoe o valor dos investimentos futuros estão relacionados abaixo. Para o período após o ano5, o valor dos novos investimentos na empresa será igual a <strong>de</strong>preciação, e portanto, o seucrescimento será zero a partir <strong>da</strong>í.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 82


Ano 0 1 2 3 4 5NOPAT 100 120 130 140 150Depreciação 10 15 18 20 22Investimentos 15 20 22 25 25Resp: 899,866) Calcule valor total <strong>da</strong> empresa abaixo para o acionista, consi<strong>de</strong>rando que haverá um crescimentoconstante <strong>de</strong> 5% a.a. do ano 7 em diante, e que o seu custo <strong>de</strong> capital é <strong>de</strong> 18%. O passivo<strong>da</strong> empresa é <strong>de</strong> 1.000,00.Ano 0 1 2 3 4 5 6 7FCL Empresa: 300 420 525 490 665 710 740Resp: 2.790,447) Calcule o valor <strong>da</strong> empresa para acionista, consi<strong>de</strong>rando que o seu custo bruto <strong>de</strong> capital <strong>de</strong>terceiros (K T ) é <strong>de</strong> 18% a.a., o seu Beta é <strong>de</strong> 1.4, a taxa livre <strong>de</strong> risco é <strong>de</strong> 10%, o retorno médiodo mercado <strong>de</strong> ações é <strong>de</strong> 20% e a alíquota <strong>de</strong> IR é <strong>de</strong> 30%. A empresa tem ativos totais <strong>de</strong>$100.000, incluindo um ativo não operacional <strong>de</strong> $4.000, e um endivi<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> $50.000. Estima-seque a empresa crescerá 5% a.a. no período pós-horizonte.Ano 0 1 2 3 4 5FCL Empresa: 10.000 13.000 15.000 17.000 19.000Resp: 62.421,718) O fluxo <strong>de</strong> caixa livre (FCL) <strong>de</strong> uma empresa é o valor final, líquido <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as <strong>de</strong>spesasoperacionais, impostos e reinvestimentos necessários para garantir a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> e o crescimento<strong>da</strong> empresa, e que está disponível para o pagamento aos provedores <strong>de</strong> capital <strong>da</strong>empresa (credores e acionistas). O fluxo <strong>de</strong> caixa livre <strong>da</strong> Drogaria Mandrake, bem como ofluxo <strong>de</strong>vido aos seus credores, foram projetados para os próximos 5 anos conforme a tabelaabaixo. A empresa tem um custo <strong>de</strong> capital (WACC) <strong>de</strong> 10.0% a.a.a) Qual é o valor <strong>da</strong>s operações <strong>da</strong> empresa, consi<strong>de</strong>rando que ela encerra as suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>sapós o ano 5?b) Consi<strong>de</strong>rando agora que a empresa contínua em ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> após o ano 5, mas com crescimentozero, calcule o valor residual no ano 5, e também o novo valor <strong>da</strong> DrogariaMandrake no ano zero.c) Qual é o fluxo <strong>de</strong> caixa dos acionistas, consi<strong>de</strong>rando que o valor residual (no ano 5) dofluxo <strong>de</strong>vidos aos credores do ano 6 em diante é <strong>de</strong> R$ 2.100,00?d) Qual o valor <strong>da</strong> empresa do ponto <strong>de</strong> vista do acionista, consi<strong>de</strong>rando que o risco doacionista é <strong>de</strong> 12% a.a.?ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 83


e) Qual o valor <strong>da</strong> empresa do ponto <strong>de</strong> vista dos seus credores, consi<strong>de</strong>rando que o seuendivi<strong>da</strong>mento geral é <strong>de</strong> 50%?Ano Fluxo <strong>da</strong> Empresa Fluxo dos Credores1 340,00 136,002 360,00 144,003 380,00 152,004 400,00 160,005 420,00 168,00Resp: a)1426,10 b)4.200,00 e 4.033,97, c)Empresa - Credores d)2.003,73 .e)2.031,21ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 84


8 - Project FinanceProject Finance po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como uma maneira <strong>de</strong> levantar recursos para financiarum projeto <strong>de</strong> investimento <strong>de</strong> capital que tenha como característica básica acapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> operar lucrativamente como uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.Exemplos <strong>de</strong> projetos que po<strong>de</strong>m operar como enti<strong>da</strong><strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte são um parque temático,uma estra<strong>da</strong> pe<strong>da</strong>gia<strong>da</strong>, um oleoduto, uma usina geradora <strong>de</strong> energia elétrica, instalaçõesportuárias, mineração e processamento <strong>de</strong> minérios, etc. Por outro lado, um altoforno <strong>de</strong> uma si<strong>de</strong>rúrgica, uma expansão <strong>de</strong> uma fábrica, um centro <strong>de</strong> pesquisa, não sea<strong>da</strong>ptam a project finance, ou porque não po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s autônomas, ouporque não geram fluxos <strong>de</strong> caixa consistentemente.Enti<strong>da</strong><strong>de</strong> Jurídica Separa<strong>da</strong>Os patrocinadores <strong>de</strong> tal uni<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong>m achar vantajoso formar uma nova enti<strong>da</strong><strong>de</strong> jurídicapara construir, <strong>de</strong>ter a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> e operar o projeto. Se forem previstos lucros suficientes,a empresa do projeto po<strong>de</strong>rá financiar a construção com base no projeto, que envolvea emissão <strong>de</strong> títulos patrimoniais para os acionistas e títulos <strong>de</strong> dívi<strong>da</strong> para os credores.Estes títulos são <strong>de</strong>senhados <strong>de</strong> tal forma a serem auto liquidáveis através <strong>da</strong>s receitasliqui<strong>da</strong>s <strong>de</strong>riva<strong>da</strong>s <strong>da</strong> operação do projeto. Apesar <strong>de</strong> apresentarem algumas característicasem comum, <strong>de</strong>vido a natureza distinta <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> investimento em consi<strong>de</strong>ração, um projectfinance geralmente precisa ser criado e projetado sob medi<strong>da</strong> para ca<strong>da</strong> projeto em particular.Um Project Finance antigo:No ano <strong>de</strong> 1299 a Coroa Britânica queria <strong>de</strong>senvolver uma mina <strong>de</strong> prata <strong>da</strong> região <strong>de</strong> Devon,mas não só lhe faltavam os recursos necessários como não havia interesse em assumiro risco do empreendimento. Foi feito um acordo com um dos principais bancos <strong>de</strong> investimentoitalianos na época, o Banco Frescobaldi, on<strong>de</strong> a Coroa Britânica cedia ao banco odireito <strong>de</strong> controlar as operações <strong>da</strong>s minas e realizar a sua exploração comercial pelo período<strong>de</strong> 1 ano, em troca dos recursos necessários para empreen<strong>de</strong>r o projeto. O contrato<strong>de</strong> empréstimo previa que o credor po<strong>de</strong>ria retirar tanto minério quanto pu<strong>de</strong>sse ou quisessedurante aquele ano, mas teria que assumir integralmente o custo <strong>da</strong>s operações <strong>da</strong>sminas. Não havia nenhuma provisão para juros, nem a Coroa Britânica oferecia qualquergarantia quanto a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> nem quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> prata que po<strong>de</strong>ria ser extraí<strong>da</strong>. A única garantia,obviamente, era o respeito ao prazo <strong>de</strong> exploração. Esse arranjo se caracteriza comoum arranjo típico <strong>de</strong> um Project Finance, sendo que essa condição do empréstimo foi aprecursora do que do que hoje se conhece como “empréstimo com pagamento em produção”.Presume-se que a produção dure entre 16 e 20 anos.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 85


Exemplo: Ponte pe<strong>da</strong>gia<strong>da</strong>Consi<strong>de</strong>re que você obteve do governo do seu estado uma concessão para explorar umaponte numa estra<strong>da</strong> do interior. O custo <strong>de</strong> construção <strong>da</strong> ponte é estimado em R$ 50 milhões,o fluxo médio <strong>de</strong> veículos diário esperado é <strong>de</strong> 20.000 veículos/dia, a tarifa médiapor veiculo será <strong>de</strong> R$2,30 e os custos <strong>de</strong> operação são <strong>de</strong> $0,30 por veiculo. O prazo <strong>da</strong>concessão é <strong>de</strong> 10 anos, após os quais a ponte e to<strong>da</strong>s as benfeitorias revertem para o governo,que em troca disso, aceitou isentar essa operação <strong>de</strong> todos e quaisquer impostos.Você, no entanto, não quer assumir todo o risco <strong>de</strong>ste empreendimento sozinho, e gostaria<strong>de</strong> atrair outros parceiros (credores e sócios) para este negócio. Você sabe que <strong>da</strong>do osriscos envolvidos, os credores irão exigir um retorno mínimo <strong>de</strong> 12% ao ano, enquantoque os seus futuros sócios esperam receber 18%, e que o i<strong>de</strong>al seria o projeto ter um endivi<strong>da</strong>mentogeral <strong>de</strong> 50%.1) Qual é o fluxo <strong>de</strong> caixa esperado do empreendimento?2) Qual é o custo <strong>de</strong> capital?3) Qual é o fluxo <strong>de</strong> caixa para os sócios do empreendimento? Você irá conseguiratrair parceiros para este negócio?Características BásicasNum project finance, os fluxo <strong>de</strong> caixa do projeto é a fonte primária <strong>de</strong> recursos para a-ten<strong>de</strong>r o retorno sobre o capital investido no projeto pelos acionistas e credores, sendoque os prazos <strong>de</strong> vencimento e os valores dos títulos são estabelecidos <strong>de</strong> acordo com ascaracterísticas dos fluxo <strong>de</strong> caixa livre do projeto. Estes títulos <strong>de</strong> dívi<strong>da</strong> do projeto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m,pelos menos em parte, <strong>da</strong> lucrativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do projeto e do valor <strong>de</strong> garantia dos seusativos. Os credores po<strong>de</strong>m inclusive exigir que o projeto tenha capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pagar o empréstimoe o serviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> mesmo em um cenário <strong>de</strong>sfavorável <strong>de</strong> mercado, o que po<strong>de</strong>envolver ain<strong>da</strong> a participação <strong>de</strong> outras garantias <strong>da</strong><strong>da</strong>s por terceiros.Outras características típicas <strong>de</strong> um Project Finance são as seguintes:♦♦♦A existência <strong>de</strong> um acordo entre as partes financeiramente responsáveis para a disponibilização,ao projeto, <strong>de</strong> todos os recursos financeiros necessários à sua finalização.Um acordo entre as partes financeiramente responsáveis (tipicamente na forma <strong>de</strong>compra <strong>da</strong> produção do projeto) que garanta que o projeto, após sua finalização tenhafluxo <strong>de</strong> caixa suficiente para aten<strong>de</strong>r suas <strong>de</strong>spesas operacionais e serviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>,mesmo que o projeto não seja bem sucedido por motivos <strong>de</strong> força maior.Garantias <strong>da</strong>s partes financeiramente responsáveis <strong>de</strong> que, ocorrendo dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s, antesou após sua finalização, haverá recursos adicionais, disponíveis, para <strong>de</strong>volver aoprojeto condições <strong>de</strong> operaçãoObserve que um Project Finance é distinto <strong>de</strong> um financiamento direto convencional pelofato <strong>de</strong> que no financiamento direto convencional os credores tem a carteira total dos ativos<strong>da</strong> empresa para geração <strong>de</strong> fluxos <strong>de</strong> caixa para o serviço <strong>de</strong> seus empréstimos. Os a-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 86


tivos e seu financiamento são integrados às carteiras <strong>de</strong> ativos e passivos <strong>da</strong> empresa. NoProject Finance o projeto é uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> jurídica distinta. Os sócios normalmente oferecemos ativos do projeto, mas nenhum dos <strong>de</strong>mais ativos (estranhos ao projeto), para garantiros empréstimos ao projeto.Project Finance não é um meio <strong>de</strong> levantar recursos para financiar um projeto economicamentefraco, que não possa gerar fluxos <strong>de</strong> caixa operacionais suficientes para servir suasdívi<strong>da</strong>s, pagar taxas e impostos e fornecer retorno a<strong>de</strong>quado aos seus sócios. Em outraspalavras Project Finance não é um meio <strong>de</strong> financiar projetos que não possam ser financiadosem bases convencionaisConsi<strong>de</strong>rações importantesProject Finance requer uma cui<strong>da</strong>dosa engenharia financeira para alocar os riscos e retornosentre as partes envolvi<strong>da</strong>s (sócios e credores), <strong>de</strong> forma mutuamente aceitável. Paraser financiado através <strong>de</strong> Project Finance, um projeto <strong>de</strong>vera incluir to<strong>da</strong>s as condições necessáriaspara que se constitua em uma uni<strong>da</strong><strong>de</strong> operacional in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e sobretudo e-conomicamente VIÁVEL. Por exemplo não po<strong>de</strong>rá ser parte integrante <strong>de</strong> outra instalação.Se o projeto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> quaisquer ativos <strong>de</strong> proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> outros em qualquer estagio<strong>de</strong> seu ciclo operacional, <strong>de</strong>vera ter garantido o acesso incondicional do projeto a essasinstalações, sempre que for preciso, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>de</strong> eventos que possam ocorrer.Project Finance po<strong>de</strong> ser benéfico para uma empresa que tenha um projeto propostoquando:♦♦A produção do projeto tiver uma <strong>de</strong>man<strong>da</strong> tão forte que os compradores estejam dispostosa aceitar contratos <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> longo prazo.Os contratos tiverem condições fortes o suficiente para que os bancos (credores) estejamdispostos a adiantar recursos para financiar a implementação do projeto com basenos contratos.Exigências Para Project FinanceQuando um projeto não possui historia operacional, o risco é gran<strong>de</strong>, pois a incerteza sobrea sua performance futura é maior do que num projeto que já esteja operando há váriosanos. Em função disso, os patrocinadores em geral e os credores em particular geralmenteexigem garantias <strong>de</strong> que existem condições técnicas para colocar o projeto em operação, etambém <strong>de</strong> que uma vez em operação, o projeto irá constituir um empreendimento economicamenteviável.Dessa forma, a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos para um projeto <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> dopatrocinador convencer os provedores <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> que o projeto é tecnicamente e economicamenteviável. A viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica implica em saber se os processos tecnológicosadotados são viáveis para a escala pretendi<strong>da</strong>, o que po<strong>de</strong> ser confirmado através <strong>da</strong> opinião<strong>de</strong> consultores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, especialmente quando envolve tecnologia não comprova<strong>da</strong>,condições ambientais incomuns ou projetos em escala muito gran<strong>de</strong>. A viabili<strong>da</strong><strong>de</strong>econômica é a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do projeto operar com sucesso e gerar fluxo <strong>de</strong> caixa suficienteADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 87


para os diversos investidores. Deve ser feita uma análise <strong>de</strong> risco para <strong>de</strong>terminar o ponto<strong>de</strong> equilíbrio do projeto sob condições <strong>de</strong> incerteza, os possíveis efeitos <strong>de</strong> atrasos no cronogramapara o inicio <strong>da</strong>s operações e também uma análise <strong>de</strong> sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> sobre as principaisvariáveis do projeto.A<strong>de</strong>quação do Project FinanceOs candi<strong>da</strong>tos i<strong>de</strong>ais a project finance são os projetos que:♦♦♦Sejam capazes <strong>de</strong> funcionar como uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s econômicas in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.Possam ser concluídos com o mínimo <strong>de</strong> incertezaQuando concluídos tenham um valor maior que seu custo (VPL positivo)Para <strong>de</strong>terminar se Project Finance é uma alternativa viável para um projeto <strong>de</strong> investimento,a análise <strong>de</strong>ve levar em conta pelo menos 5 fatores:♦♦♦♦♦Necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> terceiros e exigências dos credoresBenefícios fiscais entre as partes envolvi<strong>da</strong>sImpacto do projeto nas obrigações com dívi<strong>da</strong>s já existentes dos sóciosExigências legais e regulamentação governamental.O tratamento jurídico e contábil dos acordos contratuaisOutras questões que <strong>de</strong>vem ser respondi<strong>da</strong>s pelo patrocinador do projeto são:♦♦♦Devo fazer o projeto como um investimento 100% <strong>da</strong> empresa recorrendo as fontesusuais <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong> que ela dispõe, ou <strong>de</strong>vo constituir uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> juridicamentesepara<strong>da</strong>?Qual o montante <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento que esta enti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ve incorrer?Como <strong>de</strong>verá ser estrutura<strong>da</strong> essa dívi<strong>da</strong>, e qual o grau <strong>de</strong> recurso a empresa patrocinadora<strong>de</strong>ve ser <strong>da</strong>do aos credores do projeto em caso <strong>de</strong> inadimplência?Esses pontos ressaltam a importância <strong>de</strong> se ter uma forte relação contratual entre as partes<strong>de</strong> um Project Finance, que por sua vez, só po<strong>de</strong> existir se estas relações pu<strong>de</strong>rem ser estabeleci<strong>da</strong>se manti<strong>da</strong>s a um custo razoável.Diferenças entre um Project Finance e um Corporate FinanceEm um projeto convencional os acionistas são os responsáveis pelo sucesso ou fracasso doprojeto arcando com a totali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos lucros ou prejuízos. Fornecedores, credores e compradoresnão tem nenhuma responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, nem comprometimento, nem interesse (interesseaqui significa ganhar algo) algum no sucesso do projeto. Se o projeto não gerar fluxos<strong>de</strong> caixa suficientes para pagar suas contas ca<strong>da</strong> um isola<strong>da</strong>mente ou em grupo execu-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 88


tarão cobrança judicial <strong>da</strong>s dívi<strong>da</strong>s inclusive pedindo a falência do projeto e caso necessárioexecutando as garantias forneci<strong>da</strong>s pelos acionistas.AcionistasFornecedores Projeto ClientesCredoresOptar por um project finance, em vez <strong>de</strong> financiamento direto convencional, envolve escolheruma forma organizacional que difere <strong>da</strong> incorporação tradicional em dois aspectosfun<strong>da</strong>mentais:1) O projeto tem uma vi<strong>da</strong> limita<strong>da</strong>. Portanto a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> jurídica proprietária do projetotambém tem. O limite é a vi<strong>da</strong> útil do projeto. Uma corporação tradicional não tem vi<strong>da</strong>limita<strong>da</strong>.2) A enti<strong>da</strong><strong>de</strong> projeto distribui os fluxos <strong>de</strong> caixa do projeto diretamente para os investidores(credores e sócios) <strong>de</strong> capital do projeto. Em uma corporação tradicional os gerentescorporativos po<strong>de</strong>m reter fluxos <strong>de</strong> caixa líquidos e reinvesti-los em outros projetos<strong>de</strong> escolha <strong>da</strong> própria gerência.Um dos problemas <strong>de</strong> um projeto convencional é que o seu risco po<strong>de</strong> ser excessivo paraapenas uma empresa, po<strong>de</strong>ndo comprometer todo a sua posição financeira. Com o ProjectFinance buscamos isolar os riscos <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> tal forma que um fracasso no projetonão possa comprometer outros ativos dos acionistas. Para conseguirmos isolar os riscosdo projeto <strong>de</strong>vemos realocar os riscos <strong>de</strong> tal forma que seja aceitável para as partes envolvi<strong>da</strong>sreceber como garantia pelos seus investimentos apenas os ativos do próprio projeto.Observe que isto não gera riqueza, apenas distribui os riscos <strong>de</strong> um projeto entre os seusdiversos patrocinadores e participantes. É uma troca em que os acionistas ganham menos,em compensação não tem risco além dos seus investimentos no próprio projeto.Por outro lado, os credores aceitam garantias menores, mas em compensação ganhammais. Os compradores se comprometem com <strong>de</strong>terminados níveis <strong>de</strong> compra, em compensaçãopagam menos pelos produtos. Os fornecedores se comprometem mais com o fornecimento<strong>de</strong> matérias primas e/ou instalações em um relacionamento <strong>de</strong> parceria em com-ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 89


pensação recebem uma taxa <strong>de</strong> retorno maior e uma garantia <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> longoprazo, e assim sucessivamente.Um Project Finance exige uma engenharia financeira cui<strong>da</strong>dosa para que a distribuição dosriscos seja compatível com os retornos esperados por ca<strong>da</strong> participante do projeto, e queesta divisão seja mutuamente aceitável por todos.Vantagens e Desvantagens do Project FinanceVantagens:♦♦♦♦♦♦♦Po<strong>de</strong> viabilizar um projeto quando a enti<strong>da</strong><strong>de</strong> patrocinadora não teria recursos, créditosuficiente ou interesse em empreen<strong>de</strong>-lo sozinha.Viabilização do projeto através <strong>da</strong> obtenção <strong>de</strong> economias <strong>de</strong> escala agrupando empresascom interesses semelhantes ou complementares.Permite distribuir o risco entre os diversos participantes do empreendimento, conformea capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> e o interesse <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um.Possibilita o aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento do projeto através <strong>da</strong> reduçãodo seu risco.A diversificação do risco e o maior endivi<strong>da</strong>mento obtido através <strong>de</strong> um Project Financepossibilita reduzir o custo <strong>de</strong> capital do projeto.Permite um maior controle do <strong>de</strong>stino do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre do projetoMenor custo <strong>de</strong> insolvência, por isolar o projeto dos seus patrocinadores.Desvantagens:♦♦♦Maior complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> e custos contratuaisMaior custo <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> terceiros <strong>de</strong>vido a limitações <strong>de</strong> garantias.Maior custo <strong>de</strong> transaçãoADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 90


9 - Análise <strong>de</strong> Viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e Plano <strong>de</strong> FinanciamentoPara obter financiamento para o projeto, é necessário <strong>de</strong>monstrar aos credores e investidoresem potencial, a viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica, econômica e <strong>de</strong> crédito do empreendimento.Todos os participantes estão interessados em obter uma boa estimativados riscos e retornos que o projeto envolve, saber quem está assumindo ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong>les ese os retornos que receberão serão suficientes para compensá-los dos riscos que estarãoincorrendo.A viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> técnica envolve ter garantias <strong>de</strong> que existe e está disponível ao projeto a tecnologianecessária para a sua realização conforme proposto, tanto na fase <strong>de</strong> construçãoquanto na <strong>de</strong> operação. A viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> econômica é mensura<strong>da</strong> através do cálculo do VPLdo Valor Esperado do Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre do projeto, que por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá basicamente<strong>da</strong>s condições <strong>de</strong> mercado vigentes durante a fase <strong>de</strong> operação do projeto. A viabili<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>de</strong> crédito, ou seja, do montante <strong>de</strong> capital <strong>de</strong> terceiros que o projeto tem condições<strong>de</strong> atrair, é função <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> do seu fluxo <strong>de</strong> caixa pagar o serviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>, dovalor dos seus ativos, <strong>da</strong> rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong> espera<strong>da</strong>, <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> capital próprio do acionista,e <strong>de</strong> eventuais garantias <strong>de</strong> terceiros.Análise <strong>de</strong> RiscoUma <strong>da</strong>s principais vantagens do Project Finance é a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transferir riscos entreos seus participantes. Os credores, por exemplo, <strong>de</strong> um modo geral não estarão dispostosa suprir recursos para um projeto que não se configure como operacionalmente viável.Mas como um projeto não po<strong>de</strong> estar operando antes <strong>da</strong> sua fase <strong>de</strong> implantação, e portanto,a sua viabili<strong>da</strong><strong>de</strong> operacional ain<strong>da</strong> não foi prova<strong>da</strong>, é necessários proteger os credorescontra alguns riscos básicos que na ver<strong>da</strong><strong>de</strong> pertencem apenas aos sócios através <strong>de</strong>arranjos <strong>de</strong> garantia. Esses riscos são:Risco <strong>de</strong> Não Conclusão do Projeto:O risco <strong>de</strong> não conclusão po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> fatores monetários ou tecnológicos. Os fatoresmonetários que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>terminar a suspensão ou mesmo abandono do projeto antes<strong>de</strong> sua conclusão: variações na taxa <strong>de</strong> inflação, escassez <strong>de</strong> suprimentos críticos, atrasosinesperados nas obras ou no licenciamento, subestimarão dos custos <strong>de</strong> construção, e outrosque po<strong>de</strong>m encarecer o projeto <strong>de</strong> tal forma que ele se torne inviável antes do sua entra<strong>da</strong>em operação. A que<strong>da</strong> no preço <strong>de</strong> mercado <strong>da</strong> produção do projeto, aumentos doscustos variáveis ou fixos po<strong>de</strong>m também levar o patrocinador do projeto a interrompe-lopor ter-se tornado inviável economicamente. Fatores <strong>de</strong> risco tecnológicos são problemasenvolvendo os processos técnicos <strong>de</strong> produção que po<strong>de</strong>m se mostrar inviáveis <strong>de</strong>vido aproblemas <strong>de</strong> complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> imprevistas, que po<strong>de</strong>m tornar o projeto tecnicamente inviávelou ambientalmente con<strong>de</strong>nável.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 91


Infelizmente a literatura neste campo é bem farta. Nos Estados Unidos, o aeroporto internacional<strong>de</strong> Denver, orçado em $2 bilhões <strong>de</strong> dólares, sofreu um atraso <strong>de</strong> 2 anos e umaumento <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> $ 1 bilhão <strong>de</strong> dólares <strong>de</strong>vido a problemas no software <strong>de</strong> operação dosistema <strong>de</strong> bagagem. No Brasil, o investimento do antigo Banco Bameridus numa empresa<strong>de</strong> papel e celulose – Impacel, foi por água abaixo quando o preço <strong>de</strong> mercado caiu a-baixo do seu custo <strong>de</strong> produção ain<strong>da</strong> durante a fase <strong>de</strong> construção. O projeto foi terminado,mas nunca conseguiu ser rentável e contribuiu para o fim do seu patrocinador.Risco Tecnológico após a conclusãoO risco tecnológico existe quando a tecnologia, na escala proposta para o projeto, não a-presentar <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> acordo com as especificações ou se torna prematuramente obsoleta.O risco tecnológico se torna importante quando tratamos <strong>de</strong> tecnologia no estado-<strong>da</strong>arteem um setor com rápi<strong>da</strong> evolução tecnológica. Se a <strong>de</strong>ficiência tecnológica impõe ofracasso do projeto antes <strong>de</strong> sua conclusão, o risco tecnológico se enquadra melhor no risco<strong>de</strong> não conclusão. O sistema <strong>de</strong> transporte rápido sobre trilhos <strong>da</strong> região <strong>da</strong> Baia <strong>de</strong>São Francisco, Califórnia, implantado na déca<strong>da</strong> <strong>de</strong> 70, nunca conseguiu operar satisfatoriamente<strong>de</strong>vido a problemas tecnológicos que elevaram sobremaneira os seus custos.Risco do Negócio após a conclusão:Risco <strong>de</strong> que os recursos necessários a operação normal com plena capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> como mão<strong>de</strong> obra qualifica<strong>da</strong>, matéria prima e outros fatores <strong>de</strong> produção não estejam disponíveisem tempo ou quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>quados. Por exemplo, em projetos <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> reservasnaturais <strong>de</strong>ve-se esperar que as reservas passíveis <strong>de</strong> extração durem no mínimo duas vezesmais do que as reservas que serão extraí<strong>da</strong>s durante o período <strong>de</strong> serviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> doprojeto.Risco <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>man<strong>da</strong> pelos bens ou serviços ou os seus preços não sejam suficientespara garantir o ponto <strong>de</strong> equilíbrio econômico do projeto. Esta que<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> po<strong>de</strong>mvir através <strong>de</strong> que<strong>da</strong> no tamanho do mercado e/ou que<strong>da</strong> na fatia <strong>de</strong> mercado do projeto.Outro risco é o <strong>da</strong> eficiência administrativa e operacional, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> dosadministradores do projeto.Risco Financeiro:O risco financeiro é o risco do projeto não gerar fluxos <strong>de</strong> caixa suficientes para pagar oserviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>. Um projeto sem dívi<strong>da</strong>s (capital <strong>de</strong> terceiros, pagamento <strong>de</strong> juros) nãocorre o risco financeiro. Este risco po<strong>de</strong> vir através <strong>da</strong> volatili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s taxas <strong>de</strong> juro flutuantese/ou através <strong>da</strong> volatili<strong>da</strong><strong>de</strong> do LAJIR, embora ambos possam ser reduzidos ou eliminadosatravés <strong>de</strong> operações <strong>de</strong> hedge <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivativos no mercado futuro.Risco Cambial:ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 92


O risco cambial surge quando o VPL (Valor Presente Liquido) <strong>de</strong> um projeto é <strong>de</strong>nominadocom base em <strong>de</strong>spesas e receitas em mais <strong>de</strong> uma moe<strong>da</strong>. Assim como o risco <strong>de</strong> taxa<strong>de</strong> juros, o risco cambial também po<strong>de</strong> ser reduzido/eliminado através <strong>de</strong> operações <strong>de</strong>hedge no mercado futuro.Risco Político:É o risco <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>nças na política ambiental, política <strong>de</strong> comercio exterior, tombamentos,proibição <strong>de</strong> fabricação ou comercialização <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados produtos, inclusive <strong>de</strong> expropriação.Um exemplo <strong>de</strong> risco político é o caso <strong>da</strong> Enron, uma empresa americano <strong>de</strong> e-nergia, que estava <strong>de</strong>senvolvendo uma usina <strong>de</strong> 2.000 MW no estado <strong>de</strong> Maharashtra, naÍndia, a um custo <strong>de</strong> $2.8 bilhões <strong>de</strong> dólares, em parceria com uma empresa construtora euma empresa financeira. Após investir $600 milhões e com o projeto 25% completo, umnovo governo estadual eleito em 1995 cancelou a segun<strong>da</strong> fase do projeto e repudiou oscontratos assinados com a empresa. Outro exemplo é o caso o do projeto <strong>de</strong> uma nova fábrica<strong>da</strong> Ford no <strong>Rio</strong> Gran<strong>de</strong> do Sul, on<strong>de</strong> o novo governador eleito em 1998 também repudiouos termos do contrato assinado entre o governo estadual e a empresa, o que acaboulevando a Ford a <strong>de</strong>sistir do projeto e transferi-lo para a Bahia.Em todo o mundo a preocupação com as questões ambientais está ca<strong>da</strong> vez maior, e a legislaçãodo setor está ca<strong>da</strong> vez mais restritiva. Projetos que tem o potencial <strong>de</strong> causar impactosambientais negativos correm gran<strong>de</strong> risco político. Existe, particularmente nos EstadosUnidos, uma tendência tanto do governo fe<strong>de</strong>ral quanto estadual <strong>de</strong> fazer com queas mu<strong>da</strong>nças nas leis ambientais seja retroativa. Devido a isso, os Estados Unidos carregamo maior risco político entre todos os países <strong>de</strong>senvolvidos.Risco <strong>de</strong> Força Maior:Riscos <strong>de</strong> terremotos, incêndios, guerras, revoluções, falhas técnicas <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s, e/ououtros eventos <strong>da</strong> natureza. É gran<strong>de</strong> este risco porem alguns po<strong>de</strong>m ser hedgeados (totalou parcialmente) através <strong>de</strong> seguros ou diversificação.Arranjos <strong>de</strong> GarantiaNa maior parte dos casos, os investidores passivos são responsáveis pelo grosso do capital<strong>de</strong> um projeto. Esses investidores, que incluem tanto acionistas quanto credores, estão interessadosapenas em receber um retorno sobre o seu capital investido, não se interessandopelo controle ou operação do empreendimento. Para tanto, aceitam correr um risco <strong>de</strong>crédito, mas relutam em assumir riscos operacionais ou tecnológicos. Dessa forma, atravésdo Project Finance procuramos montar arranjos <strong>de</strong> garantia que visam isolar este investidorpassivo <strong>de</strong> todo e qualquer risco que não seja o risco <strong>de</strong> crédito.Os credores geralmente exigem dos patrocinadores garantias contratuais <strong>de</strong> que:1) O projeto será concluído mesmo que os custos exce<strong>da</strong>m o previsto2) Se o projeto não for completado, então a dívi<strong>da</strong> <strong>de</strong>verá se paga integralmenteADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 93


3) Uma vez completado o projeto, ele irá gerar um fluxo <strong>de</strong> caixa suficiente parapagar o serviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>4) Se por qualquer motivo, as operações forem interrompi<strong>da</strong>s, suspensas ou a-bandona<strong>da</strong>s, o projeto continuará a pagar o serviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>.Esses arranjos <strong>de</strong> garantia, que realocam os riscos do projeto, assim como os seus retornos,po<strong>de</strong>m tomar a forma <strong>de</strong> um contrato firme, uma tarifa, uma garantia, ou outro. Em1999 a Petrobrás <strong>de</strong>scobriu um gran<strong>de</strong> campo petrolífero na bacia <strong>de</strong> Santos com óleo <strong>de</strong>alta quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, cujos custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento será <strong>de</strong> US$1,5 bilhões <strong>de</strong> dólares. A empresaestá procurando estruturar um Project Finance para este e outros projetos, e uma<strong>da</strong>s exigências dos credores é um arranjo <strong>de</strong> garantia que assegure que a dívi<strong>da</strong> do projetoseja paga em dólar, mesmo no caso se moratória do Brasil.Para reduzir os riscos os investidores po<strong>de</strong>m (e <strong>de</strong>vem) tomar as seguintes precauções:Riscos diversificáveis:Markowitz - Montagem <strong>de</strong> Carteira diversifica<strong>da</strong>, através <strong>da</strong> contratação <strong>de</strong> diversos fornecedores,consultores, compradores, investidores, etc.Riscos não diversificáveis:Hedging: Contratos <strong>de</strong> compra e <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> a futuro e a termo, e seguros convencionaisExigir garantias reais para cobrir ambos os riscos, diversificáveis ounão:Hipotecas e outras garantia sobre ativos.7.3 Plano <strong>de</strong> FinanciamentoA elaboração <strong>de</strong> um plano <strong>de</strong> investimento envolve aten<strong>de</strong>r alguns objetivos básicos:1) Garantir a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> fundos para o projeto ao menor custo possível2) Minimizar o risco <strong>de</strong> crédito do patrocinador do projeto3) Estabelecer uma política <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> divi<strong>de</strong>ndos que maximize o retorno dosacionistas, <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s restrições dos credores e do fluxo <strong>de</strong> caixa livre do projeto.4) Maximizar o valor dos benefícios fiscais do projeto.5) Obter o melhor tratamento <strong>de</strong> regulação governamental possível.Uma <strong>da</strong>s consi<strong>de</strong>rações é <strong>de</strong>terminar qual a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento do projeto. Istoserá função <strong>da</strong> sua rentabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, do seu risco operacional, dos arranjos <strong>de</strong> garantia e <strong>da</strong>quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> crédito <strong>da</strong>s partes envolvi<strong>da</strong>s nestes arranjos. Depen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>stes fatores, oendivi<strong>da</strong>mento geral do projeto po<strong>de</strong> chegar a 70%.ADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 94


7.4 Estimando a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento <strong>de</strong> um projetoA capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como o montante <strong>de</strong> dívi<strong>da</strong> que um projeto po<strong>de</strong>suportar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguns parâmetros <strong>de</strong>terminados pelos seus credores. Um <strong>de</strong>stes parâmetrosé a exigência <strong>de</strong> que o projeto tenha um grau <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pelo menosBaa/BBB. Em 1994, a taxa <strong>de</strong> mercado correspon<strong>de</strong>nte a esta classificação nos EstadosUnidos era <strong>de</strong> 10% a.a.O mo<strong>de</strong>lo especifica que a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento <strong>de</strong>ve ser uma fração do ValorPresente do Fluxo <strong>de</strong> Caixa disponível para o pagamento do serviço <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong>, ou visto <strong>de</strong>outra forma, o VP tem que ser maior ou igual a uma múltiplo <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> total.Seja VP o valor presente dos Fluxos <strong>de</strong> Caixa disponível para o pagamento do serviço <strong>da</strong>dívi<strong>da</strong>, α o índice <strong>de</strong> cobertura <strong>de</strong>sejado, e D* o valor <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> suportável. Então:VPD* = α7.5 Exemplos:1) As projeções para o projeto <strong>da</strong> Pa<strong>da</strong>ria Pavane indicam que ela irá gerar um Fluxo <strong>de</strong>Caixa Livre <strong>da</strong> Empresa (FCLE) <strong>de</strong> $120.000 anuais em perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>randoque o custo do endivi<strong>da</strong>mento é <strong>de</strong> 20% a.a., e que os credores estipularam um α =2.0, qual o valor máximo que este empreendimento po<strong>de</strong>rá obter?Resp: D*= $300.0002) As projeções para o projeto <strong>da</strong> Pa<strong>da</strong>ria Pavane indicam que ela irá gerar um Fluxo <strong>de</strong>Caixa Livre <strong>da</strong> Empresa (FCLE) <strong>de</strong> $120.000 anuais em perpetui<strong>da</strong><strong>de</strong>. Consi<strong>de</strong>randoque o custo do endivi<strong>da</strong>mento é <strong>de</strong> 20% a.a., e que os credores estipularam um α =2.0, qual o valor máximo que este empreendimento po<strong>de</strong>rá obter?Resp: D*= $300.0003) O projeto do empreendimento imobiliário Dunas do Gabão tem um receita previstapara o seu primeiro ano <strong>de</strong> operação <strong>de</strong> $36 milhões, <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong> $16 milhões,<strong>de</strong>preciação anual <strong>de</strong> $5 milhões e alíquota <strong>de</strong> IR <strong>de</strong> 30%. A taxa <strong>de</strong> crescimentodo Fluxo <strong>de</strong> Caixa Livre <strong>da</strong> Empresa é estimado em aproxima<strong>da</strong>mente 5% a.a., e ataxa <strong>de</strong> juros sobre dívi<strong>da</strong>s (i) é <strong>de</strong> 10% a.a. Se a vi<strong>da</strong> útil do projeto for <strong>de</strong> 4 anos e oíndice <strong>de</strong> cobertura α <strong>de</strong>sejado for <strong>de</strong> 1,40, qual o valor máximo do endivi<strong>da</strong>mentopossível para este projeto?Resp: D*= $37,6 milhões.4) Uma firma tem receitas no primeiro ano <strong>de</strong> $150 milhões, <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> caixa <strong>de</strong> $26milhões, <strong>de</strong>preciação anual zero e alíquota <strong>de</strong> IR <strong>de</strong> 40%. A taxa <strong>de</strong> crescimento <strong>da</strong>sADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 95


eceitas e <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas é <strong>de</strong> 5% a.a., e a taxa <strong>de</strong> juros sobre dívi<strong>da</strong>s (i) é <strong>de</strong> 10% a.a.Se a vi<strong>da</strong> útil do projeto for <strong>de</strong> 12 anos e o índice <strong>de</strong> cobertura α <strong>de</strong>sejado for <strong>de</strong> 1,50,qual o valor máximo do endivi<strong>da</strong>mento possível para este projeto?Resp: D*= $424,36 milhões.5) Refazendo o exemplo anterior, consi<strong>de</strong>rando que o valor <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> é $350 milhões,qual <strong>de</strong>veria ser a receita mínima no primeiro ano?Resp: Receita= 128,27 milhões.6) Suponha que agora a taxa <strong>de</strong> crescimento espera<strong>da</strong> <strong>da</strong>s receitas seja <strong>de</strong> 3% ao invés <strong>de</strong>5%. Qual <strong>de</strong>vera ser o valor <strong>da</strong>s receitas do primeiro ano?Resp: Receita= 140,77 milhões.7) Suponha que o projeto levará 2 anos para ser completado, e que tenha sido negociadoum período <strong>de</strong> diferimento pelo mesmo prazo. Nesse caso, haverá uma carência para opagamento <strong>da</strong>s dívi<strong>da</strong>s por 2 anos. Qual será o nível máximo <strong>de</strong> endivi<strong>da</strong>mento nessahipótese?Resp: D* = 350,71 milhões.8) Consi<strong>de</strong>re um projeto <strong>de</strong> um trem <strong>de</strong> alta veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> cujo financiamento virá do governofe<strong>de</strong>ral e estadual, além <strong>de</strong> enti<strong>da</strong><strong>de</strong>s priva<strong>da</strong>s e bancos. O prazo média <strong>da</strong> carênciados empréstimos é <strong>de</strong> 1,244 anos, com dívi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> 200 milhões, <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> 77milhões, crescimento <strong>da</strong>s receitas <strong>de</strong> 5% e <strong>da</strong>s <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> 3% ao ano. O custo doempréstimo é <strong>de</strong> 8% ao ano, a vi<strong>da</strong> útil do projeto é <strong>de</strong> 15 anos e alíquota do IR <strong>de</strong>35%. A <strong>de</strong>preciação do projeto é <strong>de</strong> $10 milhões ao ano, constantes. Qual <strong>de</strong>ve ser ofaturamento no primeiro ano <strong>de</strong>sse projeto para aten<strong>de</strong>r as exigências dos credores <strong>de</strong>um índice <strong>de</strong> cobertura <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong> α = 1,5? (Para fazer em planilha)Resp: Faturamento=$111 milhõesADM 1381 Projetos <strong>de</strong> Empresas <strong>Prof</strong>. <strong>Luiz</strong> Brandão <strong>IAG</strong> <strong>PUC</strong>-<strong>Rio</strong> 96

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