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A Reescrita e os Caminhos da Construção do Sujeito - Centro de ...

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Apren<strong>de</strong>r a escrever através <strong>de</strong> process<strong>os</strong> <strong>de</strong> reescrita pressupõe apropriar-se<strong>da</strong>s características <strong>do</strong> gênero, assimilan<strong>do</strong> também <strong>os</strong> us<strong>os</strong> <strong>da</strong> linguagem quelhe são típic<strong>os</strong>. Mas essa apropriação não é uma cópia. Para produzir o texto queproduziram as meninas tiveram que <strong>de</strong>smontar a narrativa, perceber a relaçãofuncional entre <strong>os</strong> divers<strong>os</strong> element<strong>os</strong>, para então reorganizá-l<strong>os</strong> <strong>de</strong> outro mo<strong>do</strong>.Entretanto, o que parece preocupar a escola neste momento é o número <strong>de</strong> err<strong>os</strong>ortográfic<strong>os</strong> que as duas cometem:um belo dia Rap<strong>os</strong>a si casou com loboquan<strong>do</strong> Rap<strong>os</strong>a foi si casa quau foi o presente mais maorfoi Rei leão disi sou ou xuva éla ficou queta pensanopensaono pensano e dise quero xuva e sou no mesmo diaO pressup<strong>os</strong>to é o <strong>de</strong> que primeiro <strong>de</strong>vam ser trata<strong>da</strong>s as questões relativas aocódigo. O que acaba prevalecen<strong>do</strong> é que num texto <strong>de</strong> 41 palavras, houve 17err<strong>os</strong>. Sírio POSSENTI, em Porque (Não) Ensinar Gramática na Escola, nocapítulo "Falam<strong>os</strong> mais corretamente <strong>do</strong> que pensam<strong>os</strong>", afirma que "Há duasmaneiras <strong>de</strong> contar err<strong>os</strong>: uma é contar <strong>os</strong> err<strong>os</strong> individualmente, sem classificál<strong>os</strong>;a outra é contar tip<strong>os</strong> <strong>de</strong> erro, isto é, contar err<strong>os</strong> classifican<strong>do</strong>-<strong>os</strong>".Contem<strong>os</strong> <strong>os</strong> err<strong>os</strong> outra vez:1. Tatiana e Patrícia transcrevem a fala; não <strong>de</strong>scobriram ain<strong>da</strong> que o portuguêsé um sistema não apenas alfabético, mas também ortográfico: "si", "casa","disi", "queta", "maor", "pensano".2. Desconhecem as regras contextuais: "dise" (a letra "S", em p<strong>os</strong>içãointervocálica, nunca representa o fonema /S/), "éla".3. Desconhecem as restrições <strong>de</strong> natureza etimológica: "quau", "sou", "xuva".São 3 e não 17. I<strong>de</strong>ntificar quais tip<strong>os</strong> <strong>de</strong> err<strong>os</strong> as crianças cometem é essencialao trabalho pe<strong>da</strong>gógico. Não apren<strong>de</strong>m<strong>os</strong> a escrever uma a uma as palavras <strong>da</strong>língua: apren<strong>de</strong>m<strong>os</strong> através <strong>de</strong> regras, que não precisam ser, necessariamente,explicita<strong>da</strong>s. "Tocam<strong>os</strong> a língua <strong>de</strong> ouvi<strong>do</strong>" como diz ALBANO.Escutar o que o texto diz começa por enten<strong>de</strong>r que <strong>os</strong> err<strong>os</strong> não sãoidi<strong>os</strong>sincrátic<strong>os</strong>; <strong>os</strong> err<strong>os</strong> revelam hipóteses acerca <strong>do</strong> funcionamento <strong>da</strong> língua.Reconhecer tais hipóteses é fun<strong>da</strong>mental para que o professor p<strong>os</strong>sa eleger umconjunto <strong>de</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s com a linguagem que permita efetivamente ensinar aquiloque as crianças ain<strong>da</strong> não sabem. Neste senti<strong>do</strong>, a ortografia po<strong>de</strong> ser bem mais<strong>do</strong> que simplesmente escrever três vezes uma palavra que se errou, ou passar alimpo o que se escreveu corrigin<strong>do</strong> o que se errou: ortografia po<strong>de</strong> ser a porta <strong>de</strong>92

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