Editorialpro - Unimar

Editorialpro - Unimar Editorialpro - Unimar

11.07.2015 Views

Rafael Cerântola Siqueira et al.INTRODUÇÃOSegundo a Associação Nacional dos Fabricantesde Alimentos para animais, o mundo contém 33milhões de cães, 17,5 milhões de pássaros, 17 milhõesde gatos, 8,5 milhões de peixes, 2,04 milhões de outrosanimais, levando o Brasil a ter um consumo de 4,11milhões ton/ano de ração (ANFAL, 2010).A relação entre o homem e os animais de estimaçãojá se encontra estabelecida há séculos. Mesmosem códigos de comunicação verbal inteligíveis aoHomo sapiens sapiens, exceto as manifestações deafeto, os animais de estimação (ou pets) conquistamlugar na sociedade de consumo de massas só pelofato de necessitarem e exigirem cuidados especiais(YABIKU, 2003).Entretanto, na ultima década, o conceito de “pet”ou do animal doméstico, como parte efetiva da família,tornou-se fato no Brasil, por inúmeros fatores. Com aexpansão dos grandes centros urbanos, os animais deestimação suprem a carência de companhia das pessoasque vivem em pequenos espaços, desempenham umpapel importante na qualidade de vida de seus proprietáriose também podem atuar como apoio em situaçõesde estresse. Devido a esse aumento de afetividade entrehomem e animal, a alimentação dos animais de companhiatambém passou por uma evolução visível nasúltimas décadas, sendo que, na década 1980, a maioriadeles ainda era alimentada com os restos de comida deseus proprietários (PETBR, 2003).Os conceitos de nutrição estão se expandindopara além da fronteira da sobrevivência e satisfaçãoda fome para enfatizar a utilização de alimentos quepromovam bem-estar, melhora de saúde e redução dorisco de doenças (FAHEY, 2003), buscado compreendercomo a dieta pode maximizar a expectativa e a qualidadede vida pela utilização de ingredientes e nutrientesque desenvolvam a capacidade de resistir a doenças emelhorem a saúde (TZORTZIS et al., 2003).O emprego de alimentos na promoção de saúdese estende por diversas áreas, como saúde bucal (CAR-CIOFI et al., 2007), suporte nutricional em condiçõesde hospitalização (BRUNETTO et al., 2010) e suportenutricional em afecções clínicas diversas (TORTOLAet al., 2009; JEREMIAS et al., 2009).Os avanços na nutrição de animais de companhiatêm seguido aqueles verificados na nutriçãohumana (STEIFF; BAUER, 2001).Com essa grande gama de produtos alimentíciospara animais de companhia disponíveis para o consumidor,os proprietários começaram a escolher entreaqueles que, além de nutricionalmente balanceados,oferecessem vantagem adicionais como palatabilidadee qualidade de matéria prima (BORGES, et al.).Esses fatores levaram o mercado de alimentospara animais a crescer cada vez mais e a criar osmais diversos tipos de ração, para atender à todas asexigências nutricionais (BORGES, et al.).Hoje em dia, uns dos nutrientes mais procuradosnas rações são os ácidos graxos que atravésdos triglicerídeos que correspondem à maior parteda gordura, são fornecidos através da dieta (GURRet al, 2002).Os ácidos graxos são fontes energéticas de significativaimportância para animais carnívoros, comoo cão e o gato (CASE et al., 2000).Embora a aplicação prática da suplementaçãocom ácidos graxos essenciais na Medicina Veterináriaesteja embasada no tratamento de doenças da pelesabe-se, atualmente, que estes nutracêuticos têm sidolargamente utilizados para tratar problemas de articulaçõese doenças cardiovasculares e, provavelmente,muitas outras aplicações serão descobertas num futuropróximo.O primeiro estudo demonstrando a necessidadedietética de ácidos graxos poliinsaturados foi realizadopor Burr, em 1929. A partir daí, verificou-se que todosos animais domésticos, e mesmo os seres humanos,necessitam destas substâncias para manterem as funçõesorgânicas (LLOYD, 1989).Estes ácidos graxos podem ser divididos fisiologicamenteou quimicamente em dois grupos,de acordo com a ligação com o grupo metil. Destes,destacam-se os Ômega 3 e os Ômega 6 (REINHARTet al., 1996):Ômega 3 – (18: 3n3) Cadeia com 18 carbonos,3 duplas ligações, sendo a primeira localizada noterceiro carbono da extremidade metil (Ácido alfalinolênico).Ômega 6 – (18: 2n6) Cadeia com 18 carbonos,2 duplas ligações, sendo a primeira localizada no sextocarbono da extremidade metil (Ácido linoléico). Aquantidade diária ideal de ácido linoléico (ômega-6)é de 3 a 6% das calorias totais (de 6 a 12 gramas),enquanto á de ácido alfa-linolênico (ômega-3) éentre 1/5 a 1/2 da necessidade diária de ômega-6. Éimportante lembrar que, para a manutenção de umorganismo saudável, é necessária a ingestão diária detodos os 50 nutrientes essenciais que o mesmo requer.Os ácidos graxos essenciais necessitam especialmentedas vitaminas A, B3, B5, C, E e dos minerais magnésioe zinco para executar suas numerosas funções (Salmeron).Entretanto, muitos estudos atestam à baixapalatabilidade destes ácidos graxos quando compondodietas para diferentes espécies, inclusive relatos comcães e gatos (LEWIS et al., 1987; HILL, 1994; HANDet al., 2000; MAC DONALD, 1985; VAN DONGENet al., 2000). Apesar disso, novos trabalhos utilizandodietas práticas têm revelado que tanto cães como gatospodem se adaptar ao consumo de TCM em dosesde até 11% da EM da dieta (BEYNEN et al., 2002;TREVIZAN et al., 2009).A palatabilidade vai além da simples noção dequantidade de alimento ingerido ou da velocidade deingestão pelo cão ou pelo gato. Ela traduz certamenteo caráter atraente de um alimento para o animal que oUNIMAR CIÊNCIAS 20 (1-2), 2011 44

Avaliação da inclusão de óleo de peixe desodorizado em rações para cãesconsome (BOURGEOIS, 2004). A palatabilidade doalimento é determinada pela associação de aspectosquímicos e físicos, baseando-se no odor, na textura, notamanho, na temperatura e o sabor. Podendo relacionaras preferências caninas com a dos donos, bem como oambiente físico e social em que os cães se encontram(BOURGEOIS, 2004).OBJETIVOO presente trabalho teve como objetivo avaliar ainclusão do óleo de peixe na ração para cães no intuitode suplementar a alimentação destes com Ômega 3e 6 (ácidos graxos essenciais). Esses nutrientes sãoencontrados em grãos (processos de extração de óleos)e em peixes de água fria (sardinha, salmão, truta) oumanipulados.MATERIAL E MÉTODOO delineamento experimental foi inteiramentecasualizado com a utilização de 8 animais (SRD), emdois tratamentos: A x B, sendo o Tratamento A (ComÓleo de Peixe desodorizado - 3 π) versus o TratamentoB (Ração sem a adição de óleo de peixe), sendo quea ração A tinha 0,5 % de óleo de peixe desodorizadoincluso e alimentados uma vez ao dia, em confrontoalternado, às 9h, durante 5 dias. As rações foramavaliadas nas seguintes características: Escolha daração pela preferência pelo Cheiro (CH), na PrimeiraEscolha (PE), no Consumo Pequeno (CP), no ConsumoGrande (CG).RESULTADO E DISCUSSÃOA preferencia pelo cheiro não apresentou diferençasentre as rações (CH) A = 42 e B = 42 (Gráfico1). Assim também tanto o consumo pequeno como oconsumo grande foram semelhantes e apresentaramapenas pequenas diferenças entre as rações no ConsumoPequeno (CP) A = 15 e B = 10 e no ConsumoGrande (CG) A = 85 e B = 90 (Gráfico 3 e 4).Porém, o fato determinante foi a observação dadiminuição da Primeira Escolha (PE) A = 30 e B = 70,fato este que confirma as observações de Hill (1994) eHand et al. (2000). Esta observação é muito importantenos dias de hoje para as empresas do mercado PETque se encontra em plena expansão, buscando novasmarcas para conquistar novos clientes. Nem sempre épossível associar a qualidade dos ingredientes com amelhor resposta no consumo de ração pelos cães.CONCLUSÃOOs resultados demonstraram que, mesmo adicionandoóleo de peixe desodorizado na ração coma intenção de suplementar com ácidos graxos essenciais,os cães, com seu alto poder de diferenciaçãode palatáveis, recusaram a ração A, pois estes ácidosgraxos, quando adicionados, são percebidos pelos45UNIMAR CIÊNCIAS 20 (1-2), 2011

Avaliação da inclusão de óleo de peixe desodorizado em rações para cãesconsome (BOURGEOIS, 2004). A palatabilidade doalimento é determinada pela associação de aspectosquímicos e físicos, baseando-se no odor, na textura, notamanho, na temperatura e o sabor. Podendo relacionaras preferências caninas com a dos donos, bem como oambiente físico e social em que os cães se encontram(BOURGEOIS, 2004).OBJETIVOO presente trabalho teve como objetivo avaliar ainclusão do óleo de peixe na ração para cães no intuitode suplementar a alimentação destes com Ômega 3e 6 (ácidos graxos essenciais). Esses nutrientes sãoencontrados em grãos (processos de extração de óleos)e em peixes de água fria (sardinha, salmão, truta) oumanipulados.MATERIAL E MÉTODOO delineamento experimental foi inteiramentecasualizado com a utilização de 8 animais (SRD), emdois tratamentos: A x B, sendo o Tratamento A (ComÓleo de Peixe desodorizado - 3 π) versus o TratamentoB (Ração sem a adição de óleo de peixe), sendo quea ração A tinha 0,5 % de óleo de peixe desodorizadoincluso e alimentados uma vez ao dia, em confrontoalternado, às 9h, durante 5 dias. As rações foramavaliadas nas seguintes características: Escolha daração pela preferência pelo Cheiro (CH), na PrimeiraEscolha (PE), no Consumo Pequeno (CP), no ConsumoGrande (CG).RESULTADO E DISCUSSÃOA preferencia pelo cheiro não apresentou diferençasentre as rações (CH) A = 42 e B = 42 (Gráfico1). Assim também tanto o consumo pequeno como oconsumo grande foram semelhantes e apresentaramapenas pequenas diferenças entre as rações no ConsumoPequeno (CP) A = 15 e B = 10 e no ConsumoGrande (CG) A = 85 e B = 90 (Gráfico 3 e 4).Porém, o fato determinante foi a observação dadiminuição da Primeira Escolha (PE) A = 30 e B = 70,fato este que confirma as observações de Hill (1994) eHand et al. (2000). Esta observação é muito importantenos dias de hoje para as empresas do mercado PETque se encontra em plena expansão, buscando novasmarcas para conquistar novos clientes. Nem sempre épossível associar a qualidade dos ingredientes com amelhor resposta no consumo de ração pelos cães.CONCLUSÃOOs resultados demonstraram que, mesmo adicionandoóleo de peixe desodorizado na ração coma intenção de suplementar com ácidos graxos essenciais,os cães, com seu alto poder de diferenciaçãode palatáveis, recusaram a ração A, pois estes ácidosgraxos, quando adicionados, são percebidos pelos45UNIMAR CIÊNCIAS 20 (1-2), 2011

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!