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Editorialpro - Unimar

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Giorgina Graciela Rosolem São Germano et al.INTRODUÇÃOA combinação de anormalidades inflamatóriasdo fígado, intestino e pâncreas no gato é denominadatríade felina. Sua ocorrência pode se relacionar àsparticularidades da anatomia entre o ducto biliarcomum e o ducto pancreático principal, os quais seanastomosam, conforme se aproximam da parededuodenal (JOHNSON, 2004; WEBB, 2007). Estadisposição permite a transmissão de antígenos comoenzimas e proteínas, bactérias, agentes infecciosose toxinas provenientes do duodeno, fígado, vesículabiliar ou pâncreas para os demais órgãos. Sendo assim,colangiohepatite, doença intestinal inflamatória oupancreatite, isoladamente, podem iniciar a síndrome(SHERK, 2004).Weiss et al. (1996), num estudo envolvendo 18gatos com evidências histológicas de colangiohepatite,observaram que 83% tinham doença intestinalinflamatória, 50% pancreatite concomitante e 39%as três doenças associadas. Já Mansfield e Jones(2001a) concluíram que 89% dos gatos com doençapancreática apresentavam doença intestinal ou doençahepática associada.Na tríade, não há predileção por raça, sexo ouidade, e os sinais clínicos são vagos e inespecíficos,podendo ser intermitentes ou episódicos, como diarreiacrônica, anorexia, letargia, emese e perda de peso.Ao exame clínico observam-se febre, desidratação,icterícia, sensibilidade à palpação abdominal, espessamentode alças intestinais e margens hepáticaspalpáveis. O diagnóstico inicial baseia-se nos exameslaboratoriais e de imagem, porém, o examehistopatológico é o método eletivo na tríade, visandoà adoção de medidas terapêuticas para cada doençaque compõe a síndrome (RUST et al., 2005; WEEB,2007;; DANIEL;; SOUZA, 2008).Desta forma, devido à complexidade da doençae inespecificidade dos achados clínicos, buscou-se descreveras características da colangiohepatite, doençaintestinal inflamatória e pancreatite, com ênfase aoseu diagnóstico e terapêutica.COMPLEXO COLANGITE-COLANGIOHEPATITEO termo colangite consiste em inflamação dosistema biliar e colangiohepatite, quando há envolvimentosecundário de hepatócitos adjacentes, sendo asegunda afecção hepática mais frequente em gatos.Pode-se classificar com base na proporção de neutrófiloslinfócitos e plasmócitos infiltrados e no graude hiperplasia e fibrose ductal (DAY, 1995). Dessemodo, observa-se a colangiohepatite aguda, tambémchamada de neutrofílica ou supurativa, e colangiohepatitecrônica, também chamada linfocítica ounão supurativa. A forma crônica pode progredir paracolangiohepatite esclerosante ou cirrose biliar, quecorresponde ao estado terminal da doença (ILHA etal., 2004;; DANIEL;; SOUZA, 2008).A infecção bacteriana ascendente à árvorebiliar pode causar a colangiohepatite aguda, devidoàs particularidades anatômicas do gato, favorecendotambém a entrada de enzimas pancreáticas. Alémdisso, obstrução de ductos biliares, infecção sistêmica,toxinas, colelitíase, pancreatite e doença intestinalinflamatória podem predispor a doença (BUNCH,2001; RICHTER, 2002). Já a colangiohepatite crônicae cirrose biliar podem corresponder a estágios subsequentesda doença, em que o agente infeccioso já foidestruído, mas mecanismos imunológicos perpetuama agressão ao sistema hepatocelular (DAY, 1995).Os gatos podem apresentar colangiohepatitesem predisposição para sexo e idade. No entanto,a forma aguda é mais comum em gatos machos ejovens, com sinais clínicos como vômito, diarreia,anorexia e letargia. Ao exame físico, constatam-sefebre, desidratação, dor abdominal e, em menos de50% dos casos, icterícia e hepatomegalia (MARKS,2003;; DANIEL;; SOUZA, 2008).Na forma crônica, a maioria dos gatos é demeia-idade a idoso, sendo o curso da enfermidade delonga duração e de comum recidiva dos sinais clínicosapós semanas ou anos, caracterizados por vômito,diarreia, icterícia, hepatomegalia e raramente anorexia(CENTER, 2001). Quando há evolução do quadro paracirrose, os animais podem apresentar ascite e sinais deencefalopatia hepática, e também sangramento atravésdas cavidades, devido à síntese hepática deficiente dosfatores de coagulação ou má absorção de vitamina K(SEROGHETE et al., 2007).Dos achados laboratoriais, na forma aguda, ohemograma revela neutrofilia com desvio à esquerdae linfopenia e, na forma crônica, neutrofilia comdesvio à esquerda e linfocitose. Porém, em ambaspode ocorrer anemia discreta que evolui para anemiaarregenerativa (SEROGHETE et al., 2007). Em geral,os achados bioquímicos revelam aumento moderadode alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase(AST), gama glutamiltransferase (GGT),leve aumento de fosfatase alcalina (FA) e hiperbilirrubinemiaem ambas as formas; no entanto, hipoalbuminemiae hiperglobulinemia são mais frequentes nanão supurativa (DAY, 1995; RICHTER, 2002).Radiografias abdominais revelam achadosinespecíficos, podendo o fígado variar de tamanhonormal a aumentado com acentuado padrão lobular(SEROGHETE et al., 2007). A ultrassonografia tambémnão é específica, mas pode ajudar a identificaçãode doenças concomitantes, como pancreatite ouobstrução extra-hepática do ducto biliar (RICHTER,2000). Newell et al. (1998), ao avaliarem gatos comcolangiohepatite, por meio de exame ultrassonográfico,observaram uma aparência normal, parênquimahepático hipoecogênico difuso, vasculatura portalproeminente e anormalidades no trato biliar.UNIMAR CIÊNCIAS 20 (1-2), 2011 32

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