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Editorialpro - Unimar

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Luciano Moraes Aude et al.INTRODUÇÃOA demodicidose é uma enfermidade dermatológicacausada por ácaros do gênero Demodex(MEDLEAU, 2003). Durante muito tempo, estaafecção foi denominada popularmente por “sarnademodécica”, “sarna folicular” ou, ainda, “sarnanegra”. No entanto, pelo fato de não apresentar porsi caráter contagioso ou pruriginoso, a classificaçãocomo “sarna” não é correta, devendo, portanto, serevitada. Os Demodex são ácaros que pertencem aofilo Artropoda, subfilo Cheilicerata, classe Arachnida,subclasse Acari, ordem Acarina, subordem Trombidiforme,família Demodicidae, sendo o único gênero(FORTES, 1997). Estes artrópodes parasitam diversasespécies de animais mamíferos, inclusive aquáticos,e apresentam grau de especificidade elevado para ohospedeiro de sua predileção (GUAGUERE, 1980). Oácaro Demodex canis encontra condições ideais parasua reprodução e crescimento na fauna normal da peledos cães. Por essa razão seria possível encontrá-laem pequeno número na maioria dos animais sadios.Ocorrendo, porém, proliferação exagerada na populaçãodesses ácaros excedendo o tolerado pelo sistemaimunológico, inicia-se o processo inflamatório e,consequentemente, o surgimento dos sinais cutâneos(SCOTT et al, 2001).Durante muito tempo creditou-se exclusivamenteao Demodex canis como causa da demodicidosecanina; no entanto recentemente foram descritas novasespécies de ácaros do gênero Demodex: Demodexinjai, ou Demodex de forma longa, que é cerca deduas vezes maior que o D. canis e habita os folículospilosos e glândulas sebáceas (HILLIER; DESCH,2002) e Demodex comei, ou Demodex de formacurta, que apresenta aproximadamente a metade docomprimento do D. canis e habita o extrato córneo(TAMURA, KAWAMURA, INOUE; ISHINO, 2001;CHEN, HOU; BOURDEAU, 2002). Estes são apontadoscomo responsáveis por uma pequena porcentagemdos casos da doença. Sua patogenicidade e grau deenvolvimento ainda requerem maiores estudos, mas jáse sabe haver relação com a enfermidade (CHESNEY,1999). Seu ciclo biológico tem duração aproximada de18 a 24 dias, e envolve quatro etapas evolutivas, desdeo ovo fusiforme, passando pela larva hexápoda e ninfaoctópoda, até atingir a forma adulta (MEDLEAU,2003; ARTHER, 2009).A forma de transmissão se dá exclusivamentepor contato direto, durante o período de aleitamentodos filhotes, nas primeiras 72 horas após o parto. Aproximidade dos filhotes com a mãe favorece a transmissãodos ácaros, sendo que, apenas dezesseis horasapós o nascimento das crias, já podem ser encontradosácaros de Demodex canis nos focinhos dos cachorros(SCOTT et al., 2001). Estes ácaros têm pouca capacidadede sobrevivência no exterior e não conseguempermanecer por muito tempo na superfície da pele, perecendorapidamente por dessecação. Estas incursõesà superfície ocorrem única e exclusivamente para areprodução, o que anula, portanto, sua capacidadeinfectante. Doravante, a incapacidade de resistência noexterior, associada ao fato dos ácaros serem bastanteespecíficos em relação ao hospedeiro, faz com que ademodiciose não seja uma doença contagiosa (SCOTTet al., 2001). Mesmo com inúmeras pesquisas registradasnas últimas décadas, a patogenia da demodiciose étão complexa que ainda não foi totalmente elucidada.Parte disso deve-se ao caráter multifatorial da doença,havendo fatores imunológicos, genéticos, ambientais,bacterianos, parasitológicos e individuais (MUEL-LER, 2004; VERDE,2005).Scott et al. (2001) afirma que cães de raça pura,em particular Airedale Terrier Bobtail, Boston Terrier,Boxer, Buldogue Inglês, Bull Terrier, Doberman,Galgo, Afegan Hound, Malamute do Alaska, ScottishTerrier, Sharpei, Weimaraner, West Highland WitheTerrier, parecem ter predisposição ao desenvolvimentoda demodiciose, sobretudo em idade juvenil. Os autoresafirmam ainda que essa predisposição hereditáriaracial parece ser baseada em um modelo autossômicorecessivo de transmissão genética. A patogenia dademodicidose apresenta diferenças fisiopatológicasbem delimitadas em relação à ocorrência da doençaem animais jovens e adultos. Em animais jovens aocorrência da doença está associada a uma predisposiçãogenética que permite o aparecimento de umadisfunção no sistema imunitário que permite a proliferaçãoexacerbada de ácaros na pele, além de fatoresestressantes devido ao fato de o sistema imunológicodestes animais ainda se apresentar falho (SCOTT etal, 2001; GOUGH; THOMAS, 2004).Animais adultos com demodicidose apresentam,na maioria dos casos, doenças concomitantessistêmicas ou que foram submetidas a terapias imunossupressoras.Doenças hormonais, como diabetesmellitos, hiperadrenocorticismo, hipotireoidismo,neoplasias malignas, leishmaniose, babesiose, erliquiosetambém são comumente relatadas e associadasa esta progressão da demodiciose na idade adulta(SCOTT et al, 2001;; SHIPSTONE, 2000;; MOZOSet al, 1999; TARELLO, 2007).A demodicidose na idade adulta também podeser considerada o reflexo de uma forma juvenil quetenha recidivado ou que não tenha sido diagnosticadaanteriormente (BURROWS, 2000). Em alguns animais,muitas vezes não é possível diagnosticar fatoresconcomitantes, assim como, em alguns casos, a doençase manifesta aparentemente de forma idiopática, sendoesta última mais frequente em cães da raça CockerSpaniel (SCOTT et al., 2001; GROSS et al., 2005).Alguns aspectos importantes a serem consideradosque podem contribuir para o aparecimento dademodicidose são: a condição corporal do animal, anutrição, a fase estral, parto e lactação, endoparasitoses,estresse, tipo de pelagem, condições ambientaisUNIMAR CIÊNCIAS 20 (1-2), 2011 24

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