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divo za plano t ke trabalho - SINDAFEP

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Página aNOTIFISCOMaio/89Lupas Et AgnusEstamos atravessando umaépoca até certo ponto engraçada;engraçada porque deixatransva<strong>za</strong>r um humor terrivelmentenegro sob a aparência da mais sincerapostura patriótica. Refiro-me àrotulação de marajá ao funcionáriopúblico. De repente, por toda partedeste país começou-se a culpar ofuncionário público por tudo deruim que vem acontecendo por estasplagas. E o que é mais curioso éque senhores de gordíssimas retiradasmensais começaram a se posarde paladinos da defesa da coisa pública,especialmente a coisa públicadenominada imposto, mais especificamentea parcela empenhadano pagamento do servidor público.E a pichação se difundiu, conspurcandotodos os funcionários públicos,chegando-se ao ponto de qualquerfedelho sem mérito algum,sem qualquer serviço prestado à comunidade,sem qualquer experiênciaséria de vida, fazer referências,não diria irônicas porque a ironia éproduto da inteligência, mas de go<strong>za</strong>çãoao servidor público como sendoaquele que vive às expensas doEstado sem suar a camisa. Em outraspalavras, de vagabundo, de sangue-suga,de alguém cuja presençano Estado é uma praga, uma pesteque deve ser eliminada a bem dessamesma coisa pública. Criou-se umasituação grotesca contra quem nadaou quase nada tem a ver com o desperdíciode recursos públicos deste--país.U funcionário público é meroexecutor de determinações emanadasda administração política. Ora,quem é que detém as deliberaçõesadministrativas, a não ser os políticoscujo poder lhes foi conferidopelo povo em processo de eleiçãointeiramente livre? É o político quecomanda o processo administrativo,é ele que nomeia o funcionário público,é ele que determina seu pagamento,é ele que estabelece os esquemasadministrativos. Ao funcionáriosó compete acatar tais determinações,pois é o que preceituaseu estatuto, desde que não manifestamenteilegais.Ora, se há funcionário públicoganhando demais, e creio que haja,a culpa não é dele e, sim, do administradorpolítico que permitiu quetais coisas acontecessem. Quem nestemundo que vai enjeitar dinheiroque se lhe oferece? É absolutamentecerto que não há nenhum alto saláriocuja concessão não esteja publicadaem Diário Oficial, e está legivelmenteassinada por administradorpolítico.Entretanto, quem é que movimentaa máquina burocrática estatalsenão o funcionário público? A-final, o que seria o Estado sem ofuncionário público? Seria algumacoisa viva?Sabemos que em todas as repartiçõespúblicas há homens e mulheresdedicadíssimos às funções quedesempenham. É graças a essas pessoasque o Estado, como burocracia,anda. E essas pessoas não podemsofrer agressão á sua integridademoral só porque há alguns funcionáriosque são relapsos. Afinal,onde não há relapsos? Punam-se osrelapsos e deixe-se em paz quemtrabalha! Toda pessoa, até que setenha prova em contrário, tem direitoao respeito de seus concidadãos.Mas, vejamos esses ilustres cidadãosque vêm sistematicamentepichando os funcionários públicosde sugadores dos cofres públicosem detrimento da comunidade.Quem são eles? O fato de não seremfuncionários públicos não significaque não vivam às custas dobolo da rique<strong>za</strong> nacional. Dentrodessa ótica, são tão ou até mais marajásque os tais marajás do serviçopúblico. De onde lhes vem o ricosalário? Sai de algum lugar. Quempaga não está lhes transferindo partede seu patrimônio; está lhestransferindo parcelas dos lucros advindosde suas atividades comerciais.Conseqüentemente, de recursosrecolhidos de consumidores quenada mais são do que o povo, aoqual eles falam de boca cheia, comodefensores de seus direitos! Qual adiferença então entre os que recebemdos cofres públicos e esses ilus-Edivino FerrariDRRtres senhores que recebem daquiloque o povo paga quando compra?Eis aí a grande hipocrisia, agrande farsa! Deviam sentir vergonhaquando picham outros cidadãosde marajás como se eles não o fossem!Isso tem nome: indignidade! Oque faz lembrar a fábula do lobo edo cordeiro. O cordeiro foi acusadode sujar a água, agredido e mortopelo lobo porque era indefeso, erao mais fraco!Embora nem todos tenham coragemde reconhecer, trabalharnão é lá grande coisa. OJoão A.F. da Silva, por exemplo,trabalha por rigorosa prescrição médica.É verdade!O Doutor, na última consulta,mediante polpudos honorários, lhereceitou:—João A.F., você tem que trabalhar. . . sob pena de morrer defome.—Mas Doutor...—Nada de mas, ou trabalha ou .... já viu!— Tá bom, vou aproveitar ecumprir as ordens do chefe que medesignou para ir a Brasília participarda reunião do FAZ-DE-CON na 2e feiras, das oito da manhã àsonze da noite; na quarta, mesmohorário, no Ministério da Fazenda,tratar da suspensão do pepino, diferimentoda abobrinha e redução damandioca, da base-de-cálculo damandioca, é claro! Quinta e sexta,Grupo de Trabalho do trigo, milho,cevada e outros grãos em saco. . .haja saco!Retorno no sábado, se tivervôo, lugar, teto, etc.Agruras de um A.F.Entusiasmado lá vai o João A. F.se preparar para a viagem.Malas prontas, passagem de idae volta no bolso, só faltam as diárias.No S.A.A. fazem-se os cálculos:— Saída no domingo às trezehoras, retorno no sábado ... chegadaàs dezesseis . deixa veruma, duas ... seis!Seis diárias a .. hum ... total... pronto!Assine aqui, aqui, aqui e maisaqui.Começa a desaparecer o entusiasmodo pobre João A.F. que faz~ErGeorges Jean BruelIGTcontas e mais contas:E mais assinatura do que dinheiro!Seis dias em hotel de quatro ...não dá ... três ... acho que empata. .. duas estrelas, sobra prá umcachorro quente e dois cafezinhosque posso economi<strong>za</strong>r porque cafezinhotem de graça lá no Ministério.Já sei:Na viagem de ida forro a barrigario avião e economizo o jantar.Pago o pernoite. Deixo o hotel nasegunda e o dinheiro dá para o almoço.Não janto . • . estou meiogordo mesmo!Um bom comercial com biferefaz as forças na terça-feira e, naquarta, pago uma pousada. Quinta-feiraalmoço, sexta durmo e sábado,viagem de volta, me empanturrono avião.Soma dos gastos bem balanceadosmenos as diárias recebidas .. .do meu só gastei um tanto.Na volta, lá entre as nuvens, estômagorefeito, degustando umbom wisky por conta da Companhia,que ninguém é de ferro, Joãofica a refletir:— Aquele médico safado me enganou.Se continuo trabalhando assim,morro de fome.

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