Página 6 NOTIFISCO Maio/89De quem é a responsabilidade?"Se você está chegando para criticar o que está feito, estáchegando tarde. Deveria ter chegado mais cedo para ajudar afazer. Assinado: Quem fez quando ninguém queriafazer." (Autor Anônimo)José A. CamargoADRH/CREO Notifisco, nosso querido"pasquim", tem se mostrado extremamenteútil como órgão divulgadordo pensamento, das expectativas,das frustrações, enfim, dos sentimentosdominantes da classe fazendária.Esta linha de pensamento imprimidaneste periódico, tem produzidobons <strong>trabalho</strong>s de interesse daclasse, expondo dificuldades, a necessidadede correção de rumos, deimplantação de medidas oportunasde nature<strong>za</strong> gerencial, ou sejam, sugestõesque objetivam o amadurecimentoda Administração Tributáriado Estado.No entanto, parece-me que muitosdesses artigos, com o devido respeitoque merecem seus autores,têm pecado pela falta de objetividade,pela falta de clare<strong>za</strong> na exposiçãode idéias, de clare<strong>za</strong> no quetange aos problemas que analisam eexpõem e, o que penso ser um errofundamental: NÃO APONTAM SU-GESTÕES PRATICAS PARA SO-LUÇÃO DOS PROBLEMAS.A crítica, segundo o seu maisprofundo significado, deve embasar-seem critérios objetivos, claros,numa apreciação minuciosa de todosos componentes, de qualquernature<strong>za</strong>, daquilo que se critica (ouse julga), para que o julgamentoconseqüente ofereça alternativas desolução.A crítica pela crítica, com a finalidadeúnica de censura, de ironia,não aproveita a nada, nem aninguém, nem mesmo ao seu autor.E compreensível que a insatisfação,a emoção, a falta de perspectiva,alterem substancialmente aquiloque se pretende atingir quando secrítica. Não se pode deixar de consideraristo. Não obstante, não podemosperder de vista a responsabilidadepessoal de quem critica, ecomunal, isto é, da classe fazendária,quando a situação da AdministraçãoTributária do Estado. Principalmentedos que se encontramem posição de chefia, de gerência,de comando.Qualquer servidor fazendário,que ocupe um cargo de confiança,em comissão, que faz, assim, partedo Corpo Diretivo da CRE, étambém responsável pelos problemasou distorções que enxerga nasua estrutura organi<strong>za</strong>cional. Quemocupa cargo de direção, chefia e assessdramentoé responsável, conjuntamente,por aquilo que critica, basicamentepela solução daquilo quejulga estar errado.Inclusive, 'por uma questão deprofissionalismo responsável, a discussãoinicial de quaisquer problemasde origem gerencial, que prejudiquea consecução dos objetivosorgani<strong>za</strong>cionais, certamente aquelesrelacionados a política fiscal doEstado, de responsabilidade da Coordenaçãoda Receita do Estado,devem ser discutidos, tratados, considerados,analisados, no âmbito doseu Corpo Di:-etivo. Não se justificaa sua divulgação pública sem asua consideração no âmbito interno.Se não formos capazes de diagnosticar,com serenidade e franque<strong>za</strong>,nossas dificuldades estruturais,de análisá-las, discuti-las e encontrarmosalternativas de correção, desolução, é porque somos incompetentes?Se, por outro lado, nos sentimosimpotentes, porque continuamos?Por uma questão de coerênciapessoal, profissional, familiar, declasse, há necessidade de continuarmos."Não desanimes, mesmo quetudo te pareça derrota. Conseguiráslevantar-te, se caíres. Passamos pés, fica, porém, a terra", alerta-nos,oportunamente, meu caroClaudinê, uma das mais nítidasconsciência profissional e humanada Coordenação da Receita do Estado.Agora, se desistirmos, por umaquestão de coerência moral, honestidadee lealdade profissional, deveríamospermanecer integrados aoCorpo Diretivo da organi<strong>za</strong>ção?Não estaríamos, dessa forma, compactuandocom aquilo que julgamose divulgamos estar errado? Nãoestaríamos, em conseqüência, assumindoa responsabilidade, neste casocomunal, pelas anomalias estruturaise gerenciais? Assim, quandocriticamos, não estamos criticandoa nós mesmos?Certamente, tudo isto é umaquestão de nature<strong>za</strong> pessoal, que cabea cada um decidir. Mas seria altamentebenéfico, para a organi<strong>za</strong>ção,para a classe fazendária, se refletíssemoscom seriedade e sobriedadesobre isto, sob pena de não enxergarmosque nós mesmos, pessoalmente,estamos nús.Segure-sefazendo segurosInformamos aos colegas, que nossa apólice coletiva de automóveisestá indo a todo vapor. Lembramos que ao renovar ou fazer o seguro doseu carro, procure os escritórios da Sul América em todo o Estado.Exija que na proposta onde diz, "nome do proponente/razão social",seja escrito: AFFEP —JOÃO MARIO CORDEIRO, para que seunome seja incluído na apólice coletiva. Esclarecemos que quanto maiorfor o número de veículos segurados, maiores serão os descontosa favor da classe. Outras informações contate o telefone (041)232-2344 R-257, com o Odilon, José Carlos ou Lourival (foto).José Carlos e Odilon
, .,e; nMaio/89 NOTIF ISCO Página 7Burocracia, buropatiae buroseDo caos à ordemno caosAlexandre do Espírito SantoBUROCRACIA: sf. 1. "Administraçãoda coisa pública porfuncionários, sujeitos a hierarquiae regulamentos rígidos." —Aurél:o Bli a rqu e de Holanda Ferreira.No conceito popular a burocrajae conseqüentemente a administraçãopública é considerada comoalgo moroso, de difícil acesso, cheiode papelório e de funcionários desmotivadospara o exercício de suasatividades. Este conceito dado pelosleigos à burocracia, segundo a TeoriaGeral de Administração (TGA),refere-se às disfunções do sistema enão ao sistema em si.A Teoria Burocrática, foi ideali<strong>za</strong>dapor Max Weber — Economistae Sociólogo Alemão e desenvolveunotadamente a partir de 1940, tendosido adotado pelas administraçõespúblicas, grandes empresas, organi<strong>za</strong>çõesreligiosas e cooperaçõesmilitares. Sua adoção foi motivadapor ser considerada um modelo deeficiência, onde cada tarefa podeser definida antecipadamente, tornando-sepossível prever resultadoscom grande antecedência.Todavia, todo processo administrativo,sofre ao longo do tempodesvios que resultam em disfunçõescausadas pela interferência de variáveisendógenas e exógenas ao sistema.Os Serviços Públicos pela suacaracterística de legalidade, rigidezde normas e constantes mudançasno comando, é muito vulnerável aestas disfunções, levando a organi<strong>za</strong>çãoa se fechar em si mesma.As conseqüências deste enclausuramento,chamado pelos expertsem comunicação de "MIOPIA EMMARKETING", leva ao aparecimentode uma doença funcionalchamada de BUROPATIA.A BUROPATIA, caracteri<strong>za</strong>sepelo excesso de zêlo e a pertináciaaos regulamentos causadas prin-Laércio Rodrigues de Oliveira8? DRRcipalmente pela insegurança dos integrantesdo sistema. Como conseqüênciaa buropatia leva à 3URO-SE que é a ojeri<strong>za</strong> dos usuários destaorgani<strong>za</strong>ção por esse comportamento.Por outro lado o Estado, aolongo de nossa história, tomou parasi a tarefa de PAI e PROVEDOR dagrande maioria da população. Ecom o advento da crise econômica,e o acentuamento das disparidadesna distribuição da renda é naturalque a nação brasileira questione aeficácia do modelo adotado. Diantedeste quadro, qual seria o papel dasENTIDADES PÚBLICAS?As modernas teorias de administraçãosugerem que devamos repensaro modelo, estruturar o quadrode pessoal e moderni<strong>za</strong>r os instrumentosoperacionais.Percebe-se na Delegacia Regionalda SEFA/LONDRINA a preocupaçãoconstante com estas questõesO SIAP — Sistema de AdministraçãoParticipativa, vem se transformandoem um forum de debates equestionamentos sobre administraçãopública. Temas sobre motivação,eficácia e eficiência, desenvolvimentogerencial e etc., são discutidosamplamente nas reuniões semanaispelas principais lideranças da8ȧ DRR.Acentua-se também a informati<strong>za</strong>ção,condições básicas para moderni<strong>za</strong>çãooperacional. E para viabili<strong>za</strong>resse processo, desenvolve-setreinamentos em informática, matemáticafinanceira e inglês, visandodotar o pessoal de condições funcionaispara este novo tempo.Ações desta nature<strong>za</strong>, que objetivama melhoria dos serviços públicos,devem ser vistas com empatia,pois, é uma tentativa salutar, quecom certe<strong>za</strong> trará benefícios paratodos.(Transcrito da Folha de Londrina)OBrasil é imortal e o seu povoindestrutível. Somos comouma estranha espécie de microorganismoque se alimenta coma doença e se adapta aos remédioserrados. Não há efeito estufa, nemdesacertos de economistas, nem incompetênciade governantes, nemroubos, nem omissões criminosas,que não nos fazem mais fortes. Nadase pode fazer para destruir umpovo que aprendeu desesperança.Perversamente ou não, muitos brasileiroscom algum poder de destruiçãoaprenderam isso. Quandoum povo é assim percebido, mesmoquando percepção não seja semprerealidade, ele não tem mais direito aqualquer opinião. Ninguém podeestar interessado em opiniões deperdedores adaptativos.Somos um povo que aprendeua conviver com os extremos e temospressa de explorá-los, diminuindocada vez mais a parte central, atéque eles se encontrem numa imprevisívele esperada explosão. Há tambémoutros países caminhando paraesse ponto histórica Provavelmenteesse seja o processo inovador para aformação do quarto mundo: umaraça resistente às deficiências psíquicase fisiológicas e economicamenteanfíbia. Podem deixar vir eacontecer o marxista Lula ou o esquerdistaBrizola, o centrista Ulysses,ou um outro ficcionista qualquer.Nenhum deles nos destruiráou estancará nossa marcha rumo àeliminação da área central, em queainda se acomodam 68 por cento deperplexos. e a caminhada inexorávelda busca do caos absoluto.Os bons propósitos destes e deoutros candidatos, assim como aaplicação de mecanismos corretivos,inteligentemente devisados, serãoapenas paliativos, alimentadores indiretosde futuras desesperanças.Não há exercício de poderque produ<strong>za</strong>voltagem suficientementeforte por suficiente tempo paraconter a marcha. Cada nova medidaeconômica colocará mais petróleono fogo da inflação. Quanto maisinflação, mais patronato político,mais emprego e mais sobrevivência.A demissão de dezenas de milharesde funcionários desnecessários eociosos é uma impossibilidade prática.O governante que tomar essamedida sairá primeiro, ou terá queenfrentar um impeachment Poderpolítico abundante, inestancável inflaçãoe empreguismo estatal são fatoresinseparáveis da equação necessáriapara se manter o status quo.No futuro seremos um bom e-xemplo do que um país tem que fazerpara entrar no caos. A fórmula,como nós já aprendemos até agorainclui: contínuo aumento dos saláriosde quiescentes legisladores; crescentein tervenção do Estado na economiade mercado; continuar fazendodo Estado o maior patrão, o paie protetor dos pobres e inimigodos ricos, perpetuar a pobre<strong>za</strong> e aignorância para garantir os políticosno poder; aumentar a aversãoà tecnologia e capital estrangeiros;computadori<strong>za</strong>r todas as operaçõesmantendo as ineficiências intactas;continuar masoquista com o problemada dívida ex terna; desencorajara produção e esbanjar recursospara vitórias de políticas econômicasdemagógicas etc.Todos os políticos atuais já sabemfazer tudo isso com perfeição.O povo já está tão habituado comos componentes dessa sinistra fórmulado caos, que a inversão deles'confundiria tudo, causando completaparalisação. Estamos lentamenteconsumando a aprendi<strong>za</strong>gem decrescer com todos os erros, não imitandonenhum país que cresceu semeles. Já estamos prelibando o estadooriginal e excitante da ordem nocaos.Alexandre do Espírito Santo é professordo Departamento de Educação da Universidadede Londrina