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divo za plano t ke trabalho - SINDAFEP

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Maio/89 NOTI FISCO Página 15Mensagem a GarciaColaboraçãoRanulfo Dagmar Mendes12DRREm todo este caso cubano, umhomem sobressai no horizontede minha memória.Quando irrompeu a guerra entrea Espanha e os Estados Unidos, oque importava a estes era comunicar-serapidamente com o chefe dosinsurretos, Garcia, que se sabia encontrar-seem alguma fortale<strong>za</strong> nointerior do sertão cubano, mas semque se pudesse dizer exatamenteonde. Era impossível um entendimentocom ele pelo correio ou pelotelégrafo. No entanto, o Presidenteprecisava da sua colaboração,com toda urgência. Que fazer?Alguém lembrou: "Há um homemchamado Rowan; e, se algumapessoa é capaz de encontrar:Garcia, há de ser Rowan".Rowan foi trazido à presençado Presidente, que lhe confiou umacarta com a incumbência de entregá-laa Garcia. De como este homem,Rowan, tomou a carta, meteu-anum invólucro impermeável,amarrou-a ao peito, e, após quatrodias, saltou, de um barco sem coberta,alta noite, nas costas de Cuba;de como se embrenhou no sertãopara, depois de três semanas,surgir do outro lado da ilha, tendoatravessado a pé um país hostil,entreguea carta a Garcia — são coisasque não vêm ao caso narrar aquipormenori<strong>za</strong>damente. O ponto quedesejo frisar é este: Mac Kinley deua Rowan uma carta destinada aGarcia; Rowan tomou-a e nem sequerperguntou: "Onde é que eleestá?"Salve! Eis aí um homem cujobusto merecia ser fundido em bronzee sua estátua colocada em cadaescola. Não é de sabedoria livrescaque a juventude precisa, nem de instruçãosobre isto ou aquilo. Precisa,sim, de um endurecimento dasvértebras, para poder mostrar-se altiva,no exercício de um cargo; paraatuar com diligência, para darconta do recado; para, em suma, levaruma mensagem a Garcia.O general Garcia já não é destemundo, mas há outros Garcias. Anenhum homem que se tenha empenhadoem levar avante uma empresa,em que a ajuda de muitos se torneprecisa, têm sido poupados momentosde verdadeiro desespero antea imbecilidade de grande númerode homens, ante a inabilidade oufalta de disposição de concentrar amente numa determinada coisa e fazê-la.A regra geral é: assistência irregular,desatenção tola, indiferençairritante e <strong>trabalho</strong> mal feito.Ninguém pode ser verdadeiramentebem sucedido, salvo se lançarmão de todos os meios ao seualcance, quer da força, quer do suborno,para obrigar outros homensa ajudá-lo, a não ser que Deus Onipotente,na sua grande misericórdia,faça um milagre, enviando-lhe,como auxiliar, um anjo de luz.Leitor amigo, tu mesmo podestirar a prova. Estás sentado no teuescritório, rodeado de meia dúziade empregados. Pois bem, chamaum deles e pede-lhe:—Queira ter a bondade de consultara enciclopédia e de me fazeruma descrição resumida da vida deCorrégio.Dar-se-á o caso de que ele respondacalmamente: "Sim, Senhor"e vá executar o que pediste?Nada disso! Olhar-te-á admiradopara fazer uma ou algumas das seguintes perguntas:—Quem é Corrégio?—Que enciclopédia?— Onde é que está a enciclopédia?— Fui eu, acaso, contratadopara fazer isso?— E se Carlos o fizesse?—Já morreu, o Corrégio?— O senhor precisa desse <strong>trabalho</strong>com urgência?— Não será melhor que eu tragao livro para que o senhor mesmoprocure o que deseja?—Para que quer saber isso?E aposto dez contra um que,depois de haveres respondido a taisperguntas, e explicado a maneira deprocurar os dados pedidos e a razãoporque deles precisas, teu empregadoirá pedir a um companheiro que'o ajude a encontrar Corrégio e, depois,voltará para te dizer que talhomem não existe. Evidentemente,pode ser que eu perca a aposta;mas, seguindo a regra geral, jogo nacerta. Ora, se fôres prudente, não tedarás ao <strong>trabalho</strong> de explicar ao teu"ajudante" que Corrégio se escrevecom "C" e não com "K", mas limitar-se-ása dizer calmamente, esboçandoo melhor sorriso: "Não fazmal; não se incomode", e, dito isto,levantar-te-ás e procurarás tu mesmo.E esta dificuldade de atuar independentemente,esta incapacidademoral, esta fraque<strong>za</strong> da vontade,esta falta de disposição de, solicitamente,se por em campo e agir —são as causas que impedem o adventodo socialismo puro. Se Os homensnão tomam a iniciativa de agirem seu próprio proveito, que farãose o resultado do seu esforço redundarem benefício de todos? Por enquanto,parece que os homens aindaprecisam de ser dirigidos. O quemantém muito empregado no seuposto e o faz trabalhar é o medo de,se não o fizer, ser despedido no fimdo mês. Anuncia que precisas deum taquígrafo, e nove entre dezcandidatos à vaga não saberão ortografarnem pontuar — e, o que émais, pensam que não é necessáriosabê-lo.Poderá uma pessoa desta levaruma carta a Garcia?—- Olha aquele guarda-livros —dizia-me o chefe de uma grande fábrica.—Sim, que tem?— É um excelente guarda-livrosContudo, se eu o mandasse dar umrecado, talvez se desobrigasse da incumbênciaa contento, mas tambémpodia muito bem ser que no caminhoentrasse em duas ou três casasde bebidas e que, quando chegasseao destino, já não se recordasse datarefa que lhe foi dada. Será possívelconfiar-se a um tal homem umacarta para entregá-la a Garcia?Ultimamente temos ouvidomuitas expressões sentimentais, demonstrandosimpatia para com ospobres entes que lutam de sol a sol,para com os infelizes desempregadosà cata do <strong>trabalho</strong> honesto, etudo isto, quase sempre, entremeadode muita palavra dura para comos homens que estão no poder.Nada se diz do patrão que envelheceantes do tempo, num esforçoinútil para induzir eternos desgostosose descontentes a trabalharconscienciosamente; nada se diz desua longa e paciente procura de pessoal,que, no entanto, muitas vezesnada mais faz do que "matar o tempo",logo que ele volta as costas.Não há empresa que não esteja despedindopessoal que se mostra incapazde zelar pelos seus interesses, afim de substitui-lo por outro maisapto. Este processo de seleção poreliminação está se operando incessantemente,em tempos adversos,com a única diferença de que, quandoos tempos são maus e o <strong>trabalho</strong>escasseia, a seleção se faz mais escrupulosamente,pondo-se fora, parasempre, os incompetentes e osinaproveitáveis. E a lei da sobrevivênciado mais capacitado. Cada patrão,no seu próprio interesse tratasomente de guardar os melhores —aqueles que podem levar uma mensagema Garcia.Conheço um homem de aptidõesrealmente brilhantes, mas sema fibra necessária para dirigir um negóciopróprio, e que ainda se tornacompletamente nulo para qualqueroutra pessoa, devido à suspeita queconstantemente abriga de que seupatrão o esteja oprimindo ou tencioneoprimi-lo. Sem poder mandar,não tolera que alguém o mande.Se lhe fôsse confiada uma mensagema Garcia, retrucaria provavelmente:"Leve-a você mesmo."Hoje, esse homem perambulaerrante pelas ruas, em busca de <strong>trabalho</strong>,em estado quase de miséria.No entanto, ninguém que o conheçase aventura a dar-lhe <strong>trabalho</strong>,porque é a personificação do des-!contentamento e do espírito de discórdia.Não aceitando qualquerconselho ou advertência, o que poderiaproduzir nele algum efeito seriaum bom pontapé, dado com aponta de uma bota 42, sola grossa ebico largo.Sei, não resta dúvida, que umindivíduo moralmente aleijado• ãomo esse, não é menos digno de'compaixão que um fisicamente aleijado.Entretanto, nesta demonstraçãode compaixão, vertamos tambémuma lágrima pelos homens quese esforçam por levar avante umagrande empresa, cujas horas de <strong>trabalho</strong>não estão limitadas pelo somdo apito e cujos cabelos ficam muitocedo envelhecidos ria incessanteluta em que estão empenhados contraa indiferença desdenhosa, contraa imbecilidade crassa e a ingratidãoatroz, justamente daqueles que, semo seu espírito empreendedor, andariamfamintos e sem lar.Dar-se-á o caso de eu ter pintadoa situação em cores demasiadocarregadas? Pode ser que sim; mas,quando todo mundo se prende a divagações,quero lançar urna palavrade simpatia ao homem que dá êxitoa um empreendimento, ao homemque, a despeito de uma porçãode impecilhos, sabe dirigir ecoordenar os esforços de outros, eque, após o triunfo, talvez verifiquenão ter ganho nada; nada, salvoa sua simples subsistência.Também eu carreguei marmitase trabalhei como jornaleiro, mastambém tenho sido patrão. Sei, portanto,que alguma coisa se pode dizerde ambos os lados.Não há excelência na pobre<strong>za</strong>em si mesma; farrapos não servemde recomendação. Nem todos os patrõessão gananciosos e tiranos, damesma forma que nem todos os pobressão virtuosos.Todas as minhas simpatias pertencemao homem que trabalhaconscienciosamente, quer o patrão'esteja, quer não. E o homem que,'ao lhe ser confiada uma carta paraGarcia, tranqüilamente toma a missiva,sem fazer perguntas idiotas, esem a intenção oculta de jogá-la naprimeira sarjeta que encontrar, oupraticar qualquer outro gesto quenão seja entregá-la ao destinatário,'esse homem nunca fica "encostado",nem tem que se declarar emgreve para forçar um aumento deordenado.A civili<strong>za</strong>ção busca ansiosa, insistentemente,homens nestas condições.Tudo que tal homem pedir,se lhe há de conceder. Precisa-se deleem cada cidade, em cada vila, emcada lugarejo, em cada escritório,em cada oficina, em cada loja, fábricaou venda. O grito do mundointeiro praticamente se resumenisto:Precisa-se, e precisa-se com urgênciade um homem capaz de levar umamensagem a Garcia.

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