Jan-Fev - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

Jan-Fev - Sociedade Brasileira de Oftalmologia Jan-Fev - Sociedade Brasileira de Oftalmologia

sboportal.org.br
from sboportal.org.br More from this publisher
11.07.2015 Views

Espessura corneana central e densidade das células endoteliais corneanas centrais após trabeculectomia ...29Tabela 6Área celular média (média ± desvio-padrão) pré-operatóriae três e seis meses após a trabeculectomiaÁrea Celular Com Mitomicina C Sem Mitomicina C Valor de pMédia (µm 2 ) n = 11 n = 18 (intergrupos)Pré-operatória 496,1 ± 109,2 450,1 ± 72,4 0,345*3 meses 538,6 ± 110,2 484,7 ± 77,3 0,251*6 meses 527,6 ± 91,8 484,4 ± 76,7 0,312*n: número de pacientes; *Teste de Mann-WhitneyTabela 7Variações (subtração) de área celular média(média ± desvio-padrão) três e seis meses após a trabeculectomiaVariação da Área Com Mitomicina C Sem Mitomicina C Valor de p*Celular Média (µm 2 ) n = 11 n = 18 (intergrupos)3 meses 42,5 ± 33,4 34,6 ± 52,4 0,515*6 meses 31,5 ± 65,3 34,3 ± 41,0 0,964*n: número de pacientes; *Teste de Mann-Whitney.DISCUSSÃOAs indicações do uso da MMC em TREC no Serviçode Glaucoma do Hospital São Geraldo/Hospitaldas Clínicas da UFMG são: reoperações em TRECs eglaucomas secundários (uveíte, trauma, glaucomaneovascular, glaucomas pos-facectomia, pós-transplantes,pós-vitrectomia e pós-retinopexia); além disso, devemosconsiderar alguns aspectos na decisão de se utilizara MMC, como: considerar o seu uso em pacientesmelanodérmicos e evitar utilizá-la em jovens devido aorisco de hipotonia grave, bem como infecções tardias.Acrescenta-se que este antimitótico, teoricamente, apresentaefeitos deletérios às células endoteliais corneanase outras estruturas intra-oculares, como o corpo ciliar.Desse modo, o seu uso deve ser cuidadoso e com indicaçãocriteriosa.Neste estudo, o primeiro trabalho da literaturanacional a abordar esse tema na cirurgia do glaucoma,observamos uma diferença estatisticamente significativa(p=0,023) no diagnóstico de GCS em ambos os grupos,sendo que o grupo com MMC possuía 36,4% de pacientescom GCS e o grupo sem MMC 83,3% de GCS.Salienta-se que no grupo com MMC, havia outros tiposde glaucoma ausentes no outro grupo: glaucomaneovascular e glaucoma secundário.No presente estudo, verificou-se que 90,9% dosolhos submetidos a TREC com MMC utilizavam duas outrês medicações hipotensoras oculares previamente àcirurgia, enquanto que o mesmo ocorreu em 77,8% dosolhos do outro grupo, além disso, a Po média pré-operatóriado grupo com MMC foi mais elevada que no gruposem MMC (p=0,05), demonstrando uma tendência amaior gravidade e refratariedade dos glaucomas no grupocom MMC, entretanto, sem significância estatística.O número de medicações hipotensoras ocularese o nível da Po pré-operatórios podem justificar o menorvalor médio da DCEC no grupo com MMC. Alguns autoresacreditam que a baixa DCEC em pacientesglaucomatosos pode estar relacionada com níveis maiselevados de Po e o uso de um número elevado de medicaçõeshipotensoras oculares. (9) Outros autores observaramque a baixa DCEC está relacionada com a duraçãoda elevação da Po. (5)Apesar da média da escavação do disco óptico nogrupo sem MMC ter sido um pouco maior que no grupocom MMC, esta diferença não foi estatisticamente significativa,sendo justificada pela característica crônica dadoença no primeiro grupo.É notório que a TREC, mesmo sem a utilizaçãoda MMC, pode acarretar perda de células do endotéliocorneano que pode variar de 0,2% a 14,9%, principal-Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (1): 25-31

30Mérula RV, Filho AD, Gomes RA, Cronemberger S, Calixto Nmente nos casos que evoluem com toque iridocorneanopós-operatoriamente. (6) Alguns autores (2)observaram,após 29 dias de pós-operatório em média, uma reduçãomédia de -32 ± 210 células/mm 2 na DCEC centrais depacientes sem toque iridocorneano e naqueles com toqueuma redução de –250 ± 210 céls/mm 2 . No presenteestudo, após um período de acompanhamento pós-operatóriomaior (três e seis meses) verificamos uma reduçãoda DCEC de -200,8 ± 155,4 e -277,6 ± 195,7 células/mm 2 naqueles pacientes submetidos a TREC sem MMC.Alguns estudos (2,6) relatam que a TREC sem MMCpode acarretar edema e descompensação corneanas,entretanto, não realizaram a paquimetria paraquantificar tais alterações. No grupo de TREC sem MMCobservamos uma discreta diminuição da ECC em três eseis meses de pós-operatório (-13,9 ± 16,7µm e -10,2 ±15,6µm, respectivamente). Além disso, nosso estudo aindaacrescentou que as reduções da ECC observadas nosgrupos com e sem MMC, quando comparadas entre si,não foram estatisticamente significativas.A DCEC central foi comparada entre os dois grupos:TRECcom e sem MMC. Verificou-se que não houvediferença estatisticamente significativa entre os doisgrupos quando se comparou a variação da DCEC (tabela5) em três e seis meses. Tal resultado diverge do encontradono estudo conduzido por alguns autores queobservaram diferença estatisticamente significativa naredução da DCEC entre os seguintes grupos:TREC semMMC, TREC com MMC (0,2mg/ml) e TREC com MMC(0,4mg/ml), sendo maior quanto maior foi a concentraçãoda MMC; entretanto, devemos salientar que no estudoacima a esponja de celulose embebida com MMC foicolocada abaixo do flap escleral, o leito foi lavado com10 ml de ringer lactato, o equipamento utilizado foi oAlcon PRO microscópio endotelial corneano, além disso,o seguimento foi de apenas três meses. (10)Pesquisadores compararam a DCEC entre pacientessubmetidos a TREC com MMC e pacientes submetidosa TREC suplementada com 5-Fluorouracil nasprimeiras três semanas pós-operatórias e verificaramque não houve diferença estatisticamente significativana redução da DCEC entre os grupos após um ano deseguimento. (1) De acordo com esse estudo, (1)não há indíciosde que a MMC acarrete elevadas perdas de célulasendoteliais, sendo tal afirmativa confirmada no presenteestudo.Ressalta-se que no presente estudo analisou-se aárea celular média pré-operatoriamente e com três eseis meses de pós-operatório, verificando-se um aumentodo seu valor após a TREC o que é justificado pelotrauma cirúrgico. Entretanto, quando comparamos osdois grupos, TREC com e sem MMC, não observamosdiferença estatisticamente significativa.Novos estudos que avaliem o endotélio corneanoapós TREC e outros procedimentos que utilizam a MMC,como o agulhamento, utilizando amostras com maiornúmero de pacientes, são necessários para ratificar osdados aqui encontrados e obtermos maior segurança nautilização desse antimitótico.CONCLUSÕES1.A TREC com MMC não acarretou maior reduçãoestatisticamente significativa da DCEC centrais,quando comparada à TREC sem MMC.2. Também não houve variação estatisticamentesignificativa na ECC e na área celular média nos doisgrupos.ABSTRACTPurpose: To assess comparatively the central cornealthickness (CCT), the central corneal endothelial cellsdensity (CECD) and mean area (CECAA), of patientswho underwent trabeculectomy (Trab) with or withoutmytomicyn C (MMC). Methods: Prospective study.Twenty-nine eyes were divided in two groups: Trab withor without MMC. Ultrasonic pachymetry and non-contactspecular microscopy were performed pre-operatively andthree and six months after Trab. The mean value of theCECD and the low value of the CCT were used. Results:In the group of Trab with MMC, the variations of the CCT,CECD and CECAA values were, respectively: - 11.9±25.7µm, - 169.5±145.3 cells/mm 2 and 42.5±33.4 µm 2 (threemonths); - 7.5±28.1 µm, - 220.6±200.2 cells/mm 2and31.5±65.3 µm 2 (six months). In the group of Trab withoutMMC, the variations of the CCT, CECD and CECAAvalues were, respectively: - 13.9±16.7 µm, - 200.8±155.4cells/mm 2 and 34.6±52.4 µm 2 (three months); - 10.2±15.6µm, - 277.6±195.7 cells/mm 2 and 34.3±41.0 µm 2 (sixmonths).Conclusion:After six months of follow-up, therewas no difference in the variations of CCT, CECD andCECAA when Trab with MMC was compared with Trabwithout MMC.Keywords: Cornea; Endothelium; Cell count;Microscopy; Trabeculectomy; MytomicynREFERÊNCIAS1. Dreyer EB, Chaturvedi N, Zurakowski D. Effect of mitomycinC and fluorouracil-supplemented trabeculectomies on theanterior segment. Arch Ophthalmol. 1995; 113(5):578-80.Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (1): 25-31

Espessura corneana central e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> das células endoteliais corneanas centrais após trabeculectomia ...29Tabela 6Área celular média (média ± <strong>de</strong>svio-padrão) pré-operatóriae três e seis meses após a trabeculectomiaÁrea Celular Com Mitomicina C Sem Mitomicina C Valor <strong>de</strong> pMédia (µm 2 ) n = 11 n = 18 (intergrupos)Pré-operatória 496,1 ± 109,2 450,1 ± 72,4 0,345*3 meses 538,6 ± 110,2 484,7 ± 77,3 0,251*6 meses 527,6 ± 91,8 484,4 ± 76,7 0,312*n: número <strong>de</strong> pacientes; *Teste <strong>de</strong> Mann-WhitneyTabela 7Variações (subtração) <strong>de</strong> área celular média(média ± <strong>de</strong>svio-padrão) três e seis meses após a trabeculectomiaVariação da Área Com Mitomicina C Sem Mitomicina C Valor <strong>de</strong> p*Celular Média (µm 2 ) n = 11 n = 18 (intergrupos)3 meses 42,5 ± 33,4 34,6 ± 52,4 0,515*6 meses 31,5 ± 65,3 34,3 ± 41,0 0,964*n: número <strong>de</strong> pacientes; *Teste <strong>de</strong> Mann-Whitney.DISCUSSÃOAs indicações do uso da MMC em TREC no Serviço<strong>de</strong> Glaucoma do Hospital São Geraldo/Hospitaldas Clínicas da UFMG são: reoperações em TRECs eglaucomas secundários (uveíte, trauma, glaucomaneovascular, glaucomas pos-facectomia, pós-transplantes,pós-vitrectomia e pós-retinopexia); além disso, <strong>de</strong>vemosconsi<strong>de</strong>rar alguns aspectos na <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> se utilizara MMC, como: consi<strong>de</strong>rar o seu uso em pacientesmelanodérmicos e evitar utilizá-la em jovens <strong>de</strong>vido aorisco <strong>de</strong> hipotonia grave, bem como infecções tardias.Acrescenta-se que este antimitótico, teoricamente, apresentaefeitos <strong>de</strong>letérios às células endoteliais corneanase outras estruturas intra-oculares, como o corpo ciliar.Desse modo, o seu uso <strong>de</strong>ve ser cuidadoso e com indicaçãocriteriosa.Neste estudo, o primeiro trabalho da literaturanacional a abordar esse tema na cirurgia do glaucoma,observamos uma diferença estatisticamente significativa(p=0,023) no diagnóstico <strong>de</strong> GCS em ambos os grupos,sendo que o grupo com MMC possuía 36,4% <strong>de</strong> pacientescom GCS e o grupo sem MMC 83,3% <strong>de</strong> GCS.Salienta-se que no grupo com MMC, havia outros tipos<strong>de</strong> glaucoma ausentes no outro grupo: glaucomaneovascular e glaucoma secundário.No presente estudo, verificou-se que 90,9% dosolhos submetidos a TREC com MMC utilizavam duas outrês medicações hipotensoras oculares previamente àcirurgia, enquanto que o mesmo ocorreu em 77,8% dosolhos do outro grupo, além disso, a Po média pré-operatóriado grupo com MMC foi mais elevada que no gruposem MMC (p=0,05), <strong>de</strong>monstrando uma tendência amaior gravida<strong>de</strong> e refratarieda<strong>de</strong> dos glaucomas no grupocom MMC, entretanto, sem significância estatística.O número <strong>de</strong> medicações hipotensoras ocularese o nível da Po pré-operatórios po<strong>de</strong>m justificar o menorvalor médio da DCEC no grupo com MMC. Alguns autoresacreditam que a baixa DCEC em pacientesglaucomatosos po<strong>de</strong> estar relacionada com níveis maiselevados <strong>de</strong> Po e o uso <strong>de</strong> um número elevado <strong>de</strong> medicaçõeshipotensoras oculares. (9) Outros autores observaramque a baixa DCEC está relacionada com a duraçãoda elevação da Po. (5)Apesar da média da escavação do disco óptico nogrupo sem MMC ter sido um pouco maior que no grupocom MMC, esta diferença não foi estatisticamente significativa,sendo justificada pela característica crônica dadoença no primeiro grupo.É notório que a TREC, mesmo sem a utilizaçãoda MMC, po<strong>de</strong> acarretar perda <strong>de</strong> células do endotéliocorneano que po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 0,2% a 14,9%, principal-Rev Bras Oftalmol. 2008; 67 (1): 25-31

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!