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Vivências Educativas na Maré :: Desafios e possibilidades

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ções sobre o perfil dos alunos e de suas famílias, levando em conta os níveisde análise por escola, por turmas, segmentos, turnos e características institucio<strong>na</strong>is.Deram-se, ainda, inúmeras incursões <strong>na</strong>s escolas para apresentaçãodos resultados alcançados, debate com os professores e gestores e, ainda, odetalhamento de problemas encontrados <strong>na</strong> produção dos dados seja <strong>na</strong> suaforma técnica, seja no preenchimento de suas variáveis no momento da matrículados alunos. A identificação desses problemas foi matéria de reuniões <strong>na</strong>SME para a tentativa de sua solução para toda rede escolar. Tanto ali quanto<strong>na</strong>s próprias escolas já se fizeram sentir alguns resultados. Mas, talvez o maiorresultado verificado tenha sido a mudança de cultura entre muitos professorese gestores, cujo interesse pelo mundo do aluno demonstrou-se intensificadoe contribuiu para medidas práticas e pedagógicas no fazer escolar cotidiano.Todo esse relato faz sentido <strong>na</strong> medida em que, a partir de 2011, houveaproximação desse projeto com a iniciativa desenvolvida pela instituiçãoREDES da Maré, através do Programa Criança Petrobras <strong>na</strong> Maré (PCPM),que atua diretamente em sete escolas do bairro e indiretamente em 16 escolasda região. Identificou-se que ações similares vêm sendo realizadas nessasescolas com o objetivo de contribuir e aprimorar as práticas pedagógicaspor meio do conhecimento do universo e vivências dos alunos.É importante enfatizar que, muitas vezes, os professores e gestores nessescontextos adquirem um discurso de intenso conhecimento da realidade dos alunosfundamentado no fato de conviverem com eles diariamente, assim comode terem contato frequente com suas famílias e, em casos de escolas localizadasdentro de favelas, de participarem cotidia<strong>na</strong>mente da vida local. Tudo isso,obviamente, comprova a existência de um intenso saber prático produzido nocotidiano escolar repleto de nuances que ape<strong>na</strong>s eles mesmos poderão conhecer.Entretanto, pesquisas indicam que o olhar dos professores e gestoressobre os alunos de classes populares costumam basear-se em pressupostosconstruídos aleatoriamente, orientados pela visão geral que a opinião públicadetém sobre os territórios segregados da cidade. Portanto, a visão dessesatores permanece orientada por suas próprias referências de entendimentosobre a dinâmica social desses territórios, o que se reflete diretamente <strong>na</strong>relação da escola com seus alunos.Assim, segundo a socióloga chile<strong>na</strong> Caroli<strong>na</strong> Román (2003), “a representaçãosocial que professores detêm sobre seus alunos influencia diretamente<strong>na</strong> efetividade da prática pedagógica” (p. 125), o que significa dizer que ofato das escolas públicas traçarem perfis negativos sobre seus alunos e suasfamílias ape<strong>na</strong>s contribui para reforçar as dificuldades e não problematizaroutras possíveis causas que sejam estruturais para a manutenção do processode déficit escolar socialmente enraizado. Tal fenômeno aparece comoprincipal fator de empobrecimento do debate sobre a educação pública brasileirae latino-america<strong>na</strong> em contextos populares.02 // Conhecer o mundo do aluno41

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