3. MINISTÉRIO DA EDUCA-ÇÃO. Aprova Brasil: o direitode aprender: boas práticasem escolas públicas avaliadaspela Prova Brasil. [Parceriaentre] Ministério da Educação;Instituto Nacio<strong>na</strong>l deEstudos e Pesquisas Educacio<strong>na</strong>isAnísio Teixeira; Fundodas Nações Unidas para aInfância. 2. ed. Brasília : Fundodas Nações Unidas para aInfância, 2007, p. 28.4. O projeto atua diretamenteem nove escolas no entornoda PUC-Rio. Dessas, cincosão de 1º segmento do EnsinoFundamental, três de 2ºsegmento e uma de ambossegmentos. Possui quatrolinhas de ação: 1) consolidaçãoe sistematização do bancode dados com informaçõessobre os alunos e suasfamílias (Sistema de ControleAcadêmico Escolar da SecretariaMunicipal de Educação– SCA/SME); 2) criação doFórum de Professores dasEscolas Públicas do Entornoda PUC-Rio; 3) projeto “ConselhoTutelar e Gestão Escolar”;e 4) um survey realizadoao longo de 2010 junto a pais/ responsáveis por estudantesde escolas públicas.Segundo o relatório do estudo, ações como a participação da comunidade <strong>na</strong>gestão escolar e sua vivência cotidia<strong>na</strong> da escola são cruciais para a “ampliação davisão do processo educativo que vai além da relação educador-educando e situa aaprendizagem também no contexto comunitário e social” 3 . Sendo assim, entramem foco não ape<strong>na</strong>s as ações de aproximação diretas entre escola e mundo doaluno, com atividades direcio<strong>na</strong>das às suas famílias e comunidades, mas tambémaquelas voltadas a uma gestão escolar democrática e preocupada com a produçãode conhecimento sobre a realidade de seus alunos e suas famílias.O mesmo estudo ainda demonstra que, dentre as “escolas de sucesso”a<strong>na</strong>lisadas, a maioria delas contava com o apoio de outros atores da sociedade,sejam associações de moradores e de pais, sejam ONGs e universidades,ou mesmo programas gover<strong>na</strong>mentais. Da mesma forma, ações articuladasentre escolas da rede pública da mesma região ou município e secretariasmunicipais demonstraram-se positivas.O que se pretende evidenciar dessa constatação é a necessidade de expansãodo trabalho escolar para além de seus muros, demonstrando que otrabalho isolado das escolas e de seus profissio<strong>na</strong>is fica refém de limitaçõese constrangimentos de todos os tipos, o que interfere negativamente sobreo resultado escolar alcançado. A reflexão sobre as “escolas de sucesso”, portanto,passa pela compreensão de que ao mesmo tempo em que as escolasque lidam com famílias de baixa renda carecem ser amplamente apoiadaspor ações e políticas sociais exter<strong>na</strong>s a elas, elas precisam, concomitantemente,assumir como tarefa aquilo que pode fazer para reduzir a distânciaentre o aluno ideal e o aluno real. Além do apoio e investimento em educaçãopor parte das políticas sociais, deve-se incluir no debate sobre a melhoriada educação pública as demais ações direcio<strong>na</strong>das às parcerias institucio<strong>na</strong>is,ao relacio<strong>na</strong>mento com a comunidade de referência dos alunos e oconhecimento de suas realidades e condições de vida como fundamentaçãoda gestão escolar e do planejamento pedagógico.Uma experiência positiva, que merece destaque neste artigo, foi um projetointitulado “Gestão Escolar e Territórios Populares” desenvolvido entre2009 e 2013 pelos Departamentos de Sociologia e Política e de Educação daPUC-Rio. O projeto produziu uma série de pesquisas e atividades de extensãouniversitária com as escolas públicas municipais da Gávea e da Rocinha(no entorno da PUC-Rio), com o objetivo de contribuir com a criação, <strong>na</strong>gestão dessas escolas, de uma cultura de informação sobre os alunos, suasfamílias e sua comunidade, tendo em vista que a grande maioria de seusalunos é constituída por moradores de favelas, sobretudo da Rocinha 4 .Dentre as várias linhas de ação realizadas pelo projeto, vale destacar autilização do Sistema de Controle Acadêmico escolar (SCA) da SecretariaMunicipal de Educação (SME) para a produção de relatórios com informa-40vivências EDUCATIVAS <strong>na</strong> maré
ções sobre o perfil dos alunos e de suas famílias, levando em conta os níveisde análise por escola, por turmas, segmentos, turnos e características institucio<strong>na</strong>is.Deram-se, ainda, inúmeras incursões <strong>na</strong>s escolas para apresentaçãodos resultados alcançados, debate com os professores e gestores e, ainda, odetalhamento de problemas encontrados <strong>na</strong> produção dos dados seja <strong>na</strong> suaforma técnica, seja no preenchimento de suas variáveis no momento da matrículados alunos. A identificação desses problemas foi matéria de reuniões <strong>na</strong>SME para a tentativa de sua solução para toda rede escolar. Tanto ali quanto<strong>na</strong>s próprias escolas já se fizeram sentir alguns resultados. Mas, talvez o maiorresultado verificado tenha sido a mudança de cultura entre muitos professorese gestores, cujo interesse pelo mundo do aluno demonstrou-se intensificadoe contribuiu para medidas práticas e pedagógicas no fazer escolar cotidiano.Todo esse relato faz sentido <strong>na</strong> medida em que, a partir de 2011, houveaproximação desse projeto com a iniciativa desenvolvida pela instituiçãoREDES da Maré, através do Programa Criança Petrobras <strong>na</strong> Maré (PCPM),que atua diretamente em sete escolas do bairro e indiretamente em 16 escolasda região. Identificou-se que ações similares vêm sendo realizadas nessasescolas com o objetivo de contribuir e aprimorar as práticas pedagógicaspor meio do conhecimento do universo e vivências dos alunos.É importante enfatizar que, muitas vezes, os professores e gestores nessescontextos adquirem um discurso de intenso conhecimento da realidade dos alunosfundamentado no fato de conviverem com eles diariamente, assim comode terem contato frequente com suas famílias e, em casos de escolas localizadasdentro de favelas, de participarem cotidia<strong>na</strong>mente da vida local. Tudo isso,obviamente, comprova a existência de um intenso saber prático produzido nocotidiano escolar repleto de nuances que ape<strong>na</strong>s eles mesmos poderão conhecer.Entretanto, pesquisas indicam que o olhar dos professores e gestoressobre os alunos de classes populares costumam basear-se em pressupostosconstruídos aleatoriamente, orientados pela visão geral que a opinião públicadetém sobre os territórios segregados da cidade. Portanto, a visão dessesatores permanece orientada por suas próprias referências de entendimentosobre a dinâmica social desses territórios, o que se reflete diretamente <strong>na</strong>relação da escola com seus alunos.Assim, segundo a socióloga chile<strong>na</strong> Caroli<strong>na</strong> Román (2003), “a representaçãosocial que professores detêm sobre seus alunos influencia diretamente<strong>na</strong> efetividade da prática pedagógica” (p. 125), o que significa dizer que ofato das escolas públicas traçarem perfis negativos sobre seus alunos e suasfamílias ape<strong>na</strong>s contribui para reforçar as dificuldades e não problematizaroutras possíveis causas que sejam estruturais para a manutenção do processode déficit escolar socialmente enraizado. Tal fenômeno aparece comoprincipal fator de empobrecimento do debate sobre a educação pública brasileirae latino-america<strong>na</strong> em contextos populares.02 // Conhecer o mundo do aluno41
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