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Histórico d a i n t r o d u ç ã oSeqüência de eventos sintetizada em Persich (2001) e Persich et al. (2006): A presençado complexo Alexandrium tamarense+catenella+fundyense na América do Sul data doprimeiro evento de PSP (Paralythic Shellfish Poisoning) que ocorreu no Chile em 1886 com apresença do morfotipo A. catenella, o único morfotipo encontrado até os dias de hoje na costaoeste do cone sulamericano. Cerca de 100 anos mais tarde, houve o primeiro registro de A.tamarense na costa leste (Península de Valdés, Argentina) durante uma floração associadaa PSP no ano de 1980, com ocorrências periódicas em águas argentinas desde então. NoUruguai, o primeiro registro se deu em 1991, também em forma de floração, que se repetiuem 1992, 1993, 1995 e 1996. No Brasil, a primeira ocorrência foi em agosto de 1996 naPraia do Cassino (RS) em concentrações consideradas altas (10 5 células por litro). Estudo dematerial do litoral do RS indica que as culturas isoladas de célula vegetativa da coluna de águae de cistos do sedimento apresentam alta produção de saxitoxina, composto responsável porPSP. A análise filogenética de 13 culturas isoladas com material do RS indicaram que o perfilgenético dos espécimes brasileiros coincide com o ribotipo definido como “padrão norteamericano”;também é idêntico ao perfil genético do morfotipo A. tamarense uruguaio, mascom algumas pequenas diferenças quanto ao morfotipo A. catenella chileno. Considerandoque existe uma descontinuidade (águas tropicais) entre as populações do hemisfério norte ehemisfério sul, uma hipótese para explicar a atual distribuição geográfica é a introdução portransporte marítimo. A introdução inicial poderia ter sido no Chile com introdução secundáriana Argentina, ou introdução diretamente na Argentina. Uma vez no Atlântico Sul Ocidental, adistribuição em direção norte a partir da Península de Valdés coincide com o padrão local decirculação (confirmado também pela alta similaridade da assinatura molecular e do perfil detoxinas entre culturas brasileiras e uruguaias). Entretanto, não se pode descartar totalmentea possibilidade da distribuição geográfica atual ter sido moldada em épocas remotas, duranteperíodo glacial que diminuiu e/ou eliminou barreiras oceanográficas naturais. Esta questãoestará esclarecida somente com o estudo de cistos em testemunhos que contenham ohistórico geológico dos locais em questão, assim como com o avanço do debate dos aspectostaxonômicos do complexo Alexandrium tamarense+catenella+fundyense. Na ausência destasevidências, a hipótese de introdução é a que apresenta melhor sustentação no momento.Ca r a c t e r í s t i c a s m o r f o l ó g i c a sDescrição da célula vegetativa em microscopia ótica segundo Taylor et al. (2003):Dinoflagelado tecado, solitário (comprimento = 22-51 µm ; transdiâmetro = 17-44 µm) ouformando par de células; com forma pentagonal, a epiteca pode parecer como se tivesse“ombros” e o lobo posterior esquerdo pode ser ligeiramente maior que o direito; cíngulocom defasagem na porção ventral voltada para a esquerda, equivalente à largura do própriocíngulo; citoplasma inclui núcleo alongado em forma de “C” e cloroplastos. Tabulaçãoe detalhes do gênero: Po, 4’, 6’’, 6c, 9-11s, 5’’’,1p, 1’’’’; complexo do poro apical (CPA)apresenta uma placa triangular (Po) e uma abertura em forma de vírgula na porção maisinterna. Detalhes da espécie: a 1’ toca o CPA que varia de um triângulo largo a um triânguloestreito; as margens da 1’ (com 5 lados) são relativamente retas, embora a superior direitapossa ser curva; presença de poro acessório na Po e também na placa posterior do sulcoquando as células estão em pares; placa anterior do sulco é estreita com uma curvatura.Ambiente Marinho 53

Descrição do cisto em microscopia ótica segundo Matsuoka & Fukuyo (2003): célulacilíndrica com extremidades arredondadas (38-56 µm de comprimento e 23-32 µm delargura), sem ornamentações, com arqueópilo em forma de fenda (pouco conhecido emdetalhe); idêntico a cistos de A. catenella, sendo necessária a germinação para identificaçãoprecisa. Esta espécie pertence a um complexo que inclui A. catenella e A. fundyense, devidoà dificuldade na análise de características morfológicas, genéticas e ecofisiologia de produçãode ficotoxinas (Scholin, 1998). Entretanto, vide discussão que aprofunda e contesta estavisão em Lilly et al. (2007).Lu g a r d e o r i g e mIndeterminado. Descrição da espécie (então como Gonyaulax tamarensis) a partir dematerial das águas do estuário do rio Tamar no Canal da Mancha, Inglaterra (Lebour, 1925;mas vide Balech, 1995).Distribuição g e o g r á f i c aDistribuição mundial segundo Taylor et al. (2003) e Lilly et al. (2007) / distribuiçãono Brasil segundo Proença & Fernandes (2004): região costeira do Pacífico Norte (ocidentale oriental), Indo-Pacífico, Austrália e Nova Zelândia, Pacífico Sul Oriental (Chile), Caribe(Venezuela), Atlântico Norte (ocidental e oriental), Atlântico Sul Oriental (África do Sul) eAtlântico Sul Ocidental (Argentina, Uruguai e sul do Brasil: Paraná e Rio Grande do Sul).Ec o l o g i aHa b i t a tAmbiente pelágico; costeiro e estuarino; tropical e temperado.Ab u n d â n c i aMuito variável; espécie potencialmente formadora de floração.Co m p o r t a m e n t o /Ec o f i s i o l o g i aEstão destacados aspectos fisiológicos relevantes, associados à capacidade da espécieem iniciar e manter florações e/ou para sobrevivência durante o transporte em tanquesde água de lastro e/ou no sistema digestório de organismos importados para maricultura.Esta espécie possui caráter euritérmico e eurihalino, o que justifica sua ampla distribuiçãomundial (Taylor apud Persich, 2001); entretanto, vide debate sobre distribuição geográficae a existência de espécies crípticas em Lilly (2007). Tem capacidade de formar cistos deresistência (Matsuoka & Fukuyo, 2003).Re p r o d u ç ã o e d i s p e r s ã oSexuada e assexuada. Informações sobre taxa de crescimento são muito variáveise específicas às condições de cultivo em laboratório. Tem capacidade de formar cistos deresistência (Matsuoka & Fukuyo, 2003). Espécie potencialmente formadora de floração.Dispersão natural por correntes marinhas.Di e t a/Mo d o d e n u t r i ç ã oFotoautotrófico.54Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasil

Histórico d a i n t r o d u ç ã oSeqüência de eventos sintetizada em Persich (2001) e Persich et al. (2006): A presença<strong>do</strong> complexo Alexandrium tamarense+catenella+fundyense na América <strong>do</strong> Sul data <strong>do</strong>primeiro evento de PSP (Paralythic Shellfish Poisoning) que ocorreu no Chile em 1886 com apresença <strong>do</strong> morfotipo A. catenella, o único morfotipo encontra<strong>do</strong> até os dias de hoje na costaoeste <strong>do</strong> cone sulamericano. Cerca de 100 anos mais tarde, houve o primeiro registro de A.tamarense na costa leste (Península de Valdés, Argentina) durante uma floração associadaa PSP no ano de 1980, com ocorrências periódicas em águas argentinas desde então. NoUruguai, o primeiro registro se deu em 1991, também em forma de floração, que se repetiuem 1992, 1993, 1995 e 1996. No Brasil, a primeira ocorrência foi em agosto de 1996 naPraia <strong>do</strong> Cassino (RS) em concentrações consideradas altas (10 5 células por litro). Estu<strong>do</strong> dematerial <strong>do</strong> litoral <strong>do</strong> RS indica que as culturas isoladas de célula vegetativa da coluna de águae de cistos <strong>do</strong> sedimento apresentam alta produção de saxitoxina, composto responsável porPSP. A análise filogenética de 13 culturas isoladas com material <strong>do</strong> RS indicaram que o perfilgenético <strong>do</strong>s espécimes brasileiros coincide com o ribotipo defini<strong>do</strong> como “padrão norteamericano”;também é idêntico ao perfil genético <strong>do</strong> morfotipo A. tamarense uruguaio, mascom algumas pequenas diferenças quanto ao morfotipo A. catenella chileno. Consideran<strong>do</strong>que existe uma descontinuidade (águas tropicais) entre as populações <strong>do</strong> hemisfério norte ehemisfério sul, uma hipótese para explicar a atual distribuição geográfica é a introdução portransporte marítimo. A introdução inicial poderia ter si<strong>do</strong> no Chile com introdução secundáriana Argentina, ou introdução diretamente na Argentina. Uma vez no Atlântico Sul Ocidental, adistribuição em direção norte a partir da Península de Valdés coincide com o padrão local decirculação (confirma<strong>do</strong> também pela alta similaridade da assinatura molecular e <strong>do</strong> perfil detoxinas entre culturas brasileiras e uruguaias). Entretanto, não se pode descartar totalmentea possibilidade da distribuição geográfica atual ter si<strong>do</strong> moldada em épocas remotas, duranteperío<strong>do</strong> glacial que diminuiu e/ou eliminou barreiras oceanográficas naturais. Esta questãoestará esclarecida somente com o estu<strong>do</strong> de cistos em testemunhos que contenham ohistórico geológico <strong>do</strong>s locais em questão, assim como com o avanço <strong>do</strong> debate <strong>do</strong>s aspectostaxonômicos <strong>do</strong> complexo Alexandrium tamarense+catenella+fundyense. Na ausência destasevidências, a hipótese de introdução é a que apresenta melhor sustentação no momento.Ca r a c t e r í s t i c a s m o r f o l ó g i c a sDescrição da célula vegetativa em microscopia ótica segun<strong>do</strong> Taylor et al. (2003):Dinoflagela<strong>do</strong> teca<strong>do</strong>, solitário (comprimento = 22-51 µm ; transdiâmetro = 17-44 µm) ouforman<strong>do</strong> par de células; com forma pentagonal, a epiteca pode parecer como se tivesse“ombros” e o lobo posterior esquer<strong>do</strong> pode ser ligeiramente maior que o direito; cíngulocom defasagem na porção ventral voltada para a esquerda, equivalente à largura <strong>do</strong> própriocíngulo; citoplasma inclui núcleo alonga<strong>do</strong> em forma de “C” e cloroplastos. Tabulaçãoe detalhes <strong>do</strong> gênero: Po, 4’, 6’’, 6c, 9-11s, 5’’’,1p, 1’’’’; complexo <strong>do</strong> poro apical (CPA)apresenta uma placa triangular (Po) e uma abertura em forma de vírgula na porção maisinterna. Detalhes da espécie: a 1’ toca o CPA que varia de um triângulo largo a um triânguloestreito; as margens da 1’ (com 5 la<strong>do</strong>s) são relativamente retas, embora a superior direitapossa ser curva; presença de poro acessório na Po e também na placa posterior <strong>do</strong> sulcoquan<strong>do</strong> as células estão em pares; placa anterior <strong>do</strong> sulco é estreita com uma curvatura.<strong>Ambiente</strong> Marinho 53

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