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Risco potencialL. stylirostris hospeda alguns vírusque podem infectar espécies nativas, entreeles o IHHNV (Infectious Hypodermal andHematopoietic Necrosis Vírus) e o TSV(Taura Syndrome Vírus). A introdução deespécies exóticas sempre implicará o riscode introdução das espécies nativas porpatógenos exóticos. A contaminação dasespécies nativas pode advir diretamente dosviveiros de cultivo (efluentes contaminados,inundação dos tanques, escapes, iscasvivas) ou de indivíduos adultos ou larvascontaminadas transportados pela águade lastro de navios. Na eventualidade dacontaminação de espécies nativas via águade lastro, são os camarões cultivados quepoderão em seguida vir a ser contaminadosatravés de animais que freqüentamos viveiros (e.g., aves, crustáceos,thalassinídeos).Espécies bentônicas de substratoconsolidadoCrassostrea gigasEsta espécie, nativa do nordesteda Ásia (incluindo Japão), foi introduzidaem muitos países com a finalidade deaqüicultura: Inglaterra, França, Espanha,Portugal, Marrocos, Mar Mediterrâneo,Estados Unidos, Canadá, Coréia, China,Nova Zelândia, San Blas (Panamá) e Baia deAnegada (Caribe) (http://www.ciesm.org/,Orensanz, et al., 2002; http://invasions.si.edu/nemesis/; http://www.marine.csiro.au/crimp/nimpis/; Reise et al., 1999;Escapa et al., 2004).No Brasil, também foi introduzidacom a mesma finalidade, inicialmente emArraial do Cabo, estado do Rio de Janeiro,no início da década de 70 (Costa, 1985).Atualmente, o cultivo de Crassostrea gigaspossui um papel de destaque na indústriade aqüicultura brasileira, nos estados doRio Grande do Sul, Santa Catarina, SãoPaulo e Rio de Janeiro, litoral sul do estado(Poli et al., 2000; http://www.ostras-gigas.com.br). Os estados de Santa Catarinae São Paulo são os que mais investemno cultivo de Crassostrea gigas tanto emnível de pesquisa, quanto em nível deestímulos à produção. Em Santa Catarina,maior produtor nacional de ostras, o cultivoevoluiu a partir da sua reprodução artificiale de uma difusão tecnológica adequada,numa iniciativa dos governos estadual efederal. Recentemente, também vem sendoestimulada a participação das comunidadestradicionais da região nos processos demanejo e cultivo de ostras. Esta espécienão se reproduz naturalmente na costabrasileira, não tendo se estabelecido emcostões rochosos. O cultivo depende deconstante importação de sementes ou dareprodução em laboratório.Risco potencialUma vez introduzida em uma área,esta espécie é geralmente impossível de seconter, caso as condições ambientais foremapropriadas. Suas larvas planctônicasfacilitam a dispersão natural, permitindogrande expansão. Estes organismos têmhabilidade de desenvolver populações comdensidades elevadas, levando à competiçãocom as espécies nativas. Em muitas áreas,passam a ser as espécies dominantes,causando alterações na comunidadenativa.Outro possível impacto seria apossível introdução de espécies que estãoassociadas às ostras introduzidas. Paraevitar a introdução desta espécie, assimcomo de organismos associados, noambiente natural recomenda-se o controlee fiscalização constante das atividades deostreicultura no país assim como a aplicaçãode legislação de quarentena nas atividadesde ostreicultura.Ambiente Marinho 337

Es p é c i e s c r i p t o g ê n i c a sO termo espécie criptogênica foicunhado para ser empregado quando nãoexiste uma evidência clara de que a espécieseja nativa ou introduzida (Carlton, 1996).Existem muitas espécies criptogênicas entreas espécies bentônicas, já que nem sempreé possível definir a origem da espécie. Istoocorre porque muitas vezes a introdução deuma espécie não é documentada. As espéciesque foram introduzidas há muitos anos (asintroduções históricas) já se encontram emcompleto equilíbrio com as biotas nativas.No passado, muitas introduções podem terocorrido em nossa costa, sem terem sidoreconhecidas como tal. Este parece sero caso do mexilhão Perna perna, muitocomum na costa sudeste e sul do Brasil ecitado no presente trabalho.Muitas espécies cosmopolitas seenquadram na categoria de criptogênicasjá que muitas vezes não se pode afirmarse sua ampla distribuição foi mediada pordispersão natural ou pelo homem. Chapman& Carlton (1994) elaboraram uma série decritérios, modificados neste trabalho, paraobjetivamente definir se uma espécie énativa, introduzida ou se deve permanecerna categoria de criptogênica. Uma condiçãopara a aplicação destes critérios é oconhecimento prévio da biota local, o quenem sempre acontece. A inexistência deinventários publicados para várias regiõesda nossa costa e problemas na identificaçãocorreta das espécies dificultam a definiçãoda origem das espécies.& Jablonski, 2004) foram identificadas 19espécies criptogênicas do bentos na área deinfluência do porto.Para a presente publicação não foirealizado um levantamento minucioso dasespécies criptogênicas já que o númerode espécies invasoras ou potencialmenteinvasoras de zoobentos era relativamenteelevado e maiores esforços foramconcentrados sobre estas espéciesprioritárias para o levantamento de dados.Ag r a d e c i m e n t o sRegistramos aqui o nossoagradecimento a Michelle Klautau, ÁlvaroMigotto, Joel Creed, Alinne F. de Paula,Luis Ricardo Simone, André Breves Ramos,Fábio Pitombo, Laís Vieira Ramalho eRosana Rocha pelas informações cedidas evaliosas revisões das fichas das espécies.Também agradecemos aos autores das fotosgentilmente cedidas: Emílio Lanna, CristianeFarrapeira, Joel Creed, Rosana Rocha, LaísVieira Ramalho, Orlemir Carrerette, FlávioFernandes, Carlos Eduardo Leite Ferreirae Luís Ricardo Simone. Agradecemosespecialmente a Maria Isabel Sarvat deFigueiredo pelo tratamento de algumasfotos para esta edição.A distribuição de algumas espéciesbentônicas confinadas a áreas portuárias,marinas e ancoradouros revelam aimportância dos mecanismos humanosde introdução. Este é o caso de váriasespécies componentes das incrustaçõesbiológicas (“fouling”). No levantamentoda biota do Porto de Sepetiba (Leal-Neto338Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasil

Risco potencialL. stylirostris hospeda alguns vírusque podem infectar espécies nativas, entreeles o IHHNV (Infectious Hypodermal andHematopoietic Necrosis Vírus) e o TSV(Taura Syndrome Vírus). A introdução deespécies exóticas sempre implicará o riscode introdução das espécies nativas porpatógenos exóticos. A contaminação dasespécies nativas pode advir diretamente <strong>do</strong>sviveiros de cultivo (efluentes contamina<strong>do</strong>s,inundação <strong>do</strong>s tanques, escapes, iscasvivas) ou de indivíduos adultos ou larvascontaminadas transporta<strong>do</strong>s pela águade lastro de navios. Na eventualidade dacontaminação de espécies nativas via águade lastro, são os camarões cultiva<strong>do</strong>s quepoderão em seguida vir a ser contamina<strong>do</strong>satravés de animais que freqüentamos viveiros (e.g., aves, crustáceos,thalassinídeos).Espécies bentônicas de substratoconsolida<strong>do</strong>Crassostrea gigasEsta espécie, nativa <strong>do</strong> nordesteda Ásia (incluin<strong>do</strong> Japão), foi introduzidaem muitos países com a finalidade deaqüicultura: Inglaterra, França, Espanha,Portugal, Marrocos, Mar Mediterrâneo,Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, Canadá, Coréia, China,Nova Zelândia, San Blas (Panamá) e Baia deAnegada (Caribe) (http://www.ciesm.org/,Orensanz, et al., 2002; http://invasions.si.edu/nemesis/; http://www.marine.csiro.au/crimp/nimpis/; Reise et al., 1999;Escapa et al., 2004).No Brasil, também foi introduzidacom a mesma finalidade, inicialmente emArraial <strong>do</strong> Cabo, esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro,no início da década de 70 (Costa, 1985).Atualmente, o cultivo de Crassostrea gigaspossui um papel de destaque na indústriade aqüicultura brasileira, nos esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Sul, Santa Catarina, SãoPaulo e Rio de Janeiro, litoral sul <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>(Poli et al., 2000; http://www.ostras-gigas.com.br). Os esta<strong>do</strong>s de Santa Catarinae São Paulo são os que mais investemno cultivo de Crassostrea gigas tanto emnível de pesquisa, quanto em nível deestímulos à produção. Em Santa Catarina,maior produtor nacional de ostras, o cultivoevoluiu a partir da sua reprodução artificiale de uma difusão tecnológica adequada,numa iniciativa <strong>do</strong>s governos estadual efederal. Recentemente, também vem sen<strong>do</strong>estimulada a participação das comunidadestradicionais da região nos processos demanejo e cultivo de ostras. Esta espécienão se reproduz naturalmente na costabrasileira, não ten<strong>do</strong> se estabeleci<strong>do</strong> emcostões rochosos. O cultivo depende deconstante importação de sementes ou dareprodução em laboratório.Risco potencialUma vez introduzida em uma área,esta espécie é geralmente impossível de seconter, caso as condições ambientais foremapropriadas. Suas larvas planctônicasfacilitam a dispersão natural, permitin<strong>do</strong>grande expansão. Estes organismos têmhabilidade de desenvolver populações comdensidades elevadas, levan<strong>do</strong> à competiçãocom as espécies nativas. Em muitas áreas,passam a ser as espécies <strong>do</strong>minantes,causan<strong>do</strong> alterações na comunidadenativa.Outro possível impacto seria apossível introdução de espécies que estãoassociadas às ostras introduzidas. Paraevitar a introdução desta espécie, assimcomo de organismos associa<strong>do</strong>s, noambiente natural recomenda-se o controlee fiscalização constante das atividades deostreicultura no país assim como a aplicaçãode legislação de quarentena nas atividadesde ostreicultura.<strong>Ambiente</strong> Marinho 337

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