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subsídios para a avaliação do grau deimpacto que os organismos nativos vêmsofrendo.Es p é c i e d e t e c t a d aLitopenaeus vannamei(Boone, 1931)Histórico da introduçãoO Brasil levou algum tempo paraadotar L. vannamei, porque tinha intençãode ter espécies nativas (indígenas) comobase da sua carcinocultura. Na Fazenda“Maricultura da Bahia”, a guinada foi dadapela TMT (Tropical Mariculture Technology)ao cultivar sete espécies de camarãopeneídeos em circuito fechado de cativeiro:L. vannamei, P. stylirostris, P. monodon, P.penicillatus, P. schmitti, P. paulensis e P.aztecus.Síntese de dados pretéritos sobrea introdução de L. vannamei no Brasil,referente ao período 1971 – 1991 (More,2001):Em 1971, chega ao Brasil Bill More(Empresa Ralston Purina), para cultivarcamarão marinho em cativeiro. À época,não havia fazendas de cultivo na AméricaCentral. Equador e Brasil possuíam algunstanques de cultivo extensivo, mas nenhumgrande cultivo semi-intensivo. Após doisanos de pesquisas desenvolvidas no Brasil,a empresa Purina decidiu comercializar onegócio, solicitando autorização ao GovernoBrasileiro para importar dos Estados Unidos(Crystal River, Florida) a espécie exótica (L.vannamei). O pedido foi negado.Em 1981, Harvey Persyn deixa aAgromarina do Panamá e vem para o Brasilcom a TMT, quando foi construída a primeirafazenda para cultivo de Litopenaeusvannamei e P. stylirostris. Empregando atecnologia da TMT lograram industrializaro cultivo de camarão marinho no Brasil,quando foram introduzidas, em escalacomercial, as espécies L. vannamei e L.stylirostris, iniciando-se o processo de“domesticação”, onde foram incluídas asespécies P. monodon e P. penicillatusimportadas de Taiwan (Tungkang MarineScience Center).Usos econômicos potenciais eatuaisÉ uma das mais importantes espéciesde camarão cultivadas nas Américas, paraconsumo direto e, também, associado àprodução de isca viva (Tavares & Mendonça,Jr., 1996). No Brasil, Litopenaeus vannameiresponde por mais de 95% da produçãonacional de camarão marinho.Presença de L. vannamei na zonacosteira brasileiraA partir de 2000 têm sido capturados(detectados) machos e fêmeos da espécieem diferentes estágios de maturação, tantoem estuários como em diversos trechosdo litoral brasileiro: Rio Grande do Norte,Pernambuco, Alagoas e São Paulo (Santos& Coelho, 2002; Mendonça, 2003; Nanni,2004; Barbieri et al., 2005; Barbieri & Melo,2006).No Rio Grande do Norte, ao largo daBaía Formosa (06º 15’S e 034º 48’W a 06º25’S e 034º 53’W), todos os indivíduos de L.vannamei capturados em águas estuarinas ecosteiras (ambiente natural) eram adultos,com fêmeas em estágio reprodutivo; eno complexo lagunar Papari-Guaraíras(municípios de Nísia Floresta, SenadorGeorgino Avelino e Arêz) os espécimesencontravam-se na fase pré-adulta. Aocorrência de L. vannamei no ambienteestuarino de Papari-Guaraíras foi constanteem todo o período de execução de ProjetoCEPENE/IBAMA, chegando a representar70% (junho/2002) em número de indivíduoscapturados. A presença da espécie foi maisacentuada entre maio e agosto (30 a 70%Ambiente Marinho 331
do total de peneídeos capturados). Estaabundância estaria relacionada ao períodochuvoso, quando aumenta a probabilidadede rompimento dos diques dos viveiros. Ofato de haver sido coletado no litoral doRio Grande do Norte indivíduos em fasespré-adultas e no estádio adulto (inclusivefêmeas em reprodução), indicaria que oanimal poderia estar completando seu ciclobiológico em águas brasileiras. Porém, estefato não está comprovado (Santos & Coelho,2002).Impactos ecológicos, econômicos,à saúde humana e, sociais e culturaisDe acordo com o tipo de alteração, osimpactos ambientais podem ser:• Ecológicos: (1) A captação de águado ambiente natural para abastecer o canalde adução, aumenta o risco da introduçãode doenças nos tanques (cativeiro),enquanto que o volume de efluentes (canalde descarga) dos tanques contribui coma eutrofização dos corpos de água maispróximos (Calderon et al., 1998). A troca(reposição) de água nos tanques de cultivopor meio do fluxo das marés, em pequenoscorpos de água (canais e gamboas), éincompleta e os efluentes podem não dissiparcompletamente ao serem eliminados. Comoresultado, é difícil prevenir a contaminação,tanto da água de entrada (bombeada peloscanais de adução) quanto da água dedescarga das áreas de cultivo instaladasna zona entremarés. Esse fato promovea distribuição de enfermidades entre asfazendas. Caranguejos e outros animais,possíveis portadores de enfermidades decamarões, abundam na zona entremaréstropicais podendo contaminar novostanques de cultivo (Boyd, 1998); e (2) Naeventualidade da contaminação de espéciesnativas, são os camarões cultivados quepoderão, em seguida, vir a ser contaminados(passivamente) por meio de outros animaisque freqüentam os viveiros, como aves ecrustáceos. Levantamento ornitológicorealizado pela AQUASIS, em 2003, registrou47 espécies de aves, em um pequenoestuário no litoral ocidental do Ceará (BarraGrande, Município de Icapuí), destacando apresença de aves migratórias provenientesdo Hemisfério Norte.• Econômicos: No Brasil, o crescimentoexponencial do cultivo de camarão marinhoem cativeiro não constitui fenômenoespontâneo, tendo sido fomentado pelaspolíticas de desenvolvimento, de incentivoe de fomento, pautadas na lógica doagronegócio, implementadas pelo Estadobrasileiro.• À saúde humana: (1) Os produtosquímicos, utilizados na maioria dosempreendimentos nas atividades deprodução de camarão em cativeiro são,principalmente, cloro, calcário, uréia,silicato, superfosfato, como implementospara o controle das propriedades químicasda água e do solo - pH, alcalinidade,material em suspensão, salinidade (Cassola& Carvalho, 2005); (2) Verifica-se, ainda,utilização de metabissulfito de sódio(Na 2S 2O 5) durante a etapa de despesca,para conservação do camarão (Cassola &Carvalho, 2005). É importante salientar queo metabissulfito é um composto oxidanteque ao ser lançado no ambiente diminuia concentração de oxigênio dissolvido,podendo provocar a morte de organismosaquáticos. Após ser lançado na águatambém promove liberação do gás dióxidode enxofre. Este gás (SO 2) é consideradode insalubridade máxima pelo quadro N o01 da Norma Regulamentadora N o 15 doMinistério do Trabalho e Emprego, quandoatinge 4 ppm. Os trabalhadores no cultivode camarão são expostos a concentraçõesde SO 2que chegam a 8 ppm. Em julho de2003, a Delegacia Regional do trabalhono Estado do Ceará tomou ciência de doisacidentes (1 óbito e 1 sobrevivente com332Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasil
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<strong>do</strong> total de peneídeos captura<strong>do</strong>s). Estaabundância estaria relacionada ao perío<strong>do</strong>chuvoso, quan<strong>do</strong> aumenta a probabilidadede rompimento <strong>do</strong>s diques <strong>do</strong>s viveiros. Ofato de haver si<strong>do</strong> coleta<strong>do</strong> no litoral <strong>do</strong>Rio Grande <strong>do</strong> Norte indivíduos em fasespré-adultas e no estádio adulto (inclusivefêmeas em reprodução), indicaria que oanimal poderia estar completan<strong>do</strong> seu ciclobiológico em águas brasileiras. Porém, estefato não está comprova<strong>do</strong> (Santos & Coelho,2002).Impactos ecológicos, econômicos,à saúde humana e, sociais e culturaisDe acor<strong>do</strong> com o tipo de alteração, osimpactos ambientais podem ser:• Ecológicos: (1) A captação de água<strong>do</strong> ambiente natural para abastecer o canalde adução, aumenta o risco da introduçãode <strong>do</strong>enças nos tanques (cativeiro),enquanto que o volume de efluentes (canalde descarga) <strong>do</strong>s tanques contribui coma eutrofização <strong>do</strong>s corpos de água maispróximos (Calderon et al., 1998). A troca(reposição) de água nos tanques de cultivopor meio <strong>do</strong> fluxo das marés, em pequenoscorpos de água (canais e gamboas), éincompleta e os efluentes podem não dissiparcompletamente ao serem elimina<strong>do</strong>s. Comoresulta<strong>do</strong>, é difícil prevenir a contaminação,tanto da água de entrada (bombeada peloscanais de adução) quanto da água dedescarga das áreas de cultivo instaladasna zona entremarés. Esse fato promovea distribuição de enfermidades entre asfazendas. Caranguejos e outros animais,possíveis porta<strong>do</strong>res de enfermidades decamarões, abundam na zona entremaréstropicais poden<strong>do</strong> contaminar novostanques de cultivo (Boyd, 1998); e (2) Naeventualidade da contaminação de espéciesnativas, são os camarões cultiva<strong>do</strong>s quepoderão, em seguida, vir a ser contamina<strong>do</strong>s(passivamente) por meio de outros animaisque freqüentam os viveiros, como aves ecrustáceos. Levantamento ornitológicorealiza<strong>do</strong> pela AQUASIS, em 2003, registrou47 espécies de aves, em um pequenoestuário no litoral ocidental <strong>do</strong> Ceará (BarraGrande, Município de Icapuí), destacan<strong>do</strong> apresença de aves migratórias provenientes<strong>do</strong> Hemisfério Norte.• Econômicos: No Brasil, o crescimentoexponencial <strong>do</strong> cultivo de camarão marinhoem cativeiro não constitui fenômenoespontâneo, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> fomenta<strong>do</strong> pelaspolíticas de desenvolvimento, de incentivoe de fomento, pautadas na lógica <strong>do</strong>agronegócio, implementadas pelo Esta<strong>do</strong>brasileiro.• À saúde humana: (1) Os produtosquímicos, utiliza<strong>do</strong>s na maioria <strong>do</strong>sempreendimentos nas atividades deprodução de camarão em cativeiro são,principalmente, cloro, calcário, uréia,silicato, superfosfato, como implementospara o controle das propriedades químicasda água e <strong>do</strong> solo - pH, alcalinidade,material em suspensão, salinidade (Cassola& Carvalho, 2005); (2) Verifica-se, ainda,utilização de metabissulfito de sódio(Na 2S 2O 5) durante a etapa de despesca,para conservação <strong>do</strong> camarão (Cassola &Carvalho, 2005). É importante salientar queo metabissulfito é um composto oxidanteque ao ser lança<strong>do</strong> no ambiente diminuia concentração de oxigênio dissolvi<strong>do</strong>,poden<strong>do</strong> provocar a morte de organismosaquáticos. Após ser lança<strong>do</strong> na águatambém promove liberação <strong>do</strong> gás dióxi<strong>do</strong>de enxofre. Este gás (SO 2) é considera<strong>do</strong>de insalubridade máxima pelo quadro N o01 da Norma Regulamenta<strong>do</strong>ra N o 15 <strong>do</strong>Ministério <strong>do</strong> Trabalho e Emprego, quan<strong>do</strong>atinge 4 ppm. Os trabalha<strong>do</strong>res no cultivode camarão são expostos a concentraçõesde SO 2que chegam a 8 ppm. Em julho de2003, a Delegacia Regional <strong>do</strong> trabalhono Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará tomou ciência de <strong>do</strong>isacidentes (1 óbito e 1 sobrevivente com332Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasil