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Ca p í t u lo 6 - Zo o b e n to sAn d r é a O. R. Ju n q u e i r a 1Ma r c o s D. S. Ta v a r e s 2Ya r a Sc h a e f f e r-Novelli 3Va s i ly I. Ra d a s h e v s k y 1Ja s a r O. Cirelli 2Lu c i a n a M. Ju l i o 1Fe r n a n d a C. Ro m a g n o l i 2Ká t i a C. d o s Sa n t o s 2Ma r i a Au g u s ta G. Fe r r e i r a - Si lv a 1In t r o d u ç ã oO ambiente marinho pode serdividido em dois grandes domínios: opelágico, que corresponde à massa d’águasituada acima do leito submarino e obentônico, relacionado a todo substratomarinho, considerando o fundo oceânicopropriamente dito, os costões rochososou a superfície de um organismo. Além desubstratos naturais, muitos organismosbentônicos vivem associados a substratosartificiais relacionados às diversas atividadesou intervenções humanas nos oceanoscomo a navegação, as construções e amaricultura.Ao descrever a distribuição davida nos oceanos em relação a estes doisdomínios, uma constatação importante é ade que aproximadamente 98% das espéciesanimais está relacionada ao domíniobentônico (Thurman, 1994).O zoobentos é constituído porum conjunto extremamente diverso comespécies de uma ampla variedade de filoszoológicos. Tradicionalmente, o zoobentostem sido estudado considerando-seprincipalmente a sua compartimentalizaçãoem tamanhos. O grupo mais estudadocorresponde a denominada megafauna, queabrange aqueles organismos conspícuosque apresentam dimensões maiores evivem sobre o fundo oceânico, sendocapturados por redes de arrasto. Entreeles estão principalmente crustáceos,moluscos, equinodermas e corais. Osanimais retidos nas peneiras de malhasde 0,5 mm compreendem a macrofaunae estão representados principalmente pororganismos de diferentes filos, que vivementerrados no substrato inconsolidado ouque vivem sobre o substrato consolidado.Animais que passam nas peneiras de 0,5 mme ficam retidos nas peneiras de 0,062 mm,fazem parte da meiofauna. Esta meiofauna,também composta por diversos filos, vivegeralmente entre os espaços intersticiais dosedimento ou associada à macroalgas. Aslarvas e juvenis de organismos da macrofaunapodem fazer parte temporariamente dameiofauna. Finalmente, em relação aotamanho, podemos citar a microfauna queinclui bactérias e protozoários que passampor uma peneira de 0,062 mm.Muitas espécies bentônicas têmimportância econômica direta por serviremcomo recursos vivos na alimentação humanaou na indústria farmacêutica. Outrasespécies, principalmente de crustáceos epoliquetas, constituem itens alimentares1Instituo de Biologia/Universidade Federal do Rio de Janeiro - IB-UFRJ2Museu de Zoologia/Universidade de São Paulo - MZ-USP3Instituto Oceanográfico/Universidade de São Paulo - IO-USPAmbiente Marinho 145
de peixes demersais (Amaral & Migotto,1980; Amaral et al., 1994; Costa et al.2005). Além disso, o zoobentos tem papelfundamental na aeração e remobilização dosfundos marinhos, acelerando os processosde remineralização de nutrientes econseqüentemente interferindo na produçãoprimária e secundária (Lana et al., 1996).As comunidades bentônicas também têmsido utilizadas no monitoramento ambientaldevido à natureza séssil e sedentária damaioria de seus membros que refletemas condições ambientais a que estãosubmetidas (Lana et al., 1996).Uma das principais característicasdos ecossistemas tropicais, entre os quaisse inclui grande parte da costa brasileira,é a elevada diversidade de espéciesassociada a uma baixa biomassa de cadauma (Lana et al., 1996). No Brasil, a maioriados grupos marinhos é pouco conhecidaespecialmente em profundidades superioresa 20 metros (Migotto & Tiago, 1999). OPrograma REVIZEE (Avaliação do PotencialSustentável de Recursos Vivos na ZonaEconômica Exclusiva) desenvolvido entre1995 e 2006, teve como objetivo principalo estabelecimento de diretrizes para o usodestes recursos a partir do conhecimentobiológico da nossa ZEE. O programapromoveu um dos maiores levantamentosda biodiversidade marinha no país, comregistro de diversas novas ocorrênciasprincipalmente em regiões mais profundasda plataforma e do talude (Amaral et al.,2004; Lavrado, 2006).O conhecimento sobre o zoobentosda costa brasileira apresenta uma grandevariação tanto em relação aos gruposzoológicos quanto às regiões estudadassendo o maior número de espéciesregistrado nas regiões sul e sudeste dopaís ( Belúcio, 1999). A meiofauna foi ogrupo mais estudado nas regiões nortenordestee sudeste (Lana et al., 1996). Ofilo Mollusca é um dos mais inventariadosna costa brasileira com uma extensaliteratura disponível. Entre os crustáceos,destacam-se os decápodes, como o grupomelhor estudado na costa brasileira, sendoas regiões NE e SE as mais conhecidas emrelação ao grupo. A maioria dos estudosde Polychaeta se concentra nos estados deSão Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, onde foirealizado um maior esforço de coleta e háum maior número de especialistas. Muitosfilos bentônicos, embora abundantes,dispõem de poucos especialistas no Brasilcom destaque para Porifera, Cnidaria,Bryozoa, Echinodermata e Urochordata.Reconhecidamente necessárias paraa detecção e reconhecimento de espéciesintroduzidas, as análises biogeográficasda fauna atlântica brasileira como umtodo praticamente inexistem ou são muitoantigas (Lana et al., 1996). A construçãode uma hipótese de introdução estádiretamente relacionada à capacidade dese diferenciar um processo de expansãonatural de um processo de introduçãomediada pela atividade humana. Isto requero conhecimento da biodiversidade da regiãodoadora e da região receptora, assim comoda biogeografia de espécies alvo e dospossíveis vetores de transporte. No Brasil, oescasso conhecimento das biotas regionaistorna difícil o rastreamento das bioinvasões.Nesse sentido, a identificação correta dasespécies é fundamental para uma avaliaçãoobjetiva do processo de introdução deespécies. Em muitos inventários, algumasespécies não são identificadas por inúmerasrazões e, certamente, muitas espéciesintroduzidas podem estar entre elas.Uma das tarefas mais difíceis é adefinição da origem das espécies, o querequer conhecimento de biogeografia. Muitasespécies introduzidas são re-descritas comonativas na sua área de introdução. Devidoao pequeno número de especialistas em146Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasil
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de peixes demersais (Amaral & Migotto,1980; Amaral et al., 1994; Costa et al.2005). Além disso, o zoobentos tem papelfundamental na aeração e remobilização <strong>do</strong>sfun<strong>do</strong>s marinhos, aceleran<strong>do</strong> os processosde remineralização de nutrientes econseqüentemente interferin<strong>do</strong> na produçãoprimária e secundária (Lana et al., 1996).As comunidades bentônicas também têmsi<strong>do</strong> utilizadas no monitoramento ambientaldevi<strong>do</strong> à natureza séssil e sedentária damaioria de seus membros que refletemas condições ambientais a que estãosubmetidas (Lana et al., 1996).Uma das principais características<strong>do</strong>s ecossistemas tropicais, entre os quaisse inclui grande parte da costa brasileira,é a elevada diversidade de espéciesassociada a uma baixa biomassa de cadauma (Lana et al., 1996). No Brasil, a maioria<strong>do</strong>s grupos marinhos é pouco conhecidaespecialmente em profundidades superioresa 20 metros (Migotto & Tiago, 1999). OPrograma REVIZEE (Avaliação <strong>do</strong> PotencialSustentável de Recursos Vivos na ZonaEconômica Exclusiva) desenvolvi<strong>do</strong> entre1995 e 2006, teve como objetivo principalo estabelecimento de diretrizes para o usodestes recursos a partir <strong>do</strong> conhecimentobiológico da nossa ZEE. O programapromoveu um <strong>do</strong>s maiores levantamentosda biodiversidade marinha no país, comregistro de diversas novas ocorrênciasprincipalmente em regiões mais profundasda plataforma e <strong>do</strong> talude (Amaral et al.,2004; Lavra<strong>do</strong>, 2006).O conhecimento sobre o zoobentosda costa brasileira apresenta uma grandevariação tanto em relação aos gruposzoológicos quanto às regiões estudadassen<strong>do</strong> o maior número de espéciesregistra<strong>do</strong> nas regiões sul e sudeste <strong>do</strong>país ( Belúcio, 1999). A meiofauna foi ogrupo mais estuda<strong>do</strong> nas regiões nortenordestee sudeste (Lana et al., 1996). Ofilo Mollusca é um <strong>do</strong>s mais inventaria<strong>do</strong>sna costa brasileira com uma extensaliteratura disponível. Entre os crustáceos,destacam-se os decápodes, como o grupomelhor estuda<strong>do</strong> na costa brasileira, sen<strong>do</strong>as regiões NE e SE as mais conhecidas emrelação ao grupo. A maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>sde Polychaeta se concentra nos esta<strong>do</strong>s deSão Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, onde foirealiza<strong>do</strong> um maior esforço de coleta e háum maior número de especialistas. Muitosfilos bentônicos, embora abundantes,dispõem de poucos especialistas no Brasilcom destaque para Porifera, Cnidaria,Bryozoa, Echinodermata e Urochordata.Reconhecidamente necessárias paraa detecção e reconhecimento de espéciesintroduzidas, as análises biogeográficasda fauna atlântica brasileira como umto<strong>do</strong> praticamente inexistem ou são muitoantigas (Lana et al., 1996). A construçãode uma hipótese de introdução estádiretamente relacionada à capacidade dese diferenciar um processo de expansãonatural de um processo de introduçãomediada pela atividade humana. Isto requero conhecimento da biodiversidade da região<strong>do</strong>a<strong>do</strong>ra e da região receptora, assim comoda biogeografia de espécies alvo e <strong>do</strong>spossíveis vetores de transporte. No Brasil, oescasso conhecimento das biotas regionaistorna difícil o rastreamento das bioinvasões.Nesse senti<strong>do</strong>, a identificação correta dasespécies é fundamental para uma avaliaçãoobjetiva <strong>do</strong> processo de introdução deespécies. Em muitos inventários, algumasespécies não são identificadas por inúmerasrazões e, certamente, muitas espéciesintroduzidas podem estar entre elas.Uma das tarefas mais difíceis é adefinição da origem das espécies, o querequer conhecimento de biogeografia. Muitasespécies introduzidas são re-descritas comonativas na sua área de introdução. Devi<strong>do</strong>ao pequeno número de especialistas em146Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasil