Visualizar - Ministério do Meio Ambiente
Visualizar - Ministério do Meio Ambiente Visualizar - Ministério do Meio Ambiente
Ca p í t u lo 5 - Fi to b e n to s (Mac r oa lg as)Eu r i c o Ca b r a l d e Oliveira 1Be at r i z N. To r r a n o. d a Si lv a 1Ca r l o s Ed u a r d o Am a n c i o 1In t r o d u ç ã oTradicionalmente tem se consideradocomo integrantes do fitobentos as algas eas angiospermas aquáticas submersas.As angiospermas marinhas no Brasilapresentam uma baixa biodiversidade,compreendendo apenas dois gêneros:Halodule e Halophila, com apenas duasespécies cada um. O gênero Ruppia,representado no Brasil por uma espécie,não é incluído neste capítulo por ser restritoa lagoas de água salobra (Oliveira et al.,1983). Embora a biodiversidade destasmonocotiledôneas marinhas seja baixa, elaspodem ter um papel muito importante nosecossistemas onde ocorrem, atuando comoespécies estruturadoras da comunidadee dominantes em termos de cobertura ebiomassa (Silva et al., 1987; Oliveira et al.,1997). Nenhuma das espécies presentes éconsiderada como de introdução recente nolitoral brasileiro.Por outro lado, as algas marinhasbentônicas apresentam uma diversidaderelativamente elevada no Brasil, exceto nacosta do Rio Grande do Sul, com cerca de650 espécies catalogadas no país (Hortaet al., 2001; Oliveira, 2002). Dentro destacategoria de fitobentos incluímos apenas asalgas macroscópicas, ou macroalgas, umavez que faltam dados sobre as microalgasbentônicas no país. É oportuno lembrarque o termo “alga”, comumente usado paradesignar organismos clorofilados desprovidosde vasos condutores e predominantementeaquáticos, não tem qualquer significadotaxonômico ou evolutivo. Trata-se apenasde um termo coletivo que reúne um grupoextremamente diverso de organismos,a tal ponto que são designados como“alga” organismos pertencentes a trêsreinos distintos: Moneras, Protistas ePlantas (Oliveira, 2003). As chamadasmacroalgas compreendem tradicionalmenterepresentantes de três grandes gruposbotânicos: Rhodophyta (algas vermelhas),Pheophyceae (algas pardas) e Chlorophyta(algas verdes).Como é bem conhecido, as macroalgastêm um papel fundamental nos ambientesmarinhos, particularmente nos substratosconsolidados dentro da zona eufótica.Além de atuarem na produção primáriade matéria orgânica via fotossíntese, sãoelementos estruturadores de comunidadesmarinhas, servindo de alimento, substratopara fixação e refúgio para uma sériede animais e microorganismos. Sendodependentes de luz, sua distribuição serestringe a profundidades onde chega, pelomenos, 1% da energia luminosa (radiaçãofotossinteticamente ativa) incidente nasuperfície do mar. Embora algumas espéciesapresentem adaptações para a vida emsubstratos moles (lodosos), a maioriavive fixa a substratos duros, sobretudorochas e calcário de origem orgânica. Suadistribuição espacial é controlada, além da1Instituto de Biociências/Universidade de São Paulo - IB-USPAmbiente Marinho 107
luz, pela temperatura, em escala global, epela salinidade, em escala local. Apesar de oteor de nutrientes também atuar como fatorlimitante, as macroalgas podem ser muitoabundantes mesmo em águas oligotróficas.Sua distribuição natural ocorre atravésde correntes marinhas pelo transporte deespécies com adaptações para flutuação,ou aderidas em objetos flutuantes. Umaspoucas espécies são eurihalinas e sobrevivemnas águas salobras de manguezais eestuários. As macroalgas marinhas podemser consideradas como bem estudadasno Brasil existindo numerosos núcleosde estudo destes organismos, sobretudona costa sudeste do país. Os grupos maisdiversificados em número de espéciespertencem às Rhodophyta, particularmenteà ordem Ceramiales. É com as florasCaribenha e do Indo Pacífico que se dá amaior afinidade com a flora brasileira demacroalgas marinhas (Horta et al., 2001).No caso das macroalgas marinhas,a decisão de incluir uma dada espécie nacategoria de não nativa não é trivial e envolveuma série de análises e consideraçõesnem sempre objetivas. A catalogação dasespécies como não nativa foi norteadapelos seguintes critérios descritos abaixo,inspirados em Chapman & Carlton, 1991:• Aparecimento em região bemestudada e não registrada em estudospretéritos;• Espécie conspícua e de fácilidentificação;• Distribuição em expansão após oprimeiro encontro;• Associada a vetores antropogênicosde dispersão;• Capacidade de sobreviver aos vetoresde transporte (água de lastro: fragmentos,propágulos, esporos; incrustação: espécimesinteiros ou apressórios);• Distribuição restrita em comparaçãocom espécies afins (sugerindo introduçãorecente ou em processo de aclimataçãoadaptação);• Distribuição disjunta - capacidadede dispersão incompatível com ocorrência.É importante ter em mente quea invasão de espécies exóticas emqualquer ambiente é regida por processosdinâmicos. Assim, não apenas novasespécies exóticas podem ser reportadascomo podem ocorrer alterações no estadopopulacional das espécies aqui listadas, oque ressalta a importância das atividadesde monitoramento.Como exemplo, há referênciarecentes à uma suposta nova introduçãode uma rodofícea no litoral brasileiro:Laurencia caduciramulosa, descrita parao Vietnam. Esta espécie foi catalogadapela primeira vez no Brasil na baía de IlhaGrande (RJ), em 2001. Inicialmente poucofrequente, tornou-se mais comum nos anosseguintes em vários pontos da referida baía(Cassano et al., 2006). Posteriromente foiencontrada em Parati e Angra dos Reis (RJ),caracterizando um processo de expansão(Cassano et al., 2009). A hipótese dese tratar de uma introdução recente foiregistrada por Cassano et al., (2006). Apesarde devidamente documentada nos trabalhosmencionados e de mostrar expanssãopopulacional essa espécie não consta nosresultados aqui apresentados por ter sidoreportada após a última Reunião SobreEspécies Exóticas Invasoras, em 2005, naqual este trabalho se baseia.Sí n t e s e d o s r e s u l t a d o sAs rodofíceas predominaram entreas macroalgas exóticas, com 4 espécies,seguidas por uma espécie de clorofícea(Tabelas 5.1 e 5.2). Não foram registradasespécies de fanerógamas exóticas. Dentreas macroalgas, 60% foram consideradas108Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasil
- Page 57 and 58: ainda não relatado no Brasil. Entr
- Page 59 and 60: Ca r a c t e r í s t i c a s m o r
- Page 61 and 62: Im p a c t o sEc o l ó g i c o sH
- Page 63 and 64: Antena: artículos do exópodo 4, c
- Page 65 and 66: Distribuição g e o g r á f i c a
- Page 67 and 68: Ca r a c t e r í s t i c a s m o r
- Page 69 and 70: Sociais e c u l t u r a i sDesconhe
- Page 71 and 72: Lu g a r d e o r i g e mIndetermina
- Page 73 and 74: do que 700 µm de 0,011 mg C m -3 d
- Page 75 and 76: Im p a c t o sEc o l ó g i c o sDi
- Page 77 and 78: Lu g a r d e o r i g e mOceano Pac
- Page 79 and 80: Pr e v e n ç ã oEm â m b i t o m
- Page 81 and 82: confluentes com o somito, uma cerda
- Page 83 and 84: Co n t r o l eMe c â n i c o: Desc
- Page 85 and 86: Lu g a r d e o r i g e mIlha Mukais
- Page 87 and 88: Co n t r o l eMe c â n i c o: Desc
- Page 89 and 90: e os dinoflagelados Scrippsiella sp
- Page 91 and 92: de duas outras espécies são, na v
- Page 93 and 94: apical muito pequeno; na região la
- Page 95 and 96: ealizados em Sepetiba, RJ (Rodrigue
- Page 97 and 98: Ara, K. Temporal variability and pr
- Page 99 and 100: diatoms in European Seas. MarinePol
- Page 101 and 102: Marazzo, A. Record of Pleopis schma
- Page 103 and 104: Pereira, M.S. Distribuição do cop
- Page 105 and 106: STERZA, J.M.; FERNANDES, L.L.Zoopla
- Page 107: Foto: Leila Hayashi106Informe sobre
- Page 111 and 112: Tabela 5.3: Região de origem das e
- Page 113 and 114: as autoras citadas não tenham reco
- Page 115 and 116: Me i o s d e d i s p e r s ã o - p
- Page 117 and 118: RHODOPHYTAAnotrichium y a g i i (Ok
- Page 119 and 120: Co m p o r t a m e n t o /Ec o f i
- Page 121 and 122: Da s y a brasiliensis E. C. Oliveir
- Page 123 and 124: Distribuição g e o g r á f i c a
- Page 125 and 126: Ka p p a p h y c u s a l v a r e z
- Page 127 and 128: Tonga (1982), Kiribati (1977), Cuba
- Page 129 and 130: de coral, sendo porém sua expansã
- Page 131 and 132: Po r p h y r a s u b o r b i c u l
- Page 133 and 134: Co m p o r t a m e n t o /Ec o f i
- Page 135 and 136: Es t u d o s d e c a s oEs p é c i
- Page 137 and 138: No que diz respeito às algas, ocas
- Page 139 and 140: Tabela 5.5: Relação dos táxons e
- Page 141 and 142: Horta, P.A.; Oliveira, E.C. Morphol
- Page 143 and 144: Paula, E.J.; Pereira, R.T.L.; Ostin
- Page 145 and 146: Foto: Cristiane Farrapeira144Inform
- Page 147 and 148: de peixes demersais (Amaral & Migot
- Page 149 and 150: Tabela 6.1: Situação populacional
- Page 151 and 152: Tabela 6.2 (Continuação): Espéci
- Page 153 and 154: Tabela 6.3: Região de origem das e
- Page 155 and 156: De uma maneira geral predominama á
- Page 157 and 158: Tabela 6.4 (Continuação): Vetores
luz, pela temperatura, em escala global, epela salinidade, em escala local. Apesar de oteor de nutrientes também atuar como fatorlimitante, as macroalgas podem ser muitoabundantes mesmo em águas oligotróficas.Sua distribuição natural ocorre atravésde correntes marinhas pelo transporte deespécies com adaptações para flutuação,ou aderidas em objetos flutuantes. Umaspoucas espécies são eurihalinas e sobrevivemnas águas salobras de manguezais eestuários. As macroalgas marinhas podemser consideradas como bem estudadasno Brasil existin<strong>do</strong> numerosos núcleosde estu<strong>do</strong> destes organismos, sobretu<strong>do</strong>na costa sudeste <strong>do</strong> país. Os grupos maisdiversifica<strong>do</strong>s em número de espéciespertencem às Rho<strong>do</strong>phyta, particularmenteà ordem Ceramiales. É com as florasCaribenha e <strong>do</strong> In<strong>do</strong> Pacífico que se dá amaior afinidade com a flora brasileira demacroalgas marinhas (Horta et al., 2001).No caso das macroalgas marinhas,a decisão de incluir uma dada espécie nacategoria de não nativa não é trivial e envolveuma série de análises e consideraçõesnem sempre objetivas. A catalogação dasespécies como não nativa foi norteadapelos seguintes critérios descritos abaixo,inspira<strong>do</strong>s em Chapman & Carlton, 1991:• Aparecimento em região bemestudada e não registrada em estu<strong>do</strong>spretéritos;• Espécie conspícua e de fácilidentificação;• Distribuição em expansão após oprimeiro encontro;• Associada a vetores antropogênicosde dispersão;• Capacidade de sobreviver aos vetoresde transporte (água de lastro: fragmentos,propágulos, esporos; incrustação: espécimesinteiros ou apressórios);• Distribuição restrita em comparaçãocom espécies afins (sugerin<strong>do</strong> introduçãorecente ou em processo de aclimataçãoadaptação);• Distribuição disjunta - capacidadede dispersão incompatível com ocorrência.É importante ter em mente quea invasão de espécies exóticas emqualquer ambiente é regida por processosdinâmicos. Assim, não apenas novasespécies exóticas podem ser reportadascomo podem ocorrer alterações no esta<strong>do</strong>populacional das espécies aqui listadas, oque ressalta a importância das atividadesde monitoramento.Como exemplo, há referênciarecentes à uma suposta nova introduçãode uma ro<strong>do</strong>fícea no litoral brasileiro:Laurencia caduciramulosa, descrita parao Vietnam. Esta espécie foi catalogadapela primeira vez no Brasil na baía de IlhaGrande (RJ), em 2001. Inicialmente poucofrequente, tornou-se mais comum nos anosseguintes em vários pontos da referida baía(Cassano et al., 2006). Posteriromente foiencontrada em Parati e Angra <strong>do</strong>s Reis (RJ),caracterizan<strong>do</strong> um processo de expansão(Cassano et al., 2009). A hipótese dese tratar de uma introdução recente foiregistrada por Cassano et al., (2006). Apesarde devidamente <strong>do</strong>cumentada nos trabalhosmenciona<strong>do</strong>s e de mostrar expanssãopopulacional essa espécie não consta nosresulta<strong>do</strong>s aqui apresenta<strong>do</strong>s por ter si<strong>do</strong>reportada após a última Reunião SobreEspécies Exóticas Invasoras, em 2005, naqual este trabalho se baseia.Sí n t e s e d o s r e s u l t a d o sAs ro<strong>do</strong>fíceas pre<strong>do</strong>minaram entreas macroalgas exóticas, com 4 espécies,seguidas por uma espécie de clorofícea(Tabelas 5.1 e 5.2). Não foram registradasespécies de fanerógamas exóticas. Dentreas macroalgas, 60% foram consideradas108Informe sobre as Espécies Exóticas Invasoras Marinhas no Brasil